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SUMÁRIO

1. Diencéfalo...................................................................... 3
2. Topografia do diencéfalo ........................................ 3
3. Tálamo ............................................................................ 5
4. Hipotálamo .................................................................13
5. Epitálamo ....................................................................16
6. Subtálamo ..................................................................17
Referências bibliográficas .........................................20
DIENCÉFALO 3

1. DIENCÉFALO em adquirir emoções e sensações.


O diencéfalo é uma região central do
“Havia mostrado quais trans-
cérebro extremamente importante
formações se devem efetuar no
para formação e integralização des-
cérebro para produzir a vigília, o
sas informações adquiridas a partir
sono e os sonhos; como a luz, os
da relação com meio externo. Essa
sons, os odores, os sabores, o
região é formada por quatro compo-
calor e todas as outras qualida-
nentes: tálamo, epitálamo, subtálamo
des dos objetos exteriores nele
e hipotálamo.
podem imprimir variadas ideias
por intermédio dos sentidos;
como a fome, a sede e as ou- 2. TOPOGRAFIA DO
tras paixões interiores também DIENCÉFALO
podem lhe transmitir as suas.” –
A posição do diencéfalo é exatamente
Rene Descarte (Século XVII).
proximal ao mesencéfalo. O diencé-
falo está em continuidade com o eixo
Há muitos séculos, os grandes filó- do tronco cerebral, mas faz uma cur-
sofos já descreviam o componente va rostral, de modo que chega a ficar
fisiológico da capacidade do homem quase no eixo longitudinal do cérebro.

Figura 1. Corte sagital através do diencéfalo e do tronco encefálico mostrando a junção mensencéfalo-diencefálica e
as estruturas que circundam o terceiro ventrículo. Fonte: BAEHR & FROTSCHER. Duus Diagnóstico Topográfico em
Neurologia. (2012, p. 198).
DIENCÉFALO 4

O diencéfalo está localizado no meio ventricular, enquanto o hipotálamo


do cérebro, ventral e caudalmente constitui sua porção inferior. Em posi-
para o lobo frontal, e envolve a por- ção dorsal, o diencéfalo é circundado
ção inferior do terceiro ventrículo pelo corpo caloso, ventrículos laterais
de ambos lados. O tálamo forma a e hemisférios cerebrais.
porção superior da terceira parede

Figura 2. Corte coronal através do diencéfalo. Fonte: BAEHR & FROTSCHER. Duus Diagnóstico Topográfico em Neu-
rologia. (2012, p. 198).

O teto do terceiro ventrículo é for- habenular e corpo pineal (epífise). O


mado pela fina tela coróidea e plexo forame interventricular de Monro, que
coroide. A extensão rostral do dien- conecta o ventrículo lateral com o ter-
céfalo é delimitada pela lâmina ter- ceiro ventrículo, é encontrado anterior
minal e comissura anterior, enquan- à porção rostral do tálamo, logo abai-
to sua extensão caudal é demarcada xo do joelho do fórnice.
pela comissura posterior, comissura
DIENCÉFALO 5

3. TÁLAMO
SE LIGA! A porção basal do diencéfalo
é sua única parte visível externamente, O tálamo ocupa aproximadamente
podendo ser vista na superfície inferior 80% da região diencefálica medial. O
do cérebro entre o quiasma óptico, o tra- termo “tálamo” deriva da palavra gre-
to óptico e o pedúnculos. As estruturas
ga thalamos, que significa “câmara in-
diencefálicas visíveis nesta área são os
corpos mamilares e o tubér cinéreo, jun- terna” ou “leito nupcial”. Ele margeia o
tamente com seu infundíbulo (pedículo terceiro ventrículo, em cada lado do cé-
hipofisário), que se estende inferiormen- rebro, sendo um grande e ovóide com-
te até a glândula pituitária.
plexo de neurônios, medindo cerca de
3 × 1,5 cm de diâmetro. Este comple-
xo não é um agrupamento uniforme
de células, mas sim um conglomerado
de numerosos núcleos distintos, cada
um com sua função própria e suas co-
nexões aferentes e eferentes específi-
cas. Cada metade do tálamo (esquer-
do e direito) é dividida em três regiões
Figura 3. Porção externamente visível do diencéfalo.
Fonte: Google imagens. principais, por camadas semelhantes
a folhas de matéria branca tomando a
forma de um Y (lâminas medulares).

Figura 4. Núcleos talâmicos. A figura


ilustra os três principais grupos de núcle-
os. Fonte: NETTER, Frank H..0 Atlas de
Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
DIENCÉFALO 6

Os núcleos anteriores ficam no ângu-


lo do Y, os núcleos ventrolaterais em HORA DA REVISÃO!
suas laterais, e os núcleos mediais no O córtex está dividido em quatro zonas,
centro. Os núcleos ventrolaterais são os lobos cerebrais , existindo um em
cada hemisfério do cérebro:
subdivididos em grupos nucleares
• Frontal - área motora
ventrais e laterais. Os núcleos ven-
trais incluem o núcleo ventral anterior • Temporal - área auditiva
(VA), o ventral lateral (VL), o núcleo • Parietal - área sensorial ou
somatossensorial
ventral póstero-lateral (VPL) e o nú-
cleo ventral póstero-medial (VPM). • Occipital - área visual
Os núcleos laterais consistem em um A zona pré-frontal do córtex correspon-
de a área do pensamento e resolução de
núcleo dorsolateral (LD) e um núcleo problemas. Os lobos são semelhantes
póstero-lateral (LP). Em posição ain- entre si, distinguindo-se em cada um
da mais distal, encontra-se o pulvinar, deles dois tipos de áreas:
com os corpos geniculados medial e 1.Primárias - áreas de projeção sensorial
lateral presos a sua parte inferior. ou motora. Atuam como centros de re-
cepção de informações sensoriais antes
Existem alguns pequenos grupos de de serem organizadas, ou como centros
neurônios dentro das lâminas medu- de transmissão de ordens motoras. Cor-
respondem a 25% do córtex.
lares internas (os núcleos interlami-
nares), bem como um complexo ce- 2.Secundárias - áreas de associação
que coordenam e integram as informa-
lular maior, localizado centralmente, o ções recebidas nas áreas primárias. Cor-
núcleo centromediano. Lateralmente, respondem a 75% do córtex.
a lâmina medular externa separa o
tálamo da cápsula interna. O núcleo
reticular do tálamo é uma fina cama-
da de células intimamente acopladas
a lâmina medular externa (como mos-
trado na figura 2).

Figura 5. As principais áreas funcionais do


córtex. Fonte: Google imagens.
DIENCÉFALO 7

Conexões do tálamo:
Núcleo ventral póstero-lateral
(VPL) e núcleo ventral póstero-
medial (VPM)
Todas as fibras somatossensoriais
ascendem no lemnisco medial, trato
espinotalâmico, trato trigeminotalâ-
mico e outras terminam em uma es-
tação de retransmissão no complexo
nuclear ventroposterior do tálamo. O
núcleo ventral póstero-lateral é a es-
tação de retransmissão para o lemnis-
co medial, enquanto o núcleo ventral
póstero-medial é a estação retrans-
missora para aferentes trigeminais.
Estes núcleos, por sua vez, projetam
fibras para áreas circunscritas do cór-
tex somatossensorial. Além disso, as
fibras gustativas do núcleo do trato
solitário terminam na ponta medial do
núcleo ventral póstero-medial, que, Figura 6. Conexões aferentes e eferentes do grupo de núcleos
por sua vez, projeta-se para a região ventrais. Fonte: Fonte: BAEHR & FROTSCHER. Duus Diag-
nóstico Topográfico em Neurologia. (2012, p. 200).
pós-central sobreposta à ínsula.

Corpos geniculados medial e


da radiação au-
lateral
ditiva, para o
Os corpos geniculados medial e la- córtex auditivo
teral também estão entre os núcleos (giros temporais
específicos do tálamo. O trato óptico transversos) no
termina no corpo geniculado lateral, lobo temporal.
que retransmite impulsos visuais em
distribuição retinotópica para o córtex
visual, por meio da radiação óptica. Os
impulsos auditivos são transportados
do lemnisco lateral ao corpo genicu-
lado medial e retransmitido, por meio
DIENCÉFALO 8

Figura 7. Conexões aferentes e eferentes dos grupos de


núcleos mediais (em vermelho), dorsais (em violeta/azul)
e laterais. Fonte: Fonte: BAEHR & FROTSCHER. Duus
Diagnóstico Topográfico em Neurologia. (2012, p. 267).
está localizada em um dos núcleos
talâmicos primários descrito acima.
Núcleos que se projetam para
áreas de associação do córtex
cerebral Núcleos anterior e medial

O núcleo anterior, o núcleo medial e o O núcleo anterior está conectado ao


pulvinar são núcleos talâmicos secun- corpo mamilar e fórnice através do
dários e terciários. Estes núcleos rece- trato mamilotalâmico. Possui cone-
bem sua entrada não diretamente da xões bidirecionais ponto a ponto com
periferia, mas sim após um retrans- o giro cingulado, sendo, portanto, uma
missão sináptica, que geralmente parte integrante do sistema límbico.
DIENCÉFALO 9

Figura 8. Conexões aferentes e eferentes do núcleo


anterior (em verde) e do núcleo medial (em laranja).
Fonte: BAEHR & FROTSCHER. Duus Diagnóstico To-
pográfico em Neurologia. (2012, p. 267).

O núcleo medial do tálamo tem co- meio do hipotálamo exercem influência


sobre o estado afetivo do indivíduo, le-
nexões bidirecionais com as áreas de vando a uma sensação de bem-estar ou
associação do lobo frontal e da região mal-estar, bom ou mau humor, etc.
pré-motora. Recebe entrada aferente
de outros núcleos talâmicos (núcleos
ventral e intralaminar), do hipotála- Pulvinar
mo, núcleos do mesencéfalo e globo O pulvinar possui conexões recípro-
pálido. cas com as áreas dos lobos parietal
e occipital. Estas áreas de associação
NA PRÁTICA! A destruição do núcleo são rodeadas pelos córtex somatos-
medial por um tumor ou outro processo sensorial, visual e auditivo primário e,
causa uma síndrome encefálica frontal, portanto, provavelmente desempe-
manifestada por mudança de persona-
nham um papel importante na ligação
lidade e perda de autorrepresentação,
conforme descrito por Hassler. O mes- destes diferentes tipos de informa-
mo foi descrito após a lobotomia frontal, ções sensoriais recebidas. O pulvinar
um procedimento cirúrgico raramente também recebe entrada neural de
realizado hoje em dia, por meio do qual
uma lesão é feita na substância branca
outros núcleos talâmicos, especial-
profunda do lobo frontal. Os impulsos mente os núcleos intralaminares.
viscerais que alcançam este núcleo por
DIENCÉFALO 10

Núcleos laterais da lâmina medular interna, e o maior


entre eles é conhecido como núcleo
O núcleo dorsal lateral e o núcleo
centromediano. Estes complexos ce-
posterior lateral não recebem ne-
lulares recebem sua entrada aferen-
nhuma entrada neural de fora do
te por meio de fibras ascendentes da
tálamo e estão conectados apenas
formação reticular do tronco cerebral
a outros núcleos talâmicos. Eles são,
e do núcleo emboliforme do cerebe-
portanto, conhecidos como núcleos
lo, bem como do segmento palidal
integrativos.
interno e outros núcleos talâmicos. O
núcleo centromediano é um compo-
Núcleos talâmicos inespecíficos e nente importante do complexo celu-
suas conexões lar intralaminar, que constitui a porção
talâmica do sistema de ativação reti-
Os núcleos intralaminares são os com-
cular ascendente. Outra parte deste
ponentes mais importante do sistema
sistema de excitação provavelmente
de projeção talâmica inespecífica. Es-
envolve o subtálamo e o hipotálamo.
tes núcleos estão localizados dentro

HORA DA REVISÃO!
O sistema de ativação reticular ascendente (SARA) é uma rede de neurônios origi-
nários do tegmento da ponte superior e do mesencéfalo, que se acredita ser parte
integrante da indução e manutenção do estado de alerta. Estes neurônios se pro-
jetam para estruturas no diencéfalo, incluindo o tálamo e o hipotálamo, e daí para
o córtex cerebral. Alterações no estado de alerta podem ser produzidas por lesões
focais no tronco cerebral superior, danificando diretamente o SARA.

Figura 9. (A) Anatomia relevante mostrando o sistema reticular ativador ascendente e


estruturas adjacentes importantes para a vigília. NC, nervo craniano. (B) Formação reticular.
Fonte: www.netterimages.com. © 2010 Elsevier Inc.
DIENCÉFALO 11

Funções do Tálamo diferentes regiões do corpo são inte-


grados. Um substrato neural de certos
As funções do tálamo são altamente
fenômenos elementares como dor,
complexas devido ao grande número
desprazer e bem-estar já está pre-
de núcleos que contém e suas cone-
sente no tálamo antes de ser trans-
xões aferentes e eferentes muito di-
mitido para o córtex.
versas. Em primeiro lugar, o tálamo é
o maior ponto de coleta subcortical Por meio de suas conexões recípro-
de todos os impulsos sensoriais ex- cas (circuitos de feedback) com o cór-
teroceptivos e proprioceptivos. Além tex motor, algumas das quais passam
disso, é uma estação retransmissora pelos gânglios da base e cerebelo, o
para todos os impulsos que surgem tálamo modula a função motora. Al-
nos receptores sensoriais da pele, guns núcleos talâmicos também são
bem como viscerais, para impulsos componentes do sistema de ativação
visuais e auditivos, e para impulsos reticular ascendente (SARA), um sis-
do hipotálamo, cerebelo e formação tema de excitação específico origina-
reticular do tronco cerebral, todos os do em núcleos que estão difusamente
quais são processados ​​no tálamo an- localizados em toda a formação reti-
tes de serem transmitidos para outras cular do tronco cerebral. Os impulsos
estruturas. do SARA são retransmitidos por cer-
tos núcleos talâmicos (núcleo ventral
O tálamo envia um pequeno compo-
anterior, núcleos intralaminares [par-
nente eferente para o estriado, mas
ticularmente o núcleo centromediano]
a maior parte de sua saída vai para
e núcleos reticulares) a todo o neo-
o córtex cerebral. Todos impulsos
córtex. Um SARA intacto é essencial
sensoriais, que não sejam impulsos
para a consciência normal.
olfativos, devem passar pelo tálamo
antes que possam ser percebidos
conscientemente. Assim, o tálamo foi
tradicionalmente chamado de “portal
para a consciência”, embora a per-
cepção consciente do olfato implica
que essa concepção é falha e talvez
enganosa.
O tálamo, no entanto, não é apenas
uma estação retransmissora, mas um
importante centro de integração e
coordenação, em que impulsos afe-
rentes de diferentes modalidades e
DIENCÉFALO 12

Funções:
• Estação retransmissora para todos os impulsos
• Centro de integração e coordenação
• Componente do sistema de ativação reticular ascendente (SARA)

Ocupa aproximadamente 80% da região diencefálica medial


e margeia o terceiro ventrículo em cada lado do cérebro

Relacionados ao sistema de ativação


Núcleos intralaminares
reticular ascendente (SARA)

Corpo geniculado lateral Retransmite impulsos visuais

Corpo geniculado medial Retransmite impulsos auditivos

Núcleo ventral Retransmissão de aferentes


TÁLAMO
póstero-medial (VPM) trigeminais e de fibras gustativas

Núcleo ventral Retransmissão do


póstero-lateral (VPL) lemnisco medial

Retransmite impulsos para


área pré-motora (motricidade)
Núcleo Medial
e para o lobo frontal (estado afetivo e
humor)

Parte integrante do
Núcleo Anterior
sistema límbico

Retransmite impulsos para áreas de


Pulvinar associações somatossensoriais, visuais
e auditivas primárias

Integram os diferentes núcleos dentro


Núcleos laterais
do próprio tálamo
DIENCÉFALO 13

4. HIPOTÁLAMO
É a parte do diencéfalo que
se encontra localizada ven-
tralmente ao tálamo e for-
ma o assoalho do terceiro
ventrículo. O hipotálamo é
composto de matéria cin-
zenta nas paredes do ter-
ceiro ventrículo, do sulco hi-
potalâmico para baixo, e no
assoalho do terceiro ventrí-
culo, assim como no infun-
díbulo e corpos mamilares.
Apresenta como limite an-
terior o quiasma óptico e a
lâmina lateral, e limite pos-
terior os corpos mamilares.
Anatomicamente e funcio-
nalmente pode ser dividido
em duas porções: anterior e posterior. Figura 10. O hipotálamo. Corte sagital do terceiro
ventrículo. Fonte: BRODAL. The central nervous system
Cada porção, por sua vez, apresenta (2010).
uma série de áreas e núcleos que são
responsáveis por funções fisiológicas.
hipotalâmicos e as regiões vizinhas
são não claramente demarcadas e
SE LIGA! O lobo posterior da hipófise,
ou neuro-hipófise, também é considera- isso explica por que diferentes auto-
do parte do hipotálamo. Esta estrutura é, res desenharam as fronteiras de for-
em certo sentido, a extremidade caudal ma diferente. A trazida aqui mostra
alargada do infundíbulo.
as subdivisões clássicas do neuroa-
natomista britânico Le Gros Clark. É
Na parede do terceiro ventrículo, comum distinguir uma parte medial
abaixo do sulco hipotalâmico, alguns do hipotálamo, contendo vários nú-
núcleos identificáveis ​​são embutidos cleos discerníveis, de uma área hipo-
em uma massa mais difusa de neurô- talâmica lateral, com uma estrutura
nios, que juntos constituem o hipo- difusa. Numerosas fibras que correm
tálamo. As fronteiras entre os núcleos longitudinalmente atravessam a área
hipotalâmica lateral.
DIENCÉFALO 14

Figura 11. Alguns dos principais núcleos hipotalâmicos


são mostrados com pontos coloridos. O tamanho dos
pontos indica o tamanho relativo dos neurônios dos
vários núcleos. Fonte: BRODAL. The central nervous
system (2010).
Dentro da parte medial, pode-se dis-
tinguir os grupos nucleares anterior, relógio biológico. No grupo nuclear
médio (tuberal) e posterior (mamila- central, ou tuberal, encontramos os
res). Particularmente bem definidos núcleos ventromedial, dorsomedial
são dois grandes núcleos anteriores: e arqueado (infundibular). Na parte
o núcleo paraventricular e o núcleo posterior do hipotálamo encontramos
supraóptico. O primeiro está localiza- o núcleo posterior próximo a pare-
do perto da parede do terceiro ven- de do ventrículo, enquanto o núcleo
trículo, enquanto o último está logo mamilar característico, consistindo
acima do quiasma óptico. Na mesma de vários subnúcleos, é localizado na
região encontra-se o núcleo supra- parte inferior do ventrículo.
quiasmático que funciona como um
DIENCÉFALO 15

para a hipófise no sentido de contro-


SE LIGA! O termo corpo mamilar é usa- lar esta última. A partir desse sistema,
do para a parte macroscopicamente vi- o hipotálamo regula funções hormo-
sível dos núcleos mamilares.
nais importantes e coordena a intera-
ção dos sistemas nervoso endócrino
Em geral, fibras intra-hipotalâmicas e autônomo.
curtas medeiam um alto grau de coo-
peração entre os núcleos hipotalâmi- HORA DA REVISÃO!
cos. Notavelmente, existem inúmeras Sistema hipotálamo-hipofisário.
conexões recíprocas entre o núcleo Os hormônios de liberação e hormônios
medial e a área lateral do hipotálamo. inibidores de liberação são produzidos
pelo hipotálamo e transportados pelas
O hipotálamo é o órgão regulador fibras neurossecretórias para a primeira
hierarquicamente superior do sistema rede capilar na área da eminência media-
nervoso autônomo. Ele desempenha na, onde alcançam a corrente sanguínea.
o papel principal em uma ampla va- Estes são transportados até o lobo ante-
rior da glândula hipófise (adenohipófise),
riedade de circuitos reguladores para alcançando uma segunda rede capilar, o
funções corporais vitais, como tem- denominado sistema porta-hipofisário.
peratura, frequência cardíaca, pres- Assim, a secreção de hormônios pelo
lobo anterior da hipófise é regulada por
são arterial, respiração e ingestão de meio da corrente sanguínea. Há um sis-
alimentos e água. Esta regulação é tema de feedback negativo, que permite
realizada amplamente independente ao hipotálamo controlar a quantidade de
de qualquer pensamento consciente hormônios que a hipófise secreta.
por parte do indivíduo, ou seja, de for- Sete hormônios são liberados pelo hi-
potálamo para atuar na adenohipófise.
ma autônoma.
Destes, cinco são hormônios estimulan-
Em 1905, Popa e Fielding aventaram tes de liberação, sendo eles:
a hipótese de uma integração entre o • PRH – Hormônio liberador de
hipotálamo e a hipófise ao descreve- prolactina
rem uma relação vascular entre am- • GHRH – Hormônio liberador do hor-
mônio do crescimento
bos. Muitos anos após, Houssay, fi-
siologista argentino, demonstrou que • CRH – Hormônio liberador de
corticotrofina
tal vascularização se dirigia do hipo-
• TRH – Hormônio liberador de
tálamo para a hipófise e a partir daí tireotrofina
os estudos acabaram por demonstrar
• GNRH – Hormônio liberador de
o que hoje se conhece como o siste- gonadotrofina
ma porta hipotalâmico-hipofisário. Tal
sistema tem como finalidade condu-
O hipotálamo secreta também ou-
zir certas substâncias do hipotálamo tros dois hormônios que atuam na
DIENCÉFALO 16

adenohipófise, mas estes têm função 5. EPITÁLAMO


inibitória:
• Dopamina (inibe produção de O diencéfalo também inclui uma pe-
prolactina) quena área chamada epitálamo, loca-
• Somatostatina (inibe produção de GH) lizada posteriormente no teto do ter-
ceiro ventrículo. Além de um pequeno
Sendo estimulada pelos cinco hormônios núcleo, a habênula, o epitálamo con-
liberadores descritos acima, a adenohi- tém a glândula pineal.
pófise faz secreção de seis hormônios:
• Prolactina
• GH (Hormônio do crescimento)
• ACTH (Hormônio
adrenocorticotrófico)
• TSH (Hormônio estimulante da
tireoide)
• LH (Hormônio luteinizante)
• FSH (Hormônio folículo estimulante)

Figura 13. Epitálamo. Fonte: Google imagens.

A glândula pineal é uma estrutura pe-


culiar que se encontra na linha média,
sendo formada por uma evaginação
do teto do terceiro ventrículo. Esta con-
tém células glandulares, pinealócitos,
que produzem o hormônio melatonina
e vários neuropeptídios. Ela também
contém grandes quantidades de sero-
tonina, que é um precursor da mela-
tonina. A melatonina influencia vários
parâmetros fisiológicos, especialmen-
te aqueles que mostram uma variação
cíclica durante o sono ou vigília.
A luz não consegue penetrar o crânio,
mas a glândula pineal recebe indireta-
Figura 12. Eixo hipotálamo-hipofisário. Fon-
te: BAEHR & FROTSCHER. Duus Diagnóstico
mente impulsos visuais relacionados
Topográfico em Neurologia. (2012, p. 212). com o ciclo de luz-escuridão. Impulsos
DIENCÉFALO 17

aferentes viajam da retina ao núcleo partir do qual, outros impulsos são


supraquiasmático do hipotálamo, a conduzidos até a glândula pineal.

SAIBA MAIS!
Cálcio e sais de magnésio são depositados na epífise a partir dos 15 anos de idade, tornando
esta estrutura visível em radiografias simples do crânio. Tumores epifisários na infância oca-
sionalmente causam puberdade precoce. Por esta razão, presume-se que este órgão inibe a
maturação sexual de alguma forma, e que a destruição do tecido epifisário atua removendo
esta inibição.

A habênula fica logo abaixo do cor- de fibras que o atravessam a cami-


po pineal. Seus principais eferentes nho do tálamo, incluindo o lemnisco
vão para os núcleos do mesencéfalo. medial, o trato espinotalâmico e trato
A habênula e os núcleos habenulares trigeminotalâmico. Todos estes tratos
constituem uma importante estação terminam na região ventroposterior
de retransmissão do sistema olfativo. do tálamo. É uma região formada por
Fibras olfatórias aferentes viajam pela vários núcleos de substância cinzenta
estria medular do tálamo para os nú- e suas estruturas de substância bran-
cleos habenulares, que emitem proje- ca associadas.
ções eferentes para núcleos autôno- A substância negra e o núcleo rubro
mos do tronco encefálico (salivatório), limitam o subtálamo anteriormente e
desempenhando assim um papel posteriormente. Fibras do trato den-
importante na ingestão nutricional. tatotalâmico percorrem seu caminho
Além disso, pode estar envolvida nas para terminar no núcleo ventro-oral
expressões corporais de emoções posterior do tálamo, que representa
fortes, por exemplo, raiva ou medo. uma parte do núcleo ventral lateral
(VL). Fibras do globo pálido viajam no
SE LIGA! A habênula é um entre vários fascículo lenticular para o núcleo ven-
grupos neuronais que são alterados em tro-oral anterior e núcleo ventral an-
casos de depressão severa.
terior (VA). Estes folhetos são unidos
mais rostralmente pela asa lenticular.
6. SUBTÁLAMO Algumas estruturas mesencefálicas
estendem-se até o subtálamo, como
O subtálamo é uma parte do diencéfalo o núcleo rubro, a substância negra e
que se localiza em posição ventral ao a formação reticular, constituindo a
tálamo e lateral ao hipotálamo. Com- chamada zona incerta do subtálamo.
preende o núcleo subtalâmico, parte
do globo pálido e vários contingentes
DIENCÉFALO 18

Figura 14. Conexões de fibras do subtálamo. MD = núcleo dorsal medial do tálamo; VL = núcleo ventral lateral; IC =
cápsula interna. Fonte: BAEHR & FROTSCHER. Duus Diagnóstico Topográfico em Neurologia. (2012, p. 206).

O núcleo mais importante é o núcleo núcleo subtalâmico produziria desini-


subtalâmico, que apresenta cone- bição de neurônios talamocorticais.
xões essenciais para a regulação da Assim, os movimentos involuntários
motricidade somática. Funcionalmen- violentos da metade oposta do corpo
te, é um componente dos gânglios após a destruição do núcleo subtalâ-
da base e tem conexões recíprocas mico (hemibalismo) pode ser causado
com o globo pálido. Lesões do núcleo por hiperatividade entre os neurônios
subtalâmico produzem hemibalismo talamocorticais.
contralateral. A perda de influência do

SAIBA MAIS!
De forma ainda desconhecida, a atividade perturbada de neurônios subtalâmicos (disparo
anormal de alta frequência e atividade oscilatória) parece ser crucial para os sintomas da do-
ença de Parkinson. Na verdade, “desligar” o núcleo subtalâmico por lesão ou por estimulação
elétrica produziu acentuado alívio sintomático em muitos pacientes com esta condição.
DIENCÉFALO 19

Funções:
• Estação retransmissora para todos os impulsos
• Centro de integração e coordenação
• Componente do sistema de ativação reticular ascendente (SARA)

Conglomerado de numerosos núcleos distintos, cada um com sua


função própria e suas conexões aferentes e eferentes específicas

Ocupa aproximadamente 80% da região diencefálica medial e


margeia o terceiro ventrículo em cada lado do cérebro

Tálamo

Está localizado no meio do cérebro, Lesões no diencéfalo podem acarretar


ventral e caudalmente ao lobo frontal,
transtornos cognitivo-comportamentais,
e envolve a porção inferior do terceiro
ventrículo de ambos lados motores e sensitivos
DIENCÉFALO
Está localizado
ventral ao tálamo e Subtálamo Hipotálamo
lateral ao hipotálamo

Regulação da Núcleo mais importante Localizado ventralmente ao tálamo.


motricidade somática é o núcleo subtalâmico Epitálamo Forma o assoalho do terceiro ventrículo

Lesão neste núcleos Zona incerta do Regulação das funções corporais vitais, como
causa hemibalismo subtálamo é
contralateral Posterior no teto do temperatura, frequência cardíaca, pressão arterial,
uma extensão do terceiro ventrículo.
mesencéfalo respiração e ingestão de alimentos e água
Formado pela habênula
e glândula pineal.
Projeções eferentes para
núcleos autônomos (salivatório) do
Relacionada com o
Glândula Pineal Habênula tronco encefálico, desempenhando
ciclo de sono-vigília
assim um papel importante na
ingestão nutricional.
DIENCÉFALO 20

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BRODAL, P. The central nervous system. 4°ed. Quarenton Press, Oxford, 2010.
Duus - Diagnóstico Topográfico Em Neurologia - Anatomia, Fisiologia, Sinais, Sintomas - 4ª
Ed. 2012. Autor: Baehr - Frotscher, M. | Marca: Guanabara Koogan.
FRANK H. NETTER, MD - Netter Atlas de Anatomia Humana Editora Elsevier.
DIENCÉFALO 21

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