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Rafaela Amaral Consulta ginecológica 4° período - FPME
O ciclo ovariano é dividido em 3 fases: Nesta fase o endométrio atinge a máxima espessura (até
Fase folicular: é um período de crescimento folicular no 8mm) e vascularização. As glândulas produzem um muco
ovário. Essa fase é a que tem duração mais variável, de rico em glicogênio.
10 a 21 dias. A retroalimentação hormonal promove o
desenvolvimento ordenado de um único folículo
dominante, que deve estar maduro na metade do ciclo e
preparado para a ovulação.
Ovulação: Quando um ou mais folículos amadurecem, o
ovário libera o(s) ovócito(s) durante a ovulação.
Fase lútea: A fase do ciclo ovariano que segue a
ovulação é conhecida como pós-ovulatória ou fase
lútea. O segundo nome tem origem na transformação do
folículo rompido em um corpo lúteo, assim denominado
devido ao pigmento amarelo e aos depósitos de lipídeos.
O corpo lúteo secreta hormônios que continuam a
preparação para a gestação. Se a gestação não ocorre,
o corpo lúteo para de funcionar após cerca de duas
semanas, e o ciclo ovariano é reiniciado.
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CAPUZ CERVICAL Dispositivos intrauterinos
São dispositivos menores que o diafragma, recobrem e O dispositivo intrauterino consiste em um objeto sólido de
aderem ao colo do útero e são usados junto com formato variável que é inserido através do colo uterino na
espermicidas que funcionam como métodos cavidade uterina, com o objetivo de evitar a gestação. Os
anticoncepcionais de barreira cervical. Podem ser DIUs podem ser classificados em três grupos principais:
utilizados por mais tempo que o diafragma. Requerem não medicados, medicados ou de cobre e hormonais.
uma única aplicação de espermaticida mesmo no caso de DIUs não medicados
mais de uma relação sexual. O dispositivo de polietileno impregnado com sulfato de
Eficácia bário, chamado de Alça de Lipps, é o exemplo mais
A taxa de gravidez é de 9% a 20% em nulíparas e de 26% comum.
a 40% em multíparas (índice de gestações em 100 DIUs de cobre
mulheres no primeiro ano). O DIU T380A é o dispositivo de cobre mais eficaz
Muitas contraindicações: alto risco ou portadoras de disponível, de modo geral este tipo demonstra eficácia
HIV/AIDS; doença cardíaca valvular complicada superior. Os DIUs de cobre são altamente eficazes em
(hipertensão pulmonar, fibrilação atrial, história de prevenir a gravidez. Os números no nome do dispositivo
endocardite bacteriana subaguda); uso de alguns referem-se à área de superfície em mm2 do cobre exposto
antirretrovirais, como Ritonavir, inibidores da na superfície endometrial.
transcriptase reversa, análogos e não análogos aos Outros DIUs
nucleosídeos. Desvantagens: infecções urinárias e O frameless DIU foi desenvolvido para evitar problemas
candidíase de repetição, não protege contra HIV, HPV, relacionados à moldura do dispositivo e ainda mantém as
herpes genital e trichomonas porque não recobre a parede propriedades do DIU de cobre. Seu uso tem sido crescente
vaginal e vulva; corrimento vaginal intenso de odor em alguns países da Europa, e as nulíparas têm sido alvo
fétido, caso o capuz seja deixado por muito tempo no da indicação principal. Este dispositivo consiste em fio de
local; pode provocar dor pélvica, cólicas ou retenção nylon inserido no miométrio fúndico com seis anéis de
urinária. cobre anexos.
ESPONJAS
São dispositivos pequenos, macios e circulares de Mecanismo de ação
poliuretano contendo espermaticida, colocado no fundo Os dispositivos intrauterinos têm múltiplos mecanismos
da vagina recobrindo o colo uterino funcionando como de ação, o principal é a prevenção da fertilização. O DIU
um método anticoncepcional de barreira cervical, não medicado depende de uma reação de corpo estranho
impedindo a ascensão do espermatozoide da vagina para para sua ação contraceptiva, trata-se de reação
a cavidade uterina. Antes da introdução vaginal, ela deve inflamatória estéril que produz lesão tecidual mínima,
ser umedecia com água filtrada, espremida para distribuir porém suficiente para ser espermicida. O DIU de cobre
o espermaticida. Permanece eficaz por 24 horas após a consiste em um fio de prata corado com cobre. A presença
inserção independente do número de coitos. Após a de um corpo estranho e de cobre na cavidade endometrial
última ejaculação, ela deve permanecer por no mínimo causa mudanças bioquímicas e morfológicas no
seis horas, não ultrapassando 24 a 30 horas. endométrio, além de produzir modificações no muco
Eficácia cervical. O DIU de cobre é associado à resposta
A taxa de gravidez é de 9% a 20% nas nulíparas e de 20% inflamatória aumentada com acréscimo de citocinas
a 40% nas multíparas. citotóxicas. O cobre é responsável pelo aumento da
Muitas contraindicações e desvantagens. produção de prostaglandinas e pela inibição de enzimas
endometriais. Estas mudanças afetam adversamente o
ESPERMICIDAS transporte de esperma, de modo a prevenir a fertilização.
São substâncias químicas que recobrem a vagina e o colo Os íons de cobre também têm um efeito direto na
do útero, bloqueando a passagem dos espermatozoides motilidade espermática, reduzindo a capacidade de
pelo canal cervical, impedindo sua ascensão em direção penetração no muco cervical. A ovulação não é afetada em
ao ovócito para a fecundação. Estas substâncias usuárias do cobre DIU de cobre.
dissolvem os componentes lipídicos da membrana Os riscos são baixos, mas englobam: perfuração uterina,
celular dos espermatozoides, provocando inativação ou infecção e expulsão.
morte. O N-9 pode provocar lesões As pacientes devem ser aconselhadas com relação aos
(fissuras/microfissuras) na mucosa vaginal e retal, efeitos colaterais potenciais associados com o DIU de
dependendo da frequência de uso e do volume aplicado. escolha, particularmente alterações no ciclo menstrual. As
A OMS orienta que as mulheres que têm risco pacientes também devem ser lembradas que o DIU não
aumentado para DST/HIV, especialmente as que têm protege contra DSTs nem HIV. O DIU pode ser inserido
muitas relações sexuais diárias, não devem usar métodos em qualquer momento do ciclo menstrual, uma vez a
contraceptivos que contenham nonoxinol-9 a 2%. O gravidez seja excluída. Não há nenhuma evidência para
espermicida, para o máximo de efetividade, deve ser apoiar a prática comum de inserir o DIU só durante a
usado com o diafragma ou com os preservativos, e é menstruação, embora neste momento descarta-se a
efetivo por um período de uma hora após a colocação. gravidez e mascara-se o sangramento relacionado à
Portanto, a mulher deve ser orientada para que a relação inserção. As taxas de infecção e índices de expulsão
sexual ocorra neste período de tempo, caso contrário ele podem ser mais altas quando inserido durante a
deve ser reaplicado antes do coito. menstruação.
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Candidatas apropriadas • alta concentração de levonorgestrel no endométrio,
Este método pode ser utilizado por mulheres jovens e impedindo a resposta ao estradiol circulante.
adolescentes, se selecionadas cuidadosamente, • forte efeito antiproliferativo no endométrio
principalmente se estiverem em relações monogâmicas • inibição da atividade mitótica do endométrio.
mútuas e estáveis e, portanto, com baixo risco para • mantém a produção estrogênica, o que possibilita uma
DSTs. A paridade também não é um fator determinante boa lubrificação vaginal.
na escolha do método. As nulíparas que têm baixo risco
de DSTs também são candidatas apropriadas ao método. Como resultado dessas várias ações contraceptivas, a taxa
A dor e aumento do fluxo menstrual que ocorrem com de eficácia do SIU-LNG é muito alta, e em vários estudos
mais frequência nas nulíparas são as principais razões de clínicos, representando mais de 100.000
remoção do DIU nesta população, apesar de ocorrer mulheres/ano/uso.
diminuição destes sintomas ao final do primeiro ano de
uso, por acomodação uterina à presença do corpo Contraindicações absolutas
estranho. • Gravidez confirmada ou suspeita.
Mulheres pós-parto • Distorção severa da cavidade uterina (como septos,
Mulheres pós-parto podem ser candidatas à inserção pólipos endometriais ou miomas submucosos).
imediata (dentro de dez a 15 minutos depois da • Infecção aguda ou recente (dentro de três meses) ou
dequitação da placenta). Estas mulheres estão em risco recorrente (incluindo DST, infecção pós-parto ou pós-
mais alto de expulsão e perfuração uterina. Na maioria aborto).
das circunstâncias, é melhor inserir o DIU após a • Cervicite não tratada
completa involução uterina, normalmente de quatro a • Alergia conhecida ao levonorgestrel.
seis semanas pós-parto. • Doença hepática aguda ou tumor de fígado.
Mulheres pós-aborto Relativas
Os DIUs podem ser inseridos imediatamente após aborto • Fator de risco importante para DST (relações não
espontâneo ou induzido de primeiro trimestre, que monogâmicas, história de DST).
ocorrem sem complicações. • História anterior de problemas com anticoncepção
Amamentação intrauterina (perfuração ou dor intensa).
Os DIUs são excelentes métodos para mulheres • Sangramento uterino anormal não diagnosticado.
amamentando. Dois estudos demonstraram que mulheres • Imunodepressão.
amamentando apresentaram menor índice de • História anterior de reflexo vasovagal.
complicações com a inserção, dor, sangramento e maior • História anterior de intolerância a progestagênios
taxa de aderência após seis meses. A qualidade e (depressão importante).
quantidade do leite não são afetadas. • Mulheres que não aceitam desenvolver oligomenorreia
Contraindicações absolutas ou amenorreia
• gravidez Hormonais
• doença inflamatória pélvica (PID) ou doença Anticoncepcionais orais combinados
sexualmente transmitida (DST) atual, recorrente ou Os anticoncepcionais orais combinados (AOCs)
recente (nos últimos três meses) representam o método anticoncepcional mais utilizado em
• sépsis puerperal todo o mundo. A falha é de menos de uma a cada 100
• imediatamente pós-aborto séptico mulheres/ano com o uso perfeito, aumentando para cinco
• cavidade uterina severamente deturpada a cada 100 mulheres ano, com sua utilização típica.
• hemorragia vaginal inexplicada Classificação dos AOCs
• câncer cervical ou endometrial Os anticoncepcionais orais combinados são aqueles que
• doença trofoblástica maligna contêm estrogênio e progestagênio no mesmo
• alergia ao cobre (para DIUs de Cobre) comprimido. O etinilestradiol é o principal estrogênio
contido nos AOCs; os estrogênios naturais como o
Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel estradiol e o valerato de estradiol também estão
O Sistema Intrauterino Liberador de Levonorgestrel disponíveis em duas formulações recentemente lançadas
(SIU-LNG) possui um reservatório com 52 mg de no mercado. Pode-se ainda classificar as pílulas
levonorgestrel, mede 32 mm de comprimento e libera 20 combinadas como monofásicas, bifásicas ou trifásicas.
µg de levonorgestrel por dia. Através da membrana de As monofásicas apresentam em todos os comprimidos as
controle, o sistema consegue liberar o levonorgestrel, mesmas doses de estrogênio e progestagênio. As que
que em 15 minutos após a inserção já se encontra apresentam duas doses diferentes de estrogênios e
circulante no plasma. A taxa de liberação de 20 µg/dia progestagênios são as bifásicas. As pílulas com variações
cai ao longo do uso, estabilizando-se em torno de 12 triplas nas doses dos hormônios são as trifásicas.
µg/dia a 14 µg/dia e chega finalmente a 11 µg/dia ao final Os anticoncepcionais orais combinados podem ser
de cinco anos, que é o tempo preconizado de uso do SIU- classificados pela dose estrogênica, denominados pílulas
LNG.1 de alta ou baixa dose, ou pelo progestagênio,
denominados de primeira, segunda ou terceira geração.
Mecanismo de ação O etinilestradiol é o estrogênio usado na maior parte dos
• muco cervical espesso e hostil à penetração do AOCs. O que varia é a sua dose, que justamente classifica
espermatozoide, inibindo a sua motilidade no colo, no as pílulas como de alta dose ou baixa dose. Dispõe-se, na
endométrio e nas tubas uterinas, prevenindo a atualidade, de pílulas com doses de 50 mcg, 35 mcg, 30
fertilização. mcg, 20 mcg e 15 mcg de etinilestradiol.
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As pílulas que contêm doses abaixo de 50 mcg de hipófise durante a fase folicular do ciclo menstrual,
etinilestradiol são classificadas como de baixa dose. efeito que provavelmente contribui para a ausência de
Por outro lado, a geração do contraceptivo é dada pelo desenvolvimento folicular nas usuárias de contraceptivos
progestagênio nele contido, embora também se leve em orais. Farmacologicamente, o componente progestina
consideração a dose estrogênica. As pílulas de primeira também pode inibir o surto de LH induzido pelo
geração (disponíveis no mercado brasileiro) são estrogênio na metade do ciclo.
aquelas que contêm levonorgestrel associado a 50
mcg de etinilestradiol. Doses menores de etinilestradiol Efeitos metabólicos dos AOCs
associado ao progestagênio levonorgestrel caracterizam Logo após a introdução dos contraceptivos orais,
as pílulas de segunda geração. Na presença de começaram a aparecer relatos de efeitos adversos
desogestrel ou gestodeno, as pílulas são denominadas associados a seu uso. Muitos desses efeitos eram
de terceira geração. dependentes da dose, o que levou ao desenvolvimento das
atuais preparações com baixas doses. Os efeitos adversos
dos contraceptivos hormonais iniciais recaíam em várias
categorias: efeitos cardiovasculares, incluindo
hipertensão, infarto do miocárdio, acidente vascular
encefálico hemorrágico ou isquêmico, trombose venosa e
embolismo, cânceres de mama, hepatocelulares e
cervicais, e um certo número de efeitos endócrinos e
metabólicos.
As associações hormonais empregadas em contracepção
exercem variável efeito metabólico, em particular sobre as
proteínas hepáticas, fatores de coagulação, lipídios e
carboidratos. O etinilestradiol é responsável pelo
aumento das proteínas hepáticas, como albumina e
SHBG, que não se traduzem em efeitos clínicos
significantes. Por outro lado, aumentam o substrato de
renina, desencadeando síntese de angiotensina e
estímulo do córtex adrenal na produção de
aldosterona, gerando vasoconstrição e retenção de
Mecanismo de ação das pílulas sódio e água. O impacto hepático dos estrogênios é dose-
As pílulas combinadas agem bloqueando a ovulação. Os dependente, sendo infrequente a hipertensão ocasionada
progestagênios, em associação aos estrogênios, pelo uso do contraceptivo. No entanto, em hipertensas, o
impedem o pico do hormônio luteinizante (LH), que é efeito deve ser considerado. O componente estrogênico é
responsável pela ovulação. Este efeito é chamado de ainda responsável pelo aumento de fatores de coagulação
bloqueio gonadotrófico, e é o principal mecanismo de (fatores VII e XII); observa-se redução da antitrombina III
ação das pílulas. Existem ainda efeitos acessórios que e aumento do inibidor do ativador do plasminogênio (PAI-
também atuam dificultando a concepção, como a 1), que se traduz em perfil pró-trombótico, também sendo
mudança do muco cervical, que torna mais difícil a considerados dose-dependentes.
ascensão dos espermatozoides, a diminuição dos Verifica-se um aumento de 28% no risco relativo de
movimentos das trompas e a transformação tromboembolismo venoso, mas o aumento absoluto
inadequada do endométrio. Todos estes efeitos estimado é muito pequeno, pois a incidência destes
ocorrem com o uso de qualquer contraceptivo eventos em mulheres sem outros fatores predisponentes é
combinado, determinando sua eficácia. baixa (mais ou menos a metade da associada ao risco de
Mensurações diretas dos hormônios plasmáticos indicam tromboembolismo venoso na gestação). Não obstante, o
que os níveis de LH e o FSH estão suprimidos, que o risco é significativamente maior em mulheres que fumam
surto de LH encontra-se ausente na metade do ciclo, que ou que têm outros fatores predisponentes à trombogênese
os níveis de esteroides endógenos se mostram ou ao tromboembolismo (Castelli, 1999).
diminuídos e que a ovulação não ocorre. Embora seja Nos últimos anos tem-se considerado que além dos
possível demonstrar que qualquer um dos componentes possíveis fatores confundidores que tentam explicar o
isolados pode, em certas situações, exercer estes efeitos, aparente paradoxo em relação ao tromboembolismo, outro
a combinação reduz de forma sinérgica os níveis parâmetro importante estaria relacionado ao componente
plasmáticos de gonadotropina e suprime a ovulação de progestagênico. Os progestagênios mais seletivos, como
modo muito mais consistente. gestodeno, desogestrel e drospirenona, não interferem
As ações hipotalâmicas dos esteroides têm importante negativamente sobre a ação estrogênica, ao contrário dos
papel no mecanismo de ação dos contraceptivos orais. A menos seletivos, como o levonorgestrel. Dessa forma,
progesterona diminui claramente a frequência dos pode-se supor que os anticoncepcionais “mais
pulsos de GnRH. Como uma frequência adequada de estrogênicos” contêm progestagênios mais seletivos e,
pulsos de LH é essencial à ovulação, esse efeito da portanto, com maior risco para alterações no sistema de
progesterona desempenha provavelmente um importante coagulação, culminando com maior taxa de eventos
papel na ação contraceptiva de tais agentes. tromboembólicos. Assim como nos estudos da década de
Parece provável que os contraceptivos orais diminuam a 90, estudos recentes demonstraram que os contraceptivos
sensibilidade da hipófise ao GnRH. Os estrogênios contendo o progestagênio de segunda geração –
também suprimem a liberação de FSH a partir da levonorgestrel – apresentam menor risco de trombose
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venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar contraindicação absoluta ou relativa para o uso de
(TEP), quando comparados àqueles contendo estrogênios, presença de efeitos adversos com o uso do
progestagênios de terceira geração, como o desogestrel e estrogênio ou durante a amamentação, pois parece não
gestodeno, e também às pílulas combinadas com interferir na produção do leite. As formulações disponíveis
drospirenona e acetato de ciproterona.17,18 No entanto, das minipílulas no Brasil são: noretisterona de 0,35
dois grandes estudos anteriormente publicados não mg/dia, linestrenol de 0,5 mg/dia, levonorgestrel 0,030
corroboraram tais resultados. mg/dia e desogestrel de 75 mcg/dia.
A despeito da discussão sobre os achados em diferentes A eficácia contraceptiva é maior durante o período da
estudos, deve-se considerar a baixa incidência do lactação. Quando as pílulas são tomadas de forma correta,
tromboembolismo em mulheres em idade reprodutiva. ocorre menos de uma gravidez para cada 100 mulheres que
As não usuárias, as mulheres que usam pílulas de usam PSPs durante o primeiro ano (nove para cada 1.000
segunda geração e aquelas que utilizam as de terceira mulheres). A taxa de falha com o uso típico é de 3% a 5%.
geração apresentam incidência de 5, 1 e 25 casos a cada Sem a proteção adicional da amamentação, as PSPs não
100.000 mulheres, respectivamente. são tão eficazes quanto à maioria dos outros métodos
hormonais. A mais recente preparação de pílula só de
Seleção de pacientes progestagênio contém 75 mcg/ dia de desogestrel, nível
Consideram-se candidatas ao uso de anticoncepcionais que excede o necessário para inibir a ovulação (60
orais todas as mulheres que optem por essa modalidade mcg/dia) sendo, portanto, mais efetiva na contracepção
contraceptiva e que não apresentem condições que as outras formulações.
associadas que os contraindique. O quadro abaixo Mecanismo de ação
demonstra as principais condições em que Seu funcionamento básico ocorre por:
preferencialmente não se deve usar o AOC (categoria 3 – Espessamento do muco cervical impedindo, portanto, a
da OMS) ou há contraindicação absoluta (categoria 4 da progressão do espermatozoide.
OMS). – Redução da motilidade tubária.
– Inibição da proliferação endometrial, determinando
hipotrofia ou atrofia.
Benefícios e riscos
Os benefícios apresentados pela PSPs são a diminuição da
dismenorreia, menor risco de doença inflamatória pélvica,
diminuição dos sintomas de tensão pré-menstrual8 e da
mastalgia. O retorno da fertilidade é imediato após a
interrupção. Outra vantagem é a possibilidade de
utilização em mulheres que tem contraindicação ou
intolerância aos estrogênios. Por não conterem o
estrogênio, as PSPs têm menor risco de complicações e
praticamente não apresentam riscos importantes à saúde
Contraceptivos com progestina isolada.
As pílulas com progestina isolada e os implantes de
levonorgestrel são altamente eficazes, mas bloqueiam as
ovulações em apenas 60-80% dos ciclos. Acredita-se que
sua eficácia deva-se em grande parte ao espessamento do
muco cervical, que diminui a penetração dos
espermatozoides, e às alterações endometriais, que
comprometem a implantação; tais efeitos locais
respondem pela eficácia dos dispositivos intrauterinos que
liberam progestinas. Acredita-se que as injeções de
depósito de MPA exerçam efeitos similares, mas elas
também dão origem a níveis do fármaco altos o sufi ciente
para impedir a ovulação em quase todas as pacientes,
presumivelmente pelo decréscimo da fre quência dos
pulsos de GnRH.
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Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Qual a relação da hereditariedade com o
O ovário pode ser acometido por diversos tipos de
neoplasia. Câncer de ovário ocorre geralmente após 50
surgimento de neoplasias ginecológicas, como o
anos de idade com metade dos casos ocorrendo após os 65
anos. Responde por 25% dos cânceres ginecológicos. É
encontrado já em estádios avançados em cerca de 70% dos
câncer de mama e câncer do colo de útero casos. O fator de risco mais importante é a história familiar
O câncer é considerado uma das maiores causas de morte em parentes de primeiro grau (mãe, filha ou irmã) com
no mundo e surge como consequência de alterações câncer de ovário. Em pacientes com câncer de mama e
ovário, alterações nos genes supressores do
cumulativas no material genético, dos fatores metabólitos
cromossomo 17q21 e 13q têm sido encontradas. Esses
e regulatórios de células normais, as quais sofrem genes são os BRCA 1, BRCA 2 e p53 (a identificação dos
transformações até se tornarem malignas. Existem dois primeiros requer medidas preventivas).
diversos fatores de risco associados ao desenvolvimento
do CA de mama, tais como: uso de terapia de reposição A prevalência da história relatada do câncer em familiares
hormonal, alcoolismo, exposição solar e hereditariedade, de primeiro grau, observada em 8.881 mulheres, atendidas
sendo o último um dos mais importantes. em unidades do Programa Saúde da Família (PSF), das
regiões Centro-Sul, Extremo-Sul e do Arquipélago de
O câncer de mama considerado esporádico, ou seja, sem Porto Alegre foi de 25,04%.
associação com o fator hereditário, representa mais de A identificação de indivíduos em risco para câncer
90% dos casos de câncer de mama em todo mundo. hereditário é importante porque os indivíduos afetados
Dados clínicos, epidemiológicos e experimentais têm apresentam risco cumulativo vital muito superior ao da
demonstrado que o risco de desenvolvimento de câncer população para vários tipos de câncer. A presença de
de mama esporádico está fortemente relacionado à câncer em familiares de primeiro grau aumenta o risco
produção de esteróides sexuais. pessoal de câncer de 2 a 4 vezes para vários tipos de
Por outro lado, as neoplasias mamárias do tipo tumores. Medidas de rastreamento intensivo e
hereditário correspondem a 5 a 10% dentre os casos de intervenções preventivas (cirurgias profiláticas e
câncer de mama, sendo este grupo muito relacionado a quimioprofilaxia) se mostram eficazes significativamente
alterações de genes supressores de tumor como os genes em reduzir o risco de câncer em portadores de mutação.
Atualmente, a tecnologia permite diagnosticar uma
BRCA 1 e BRCA 2 e o p53. A prevalência de mutação
mutação genética muito antes do aparecimento dos
deletéria no gene BRCA 1 é de 1/800 na população geral, sintomas.
sendo mais frequente nas descendentes de judeus
asquenazes. Mulheres portadoras de mutações nesses
genes têm um risco estimado que varia de 56 a 85% de
desenvolver o câncer de mama durante sua vida,
tendendo a apresentá-lo mais precocemente.
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/12627/000623067.pdf?...1
Oncologia Básica. Sabas Carlos Vieira et al. 1. ed. Teresina, PI: Fundação
Quixote, 2012.
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Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Entender o que é o “preventivo”, como ele é
colo do útero com uma espátula de madeira e uma
escovinha; as células colhidas são colocadas numa lâmina
realizado e a sua finalidade
para análise em laboratório especializado em
citopatologia.
Preventivo é um teste realizado para detectar alterações • Espéculo de tamanhos variados, preferencialmente
nas células do colo do útero. Este exame também pode descartáveis;
ser chamado de esfregaço cervicovaginal e • Espátula de Ayre;
colpocitologia oncótica cervical. Toda mulher que tem • Escova endocervical.
Procedimento de coleta:
ou já teve vida sexual deve submeter-se ao exame
• Sob boa iluminação observar atentamente os órgãos
preventivo periódico, especialmente as que têm entre 25 genitais externos, prestando atenção à distribuição dos
e 64 anos. Inicialmente, o exame deve ser feito pelos, à integralidade do clitóris, do meato uretral, dos
anualmente. Após dois exames seguidos (com um grandes e pequenos lábios, à presença de secreções
intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o vaginais, de sinais de inflamação, de veias varicosas e
preventivo pode passar a ser feito a cada três anos. outras lesões como úlceras, fissuras, etc.
O colo do útero apresenta uma parte interna, que • Colocar o espéculo, que deve ter o tamanho escolhido de
constitui o chamado canal cervical ou endocérvice, que é acordo com as características perineais e vaginais da
revestido por uma camada única de células cilíndricas mulher a ser examinada. Não deve ser usado lubrificante,
produtoras de muco – epitélio colunar simples. A parte mas em casos selecionados, principalmente em mulheres
externa, que mantém contato com a vagina, é chamada idosas com vaginas extremamente atróficas, recomenda-se
de ectocérvice e é revestida por um tecido de várias molhar o espéculo com soro fisiológico.
camadas de células planas – epitélio escamoso e
estratificado. Entre esses dois epitélios, encontra-se a O espéculo deve ser introduzido suavemente, em posição
junção escamocolunar (JEC), que é uma linha que pode vertical e ligeiramente inclinado de maneira que o colo do
estar tanto na ecto como na endocérvice, dependendo da útero fique exposto completamente, o que é
situação hormonal da mulher. Na infância e no período imprescindível para a realização de uma boa coleta.
pós-menopausa, geralmente, a JEC situa-se dentro do Iniciada a introdução fazer uma rotação deixando-o em
canal cervical. No período da menacme, fase reprodutiva posição transversa, de modo que a fenda da abertura do
espéculo fique na posição horizontal. Uma vez introduzido
da mulher, geralmente, a JEC situa-se no nível do orifício
totalmente na vagina, abrir lentamente e com delicadeza.
externo ou para fora desse – ectopia ou eversão. Na dificuldade de visualização do colo sugira que a mulher
tussa.
Orientações: • https://bvsms.saude.gov.br/papanicolau-exame-preventivo-de-colo-de-utero/
O médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do • https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//diretri
colo do útero; a seguir, o profissional provoca uma zesparaorastreamentodocancerdocolodoutero_2016_corrigido.pdf
pequena escamação da superfície externa e interna do • https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_cancer_colo_utero_ma
ma.pdf
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Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Análise dos resultados do preventivo
Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (L-SIL)
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Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Vaginite atrófica A gonorreia é uma DST, permanecendo como um
problema de saúde pública em todo o mundo. A sua
O estrogênio desempenha papel importante na importância é significativa, pois pode acarretar sequelas,
manutenção do microambiente vaginal. Mulheres após a como infertilidade, gravidez ectópica, DIP, trabalho de
menopausa – seja natural, seja secundária à remoção parto prematuro ou prematuridade. Embora nos últimos
cirúrgica dos ovários – podem desenvolver vaginite anos tenha ocorrido declínio na incidência da gonorreia,
atrófica, a qual, em determinados casos, é acompanhada permanece como causa significante de morbidade nas
de corrimento vaginal purulento intenso. Além disso, nações em desenvolvimento.
pode haver dispareunia e sangramento pós-coito em razão Diagnóstico
da atrofia do epitélio vaginal e vulvar. O exame mostra
atrofia genital externa, assim como perda das pregas O diagnóstico de cervicite baseia-se na presença de
vaginais. A mucosa vaginal pode ser um pouco friável em corrimento endocervical purulento, em geral de cor
algumas áreas. O exame microscópico das secreções amarela ou verde, denominado “mucopus”.
vaginais revela predomínio de células epiteliais 1. Após a remoção das secreções ectocervicais com um
parabasais e aumento do número de leucócitos. O swab grande, insere-se um swab pequeno de algodão no
tratamento em pacientes com vaginite atrófica se dá por canal endocervical para que se extraia o muco cervical. O
meio de creme vaginal de estrogênio tópico. Na maioria swab de algodão é examinado contra um fundo branco ou
dos casos, o uso diário de 1 g de creme de estrogênios preto com o objetivo de se detectar a cor verde ou amarela
conjugados por via intravaginal, durante 1 a 2 semanas, do mucopus. Além disso, a zona de ectopia (epitélio
proporciona alívio. glandular) é friável e sangra com facilidade. Essa
característica pode ser avaliada tocando-se o ectrópio com
Cervicites um swab de algodão ou uma espátula.
A cervicite ou endocervicite é a inflamação da mucosa 2. A distribuição do mucopus sobre uma lâmina que pode
endocervical (epitélio colunar do colo uterino), ser corada pelo método de Gram mostra o aumento do
geralmente de causa infeciosa (gonocócicas e ou não número de neutrófilos (> 30 por campo de grande
gonocócicas). aumento). Também é possível se detectarem diplococos
gram-negativos intracelulares, o que leva ao diagnóstico
O colo é formado por dois tipos diferentes de células presuntivo de endocervicite gonocócica. Se os resultados
epiteliais: epitélio escamoso e epitélio glandular. A causa da coloração pelo Gram forem negativos para gonococos,
de inflamação cervical depende do epitélio afetado. A o diagnóstico presuntivo é de cervicite por clamídia.
inflamação do epitélio ectocervical pode ser causada
pelos mesmos microrganismos responsáveis pela 3. Devem ser feitos exames para gonorreia e clamídia, de
vaginite. Na verdade, o epitélio escamoso ectocervical é preferência testes de amplificação de ácido nucleico. A
uma extensão do epitélio vaginal e é contínuo a ele. etiologia microbiana da endocervicite é desconhecida em
cerca de 50% dos casos nos quais não são detectados
• Principais agentes etiológicos das cervicites e uretrites gonococos nem clamídia.
Chlamydia trachomatis
• Neisseria gonorrhoeae
• Outros agentes: Mycoplasma hominis, Ureaplasma v
urealiticum e infecção secundária (bactérias anaeróbias
e Gram-negativas).
A maioria dos casos de cervicites é assintomática, sendo
descobertos apenas durante a investigação diagnóstica. A
ausência de sintomas dificulta o seu diagnóstico e
favorece as inúmeras complicações advindas de quadros,
como endometrite, doença inflamatória pélvica (DIP),
desfechos adversos para gestantes e recém-nascidos,
incluindo ainda maior risco de aquisição do vírus da • BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de Janeiro:
imunodeficiência humana (HIV) e do câncer cervical. Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. (Orgs.).
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia FEBRASGO. São
Quanto às manifestações clínicas da cervicite clamidiana, Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC, Baracat EC, Lima GR
• https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046513/femina-2019-474-235-
elas são discretas e frequentemente passam 240.pdf
despercebidas. Quando apresenta quadro clínico, podem
ocorrer: colo edemaciado (volume aumentado),
hiperemiado, com mucorreia (eventualmente purulenta),
friável (sangra fácil ao toque); acentuação do ectrópio
(mácula rubra), dor no ato sexual e à mobilização do colo
uterino ao exame ginecológico.
@resumeairafa
Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Elucidar o que é a mamografia, como ela é realizada, a • Aproximar a mama do filme, contribuindo para aumentar
o contraste e a nitidez, assim como reduzir a radiação
sua finalidade e a sua recomendação. espalhada.
A mamografia é o método de eleição para rastreamento • Diminuir a superposição de estruturas da mama,
do câncer de mama, por ser o único adequadamente reduzindo a possibilidade de lesões falsas e permitindo que
testado para a finalidade de reduzir a mortalidade em lesões suspeitas sejam detectadas com mais facilidade.
pacientes assintomáticas. A sensibilidade da mamografia A compressão está correta quando há boa separação dos
varia enormemente com a densidade mamária: 76% a tecidos da mama e não há perda de definição da imagem
98% em mamas gordurosas e apenas 30% a 64% em (borramento) em razão do movimento da paciente. Como
mamas extremamente densas, aumentando critério geral, a mama deve ser comprimida até que a
significativamente a ocorrência de câncer de intervalo glândula fique uniformemente espalhada o máximo
nesse segundo grupo. possível.
@resumeairafa
Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
Entender o que é um sangramento uterino
CAUSAS ESTRUTURAIS
P – Pólipo
anormal e suas classificações
Os pólipos endometriais são projeções da mucosa
endometrial (camada basal) que podem apresentar base
• Etiologia / Epidemiologia larga ou pediculada, ser únicos ou múltiplos, variar de
• Quadro clínico / Fisiopatologia milímetros a centímetros de tamanho. São habitualmente
• Diagnóstico / Tratamento/Intervenções lisos, regulares, com rede vascular pouco desenvolvida e
contendo uma quantidade variável de glândulas e
O sangramento uterino anormal (SUA) é um distúrbio estroma.
em que um ou mais dos parâmetros do sangramento A prevalência dos pólipos endometriais varia de 7,8% a
uterino normal está alterado: quantidade, duração ou 34%, em mulheres com SUA, sendo mais comuns em
frequência. mulheres na peri e pós-menopausa, e estão associados
Sangramento uterino normal: fluxo menstrual com ao uso de tamoxifeno, à dismenorreia e infertilidade.
duração de três a oito dias, com perda sanguínea de 5 a Q.C: aumento do volume menstrual, menstruações
80 mL e ciclo que varia entre 24 e 38 dias (variabilidade irregulares, sangramento pós-coito ou intermenstrual.
de três dias). Fisiopatologia: A origem do PE e sua patogênese ainda
Sua pode apresentar-se como um quadro crônico, no não são bem conhecidas, e alguns fatores parecem estar
contexto de episódios que se repetem pelo menos nos relacionados com a progressão para lesão maligna, como
seis meses anteriores, ou como um quadro agudo, que idade avançada, alterações genéticas, o tamanho do
requer cuidados urgentes ou de emergência. pólipo e o sangramento associado.
Estudos experimentais relatam que o crescimento do PE
O SUA é uma condição frequente, de etiologia múltipla, está relacionado à perda do seu mecanismo pró-
e que pode ocorrer em qualquer fase do período apoptótico, associado à hiperexpressão do gene bcl-2.
reprodutivo da mulher; a idade da mulher influencia Essa alteração parece correlacionar-se com o
diretamente na orientação das hipóteses diagnósticas. hiperestrogenismo, uma vez que o estrogênio aumenta a
Adolescência - irregularidade pode ser consequência da expressão do bcl-2.
imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise. A maior parte dos PE tem a superfície homogênea e de
Mulheres entre 20 e 40 anos de idade - excluídas causas coloração esbranquiçada e, frequentemente, é revestida
obstétricas, podem ocorrer por causas decorrentes de por endométrio. Pode apresentar superfície hemorrágica
lesão estrutural nos órgãos ou ausência dessas lesões. em caso de sangramento ou infarto pela torção da base.
+ mais de 40 anos até a menopausa - irregularidades no Diagnóstico:
padrão dos ciclos menstruais - flutuações na função do • Exame especular (quando o pólipo endocervical se
eixo e patologias do endométrio e miométrio. exterioriza pelo orifício externo do colo);
No climatério, na pósmenopausa e na senescência, • Quando não exteriorizados pelo orifício externo, pode-se
predominam as causas endometriais. utilizar a pinça de Menckel ou Kogan, que foi
desenvolvida para explorar o canal.
O Grupo de Desordens Menstruais, sob a
• Espessamento endometrial observado à US transvaginal.
responsabilidade da Federação Internacional A confirmação requer observação, por histeroscopia ou
Ginecologia Obstetrícia (FIGO), desenvolveu um histerossonografia, ou exame histológico de tecido obtido
acrônimo denominado PALM-COEIN de terminologia
por biopsia no consultório ou de amostra de curetagem.
flexível para a classificação das causas de SUA.
Tratamento:
A polipectomia histeroscópica é uma opção eficaz e segura
para diagnóstico e tratamento, com recuperação rápida e
precoce retorno às atividades. O grande limitador da
polipectomia endometrial é o tamanho da base da lesão.
Pequenos pólipos (menores que 0,5 cm) podem ser
removidos ambulatoriamente. Pólipos maiores (mais de
0,5 cm) podem ser removidos em bloco pela ressecção da
Em geral, os componentes do grupo PALM são entidades base de implantação da lesão.
estruturais que podem ser visualizadas em exames de
imagem ou avaliadas pela histopatologia. Já no grupo
COEIN, participam entidades que não apresentam essas
características.
@resumeairafa
Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
A – Adenomiose geral ao estrogênio ao longo da vida, como obesidade e
A adenomiose é definida como a presença de estroma e menarca precoce, elevam a incidência.
glândulas endometriais no miométrio, distante no Os níveis séricos de estrogênio e progesterona são
mínimo um campo de grande aumento da base do semelhantes em mulheres com e sem miomas detectáveis
endométrio. Embora às vezes seja observada em ao exame clínico. No entanto, em razão dos elevados
mulheres no início da idade reprodutiva, a idade média níveis de aromatase nos miomas, a produção de “novo”
das mulheres sintomáticas costuma ser acima de 40 anos. estradiol é maior que no miométrio normal. A
Segundo estudos, a maior paridade, a menarca precoce progesterona é importante na patogenia dos miomas,
e os ciclos menstruais mais curtos são possíveis que têm maior concentração de receptores da
fatores de risco. Na adenomiose, o tecido endometrial progesterona A e B que o miométrio normal. O maior
ectópico tende a induzir o alargamento uterino difuso número de mitoses é encontrado em miomas no pico de
(alargamento uterino globular). O tamanho do útero produção de progesterona. (Atenção com mioma na
pode duplicar ou triplicar, mas tipicamente não excede gravidez) O risco de ter mioma é 2,5 vezes maior nas
ao tamanho de um útero na 12ª semana de gestação. mulheres com alguma parente em primeiro grau com
Quadro clínico: mioma, sendo o mioma associado, também, a peso,
Os sintomas habitualmente associados à adenomiose são alimentação, fatores de crescimento e atividades físicas.
sangramento menstrual intenso ou prolongado, Quadro clínico: Sangramento anormal, dor pélvica,
dispareunia e dismenorreia. Muitas vezes, os sintomas sintomas urinários. Os sintomas variam de acordo com a
começam até 2 semanas antes do início do fluxo localização do mioma. Os miomas são classificados,
menstrual e podem somente cessar após o fim da segundo a FIGO, em submucosos, intramurais e
menstruação. O útero costuma apresentar aumento subserosos tipos 0 a 8. Os submucosos são os mais
difuso, embora, em geral, seja menor que 14 cm; muitas envolvidos com o SUA.
vezes, temconsistência mole e é doloroso, sobretudo na
época da menstruação. A mobilidade do útero não é
limitada e não há patologia anexial associada
Eelaciona-se, essencialmente, com a profundidade do
miométrio atingido.
Diagnóstico:
A adenomiose é um diagnóstico clínico. Os exames de
imagem – entre eles US ou RM pélvica –, embora úteis,
não são definitivos.
Tratamento:
A adenomiose geralmente é tratada com histerectomia.
Porém, estudos mostram que os sintomas podem ser Tipo 0 – Intracavitário (p. ex., mioma submucoso
controlados com terapias supressivas semelhantes às pediculado, totalmente dentro da cavidade)
utilizadas para SUA sem alteração estrutural, tais como Tipo 1 – Menos de 50% do diâmetro do mioma está no
contraceptivos combinados, progestagênios, sistema miométrio
intrauterino liberador de levonorgestrel, em especial Tipo 2 – 50% ou mais do diâmetro do mioma está no
quando há desejo de manter a capacidade reprodutiva. miométrio
Tipo 3 – Toca o endométrio sem nenhum componente
intracavitário
Tipo 4 – Intramural e totalmente dentro do miométrio, sem
extensão para a superfície endometrial nem para a serosa
Tipo 5 – Subseroso, no mínimo 50%intramural
Tipo 6 – Subseroso, menos de 50%intramural
Tipo 7 – Subseroso, fixado na serosa por um pedículo Tipo
8 – Ausência de acometimento do miométrio; inclui
localização cervical, nos ligamentos redondo ou largo sem
L – Leiomioma fixação direta no útero e miomas “parasitos”.
Os miomas são tumores monoclonais benignos das Diagnóstico: De modo geral, os miomas subserosos e
células musculares lisas do miométrio e contêm grandes intramurais importantes do ponto de vista clínico podem
agregados de matriz extracelular constituídos de ser diagnosticados por exame pélvico com base nos
colágeno, elastina, fibronectina e proteoglicanos. achados de um útero aumentado, irregular, firme e indolor.
Etiologia: sem compreensão, mas com pesquisas nos A US é a técnica de imagem mais acessível e de menor
fatores hormonais, genéticos e de seu crescimento. custo para se diferenciar miomas de outras doenças
Tanto o estrogênio quanto a progesterona parecem pélvicas e é, de certo modo, confiável para avaliação do
promover o surgimento de mioma. Os miomas raramente volume uterino menor que 375cc e quando há quatro ou
são observados antes da puberdade, são mais menos miomas.
prevalentes durante a idade reprodutiva e regridem
após a menopausa. Fatores que aumentam a exposição
@resumeairafa
Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
indicativo de aumento do útero ou de disseminação
extrauterina da doença. Às vezes, não há sangramento
devido à estenose cervical, sobretudo em pacientes idosas,
o que pode estar associado à hematometra ou piometra,
que causa corrimento vaginal purulento. Esse achado
costuma estar associado a um prognóstico sombrio
Diagnóstico:
A biopsia por aspiração do endométrio realizada no
consultório é a primeira etapa aceita na avaliação de uma
paciente com sangramento uterino anormal ou suspeita de
doença do endométrio. A precisão diagnóstica da biopsia
endometrial no consultório é de 90 a 98% em comparação
com achados subsequentes na dilatação e curetagem ou na
histerectomia
Na ausência de sintomas, o câncer de endométrio costuma
ser detectado a partir da investigação de resultados
anormais do exame de Papanicolaou, diagnóstico de
Tratamento: expectante, clínico e cirúrgico câncer em um útero removido por alguma outra razão ou
Não é possível prever o crescimento dos miomas nem o avaliação de um achado anormal à ultrassonografia pélvica
surgimento de novos sintomas no futuro. ou tomografia computadorizada (TC) obtida por outro
Na presença de sintomas, pode-se proceder ao tratamento motivo.
farmacológico, que tem como alternativas os mesmos O exame de Papanicolaou não é fidedigno para
medicamentos disponíveis para a redução do diagnóstico, porque apenas 30 a 50% das pacientes com
sangramento não estrutural. Não havendo resposta ao câncer endometrial apresentam resultados anormais
tratamento clínico, deve-se considerar a abordagem As mulheres com câncer de endométrio antes da
cirúrgica, na qual a via e o tipo de abordagem dependerão menopausa sempre apresentam sangramento uterino
do número, da localização, do tamanho do mioma e do anormal, muitas vezes caracterizado como
desejo futuro de concepção menometrorragia ou oligomenorreia, ou sangramento
cíclico que persiste após a idade habitual da menopausa.
Anti-inflamatórios não-hormonais: reduzem em 30%
episódios de sangramento e auxiliam no controle do CAUSAS NÃO-ESTRUTURAIS
sangramento (não é o melhor tratamento devido à baixa
C – Coagulopatia
resolutividade);
A causa mais comum é a doença de von Willebrand
Hormonais: inibe o endométrio e os receptores do
(DVW), porém também devem ser citadas hemofilia,
mioma. AC ou não. disfunções plaquetárias, púrpura trombocitopênica e os
distúrbios de coagulação associados a doenças como
As opções de tratamento cirúrgico são miomectomia hepatopatias e leucemia.
abdominal, miomectomia laparoscópica, miomectomia Especial atenção para essa causa para as jovens com
histeroscópica, ablação do endométrio e histerectomia
história de sangramento abundante desde a menarca e
abdominal, vaginal ou laparoscópica. O tratamento da
com anemia. Dessa forma, deve-se considerar a presença
dor causada por degeneração de miomas com
de coagulopatia congênita ou adquirida quando a
analgésicos costuma ser eficaz, mas a paciente pode
história clínica revelar: sangramento aumentado desde
optar pela cirurgia quando os sintomas são intensos. menarca; uma das seguintes condições (hemorragia após o
parto e/ou hemorragia relacionada a cirurgia e/ou
M – Malignidade e hiperplasia sangramento aumentado associado a tratamento dentário);
Entre os fatores de risco para o adenocarcinoma do duas ou mais das seguintes condições (hematoma pelo
endométrio, alinham-se a obesidade, o diabetes e a
menos uma vez ao mês e/ou epistaxe pelo menos uma vez
hipertensão. Ademais, qualquer condição de exposição
ao mês e/ou sangramento gengival frequente e/ou história
prolongada aos estrogênios sem oposição de
familiar de sangramento).
progestagênios deve ser considerada como risco para a
doença. Em geral, clinicamente devem ser suspeitados O – Distúrbio ovulatório
pela presença de sangramento, que ocorre na grande Os sangramentos anovulatórios podem ocorrer em
maioria das vezes no período após a menopausa qualquer época, embora se concentrem nos extremos do
período reprodutivo. Devem ser incluídos, além dos
Quadro clínico: Cerca de 90% das mulheres com
sangramentos anovulatórios, os sangramentos irregulares
carcinoma de endométrio apresentam sangramento ou
decorrentes de outras disfunções ovulatórias (como a
corrimento vaginal como único sintoma inicial; a maioria insuficiência do corpo lúteo e o encurtamento da fase
das mulheres percebe a importância desses sintomas e folicular da pré-menopausa).
procura o médico dentro de 3 meses. Algumas mulheres
queixam-se de pressão ou desconforto pélvico,
@resumeairafa
Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
No período reprodutivo, a causa mais frequente de Progestagênio isolado sistêmico
anovulação é a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Os progestagênios promovem a atrofia endometrial por
É considerada a desordem endócrina mais comum, vários mecanismos e têm ação anti-inflamatória, porém
afetando 5% a 10% das mulheres na menacme. ainda há lacunas no conhecimento de como promovem
redução do sangramento. Embora possam ser indicados
E – Endométrio para a maioria das mulheres, seu uso é particularmente
Distúrbios primários do endométrio frequentemente se relevante para as que apresentam contraindicação ou
manifestam como alterações de hemostasia não toleram o uso de estrogênios. Há diferentes
endometrial local, decorrente de resposta inflamatória, progestagênios, utilizados por diferentes vias e doses,
como na doença inflamatória pélvica. sendo seu uso contínuo, cíclico, por via oral, injetável ou
intrauterina. O principal limitante ao uso contínuo de
I – Iatrogenia progestagênio isolado são os sangramentos inesperados
Entre as causas de iatrogenia responsáveis por SUA, decorrentes da atrofia endometrial. O uso cíclico dos
devem ser lembrados os sistemas intrauterinos progestagênios parece não ser a melhor opção terapêutica
medicados ou inertes e agentes farmacológicos que para o controle do sangramento uterino. Na literatura
alteram diretamente o endométrio, interferindo nos científica, há estudos mostrando aumento em 20% no
mecanismos de coagulação do sangue ou sangramento menstrual com o uso cíclico (administração
influenciando a ovulação. Os anticoncepcionais por via oral por sete a dez dias ao mês) de noretisterona.
hormonais estão com frequência associados a Uma extensa revisão da literatura concluiu que o sistema
sangramentos intermenstruais e manchas (spotting). liberador de levonorgestrel, os contraceptivos combinados
Entre outros medicamentos associados à SUA, estão os e os antifibrinolíticos são todos superiores ao uso de um
anticoagulantes, o ácido acetilsalicílico, os progestagênio ciclicamente.
antiepilépticos, os hormônios da tireoide, os O uso contínuo do progestagênio oral tem se mostrado
antidepressivos, o tamoxifeno (lembrar da associação efetivo na redução do volume do sangramento, podendo
benéfica com o câncer de mama e não benéfica com o bloquear os períodos de menstruação, promovendo
endométrio) e os corticosteroides. amenorreia em um percentual de mulheres. Seu uso
baseia-se na intenção de produzir atrofia endometrial,
N – Causas não classificadas consequentemente reduzindo a ação estrogênica sobre a
Incluem lesões locais ou condições sistêmicas raras que proliferação endometrial. Pode ser indicado tanto em
podem ser causas de SUA, a exemplo das malformações mulheres anovulatórias como nas ovulatórias com
arteriovenosas, da hipertrofia miometrial, das alterações sangramento de causa endometrial.
müllerianas e da istmocele.
Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel
Tratamento do sangramento uterino anormal de (SIULNG)
causa não estrutural O SIU-LNG libera 20 mcg de levonorgestrel diariamente,
O tratamento pode ser medicamentoso (farmacológico) resultando, por vários mecanismos, em atrofia
ou cirúrgico. As opções disponíveis são hormonal endometrial, com redução do sangramento. É considerado
(estrogênio e progestagênio combinados; progestagênio mais efetivo para o controle do SUA do que os tratamentos
oral cíclico ou contínuo; progestagênio injetável; sistema orais. Além da grande redução, de 71% a 96%, no volume
uterino liberador de levonorgestrel) e não hormonal de sangramento e consequente melhoria na qualidade de
(anti-inflamatórios; antifibrinolíticos). vida, parece ter melhor aceitação considerando o
tratamento prolongado, com menos incidências de efeitos
Tratamento hormonal adversos. Esse método não deve ser usado quando a
Estrogênio e progestagênio combinados cavidade uterina não é regular, devido ao risco aumentado
Os contraceptivos combinados contendo estrogênio e de expulsão. O efeito adverso mais relatado é a ocorrência
progestagênio reduzem a perda sanguínea menstrual de sangramento inesperado, mais frequentemente nos
em 35% a 72%, sendo uma opção terapêutica para a primeiros meses de uso. Nessa situação, a utilização de
maioria das causas de SUA sem alteração estrutural. ácido tranexâmico ou anti-inflamatórios pode trazer
Geralmente os contraceptivos combinados monofásicos benefícios.
são usados em esquemas cíclicos, com pausas, mas
podem também ser administrados continuamente, Tratamento não hormonal
reduzindo também o número de episódios de O tratamento não hormonal do SUA inclui o uso de
menstruação. Regimes contínuos se mostraram antifibrinolíticos ou de anti-inflamatórios não
superiores que o uso cíclico das formulações esteroidais (AINEs). Está particularmente indicado para
combinadas. Uma limitação importante ao seu uso é o mulheres que não desejam usar hormônios ou que tenham
desejo reprodutivo imediato, uma vez que esses contraindicação ao uso de hormônios, além de mulheres
esquemas têm ação anovulatória. No tratamento do SUA, com desejo de gestação.
os contraceptivos combinados também são norteados Antifibrinolíticos
pelos critérios de elegibilidade da OMS para métodos Estudos têm mostrado que mulheres com aumento do
contraceptivos, respeitando-se as contraindicações para fluxo menstrual podem apresentar ativação do sistema
o uso de estrogênio. fibrinolítico durante a menstruação, com aceleração da
@resumeairafa
Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
degradação do coágulo de fibrina, formado para conter o Embora a histerectomia esteja associada a maior tempo
sangramento. Medicações que atuam reduzindo a cirúrgico, período de recuperação mais prolongado e
fibrinólise podem reduzir o sangramento. Nessa maiores taxas de complicações pós-operatórias, oferece
categoria, o ácido tranexâmico é um medicamento melhores resultados e mais definitivos para o tratamento
frequentemente indicado. O ácido tranexâmico é um do SUA, enquanto o custo da ablação endometrial é
antifibrinolítico com meia-vida curta, devendo ser usado significativamente menor do que o da histerectomia, mas
três a quatro vezes ao dia, com dose recomendada a reabordagem cirúrgica é muitas vezes necessária, por
variável de acordo com diferentes fontes da literatura. isso a diferença de custo se estreita ao longo do tempo.
REFERÊNCIAS
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia
FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC,
Baracat EC, Lima GR
• https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/03/1052445/femina-
2019-481-54-58.pdf
• BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES,
J. M. C. (Orgs.).
@resumeairafa
Rafaela Amaral DPC – Endometriose 4° período - FPME
Compreender a DPC Estudar a endometriose
Definição/ Etiologia/ Epidemiologia Definição/ Etiologia/ Epidemiologia/ Quadro clínico/ Fisiopatologia/
A dor pélvica crônica (DPC) é um distúrbio Diagnóstico/ Tratamento/ Intervenção/ Prognóstico
multifacetado, caracterizado por alterações no A endometriose é definida como a ocorrência de tecido
processamento de sinais aferentes nos órgãos endometrial (glândulas e estroma) fora do útero. Os
pélvicos, nos tecidos somáticos adjacentes, na medula locais mais frequentes de implantação são as vísceras
espinal e no encéfalo. As inervações toracolombar e pélvicas e o peritônio. (Lembrar que prof Orlando Pineli
sacral em comum das estruturas pélvicas e o aumento do disse que o ligamento uterossacro é o local mais
processamento de impulsos neurais no sistema nervoso acometido). O aspecto da endometriose varia de algumas
central (SNC) são responsáveis pela multiplicidade de lesões mínimas em órgãos pélvicos a grandes cistos
sintomas somáticos e psicológicos presentes nas endometrióticos ovarianos, os quais distorcem a anatomia
mulheres que sofrem de DPC. tubo-ovariana e extensas aderências que acometem o
A DPC é definida como a dor com duração maior que intestino, a bexiga e o ureter.
6 meses, localizada na pelve e intensa o bastante para
causar incapacidade funcional ou exigir cuidados A endometriose é predominante nas mulheres em idade
médicos. Abrange muitas causas, desde as etiologias do reprodutiva, embora também seja descrita em
sistema reprodutivo, gastrintestinais e urinárias até a dor adolescentes e nas mulheres pós-menopausa em terapia de
miofascial e as síndromes de compressão nervosa. reposição hormonal. As estimativas da frequência de
A etiologia da DPC muitas vezes está associada a endometriose variam muito; no entanto, acredita-se que a
alterações na modulação ou à “intensificação” de prevalência seja de aproximadamente 10%. Há alta
estímulos normalmente indolores. A dor é prevalência de endometriose (de 20 a 90%) em mulheres
desproporcional ao grau de lesão tecidual. Além disso, com dor pélvica ou infertilidade. Naquelas com
acredita-se que a predisposição genética, as pressões infertilidade sem causa aparente com ou sem dor (ciclo
ambientais adversas e o meio hormonal aumentem a regular, parceiro com espermograma normal), a
vulnerabilidade e a predisposição a distúrbios de dor prevalência de endometriose é de até 50%. Em mulheres
crônica. assintomáticas submetidas a ligadura tubária (mulheres
com fertilidade comprovada), a prevalência varia de 3 a
A medula espinal é um importante local de mecanismos 43%. O risco de endometriose é sete vezes maior quando
de “controle”, como excitação, inibição, convergência e há uma parenta em primeiro grau afetada por
soma de estímulos neurais. Na lesão de tecidos viscerais, endometriose. Como não é identificado padrão de herança
pode haver ativação de um subgrupo de fibras C mendeliano específico, postula-se que a herança seja
nociceptivas (levam informação de dor) que, em geral, multifatorial.
estão latentes, denominadas aferentes “silenciosas”.
Então, o corno posterior da medula espinal é inundado São fatores de risco para endometriose: infertilidade, ter
por estímulos químicos nocivos que, com o tempo, cabelo ruivo, menarca em idade precoce, ciclos
podem intensificar os sinais no corno posterior e no menstruais mais curtos, hipermenorreia, nuliparidade,
encéfalo, e a sensação de dor pode ser persistente e anomalias do ducto de Müller, peso ao nascimento
amplificada, mesmo após a resolução. (menos de 3,2 kg), a paciente ter nascido de gestação
múltipla, exposição ao dietilestilbestrol (DES),
Na primeira consulta, deve-se obter uma história endometriose em parente de primeiro grau, estatura
completa da dor, levando-se em conta a natureza de cada elevada, exposição à dioxina ou a bifenis policlorados
sintoma: localização, irradiação, intensidade, fatores que (BPC), alimentação rica em gordura e carne vermelha
a agravam e aliviam; efeito do ciclo menstrual, estresse, e cirurgias ou tratamento clínico prévios de
trabalho, exercício, relação sexual e orgasmo; o contexto endometriose. O uso prévio de contracepção ou DIU e o
no qual a dor surgiu; e o custo social e ocupacional da tabagismo não estão associados a aumento do risco de
dor. endometriose. Os fatores de proteção contra o
desenvolvimento de endometriose são: multiparidade,
A prevalência estimada de dor pélvica crônica é de 3,8% lactação, exposição intrauterina ao tabaco, aumento do
em mulheres de 15 a 73 anos, variando de 14 a 24% em índice de massa corporal (IMC), aumento da razão
mulheres na idade reprodutiva, com impacto direto em cintura-quadril, exercício e alimentação rica em
todos os âmbitos da vida, o que transforma a dor pélvica hortaliças e frutas.
crônica em um sério problema de saúde pública. Cerca
de 60% das mulheres com a doença nunca receberam o A endometriose é uma doença estrogênio-dependente.
diagnóstico específico e 20% nunca realizaram qualquer Três teorias foram propostas para explicar a histogênese
investigação para elucidar a causa da dor. da endometriose; são elas:
1. Transplante ectópico de tecido endometrial
2. Metaplasia celômica
3. Teoria da indução.
No entanto, nenhuma dessas teorias sozinhas explica a
ocorrência de endometriose em todos os casos.
@resumeairafa
Rafaela Amaral DPC – Endometriose 4° período - FPME
Teoria do transplante Quadro clínico:
Baseia-se na suposição de que a endometriose é causada Deve-se suspeitar de endometriose em mulheres com
pela semeadura ou implantação de células infertilidade, dismenorreia, dispareunia ou dor pélvica
endometriais por regurgitação transtubária durante crônica. A endometriose pode ser assintomática, mesmo
a menstruação. A menstruação retrógrada ocorre em 70 em mulheres com doença mais avançada.
a 90% das mulheres e pode ser mais comum em mulheres A endometriose moderada ou grave acomete os ovários e
com endometriose que naquelas sem a doença. A causa aderências que bloqueiam a motilidade tubo-
evidência de células endometriais no líquido peritoneal, ovariana e a captação do óvulo, por isso a infertilidade.
indicativa de menstruação retrógrada, é descrita em 59 a
79% das mulheres durante a menstruação ou no início da Pode estar associada a sintomas gastrintestinais
fase folicular, e essas células podem ser cultivadas in importantes (dor, náuseas, vômito, saciedade precoce,
vitro. A endometriose é mais frequente nas porções meteorismo e distensão abdominal, bem como
mais inferiores (caudais) da pelve – ovários, fundo de alteração dos hábitos intestinais). A maioria das
saco anterior e posterior, ligamentos uterossacros, parte mulheres com a doença apresenta uma alteração
posterior do útero e parte posterior dos ligamentos característica da motilidade (espasmo da ampola de Vater-
largos. A teoria do refluxo menstrual combinada a uma duodeno, equivalente a convulsões no sistema nervoso
movimentação (fluxo) de líquido peritoneal em sentido entérico, junto com supercrescimento bacteriano).
horário explica tanto a localização predominante da
endometriose no lado esquerdo da pelve (as células Em mulheres adultas, a dismenorreia pode ser
endometriais refluídas implantam-se com mais particularmente sugestiva de endometriose se começar
facilidade próximo ao retossigmoide) como a maior após anos de menstruação sem dor. Em geral, a
frequência da endometriose diafragmática no lado direito dismenorreia surge antes do início do sangramento
(as células endometriais refluídas implantam-se no menstrual e continua durante todo o período menstrual.
ligamento falciforme). A endometriose ovariana pode ser
causada por menstruação retrógrada ou por fluxo A distribuição da dor é variável, embora seja bilateral na
linfático do útero para o ovário; a metaplasia e o maioria das vezes. Os sintomas locais podem decorrer do
sangramento de algum corpo lúteo podem ser essenciais acometimento retal, ureteral e vesical, e é possível que
no surgimento de certos endometriomas. também haja dor lombar. Todos os tipos de endometriose
estão associados à dor pélvica, inclusive a endometriose
Metaplasia celômica mínima a leve. Os endometriomas podem ser considerados
um indicador de maior intensidade de lesões
A transformação (metaplasia) do epitélio celômico em
infiltrativas profundas.
tecido endometrial é proposta como um mecanismo de
origem da endometriose. Determinado estudo que
A endometriose está associada a anovulação,
avaliou a expressão de antígenos estruturais e da desenvolvimento anormal do folículo com
superfície celular na rete ovarii e no epoóforo relatou
comprometimento do seu crescimento, redução dos níveis
poucas características comuns entre a endometriose e o
circulantes de E2 durante a fase pré-ovulatória,
epitélio da superfície ovariana, sugerindo que a
perturbação dos padrões de pico de hormônio luteinizante
metaplasia seja improvável no ovário.
(LH), spotting pré-menstrual, síndrome de luteinização de
folículo não roto, galactorreia e hiperprolactinemia.
Teoria da indução
A teoria da indução – extensão da teoria da metaplasia 6D’s da endometriose: dismenorreia, dor pélvica,
celômica – propõe que um fator bioquímico endógeno dispareunia, dor para urinar, dificuldade para
(indefinido) seja capaz de induzir a transformação de engravidar, dor intestinal.
células peritoneais indiferenciadas em tecido
endometrial. Diagnóstico
Padrão ouro: RM; apesar de pedirem ultrassom pélvico e
O sistema imune pode estar alterado em mulheres com transvaginal.
endometriose, e existe a hipótese de que a doença seja Em comparação com a laparoscopia, a ultrassonografia
consequência de uma menor eliminação imunológica (US) transvaginal é inútil no diagnóstico de
de células endometriais viáveis da cavidade pélvica. endometriose peritoneal, mas facilita o diagnóstico ou a
Há a possibilidade de a endometriose ser causada por exclusão de endometrioma ovariano.
diminuição da eliminação de células endometriais do
líquido peritoneal decorrente da menor atividade das Além disso, pode ser usado o marcador CA 125 para
células natural killers (NK) ou da diminuição da acompanhar o tratamento da endometriose e se está
atividade dos macrófagos. A diminuição da surtindo efeito.
citotoxicidade celular contra células endometriais
autólogas foi associada à endometriose.
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Rafaela Amaral DPC – Endometriose 4° período - FPME
Contraceptivo combinado
O uso de pílulas combinadas de estrogênios e
progestagênios é indicado como tratamento de primeira
linha por diversos guidelines de sociedades. O mecanismo
Tratamento de ação é similar ao dos progestagênios, agindo
Pacientes sintomáticas com endometriose podem ser principalmente na decidualização e atrofia do tecido
tratadas com analgésicos, hormônios, cirurgia, endometrial ectópico.
reprodução assistida ou uma combinação dessas
modalidades. Independentemente do perfil clínico Agonistas do GnRH
(infertilidade, dor, achados assintomáticos), o tratamento Os agonistas do GnRH agem no hipotálamo, ocupando os
pode ser justificado, pois a endometriose parece avançar receptores do GnRH, o que provoca a inibição da liberação
em 30 a 60% das pacientes em 1 ano após o diagnóstico, de hormônio folículo-estimulante (FSH) e LH pela
e não é possível prever em que pacientes ocorrerá esse hipófise. Consequentemente, ocorre um estado de
avanço. anovulação e hipoestrogenismo, semelhante ao observado
A preservação da função reprodutiva é desejável na no climatério.
maioria das mulheres com endometriose. Muitas delas
têm dor e infertilidade simultâneas ou podem querer ter Tratamento cirúrgico
filhos após o alívio suficiente da dor, o que complica a O tratamento cirúrgico deve ser oferecido às pacientes em
escolha de tratamento. que o tratamento clínico for ineficaz ou contraindicado por
alguma razão. A avaliação dos escores da Escala Visual
O tratamento clínico é eficaz no controle da dor pélvica Analógica (EVA) de Dor é importante para a indicação do
e deve ser o tratamento de escolha na ausência de tratamento.
indicações absolutas para cirurgia. O seguimento deve
ser realizado por equipe multidisciplinar com terapia O objetivo da cirurgia é a remoção completa de todos os
medicamentosa hormonal e analgésica, quando focos de endometriose, restaurando a anatomia e
necessário, e terapias complementares como atividade preservando a função reprodutiva. O procedimento pode
física, fisioterapia, acupuntura e psicologia, conforme as ser realizado por laparoscopia ou laparotomia; no entanto,
indicações apropriadas para cada paciente. há preferência pela laparoscopia, que permite melhor
visualização das lesões endometrióticas, melhor acesso a
alguns pontos da pelve, assim como melhor recuperação
da paciente.
Endometriose peritoneal
As lesões de endometriose podem ser removidas durante
laparoscopia por excisão cirúrgica com tesoura,
coagulação bipolar ou laser (laser de CO2, laser de
potássio-titânio- fosfato ou laser de argônio). Alguns
cirurgiões afirmam que o laser de CO2 é superior pois a
lesão térmica é mínima, mas não existem evidências da
superioridade de uma técnica em relação a outra.
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Rafaela Amaral DPC – Endometriose 4° período - FPME
Endometrioma ovariano
A simples drenagem do conteúdo líquido desse tipo de
cisto mostrou-se ineficaz devido aos altos índices de
recidiva; a maioria dos autores preconiza a retirada da
cápsula como o melhor tratamento. No entanto, temos
que ter em mente que a retirada da cápsula do cisto pode
lesar o parênquima ovariano e diminuir a reserva
ovariana, com consequente comprometimento da função
reprodutiva.
REFERÊNCIAS
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia
FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC, Baracat
EC, Lima GR
• https://www.scielo.br/j/rbgo/a/fKQjFhfJ4RvdQMgbMbsJHSj/?lan
g=pt#:~:text=A%20preval%C3%AAncia%20estimada%20de%20
dor,em%20um%20s%C3%A9rio%20problema%20de
• BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.
(Orgs.).
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Rafaela Amaral DIP – Doença inflamatória pélvica/IST’S 4°P - FPME
Elucidar as principais ISTs
HPV
O HPV (sigla em inglês para papilomavírus humano) é um
• Definição • Etiologia • Epidemiologia DNA-vírus de cadeia dupla, não encapsulado, membro da
família Papovaviridae. Infecta epitélios escamosos e pode
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são induzir uma grande variedade de lesões cutaneomucosas.
causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Atualmente, são identificados mais de 200 tipos de HPV,
E são transmitidas, principalmente, por meio do contato sendo que, desses, aproximadamente 40 tipos acometem o
sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha trato anogenital. A transmissão do HPV dá-se por qualquer
masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja tipo de atividade sexual e, excepcionalmente, durante o
infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, parto, com a formação de lesões cutaneomucosas em
ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto recém-nascidos ou papilomatose recorrente de laringe.
ou a amamentação. De maneira menos comum, as IST
também podem ser transmitidas por meio não sexual, pelo O risco geral estimado para a exposição a essa infecção
contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções é de 15% a 25% a cada nova parceria sexual e a quase
corporais contaminadas. totalidade das pessoas sexualmente ativas adquirirá a
infecção em algum momento de suas vidas. As infecções
A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis são tipicamente assintomáticas. Aproximadamente 1% a
(IST) passou a ser adotada em substituição à expressão 2% da população apresentam verrugas anogenitais e 2% a
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque 5% das mulheres mostram alterações no exame preventivo
destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir de colo do útero provocadas por infecção pelo HPV. A
uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas. prevalência é maior em mulheres abaixo dos 30 anos.
Existem diversos tipos de infecções sexualmente Os tipos de HPV que infectam o trato genital são divididos
transmissíveis, mas os exemplos mais conhecidos são: em dois grupos, de acordo com o potencial oncogênico e
• herpes genital; com as lesões às quais costumam estar associados:
• HPV • Baixo risco oncogênico: tipos 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54,
• Doença Inflamatória Pélvica (DIP) 61, 70, 72 e 81.
• Gonorreia e infecção por Clamídia • Alto risco oncogênico: tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45,
• Linfogranuloma venéreo (LGV) 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82.
• Sífilis Os tipos 26, 53 e 66 provavelmente são de alto risco
• Infecção pelo HTLV oncogênico, enquanto os tipos 34, 57 e 83, de risco
• Tricomoníase indeterminado.
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Rafaela Amaral DIP – Doença inflamatória pélvica/IST’S 4°P - FPME
A gonorreia é uma das IST’s mais comuns no mundo, Em 2020, foram notificados no Sinan 115.371 casos de
estimando-se cerca de 25 milhões de novas infecções por sífilis adquirida (taxa de detecção de 54,5 casos/100.000
ano, segundo dados da OMS. A faixa etária mais afetada habitantes); 61.441 casos de sífilis em gestantes (taxa de
dispõe-se entre 15 e 30 anos, sendo a maioria homens detecção de 21,6/1.000 nascidos vivos); 22.065 casos de
entre 20 e 24 anos. sífilis congênita (taxa de incidência de 7,7/1.000 nascidos
vivos); e 186 óbitos por sífilis congênita (taxa de
Linfogranuloma venéreo (LGV) mortalidade de 6,5/100.000 nascidos vivos).
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Rafaela Amaral DIP – Doença inflamatória pélvica/IST’S 4°P - FPME
Compreender a doença inflamatória pélvica (DIP) denominamos de pré-DIP. Há chance de 20% a 30% de
que ocorra infecção superior, sendo essa chance maior
• Definição • Etiologia • Epidemiologia • Quadro clínico • quanto menor a idade da mulher. A importância de
identificar essa fase se deve à possibilidade de
Fisiopatologia • Diagnóstico • Tratamento • Prognóstico tratamento e prevenção da DIP. Após esse estádio,
A DIP é causada por microrganismos que colonizam a principalmente na época menstrual ou pós-menstrual
endocérvice e ascendem até o endométrio e as tubas imediata, há ascensão desses agentes e passagem pelo
uterinas. Essa propagação ocorre de forma direta do colo endométrio, ocasionando endometrite, e possibilidade
para os órgãos superiores, denominada de via de sangramento discreto além da menstruação ou
canalicular, logo, paciente apresenta infecção e mesmo o prolongamento desta. Na ocasião da
inflamação do sistema genital superior. A inflamação menstruação ou após, ocorre modificação do muco
pode estar presente em qualquer ponto de uma sequência cervical facilitando esse processo.
que inclui endometrite, salpingite e peritonite.
Na sequência, os microrganismos que fazem parte do meio
A DIP é frequentemente causada por Neisseria ambiente vaginal também ascendem através da cervicite,
gonorrhoeae (gonococo)e C. trachomatis, via canalicular, instalando-se na tuba uterina. Nesse
microrganismos sexualmente transmissíveis. A local, com reação tecidual, se inicia a formação de
Chlamydia trachomatis é atualmente o patógeno mais conteúdo purulento, que pode se desprender, passar
comumente detectado em até 60% das mulheres através das fímbrias e derramar no peritônio pélvico,
confirmadas com salpingite ou endometrite, embora o ocasionando pelviperitonite. Pelo fato de o acúmulo ser
gonococo continue sendo considerado um agente maior no fundo de saco de Douglas, esse local se apresenta
primário com maior sensibilidade, desencadeando dispareunia e
A incidência de DIP é extremamente difícil de dor ao toque vaginal e, sobretudo, no fundo de saco de
determinar, pois grande parte dos casos ocorre de forma Douglas. Nesse tempo, alças intestinais e epíplon tendem
insidiosa e são assintomáticos ou oligossintomáticos, a bloquear o processo purulento, formando o
sendo detectados, principalmente, pelas sequelas que denominado “complexo tubo-ovariano”. À medida que
ocasionam. aumenta a viscosidade desse conteúdo, pode ocorrer a
É mais comum em mulheres jovens, que, pelo fato de fusão das fimbrias tubárias, provocando aprisionamento
com maior frequência não incorporarem o hábito de sexo de pus dentro das tubas, denominado de piossalpinge.
seguro, têm maior chance de contrair agentes causais das
cervicites, sendo esses os mais importantes para Com esse conteúdo aprisionado, ocorrem diminuição dos
desencadeamento da DIP. Um dos principais problemas níveis de oxigênio e aumento gradativo na proliferação
é que, muitas vezes, esse processo passa despercebido, dos anaeróbios. Esse conteúdo purulento pode se
pois os sintomas clínicos como a dor se apresentam de propagar para os ovários, constituindo, então, o ATO.
forma discreta, não suscitando a suspeita diagnóstica. Esse pode posteriormente ser esterilizado e formar uma
Fatores de risco massa multicística com conteúdo citrino estéril,
Em relação aos fatores de risco, podem-se citar a denominado de hidrossalpinge, como forma de sequela
adolescência e o comportamento sexual contribuindo do processo infeccioso e inflamatório. Embora menos
para aumento da suscetibilidade à DIP. O risco frequente, o conteúdo do ATO pode aumentar a tensão
aumentado em adolescentes ocorre porque essa intra-abscesso e se romper, podendo ocasionar um quadro
população se submete mais comumente a fatores grave com grande derramamento de pus no peritônio,
comportamentais, como múltiplos parceiros e sexo choque séptico e até levar a óbito. Felizmente, casos letais
desprotegido, mas também por fatores biológicos, como associados diretamente com a DIP são infrequentes. Em
maior superfície passível de ser infectada. Outro fator de relação à dor, ela é desencadeada a partir da entrada dos
risco conhecido para DIP é história passada ou atual de agentes na cavidade uterina, tornando-se maior
IST. Pessoas com infecção por clamídia, micoplasmas quando o conteúdo purulento contamina a cavidade
e/ou gonococo na cérvice uterina têm maior chance de pélvica.
desenvolver essa infecção no trato genital superior.
Q.C e fisiopatologia: A DIP manifesta-se,
habitualmente, com um padrão clínico subagudo e
oligossintomático, e dor abdominal em intensidade
variável é sintoma obrigatório.
Apresenta relevância devido às suas complicações, tanto
do ponto de vista de emergência no caso da
pelviperitonite ou ruptura de abscesso tubo-ovariano
(ATO), como em longo prazo, podendo provocar
infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica.
@resumeairafa
Rafaela Amaral DIP – Doença inflamatória pélvica/IST’S 4°P - FPME
Os esquemas de antibioticoterapia devem focar em
cobrir aeróbios e anaeróbios participantes da flora
vaginal que se encontram envolvidos no processo
infeccioso e, na mesma ocasião, ou posteriormente,
atingir a clamídia, gonococo e micoplasmas.
@resumeairafa
Rafaela Amaral
miomas, estes anticoncepcionais estão relacionados a uma
Compreender o leiomioma redução do risco de leiomiomas em mulheres da raça
negra.
Definição/ etiologia/ epidemiologia/ quadro clínico e Fatores de proteção
fisiopatologia/ diagnóstico/ tratamento, prognóstico Anticoncepcionais Combinados Orais (ACO): o uso de
L – Leiomioma ACO parece proteger contra a formação de novos miomas,
Os miomas são tumores monoclonais benignos das reduzindo o risco em 17% a cada 5 anos de uso.
células musculares lisas do miométrio e contêm Primiparidade Precoce: em alguns estudos de coorte, a
grandes agregados de matriz extracelular constituídos de primiparidade precoce diminui o risco de leiomiomas. A
colágeno, elastina, fibronectina e proteoglicanos. ocorrência de uma ou mais gravidezes com evolução além
Eles representam a causa estrutural mais comum de de 20 semanas diminui a chance de formação de
sangramento uterino anormal. São tumores sensíveis leiomiomas.
ao estrogênio e à progesterona. Consequentemente,eles Tabagismo: diminui o risco de desenvolvimento de
se desenvolvem durante os anos reprodutivos. Após a leiomiomas por um mecanismo desconhecido. Alguns
menopausa, os leiomiomas geralmente regridem e o estudos sugerem que o tabagismo parece interferir com o
desenvolvimento de novos tumores é raro. Fatores que metabolismo estrogênico.
aumentam a exposição geral ao estrogênio ao longo da Dieta Rica em Verduras: a alimentação rica em verduras
vida, como obesidade e menarca precoce, elevam a está associada à diminuição do risco
incidência.
A progesterona é importante na patogenia dos Etiologia: pesquisas nos fatores hormonais, genéticos e de
miomas, que têm maior concentração de receptores seu crescimento.
da progesterona A e B que o miométrio normal. O Níveis Circulantes de Estrogênio - principal fator
maior número de mitoses é encontrado em miomas no determinante do crescimento tumoral, especialmente o
pico de produção de progesterona (Atenção com estradiol, que parece agir diretamente sobre a proliferação
mioma na gravidez). O risco de ter mioma é 2,5 vezes celular dos miomas ou mediado por fatores de crescimento
maior nas mulheres com alguma parente em primeiro como EGF, IGF-1 e insulina. Entretanto, isoladamente não
grau com mioma, sendo o mioma associado, também, a explica a formação do tumor. O aparecimento no
peso, alimentação, fatores de crescimento e atividades menacme, o crescimento durante a reposição hormonal e
físicas. gravidez (que cursa com níveis elevados de estrogênio), a
Epidemiologia: É a neoplasia benigna mais comum da regressão de tamanho ou interrupção de crescimento após
mulher. Responde por aproximadamente 95% dos a menopausa e a conexão com outras doenças
tumores benignos do trato genital feminino. Alguns hiperestrogênicas, tais como hiperplasias endometriais,
autores estimam que acometa 1/3 de todas as mulheres endometriose e adenomiose, corroboram sua influência.
em idade reprodutiva. É responsável por um terço do No entanto, apesar dessas observações, não foram
total de histerectomias (a maior causa), o que deixa comprovados níveis aumentados de estrogênio em
evidente sua importância na saúde pública. mulheres portadoras de leiomiomas uterinos.
Sintomas
Idade da mulher
Aspirações reprodutivas e história obstétrica
Na presença de sintomas, pode-se proceder ao tratamento
farmacológico, que tem como alternativas os mesmos
medicamentos disponíveis para a redução do sangramento
não estrutural. Não havendo resposta ao tratamento
clínico, deve-se considerar a abordagem cirúrgica, na qual
a via e o tipo de abordagem dependerão do número, da
localização, do tamanho do mioma e do desejo futuro de
concepção.
Indicações de Tratamento Clínico
• Redução tumoral
• Controle da perda sanguínea
• Pacientes na perimenopausa
Ressonância Magnética – é o melhor exame para
• Pacientes com risco cirúrgico elevado
visualização e mensuração de leiomiomas. Sua
limitação é o custo elevado. Método propedêutico ideal
Análogos de GnRH
para a diferenciação de leiomiomas e adenomiose, ou
São as drogas mais efetivas no tratamento clínico dos
para constatação da adenomiose de forma associada.
leiomiomas. O GnRH natural é produzido pelo
Mostra claramente a localização e o número dos miomas,
hipotálamo, secretado de forma pulsátil e possui uma meia-
além da sua distância à serosa.
vida de dois a oito minutos. Estimula a produção e
liberação de gonadotrofinas pela adeno-hipófise. Os
agonistas ou análogos de GnRH são produzidos a partir de
uma alteração na molécula original do GnRH, na posição
6, o que lhes confere um enorme aumento na meia-vida
e uma afinidade pelo receptor muito mais alta. Este fato
determina uma potência 15 a 200 vezes maior que o
hormônio original.
Podem ser usados por via intramuscular, subcutânea ou nasal. Não
podem ser utilizados por via oral porque a droga é rapidamente
degradada por peptidases do sistema digestivo.
São utilizados na forma de depósito - Efeito inicial
positivo sobre a hipófise na liberação de gonadotrofinas
Histeroscopia – permite identificar nódulos submucosos (nos primeiros 14 dias), devido à saturação dos
(pela sua visualização) ou nódulos intramurais (pelas receptores (efeito flare-up). Após este período, induzem a
deformidades que causam à cavidade uterina). São úteis dessensibilização das células gonadotróficas pela redução
no diagnóstico diferencial de outras afecções do número de receptores na membrana celular (fase de
ginecológicas, tais como: pólipos endometriais, downregulation dos receptores), que perdura por cerca de
hiperplasias endometriais, adenomiose e carcinoma de uma a três semanas e culmina com um profundo estado
endométrio. hipoestrogênico. O uso dos análogos promove uma
diminuição média de 30 a 70% no tamanho dos
miomas. Cerca de 2/3 das pacientes desenvolvem
amenorreia, melhoram os parâmetros hematimétricos e
experimentam uma redução significativa do tamanho
uterino (35 a 60%) após três meses de utilização da
medicação. Em contrapartida, após a interrupção do
medicamento há um retorno dos sintomas.
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Rafaela Amaral Climatério - Menopausa 4°P - FPME
Compreender o climatério
produção ovariana de estrogênio e progesterona.
Até que seu número se esgote na pós-menopausa, os
• Definição folículos crescem e sofrem atresia de forma contínua.
• Epidemiologia Esse processo é irrecuperável e ininterrupto, e o declínio
• Fisiologia paralelo da quantidade e qualidade dos folículos contribui
• Quadro clínico
• Diagnóstico
para a diminuição da fertilidade.
• Tratamento A contínua perda da reserva folicular diminui os níveis de
• Prognóstico (pós-menopausa). estradiol que não são mais suficientes para estimular o pico
Definição e epidemiologia de hormônio luteinizante (LH), encerrando, assim, os
O climatério é a fase de transição entre o período ciclos ovulatórios. Sem a ovulação propriamente dita, não
reprodutivo e o não reprodutivo da mulher, caracterizado há produção de corpo lúteo e consequentemente de
por uma gama de modificações endócrinas, biológicas e progesterona, além de os níveis de estradiol não serem
clínicas, compreendendo parte da menacme até a suficientes para estimular o endométrio, levando à
menopausa. amenorreia.
Entre, aproximadamente, 40 e 65 anos de idade, as
mulheres vivenciam o climatério, que é uma síndrome
que se instala gradualmente, com sintomatologia
variável quanto ao tipo e à intensidade e que afeta o
organismo como um todo. Durante esse período, os
ovários perdem, progressivamente, sua capacidade de
produção hormonal e de ovulação. O termo
menopausa (última menstruação) é um episódio dentro
de um processo contínuo, identificado retrospectivamente
após 12 meses de amenorreia, e ocorre, em média, aos 50
anos. O intervalo, do início dos sintomas de
irregularidade menstrual até o final do primeiro ano após
a menopausa, é chamado de perimenopausa.
A menopausa que ocorre antes dos 40 anos de maneira
espontânea ou artificial é chamada menopausa precoce.
A importância dessa diferenciação se dá devido às
implicações clínicas próprias do quadro e indicação Essas e outras etapas da vida reprodutiva feminina são
específica de tratamento. regidas pela função ovariana e sua respectiva produção
No Brasil, segundo os últimos dados publicados pelo hormonal. Sua classificação é fundamental do ponto de
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em vista clínico e científico, utilizando-se para o estadiamento
2015, a expectativa de vida ao nascer para as mulheres é o Stages of Reproductive Aging Workshop: STRAW + 10.
de 79,1 anos, determinando aproximadamente metade da A classificação compreende a vida reprodutiva feminina
vida no período peri e pós-menopáusico, além do desde a menarca e é dividida em três principais categorias
aumento exponencial do número absoluto de mulheres (reprodutiva, transição menopausal e pós-menopausa)
nessa fase (IBGE, 2015). e suas subdivisões, totalizando 10 categorias descritas por
Fisiologia: uma terminologia-padrão. A base para diagnóstico e
A menopausa, apesar de poder ser influenciada pelo eixo classificação nos estágios reprodutivos são as mudanças
hipotálamo hipofisário, é um evento ovariano observadas no ciclo menstrual.
secundário à atresia fisiológica dos folículos
primordiais; sua ocorrência pode ser natural ou artificial,
após procedimentos clínicos ou cirúrgicos que levem à
parada da produção hormonal ovariana.
A transição menopausal é caracterizada pela
irregularidade do ciclo menstrual devido à
variabilidade hormonal e ovulação inconstante. A
atresia do complexo folicular (diminuição maciça do
número de folículos ovarianos), sobretudo das células da
granulosa, resulta na queda da produção de estrogênio e
inibina B, que, por sua vez, desativa o feedback
negativo sobre a hipófise, liberando a secreção de FSH
na tentativa de aumentar o recrutamento folicular, um
importante sinal de menopausa. O resultado dos níveis
elevados de FSH é a aceleração da depleção folicular até
o seu esgotamento.
Portanto, o ovário perde a capacidade de responder aos
hormônios hipofisários, hormônio foliculoestimulante
(FSH) e hormônio luteinizante (LH), o que faz cessar a
@resumeairafa
Rafaela Amaral Climatério - Menopausa 4°P - FPME
Quadro clínico: Redução dos níveis séricos estrogênicos > alterações em
As principais consequências da menopausa estão neurotransmissores cerebrais > instabilidade no centro
relacionadas basicamente com a deficiência de termorregulador hipotalâmico = mais sensível a pequenos
estrogênio. aumentos da temperatura corporal relacionados a
A menopausa, geralmente, é acompanhada de muitos alterações intrínsecas e ambientais.
sintomas, como fogachos(ondas de calor), insônia, Cada episódio dura aproximadamente de 2 a 4 minutos e
depressão, variação de humor, falta de memória, ocorre diversas vezes no decorrer do dia. É
ressecamento vaginal, distribuição central da particularmente comum à noite, prejudicando a qualidade
gordura corporal, diminuição da libido, entre outros. do sono e contribuindo para irritabilidade, cansaço durante
Com o tempo, a maior rapidez com que passa a acontecer o dia e diminuição na capacidade de concentração. Sabe-
a perda de cálcio dos ossos aumenta a incidência de se que 87% das mulheres sintomáticas têm episódios
fraturas. Haverá, também, maior risco de doenças diários de fogachos, e 33% delas apresentam mais de 10
cardiovasculares (DCVs) e de doenças degenerativas do episódios por dia.
cérebro, como o Mal de Alzheimer. A duração média dos sintomas vasomotores a partir da
transição menopausal é de 7,4 anos, e 4,5 anos desse
Consequências do hipoestrogenismo total são vivenciados no período pós-menopáusico.
Receptores estrogênicos existem em diferentes Relacionado a maior duração dos sintomas: índice de
concentrações em vários locais do organismo – como massa corporal (IMC) elevado, tabagismo, grau de
pele, ossos, vasos, coração, diversas regiões do cérebro, sensibilidade aos sintomas, ansiedade, percepção de
mama, útero, vagina, uretra e bexiga – e a redução nos estresse e sintomas depressivos. A terapia sistêmica com
níveis de estrogênio circulante gera efeitos diferentes estrogênio é o tratamento mais eficaz dos sintomas
para cada mulher. Apenas em torno de 15% das mulheres vasomotores e o único aprovado atualmente pela Food and
não apresentarão sintomas no período do climatério. Drug Administration (FDA) para essa indicação.
Alterações do humor: Os sintomas depressivos são
relatados por 65% a 89% das mulheres que buscam
atendimento no período do climatério. O mecanismo
responsável pelo aumento do risco ainda é desconhecido,
porém a variação dos níveis séricos de estrogênio parece
estar mais associada com efeitos depressivos do que com
a própria concentração hormonal absoluta. As mudanças
evidentes desse período, a perda da capacidade
reprodutiva e o próprio envelhecimento propiciam
distúrbios psicológicos associados, que também podem
contribuir para o quadro depressivo ou ansiolítico.
Alterações cognitivas: marcado aumento nas queixas
Alterações no ciclo menstrual: alteração na referentes ao declínio das funções cognitivas, com ênfase
intensidade do fluxo, na duração ou frequência da nas queixas de diminuição da atenção e alterações da
menstruação. As alterações no padrão de secreção tanto memória. Também há queixas de piora na perda de
do estrogênio quanto da progesterona tendem a se iniciar memória verbal, processamento rápido das informações e
com encurtamento dos ciclos e progredir para períodos demência. Sabe-se que o estrogênio tem papel
de amenorreia cada vez mais longos até a parada total. modulatório nos sistemas neurotransmissores,
Nessa fase, o desenvolvimento de patologias orgânicas influenciando o desempenho nas tarefas de
como miomas e pólipos é favorecido e, nos casos de aprendizagem e memória. Sua ação no hipocampo e lobo
sangramento uterino intenso, é mandatória a temporal também já é conhecida.
investigação e exclusão de patologias endometriais. Apesar de o hipoestrogenismo estar intimamente
Sintomas vasomotores: episódios de fogachos e suores relacionado a essas alterações, a fase de transição –
noturnos, resultando no sintoma mais comum da caracterizada por oscilações nos níveis hormonais – parece
transição menopausal e pós-menopausa inicial, sendo ser a mais sintomática, já que, após o período de piora da
referido por mais de 80% dessas mulheres. performance cognitiva na perimenopausa, se observa o
Fogacho: súbita sensação de calor intenso que se inicia retorno da capacidade usual no período pósmenopausa.
na face, pescoço, parte superior dos troncos e braços, e Alterações em pele e fâneros: O padrão de distribuição
se generaliza; além disso, é seguida por enrubecimento da gordura passa de ginecoide para androide,
da pele e subsequente sudorese profusa. Observa-se propiciando o acúmulo na região abdominal. A
aumento do fluxo sanguíneo cutâneo, taquicardia, quantidade de gordura visceral também aumenta. A
aumento da temperatura da pele devido à vasodilatação circunferência abdominal retrata a quantidade de gordura
e, eventualmente, palpitações. Além do impacto negativo visceral e subcutânea e se correlaciona com o risco de
na qualidade de vida, os sintomas vasomotores parecem doença cardiovascular e dislipidemia. A pele também
estar associados ao aumento de risco cardiovascular, sofre alterações devidas à deficiência estrogênica.
ósseo e cognitivo.
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Rafaela Amaral Climatério - Menopausa 4°P - FPME
Os anos de menopausa se correlacionam de forma Alterações cardiovasculares e metabólicas:
altamente significativa com o declínio do colágeno e Doenças cardiovasculares (DCV), especialmente o infarto
espessura da pele, com ênfase para os primeiros cinco do miocárdio (IM), são as principais causas de morte em
anos após a menopausa, resultando no aumento da mulheres com mais de 50 anos no Brasil e no mundo. Os
flacidez e das rugas e diminuição da elasticidade da principais fatores de risco para DCV incluem a presença
pele. de aterosclerose de grandes vasos, história familiar de
Alterações atróficas: A síndrome geniturinária da DCV, hipertensão arterial (HAS), tabagismo,3 diabetes e
menopausa (SGM), também conhecida por atrofia a chamada síndrome metabólica (SM) – obesidade central,
vulvovaginal (AVV), compreende alterações resistência à insulina, hipertrigliceridemia e dislipidemia.
histológicas e físicas da vulva, vagina e trato urinário No período pós-menopáusico, devido ao
baixo devidas à deficiência estrogênica. hipoestrogenismo, o perfil hormonal das mulheres
A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e a passa a ser androgênico e a prevalência da SM
pele está mais fina e plana, com rarefação dos pelos. Os aumenta, o que pode explicar de forma parcial o aumento
pequenos lábios perdem tecido e pigmentação; da incidência de DCV após a menopausa. Devido ao novo
quando intensa, a atrofia pode resultar em coalescência perfil hormonal, perde-se a atividade protetora do
labial. A vagina passa a ser mais curta e estreita, estrogênio para eventos endoteliais e há o
diminuindo suas rugosidades, principalmente na desenvolvimento de componentes da SM. Observa-se
ausência de atividade sexual. O epitélio vaginal torna- aumento da adiposidade central (intra-abdominal),
se fino, e a lubrificação resultante de estímulo sexual está mudança para um perfil lipídico e lipoproteico mais
prejudicada em decorrência da diminuição da secreção aterogênico, com o aumento da concentração de
glandular. Também se apresenta bastante friável, com colesterol total à custa da lipoproteína de baixa densidade
sangramento ao toque e vulnerável a traumas. O pH (LDL), dos triglicerídeos (TG) e da redução de
vaginal está alcalino, reduzindo o número de lactobacilos lipoproteína de alta densidade (HDL), o principal preditor
na flora, propiciando infecções e vaginite atrófica. A para eventos isquêmicos cardíacos. Também se observa
uretra é hiperemiada e proeminente. aumento da glicemia e dos níveis de insulina. A
Essas alterações anatômicas resultam em sintomas transição menopáusica por si só é fator de risco para a
genitais (ressecamento, ardência e irritação), sintomas síndrome, independentemente de idade, hábitos de vida e
sexuais (ausência de lubrificação, desconforto ou dor – composição corporal.
dispareunia, piora da função sexual) e sintomas urinários Diagnóstico: O diagnóstico do climatério é clínico, não
(urgência miccional, disúria, infecções recorrentes do havendo necessidade de dosagens hormonais para
trato urinário, piora da incontinência urinária confirmá-lo quando há irregularidade menstrual ou
preexistente). amenorreia e quadro clínico compatível. Entretanto,
Outra consequência importante é a disfunção sexual, muitos sintomas característicos da menopausa também
reflexo dos quadros de dispareunia e ressecamento podem refletir condições patológicas e, em muitos casos,
vaginal. A vascularização vaginal é reduzida e a há indicação de realizar exames para excluir outras causas.
lubrificação não é efetiva.
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Rafaela Amaral Climatério - Menopausa 4°P - FPME
cardiovascular, conceito conhecido como “janela de Entretanto, o tempo para o alívio adequado dos sintomas
oportunidade”. é maior, podendo demorar de seis a oito semanas. Por
outro lado, estão associadas a menor ocorrência de
A TH pode ser dividida em duas categorias, a sangramento vaginal e mastalgia. Atualmente,
terapêutica estrogênica isolada e a terapêutica recomenda-se a menor dose efetiva e pelo menor
estroprogestacional, conhecida como terapêutica período de tempo necessário.
combinada. A terapia estrogênica isolada é
empregada em mulheres histerectomizadas. A adição Os estrógenos sistêmicos estão disponíveis em,
do progestagênio para pacientes com útero é necessária basicamente, 2 tipos: EEC ou estradiol (E2). O E2 é
para proteção endometrial (porque se der só o indicado para uso oral, encontrado na forma de
estrogênio ele vai estimular o endométrio), comprimidos, ou para uso transdérmico, na forma de gel
contrabalançando os efeitos proliferativos do estrogênio ou adesivo. Todos são oferecidos em diferentes
e diminuindo, dessa forma, os riscos de hiperplasia e apresentações, permitindo ajustar a dose de estrógeno às
câncer endometrial. necessidades de cada paciente.
Referências
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC, Baracat EC, Lima GR
• BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. (Orgs.).
• CLAPAUCH, Ruth. Endocrinologia Feminina e Andrologia. AC Farmacêutica, 2012. FERNANDES, César Eduardo, POMPEI, Luciano de (coords.).
• Sanarflix.
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Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME
• Compreender a incontinência urinária (de esforço
e bexiga hiperativa).
• Elucidar prolapso genital.
• Entender a cistocele.
O armazenamento e o esvaziamento da bexiga dependem
de complexa interação entre o encéfalo, a medula
espinal, a bexiga, a uretra e o assoalho pélvico.
Incontinência: “a queixa de qualquer perda
involuntária de urina”.
• A incontinência urinária de esforço (IUE) ocorre
quando há elevação da pressão abdominal (como ao
tossir, correr ou levantar peso).
• A incontinência urinária de urgência (IUU) é uma
sensação súbita de urgência (como no trajeto até o
banheiro ou ao se lavar as mãos).
Tratamento
O tratamento da IU deve ser realizado de acordo com a
etiologia da IU.
Tratamento da Incontinência Urinária de Esforço
(IUE)
A IUE é também denominada de IU por causa anatômica.
Seu tratamento pode ser conservador, cirúrgico ou
combinado.
Tratamento conservador: comportamental e fisioterapia
Conjunto de técnicas que têm por objetivo promover
mudanças nos hábitos da paciente e que influenciam os
sintomas das disfunções do assoalho pélvico, a fim de
Diagnóstico: clínico e urodinâmico. minimizá-los ou eliminá-los. Inclui orientações quanto à
Os sintomas de urgência, urgeincontinência, frequência ingesta hídrica, treinamento vesical, treinamento dos
e noctúria estão frequentemente associados à músculos do assoalho pélvico (exercícios perineais) e
hiperatividade do detrusor. No entanto, podem ser educação sobre o trato urinário inferior.
relatados por algumas pacientes com incontinência Redução em torno de 25% na ingesta hídrica promove
urinária de esforço ou mista. Assim, o diagnóstico da melhora significativa na frequência urinária, urgência
síndrome decorrente de hiperatividade do detrusor é miccional e noctúria.
urodinâmico, caracterizado pela presença de Exercícios Perineais (Kegel): O condicionamento da
contrações não inibidas do detrusor evidenciadas na musculatura do assoalho pélvico pode melhorar ou curar a
cistometria. Pode haver a associação de IUE e HD na IUE.
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Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME
Cones Vaginais: Consistem em um conjunto de Tratamento Clínico ou Farmacológico ou
dispositivos em formato de cone, numerados de 5 a 9, de Medicamentoso da IUE
mesmo tamanho e pesos diferentes, variando de 20 a 100 O tônus da uretra e do colo vesical é mantido, em grande
g (25 a 65 g), ligados a fio de náilon que facilitam a parte, pela atividade alfa-adrenérgica do SNS. Por isso,
remoção. muitos fármacos são usados, com graus variáveis de
É considerado um método seletivo pela capacidade de sucesso, para tratar a IUE. Estes incluem imipramina (que
recrutar fibras do tipo I (fibras de contração lenta). tem efeito concomitante de relaxamento do detrusor),
Assim, é denominado de biofeedback tátil e sinestésico efedrina, pseudoefedrina, fenilpropanolamina e
por permitir uma retroalimentação da paciente. A norepinefrina. Infelizmente, muitas dessas substâncias
paciente deve reter o cone na vagina por 15 minutos, aumentam o tônus vascular e podem, portanto, causar
2x/dia, aumentando o peso dos mesmos, de modo problemas de hipertensão, distúrbio que afeta muitas
progressivo. Seu uso pode ser associado aos exercícios mulheres na pós-menopausa com IUE. Há aumento da
perineais. probabilidade de AVC hemorrágico nas mulheres tratadas
com fenilpropanolamina e, embora esse risco seja muito
baixo, não é possível prever quem pode apresentar essa
complicação. Não há fármacos aprovados pela FDA
para tratamento da IUE. O estrogênio conjugado, com
ou sem progesterona, não deve ser prescrito para
prevenção ou alívio da incontinência urinária.
Tratamento cirúrgico
Pessários: São dispositivos projetados para reduzir o Para as pacientes que não apresentarem melhora ou não
deslocamento inferior ou afunilamento da junção desejarem tratamento conservador, a cirurgia é o passo
uretrovesical. Com isso, se obtém apoio para o colo seguinte para tratar com sucesso a IUE. A cirurgia visa o
vesical e, consequentemente, redução nos episódios de reposicionamento do colo vesical na sua posição
incontinência. anatômica e sua sustentação durante o aumento da
São recomendados para pacientes que não desejam pressão abdominal. A sustentação da uretra também é
cirurgia e/ou apresentam risco cirúrgico elevado, bem parte integrante da continência.
como não possuem motivação para outras modalidades Atualmente, o reparo anterior é, principalmente, uma
terapêuticas. A eficácia dos pessários no tratamento da cirurgia para correção de prolapso da parede vaginal
incontinência urinária varia em função do grau de anterior.
prolapso presente. Colporrafia Anterior por Via Vaginal – Cirurgia de
Kelly-Kennedy:
A cirurgia de Kelly-Kennedy é realizada por via vaginal,
quando há cistocele por defeito central da fáscia de suporte
da uretra associada à IUE. O resultado final é, portanto, o
reposicionamento da junção uretrovesical em posição
retropúbica.
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Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME
Tratamento Incontinência urinária de urgência e atividade, ou seja, com aumento no número de fibras
bexiga hiperativa musculares de contração rápida. A frequência do estímulo
O tratamento da bexiga hiperativa é clínico, elétrico é fator crucial para o sucesso do tratamento. Para
independentemente da presença ou não de hiperatividade os casos de incontinência de esforço, recomendam-se altas
do detrusor. frequências, de 50 a 100 Hz, e para a bexiga hiperativa as
Medidas gerais: assim como as comportamentais frequências ideais oscilam entre 5 e 20 Hz
indicadas na IUE Prolapsos genitais
Medicamentoso: esses fármacos são agentes
O prolapso dos órgãos pélvicos, também chamado de
anticolinérgicos que atuam sobre a bexiga mediante
distopias, é uma protrusão desses órgãos e dos segmentos
bloqueio da atividade da acetilcolina nos receptores
vaginais associados no interior da vagina ou através dela -
muscarínicos.
define todo deslocamento caudal dos órgãos pélvicos
Seus efeitos colaterais são atribuídos à inibição dos
(uretra, bexiga, alças intestinais e reto), podendo ocorrer
receptores muscarínicos de outros órgãos, e são
responsáveis pela interrupção do tratamento em muitos em diferentes graus
Os sintomas de POP podem ocorrer em qualquer idade,
casos. Glaucoma de ângulo fechado, arritmias cardíacas,
mas têm seu pico entre os 70 e 79 anos, e a disfunção do
gravidez, lactação, colite ulcerativa e doença obstrutiva
assoalho pélvico é mais importante em idosas, afetando até
intestinal ou urinária são contraindicações ao uso desta
50% das mulheres nessa época da vida.
classe de drogas.
As pacientes devem ser alertadas sobre os efeitos ETIOLOGIA / Fatores de risco
colaterais dos anticolinérgicos, especialmente o • Idade > 60 anos, multiparidade, aumento da pressão
ressecamento da boca, e informadas de que ele não é intraabdominal relacionado à obesidade ou doenças que
causado por sede. Algumas mulheres aumentam a levam a esse mecanismo, doenças genéticas que causem
ingestão de líquidos para combater o problema, o que alteração do colágeno ou elastina, espinha bífida oculta.
agrava a incontinência. Sem causa genética identificada, mas indivíduos de
No Brasil temos quatro anticolinérgicos disponíveis, famílias com predisposição ao prolapso têm risco de 2,58
todos com nível 1 de evidência clínica e grau de vezes de apresentar essa condição. Mulheres brancas e
recomendação A: oxibutinina, tolterodina, latinas têm respectivamente 4,9 e 5,4 vezes mais chance
darifenacina e solifenacina. de apresentarem POP.
Cloridrato de oxibutinina: É uma droga com Fisiopatologia:
propriedades anticolinérgicas a antiespasmódicas (ação O suporte dos órgãos pélvicos depende de dois
mista). A Oxibutinina é um antagonista seletivo de mecanismos principais: o tecido ligamentar, também
receptores muscarínicos, pois atua predominantemente chamado de fáscia endopélvica, e o diafragma pélvico
em receptores M1 e M3, o que explica a maior incidência (músculo elevador do ânus e coccígeo). O diafragma
de efeitos colaterais com o uso deste medicamento do pélvico serve como um suporte para os órgãos pélvicos
que com a Tolterodina. É utilizada na dose de 5 a 10 mg, que repousam sobre ele.
até 3x/dia. Apresenta importante efeito de xerostomia Fáscia endopélvica: composta por dois folhetos. O
(boca seca). primeiro liga os órgãos pélvicos (especialmente vagina e
Tolterodina: É uma droga com propriedades útero) às paredes pélvicas. O segundo, considerado
anticolinérgicas a antiespasmódicas (ação mista). Ela é visceral, recobre o útero, vagina, bexiga e reto, originando
um antagonista não seletivo dos receptores muscarínicos, as fáscias vesicovaginal e retovaginal, auxiliando na
pois atua igualmente em todos os receptores sustentação dos órgãos e prevenção do prolapso. São
muscarínicos (M1 a M5). Este fato justifica a menor pontos de reparo fundamentais na terapêutica do prolapso.
incidência de efeitos colaterais com o uso deste Diafragma pélvico: representado pelo músculo elevador
medicamento. Esta é a principal diferença entre a do ânus (ou levantador do ânus – mais importante –
Tolterodina e a Oxibutinina. A Tolterodina é utilizada na composto de porções iliococcígea, pubococcígea e
dose de 1 a 2 mg 2x/dia. Embora tenha maior custo, a puborretal), músculo isquiococcígeo (ou coccígeo) e suas
Tolterodina é a droga que possui maior afinidade pelos respectivas fáscias. Cerca de 90% de sua massa muscular
receptores muscarínicos vesicais; o resultado é uma é composta pelo músculo elevador do ânus e 10% pelo
menor incidência de efeitos colaterais. isquiococcígeo.
Darifenacina: principal vantagem é a menor passagem
pela barreira hematoencefálica com menos efeito Sistema de sustentação do útero e da vagina:
colateral central, como a piora da função cognitiva em O nível I é o complexo de ligamentos
idosos. uterossacro/transverso do colo, que mantém o
Eletroestimulação comprimento e o eixo da vagina.
Acredita-se que o estímulo elétrico aumente a pressão O nível II é constituído de fixações paravaginais da parede
uretral ao agir diretamente nos nervos eferentes da lateral da vagina e da fáscia parietal da pelve no arco
musculatura periuretral. Aumentaria também o fluxo tendíneo, mantendo a posição mediana da vagina.
sanguíneo para os músculos da uretra e do assoalho O nível III corresponde à parte distal da vagina e é
pélvico e restabeleceria as conexões neuromusculares; composto pelos músculos e pelo tecido conjuntivo ao
além disso, melhoraria a função da fibra muscular, redor da parte distal da vagina e do períneo.
hipertrofiando-a e modificando o seu padrão de
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Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME
Na vigência de aumento da pressão abdominal, ocorre estariam do outro lado da parede vaginal e que não
concomitantemente contração do músculo elevador do poderiam estar necessariamente prolapsados. Recomenda-
ânus, levando ao estreitamento do hiato genital (HG), se que esses termos só sejam empregados caso testes
que colabora na prevenção do prolapso genital. Quando específicos comprovem o envolvimento dos órgãos
ocorre lesão do músculo elevador do ânus, este perde sua específicos (bexiga, intestino delgado, reto). Portanto, eles
capacidade de sustentação dos órgãos pélvicos, que passa devem ser substituídos por prolapso de parede anterior e
a ser exercida pelo tecido ligamentar, o qual, por sua vez, prolapso de parede posterior. Se as alças de intestino
após contínua tensão, passa a se distender, podendo levar delgado forem observadas no espaço retovaginal, faz-se a
ao prolapso genital. descrição do peristaltismo ou da palpação de alças
Compartimento apical intestinais.
A sustentação apical normal inclui a integridade dos
ligamentos transverso do colo e uterossacro, o tecido O prolapso é quantificado em números. Ele é negativo
conjuntivo fibromuscular paravaginal superior e, quando quando cranial ao hímen, e positivo quando caudal. Há
o útero está presente, a fáscia paracervical. O tecido seis pontos principais de referência nas paredes vaginais –
fibromuscular da parte superior da vagina funde-se à Aa, Ba, C, D, Ap e Bp.
fáscia paracervical. Ambos estão fixados nas regiões
lateral e posterolateral, nos ligamentos transversos do
colo e uterossacros.
Os defeitos da sustentação apical são:
1. A perda da sustentação dos ligamentos transverso do
colo e uterossacro, com consequente descenso do
colo/útero ou da cúpula da vagina
2. A separação da parede fibromuscular da vagina da
parede anterior do reto com consequente enterocele ou,
às vezes, sigmoidocele para o espaço retovaginal
3. Rupturas ou enfraquecimento do tecido fibromuscular
superior, em geral após histerectomia, causam descenso
apical central que costuma se apresentar como uma
dilatação globosa. Muitas vezes, esses defeitos são
concomitantes.
@resumeairafa
Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME
Tratamento: O prolapso assintomático não necessita de
tratamento. Quando sintomático, pode ser tratado
conservadoramente ou por cirurgia.
Estádios III e IV: histerectomia vaginal associada à
correção de lesões satélites que eventualmente estejam
presentes.
Estádios I e II: cirurgia de Manchester (ou Donald-
Fothergill). Nesta, é realizada a amputação parcial do colo
uterino e uma cervicofixação anterior dos ligamentos de
Mackenrodt (fixação dos ligamentos cardinais na face
anterior do coto de colo).
Deve ser indicada em:
- Pacientes com comorbidades que elevem o risco
cirúrgico.
- Pacientes que desejem fertilidade futura.
- Pacientes com alongamento hipertrófico do colo, sem
prolapso uterino avançado associado, que almejem a
manutenção da função reprodutiva.
@resumeairafa
Rafaela Amaral Dor pélvica aguda 4°P - FPME
Compreender a dor pélvica aguda, com foco em torção Torção anexial
de ovário e cisto ovariano roto A torção anexial ocorre quando o ovário e a tuba
O abdome agudo é uma síndrome clínica, cuja uterina se torcem no eixo criado entre o ligamento
principal característica é a dor abdominal aguda, que infundíbulo pélvico e o ligamento útero-ovariano.
requer abordagem imediata, clínica ou cirúrgica. A dor Geralmente envolve ambas as estruturas, mas pode
aguda é intensa e caracterizada por início súbito, envolver apenas o ovário e, mais raramente, apenas a
aumento abrupto e curta duração. tuba uterina.
Divisões das etiologias Maior frequência:
1- Hemorrágico: • Mulheres com ovários moderadamente ampliados,
- G. Ectópica Rota muitas vezes em associação com um cisto ovariano
- Cisto Hemorrágico Roto Menor frequência:
- Endometrioma roto • Em ovários muito aumentados de tamanho, porque
2- Inflamatório: esses tendem a não torcer devido ao peso.
- Abcesso tubo-ovariano
3- Isquêmico: Os seguintes quadros clínicos aumentam a
- Torção de Ovário e/ou Tuba probabilidade de ocorrência da torção anexial:
- Degeneração de mioma • Gravidez
• Uso de hormônios para estimular a ovulação (para
problemas de infertilidade)
• Aumento do ovário, geralmente decorrente de tumores
ou cistos não cancerosos (benignos)
Quadro clínico
• Massa dolorosa em topografia de anexo em paciente
com náuseas e vômitos.
• Dor no flanco
Semiologia da dor: A dor pode ser classificada em
• Febre
somática, visceral ou referida, de acordo com o tipo de
• Dor constante ou intermitente, pode ocorrer durante
fibras nervosas aferentes envolvidas. Além disso, a dor
vários dias a meses antes da admissão, podendo haver
pode ser inflamatória ou neuropática, dependendo da
um histórico de episódios de dor transitórios
fase fisiológica que a produz.
semelhantes, indicando torsão parcial anterior.
• Somática/parietal – origina-se de nervos aferentes do
• Peritonite (se torção prolongada – quando passa do
SNS que inerva o peritônio parietal, pele, músculos
ponto de necrose e o anexos se infectam)
e tecidos subcutâneos. É caracteristicamente aguda,
A intensidade da dor varia, nem sempre é grave e se deve
localizada, fixa e constante. É comum em casos de
à oclusão do pedículo vascular, com hipoxia
abdome agudo inflamatório.
subsequente.
• Visceral - tem origem em fibras aferentes do SNA
que transmitem informações das vísceras e do
peritônio visceral. Essas fibras são esparsas, por isso
o estímulo sensorial é difuso, resultando normalmente
em dor generalizada, obtusa e mal localizada. Ela
piora com a distensão e contração das alças intestinais.
Os estímulos nocivos normalmente são estiramento,
distensão, isquemia, necrose ou espasmos dos órgãos
abdominais.
Avaliação da dor pélvica aguda / necessário fazer Diagnóstico
• Diagnóstico precoce é O diagnóstico de torção anexial é basicamente clínico,
• Data e as características dos dois últimos períodos mas pode ser auxiliado por achados laboratoriais e de
menstruais imagem, já que os sinais e sintomas são comuns a vários
• Sangramento anormal ou corrimento. outros diagnósticos.
• Histórias menstrual, sexual e contraceptiva A ultrassonografia pélvica, associada ou não ao
• Doenças sexualmente transmissíveis (DST) e Doppler, é o estudo de imagem mais utilizado para
distúrbios ginecológicos prévios auxiliar no diagnóstico de torção anexial. Os achados
Avaliar na anamnese comuns incluem uma massa ovariana, aumento
• Circunstâncias e início da dor unilateral do ovário, fluido livre em fundo de saco
• Sinais de infecção posterior e estruturas císticas periféricas uniformes.
• Sintomas relacionados com a gravidez
À medida que o anexo é torcido, o fluxo venoso e
linfático é comprometido, causando aumento de
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Rafaela Amaral Dor pélvica aguda 4°P - FPME
volume e edema e, posteriormente, fluxo arterial corpo lúteo hemorrágico na fase lútea do ciclo menstrual,
ausente. À medida que o suprimento sanguíneo arterial a dor aguda é provocada pela rápida expansão da
é comprometido, o ovário pode ser visto à cápsula ovariana ou, no caso de ruptura, pelo sangue na
ultrassonografia com um halo anecoico. Geralmente, cavidade peritoneal.
uma ultrassonografia com Doppler a cores consegue Os cistos funcionais, hemorrágicos ou não, geralmente
determinar se houve interrupção do fluxo de sangue desaparecem no ciclo subsequente, ou modificam-se de
para os ovários. maneira significativa, com mudanças no conteúdo e nas
A cirurgia para visualizar os ovários é a única suas dimensões.
maneira de confirmar o diagnóstico. Quadro clínico:
Tratamento Cisto do corpo lúteo – ruptura – hemoperitônio.
Levar em consideração: A paciente está na fase lútea ou tem atraso da
• Idade menstruação em razão da atividade persistente do corpo
• Desejo de fertilidade futura lúteo. Em geral, a dor tem início súbito e está associada à
• Menopausa dor pélvica crescente e, depois, à dor abdominal
generalizada e à tontura ou síncope.
• Evidência de doença ovariana
A hipotensão ortostática decorrente da hipovolemia
somente ocorre quando há depleção de volume
O tratamento definitivo inclui a salpingectomia e/ou
intravascular, como no hemoperitônio.
ooforectomia e o método mais comumente utilizado
O sinal mais importante é a dor intensa à palpação do
é a laparoscopia. O tratamento conservador inclui
abdome, frequentemente associada à dor à
apenas desfazer a torção do anexo e confirmar o
descompressão súbita no quadrante inferior localizada
tecido anexial viável, desfazer a torção e aspirar
ou generalizada, provocada por irritação peritoneal. Pode
qualquer cisto associado, ou desfazer a torção e
haver distensão abdominal moderada com diminuição
remover qualquer cisto associado.
dos ruídos hidroaéreos. Ao exame pélvico, muitas vezes
Mesmo que o ovário se apresente escuro na sua
há massa palpável em caso de ruptura incompleta do
inserção, a maioria dos ovários (90%) apresenta
cisto com extravasamento.
desenvolvimento folicular normal ao ultrassom, fluxo
ao Doppler normal e aspecto normal após seis
semanas. Entretanto, se houver o cisto e ele não for
removido, há risco de nova torção e intervenção
cirúrgica adicional.
@resumeairafa
Rafaela Amaral Dor pélvica aguda 4°P - FPME
Tratamento
A presença de hipotensão ortostática, anemia
considerável, hematócrito do líquido coletado por
culdocentese acima de 16% ou grande quantidade de
líquido peritoneal livre à US sugere hemoperitônio
importante e, em geral, requer tratamento cirúrgico
por laparoscopia ou laparotomia.
Pacientes que não apresentam hipotensão ortostática
nem febre, que não estão grávidas nem anêmicas e que
têm apenas pequena quantidade de sangue no fundo de
saco podem ser observadas no hospital, sem intervenção
cirúrgica, ou mesmo receber alta da emergência após
observação.
Abscesso tubo-ovariano
Os abscessos tubo-ovarianos, uma complicação da
salpingo-ooforite aguda, geralmente são unilaterais e
multiloculares.
Quadro clínico: febre, taquicardia e hipotensão arterial
no paciente séptico. Na maioria dos casos, os abscessos
tubo-ovarianos podem ser palpados ao exame
bimanual como massas fixas, de consistência firme,
extremamente dolorosas e bilaterais; são observados ao
exame retovaginal.
Diagnóstico: US. Pode-se usar TC com e sem contraste
para confirmar o diagnóstico.
Tratamento: O tratamento dos abscessos tubo-
ovarianos sempre deve ser feito com internação
hospitalar, e pode-se tentar o tratamento clínico
conservador com antibióticos de amplo espectro. Caso
haja persistência da febre ou a paciente não apresente
melhora clínica, deve-se proceder à drenagem dos
abscessos guiada por TC ou US.
A ruptura de um abscesso tubo-ovariano causa
rapidamente peritonite difusa, indicada por taquicardia
e dor à descompressão súbita nos quatro quadrantes do
abdome. No choque endotóxico, há hipotensão e
oligúria, e o desfecho pode ser fatal. A laparotomia
exploradora com ressecção do tecido infectado é
obrigatória.
Gravidez ectópica
Implantação do feto em local fora da cavidade uterina.
Quadro clínico: A implantação do feto na tuba uterina
somente causa dor quando há dilatação aguda da
tuba. Se houver ruptura tubária, a dor abdominal Referências:
localizada tende a ser temporariamente aliviada e • Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia
FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC,
substituída tanto por dor pélvica e abdominal Baracat EC, Lima GR
generalizada como por tontura devido à ocorrência de • BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de
hemoperitônio. Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.
Tríade de sintomas: (Orgs.).
• Período de amenorreia • https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-
sa%C3%BAde-feminina/anomalias-ginecol%C3%B3gicas-de-
• Sangramento irregular natureza-variada/tor%C3%A7%C3%A3o-
• Início agudo de dor anexial#:~:text=A%20tor%C3%A7%C3%A3o%20anexial%20%
C3%A9%20o,transvaginal)%20para%20confirmar%20o%20diagn
Uma massa no fundo de saco pode causar tenesmo. %C3%B3stico.
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Dr. Orlando Pineli
O útero, terço superior da vagina, colo de útero e as tubas Normal:
têm origem embriológica nos ductos de Muller – eles se Útero é anterofletido
fundem e reabsorvem a porção central. Colo é anterovertido
Anormal
A camada basal, inferior ao endométrio, permanece após Útero é retrofletido
a menstruação e tem, em média, 4mm de espessura. A Colo é retrovertido
vagina mede, em média, 7 cm (Prof de HM disse 12cm).
Importante saber que a parede posterior da vagina é maior
do que a anterior.
No útero tem receptores de hormônios (estrogênio e
progesterona).
Importância do ligamento uterossacro: um dos principais
responsáveis pela sustentação, todavia é o principal local
de acometimento da endometriose.
No ligamento suspensor do ovário (conecta o ovário a
parede pélvica) vai passar os dois vasos importantes Normal: anteroversoflexão
que nutrem o ovário - a veia e a artéria ovariana. Saber Anormal: retroversoflexão
localização do ligamento próprio do ovário. Gravidez
ectópica: pensar na ampola da tuba uterina
O volume do ovário varia de 3cm³ a 9cm³.
Maior que isso aumenta a possibilidade de uma torção do
ovário sobre si mesmo.
Volume do útero:
Mulheres no período reprodutivo que nunca
engravidaram: até 90cm³
Mulheres depois de 1 ou 2 filhos: 140cm³
Mulheres depois de 3 filhos: 160cm³
4 ou mais filhos: 180cm³
Mulheres na menopausa: até 70cm³
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LMF 1 Sistema reprodutor feminino Rafaela Amaral – 4°P
Dr. Orlando Pineli
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LMF 1 Sistema reprodutor feminino Rafaela Amaral – 4°P
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LMF 2 + palestra Miomas e Pólipo Rafaela Amaral – 4°P
Dr. Orlando Pineli
Miomas: 30% apresentam S.U.A Classificação de FIGO –relacionar com sintomas urinários
e gastrointestinais.
Qualquer paciente que menstrua por mais dias, utiliza
mais absorventes = S.U.A - Saber ciclo, volume de dias
Id; queixa e duração da menstruação; fator de melhora ou
piora;
Menarca, coitarca, gestações, número de parceiros, DUM,
método contraceptivo, antecedentes pessoais (doenças de
base), antecedentes cirúrgicos, antecedente familiar de
doença ginecológica, alergias, número de dias
menstruando, irregularidade e volume.
SUA: estruturais e não-estruturais
Adenomiose, pólipo endometrial, mioma, malignidade,
câncer de colo de útero.
Preventivo normal NÃO isenta de um exame físico. Tratamento:
Anti-inflamatórios não-hormonais: reduzem em 30%
98% dos casos de câncer é o HPV. Toda paciente que tem episódios de sangramento e auxiliam no controle do
lesão de colo de útero faz leitura híbrida. sangramento (não é o melhor tratamento devido à baixa
resolutividade);
Mioma – tumor benigno formado a partir de fibras Hormonais: inibe o endométrio e os receptores do mioma.
musculares - principal indicação de histerectomia e muito AC ou não.
frequente. Prevalente na idade de 35 a 50 anos
(importante). 2/3 dos casos a paciente apresenta múltiplos Pólipo endometrial: pós menopausa/a partir dos 30
miomas. anos. O estrogênio estimula o crescimento desses.
Localizado no endométrio.
Epidemiologia: No ciclo menstrual, a camada basal permanece, logo, o
pólipo vem da camada basal.
Obesidade aumenta o risco, 2,2x mais chances em pcts Hiperplasia, proliferação anormal dessa camada, podendo
com mãe ou irmã com mioma, 2 a 9 vezes maior em estar associada ao um estímulo hormonal, normalmente
mulheres da etnia negra. benigno.
Mais de 80% dos casos de pólipo não dão sintomas.
Redução do risco: paridade, uso de ac oral combinados e
Manifestação clínica: causa em torno de 10% de SUA;
tabagismo.
pode estar presente no câncer de endométrio; lesão 9x mais
Etiopatogenia e Fisiopatologia frequente em pessoas com câncer de endométrio.
Fatores de risco:
Mutações somáticas no miométrio levam à perda de Idade avançada, nuliparidade, menarca precoce,
controle do crescimento celular, culminando com um menopausa tardia, obesidade (aumenta estrogênio),
novo fenótipo. Os miomas possuem receptores para diabetes, hipertensão, tamoxifeno (atenção para o útero,
estrogênio OU progesterona, é um ou outro. É importante trata o câncer de mama, mas afeta o endométrio).
saber para, por ex, quando uma pct grávida tiver mioma, Exame para rastreio de pólipo: US.
e esse mioma tiver avidez para progesterona, ele vai Solicitar em qual fase do ciclo, porque o espessamento do
endométrio pode “mascarar” o diagnóstico.
crescer, prejudicando a gestação, mas se tiver avidez para
Histeroscopia é a melhor maneira de diagnosticar e tratar.
estrogênio, ele vai regredir, não impactando na gestação.
Para saber a avidez, é acompanhar com exames de Embriologia básica: malformações
imagem se há crescimento do mioma durante o período Ductos de Muller: terço superior da vagina, colo de útero,
gestacional. fundo de útero e tubas.
As malformações englobam reabsorção ou fusão.
Quadro clínico: 50% assintomáticos, SUA, dismenorreia, Tipos de útero: bicorno(tipo coração), unicorno (formato
dor pélvica acíclica, dispareunia, sintomas urinários, de banana), duplo (a vagina pode ser septada) e septado (o
sintomas gastrointestinais, infertilidade. fundo do útero não é separado)
O mioma que mais dá SUA é o submucoso. Útero arqueado: não é mais considerado uma mal
formação – a cavidade endometrial não tem o fundo reto.
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LMF 2 + palestra Miomas e Pólipo Rafaela Amaral – 4°P
Dr. Orlando Pineli
Útero septado: pior prognóstico gestacional, tanto a
abortamento quanto a trabalho de parto prematuro.
A chance de chegar ao final da gestação é de cerca de
23%.
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LMF 3 + palestra Rastreio e diagnóstico de câncer de colo de útero e mama Rafaela Amaral – 4°P
HPV-16,18 – 97% dos cânceres de colo de útero Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (L-SIL)
2016 – 16 mil novos casos
Na mulher é a 3° causa de câncer; 1° mama e 2° colorretal Indica uma lesão pré-maligna com baixo risco de ser
2012 – 265 mil mortes câncer e que pode ser causada por qualquer tipo de HPV.
Se a amostra for negativa para HPV, o risco de
Fatores associados: genética, relação sexual (perguntar transformação para câncer é praticamente nulo.
na anamnese quantos parceiros teve), histórico de
verrugas genitais, tabagismo, imunossupressão, SE L-SIL e <25 anos = repetir CO com 3 anos
transplantadas, uso de corticoides.
Quadro clínico: sangramento uterino anormal, L-SIL e >25 anos = repetir CO com 6 meses (na prática é
corrimento de repetição, dor, ciclos irregulares. logo mandado para a colposcopia)
O colo do útero deve estar íntegro e brilhoso. O câncer
começa de maneira gradual e é progressivo. Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (H-SIL)
Recomendações de prevenção
Ações educativas, vacinação, rastreamento, diagnóstico O H-SIL indica grande risco de lesões pré-malignas
e tratamento de lesões subclínicas. moderadas/avançadas ou mesmo câncer já estabelecido.
Portanto, toda a paciente com resultado H-SIL no
Rastreio: papanicolau precisa ser investigada com colposcopia e
C.A de colo de útero: o governo predispõe que é a partir biópsia.
dos 25 anos, até os 64 anos. Realizar 2 exames seguidos
(com intervalo de 1 ano) e, se vierem negativos, 3 anos
sem necessidade de fazer.
No Brasil há o rastreamento oportunístico, nos outros Rastreio do câncer de mama
países há convocação do grupo alvo.
Colpocitologia oncótica ou Papanicolau: maneira de
rastrear.
Pacientes com imunossupressão: anual, mas HIV é de 6
em 6 meses.
O Papanicolau tem o objetivo de detectar alterações
celulares que sugerem lesão de câncer de colo de útero.
Endometriose
Tecido que se assemelha ao endométrio fora de sua
cavidade habitual (cavidade uterina)
Ela pode ser:superficial, profunda - endometrioma
De 5 a 10% em mulheres de período reprodutivo
Quadro clínico:
Dismenorreia, acometimento de bexiga e intestino,
infertilidade
Intestino: 2° local mais frequente de acometimento
Diagnóstico
Prova: ressonância pélvica ou USS transvaginal com
preparo intestinal
Vida: pedir transvaginal antes da uss por ser mais rápido
Assimetria de paredes do útero: sinal sugestivo de
adenomiose
Tratamento clínico da DPC: hormonal e contínuo – não
pode haver pausas.
Pílulas combinadas ou de progestagênio.
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LMF 4 + palestra Climatério / Cistos ovarianos/ Prolapsos Rafaela Amaral – 4°P
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LMF 4 + palestra Climatério / Cistos ovarianos/ Prolapsos Rafaela Amaral – 4°P
Cistometria
300-500 mL - Adequado
Menor que 300mL – capacidade reduzida
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