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Rafaela Amaral Consulta ginecológica 4° período - FPME

Elucidar sobre os aspectos práticos e éticos da


acordo com a faixa etária. Se a menina já teve relação
sexual, o médico vai avaliar se é recente, se já tem vida
primeira consulta ginecológica
sexual regular e o número de parceiros que teve para
verificar a necessidade de exames preventivos
A consulta ginecológica prestada a uma adolescente não ginecológicos.
pode ser igual à de uma mulher adulta. As sutilezas do
momento devem ser percebidas com atenção e Os sinais puberais normais – surgimento de botão
acolhimento pelo médico. mamário, pilificação pubiana – começam a ser percebidos
por volta dos 9 anos de idade. “Se a criança vem sendo
A primeira consulta está recomendada já no início da acompanhada por um pediatra e estiver transcorrendo tudo
adolescência, para que a menina entenda o próprio corpo normalmente, ela pode protelar a consulta ao
e aprenda cuidados desde cedo. Esta consulta começa ginecologista até que venha a primeira menstruação
com uma conversa de cuidados básicos e orientação (menarca)”, afirma Marta Rehme.
Descrever o ciclo menstrual
sobre higiene íntima.
O primeiro contato deve acontecer em torno dos 12 anos.
Isso porque a partir dessa idade a menina é considerada
adolescente pelo Estatuto da Criança e do Adolescente 1. Puberdade (curiosidade a nível da 1° consulta
(ECA). Os temas ali tratados serão pautados na saúde da ginecológica)
paciente. “O ginecologista vai conhecer a idade, a A puberdade é marcada pela ação do hormônio
escolaridade, a altura, o peso, seu desenvolvimento estimulador das gonadotrofinas (GnRH) na hipófise,
puberal, se ela já está menstruando ou não e, se sim, levando à síntese das gonadotrofinas (hormônio
como ela vê a menstruação; se ela sabe o que é aquele luteinizante - LH - e hormônio foliculoestimulante -
sangue, se tem ideia do que está acontecendo, fazendo FSH), que irão agir diretamente nas gônadas. O eixo
sempre um reforço positivo, mostrando que o fato de ela hipotálamo-hipófise-gonádico (HHG) está sob controle de
estar menstruando significa que é saudável, que tem uma complexa rede de fatores estimulatórios e inibitórios
ovários e útero normais, e que tudo isso, futuramente, que o mantém ativo no período intraútero e perinatal,
será muito bom pra ela”, afirma a coordenadora do curso como também a partir da puberdade, e praticamente
de Medicina da UFPR, Marta Rehme. inativo durante a infância. Dentre os neurotransmissores
inibitórios, podemos citar o ácido gama-aminobutírico
A médica ou o médico irá ensinar como limpar e lavar a (GABA), o neuropeptídio Y e a melatonina.
região genital de maneira correta e quais produtos são
adequados (como sabonetes líquidos) de acordo com a Além dos fatores hormonais envolvidos no início do
faixa etária. A importância de usar lingeries de tecidos processo puberal, fatores metabólicos, nutricionais e
como o algodão e evitar peças apertadas são dicas úteis genéticos também estão implicados. A leptina, hormônio
que virão desta consulta. secretado pelas células adiposas, parece ter um papel
Nesse primeiro encontro, a menina recebe orientações permissivo na secreção de GnRH, sinalizando ao Sistema
sobre menstruação, prevenção de doenças sexualmente Nervoso Central que o organismo já encontra-se apto para
transmissíveis, iniciação sexual e métodos a reprodução. Aproximadamente 1 ano antes do
contraceptivos. No entanto, muitas mulheres, por surgimento dos primeiros caracteres sexuais, ocorre a
circunstâncias variadas, negligenciam a ida precoce ao desinibição do eixo HHG (minhas palavras: passar no
especialista. A primeira consulta acaba ocorrendo, em gineco ao surgirem esses primeiros caracteres dá tempo a
média, aos 20 anos de idade, em geral por causa de algum nova paciente entender as mudanças que ainda estão por
problema já instalado, por suspeita de gravidez ou por ela vir com a menstruação), com redução dos fatores
já estar grávida. inibitórios e predomínio dos fatores estimulatórios, como
o glutamato, a norepinefrina, a serotonina e a dopamina. O
Normalmente, em menores de idade, o primeiro passo é evento que marca o início da puberdade é o aumento da
uma entrevista com a mãe que está acompanhando a amplitude dos pulsos do GnRH secretados pelos neurônios
menina naquela consulta, uma espécie de entrevista para hipotalâmicos. O aumento de suas concentrações na
saber a história familiar. Muitas vezes, a mãe também circulação porta-hipofisária vai atuar diretamente na
está cheia de dúvidas. Depois, vem a conversa com a hipófise anterior, por meio da ligação com receptores nos
paciente, para deixá-la mais à vontade. gonadotrofos, acarretando a secreção de gonadotrofinas e
consequente elevação de suas concentrações na circulação
O primeiro encontro pode servir apenas para o início do periférica, levando as gônadas a produzir os esteroides
vínculo entre o médico e a paciente. Se a menina estiver sexuais. Inicialmente, há um aumento da pulsatilidade
com medo e muito envergonhada – o que é natural - a noturna das gonadotrofinas, com predomínio do LH sobre
primeira consulta será apenas conversa e o momento para o FSH.
tirar dúvidas.
Progressivamente, os picos de LH aumentam de
Se for possível um exame físico nesta primeira consulta,
amplitude, e somente quando as mamas das meninas
será avaliado se o desenvolvimento da menina está de
alcançam estágio IV de Tanner, os pulsos de LH passam a
ocorrer com maior frequência durante o dia.
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O LH, nas meninas, age diretamente na teca ovariana,
levando à produção de andrógenos, que serão
aromatizados em estrógenos, por ação do FSH, nas
células da granulosa.
No ovário embrionário, as células germinativas são
chamadas de ovogônias. A ovogônia completa a mitose
e o estágio de duplicação do DNA da meiose no quinto
mês de desenvolvimento fetal, dando origem aos
ovócitos primários (4n). No ovário, a meiose não é
retomada até a puberdade. Se um ovócito primário se
desenvolve, ele divide-se em duas células, um grande
ovo (ovócito secundário) e um pequeno primeiro
corpúsculo polar. Apesar da diferença de tamanho, Conforme os folículos em crescimento aumentam de
tanto o ovócito secundário como o corpúsculo polar tamanho, uma camada de células, conhecida como teca,
contêm 23 cromossomos duplicados (2n). O primeiro desenvolve-se na parte externa da lâmina basal. Alguns
corpúsculo polar degenera. Se o ovócito secundário é folículos primários nunca completam a transição para
selecionado para a ovulação, a segunda divisão meiótica folículos secundários e são perdidos por atresia. Conforme
ocorre imediatamente antes de o ovócito ser liberado do os folículos secundários crescem, as células da granulosa
ovário. As cromátides-irmãs separam-se, mas a meiose é começam a secretar o líquido que se acumula na cavidade
interrompida mais uma vez. central do folículo, denominada antro. O líquido antral
A etapa final da meiose, na qual cada cromátide-irmã vai contém hormônios e enzimas necessários para a ovulação.
para células separadas, não ocorre se o ovócito não for Neste ponto, o folículo torna-se um folículo terciário. A
fertilizado. Se o ovócito não for fertilizado, a meiose partir do pool de folículos terciários iniciais, somente
nunca será completada, e o ovócito degenera. Se houver alguns folículos sobrevivem até alcançar os estágios finais
a fertilização por um espermatozoide, o passo final da de crescimento, e geralmente um único folículo, chamado
meiose ocorre. Metade das cromátides-irmãs permanece de folículo dominante, desenvolve-se-á até o momento em
no ovo fertilizado (zigoto), ao passo que a outra metade que libera seu ovócito. O tempo necessário para o
é liberada no segundo corpúsculo polar (1n). O crescimento de um folículo secundário até o folículo
segundo corpúsculo polar, assim como o primeiro, terciário dominante é estimado em cerca de três meses ou
degenera. Como resultado da meiose, cada ovócito mais. Nas mulheres, a menarca é um momento marcante
primário dá origem a somente um ovo. Cada ovócito da puberdade. As mulheres produzem gametas em ciclos
primário é circundado por uma única camada de mensais (em média de 28 dias, com variação normal de 24-
precursores das células da granulosa e envolvido por uma 35 dias). Esses ciclos são comumente denominados ciclos
lâmina basal, formando um folículo primordial. A maior menstruais, uma vez que apresentam um período de 3 a 7
parte dos folículos primordiais nunca se desenvolverá, dias de sangramento uterino, conhecido como
degradando-se ao longo dos anos por um processo menstruação. O ciclo menstrual pode ser descrito de
semelhante à apoptose, chamado de atresia (morte acordo com as mudanças que ocorrem nos folículos
celular regulada hormonalmente). ovarianos, o ciclo ovariano, ou pelas mudanças que
ocorrem no revestimento endometrial do útero, o ciclo
uterino.

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O ciclo ovariano é dividido em 3 fases: Nesta fase o endométrio atinge a máxima espessura (até
Fase folicular: é um período de crescimento folicular no 8mm) e vascularização. As glândulas produzem um muco
ovário. Essa fase é a que tem duração mais variável, de rico em glicogênio.
10 a 21 dias. A retroalimentação hormonal promove o
desenvolvimento ordenado de um único folículo
dominante, que deve estar maduro na metade do ciclo e
preparado para a ovulação.
Ovulação: Quando um ou mais folículos amadurecem, o
ovário libera o(s) ovócito(s) durante a ovulação.
Fase lútea: A fase do ciclo ovariano que segue a
ovulação é conhecida como pós-ovulatória ou fase
lútea. O segundo nome tem origem na transformação do
folículo rompido em um corpo lúteo, assim denominado
devido ao pigmento amarelo e aos depósitos de lipídeos.
O corpo lúteo secreta hormônios que continuam a
preparação para a gestação. Se a gestação não ocorre,
o corpo lúteo para de funcionar após cerca de duas
semanas, e o ciclo ovariano é reiniciado.

Um ciclo menstrual normal dura de 21 a 35 dias, com


média de 2 a 6 dias de fluxo e de 20 a 60 ml de perda
sanguínea. Entretanto, estudos em um grande número de
mulheres com ciclos menstruais normais apontaram
apenas cerca de dois terços de pacientes adultas com ciclos
durando de 21 a 35 dias.
Ciclo uterino – regulado por hormônios ovarianos: Variações hormonais do ciclo menstrual
Menstruação: O começo da fase folicular no ovário
1. Ao começo de cada ciclo menstrual mensal, os níveis de
corresponde ao sangramento menstrual do útero. Há uma
esteroides gonadais são baixos e vêm diminuindo desde o
desagregação parcial do endométrio por contracção e
rompimento dos vasos sanguíneos, ficando reduzido a 1 final da fase lútea do ciclo anterior
mm de espessura. Ocorre pela degeneração do corpo 2. Com a involução do corpo lúteo, os níveis de FSH
amarelo, que deixa de produzir progesterona e começam a se elevar, e uma coorte folicular em
estrogênios. crescimento é recrutada. Cada um desses folículos secreta
níveis crescentes de estrogênio enquanto se desenvolve na
Fase proliferativa: A parte final da fase folicular do
fase folicular. O aumento de estrogênio, por sua vez, é o
ovário corresponde à fase proliferativa no útero, durante
a qual o endométrio produz uma nova camada de estímulo para a proliferação endometrial
células em antecipação à gestação. Coincide com a fase 3. A elevação dos níveis de estrogênio provém de uma
folicular do ovário e no final desta fase ocorre a retroalimentação negativa sobre a secreção de FSH
ovulação. O crescimento do endométrio é estimulado hipofisário, que começa a declinar próximo à metade da
pelo estrogênio. fase folicular. Além disso, os folículos em crescimento
produzem inibina-B, que suprime a secreção de FSH pela
Fase secretora: Após a ovulação, os hormônios
hipófise. De maneira oposta, o LH inicialmente diminui
liberados pelo corpo lúteo convertem o endométrio
em resposta a níveis de estradiol elevados, mas, em um
espessado em uma estrutura secretora. Assim, a fase
momento mais tardio na fase folicular, o nível de LH é
lútea do ciclo ovariano corresponde à fase secretora do
ciclo uterino. Se não ocorrer gravidez, as camadas dramaticamente aumentado (resposta bifásica).
superficiais do endométrio secretor são perdidas durante
a menstruação, quando o ciclo uterino inicia novamente.
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4. Ao final da fase folicular (pouco antes da ovulação), Compreender o que são, quais são, como funcionam
receptores de LH/FSH-induzidos estão presentes na e as indicações dos métodos contraceptivos, com
superfície de células da granulosa e, com a estimulação ênfase na farmacologia dos orais
do LH, modulam a secreção de progesterona. Anticoncepção corresponde ao uso de métodos e técnicas
com a finalidade de impedir que o relacionamento sexual
5. Após um grau suficiente de estimulação estrogênica, o resulte em gravidez.
aumento repentino de LH hipofisário é disparado, o que Os métodos anticoncepcionais podem ser classificados de
desencadeará a ovulação, que ocorre de 24 a 36 h mais várias maneiras. Reconhecem-se dois grupos principais:
tarde. A ovulação anuncia a transição para a fase lútea – I - Reversíveis.
secretora. II - Definitivos.
Os métodos reversíveis são:
6. O nível de estrogênio é reduzido durante a fase lútea 1 - Comportamentais.
inicial, pouco antes da ovulação até o meio da fase lútea, 2 - De barreira.
quando começa a se elevar outra vez como resultado da 3 - Dispositivos intrauterinos.
secreção do corpo lúteo. De modo semelhante, a inibina- 4 - Hormonais.
A é secretada pelo corpo lúteo. 5 - De emergência.
Os métodos definitivos são os cirúrgicos:
7. Os níveis de progesterona se elevam após a ovulação 1 - Esterilização cirúrgica feminina.
e podem ser usados como um sinal presumido de que a 2 - Esterilização cirúrgica masculina.
ovulação ocorreu. O manejo das situações que envolvem anticoncepção
obriga ao uso de alguns conceitos:
8. A progesterona, o estrogênio e a inibina-A agem 1 - EFICÁCIA de um método contraceptivo é a
centralmente para suprimir a secreção de gonadotrofina capacidade deste método de proteger contra a gravidez não
e um novo crescimento folicular. Esses hormônios desejada e não programada. O escore mais utilizado para
permanecem elevados durante o tempo de vida do corpo este fim é o índice de Pearl, que é assim calculado:
lúteo e, então, diminuem com a sua involução, Índice de Pearl = N° de falhas x 12 meses x 100
preparando o caminho, portanto, para o próximo ciclo. (mulheres)/ N° total de meses de exposição.
2 - SEGURANÇA. É o potencial de o método
contraceptivo causar riscos à saúde de quem o utiliza.
3 - ESCOLHA DO MÉTODO. Avaliar opção do
paciente juntamente com a semiótica do médico.
4 - CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE de um método
anticoncepcional. Estes são definidos pelo conjunto de
características apresentadas pelo(a) candidato(a) ao uso de
um determinado método e indicam se aquela pessoa pode
ou não utilizá-lo:
Categoria 1 – o método pode ser utilizado sem qualquer
restrição.
Categoria 2 – o uso do método em apreço pode apresentar
algum risco, habitualmente menor do que os benefícios
decorrentes de seu uso.
Categoria 3 – o uso do método pode estar associado a um
risco, habitualmente considerado superior aos benefícios
decorrentes de seu uso. O método não é o mais apropriado
para aquela pessoa, podendo, contudo, ser usado, no caso
de não haver outra opção disponível ou no caso de a pessoa
não aceitar qualquer alternativa, mas desde que seja bem
alertada deste fato e que se submeta a uma vigilância
médica muito rigorosa.
Categoria 4 – o uso do método em apreço determina um
risco à saúde, inaceitável. O método está contraindicado.
Barreira: Os métodos de barreira são assim
Os dois terços superficiais do endométrio correspondem denominados por bloquear a ascensão dos
à zona que prolifera e é, por fim, descartada a cada ciclo espermatozoides para a cavidade uterina, impedindo a
se não ocorrer gravidez. Essa porção do endométrio que fecundação. Podem ser classificados quanto ao seu
passa pelo ciclo é conhecida como decidua funcionalis mecanismo de ação principal em barreira mecânica,
ou decídua funcional, a qual é composta de uma zona química ou mista. Como exemplos de métodos de
intermediária situada profundamente (stratum barreira mecânica, citamos o preservativo masculino e o
spongiosum) e uma zona compacta superficial (stratum feminino; de barreira química, os espermaticidas e as
compactum). A decidua basalis ou decídua basal é a esponjas, e de barreira mista, o diafragma e o capuz
região mais profunda do endométrio. Ela não sofre cervical. Todos estes métodos de barreira, além do efeito
proliferação mensal significativa, mas, em vez disso, é a contraceptivo, podem ajudar a prevenir contra as infecções
fonte de regeneração endometrial após cada sexualmente transmissíveis (ISTs).
menstruação.
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PRESERVATIVO MASCULINO: PRESERVATIVO FEMININO
São conhecidos popularmente como camisinha. Consiste em um dispositivo que é inserido na vagina antes
Constitui um invólucro para o pênis, fino e elástico, do coito com a finalidade de impedir que o pênis e o sêmen
podendo ser feito de látex, membrana de cécum animal entrem em contato direto com a mucosa genital feminina.
ou de plástico. Os preservativos de látex e de membrana Ele tem um formato de tubo transparente apresentando um
intestinal são chamados de “naturais”, e os de plástico, anel em cada extremidade. O anel móvel fica no interior
de “sintéticos”. da extremidade fechada e auxilia para uma melhor
Manejo adaptação do preservativo ao fundo vaginal. O anel fixo,
O uso do preservativo é recomendado em todas as situado externamente, mantém a outra extremidade aberta
relações sexuais. Deve ser colocado com o pênis ereto e recobrindo a parte central da vulva, ajudando a protegê-la
seco, antes da penetração vaginal. Ao desenrolar o e impedindo que o preservativo entre na vagina durante o
preservativo pelo lado correto (face enrolada com a coito. As taxas de falha variam de 5% a 21%.
borda para cima), da glande até a base do pênis, deve-se DIAFRAGMA
ter o cuidado de comprimir o reservatório situado na sua O diafragma é um dispositivo vaginal de anticoncepção,
extremidade fechada, com a ponta dos dedos, de modo que consiste em um capuz macio de borracha, côncavo,
que não haja penetração de ar neste local, o que pode com borda flexível, que cobre parte da parede vaginal
facilitar a rotura por trauma durante o intercurso vaginal. anterior e o colo uterino. Servem como uma barreira
Antes de começar a relação sexual, é recomendável testar mecânica à ascensão do espermatozoide da vagina para o
se o preservativo não está “folgado” no pênis. útero.
Imediatamente após a ejaculação, o pênis deve ser Manuseio
retirado da vagina, ainda ereto, cuidadosamente, O diafragma tem um tamanho individual para cada
pressionando com os dedos a base, de maneira que ele paciente e deve ser medido pelo médico.
permaneça corretamente aderido ao pênis até que todo o A taxa de gravidez é de 6% a 21%.
órgão seja retirado da vagina. Desta forma, se reduz o Indicações
risco do extravasamento do sêmen para a genitália. Ao • Doença cardíaca valvular complicada (hipertensão
retirá-lo do pênis, deve-se apreender o reservatório de pulmonar, fibrilação atrial, história de endocardite
modo que não haja dispersão do fluido. Ao se desprezar bacteriana subaguda).
o preservativo, antes de jogá-lo no lixo, deve ser dado Contraindicações
um nó na sua base para aprisionar o seu conteúdo. Em • Alto risco ou portadoras de HIV/AIDS.
caso de ruptura, orientar anticoncepção de emergência. • Uso de alguns antirretrovirais como, ritonavir, inibidores
A taxa de falha varia de 3% a 14% no primeiro ano (3 a da transcriptase reversa, análogos e não análogos aos
14 gestações por 100 mulheres/ano). nucleosídeos.
• Infecções urinárias e candidíase de repetição
• Antes de seis meses pós-parto

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CAPUZ CERVICAL Dispositivos intrauterinos
São dispositivos menores que o diafragma, recobrem e O dispositivo intrauterino consiste em um objeto sólido de
aderem ao colo do útero e são usados junto com formato variável que é inserido através do colo uterino na
espermicidas que funcionam como métodos cavidade uterina, com o objetivo de evitar a gestação. Os
anticoncepcionais de barreira cervical. Podem ser DIUs podem ser classificados em três grupos principais:
utilizados por mais tempo que o diafragma. Requerem não medicados, medicados ou de cobre e hormonais.
uma única aplicação de espermaticida mesmo no caso de DIUs não medicados
mais de uma relação sexual. O dispositivo de polietileno impregnado com sulfato de
Eficácia bário, chamado de Alça de Lipps, é o exemplo mais
A taxa de gravidez é de 9% a 20% em nulíparas e de 26% comum.
a 40% em multíparas (índice de gestações em 100 DIUs de cobre
mulheres no primeiro ano). O DIU T380A é o dispositivo de cobre mais eficaz
Muitas contraindicações: alto risco ou portadoras de disponível, de modo geral este tipo demonstra eficácia
HIV/AIDS; doença cardíaca valvular complicada superior. Os DIUs de cobre são altamente eficazes em
(hipertensão pulmonar, fibrilação atrial, história de prevenir a gravidez. Os números no nome do dispositivo
endocardite bacteriana subaguda); uso de alguns referem-se à área de superfície em mm2 do cobre exposto
antirretrovirais, como Ritonavir, inibidores da na superfície endometrial.
transcriptase reversa, análogos e não análogos aos Outros DIUs
nucleosídeos. Desvantagens: infecções urinárias e O frameless DIU foi desenvolvido para evitar problemas
candidíase de repetição, não protege contra HIV, HPV, relacionados à moldura do dispositivo e ainda mantém as
herpes genital e trichomonas porque não recobre a parede propriedades do DIU de cobre. Seu uso tem sido crescente
vaginal e vulva; corrimento vaginal intenso de odor em alguns países da Europa, e as nulíparas têm sido alvo
fétido, caso o capuz seja deixado por muito tempo no da indicação principal. Este dispositivo consiste em fio de
local; pode provocar dor pélvica, cólicas ou retenção nylon inserido no miométrio fúndico com seis anéis de
urinária. cobre anexos.
ESPONJAS
São dispositivos pequenos, macios e circulares de Mecanismo de ação
poliuretano contendo espermaticida, colocado no fundo Os dispositivos intrauterinos têm múltiplos mecanismos
da vagina recobrindo o colo uterino funcionando como de ação, o principal é a prevenção da fertilização. O DIU
um método anticoncepcional de barreira cervical, não medicado depende de uma reação de corpo estranho
impedindo a ascensão do espermatozoide da vagina para para sua ação contraceptiva, trata-se de reação
a cavidade uterina. Antes da introdução vaginal, ela deve inflamatória estéril que produz lesão tecidual mínima,
ser umedecia com água filtrada, espremida para distribuir porém suficiente para ser espermicida. O DIU de cobre
o espermaticida. Permanece eficaz por 24 horas após a consiste em um fio de prata corado com cobre. A presença
inserção independente do número de coitos. Após a de um corpo estranho e de cobre na cavidade endometrial
última ejaculação, ela deve permanecer por no mínimo causa mudanças bioquímicas e morfológicas no
seis horas, não ultrapassando 24 a 30 horas. endométrio, além de produzir modificações no muco
Eficácia cervical. O DIU de cobre é associado à resposta
A taxa de gravidez é de 9% a 20% nas nulíparas e de 20% inflamatória aumentada com acréscimo de citocinas
a 40% nas multíparas. citotóxicas. O cobre é responsável pelo aumento da
Muitas contraindicações e desvantagens. produção de prostaglandinas e pela inibição de enzimas
endometriais. Estas mudanças afetam adversamente o
ESPERMICIDAS transporte de esperma, de modo a prevenir a fertilização.
São substâncias químicas que recobrem a vagina e o colo Os íons de cobre também têm um efeito direto na
do útero, bloqueando a passagem dos espermatozoides motilidade espermática, reduzindo a capacidade de
pelo canal cervical, impedindo sua ascensão em direção penetração no muco cervical. A ovulação não é afetada em
ao ovócito para a fecundação. Estas substâncias usuárias do cobre DIU de cobre.
dissolvem os componentes lipídicos da membrana Os riscos são baixos, mas englobam: perfuração uterina,
celular dos espermatozoides, provocando inativação ou infecção e expulsão.
morte. O N-9 pode provocar lesões As pacientes devem ser aconselhadas com relação aos
(fissuras/microfissuras) na mucosa vaginal e retal, efeitos colaterais potenciais associados com o DIU de
dependendo da frequência de uso e do volume aplicado. escolha, particularmente alterações no ciclo menstrual. As
A OMS orienta que as mulheres que têm risco pacientes também devem ser lembradas que o DIU não
aumentado para DST/HIV, especialmente as que têm protege contra DSTs nem HIV. O DIU pode ser inserido
muitas relações sexuais diárias, não devem usar métodos em qualquer momento do ciclo menstrual, uma vez a
contraceptivos que contenham nonoxinol-9 a 2%. O gravidez seja excluída. Não há nenhuma evidência para
espermicida, para o máximo de efetividade, deve ser apoiar a prática comum de inserir o DIU só durante a
usado com o diafragma ou com os preservativos, e é menstruação, embora neste momento descarta-se a
efetivo por um período de uma hora após a colocação. gravidez e mascara-se o sangramento relacionado à
Portanto, a mulher deve ser orientada para que a relação inserção. As taxas de infecção e índices de expulsão
sexual ocorra neste período de tempo, caso contrário ele podem ser mais altas quando inserido durante a
deve ser reaplicado antes do coito. menstruação.

@resumeairafa
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Candidatas apropriadas • alta concentração de levonorgestrel no endométrio,
Este método pode ser utilizado por mulheres jovens e impedindo a resposta ao estradiol circulante.
adolescentes, se selecionadas cuidadosamente, • forte efeito antiproliferativo no endométrio
principalmente se estiverem em relações monogâmicas • inibição da atividade mitótica do endométrio.
mútuas e estáveis e, portanto, com baixo risco para • mantém a produção estrogênica, o que possibilita uma
DSTs. A paridade também não é um fator determinante boa lubrificação vaginal.
na escolha do método. As nulíparas que têm baixo risco
de DSTs também são candidatas apropriadas ao método. Como resultado dessas várias ações contraceptivas, a taxa
A dor e aumento do fluxo menstrual que ocorrem com de eficácia do SIU-LNG é muito alta, e em vários estudos
mais frequência nas nulíparas são as principais razões de clínicos, representando mais de 100.000
remoção do DIU nesta população, apesar de ocorrer mulheres/ano/uso.
diminuição destes sintomas ao final do primeiro ano de
uso, por acomodação uterina à presença do corpo Contraindicações absolutas
estranho. • Gravidez confirmada ou suspeita.
Mulheres pós-parto • Distorção severa da cavidade uterina (como septos,
Mulheres pós-parto podem ser candidatas à inserção pólipos endometriais ou miomas submucosos).
imediata (dentro de dez a 15 minutos depois da • Infecção aguda ou recente (dentro de três meses) ou
dequitação da placenta). Estas mulheres estão em risco recorrente (incluindo DST, infecção pós-parto ou pós-
mais alto de expulsão e perfuração uterina. Na maioria aborto).
das circunstâncias, é melhor inserir o DIU após a • Cervicite não tratada
completa involução uterina, normalmente de quatro a • Alergia conhecida ao levonorgestrel.
seis semanas pós-parto. • Doença hepática aguda ou tumor de fígado.
Mulheres pós-aborto Relativas
Os DIUs podem ser inseridos imediatamente após aborto • Fator de risco importante para DST (relações não
espontâneo ou induzido de primeiro trimestre, que monogâmicas, história de DST).
ocorrem sem complicações. • História anterior de problemas com anticoncepção
Amamentação intrauterina (perfuração ou dor intensa).
Os DIUs são excelentes métodos para mulheres • Sangramento uterino anormal não diagnosticado.
amamentando. Dois estudos demonstraram que mulheres • Imunodepressão.
amamentando apresentaram menor índice de • História anterior de reflexo vasovagal.
complicações com a inserção, dor, sangramento e maior • História anterior de intolerância a progestagênios
taxa de aderência após seis meses. A qualidade e (depressão importante).
quantidade do leite não são afetadas. • Mulheres que não aceitam desenvolver oligomenorreia
Contraindicações absolutas ou amenorreia
• gravidez Hormonais
• doença inflamatória pélvica (PID) ou doença Anticoncepcionais orais combinados
sexualmente transmitida (DST) atual, recorrente ou Os anticoncepcionais orais combinados (AOCs)
recente (nos últimos três meses) representam o método anticoncepcional mais utilizado em
• sépsis puerperal todo o mundo. A falha é de menos de uma a cada 100
• imediatamente pós-aborto séptico mulheres/ano com o uso perfeito, aumentando para cinco
• cavidade uterina severamente deturpada a cada 100 mulheres ano, com sua utilização típica.
• hemorragia vaginal inexplicada Classificação dos AOCs
• câncer cervical ou endometrial Os anticoncepcionais orais combinados são aqueles que
• doença trofoblástica maligna contêm estrogênio e progestagênio no mesmo
• alergia ao cobre (para DIUs de Cobre) comprimido. O etinilestradiol é o principal estrogênio
contido nos AOCs; os estrogênios naturais como o
Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel estradiol e o valerato de estradiol também estão
O Sistema Intrauterino Liberador de Levonorgestrel disponíveis em duas formulações recentemente lançadas
(SIU-LNG) possui um reservatório com 52 mg de no mercado. Pode-se ainda classificar as pílulas
levonorgestrel, mede 32 mm de comprimento e libera 20 combinadas como monofásicas, bifásicas ou trifásicas.
µg de levonorgestrel por dia. Através da membrana de As monofásicas apresentam em todos os comprimidos as
controle, o sistema consegue liberar o levonorgestrel, mesmas doses de estrogênio e progestagênio. As que
que em 15 minutos após a inserção já se encontra apresentam duas doses diferentes de estrogênios e
circulante no plasma. A taxa de liberação de 20 µg/dia progestagênios são as bifásicas. As pílulas com variações
cai ao longo do uso, estabilizando-se em torno de 12 triplas nas doses dos hormônios são as trifásicas.
µg/dia a 14 µg/dia e chega finalmente a 11 µg/dia ao final Os anticoncepcionais orais combinados podem ser
de cinco anos, que é o tempo preconizado de uso do SIU- classificados pela dose estrogênica, denominados pílulas
LNG.1 de alta ou baixa dose, ou pelo progestagênio,
denominados de primeira, segunda ou terceira geração.
Mecanismo de ação O etinilestradiol é o estrogênio usado na maior parte dos
• muco cervical espesso e hostil à penetração do AOCs. O que varia é a sua dose, que justamente classifica
espermatozoide, inibindo a sua motilidade no colo, no as pílulas como de alta dose ou baixa dose. Dispõe-se, na
endométrio e nas tubas uterinas, prevenindo a atualidade, de pílulas com doses de 50 mcg, 35 mcg, 30
fertilização. mcg, 20 mcg e 15 mcg de etinilestradiol.
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As pílulas que contêm doses abaixo de 50 mcg de hipófise durante a fase folicular do ciclo menstrual,
etinilestradiol são classificadas como de baixa dose. efeito que provavelmente contribui para a ausência de
Por outro lado, a geração do contraceptivo é dada pelo desenvolvimento folicular nas usuárias de contraceptivos
progestagênio nele contido, embora também se leve em orais. Farmacologicamente, o componente progestina
consideração a dose estrogênica. As pílulas de primeira também pode inibir o surto de LH induzido pelo
geração (disponíveis no mercado brasileiro) são estrogênio na metade do ciclo.
aquelas que contêm levonorgestrel associado a 50
mcg de etinilestradiol. Doses menores de etinilestradiol Efeitos metabólicos dos AOCs
associado ao progestagênio levonorgestrel caracterizam Logo após a introdução dos contraceptivos orais,
as pílulas de segunda geração. Na presença de começaram a aparecer relatos de efeitos adversos
desogestrel ou gestodeno, as pílulas são denominadas associados a seu uso. Muitos desses efeitos eram
de terceira geração. dependentes da dose, o que levou ao desenvolvimento das
atuais preparações com baixas doses. Os efeitos adversos
dos contraceptivos hormonais iniciais recaíam em várias
categorias: efeitos cardiovasculares, incluindo
hipertensão, infarto do miocárdio, acidente vascular
encefálico hemorrágico ou isquêmico, trombose venosa e
embolismo, cânceres de mama, hepatocelulares e
cervicais, e um certo número de efeitos endócrinos e
metabólicos.
As associações hormonais empregadas em contracepção
exercem variável efeito metabólico, em particular sobre as
proteínas hepáticas, fatores de coagulação, lipídios e
carboidratos. O etinilestradiol é responsável pelo
aumento das proteínas hepáticas, como albumina e
SHBG, que não se traduzem em efeitos clínicos
significantes. Por outro lado, aumentam o substrato de
renina, desencadeando síntese de angiotensina e
estímulo do córtex adrenal na produção de
aldosterona, gerando vasoconstrição e retenção de
Mecanismo de ação das pílulas sódio e água. O impacto hepático dos estrogênios é dose-
As pílulas combinadas agem bloqueando a ovulação. Os dependente, sendo infrequente a hipertensão ocasionada
progestagênios, em associação aos estrogênios, pelo uso do contraceptivo. No entanto, em hipertensas, o
impedem o pico do hormônio luteinizante (LH), que é efeito deve ser considerado. O componente estrogênico é
responsável pela ovulação. Este efeito é chamado de ainda responsável pelo aumento de fatores de coagulação
bloqueio gonadotrófico, e é o principal mecanismo de (fatores VII e XII); observa-se redução da antitrombina III
ação das pílulas. Existem ainda efeitos acessórios que e aumento do inibidor do ativador do plasminogênio (PAI-
também atuam dificultando a concepção, como a 1), que se traduz em perfil pró-trombótico, também sendo
mudança do muco cervical, que torna mais difícil a considerados dose-dependentes.
ascensão dos espermatozoides, a diminuição dos Verifica-se um aumento de 28% no risco relativo de
movimentos das trompas e a transformação tromboembolismo venoso, mas o aumento absoluto
inadequada do endométrio. Todos estes efeitos estimado é muito pequeno, pois a incidência destes
ocorrem com o uso de qualquer contraceptivo eventos em mulheres sem outros fatores predisponentes é
combinado, determinando sua eficácia. baixa (mais ou menos a metade da associada ao risco de
Mensurações diretas dos hormônios plasmáticos indicam tromboembolismo venoso na gestação). Não obstante, o
que os níveis de LH e o FSH estão suprimidos, que o risco é significativamente maior em mulheres que fumam
surto de LH encontra-se ausente na metade do ciclo, que ou que têm outros fatores predisponentes à trombogênese
os níveis de esteroides endógenos se mostram ou ao tromboembolismo (Castelli, 1999).
diminuídos e que a ovulação não ocorre. Embora seja Nos últimos anos tem-se considerado que além dos
possível demonstrar que qualquer um dos componentes possíveis fatores confundidores que tentam explicar o
isolados pode, em certas situações, exercer estes efeitos, aparente paradoxo em relação ao tromboembolismo, outro
a combinação reduz de forma sinérgica os níveis parâmetro importante estaria relacionado ao componente
plasmáticos de gonadotropina e suprime a ovulação de progestagênico. Os progestagênios mais seletivos, como
modo muito mais consistente. gestodeno, desogestrel e drospirenona, não interferem
As ações hipotalâmicas dos esteroides têm importante negativamente sobre a ação estrogênica, ao contrário dos
papel no mecanismo de ação dos contraceptivos orais. A menos seletivos, como o levonorgestrel. Dessa forma,
progesterona diminui claramente a frequência dos pode-se supor que os anticoncepcionais “mais
pulsos de GnRH. Como uma frequência adequada de estrogênicos” contêm progestagênios mais seletivos e,
pulsos de LH é essencial à ovulação, esse efeito da portanto, com maior risco para alterações no sistema de
progesterona desempenha provavelmente um importante coagulação, culminando com maior taxa de eventos
papel na ação contraceptiva de tais agentes. tromboembólicos. Assim como nos estudos da década de
Parece provável que os contraceptivos orais diminuam a 90, estudos recentes demonstraram que os contraceptivos
sensibilidade da hipófise ao GnRH. Os estrogênios contendo o progestagênio de segunda geração –
também suprimem a liberação de FSH a partir da levonorgestrel – apresentam menor risco de trombose
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venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar contraindicação absoluta ou relativa para o uso de
(TEP), quando comparados àqueles contendo estrogênios, presença de efeitos adversos com o uso do
progestagênios de terceira geração, como o desogestrel e estrogênio ou durante a amamentação, pois parece não
gestodeno, e também às pílulas combinadas com interferir na produção do leite. As formulações disponíveis
drospirenona e acetato de ciproterona.17,18 No entanto, das minipílulas no Brasil são: noretisterona de 0,35
dois grandes estudos anteriormente publicados não mg/dia, linestrenol de 0,5 mg/dia, levonorgestrel 0,030
corroboraram tais resultados. mg/dia e desogestrel de 75 mcg/dia.
A despeito da discussão sobre os achados em diferentes A eficácia contraceptiva é maior durante o período da
estudos, deve-se considerar a baixa incidência do lactação. Quando as pílulas são tomadas de forma correta,
tromboembolismo em mulheres em idade reprodutiva. ocorre menos de uma gravidez para cada 100 mulheres que
As não usuárias, as mulheres que usam pílulas de usam PSPs durante o primeiro ano (nove para cada 1.000
segunda geração e aquelas que utilizam as de terceira mulheres). A taxa de falha com o uso típico é de 3% a 5%.
geração apresentam incidência de 5, 1 e 25 casos a cada Sem a proteção adicional da amamentação, as PSPs não
100.000 mulheres, respectivamente. são tão eficazes quanto à maioria dos outros métodos
hormonais. A mais recente preparação de pílula só de
Seleção de pacientes progestagênio contém 75 mcg/ dia de desogestrel, nível
Consideram-se candidatas ao uso de anticoncepcionais que excede o necessário para inibir a ovulação (60
orais todas as mulheres que optem por essa modalidade mcg/dia) sendo, portanto, mais efetiva na contracepção
contraceptiva e que não apresentem condições que as outras formulações.
associadas que os contraindique. O quadro abaixo Mecanismo de ação
demonstra as principais condições em que Seu funcionamento básico ocorre por:
preferencialmente não se deve usar o AOC (categoria 3 – Espessamento do muco cervical impedindo, portanto, a
da OMS) ou há contraindicação absoluta (categoria 4 da progressão do espermatozoide.
OMS). – Redução da motilidade tubária.
– Inibição da proliferação endometrial, determinando
hipotrofia ou atrofia.
Benefícios e riscos
Os benefícios apresentados pela PSPs são a diminuição da
dismenorreia, menor risco de doença inflamatória pélvica,
diminuição dos sintomas de tensão pré-menstrual8 e da
mastalgia. O retorno da fertilidade é imediato após a
interrupção. Outra vantagem é a possibilidade de
utilização em mulheres que tem contraindicação ou
intolerância aos estrogênios. Por não conterem o
estrogênio, as PSPs têm menor risco de complicações e
praticamente não apresentam riscos importantes à saúde
Contraceptivos com progestina isolada.
As pílulas com progestina isolada e os implantes de
levonorgestrel são altamente eficazes, mas bloqueiam as
ovulações em apenas 60-80% dos ciclos. Acredita-se que
sua eficácia deva-se em grande parte ao espessamento do
muco cervical, que diminui a penetração dos
espermatozoides, e às alterações endometriais, que
comprometem a implantação; tais efeitos locais
respondem pela eficácia dos dispositivos intrauterinos que
liberam progestinas. Acredita-se que as injeções de
depósito de MPA exerçam efeitos similares, mas elas
também dão origem a níveis do fármaco altos o sufi ciente
para impedir a ovulação em quase todas as pacientes,
presumivelmente pelo decréscimo da fre quência dos
pulsos de GnRH.

ANEL VAGINAL ANTICONCEPCIONAL


O anel vaginal é um método contraceptivo hormonal
combinado constituído de um anel flexível e transparente
feito de evatane, que contém 2,7 mg de etinil estradiol e
11,7 mg de etonogestrel distribuídos uniformemente. Na
Contraceptivos de progestina pura. sua forma de utilização tradicional, o anel vaginal deverá
Muitos agentes estão disponíveis para a contracepção ser colocado pela própria paciente entre o primeiro e o
com progestina isoladamente, com eficácia teórica de quinto dia do ciclo menstrual, tomando-se o cuidado de se
99%. As preparações específicas incluem a “minipílula”; associar método de barreira nos primeiros sete dias de uso.
baixas doses de progestinas. Por não conterem o Cada anel deve ser usado por um ciclo (com duração de 21
componente estrogênio, estas pílulas são indicadas, dias) e apresenta liberação diária de 120 mcg de
preferencialmente, em situações em que há etonogestrel e 15 mcg de etinilestradiol durante três
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semanas. Após uma pausa de sete dias, um novo anel descamação irregular (spotting), e potencializar a ação do
deverá ser novamente colocado no mesmo horário em progestagênio, através do aumento dos receptores
que foi colocado o anterior. intracelulares para este hormônio.
Mecanismo de ação Assim, apenas uma mínima dose de estrogênio é
O principal mecanismo pelo qual o anel vaginal exerce necessária para manter a eficácia dos anticoncepcionais
sua função é a inibição da ovulação. O etonogestrel age combinados. Como o efeito progestacional é
suprimindo a maturação folicular e a ovulação. Inibe o predominante nos anticoncepcionais combinados, o
eixo hipotálamo-hipófise-ovariano pela retroalimentação endométrio, o muco cervical e a função tubária refletem
negativa provocada pela presença do hormônio exógeno. este estímulo: o endométrio é atrófico, não receptivo à
Um mecanismo secundário, mas de importância na ação nidação, o muco cervical é espesso e hostil à ascensão dos
anticoncepcional, é a alteração do muco cervical, que se espermatozoides e o transporte tubário do óvulo é
torna mais espesso e desfavorável à penetração dos prejudicado. Todas estas ações aumentam a eficácia
espermatozoides. Outras modificações foram contraceptiva.
observadas, como a diminuição da espessura endometrial Como o uso da via transdérmica evita a absorção intestinal
pelo uso do anel vaginal, mas parece que este efeito tem e o metabolismo de primeira passagem hepática, supõe-se
pouca relevância quanto ao efeito anticoncepcional. que este contraceptivo não interfira de forma significativa
Contraindicações absolutas e relativas na eficácia de outros medicamentos (por exemplo
Pode ser utilizado por todas as mulheres que desejam anticonvulsivantes e antibióticos), nem tenha a sua
contraceptivos reversíveis, práticos, de alta eficácia e que eficácia comprometida pelo uso simultâneo de outras
não tenham contraindicações para o seu uso. Pode ser drogas. Entretanto, poucas são as publicações sobre o
oferecido como opção para aquelas pacientes que não assunto.
querem métodos de uso diário. As contraindicações do
anel vaginal são semelhantes às do contraceptivo INJETÁVEIS MENSAIS COMBINADOS
hormonal combinado oral. Além disto, o anel não deve Os injetáveis mensais combinados possuem formulação
ser indicado em algumas situações específicas como, na semelhante à encontrada na pílula anticoncepcional oral
presença de estenose vaginal, atrofia severa de vagina, combinada, contendo estrogênio natural associado ao
prolapso uterino, cistocele ou retocele importantes. Estas progestagênio.
condições durante o uso do anel favorecem processos Existem três formulações disponíveis no Brasil:
irritativos, infecciosos e trazem maior chance de - Acetato de Medroxiprogesterona 25 mg + Cipionato de
expulsão do anel. Estradiol 5 mg – iniciar no primeiro dia do ciclo menstrual
e após 30 dias ± três dias, independentemente do fluxo
ADESIVO TRANSDÉRMICO menstrual;
Hormônios utilizados e forma de apresentação O adesivo - Enantato de Noretisterona 50 mg + Valerato de Estradiol
transdérmico é um sistema matricial com uma superfície 5 mg – iniciar no primeiro dia do ciclo menstrual e após
de 20 cm², que contém 750 mg de etinilestradiol (EE) e 30 dias ± três dias independente do fluxo menstrual;
6 mg de norelgestromina (NGMN). Ocorre liberação - Algestona Acetofenida 150 mg + Enantado de Estradiol
diária de 20 mg EE e 150 mg de NGMN, sendo o último 10 mg – iniciar no primeiro dia do ciclo menstrual e após
convertido em levonorgestrel através de metabolismo o período do sétimo ao décimo dia do ciclo menstrual
hepático. seguinte.
Possui a mesma eficácia (índice de Pearl 0,7),
contraindicações e perfil de efeitos adversos que os Mecanismo de ação
anticoncepcionais orais combinados. A principal O mecanismo de ação contraceptiva é o mesmo dos demais
vantagem é a comodidade de uso. Outras potenciais contraceptivos hormonais. O estrogênio possui ação
vantagens em relação à via oral seriam a ausência do central negativa sobre a produção e liberação do FSH,
metabolismo de primeira passagem hepática, níveis impedindo o crescimento folicular. Além disso, ajuda a
plasmáticos mais estáveis (sem picos e quedas) e estabilizar o endométrio, proporcionando ciclos
facilidade de uso para pacientes com dificuldades de menstruais previsíveis.
deglutição. É oportuno lembrar, ainda, entre as vantagens Benefícios e riscos
do adesivo transdérmico, o seu uso em pessoas O estrogênio utilizado nos injetáveis mensais é natural e,
portadoras de síndromes desabsortivas intestinais, assim portanto, mais fisiológico do que os utilizados nas pílulas
como naquelas que foram submetidas a operações anticoncepcionais combinadas contendo etinilestradiol,
bariátricas, condição cada vez mais frequente. assim, o tipo e intensidade dos efeitos colaterais também
Mecanismo de ação podem ser diferentes. De fato, estudos têm mostrado
O mecanismo de ação é igual ao de todos os menor efeito sobre a pressão arterial, hemostasia e
anticoncepcionais hormonais combinados: inibição das coagulação, metabolismo lipídico e função hepática em
gonadotrofinas e, consequentemente, da ovulação. O comparação com a contracepção oral combinada. Além
progestagênio inibe predominantemente a secreção de disso, a administração por ser parenteral, elimina o efeito
LH, bloqueando o pico necessário para a ovulação. Já o da primeira passagem dos hormônios sobre o fígado.
estrogênio age predominantemente sobre o FSH,
impedindo o desenvolvimento folicular e a emergência CONTRACEPTIVOS INJETÁVEIS CONTENDO
do folículo dominante. Mesmo havendo algum APENAS PROGESTAGÊNIOS
recrutamento folicular, a ação sobre o LH garantirá a Os contraceptivos injetáveis contendo apenas
eficácia contraceptiva. O estrogênio apresenta duas progestagênios são preparações de liberação lenta com
outras funções: estabilizar o endométrio, evitando a duração de dois a três meses.
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Rafaela Amaral Consulta ginecológica 4° período - FPME
Mecanismo de ação
O mecanismo de ação do AMP-D é diferente dos outros
métodos contendo apenas progestagênio, pois além de
alterar a espessura endometrial e espessar o muco
cervical, bloqueia o pico do hormônio luteinizante (LH)
evitando a ovulação. Após a sua descontinuação, a
ovulação retorna em 14 semanas, mas pode demorar até
18 meses. Em comparação aos métodos hormonais
combinados, o AMP-D apresenta menor impacto nos
níveis do hormônio folículo-estimulante (FSH). Por este
motivo, em um terço das usuárias de AMP-D, os níveis
de estradiol permanecem inalterados, com valores
semelhantes aos da fase folicular, de aproximadamente
de 40 a 50 pg/mL. Por este motivo, sintomas
vasomotores como ondas de calor e atrofia vaginal são
incomuns em usuárias deste método.4 O AMP-D não é
um sistema de “liberação sustentada” como os implantes
de progestogênio; sua ação se baseia em picos maiores
do progestagênio para inibir a ovulação e espessar o
muco cervical.5 O início da ação contraceptiva do AMP-
D ocorre dentro de 24 horas após a injeção e é mantida
por até 14 semanas, determinando uma margem de
proteção se houver uma demora na aplicação da injeção,
tipicamente aplicada a cada 12 semanas. Se houver um
atraso na aplicação maior que 14 semanas, deve-se
questionar à mulher se houve relações desprotegidas,
para avaliar a necessidade do uso de contracepção de
emergência. Sugerese também obter informações sobre
o período em que foi aplicada a primeira injeção, pois há
associação entre a aplicação do AMP-D em fases
precoces da gestação e aumento da mortalidade neonatal.

Implante Contraceptivo Subdérmico

Os esteroides podem se difundir até os tecidos


circundantes através da parede de tubos de silicone.
Característica dos implantes Coloca-se o hormônio
anticoncepcional dentro de um tubo de um tipo especial
de silicone e mescla-se o hormônio com este polímero
para formar um cilindro sólido que é coberto por uma
capa fina do mesmo material, para regular a liberação do
esteroide. Esta forma de implante permite colocar maior REFERÊNCIAS
quantidade de esteroide em implantes de igual tamanho, • MONTENEGRO,C.A.B.; REZENDE,J.F. Obstetrícia
com liberação de maiores dosagens diárias por unidade Funda mental, 13 ed,. Rio de Janeiro: Guanabara
de superfície. A dosagem é regulada pela superfície total Koogan, 2014. (CICLO MENSTRUAL)
do implante e pela espessura da cobertura de Silastic® • Editora Guanabara Koogan, 2002. -GUYTON, A.C. e
Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora
Todos os implantes subdérmicos para uso clínico em Elsevier. 13ª ed., 2017. (CICLO MENSTRUAL)
humanos utilizam progestagênios. Este método oferece • BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia.
uma excelente opção anticoncepcional para mulheres Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.;
que têm contraindicações para métodos hormonais LOPES, J. M. C. (Orgs.). Tratado de medicina de família
combinados e é uma excelente alternativa para aquela e comunidade: princípios, formação e prática. Porto
mulher que deseja proteção contra gravidez em longo Alegre: Artmed, 2012. (CICLO MENSTRUAL)
prazo e que seja rapidamente reversível. • GOODMAN, L. S.; GILMAN, A. As bases
farmacológicas da terapêutica. 12ª.ed. Rio de Janeiro:
McGraw-Hill, 2012. (ANTICONCEPCIONAIS)
• FINOTTI, M. Manual de anticoncepção. São Paulo:
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO), 2015.
(ANTICONCEPCIONAIS)
• Revista ELA #7 – FEBRASGO – PRIMEIRA
CONSULTA (COMPORTAMENTO NA 1°
CONSULTA)

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Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Qual a relação da hereditariedade com o
O ovário pode ser acometido por diversos tipos de
neoplasia. Câncer de ovário ocorre geralmente após 50
surgimento de neoplasias ginecológicas, como o
anos de idade com metade dos casos ocorrendo após os 65
anos. Responde por 25% dos cânceres ginecológicos. É
encontrado já em estádios avançados em cerca de 70% dos
câncer de mama e câncer do colo de útero casos. O fator de risco mais importante é a história familiar
O câncer é considerado uma das maiores causas de morte em parentes de primeiro grau (mãe, filha ou irmã) com
no mundo e surge como consequência de alterações câncer de ovário. Em pacientes com câncer de mama e
ovário, alterações nos genes supressores do
cumulativas no material genético, dos fatores metabólitos
cromossomo 17q21 e 13q têm sido encontradas. Esses
e regulatórios de células normais, as quais sofrem genes são os BRCA 1, BRCA 2 e p53 (a identificação dos
transformações até se tornarem malignas. Existem dois primeiros requer medidas preventivas).
diversos fatores de risco associados ao desenvolvimento
do CA de mama, tais como: uso de terapia de reposição A prevalência da história relatada do câncer em familiares
hormonal, alcoolismo, exposição solar e hereditariedade, de primeiro grau, observada em 8.881 mulheres, atendidas
sendo o último um dos mais importantes. em unidades do Programa Saúde da Família (PSF), das
regiões Centro-Sul, Extremo-Sul e do Arquipélago de
O câncer de mama considerado esporádico, ou seja, sem Porto Alegre foi de 25,04%.
associação com o fator hereditário, representa mais de A identificação de indivíduos em risco para câncer
90% dos casos de câncer de mama em todo mundo. hereditário é importante porque os indivíduos afetados
Dados clínicos, epidemiológicos e experimentais têm apresentam risco cumulativo vital muito superior ao da
demonstrado que o risco de desenvolvimento de câncer população para vários tipos de câncer. A presença de
de mama esporádico está fortemente relacionado à câncer em familiares de primeiro grau aumenta o risco
produção de esteróides sexuais. pessoal de câncer de 2 a 4 vezes para vários tipos de
Por outro lado, as neoplasias mamárias do tipo tumores. Medidas de rastreamento intensivo e
hereditário correspondem a 5 a 10% dentre os casos de intervenções preventivas (cirurgias profiláticas e
câncer de mama, sendo este grupo muito relacionado a quimioprofilaxia) se mostram eficazes significativamente
alterações de genes supressores de tumor como os genes em reduzir o risco de câncer em portadores de mutação.
Atualmente, a tecnologia permite diagnosticar uma
BRCA 1 e BRCA 2 e o p53. A prevalência de mutação
mutação genética muito antes do aparecimento dos
deletéria no gene BRCA 1 é de 1/800 na população geral, sintomas.
sendo mais frequente nas descendentes de judeus
asquenazes. Mulheres portadoras de mutações nesses
genes têm um risco estimado que varia de 56 a 85% de
desenvolver o câncer de mama durante sua vida,
tendendo a apresentá-lo mais precocemente.

Quando encaminhar uma família para acompanhamento


genético e avaliação do risco para câncer:
• Famílias com múltiplos casos de câncer;
• Tumores bilaterais (mama);
• Tumores diagnosticados muito precocemente.
Os indivíduos considerados de alto risco devem ser
encaminhados para aconselhamento genético. Desse
modo, a hipótese diagnóstica poderá ser confirmada, sendo
fornecidas informações sobre a doença, sua forma de
herança, estratégias de redução de risco e as chances de
recorrência para outros familiares.

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/12627/000623067.pdf?...1
Oncologia Básica. Sabas Carlos Vieira et al. 1. ed. Teresina, PI: Fundação
Quixote, 2012.

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Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Entender o que é o “preventivo”, como ele é
colo do útero com uma espátula de madeira e uma
escovinha; as células colhidas são colocadas numa lâmina
realizado e a sua finalidade
para análise em laboratório especializado em
citopatologia.
Preventivo é um teste realizado para detectar alterações • Espéculo de tamanhos variados, preferencialmente
nas células do colo do útero. Este exame também pode descartáveis;
ser chamado de esfregaço cervicovaginal e • Espátula de Ayre;
colpocitologia oncótica cervical. Toda mulher que tem • Escova endocervical.
Procedimento de coleta:
ou já teve vida sexual deve submeter-se ao exame
• Sob boa iluminação observar atentamente os órgãos
preventivo periódico, especialmente as que têm entre 25 genitais externos, prestando atenção à distribuição dos
e 64 anos. Inicialmente, o exame deve ser feito pelos, à integralidade do clitóris, do meato uretral, dos
anualmente. Após dois exames seguidos (com um grandes e pequenos lábios, à presença de secreções
intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o vaginais, de sinais de inflamação, de veias varicosas e
preventivo pode passar a ser feito a cada três anos. outras lesões como úlceras, fissuras, etc.
O colo do útero apresenta uma parte interna, que • Colocar o espéculo, que deve ter o tamanho escolhido de
constitui o chamado canal cervical ou endocérvice, que é acordo com as características perineais e vaginais da
revestido por uma camada única de células cilíndricas mulher a ser examinada. Não deve ser usado lubrificante,
produtoras de muco – epitélio colunar simples. A parte mas em casos selecionados, principalmente em mulheres
externa, que mantém contato com a vagina, é chamada idosas com vaginas extremamente atróficas, recomenda-se
de ectocérvice e é revestida por um tecido de várias molhar o espéculo com soro fisiológico.
camadas de células planas – epitélio escamoso e
estratificado. Entre esses dois epitélios, encontra-se a O espéculo deve ser introduzido suavemente, em posição
junção escamocolunar (JEC), que é uma linha que pode vertical e ligeiramente inclinado de maneira que o colo do
estar tanto na ecto como na endocérvice, dependendo da útero fique exposto completamente, o que é
situação hormonal da mulher. Na infância e no período imprescindível para a realização de uma boa coleta.
pós-menopausa, geralmente, a JEC situa-se dentro do Iniciada a introdução fazer uma rotação deixando-o em
canal cervical. No período da menacme, fase reprodutiva posição transversa, de modo que a fenda da abertura do
espéculo fique na posição horizontal. Uma vez introduzido
da mulher, geralmente, a JEC situa-se no nível do orifício
totalmente na vagina, abrir lentamente e com delicadeza.
externo ou para fora desse – ectopia ou eversão. Na dificuldade de visualização do colo sugira que a mulher
tussa.

• A coleta do material deve ser realizada na ectocérvice e


na endocérvice em lâmina única. A amostra de fundo de
saco vaginal não é recomendada, pois o material coletado
é de baixa qualidade para o diagnóstico oncótico.
• Para coleta na ectocérvice utiliza-se espátula de Ayre, do
lado que apresenta reentrância. Encaixar a ponta mais
longa da espátula no orifício externo do colo, apoiando-a
firmemente, fazendo uma raspagem em movimento
rotativo de 360° em torno de todo o orifício cervical, para
que toda superfície do colo seja raspada e representada na
lâmina, procurando exercer uma pressão firme, mas
delicada, sem agredir o colo, para não prejudicar a
O epitélio colunar fica em contato com um ambiente qualidade da amostra.
vaginal ácido, hostil a essas células. Assim, células Para coleta na endocérvice, utilizar a escova endocervical.
subcilíndricas, de reserva, bipotenciais, por meio de Recolher o material introduzindo a escova endocervical e
metaplasia, se transformam em células mais adaptadas fazer um movimento giratório de 360°, percorrendo todo
(escamosas), dando origem a um novo epitélio, situado o contorno do orifício cervical.
entre os epitélios originais, chamado de terceira mucosa
ou zona de transformação. Nessa região pode ocorrer
obstrução dos ductos excretores das glândulas
endocervicais subjacentes, dando origem a estruturas
císticas sem significado patológico, chamadas de Cistos
de Naboth. É na zona de transformação que se
localizam mais de 90% das lesões precursoras ou
malignas do colo do útero.

Orientações: • https://bvsms.saude.gov.br/papanicolau-exame-preventivo-de-colo-de-utero/
O médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do • https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//diretri
colo do útero; a seguir, o profissional provoca uma zesparaorastreamentodocancerdocolodoutero_2016_corrigido.pdf
pequena escamação da superfície externa e interna do • https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_cancer_colo_utero_ma
ma.pdf
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Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Análise dos resultados do preventivo
Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (L-SIL)

Indica uma lesão pré-maligna com baixo risco de ser


Quando a desordenação ocorre nas camadas mais basais câncer e que pode ser causada por qualquer tipo de HPV.
do epitélio estratificado, estamos diante de uma Neoplasia
Se a amostra for negativa para HPV, o risco de
Intraepitelial Cervical Grau I - NIC I – Baixo Grau
(anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da transformação para câncer é praticamente nulo.
membrana). SE L-SIL e <25 anos = repetir CO com 3 anos
Se a desordenação avança 2/3 proximais da membrana
estamos diante de uma Neoplasia Intra-epitelial Cervical L-SIL e >25 anos = repetir CO com 6 meses
Grau II - NIC II – Alto Grau.
Na Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III - NIC III Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (H-SIL)
– Alto Grau, o desarranjo é observado em todas as
camadas, sem romper a membrana basal. O H-SIL indica grande risco de lesões pré-malignas
moderadas/avançadas ou mesmo câncer já estabelecido.
Os resultados do exame de Papanicolau são liberados pelo Portanto, toda a paciente com resultado H-SIL no
laboratório de acordo com as características das células papanicolau precisa ser investigada com colposcopia e
observadas no microscópio, podendo ser: biópsia.
• Classe I: o colo do útero está normal e saudável;
• Classe II: presença de alterações benignas nas células,
que normalmente são causadas por inflamação vaginal;
• Classe III: inclui NIC 1, 2 ou 3 ou LSIL, o que
significa que existem alterações nas células do colo do
útero e o médico poderá prescrever novos exames para
procurar a causa do problema, que pode ser o HPV;
• Classe IV; NIC 3 ou HSIL, que indicam
um provável início do câncer de colo de útero;
• Classe V: presença de câncer de colo de útero.
• Amostra insatisfatória: o material colhido não foi
adequado e o exame não pode ser realizado.

A partir da classe III: encaminhar para especialista.

Células escamosas atípicas de significado


indeterminado (ASC)
Se ASC-US e <25 anos = repetir CO com 3 anos
Se ASC-US e 26-29 anos – repetir CO com 1 ano
Se ASC-US > 30 anos = repetir com 6 meses
Se ASC-H, em qualquer idade, encaminhar para
colposcopia
Células glandulares c/ significado indeterminado
(AGC) ou célula atípica de origem indefinida (AO)
Possivelmente não neoplásica ou não se podendo afastar
lesão de alto grau = colposcopia.
@resumeairafa
Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Analisar o que é corrimento vaginal (principais número de lactobacilos produtores de peróxido de
hidrogênio e o supercrescimento de bactérias
etiologias, quadro clínico, fisiopatologia, predominantemente anaeróbicas. As bactérias
diagnóstico e tratamento) anaeróbicas são encontradas em menos de 1% da flora de
mulheres normais. No entanto, em mulheres com VB, a
concentração de anaeróbios, bem como de G. vaginalis e
O corrimento vaginal é uma manifestação clínica comum Mycoplasma hominis, é 100 a 1.000 vezes maior que em
referida pela mulher. Fisiologicamente, a região da vulva mulheres normais. Em geral, os lactobacilos estão
e da vagina apresenta quantidade variável de secreção em ausentes. Não se sabe que fator desencadeia o distúrbio da
mulheres em idade reprodutiva, que se origina das flora vaginal normal. Supõe-se, no entanto, que haja
glândulas regionais, do muco cervical e endometrial, influência da alcalinização repetida da vagina,
bem como do transudato vaginal. decorrente de coitos frequentes ou do uso de duchas
vaginais. Após o desaparecimento dos lactobacilos
As secreções vaginais naturais são produzidas por normais produtores de peróxido de hidrogênio, é difícil
glândulas no canal vaginal e têm um importante papel restabelecer a flora vaginal normal, e a recorrência de VB
na saúde feminina, pois ajudam na eliminação de é comum. Mulheres com VB estão sob maior risco de
células mortas e bactérias do sistema reprodutor. doença inflamatória pélvica (DIP), DIP pós-aborto,
Isso mantém a vagina limpa e ajuda a prevenir infecções pós-operatórias da cúpula vaginal após
infecções. A secreção vaginal normal é constituída de: histerectomia e anormalidades da citologia cervical.
secreções das glândulas sebáceas e sudoríparas Gestantes com VB correm risco de ruptura prematura das
vulvares, de Bartholin e de Skene; transudato da parede membranas, trabalho de parto e parto pré-termo,
vaginal; células vaginais e cervicais esfoliadas; muco corioamnionite e endometrite pós-cesariana.
cervical; líquidos endometriais e da tuba; e
microrganismos com seus produtos metabólicos. As Embora existam variações individuais entre mulheres
secreções vaginais normais têm consistência flocular e portadoras de VB, as espécies microbianas mais
cor branca, sendo geralmente localizadas na porção frequentemente identificadas são Gardnerella, Atopobium,
da vagina situada em nível inferior (fórnix posterior). Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneatia,
Bifidobacterium, Dialister, Clostridium e Mycoplasmas. A
VB tem sido referida como a mais frequente afecção do
A flora vaginal normal é principalmente aeróbica, com
trato genital inferior feminino, estando relacionada à
uma média de seis espécies diferentes de bactérias, sendo
ampla variedade de distúrbios do trato reprodutivo, tem
as mais comuns os lactobacilos produtores de peróxido
prevalência três vezes mais elevada em mulheres inférteis
de hidrogênio.
do que em férteis e é associada a duas vezes o risco de
Em mulheres em idade reprodutiva, o corrimento
aborto após fertilização in vitro.
vaginal normal consiste em 1 a 4 mL de fluido (por 24
horas), branco ou transparente, grosso ou fino, na O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de
maioria das vezes inodoro e com pH entre 3,5 a 4,5. O intensidade variável, acompanhado de odor vaginal
corrimento fisiológico pode tornar-se mais perceptível às fétido (caracterizado frequentemente como “odor de
vezes como no meio do ciclo menstrual próximo ao peixe” ou amoniacal). Por vezes, a paciente refere apenas
momento da ovulação, durante a gravidez ou com uso de o odor, estando o corrimento ausente. O odor fétido piora
anticoncepcionais estrogênios e progestágenos. Dieta, com o intercurso sexual desprotegido e durante a
atividade sexual, medicação e estresse também podem menstruação, devido à volatização de aminas aromáticas
afetar o volume e o caráter do corrimento vaginal normal. (putrescina, cadaverina, dimetilamina) resultantes do
metabolismo das bactérias anaeróbias pela alcalinidade do
As vulvovaginites e vaginoses são as causas mais sêmen ou do sangue menstrual. Ao exame ginecológico, o
comuns de corrimento vaginal patológico, e é conteúdo vaginal apresenta-se homogêneo, em quantidade
caracterizado pela quantidade excessiva, com alterações variável (geralmente escassa, mas pode ser moderada ou
das suas características fisiológicas, causando abundante) e com coloração geralmente esbranquiçada,
desconforto e sendo determinado por diferentes agentes branco-acinzentada ou amarelada.
etiológicos.
O corrimento vaginal é uma queixa frequente durante a O diagnóstico de VB – o qual requer exames realizados
consulta ginecológica e tem como causas principais a no consultório – é feito com base nos seguintes achados:
vaginose bacteriana, a candidíase e a tricomoníase, 1. Odor vaginal tipo peixe, notável sobretudo após o coito,
responsáveis, em conjunto por 90% das secreções e corrimento vaginal
vaginais anormais.O corrimento, quando presente, deve 2. As secreções vaginais são cinza e formam uma fina
ser analisado quanto a quantidade, cor, odor, fluidez, camada de revestimento das paredes vaginais
presença de bolhas e sinais inflamatórios associados. 3. O pH dessas secreções é maior que 4,5 (de 4,7 a 5,7)
Vaginose bacteriana 4. O exame microscópico das secreções vaginais mostra
um número elevado de células-alvo e notável ausência de
A vaginose bacteriana (VB) é uma alteração da flora leucócitos. Em casos avançados de VB, mais de 20% das
bacteriana vaginal normal que acarreta a diminuição do células epiteliais são células-alvo.
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O acréscimo de KOH às secreções vaginais (o teste das vaginal ácido, hostil, durante longos períodos de tempo,
aminas) libera um odor de peixe, teste das aminas. permanecendo firmemente ligado às células da mucosa
vaginal. Na mulher, além da vagina e exocérvice, pode
Tratamento
acometer a uretra, bexiga, glândulas de Skenne e Bartholin
O ideal é que o tratamento da VB iniba microrganismos e endocérvix. Após a infecção, o parasita raramente é
anaeróbicos, mas não os lactobacilos vaginais. Os eliminado, podendo permanecer indefinidamente no
tratamentos a seguir são efetivos: trato genital.
1. O metronidazol – um antibiótico com excelente Sintomatologia e diagnóstico: corrimento geralmente
atividade contra anaeróbios, mas pequena atividade profuso, amarelado ou amarelo-esverdeado,
contra lactobacilos – é o fármaco de escolha no
frequentemente acompanhado de ardor genital,
tratamento da VB. Deve-se administrar uma dose de 500
sensação de queimação, disúria e dispareunia. Os
mg por via oral (VO), 2 vezes/dia, durante 7 dias. As
pacientes devem ser aconselhadas a evitar o consumo de sintomas acentuam-se no período pós-menstrual devido à
álcool durante o tratamento e nas 24 h subsequentes elevação do pH vaginal e à aquisição de ferro da
hemoglobina pelo parasita, o que aumenta sua virulência.
2. Também se pode prescrever metronidazol na forma de Ao exame ginecológico, geralmente se observam
gel a 0,75%, um aplicador (5 g) por via intravaginal, 1 hiperemia dos genitais externos e presença de corrimento
vez/ dia durante 5 dias. As taxas de cura com os espesso, de aspecto purulento, exteriorizando-se pela
esquemas citados variam de 75 a 84%.
fenda vulvar. Ao exame especular, verifica-se aumento do
A clindamicina nos esquemas a seguir também é efetiva conteúdo vaginal, de coloração amarelada ou amarelo-
no tratamento da VB: esverdeada, por vezes acompanhado de pequenas bolhas.
As paredes vaginais e a ectocérvice apresentam-se
1. Óvulos de clindamicina, 100 mg, por via intravaginal,
hiperemiadas, observando-se ocasionalmente o “colo
1 vez/dia ao se deitar durante 3 dias
2. Creme de clindamicina, 2%, 100 mg por via uterino com aspecto de morango” (colpitis maculáreis),
intravaginal, em dose única devido às pequenas sufusões hemorrágicas. A medida do
3. Creme de clindamicina a 2%, um aplicador cheio (5 g) pH vaginal revela valores acima de 4,5 e o teste das aminas
por via intravaginal, ao se deitar durante 7 dias (whiff test) pode ser positivo devido à presença de germes
4. Clindamicina, 300 mg, VO, 2 vezes/dia durante 7 dias. anaeróbios associados à VB.

Muitos clínicos preferem o tratamento intravaginal a fim


de que se evitem efeitos colaterais sistêmicos, como
perturbação gastrintestinal leve a moderada e sabor
metálico. O tratamento do parceiro sexual do sexo
masculino não melhora a resposta terapêutica e, portanto,
não é recomendado.
Vaginite por Trichomonas
A vaginite por Trichomonas é causada pelo parasito
flagelado, sexualmente transmitido, Trichomonas
vaginalis. A taxa de transmissão é alta; 70% dos homens
contraem a doença após uma única exposição a uma
Tratado de ginecologia da FEBRASGO.
mulher infectada, o que sugere que a taxa de transmissão
Tratamento:
do homem para a mulher é ainda maior. O parasito, que
existe apenas na forma de trofozoíta, é um anaeróbio 1. O metronidazol é o fármaco de escolha para tratamento
capaz de gerar hidrogênio para se combinar ao da tricomoníase vaginal. Os esquemas, tanto em dose
oxigênio e criar um ambiente anaeróbico. Muitas única (2 g VO) quanto em múltiplas doses (500 mg 2
vezes, está associado à VB, que pode ser diagnosticada vezes/dia durante 7 dias), são muito eficazes e apresentam
em até 60% das pacientes com vaginite por Trichomonas. taxas de cura aproximadas de 95%
2. O parceiro sexual deve ser tratado
A resposta imune celular à Trichomonas vaginalis pode 3. O gel de metronidazol, embora seja muito eficaz no
ser agressiva, com inflamação da mucosa da vagina e tratamento da VB, não deve ser usado no tratamento da
exocérvice em mulheres e da uretra em homens. Ocorre tricomoníase vaginal
intensa infiltração de leucócitos, incluindo os da linhagem 4. Mulheres que não respondem ao tratamento inicial
TCD4, que são alvo do HIV. Ao penetrar na vagina, o devem ser tratadas novamente com 500 mg de
parasita cobre-se com as proteínas do hospedeiro, o que metronidazol 2 vezes/dia durante 7 dias. Se a repetição do
tratamento não for eficaz, a paciente deve ser tratada com
permite a evasão dos mecanismos de defesa locais;
uma dose de 2 g de metronidazol 1 vez/dia durante 5 dias
além disso, possui a capacidade de sobreviver no meio ou tinidazol, em tomada diária única de 2 g durante 5 dias.
@resumeairafa
Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Candidíase vulvovaginal (CVV) e a maceração, aumentando a acidez local e o clima quente,
desencadeando a infecção.
O gênero Candida spp. inclui aproximadamente 300 A colonização vaginal por fungos parece ser hormônio
espécies heterogêneas com diferentes características dependente, já que é rara na infância e pós-menopausa e
morfológicas e funcionais. Encontra-se na composição frequente na idade reprodutiva ou em mulheres em uso
da flora normal do sistema genital feminino em de terapia hormonal. Condições que alterem a
aproximadamente 10% a 20% das mulheres em idade concentração hormonal como gravidez e uso de
reprodutiva, que em condições de equilíbrio fisiológico contraceptivos de alta dosagem facilitam a proliferação
não causa patologias. No entanto, sob condições que dos fungos. A ingestão de antibióticos atua no mesmo
afetam ou interrompam o equilíbrio entre o sentido, provavelmente por alterar a flora protetora
microrganismo e o hospedeiro, ocorre o lactobaciliar.
desenvolvimento da vaginite por Candida (fungos
dimórficos), conhecido como Candidíase. A candidíase Quando o sistema imune não consegue inibir a
é uma inflamação da mucosa genital feminina em proliferação dos fungos, ocorre a passagem do estado
resposta à proliferação do fungo, acomete a vagina e a saprófita para o patogênico, com consequente
vulva de forma simultânea e atinge 70% a 80% das aparecimento de sinais e sintomas. Um dos componentes
mulheres, entre 18 a 30 anos, sendo a segunda infecção do sistema imune é a proteína “lectina ligadora de
mais prevalente nesse sexo. Embora não seja uma doença manose”, presente nos fluidos corporais e na secreção
debilitante, a candidíase traz consigo sintomas irritantes, vaginal, possuindo a capacidade de reconhecer e ligar-se
tais como corrimento espesso, prurido vaginal e ao polissacarídeo manose que está presente na superfície
vulvar, queimação, eritema, edema, disúria e dos microrganismos (inclusive na Candida sp.). Tal
dispareunia. Outras espécies de Candida, como C. ligação desencadeia a cascata do sistema complemento,
glabrata e C. tropicalis, causam sintomas vulvovaginais levando à lise celular e à fagocitose. Ou seja, a lectina
e tendem a ser resistentes ao tratamento. Em geral, as ligadora de manose representa importante componente
pacientes com doença sintomática apresentam maior imune no combate às infecções fúngicas. Entretanto, um
concentração desses microrganismos (> 10 4 /ml) que as polimorfismo no gene que determina a secreção dela
assintomáticas (< 10 3 /ml). resulta em menor secreção e consequente diminuição nas
concentrações dessa proteína; mulheres que possuem tal
polimorfismo apresentam com maior frequência episódios
de candidíase vulvovaginal recorrente
O quadro clínico da vulvovaginite fúngica caracteriza-se
por prurido, de intensidade variável, acompanhado por
corrimento geralmente esbranquiçado (fluido ou com
aspecto de “leite talhado”); dependendo da intensidade
do processo inflamatório, pode haver queixa de
desconforto, dor, disúria e dispareunia. Ao exame
ginecológico, é frequente observar hiperemia vulvar,
edema e fissuras. O exame especular mostra hiperemia da
mucosa vaginal e conteúdo vaginal esbranquiçado, em
Tratado de ginecologia da FEBRASGO. quantidade escassa, moderada ou abundante, de aspecto
espesso ou flocular, aderido ou não às paredes vaginais. O
pH vaginal encontra-se geralmente abaixo de 4,5. O teste
das aminas (whiff test) é negativo na candidíase.
Classificação da candidíase vulvovaginal em complicada
e não complicada:

Hábitos da rotina diária são estatisticamente


significativos para aumentar os riscos de Candidíase.
Uso de meia-calça, calcinhas, absorventes internos por
longos períodos e uso de roupas justas favorecem o atrito
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Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Os sintomas de CVV consistem em prurido vulvar denominada de vaginose citolítica, é causa de
associado a corrimento vaginal, em geral semelhante a vulvovaginite cíclica em mulheres na idade reprodutiva.
queijo coalhado.
1. O corrimento varia de aquoso a espesso homogêneo. Provavelmente, fatores metabólicos tornam o meio
Pode haver úlceras vaginais, dispareunia, queimação vaginal propício à proliferação excessiva de
vulvar e irritação. A disúria pode ocorrer quando a micção Lactobacillus, os quais, isoladamente ou em conjunção
expõe à urina o epitélio vulvar e vestibular inflamado. O com outros microrganismos, danificam as células da
exame mostra eritema e edema da pele da vulva. É camada intermediária vaginal e induzem a citólise. A
possível que haja lesões periféricas pustulopapulares exacerbação dos sintomas ocorre na fase lútea do ciclo e
bem-delimitadas. A vagina pode apresentar eritema com particularmente no período pré-menstrual. Importante
corrimento esbranquiçado e aderente. O colo tem ressaltar que a vaginose citolítica é frequentemente
aparência normal confundida com candidíase vulvovaginal, pois os sintomas
são semelhantes e ambas as situações se acentuam no
2. Em geral, o pH da vagina em pacientes com CVV é período pré-menstrual. Daí a importância do correto
normal (< 4,5) diagnóstico de ambas as afecções, utilizando-se o
laboratório e, consequentemente, ministrando o
3. Elementos fúngicos – seja na forma de leveduras em tratamento adequado.
brotamento, seja na de micélios – estão presentes em
até 80% dos casos. Tratado de ginecologia - FEBRASGO

4. Pode-se fazer um diagnóstico presuntivo quando não


há comprovação da presença de elementos fúngicos ao
exame microscópico, se o pH e os resultados do exame da
preparação com solução salina forem normais e se a
paciente apresentar aumento do eritema ao exame da
vagina ou da vulva. É recomendável fazer cultura para
fungos a fim de confirmar o diagnóstico.
O tratamento da CVV é resumido adiante:
1. A aplicação tópica de fármacos do grupo dos azóis é o
tratamento mais frequente da CVV, além de ser mais
eficaz que a nistatina. O tratamento com azóis causa
alívio dos sintomas e culturas negativas em 80 a 90% das
pacientes que concluíram o tratamento. Em geral, os
sintomas desaparecem em 2 a 3 dias. Recomendam-se os
esquemas de curta duração de até 3 dias. Embora o
menor período de terapia implique menor duração do
tratamento, as formulações para administração por curto
período têm maiores concentrações do antifúngico, O diagnóstico baseia-se nos sintomas clínicos (corrimento
causando uma concentração inibitória na vagina que
esbranquiçado e abundante), prurido, eventualmente
persiste por vários dias
2. Um antifúngico oral, o fluconazol, usado em dose ardor, queimação, disúria, dispareunia, com maior
única de 150 mg, é recomendado para tratamento da intensidade no período pré-menstrual. Ao exame clínico,
CVV. Parece ter eficácia igual à dos azóis tópicos no observa-se o conteúdo vaginal geralmente aumentado, de
tratamento da CVV leve a moderada. aspecto flocular, fluido ou em grumos, aderente ou não às
3. Mulheres com CVV complicada são beneficiadas por paredes vaginais. Sinais inflamatórios podem estar
uma dose complementar de 150 mg de fluconazol presentes devido à irritação da mucosa causada pelos
administrada 72 h após a primeira dose. Pacientes com detritos celulares e acidez excessiva. A medida do pH
complicações podem ser tratadas com um esquema revela-se geralmente menor ou igual a 4. Importante
tópico mais prolongado, com duração de 10 a 14 dias. A lembrar que não é necessário realizar o teste das aminas
terapia auxiliar com um esteroide tópico fraco, como o (whiff test), pois ele é útil apenas para o diagnóstico da VB
creme de hidrocortisona a 1%, pode ajudar a aliviar e da tricomoníase. A bacterioscopia do conteúdo vaginal
alguns dos sintomas irritativos externos. (Gram) revela aumento excessivo na população
lactobaciliar (maior que 1.000 por campo de imersão),
Vaginose citolítica
presença de raros leucócitos ou ausência deles e presença
Algumas mulheres, por razões desconhecidas, de núcleos celulares desnudos e de restos celulares devido
apresentam proliferação excessiva de Lactobacillus, o à lise das células epiteliais. Importante ressaltar que não
que danifica o epitélio vaginal, diminui o pH e leva ao são encontrados elementos fúngicos (hifas e/ou
aparecimento de sintomas clínicos como corrimento esporos).
geralmente abundante, prurido, sensação de queimação,
desconforto e, eventualmente, dispareunia. Tal condição,
@resumeairafa
Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Não existe um tratamento específico para a afecção, já Vaginite aeróbia
que a etiopatogenia não é conhecida. Recomenda-se a
Refere-se a um estado de alteração do meio vaginal
utilização de medidas que, pelo menos temporariamente,
caracterizado por microflora contendo bactérias
alcalizem o meio vaginal, como o uso de duchas vaginais
aeróbias entéricas, níveis variáveis de inflamação e
com bicarbonato de sódio, particularmente no período
maturação epitelial deficiente. Tal termo foi criado em
pré-menstrual.
2002 para caracterizar uma condição de alguma forma
Vaginite inflamatória descamativa semelhante à VB pela redução ou falta de Lactobacillus,
presença de corrimento profuso e elevação do pH vaginal,
Forma pouco frequente, mas severa, de vaginite purulenta
mas também com marcantes diferenças como presença de
crônica, que ocorre particularmente em mulheres na
inflamação (que está ausente na VB), presença de
perimenopausa e pós-menopausa, embora possa
leucócitos, células epiteliais imaturas e ausência de
apresentar-se em qualquer idade e no puerpério Vaginite
aspecto microgranular na microflora à microscopia
inflamatória
(contrariamente ao que ocorre na VB).
A vaginite inflamatória descamativa é uma síndrome
As bactérias que predominam no meio vaginal na vaginite
clínica caracterizada por vaginite exsudativa difusa,
aeróbia parecem ser Streptococcus sp., Staphylococcus
esfoliação de células epiteliais e corrimento vaginal
aureus e Escherichia coli; tais microrganismos passariam
purulento abundante. A causa de vaginite inflamatória é
da condição de simples comensais para agressores;
desconhecida, embora os achados à coloração pelo Gram
entretanto, os fatores desencadeantes não estão
mostremausência relativa de bacilos gram-positivos
determinados.
normais (lactobacilos) e sua substituição por cocos
grampositivos, em geral estreptococos. Mulheres com Clinicamente, as pacientes queixam-se de corrimento
esse distúrbio apresentam corrimento vaginal vaginal por vezes de aspecto purulento com odor
purulento, queimação ou irritação vulvovaginal e desagradável; entretanto, a utilização de hidróxido de
dispareunia. Um sintoma menos frequente é o prurido potássio em contato com a secreção vaginal (teste das
vulvar. Há eritema vaginal e pode haver eritema vulvar aminas ou whiff test) é negativo, ou seja, não há o
associado, bem como manchas equimóticas desprendimento de “odor de peixe” ou amoniacal,
vulvovaginais e colpite macular. O pH das secreções como ocorre na VB. Os sinais de inflamação são de
vaginais é sempre maior que 4,5 nessas pacientes. intensidade variável, assim como a presença de irritação
vulvar e dispareunia. Ao exame ginecológico, visualiza-se
O tratamento inicial é o uso de creme de clindamicina a
inflamação do vestíbulo e da mucosa vaginal, em graus
2%, um aplicador cheio (5 g) por via intravaginal, 1
variados de intensidade. O quadro clínico severo de
vez/dia, por 7 dias. Há recidiva em cerca de 30% das
vaginite aeróbia assemelha-se ao da vaginite inflamatória
pacientes, que devem ser tratadas novamente com creme
descamativa; para alguns autores, ambas seriam a mesma
de clindamicina a 2% intravaginal por 2 semanas.
entidade; além disso, ambas são condições crônicas. De
acordo com a quantidade de cada elemento, a vaginite
aeróbia é classificada em quatro graus, denominados de
“graus lactobacilares”. O grau lactobacilar IV corresponde
à forma mais intensa da afecção (que para alguns autores
seria a própria vaginite inflamatória descamativa).
Ainda não existem normatizações do CDC para o
tratamento da vaginite aeróbia. Foram realizados poucos
estudos com o uso de antissépticos locais, com o objetivo
de reduzir a população bacteriana, cujos resultados
Tratado de ginecologia da FEBRASGO
apontam para a melhora temporária do quadro clínico;
entretanto, tais produtos não se encontram disponíveis no
Brasil. O uso de antibióticos, por via local ou sistêmica,
tem sido variável segundo diferentes autores, já que é
difícil a identificação do(s) agente(s) causal(is);
adicionalmente, o uso de antimicrobianos de amplo
espectro pode levar ao aparecimento de resistência. De
maneira geral, sugere-se que a abordagem clínica seja
baseada principalmente nos achados microscópicos.

@resumeairafa
Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Vaginite atrófica A gonorreia é uma DST, permanecendo como um
problema de saúde pública em todo o mundo. A sua
O estrogênio desempenha papel importante na importância é significativa, pois pode acarretar sequelas,
manutenção do microambiente vaginal. Mulheres após a como infertilidade, gravidez ectópica, DIP, trabalho de
menopausa – seja natural, seja secundária à remoção parto prematuro ou prematuridade. Embora nos últimos
cirúrgica dos ovários – podem desenvolver vaginite anos tenha ocorrido declínio na incidência da gonorreia,
atrófica, a qual, em determinados casos, é acompanhada permanece como causa significante de morbidade nas
de corrimento vaginal purulento intenso. Além disso, nações em desenvolvimento.
pode haver dispareunia e sangramento pós-coito em razão Diagnóstico
da atrofia do epitélio vaginal e vulvar. O exame mostra
atrofia genital externa, assim como perda das pregas O diagnóstico de cervicite baseia-se na presença de
vaginais. A mucosa vaginal pode ser um pouco friável em corrimento endocervical purulento, em geral de cor
algumas áreas. O exame microscópico das secreções amarela ou verde, denominado “mucopus”.
vaginais revela predomínio de células epiteliais 1. Após a remoção das secreções ectocervicais com um
parabasais e aumento do número de leucócitos. O swab grande, insere-se um swab pequeno de algodão no
tratamento em pacientes com vaginite atrófica se dá por canal endocervical para que se extraia o muco cervical. O
meio de creme vaginal de estrogênio tópico. Na maioria swab de algodão é examinado contra um fundo branco ou
dos casos, o uso diário de 1 g de creme de estrogênios preto com o objetivo de se detectar a cor verde ou amarela
conjugados por via intravaginal, durante 1 a 2 semanas, do mucopus. Além disso, a zona de ectopia (epitélio
proporciona alívio. glandular) é friável e sangra com facilidade. Essa
característica pode ser avaliada tocando-se o ectrópio com
Cervicites um swab de algodão ou uma espátula.

A cervicite ou endocervicite é a inflamação da mucosa 2. A distribuição do mucopus sobre uma lâmina que pode
endocervical (epitélio colunar do colo uterino), ser corada pelo método de Gram mostra o aumento do
geralmente de causa infeciosa (gonocócicas e ou não número de neutrófilos (> 30 por campo de grande
gonocócicas). aumento). Também é possível se detectarem diplococos
gram-negativos intracelulares, o que leva ao diagnóstico
O colo é formado por dois tipos diferentes de células presuntivo de endocervicite gonocócica. Se os resultados
epiteliais: epitélio escamoso e epitélio glandular. A causa da coloração pelo Gram forem negativos para gonococos,
de inflamação cervical depende do epitélio afetado. A o diagnóstico presuntivo é de cervicite por clamídia.
inflamação do epitélio ectocervical pode ser causada
pelos mesmos microrganismos responsáveis pela 3. Devem ser feitos exames para gonorreia e clamídia, de
vaginite. Na verdade, o epitélio escamoso ectocervical é preferência testes de amplificação de ácido nucleico. A
uma extensão do epitélio vaginal e é contínuo a ele. etiologia microbiana da endocervicite é desconhecida em
cerca de 50% dos casos nos quais não são detectados
• Principais agentes etiológicos das cervicites e uretrites gonococos nem clamídia.
Chlamydia trachomatis
• Neisseria gonorrhoeae
• Outros agentes: Mycoplasma hominis, Ureaplasma v
urealiticum e infecção secundária (bactérias anaeróbias
e Gram-negativas).
A maioria dos casos de cervicites é assintomática, sendo
descobertos apenas durante a investigação diagnóstica. A
ausência de sintomas dificulta o seu diagnóstico e
favorece as inúmeras complicações advindas de quadros,
como endometrite, doença inflamatória pélvica (DIP),
desfechos adversos para gestantes e recém-nascidos,
incluindo ainda maior risco de aquisição do vírus da • BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de Janeiro:
imunodeficiência humana (HIV) e do câncer cervical. Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. (Orgs.).
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia FEBRASGO. São
Quanto às manifestações clínicas da cervicite clamidiana, Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC, Baracat EC, Lima GR
• https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046513/femina-2019-474-235-
elas são discretas e frequentemente passam 240.pdf
despercebidas. Quando apresenta quadro clínico, podem
ocorrer: colo edemaciado (volume aumentado),
hiperemiado, com mucorreia (eventualmente purulenta),
friável (sangra fácil ao toque); acentuação do ectrópio
(mácula rubra), dor no ato sexual e à mobilização do colo
uterino ao exame ginecológico.

@resumeairafa
Rafaela Amaral Corrimento vaginal 4° período - FPME
Elucidar o que é a mamografia, como ela é realizada, a • Aproximar a mama do filme, contribuindo para aumentar
o contraste e a nitidez, assim como reduzir a radiação
sua finalidade e a sua recomendação. espalhada.
A mamografia é o método de eleição para rastreamento • Diminuir a superposição de estruturas da mama,
do câncer de mama, por ser o único adequadamente reduzindo a possibilidade de lesões falsas e permitindo que
testado para a finalidade de reduzir a mortalidade em lesões suspeitas sejam detectadas com mais facilidade.
pacientes assintomáticas. A sensibilidade da mamografia A compressão está correta quando há boa separação dos
varia enormemente com a densidade mamária: 76% a tecidos da mama e não há perda de definição da imagem
98% em mamas gordurosas e apenas 30% a 64% em (borramento) em razão do movimento da paciente. Como
mamas extremamente densas, aumentando critério geral, a mama deve ser comprimida até que a
significativamente a ocorrência de câncer de intervalo glândula fique uniformemente espalhada o máximo
nesse segundo grupo. possível.

A mamografia nada mais é do que uma radiografia das


mamas. Os cânceres de mama de crescimento lento são A mamografia de rastreamento – exame de rotina em
identificados por mamografia ao menos 2 anos antes que mulheres sem sinais e sintomas de câncer de mama – é
o tumor alcance um tamanho detectável pela palpação. O recomendada na faixa etária de 50 a 69 anos, a cada dois
comportamento biológico desses tumores é menos anos. Fora dessa faixa etária e dessa periodicidade, os
agressivo que o do câncer de mama de intervalo. A riscos aumentam e existe maior incerteza sobre benefícios.
mamografia é o único método reprodutível de detecção Para as mulheres com idade de 20 a 39 anos, é sugerido
do câncer de mama impalpável. um exame clínico da mama pelo menos a cada 3 anos,
Como realizar: como parte do exame de uma mulher saudável. Para as
Posicionamento: o objetivo do posicionamento é incluir mulheres com mais de 40 anos, a recomendação é de
a máxima quantidade de glândula mamária na exame clínico da mama e mamografia anuais. Nas
radiografia. A maior porção possível da mama deve ser mulheres idosas, as recomendações de rastreamento
incluída na mamografia e não deve haver dobras de pele mamográfico podem ser individualizadas de acordo com a
ou projeções de outras partes do corpo sobre a imagem existência de comorbidades. A idade cronológica isolada
da mama. não deve ser considerada uma contraindicação ao
Compressão: A compressão é necessária para: rastreamento mamográfico desde que a mulher tenha
• Imobilizar a mama, reduzindo o movimento da saúde razoável e seja uma eventual candidata à cirurgia do
paciente. câncer de mama.
• Reduzir a espessura da mama, contribuindo para
redução da dose.

• BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de Janeiro:


Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. (Orgs.).
Atualização em mamografia para técnicos em radiologia • Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia FEBRASGO. São
Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC, Baracat EC, Lima

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Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
Entender o que é um sangramento uterino
CAUSAS ESTRUTURAIS
P – Pólipo
anormal e suas classificações
Os pólipos endometriais são projeções da mucosa
endometrial (camada basal) que podem apresentar base
• Etiologia / Epidemiologia larga ou pediculada, ser únicos ou múltiplos, variar de
• Quadro clínico / Fisiopatologia milímetros a centímetros de tamanho. São habitualmente
• Diagnóstico / Tratamento/Intervenções lisos, regulares, com rede vascular pouco desenvolvida e
contendo uma quantidade variável de glândulas e
O sangramento uterino anormal (SUA) é um distúrbio estroma.
em que um ou mais dos parâmetros do sangramento A prevalência dos pólipos endometriais varia de 7,8% a
uterino normal está alterado: quantidade, duração ou 34%, em mulheres com SUA, sendo mais comuns em
frequência. mulheres na peri e pós-menopausa, e estão associados
Sangramento uterino normal: fluxo menstrual com ao uso de tamoxifeno, à dismenorreia e infertilidade.
duração de três a oito dias, com perda sanguínea de 5 a Q.C: aumento do volume menstrual, menstruações
80 mL e ciclo que varia entre 24 e 38 dias (variabilidade irregulares, sangramento pós-coito ou intermenstrual.
de três dias). Fisiopatologia: A origem do PE e sua patogênese ainda
Sua pode apresentar-se como um quadro crônico, no não são bem conhecidas, e alguns fatores parecem estar
contexto de episódios que se repetem pelo menos nos relacionados com a progressão para lesão maligna, como
seis meses anteriores, ou como um quadro agudo, que idade avançada, alterações genéticas, o tamanho do
requer cuidados urgentes ou de emergência. pólipo e o sangramento associado.
Estudos experimentais relatam que o crescimento do PE
O SUA é uma condição frequente, de etiologia múltipla, está relacionado à perda do seu mecanismo pró-
e que pode ocorrer em qualquer fase do período apoptótico, associado à hiperexpressão do gene bcl-2.
reprodutivo da mulher; a idade da mulher influencia Essa alteração parece correlacionar-se com o
diretamente na orientação das hipóteses diagnósticas. hiperestrogenismo, uma vez que o estrogênio aumenta a
Adolescência - irregularidade pode ser consequência da expressão do bcl-2.
imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise. A maior parte dos PE tem a superfície homogênea e de
Mulheres entre 20 e 40 anos de idade - excluídas causas coloração esbranquiçada e, frequentemente, é revestida
obstétricas, podem ocorrer por causas decorrentes de por endométrio. Pode apresentar superfície hemorrágica
lesão estrutural nos órgãos ou ausência dessas lesões. em caso de sangramento ou infarto pela torção da base.
+ mais de 40 anos até a menopausa - irregularidades no Diagnóstico:
padrão dos ciclos menstruais - flutuações na função do • Exame especular (quando o pólipo endocervical se
eixo e patologias do endométrio e miométrio. exterioriza pelo orifício externo do colo);
No climatério, na pósmenopausa e na senescência, • Quando não exteriorizados pelo orifício externo, pode-se
predominam as causas endometriais. utilizar a pinça de Menckel ou Kogan, que foi
desenvolvida para explorar o canal.
O Grupo de Desordens Menstruais, sob a
• Espessamento endometrial observado à US transvaginal.
responsabilidade da Federação Internacional A confirmação requer observação, por histeroscopia ou
Ginecologia Obstetrícia (FIGO), desenvolveu um histerossonografia, ou exame histológico de tecido obtido
acrônimo denominado PALM-COEIN de terminologia
por biopsia no consultório ou de amostra de curetagem.
flexível para a classificação das causas de SUA.
Tratamento:
A polipectomia histeroscópica é uma opção eficaz e segura
para diagnóstico e tratamento, com recuperação rápida e
precoce retorno às atividades. O grande limitador da
polipectomia endometrial é o tamanho da base da lesão.
Pequenos pólipos (menores que 0,5 cm) podem ser
removidos ambulatoriamente. Pólipos maiores (mais de
0,5 cm) podem ser removidos em bloco pela ressecção da
Em geral, os componentes do grupo PALM são entidades base de implantação da lesão.
estruturais que podem ser visualizadas em exames de
imagem ou avaliadas pela histopatologia. Já no grupo
COEIN, participam entidades que não apresentam essas
características.

O SUA é uma condição comum que afeta até 40% de


mulheres no mundo. Estima-se que, entre as mulheres
com SUA agudo que procuram atendimento, 49,2%
apresentam uma concomitante condição médica que
justifica o sangramento e 53% delas já apresentaram um
quadro prévio de SUA que exigiu tratamento.

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Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
A – Adenomiose geral ao estrogênio ao longo da vida, como obesidade e
A adenomiose é definida como a presença de estroma e menarca precoce, elevam a incidência.
glândulas endometriais no miométrio, distante no Os níveis séricos de estrogênio e progesterona são
mínimo um campo de grande aumento da base do semelhantes em mulheres com e sem miomas detectáveis
endométrio. Embora às vezes seja observada em ao exame clínico. No entanto, em razão dos elevados
mulheres no início da idade reprodutiva, a idade média níveis de aromatase nos miomas, a produção de “novo”
das mulheres sintomáticas costuma ser acima de 40 anos. estradiol é maior que no miométrio normal. A
Segundo estudos, a maior paridade, a menarca precoce progesterona é importante na patogenia dos miomas,
e os ciclos menstruais mais curtos são possíveis que têm maior concentração de receptores da
fatores de risco. Na adenomiose, o tecido endometrial progesterona A e B que o miométrio normal. O maior
ectópico tende a induzir o alargamento uterino difuso número de mitoses é encontrado em miomas no pico de
(alargamento uterino globular). O tamanho do útero produção de progesterona. (Atenção com mioma na
pode duplicar ou triplicar, mas tipicamente não excede gravidez) O risco de ter mioma é 2,5 vezes maior nas
ao tamanho de um útero na 12ª semana de gestação. mulheres com alguma parente em primeiro grau com
Quadro clínico: mioma, sendo o mioma associado, também, a peso,
Os sintomas habitualmente associados à adenomiose são alimentação, fatores de crescimento e atividades físicas.
sangramento menstrual intenso ou prolongado, Quadro clínico: Sangramento anormal, dor pélvica,
dispareunia e dismenorreia. Muitas vezes, os sintomas sintomas urinários. Os sintomas variam de acordo com a
começam até 2 semanas antes do início do fluxo localização do mioma. Os miomas são classificados,
menstrual e podem somente cessar após o fim da segundo a FIGO, em submucosos, intramurais e
menstruação. O útero costuma apresentar aumento subserosos tipos 0 a 8. Os submucosos são os mais
difuso, embora, em geral, seja menor que 14 cm; muitas envolvidos com o SUA.
vezes, temconsistência mole e é doloroso, sobretudo na
época da menstruação. A mobilidade do útero não é
limitada e não há patologia anexial associada
Eelaciona-se, essencialmente, com a profundidade do
miométrio atingido.
Diagnóstico:
A adenomiose é um diagnóstico clínico. Os exames de
imagem – entre eles US ou RM pélvica –, embora úteis,
não são definitivos.
Tratamento:
A adenomiose geralmente é tratada com histerectomia.
Porém, estudos mostram que os sintomas podem ser Tipo 0 – Intracavitário (p. ex., mioma submucoso
controlados com terapias supressivas semelhantes às pediculado, totalmente dentro da cavidade)
utilizadas para SUA sem alteração estrutural, tais como Tipo 1 – Menos de 50% do diâmetro do mioma está no
contraceptivos combinados, progestagênios, sistema miométrio
intrauterino liberador de levonorgestrel, em especial Tipo 2 – 50% ou mais do diâmetro do mioma está no
quando há desejo de manter a capacidade reprodutiva. miométrio
Tipo 3 – Toca o endométrio sem nenhum componente
intracavitário
Tipo 4 – Intramural e totalmente dentro do miométrio, sem
extensão para a superfície endometrial nem para a serosa
Tipo 5 – Subseroso, no mínimo 50%intramural
Tipo 6 – Subseroso, menos de 50%intramural
Tipo 7 – Subseroso, fixado na serosa por um pedículo Tipo
8 – Ausência de acometimento do miométrio; inclui
localização cervical, nos ligamentos redondo ou largo sem
L – Leiomioma fixação direta no útero e miomas “parasitos”.
Os miomas são tumores monoclonais benignos das Diagnóstico: De modo geral, os miomas subserosos e
células musculares lisas do miométrio e contêm grandes intramurais importantes do ponto de vista clínico podem
agregados de matriz extracelular constituídos de ser diagnosticados por exame pélvico com base nos
colágeno, elastina, fibronectina e proteoglicanos. achados de um útero aumentado, irregular, firme e indolor.
Etiologia: sem compreensão, mas com pesquisas nos A US é a técnica de imagem mais acessível e de menor
fatores hormonais, genéticos e de seu crescimento. custo para se diferenciar miomas de outras doenças
Tanto o estrogênio quanto a progesterona parecem pélvicas e é, de certo modo, confiável para avaliação do
promover o surgimento de mioma. Os miomas raramente volume uterino menor que 375cc e quando há quatro ou
são observados antes da puberdade, são mais menos miomas.
prevalentes durante a idade reprodutiva e regridem
após a menopausa. Fatores que aumentam a exposição
@resumeairafa
Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
indicativo de aumento do útero ou de disseminação
extrauterina da doença. Às vezes, não há sangramento
devido à estenose cervical, sobretudo em pacientes idosas,
o que pode estar associado à hematometra ou piometra,
que causa corrimento vaginal purulento. Esse achado
costuma estar associado a um prognóstico sombrio
Diagnóstico:
A biopsia por aspiração do endométrio realizada no
consultório é a primeira etapa aceita na avaliação de uma
paciente com sangramento uterino anormal ou suspeita de
doença do endométrio. A precisão diagnóstica da biopsia
endometrial no consultório é de 90 a 98% em comparação
com achados subsequentes na dilatação e curetagem ou na
histerectomia
Na ausência de sintomas, o câncer de endométrio costuma
ser detectado a partir da investigação de resultados
anormais do exame de Papanicolaou, diagnóstico de
Tratamento: expectante, clínico e cirúrgico câncer em um útero removido por alguma outra razão ou
Não é possível prever o crescimento dos miomas nem o avaliação de um achado anormal à ultrassonografia pélvica
surgimento de novos sintomas no futuro. ou tomografia computadorizada (TC) obtida por outro
Na presença de sintomas, pode-se proceder ao tratamento motivo.
farmacológico, que tem como alternativas os mesmos O exame de Papanicolaou não é fidedigno para
medicamentos disponíveis para a redução do diagnóstico, porque apenas 30 a 50% das pacientes com
sangramento não estrutural. Não havendo resposta ao câncer endometrial apresentam resultados anormais
tratamento clínico, deve-se considerar a abordagem As mulheres com câncer de endométrio antes da
cirúrgica, na qual a via e o tipo de abordagem dependerão menopausa sempre apresentam sangramento uterino
do número, da localização, do tamanho do mioma e do anormal, muitas vezes caracterizado como
desejo futuro de concepção menometrorragia ou oligomenorreia, ou sangramento
cíclico que persiste após a idade habitual da menopausa.
Anti-inflamatórios não-hormonais: reduzem em 30%
episódios de sangramento e auxiliam no controle do CAUSAS NÃO-ESTRUTURAIS
sangramento (não é o melhor tratamento devido à baixa
C – Coagulopatia
resolutividade);
A causa mais comum é a doença de von Willebrand
Hormonais: inibe o endométrio e os receptores do
(DVW), porém também devem ser citadas hemofilia,
mioma. AC ou não. disfunções plaquetárias, púrpura trombocitopênica e os
distúrbios de coagulação associados a doenças como
As opções de tratamento cirúrgico são miomectomia hepatopatias e leucemia.
abdominal, miomectomia laparoscópica, miomectomia Especial atenção para essa causa para as jovens com
histeroscópica, ablação do endométrio e histerectomia
história de sangramento abundante desde a menarca e
abdominal, vaginal ou laparoscópica. O tratamento da
com anemia. Dessa forma, deve-se considerar a presença
dor causada por degeneração de miomas com
de coagulopatia congênita ou adquirida quando a
analgésicos costuma ser eficaz, mas a paciente pode
história clínica revelar: sangramento aumentado desde
optar pela cirurgia quando os sintomas são intensos. menarca; uma das seguintes condições (hemorragia após o
parto e/ou hemorragia relacionada a cirurgia e/ou
M – Malignidade e hiperplasia sangramento aumentado associado a tratamento dentário);
Entre os fatores de risco para o adenocarcinoma do duas ou mais das seguintes condições (hematoma pelo
endométrio, alinham-se a obesidade, o diabetes e a
menos uma vez ao mês e/ou epistaxe pelo menos uma vez
hipertensão. Ademais, qualquer condição de exposição
ao mês e/ou sangramento gengival frequente e/ou história
prolongada aos estrogênios sem oposição de
familiar de sangramento).
progestagênios deve ser considerada como risco para a
doença. Em geral, clinicamente devem ser suspeitados O – Distúrbio ovulatório
pela presença de sangramento, que ocorre na grande Os sangramentos anovulatórios podem ocorrer em
maioria das vezes no período após a menopausa qualquer época, embora se concentrem nos extremos do
período reprodutivo. Devem ser incluídos, além dos
Quadro clínico: Cerca de 90% das mulheres com
sangramentos anovulatórios, os sangramentos irregulares
carcinoma de endométrio apresentam sangramento ou
decorrentes de outras disfunções ovulatórias (como a
corrimento vaginal como único sintoma inicial; a maioria insuficiência do corpo lúteo e o encurtamento da fase
das mulheres percebe a importância desses sintomas e folicular da pré-menopausa).
procura o médico dentro de 3 meses. Algumas mulheres
queixam-se de pressão ou desconforto pélvico,
@resumeairafa
Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
No período reprodutivo, a causa mais frequente de Progestagênio isolado sistêmico
anovulação é a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Os progestagênios promovem a atrofia endometrial por
É considerada a desordem endócrina mais comum, vários mecanismos e têm ação anti-inflamatória, porém
afetando 5% a 10% das mulheres na menacme. ainda há lacunas no conhecimento de como promovem
redução do sangramento. Embora possam ser indicados
E – Endométrio para a maioria das mulheres, seu uso é particularmente
Distúrbios primários do endométrio frequentemente se relevante para as que apresentam contraindicação ou
manifestam como alterações de hemostasia não toleram o uso de estrogênios. Há diferentes
endometrial local, decorrente de resposta inflamatória, progestagênios, utilizados por diferentes vias e doses,
como na doença inflamatória pélvica. sendo seu uso contínuo, cíclico, por via oral, injetável ou
intrauterina. O principal limitante ao uso contínuo de
I – Iatrogenia progestagênio isolado são os sangramentos inesperados
Entre as causas de iatrogenia responsáveis por SUA, decorrentes da atrofia endometrial. O uso cíclico dos
devem ser lembrados os sistemas intrauterinos progestagênios parece não ser a melhor opção terapêutica
medicados ou inertes e agentes farmacológicos que para o controle do sangramento uterino. Na literatura
alteram diretamente o endométrio, interferindo nos científica, há estudos mostrando aumento em 20% no
mecanismos de coagulação do sangue ou sangramento menstrual com o uso cíclico (administração
influenciando a ovulação. Os anticoncepcionais por via oral por sete a dez dias ao mês) de noretisterona.
hormonais estão com frequência associados a Uma extensa revisão da literatura concluiu que o sistema
sangramentos intermenstruais e manchas (spotting). liberador de levonorgestrel, os contraceptivos combinados
Entre outros medicamentos associados à SUA, estão os e os antifibrinolíticos são todos superiores ao uso de um
anticoagulantes, o ácido acetilsalicílico, os progestagênio ciclicamente.
antiepilépticos, os hormônios da tireoide, os O uso contínuo do progestagênio oral tem se mostrado
antidepressivos, o tamoxifeno (lembrar da associação efetivo na redução do volume do sangramento, podendo
benéfica com o câncer de mama e não benéfica com o bloquear os períodos de menstruação, promovendo
endométrio) e os corticosteroides. amenorreia em um percentual de mulheres. Seu uso
baseia-se na intenção de produzir atrofia endometrial,
N – Causas não classificadas consequentemente reduzindo a ação estrogênica sobre a
Incluem lesões locais ou condições sistêmicas raras que proliferação endometrial. Pode ser indicado tanto em
podem ser causas de SUA, a exemplo das malformações mulheres anovulatórias como nas ovulatórias com
arteriovenosas, da hipertrofia miometrial, das alterações sangramento de causa endometrial.
müllerianas e da istmocele.
Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel
Tratamento do sangramento uterino anormal de (SIULNG)
causa não estrutural O SIU-LNG libera 20 mcg de levonorgestrel diariamente,
O tratamento pode ser medicamentoso (farmacológico) resultando, por vários mecanismos, em atrofia
ou cirúrgico. As opções disponíveis são hormonal endometrial, com redução do sangramento. É considerado
(estrogênio e progestagênio combinados; progestagênio mais efetivo para o controle do SUA do que os tratamentos
oral cíclico ou contínuo; progestagênio injetável; sistema orais. Além da grande redução, de 71% a 96%, no volume
uterino liberador de levonorgestrel) e não hormonal de sangramento e consequente melhoria na qualidade de
(anti-inflamatórios; antifibrinolíticos). vida, parece ter melhor aceitação considerando o
tratamento prolongado, com menos incidências de efeitos
Tratamento hormonal adversos. Esse método não deve ser usado quando a
Estrogênio e progestagênio combinados cavidade uterina não é regular, devido ao risco aumentado
Os contraceptivos combinados contendo estrogênio e de expulsão. O efeito adverso mais relatado é a ocorrência
progestagênio reduzem a perda sanguínea menstrual de sangramento inesperado, mais frequentemente nos
em 35% a 72%, sendo uma opção terapêutica para a primeiros meses de uso. Nessa situação, a utilização de
maioria das causas de SUA sem alteração estrutural. ácido tranexâmico ou anti-inflamatórios pode trazer
Geralmente os contraceptivos combinados monofásicos benefícios.
são usados em esquemas cíclicos, com pausas, mas
podem também ser administrados continuamente, Tratamento não hormonal
reduzindo também o número de episódios de O tratamento não hormonal do SUA inclui o uso de
menstruação. Regimes contínuos se mostraram antifibrinolíticos ou de anti-inflamatórios não
superiores que o uso cíclico das formulações esteroidais (AINEs). Está particularmente indicado para
combinadas. Uma limitação importante ao seu uso é o mulheres que não desejam usar hormônios ou que tenham
desejo reprodutivo imediato, uma vez que esses contraindicação ao uso de hormônios, além de mulheres
esquemas têm ação anovulatória. No tratamento do SUA, com desejo de gestação.
os contraceptivos combinados também são norteados Antifibrinolíticos
pelos critérios de elegibilidade da OMS para métodos Estudos têm mostrado que mulheres com aumento do
contraceptivos, respeitando-se as contraindicações para fluxo menstrual podem apresentar ativação do sistema
o uso de estrogênio. fibrinolítico durante a menstruação, com aceleração da
@resumeairafa
Rafaela Amaral Sangramento uterino anormal 4° período - FPME
degradação do coágulo de fibrina, formado para conter o Embora a histerectomia esteja associada a maior tempo
sangramento. Medicações que atuam reduzindo a cirúrgico, período de recuperação mais prolongado e
fibrinólise podem reduzir o sangramento. Nessa maiores taxas de complicações pós-operatórias, oferece
categoria, o ácido tranexâmico é um medicamento melhores resultados e mais definitivos para o tratamento
frequentemente indicado. O ácido tranexâmico é um do SUA, enquanto o custo da ablação endometrial é
antifibrinolítico com meia-vida curta, devendo ser usado significativamente menor do que o da histerectomia, mas
três a quatro vezes ao dia, com dose recomendada a reabordagem cirúrgica é muitas vezes necessária, por
variável de acordo com diferentes fontes da literatura. isso a diferença de custo se estreita ao longo do tempo.

Tratamento cirúrgico do SUA sem lesão estrutural Histerectomia


O tratamento cirúrgico no SUA sem causa estrutural é Procedimento de retirada do útero. É um tratamento de
indicado quando há falha do tratamento clínico. Entre as exceção para o tratamento do SUA de causa não estrutural,
formas de tratamento cirúrgico, estão a ablação do possuindo alto índice de satisfação das pacientes, por ser
endométrio e a histerectomia. curativo. Na comparação com ablação de endométrio,
estudos randomizados mostraram maiores índices de
Ablação endometrial satisfação entre as mulheres submetidas à histerectomia.
O objetivo dessa técnica é promover a destruição do O sangramento uterino disfuncional é a indicação de cerca
endométrio, com lesão da camada basal dele, o que de 20% das histerectomias.
impede a sua regeneração. Apresenta bons resultados
quando o útero tem histerometria inferior a 10 cm.
Podem ser empregadas várias técnicas para a destruição
endometrial, todas com sucesso relativamente parecido,
gerando melhora importante do sangramento e taxa de
amenorreia, após um ano, em torno de 40% a 50%.

REFERÊNCIAS
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia
FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC,
Baracat EC, Lima GR
• https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/03/1052445/femina-
2019-481-54-58.pdf
• BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES,
J. M. C. (Orgs.).

@resumeairafa
Rafaela Amaral DPC – Endometriose 4° período - FPME
Compreender a DPC Estudar a endometriose
Definição/ Etiologia/ Epidemiologia Definição/ Etiologia/ Epidemiologia/ Quadro clínico/ Fisiopatologia/
A dor pélvica crônica (DPC) é um distúrbio Diagnóstico/ Tratamento/ Intervenção/ Prognóstico
multifacetado, caracterizado por alterações no A endometriose é definida como a ocorrência de tecido
processamento de sinais aferentes nos órgãos endometrial (glândulas e estroma) fora do útero. Os
pélvicos, nos tecidos somáticos adjacentes, na medula locais mais frequentes de implantação são as vísceras
espinal e no encéfalo. As inervações toracolombar e pélvicas e o peritônio. (Lembrar que prof Orlando Pineli
sacral em comum das estruturas pélvicas e o aumento do disse que o ligamento uterossacro é o local mais
processamento de impulsos neurais no sistema nervoso acometido). O aspecto da endometriose varia de algumas
central (SNC) são responsáveis pela multiplicidade de lesões mínimas em órgãos pélvicos a grandes cistos
sintomas somáticos e psicológicos presentes nas endometrióticos ovarianos, os quais distorcem a anatomia
mulheres que sofrem de DPC. tubo-ovariana e extensas aderências que acometem o
A DPC é definida como a dor com duração maior que intestino, a bexiga e o ureter.
6 meses, localizada na pelve e intensa o bastante para
causar incapacidade funcional ou exigir cuidados A endometriose é predominante nas mulheres em idade
médicos. Abrange muitas causas, desde as etiologias do reprodutiva, embora também seja descrita em
sistema reprodutivo, gastrintestinais e urinárias até a dor adolescentes e nas mulheres pós-menopausa em terapia de
miofascial e as síndromes de compressão nervosa. reposição hormonal. As estimativas da frequência de
A etiologia da DPC muitas vezes está associada a endometriose variam muito; no entanto, acredita-se que a
alterações na modulação ou à “intensificação” de prevalência seja de aproximadamente 10%. Há alta
estímulos normalmente indolores. A dor é prevalência de endometriose (de 20 a 90%) em mulheres
desproporcional ao grau de lesão tecidual. Além disso, com dor pélvica ou infertilidade. Naquelas com
acredita-se que a predisposição genética, as pressões infertilidade sem causa aparente com ou sem dor (ciclo
ambientais adversas e o meio hormonal aumentem a regular, parceiro com espermograma normal), a
vulnerabilidade e a predisposição a distúrbios de dor prevalência de endometriose é de até 50%. Em mulheres
crônica. assintomáticas submetidas a ligadura tubária (mulheres
com fertilidade comprovada), a prevalência varia de 3 a
A medula espinal é um importante local de mecanismos 43%. O risco de endometriose é sete vezes maior quando
de “controle”, como excitação, inibição, convergência e há uma parenta em primeiro grau afetada por
soma de estímulos neurais. Na lesão de tecidos viscerais, endometriose. Como não é identificado padrão de herança
pode haver ativação de um subgrupo de fibras C mendeliano específico, postula-se que a herança seja
nociceptivas (levam informação de dor) que, em geral, multifatorial.
estão latentes, denominadas aferentes “silenciosas”.
Então, o corno posterior da medula espinal é inundado São fatores de risco para endometriose: infertilidade, ter
por estímulos químicos nocivos que, com o tempo, cabelo ruivo, menarca em idade precoce, ciclos
podem intensificar os sinais no corno posterior e no menstruais mais curtos, hipermenorreia, nuliparidade,
encéfalo, e a sensação de dor pode ser persistente e anomalias do ducto de Müller, peso ao nascimento
amplificada, mesmo após a resolução. (menos de 3,2 kg), a paciente ter nascido de gestação
múltipla, exposição ao dietilestilbestrol (DES),
Na primeira consulta, deve-se obter uma história endometriose em parente de primeiro grau, estatura
completa da dor, levando-se em conta a natureza de cada elevada, exposição à dioxina ou a bifenis policlorados
sintoma: localização, irradiação, intensidade, fatores que (BPC), alimentação rica em gordura e carne vermelha
a agravam e aliviam; efeito do ciclo menstrual, estresse, e cirurgias ou tratamento clínico prévios de
trabalho, exercício, relação sexual e orgasmo; o contexto endometriose. O uso prévio de contracepção ou DIU e o
no qual a dor surgiu; e o custo social e ocupacional da tabagismo não estão associados a aumento do risco de
dor. endometriose. Os fatores de proteção contra o
desenvolvimento de endometriose são: multiparidade,
A prevalência estimada de dor pélvica crônica é de 3,8% lactação, exposição intrauterina ao tabaco, aumento do
em mulheres de 15 a 73 anos, variando de 14 a 24% em índice de massa corporal (IMC), aumento da razão
mulheres na idade reprodutiva, com impacto direto em cintura-quadril, exercício e alimentação rica em
todos os âmbitos da vida, o que transforma a dor pélvica hortaliças e frutas.
crônica em um sério problema de saúde pública. Cerca
de 60% das mulheres com a doença nunca receberam o A endometriose é uma doença estrogênio-dependente.
diagnóstico específico e 20% nunca realizaram qualquer Três teorias foram propostas para explicar a histogênese
investigação para elucidar a causa da dor. da endometriose; são elas:
1. Transplante ectópico de tecido endometrial
2. Metaplasia celômica
3. Teoria da indução.
No entanto, nenhuma dessas teorias sozinhas explica a
ocorrência de endometriose em todos os casos.
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Rafaela Amaral DPC – Endometriose 4° período - FPME
Teoria do transplante Quadro clínico:
Baseia-se na suposição de que a endometriose é causada Deve-se suspeitar de endometriose em mulheres com
pela semeadura ou implantação de células infertilidade, dismenorreia, dispareunia ou dor pélvica
endometriais por regurgitação transtubária durante crônica. A endometriose pode ser assintomática, mesmo
a menstruação. A menstruação retrógrada ocorre em 70 em mulheres com doença mais avançada.
a 90% das mulheres e pode ser mais comum em mulheres A endometriose moderada ou grave acomete os ovários e
com endometriose que naquelas sem a doença. A causa aderências que bloqueiam a motilidade tubo-
evidência de células endometriais no líquido peritoneal, ovariana e a captação do óvulo, por isso a infertilidade.
indicativa de menstruação retrógrada, é descrita em 59 a
79% das mulheres durante a menstruação ou no início da Pode estar associada a sintomas gastrintestinais
fase folicular, e essas células podem ser cultivadas in importantes (dor, náuseas, vômito, saciedade precoce,
vitro. A endometriose é mais frequente nas porções meteorismo e distensão abdominal, bem como
mais inferiores (caudais) da pelve – ovários, fundo de alteração dos hábitos intestinais). A maioria das
saco anterior e posterior, ligamentos uterossacros, parte mulheres com a doença apresenta uma alteração
posterior do útero e parte posterior dos ligamentos característica da motilidade (espasmo da ampola de Vater-
largos. A teoria do refluxo menstrual combinada a uma duodeno, equivalente a convulsões no sistema nervoso
movimentação (fluxo) de líquido peritoneal em sentido entérico, junto com supercrescimento bacteriano).
horário explica tanto a localização predominante da
endometriose no lado esquerdo da pelve (as células Em mulheres adultas, a dismenorreia pode ser
endometriais refluídas implantam-se com mais particularmente sugestiva de endometriose se começar
facilidade próximo ao retossigmoide) como a maior após anos de menstruação sem dor. Em geral, a
frequência da endometriose diafragmática no lado direito dismenorreia surge antes do início do sangramento
(as células endometriais refluídas implantam-se no menstrual e continua durante todo o período menstrual.
ligamento falciforme). A endometriose ovariana pode ser
causada por menstruação retrógrada ou por fluxo A distribuição da dor é variável, embora seja bilateral na
linfático do útero para o ovário; a metaplasia e o maioria das vezes. Os sintomas locais podem decorrer do
sangramento de algum corpo lúteo podem ser essenciais acometimento retal, ureteral e vesical, e é possível que
no surgimento de certos endometriomas. também haja dor lombar. Todos os tipos de endometriose
estão associados à dor pélvica, inclusive a endometriose
Metaplasia celômica mínima a leve. Os endometriomas podem ser considerados
um indicador de maior intensidade de lesões
A transformação (metaplasia) do epitélio celômico em
infiltrativas profundas.
tecido endometrial é proposta como um mecanismo de
origem da endometriose. Determinado estudo que
A endometriose está associada a anovulação,
avaliou a expressão de antígenos estruturais e da desenvolvimento anormal do folículo com
superfície celular na rete ovarii e no epoóforo relatou
comprometimento do seu crescimento, redução dos níveis
poucas características comuns entre a endometriose e o
circulantes de E2 durante a fase pré-ovulatória,
epitélio da superfície ovariana, sugerindo que a
perturbação dos padrões de pico de hormônio luteinizante
metaplasia seja improvável no ovário.
(LH), spotting pré-menstrual, síndrome de luteinização de
folículo não roto, galactorreia e hiperprolactinemia.
Teoria da indução
A teoria da indução – extensão da teoria da metaplasia 6D’s da endometriose: dismenorreia, dor pélvica,
celômica – propõe que um fator bioquímico endógeno dispareunia, dor para urinar, dificuldade para
(indefinido) seja capaz de induzir a transformação de engravidar, dor intestinal.
células peritoneais indiferenciadas em tecido
endometrial. Diagnóstico
Padrão ouro: RM; apesar de pedirem ultrassom pélvico e
O sistema imune pode estar alterado em mulheres com transvaginal.
endometriose, e existe a hipótese de que a doença seja Em comparação com a laparoscopia, a ultrassonografia
consequência de uma menor eliminação imunológica (US) transvaginal é inútil no diagnóstico de
de células endometriais viáveis da cavidade pélvica. endometriose peritoneal, mas facilita o diagnóstico ou a
Há a possibilidade de a endometriose ser causada por exclusão de endometrioma ovariano.
diminuição da eliminação de células endometriais do
líquido peritoneal decorrente da menor atividade das Além disso, pode ser usado o marcador CA 125 para
células natural killers (NK) ou da diminuição da acompanhar o tratamento da endometriose e se está
atividade dos macrófagos. A diminuição da surtindo efeito.
citotoxicidade celular contra células endometriais
autólogas foi associada à endometriose.

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Rafaela Amaral DPC – Endometriose 4° período - FPME

Lesões de endometriose ovariana Progestagênio


O uso dos progestagênios de forma contínua resulta em
bloqueio ovulatório e inibição do crescimento
endometrial, com consequente atrofia das lesões.

O acetato de noretindrona, que é um derivado da 19-nor-


testosterona, é um dos progestagênios orais mais utilizados
no tratamento da endometriose, na dose de 2,5 a 10 mg ao
dia de forma contínua. Outra opção por via oral é o
dienogeste na dose de 2 mg. Uma recente revisão
Lesões no peritônio sistemática mostrou que a medicação reduziu os sintomas
álgicos relacionados a endometriose, teve efeito
comparável ao da leuprolida (análogo do hormônio
liberador de gonadotrofina – GnRH), porém não foram
ainda publicados estudos o comparando com outros
progestagênios.

Contraceptivo combinado
O uso de pílulas combinadas de estrogênios e
progestagênios é indicado como tratamento de primeira
linha por diversos guidelines de sociedades. O mecanismo
Tratamento de ação é similar ao dos progestagênios, agindo
Pacientes sintomáticas com endometriose podem ser principalmente na decidualização e atrofia do tecido
tratadas com analgésicos, hormônios, cirurgia, endometrial ectópico.
reprodução assistida ou uma combinação dessas
modalidades. Independentemente do perfil clínico Agonistas do GnRH
(infertilidade, dor, achados assintomáticos), o tratamento Os agonistas do GnRH agem no hipotálamo, ocupando os
pode ser justificado, pois a endometriose parece avançar receptores do GnRH, o que provoca a inibição da liberação
em 30 a 60% das pacientes em 1 ano após o diagnóstico, de hormônio folículo-estimulante (FSH) e LH pela
e não é possível prever em que pacientes ocorrerá esse hipófise. Consequentemente, ocorre um estado de
avanço. anovulação e hipoestrogenismo, semelhante ao observado
A preservação da função reprodutiva é desejável na no climatério.
maioria das mulheres com endometriose. Muitas delas
têm dor e infertilidade simultâneas ou podem querer ter Tratamento cirúrgico
filhos após o alívio suficiente da dor, o que complica a O tratamento cirúrgico deve ser oferecido às pacientes em
escolha de tratamento. que o tratamento clínico for ineficaz ou contraindicado por
alguma razão. A avaliação dos escores da Escala Visual
O tratamento clínico é eficaz no controle da dor pélvica Analógica (EVA) de Dor é importante para a indicação do
e deve ser o tratamento de escolha na ausência de tratamento.
indicações absolutas para cirurgia. O seguimento deve
ser realizado por equipe multidisciplinar com terapia O objetivo da cirurgia é a remoção completa de todos os
medicamentosa hormonal e analgésica, quando focos de endometriose, restaurando a anatomia e
necessário, e terapias complementares como atividade preservando a função reprodutiva. O procedimento pode
física, fisioterapia, acupuntura e psicologia, conforme as ser realizado por laparoscopia ou laparotomia; no entanto,
indicações apropriadas para cada paciente. há preferência pela laparoscopia, que permite melhor
visualização das lesões endometrióticas, melhor acesso a
alguns pontos da pelve, assim como melhor recuperação
da paciente.

Endometriose peritoneal
As lesões de endometriose podem ser removidas durante
laparoscopia por excisão cirúrgica com tesoura,
coagulação bipolar ou laser (laser de CO2, laser de
potássio-titânio- fosfato ou laser de argônio). Alguns
cirurgiões afirmam que o laser de CO2 é superior pois a
lesão térmica é mínima, mas não existem evidências da
superioridade de uma técnica em relação a outra.

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Rafaela Amaral DPC – Endometriose 4° período - FPME

Endometriose retrocervical e intestinal


A endometriose retrocervical pode envolver os
ligamentos uterossacros, torus uterino, cúpula vaginal e
o septo retovaginal, e as lesões podem também acometer
a parede anterior do retossigmoide.

Endometrioma ovariano
A simples drenagem do conteúdo líquido desse tipo de
cisto mostrou-se ineficaz devido aos altos índices de
recidiva; a maioria dos autores preconiza a retirada da
cápsula como o melhor tratamento. No entanto, temos
que ter em mente que a retirada da cápsula do cisto pode
lesar o parênquima ovariano e diminuir a reserva
ovariana, com consequente comprometimento da função
reprodutiva.

REFERÊNCIAS
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia
FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC, Baracat
EC, Lima GR
• https://www.scielo.br/j/rbgo/a/fKQjFhfJ4RvdQMgbMbsJHSj/?lan
g=pt#:~:text=A%20preval%C3%AAncia%20estimada%20de%20
dor,em%20um%20s%C3%A9rio%20problema%20de
• BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.
(Orgs.).

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Rafaela Amaral DIP – Doença inflamatória pélvica/IST’S 4°P - FPME
Elucidar as principais ISTs
HPV
O HPV (sigla em inglês para papilomavírus humano) é um
• Definição • Etiologia • Epidemiologia DNA-vírus de cadeia dupla, não encapsulado, membro da
família Papovaviridae. Infecta epitélios escamosos e pode
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são induzir uma grande variedade de lesões cutaneomucosas.
causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Atualmente, são identificados mais de 200 tipos de HPV,
E são transmitidas, principalmente, por meio do contato sendo que, desses, aproximadamente 40 tipos acometem o
sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha trato anogenital. A transmissão do HPV dá-se por qualquer
masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja tipo de atividade sexual e, excepcionalmente, durante o
infectada. A transmissão de uma IST pode acontecer, parto, com a formação de lesões cutaneomucosas em
ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto recém-nascidos ou papilomatose recorrente de laringe.
ou a amamentação. De maneira menos comum, as IST
também podem ser transmitidas por meio não sexual, pelo O risco geral estimado para a exposição a essa infecção
contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções é de 15% a 25% a cada nova parceria sexual e a quase
corporais contaminadas. totalidade das pessoas sexualmente ativas adquirirá a
infecção em algum momento de suas vidas. As infecções
A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis são tipicamente assintomáticas. Aproximadamente 1% a
(IST) passou a ser adotada em substituição à expressão 2% da população apresentam verrugas anogenitais e 2% a
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque 5% das mulheres mostram alterações no exame preventivo
destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir de colo do útero provocadas por infecção pelo HPV. A
uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas. prevalência é maior em mulheres abaixo dos 30 anos.

Existem diversos tipos de infecções sexualmente Os tipos de HPV que infectam o trato genital são divididos
transmissíveis, mas os exemplos mais conhecidos são: em dois grupos, de acordo com o potencial oncogênico e
• herpes genital; com as lesões às quais costumam estar associados:
• HPV • Baixo risco oncogênico: tipos 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54,
• Doença Inflamatória Pélvica (DIP) 61, 70, 72 e 81.
• Gonorreia e infecção por Clamídia • Alto risco oncogênico: tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45,
• Linfogranuloma venéreo (LGV) 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82.
• Sífilis Os tipos 26, 53 e 66 provavelmente são de alto risco
• Infecção pelo HTLV oncogênico, enquanto os tipos 34, 57 e 83, de risco
• Tricomoníase indeterminado.

Herpes genital Gonorreia e infecção por Clamídia


As infecções causadas pelo Vírus Herpes Simples (HSV) São IST causadas por bactérias (Neisseria
são causadas por dois tipos, o HSV tipo 1 (HSV-1) e o gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis,
HSV tipo 2 (HSV-2). Os HSV tipos 1 e 2 pertencem à respectivamente). Na maioria das vezes estão associadas,
família Herpesviridae. Embora os HSV-1 e HSV-2 causando a infecção que atinge os órgãos genitais, a
possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há garganta e os olhos.
predomínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas Os sintomas mais frequentes causados por essas infecções
lesões perorais. Após a infecção genital primária por são, na mulher, corrimento vaginal com dor no baixo
HSV-2 ou HSV-1, respectivamente, 90% e 60% dos ventre na mulher, e nos homens, corrimento no pênis e dor
pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 ao urinar. No entanto, é muito comum que as infecções
meses, por reativação viral. causadas por essas bactérias sejam assintomáticas na
maioria dos casos. A falta de sintomas leva as mulheres a
A infecção por HSV, independente do tipo, é endêmica não procurarem tratamento para essas infecções, as quais
em todo o mundo e ocorre igualmente entre ambos os podem se agravar quando não tratadas, causando
sexos. Segundo a OMS, 67% da população mundial está Doença Inflamatória Pélvica (DIP), infertilidade
infectada com o HSV-1. Estima-se que sua prevalência (dificuldade para ter filhos), dor durante as relações
seja mais alta em países de baixa e média renda, podendo sexuais, gravidez nas trompas, entre outros danos à saúde.
chegar até 90% em alguns países.
Não existem dados epidemiológicos no Brasil sobre
No Brasil, a herpes não é uma doença de notificação a clamídia, porque não é uma doença de notificação
compulsória, o que torna difícil sua estimativa fidedigna. obrigatória. Mas dados do Centro de Controle e Prevenção
Associado a isso, existe uma grande porcentagem da de Doenças dos EUA (CDC/2017) mostram que a maioria
população que não manifesta sintomas da doença, o que dos casos acontece em pessoas na faixa etária entre 15 e
contribui para a subnotificação. 24 anos.

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Rafaela Amaral DIP – Doença inflamatória pélvica/IST’S 4°P - FPME
A gonorreia é uma das IST’s mais comuns no mundo, Em 2020, foram notificados no Sinan 115.371 casos de
estimando-se cerca de 25 milhões de novas infecções por sífilis adquirida (taxa de detecção de 54,5 casos/100.000
ano, segundo dados da OMS. A faixa etária mais afetada habitantes); 61.441 casos de sífilis em gestantes (taxa de
dispõe-se entre 15 e 30 anos, sendo a maioria homens detecção de 21,6/1.000 nascidos vivos); 22.065 casos de
entre 20 e 24 anos. sífilis congênita (taxa de incidência de 7,7/1.000 nascidos
vivos); e 186 óbitos por sífilis congênita (taxa de
Linfogranuloma venéreo (LGV) mortalidade de 6,5/100.000 nascidos vivos).

O linfogranuloma venéreo (LGV) é uma infecção crônica Tricomoníase


causada pela bactéria Chlamydia trachomatis,
(sorovariantes L1, L2 e L3) que atinge os órgãos genitais É uma IST causada por causada por um protozoário,
e os gânglios da virilha. É popularmente conhecida como o Trichomonas vaginalis, encontrado com mais frequência
“mula”. na genitália feminina.
Cerca de 30% dos casos são assintomáticos, mas algum
É caracterizado por uma lesão cutânea pequena e muitas sinal clínico pode aparecer. Não há complicações sérias na
vezes assintomática, seguida por linfadenopatia regional mulher na grande maioria dos casos, mas a tricomoníase
na virilha ou pelve. Alternativamente, se adquirido por pode propiciar a transmissão de outros agentes infecciosos
sexo anal, pode se manifestar como proctite grave. agressivos, facilitar DIP, VB e, na gestação, quando não
tratada, pode evoluir para rotura prematura das
A evolução da doença ocorre em três fases: inoculação, membranas.
disseminação linfática regional e sequelas. A tricomoníase é uma doença com fácil prevenção e
diagnóstico, mas mesmo com todas essas facilidades, há
Sífilis uma grande prevalência a nível mundial e
nacional. Estima-se que a prevalência do parasito varia de
200 milhões de casos a cada ano a nível mundial. No Brasil
A sífilis é uma IST curável e exclusiva do ser humano,
a taxa oscila em torno de 4%.
causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode
apresentar várias manifestações clínicas e diferentes
HIV/AIDS
estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária).
A aids é a doença causada pela infecção do Vírus da
Nos estágios primário e secundário da infecção, a
Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês). As
possibilidade de transmissão é maior. A sífilis pode ser
células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. O vírus é
transmitida por relação sexual sem camisinha com uma
capaz de alterar o DNA dessa célula e fazer cópias de si
pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou
mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em
parto.
busca de outros para continuar a infecção.
A transmissibilidade da sífilis é maior nos estágios De 2007 até junho de 2021, foram notificados no Sinan
iniciais (sífilis primária e secundária), diminuindo 381.793 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo
gradualmente com o passar do tempo (sífilis latente 165.247 (43,3%) na região Sudeste, 75.618 (19,8%) na
recente ou tardia). Vale a pena ressaltar que, no primeiro região Nordeste, 75.165 (19,7%) na região Sul, 36.218
ano de latência 25% dos pacientes apresentam (9,5%) na região Norte e 29.545 (7,7%) na região
recrudescimento do secundarismo e, portanto, pode haver CentroOeste. No ano de 2020, foram notificados 32.701
a transmissão. casos de infecção pelo HIV.
No período analisado, no que se refere às faixas etárias,
Em gestantes, a taxa de transmissão vertical de sífilis para observou-se que a maioria dos casos de infecção pelo HIV
o feto é de até 80% intraútero. Essa forma de transmissão encontra-se na faixa de 20 a 34 anos, com percentual de
ainda pode ocorrer durante o parto vaginal, se a mãe 52,9% dos casos.
apresentar alguma lesão sifilítica.
O país tem registrado, anualmente, uma média de 36,8 mil
A sífilis adquirida, agravo de notificação compulsória novos casos de aids nos últimos cinco anos. O número
desde 2010, teve sua taxa de detecção aumentada de 59,1 anual de casos de aids vem diminuindo desde 2013,
casos por 100.000 habitantes, em 2017, para 75,8 casos quando se observaram 43.493 casos; em 2020 foram
por 100.000 habitantes, em 2018. registrados 29.917 casos. A distribuição proporcional dos
casos de aids, identificados de 1980 até junho de 2021,
Em 2019, nota-se redução da taxa de detecção, que mostra uma concentração nas regiões Sudeste e Sul.
chegou a 74,2 casos por 100.000 hab. e em 2020 caiu para
54,5 casos por 100.000 hab. Verifica-se que no ano de
2020, em comparação com o ano de 2019, houve redução
de todas as taxas: 26,6% na taxa de detecção de sífilis
adquirida, 9,4% na taxa de incidência de sífilis congênita
e 0,9% na taxa de detecção em gestantes.

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Rafaela Amaral DIP – Doença inflamatória pélvica/IST’S 4°P - FPME
Compreender a doença inflamatória pélvica (DIP) denominamos de pré-DIP. Há chance de 20% a 30% de
que ocorra infecção superior, sendo essa chance maior
• Definição • Etiologia • Epidemiologia • Quadro clínico • quanto menor a idade da mulher. A importância de
identificar essa fase se deve à possibilidade de
Fisiopatologia • Diagnóstico • Tratamento • Prognóstico tratamento e prevenção da DIP. Após esse estádio,
A DIP é causada por microrganismos que colonizam a principalmente na época menstrual ou pós-menstrual
endocérvice e ascendem até o endométrio e as tubas imediata, há ascensão desses agentes e passagem pelo
uterinas. Essa propagação ocorre de forma direta do colo endométrio, ocasionando endometrite, e possibilidade
para os órgãos superiores, denominada de via de sangramento discreto além da menstruação ou
canalicular, logo, paciente apresenta infecção e mesmo o prolongamento desta. Na ocasião da
inflamação do sistema genital superior. A inflamação menstruação ou após, ocorre modificação do muco
pode estar presente em qualquer ponto de uma sequência cervical facilitando esse processo.
que inclui endometrite, salpingite e peritonite.
Na sequência, os microrganismos que fazem parte do meio
A DIP é frequentemente causada por Neisseria ambiente vaginal também ascendem através da cervicite,
gonorrhoeae (gonococo)e C. trachomatis, via canalicular, instalando-se na tuba uterina. Nesse
microrganismos sexualmente transmissíveis. A local, com reação tecidual, se inicia a formação de
Chlamydia trachomatis é atualmente o patógeno mais conteúdo purulento, que pode se desprender, passar
comumente detectado em até 60% das mulheres através das fímbrias e derramar no peritônio pélvico,
confirmadas com salpingite ou endometrite, embora o ocasionando pelviperitonite. Pelo fato de o acúmulo ser
gonococo continue sendo considerado um agente maior no fundo de saco de Douglas, esse local se apresenta
primário com maior sensibilidade, desencadeando dispareunia e
A incidência de DIP é extremamente difícil de dor ao toque vaginal e, sobretudo, no fundo de saco de
determinar, pois grande parte dos casos ocorre de forma Douglas. Nesse tempo, alças intestinais e epíplon tendem
insidiosa e são assintomáticos ou oligossintomáticos, a bloquear o processo purulento, formando o
sendo detectados, principalmente, pelas sequelas que denominado “complexo tubo-ovariano”. À medida que
ocasionam. aumenta a viscosidade desse conteúdo, pode ocorrer a
É mais comum em mulheres jovens, que, pelo fato de fusão das fimbrias tubárias, provocando aprisionamento
com maior frequência não incorporarem o hábito de sexo de pus dentro das tubas, denominado de piossalpinge.
seguro, têm maior chance de contrair agentes causais das
cervicites, sendo esses os mais importantes para Com esse conteúdo aprisionado, ocorrem diminuição dos
desencadeamento da DIP. Um dos principais problemas níveis de oxigênio e aumento gradativo na proliferação
é que, muitas vezes, esse processo passa despercebido, dos anaeróbios. Esse conteúdo purulento pode se
pois os sintomas clínicos como a dor se apresentam de propagar para os ovários, constituindo, então, o ATO.
forma discreta, não suscitando a suspeita diagnóstica. Esse pode posteriormente ser esterilizado e formar uma
Fatores de risco massa multicística com conteúdo citrino estéril,
Em relação aos fatores de risco, podem-se citar a denominado de hidrossalpinge, como forma de sequela
adolescência e o comportamento sexual contribuindo do processo infeccioso e inflamatório. Embora menos
para aumento da suscetibilidade à DIP. O risco frequente, o conteúdo do ATO pode aumentar a tensão
aumentado em adolescentes ocorre porque essa intra-abscesso e se romper, podendo ocasionar um quadro
população se submete mais comumente a fatores grave com grande derramamento de pus no peritônio,
comportamentais, como múltiplos parceiros e sexo choque séptico e até levar a óbito. Felizmente, casos letais
desprotegido, mas também por fatores biológicos, como associados diretamente com a DIP são infrequentes. Em
maior superfície passível de ser infectada. Outro fator de relação à dor, ela é desencadeada a partir da entrada dos
risco conhecido para DIP é história passada ou atual de agentes na cavidade uterina, tornando-se maior
IST. Pessoas com infecção por clamídia, micoplasmas quando o conteúdo purulento contamina a cavidade
e/ou gonococo na cérvice uterina têm maior chance de pélvica.
desenvolver essa infecção no trato genital superior.
Q.C e fisiopatologia: A DIP manifesta-se,
habitualmente, com um padrão clínico subagudo e
oligossintomático, e dor abdominal em intensidade
variável é sintoma obrigatório.
Apresenta relevância devido às suas complicações, tanto
do ponto de vista de emergência no caso da
pelviperitonite ou ruptura de abscesso tubo-ovariano
(ATO), como em longo prazo, podendo provocar
infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica.

No início do processo, temos os agentes implicados nas


cervicites (principalmente a clamídia) instalados no
colo uterino, caracterizando o estádio 0 (zero), que
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Rafaela Amaral DIP – Doença inflamatória pélvica/IST’S 4°P - FPME
✓ Ultrassonografia transvaginal (USTV): método de
escolha para a avaliação inicial de dor pélvica, pode
mostrar imagem de espessamento da parede tubária
maior que 5 mm (100% de sensibilidade), septos
incompletos intratubários, sinal da roda dentada (corte
transversal) (95% a 99% de especificidade),
espessamento e líquido tubário, ATO.

Diagnóstico: A USTV tem habilidade limitada para o diagnóstico de


O diagnóstico da DIP pode ser difícil devido à ampla DIP aguda, mas em alguns casos de mulheres com
variação de sinais e sintomas, que podem incluir desde sintomas de DIP, ela pode ser útil quando se identificam
sinais leves até dor abdominal intensa. O diagnóstico é imagens típicas.
baseado primeiramente na evolução clínica, devendo-se
iniciar o tratamento antes da confirmação
laboratorial ou de imagem. A DIP deve ser suspeitada,
como diagnóstico diferencial, principalmente em
mulheres com idade entre 15 e 44 anos com dor
abdominal baixa ou dor pélvica à mobilização da
cérvice e palpação dos anexos.
Em mulheres com DIP, pode-se detectar aumento do
número de leucócitos polimorfonucleares em
preparação a fresco das secreções vaginais ou no
corrimento mucopurulento.
Se a USTV for inconclusiva, considerar outros métodos:
• Dor abdominal ou pélvica: naquelas com sintomas a Tomografia computadorizada da pelve, que pode
dor pélvica é o evento principal. Mesmo nessas evidenciar alterações nos planos fasciais do assoalho
pacientes, a dor habitualmente não é severa, pélvico, espessamento dos ligamentos uterossacrais,
apresentando-se inicialmente como desconforto e inflamação tubária ou ovariana, coleção líquida anormal;
eventualmente progredindo, sendo com maior Ressonância magnética (RM) pode mostrar: ATO,
frequência bilateral; piossalpinge, líquido intratubário, aparência de policistose
• Febre, calafrios; ovariana com líquido livre na pelve.
• Corrimento vaginal ou cervical, coceira ou odor; A RM tem maior acurácia quando comparada com a
USTV para o diagnóstico de DIP.
• Sangramento vaginal: possibilidade de alterações do
Todas as mulheres que têm DIP aguda devem ser
ciclo menstrual na forma de aumento ou
rastreadas para clamídia e gonococo e devem ser testadas
prolongamento da menstruação, devido à endometrite
para a infecção pelo vírus HIV.
fugaz.
• Dispareunia: devida à inflamação dos ligamentos
Tratamento:
pélvicos ou até mesmo ocasionada por algum grau de
Atentar para a presença de outras ISTs associadas e
peritonite que possa existir na dependência do tempo
rastrear outras infecções.
de evolução;
Compreender que a contaminação nem sempre ocorreu
• Disúria: associada à dor, sobretudo na presença de recentemente, mas que o parceiro atual é aconselhado a
uretrite; ser examinado, mesmo que ele não tenha queixas.
• Dor lombar; Independentemente de se conseguir esse objetivo, o
• Náusea e vômitos. parceiro deverá ser orientado para o tratamento de
agentes das cervicites (clamídia e gonococo).
Exames complementares
✓ Hemograma completo que possa sugerir presença de Nos casos de DIP leve ou moderada, a decisão de
processo inflamatório (leucocitose e/ou bastonetose); tratamento ambulatorial ou hospitalar depende do
✓ Exames de urina tipo I e urocultura, para afastar julgamento médico, e a presença das seguintes situações
infecção do trato urinário; sugere o tratamento com a paciente internada:
✓ Provas bioquímicas inflamatórias (velocidade de Emergências cirúrgicas (ex: apendicite) não podem ser
hemossedimentação – VHS – e proteína C reativa). excluídas;
Embora inespecíficas, auxiliam no raciocínio Presença de ATO ou peritonite;
diagnóstico, somadas às outras alterações; HIV+ ou imunossuprimidas;
✓ Exame bacterioscópico para avaliar vaginose Uso de DIU;
bacteriana; Antibioticoterapia oral não tolerada ou não efetiva;
✓ Identificação do agente preferencialmente por provas Estado tóxico e grave de início;
de biologia molecular Gravidez.
✓ Teste de gravidez para afastar gravidez ectópica;

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Rafaela Amaral DIP – Doença inflamatória pélvica/IST’S 4°P - FPME
Os esquemas de antibioticoterapia devem focar em
cobrir aeróbios e anaeróbios participantes da flora
vaginal que se encontram envolvidos no processo
infeccioso e, na mesma ocasião, ou posteriormente,
atingir a clamídia, gonococo e micoplasmas.

Seguimento e Prognóstico: nos casos de tratamento


ambulatorial, acompanhar a paciente a cada dois dias e
instruí-la a retornar ao serviço a qualquer tempo caso
haja piora dos sintomas. Nos casos de internamento,
avaliar clinicamente, duas vezes ao dia. As pacientes
externas com DIP devem ser reavaliadas em até 72 horas
e hospitalizadas, se seu estado não melhorar ou na
intolerância à medicação via oral. Avaliar a resposta após
48 a 72 horas da instituição da antibioticoterapia,
sobretudo em relação às queixas de dor e temperatura.
Lembrar que eventualmente a resposta pode se estender
para mais um ou dois dias, devendo-se avaliar cada caso
em particular.
Em casos de não evidência de melhora, avaliar a
necessidade de intervenção cirúrgica, sobretudo na REFERÊNCIAS
possibilidade de existência de foco de abscessos em • Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia
outros locais abdominais. FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC, Baracat
EC, Lima GR
Alta após a melhora clínico-laboratorial, que ocorre • BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de
habitualmente após três a sete dias, com esquema de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.
antibiótico para uso via oral em domicílio. (Orgs.).
• https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-
A DIP pode causar cicatrizes e adesões tubárias, que z/i/infeccoes-sexualmente-transmissiveis-ist-1
• https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/aids-
geralmente resultam em dor pélvica crônica, menstruação hiv-1/aids-hiv
irregular, infertilidade e risco aumentado de gestação • https://www.sanarmed.com/resumo-de-herpes-simples-
ectópica. epidemiologia-classificacao-fisiopatologia-diagnostico-e-
tratamento
• http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2021/20210422_Relatorio
_PCDT_IST_SECRETARIO_588_2021.pdf
• http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/boletim-epidemiologico-
hivaids-2021
• https://www.scielo.br/j/ape/a/GXhwKQ37phBH9NdQgctMPpK/?l
ang=pt
• http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2021/boletim-epidemiologico-
de-sifilis-2021
• https://www.sanarmed.com/resumo-de-gonorreia-ligas-3
• https://www.sanarmed.com/resumo-de-clamidia-completo-
sanarflix
• https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_doencas_sex
ualmente_transmissiveis.pdf

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Rafaela Amaral
miomas, estes anticoncepcionais estão relacionados a uma
Compreender o leiomioma redução do risco de leiomiomas em mulheres da raça
negra.
Definição/ etiologia/ epidemiologia/ quadro clínico e Fatores de proteção
fisiopatologia/ diagnóstico/ tratamento, prognóstico  Anticoncepcionais Combinados Orais (ACO): o uso de
L – Leiomioma ACO parece proteger contra a formação de novos miomas,
Os miomas são tumores monoclonais benignos das reduzindo o risco em 17% a cada 5 anos de uso.
células musculares lisas do miométrio e contêm  Primiparidade Precoce: em alguns estudos de coorte, a
grandes agregados de matriz extracelular constituídos de primiparidade precoce diminui o risco de leiomiomas. A
colágeno, elastina, fibronectina e proteoglicanos. ocorrência de uma ou mais gravidezes com evolução além
Eles representam a causa estrutural mais comum de de 20 semanas diminui a chance de formação de
sangramento uterino anormal. São tumores sensíveis leiomiomas.
ao estrogênio e à progesterona. Consequentemente,eles  Tabagismo: diminui o risco de desenvolvimento de
se desenvolvem durante os anos reprodutivos. Após a leiomiomas por um mecanismo desconhecido. Alguns
menopausa, os leiomiomas geralmente regridem e o estudos sugerem que o tabagismo parece interferir com o
desenvolvimento de novos tumores é raro. Fatores que metabolismo estrogênico.
aumentam a exposição geral ao estrogênio ao longo da  Dieta Rica em Verduras: a alimentação rica em verduras
vida, como obesidade e menarca precoce, elevam a está associada à diminuição do risco
incidência.
A progesterona é importante na patogenia dos Etiologia: pesquisas nos fatores hormonais, genéticos e de
miomas, que têm maior concentração de receptores seu crescimento.
da progesterona A e B que o miométrio normal. O Níveis Circulantes de Estrogênio - principal fator
maior número de mitoses é encontrado em miomas no determinante do crescimento tumoral, especialmente o
pico de produção de progesterona (Atenção com estradiol, que parece agir diretamente sobre a proliferação
mioma na gravidez). O risco de ter mioma é 2,5 vezes celular dos miomas ou mediado por fatores de crescimento
maior nas mulheres com alguma parente em primeiro como EGF, IGF-1 e insulina. Entretanto, isoladamente não
grau com mioma, sendo o mioma associado, também, a explica a formação do tumor. O aparecimento no
peso, alimentação, fatores de crescimento e atividades menacme, o crescimento durante a reposição hormonal e
físicas. gravidez (que cursa com níveis elevados de estrogênio), a
Epidemiologia: É a neoplasia benigna mais comum da regressão de tamanho ou interrupção de crescimento após
mulher. Responde por aproximadamente 95% dos a menopausa e a conexão com outras doenças
tumores benignos do trato genital feminino. Alguns hiperestrogênicas, tais como hiperplasias endometriais,
autores estimam que acometa 1/3 de todas as mulheres endometriose e adenomiose, corroboram sua influência.
em idade reprodutiva. É responsável por um terço do No entanto, apesar dessas observações, não foram
total de histerectomias (a maior causa), o que deixa comprovados níveis aumentados de estrogênio em
evidente sua importância na saúde pública. mulheres portadoras de leiomiomas uterinos.

Fatores predisponentes Ação sinérgica do hormônio de crescimento (GH) com


 História Familiar: fortes indícios de que exista uma o Estrogênio que exerce influência no crescimento
predisposição genética para o desenvolvimento. tumoral.
 Idade: leiomiomas não foram descritos em meninas
pré-puberes, mas eles são ocasionalmente encontrados Níveis circulantes de progesterona - A progesterona
em adolescentes. Representam 20 a 50% dos tumores também é responsável pelo crescimento do mioma. O
benignos das mulheres na quarta e quinta décadas de estrogênio age aumentando os receptores de
vida. A melhora dos sintomas relacionados à miomatose progesterona. É maior a concentração dos receptores de
ocorre na menopausa. progesterona no leiomioma do que nos tecidos normais.
 Raça: são duas a três vezes mais comuns nas mulheres Há dois receptores de progesterona conhecidos: o A e o B,
de raça negra do que nas mulheres de raça branca. Dentro estando os dois aumentados no mioma. Existem
das mulheres candidatas à histerectomia, mulheres evidências de que a progesterona estimule o crescimento
negras são geralmente mais jovens no momento do celular e iniba a apoptose, através do aumento da
diagnóstico de leiomiomas e apresentam doença mais expressão da proteína bcl-2 (uma inibidora da apoptose)
severa. e diminuição do fator de necrose tumoral alfa (um
 Menarca Precoce: a menarca antes dos 10 anos promotor da apoptose). Além disso, este hormônio
associa-se a um aumento do risco. aumenta o fator de crescimento epidérmico, também
 Nuliparidade / Infertilidade: são mais comuns em responsável pelo crescimento tecidual. Outro dado
pacientes nulíparas e inférteis. Contrariamente à relevante é que o índice mitótico do tumor aumenta na
primiparidade precoce, longos intervalos do último fase lútea, na qual é grande a produção de
nascimento aumentam o risco. progesterona.
 Contraceptivos Injetáveis de Progesterona: apesar de
representar um importante fator de crescimento para os
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Rafaela Amaral Leiomioma 4° período - FPME

Tipo 3 – Toca o endométrio sem nenhum componente


intracavitário
Tipo 4 – Intramural e totalmente dentro do miométrio, sem
extensão para a superfície endometrial nem para a serosa
Tipo 5 – Subseroso, no mínimo 50%intramural
Tipo 6 – Subseroso, menos de 50%intramural
Tipo 7 – Subseroso, fixado na serosa por um pedículo
Tipo 8 – Ausência de acometimento do miométrio; inclui
Aromatase localização cervical, nos ligamentos redondo ou largo sem
Esta enzima que faz parte da superfamília do citocromo fixação direta no útero e miomas “parasitos”.
P-450, com a função de catalisar a conversão de
andrógenos em estrógenos. Transforma a
androstenediona em estrona e a testosterona em estradiol.
O tecido miomatoso apresenta maiores concentrações
desta enzima do que o miométrio circunjacente normal,
sugerindo novamente que o mioma produz um ambiente
hiperestrogênico que mantém seu crescimento.
Influência Genética
Fatores genéticos recessivos promovem uma
predisposição hereditária para o leiomioma uterino.
Aproximadamente 40% dos miomas possuem
anormalidades cromossômicas em suas células.

Quadro clínico e fisiopatologia: Sangramento anormal,


dor pélvica, dismenorreia, dispareunia sintomas
urinários. Os sintomas variam de acordo com a
localização do mioma. Os miomas são classificados,
segundo a FIGO, em submucosos, intramurais e
subserosos tipos 0 a 8. Os submucosos são os mais
envolvidos com o SUA.
São circunscritos, bem delimitados, pseudocapsulados Diagnóstico: De modo geral, os miomas subserosos e
(não há uma cápsula verdadeira); permitindo, com intramurais importantes do ponto de vista clínico podem
relativa facilidade, sua enucleação cirúrgica da ser diagnosticados por exame pélvico com base nos
musculatura normal. Podem estar localizados no colo achados de um útero aumentado, irregular, firme e indolor.
uterino (cervicais), no istmo (ístmicos) ou no corpo A US é a técnica de imagem mais acessível e de menor
uterino (corporais, os mais comuns). Podem ser custo, mas não é o exame padrão ouro, que na verdade é a
pediculados ou sésseis. ressonância magnética.
Os miomas subserosos tendem a causar sintomas Os achados do exame clínico incluem:
compressivos e distorção da anatomia de órgãos  Aumento do volume abdominal
adjacentes; os intramurais causam sangramento e Comum em miomas volumosos que saem da cavidade
dismenorreia, enquanto os submucosos produzem pélvica. Não é infrequente a presença de tumores que
frequentemente sangramentos irregulares e infertilidade. alcançam o mesogástrio, conferindo ao abdome aparência
gravídica.
 Crescimento rápido ou crescimento após a menopausa
Pode estar relacionado à degeneração sarcomatosa.
 Corrimento vaginal
 Distúrbios intestinais

Ultrassonografia pélvica por via transabdominal ou


transvaginal – mais importante e mais facilmente
acessível. Evidencia nódulos hipoecoicos na parede
uterina. O estudo transvaginal tem a vantagem de fornecer
informações adicionais sobre a arquitetura interna e
Tipo 0 – Intracavitário (p. ex., mioma submucoso anatomia da massa tumoral bem como alterações da
pediculado, totalmente dentro da cavidade) cavidade endometrial.
Tipo 1 – Menos de 50% do diâmetro do mioma está no
miométrio
Tipo 2 – 50% ou mais do diâmetro do mioma está no
miométrio
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Rafaela Amaral Leiomioma 4° período - FPME

 Sintomas
 Idade da mulher
 Aspirações reprodutivas e história obstétrica
Na presença de sintomas, pode-se proceder ao tratamento
farmacológico, que tem como alternativas os mesmos
medicamentos disponíveis para a redução do sangramento
não estrutural. Não havendo resposta ao tratamento
clínico, deve-se considerar a abordagem cirúrgica, na qual
a via e o tipo de abordagem dependerão do número, da
localização, do tamanho do mioma e do desejo futuro de
concepção.
Indicações de Tratamento Clínico
• Redução tumoral
• Controle da perda sanguínea
• Pacientes na perimenopausa
Ressonância Magnética – é o melhor exame para
• Pacientes com risco cirúrgico elevado
visualização e mensuração de leiomiomas. Sua
limitação é o custo elevado. Método propedêutico ideal
Análogos de GnRH
para a diferenciação de leiomiomas e adenomiose, ou
São as drogas mais efetivas no tratamento clínico dos
para constatação da adenomiose de forma associada.
leiomiomas. O GnRH natural é produzido pelo
Mostra claramente a localização e o número dos miomas,
hipotálamo, secretado de forma pulsátil e possui uma meia-
além da sua distância à serosa.
vida de dois a oito minutos. Estimula a produção e
liberação de gonadotrofinas pela adeno-hipófise. Os
agonistas ou análogos de GnRH são produzidos a partir de
uma alteração na molécula original do GnRH, na posição
6, o que lhes confere um enorme aumento na meia-vida
e uma afinidade pelo receptor muito mais alta. Este fato
determina uma potência 15 a 200 vezes maior que o
hormônio original.
Podem ser usados por via intramuscular, subcutânea ou nasal. Não
podem ser utilizados por via oral porque a droga é rapidamente
degradada por peptidases do sistema digestivo.
São utilizados na forma de depósito - Efeito inicial
positivo sobre a hipófise na liberação de gonadotrofinas
Histeroscopia – permite identificar nódulos submucosos (nos primeiros 14 dias), devido à saturação dos
(pela sua visualização) ou nódulos intramurais (pelas receptores (efeito flare-up). Após este período, induzem a
deformidades que causam à cavidade uterina). São úteis dessensibilização das células gonadotróficas pela redução
no diagnóstico diferencial de outras afecções do número de receptores na membrana celular (fase de
ginecológicas, tais como: pólipos endometriais, downregulation dos receptores), que perdura por cerca de
hiperplasias endometriais, adenomiose e carcinoma de uma a três semanas e culmina com um profundo estado
endométrio. hipoestrogênico. O uso dos análogos promove uma
diminuição média de 30 a 70% no tamanho dos
miomas. Cerca de 2/3 das pacientes desenvolvem
amenorreia, melhoram os parâmetros hematimétricos e
experimentam uma redução significativa do tamanho
uterino (35 a 60%) após três meses de utilização da
medicação. Em contrapartida, após a interrupção do
medicamento há um retorno dos sintomas.

Como efeitos colaterais, podem levar a quadro importante


de hipoestrogenismo. A perda de massa óssea
(osteoporose) é a complicação mais séria. Podem ocorrer
fogachos, ressecamento vaginal, distúrbios do perfil
Tratamento: expectante, clínico e cirúrgico lipídico e alterações do humor. Por todas essas razões,
Não é possível prever o crescimento dos miomas nem o estes medicamentos são empregados basicamente no
surgimento de novos sintomas no futuro. preparo pré-operatório de pacientes com anemia
O tipo e o momento ideal de intervenção devem ser significativa (hemoglobina < 9,5 mg%) ou, raramente,
individualizados, com base nos seguintes fatores: para atenuação dos sintomas de mulheres na
 Tamanho do(s) mioma(s) perimenopausa ou em contraindicações agudas à cirurgia.
 Localização do(s) mioma(s)
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Rafaela Amaral
Danazol Uma vantagem da gestrinona é sua longa meia-vida (28
É um esteroide sintético derivado da 19-nortestosterona horas), quando administrada por via oral. A dose padrão é
com algumas propriedades androgênicas e efeitos de 2,5 mg duas vezes por semana. Os efeitos colaterais
progestogênio-like. Logo, possui atividades clínicos da gestrinona são dose-dependentes e
antigonadotróficas e antiestrogênicas. Seu mecanismo semelhantes, porém menos intensos que aqueles causados
de ação inclui: pelo danazol. Eles incluem náuseas, cãibras musculares e
- Supressão da secreção de GnRH; efeitos androgênicos como ganho ponderal, acne,
- Supressão da hipófise anterior e, por conseguinte, seborreia, cabelo e pele oleosa.
inibição da secreção de gonadotrofinas pela hipófise;
- Inibição direta da esteroidogênese; Contraceptivos Hormonais
- Aumento da depuração metabólica de estrogênio e Tratamentos clínicos com medicações como
progesterona; anticoncepcionais orais e agentes progestínicos são
- Interação antagonista e agonista direta com receptores comumente prescritos para tratar o sangramento uterino
endometriais de androgênio e progesterona; - Atenuação provocado pela miomatose, embora não tenham eficácia
imunológica de efeitos reprodutivos clinicamente para a redução de leiomiomas. Acredita-se que, através de
adversos; mecanismo de atrofia endometrial, possam ser úteis na
- Inibição direta das enzimas ovarianas responsáveis pela diminuição dos sintomas.
produção estrogênica;
- Indução de amenorreia. Tratamento cirúrgico
Pela sua capacidade de induzir amenorreia, pode As opções de tratamento cirúrgico são miomectomia
controlar a anemia consequente da menorragia abdominal, miomectomia laparoscópica, miomectomia
provocada pelos leiomiomas. Parece não reduzir o histeroscópica, ablação do endométrio e histerectomia
volume uterino. A ausência de menstruação é o melhor abdominal, vaginal ou laparoscópica. A histerectomia é o
indicador de resposta terapêutica. Os importantes efeitos procedimento definitivo. Miomectomia por várias
colaterais representam o principal fator limitante para técnicas, ablação de endométrio e miólise são
seu uso por período prolongado. procedimentos alternativos.
Os efeitos adversos mais comuns compreendem ganho A histerectomia elimina a chance de recorrência de
ponderal, retenção hídrica, acne, pele oleosa, sintomas causados pelos miomas. Representa uma
hirsutismo, fogachos, vaginite atrófica, redução do alternativa para os casos muito sintomáticos não
tamanho das mamas, redução da libido, cãibras e responsivos a outras terapias, ou nos casos de miomas
instabilidade emocional. O engrossamento da voz é volumosos, em que não há interesse na preservação
outro possível efeito colateral irreversível. É uterina. Contudo, a morbidade associada à histerectomia
contraindicado em pacientes com hepatopatia, uma vez pode ter mais importância que seus benefícios. Um mioma
que a droga possui metabolização hepática e pode causar subseroso solitário, um mioma pediculado ou um mioma
lesão hepatocelular, e também contraindicado em submucoso são rapidamente removidos pela
pacientes com hipertensão, insuficiência cardíaca videolaparoscopia ou histeroscopia. Nestes casos, a
congestiva ou comprometimento da função renal, porque miomectomia endoscópica é uma opção com menor
pode causar retenção hídrica. morbidade.
A miomectomia é uma opção para as mulheres que ainda
Utilizado na dose de 400 a 800 mg/dia. Uma estratégia desejam gestar ou que não desejam retirar o útero. Não há
prática para seu uso é iniciar o tratamento com 400 vantagem na preservação uterina em mulheres portadoras
mg/dia (200 mg duas vezes ao dia) e aumentar a dose, se de miomatose uterina sintomática que não possuem
necessário, para produzir amenorreia e aliviar os aspirações reprodutivas. Apesar da miomectomia ser uma
sintomas. terapia eficaz para tratamento da menorragia e pressão
pélvica, a desvantagem do procedimento é o risco
Gestrinona significativo de desenvolvimento de novos miomas.
É um derivado da 19-nortestosterona com propriedades
androgênicas, antiprogestogênicas, antiestrogênicas e
antigonadotróficas. Atua central e perifericamente,
aumentando os níveis de testosterona livre e reduzindo os
REFERÊNCIAS
níveis de globulina de ligação dos hormônios sexuais
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia
(efeito androgênico), reduzindo os níveis de estradiol
FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC,
para níveis correspondentes ao início da fase folicular Baracat EC, Lima GR
(efeito antiestrogênico), reduzindo os níveis médios de • BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio
Hormônio Luteinizante (LH) e impedindo os picos de LH de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES,
e o Hormônio Folículo Estimulante (FSH) – efeito J. M. C. (Orgs.).
antigonadotrófico. • Apostila MEDCURSO – GINECO – vol 2. Sangramento
Promove diminuição do tamanho dos miomas e induz a uterino anormal, endometriose, miomatose, adenomiose,
amenorreia em 50 a 100% nas pacientes com pólipos, infertilidade.
leiomiomas. Este último efeito é dose-dependente.

@resumeairafa
Rafaela Amaral Climatério - Menopausa 4°P - FPME
Compreender o climatério
produção ovariana de estrogênio e progesterona.
Até que seu número se esgote na pós-menopausa, os
• Definição folículos crescem e sofrem atresia de forma contínua.
• Epidemiologia Esse processo é irrecuperável e ininterrupto, e o declínio
• Fisiologia paralelo da quantidade e qualidade dos folículos contribui
• Quadro clínico
• Diagnóstico
para a diminuição da fertilidade.
• Tratamento A contínua perda da reserva folicular diminui os níveis de
• Prognóstico (pós-menopausa). estradiol que não são mais suficientes para estimular o pico
Definição e epidemiologia de hormônio luteinizante (LH), encerrando, assim, os
O climatério é a fase de transição entre o período ciclos ovulatórios. Sem a ovulação propriamente dita, não
reprodutivo e o não reprodutivo da mulher, caracterizado há produção de corpo lúteo e consequentemente de
por uma gama de modificações endócrinas, biológicas e progesterona, além de os níveis de estradiol não serem
clínicas, compreendendo parte da menacme até a suficientes para estimular o endométrio, levando à
menopausa. amenorreia.
Entre, aproximadamente, 40 e 65 anos de idade, as
mulheres vivenciam o climatério, que é uma síndrome
que se instala gradualmente, com sintomatologia
variável quanto ao tipo e à intensidade e que afeta o
organismo como um todo. Durante esse período, os
ovários perdem, progressivamente, sua capacidade de
produção hormonal e de ovulação. O termo
menopausa (última menstruação) é um episódio dentro
de um processo contínuo, identificado retrospectivamente
após 12 meses de amenorreia, e ocorre, em média, aos 50
anos. O intervalo, do início dos sintomas de
irregularidade menstrual até o final do primeiro ano após
a menopausa, é chamado de perimenopausa.
A menopausa que ocorre antes dos 40 anos de maneira
espontânea ou artificial é chamada menopausa precoce.
A importância dessa diferenciação se dá devido às
implicações clínicas próprias do quadro e indicação Essas e outras etapas da vida reprodutiva feminina são
específica de tratamento. regidas pela função ovariana e sua respectiva produção
No Brasil, segundo os últimos dados publicados pelo hormonal. Sua classificação é fundamental do ponto de
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em vista clínico e científico, utilizando-se para o estadiamento
2015, a expectativa de vida ao nascer para as mulheres é o Stages of Reproductive Aging Workshop: STRAW + 10.
de 79,1 anos, determinando aproximadamente metade da A classificação compreende a vida reprodutiva feminina
vida no período peri e pós-menopáusico, além do desde a menarca e é dividida em três principais categorias
aumento exponencial do número absoluto de mulheres (reprodutiva, transição menopausal e pós-menopausa)
nessa fase (IBGE, 2015). e suas subdivisões, totalizando 10 categorias descritas por
Fisiologia: uma terminologia-padrão. A base para diagnóstico e
A menopausa, apesar de poder ser influenciada pelo eixo classificação nos estágios reprodutivos são as mudanças
hipotálamo hipofisário, é um evento ovariano observadas no ciclo menstrual.
secundário à atresia fisiológica dos folículos
primordiais; sua ocorrência pode ser natural ou artificial,
após procedimentos clínicos ou cirúrgicos que levem à
parada da produção hormonal ovariana.
A transição menopausal é caracterizada pela
irregularidade do ciclo menstrual devido à
variabilidade hormonal e ovulação inconstante. A
atresia do complexo folicular (diminuição maciça do
número de folículos ovarianos), sobretudo das células da
granulosa, resulta na queda da produção de estrogênio e
inibina B, que, por sua vez, desativa o feedback
negativo sobre a hipófise, liberando a secreção de FSH
na tentativa de aumentar o recrutamento folicular, um
importante sinal de menopausa. O resultado dos níveis
elevados de FSH é a aceleração da depleção folicular até
o seu esgotamento.
Portanto, o ovário perde a capacidade de responder aos
hormônios hipofisários, hormônio foliculoestimulante
(FSH) e hormônio luteinizante (LH), o que faz cessar a
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Rafaela Amaral Climatério - Menopausa 4°P - FPME
Quadro clínico: Redução dos níveis séricos estrogênicos > alterações em
As principais consequências da menopausa estão neurotransmissores cerebrais > instabilidade no centro
relacionadas basicamente com a deficiência de termorregulador hipotalâmico = mais sensível a pequenos
estrogênio. aumentos da temperatura corporal relacionados a
A menopausa, geralmente, é acompanhada de muitos alterações intrínsecas e ambientais.
sintomas, como fogachos(ondas de calor), insônia, Cada episódio dura aproximadamente de 2 a 4 minutos e
depressão, variação de humor, falta de memória, ocorre diversas vezes no decorrer do dia. É
ressecamento vaginal, distribuição central da particularmente comum à noite, prejudicando a qualidade
gordura corporal, diminuição da libido, entre outros. do sono e contribuindo para irritabilidade, cansaço durante
Com o tempo, a maior rapidez com que passa a acontecer o dia e diminuição na capacidade de concentração. Sabe-
a perda de cálcio dos ossos aumenta a incidência de se que 87% das mulheres sintomáticas têm episódios
fraturas. Haverá, também, maior risco de doenças diários de fogachos, e 33% delas apresentam mais de 10
cardiovasculares (DCVs) e de doenças degenerativas do episódios por dia.
cérebro, como o Mal de Alzheimer. A duração média dos sintomas vasomotores a partir da
transição menopausal é de 7,4 anos, e 4,5 anos desse
Consequências do hipoestrogenismo total são vivenciados no período pós-menopáusico.
Receptores estrogênicos existem em diferentes Relacionado a maior duração dos sintomas: índice de
concentrações em vários locais do organismo – como massa corporal (IMC) elevado, tabagismo, grau de
pele, ossos, vasos, coração, diversas regiões do cérebro, sensibilidade aos sintomas, ansiedade, percepção de
mama, útero, vagina, uretra e bexiga – e a redução nos estresse e sintomas depressivos. A terapia sistêmica com
níveis de estrogênio circulante gera efeitos diferentes estrogênio é o tratamento mais eficaz dos sintomas
para cada mulher. Apenas em torno de 15% das mulheres vasomotores e o único aprovado atualmente pela Food and
não apresentarão sintomas no período do climatério. Drug Administration (FDA) para essa indicação.
Alterações do humor: Os sintomas depressivos são
relatados por 65% a 89% das mulheres que buscam
atendimento no período do climatério. O mecanismo
responsável pelo aumento do risco ainda é desconhecido,
porém a variação dos níveis séricos de estrogênio parece
estar mais associada com efeitos depressivos do que com
a própria concentração hormonal absoluta. As mudanças
evidentes desse período, a perda da capacidade
reprodutiva e o próprio envelhecimento propiciam
distúrbios psicológicos associados, que também podem
contribuir para o quadro depressivo ou ansiolítico.
Alterações cognitivas: marcado aumento nas queixas
Alterações no ciclo menstrual: alteração na referentes ao declínio das funções cognitivas, com ênfase
intensidade do fluxo, na duração ou frequência da nas queixas de diminuição da atenção e alterações da
menstruação. As alterações no padrão de secreção tanto memória. Também há queixas de piora na perda de
do estrogênio quanto da progesterona tendem a se iniciar memória verbal, processamento rápido das informações e
com encurtamento dos ciclos e progredir para períodos demência. Sabe-se que o estrogênio tem papel
de amenorreia cada vez mais longos até a parada total. modulatório nos sistemas neurotransmissores,
Nessa fase, o desenvolvimento de patologias orgânicas influenciando o desempenho nas tarefas de
como miomas e pólipos é favorecido e, nos casos de aprendizagem e memória. Sua ação no hipocampo e lobo
sangramento uterino intenso, é mandatória a temporal também já é conhecida.
investigação e exclusão de patologias endometriais. Apesar de o hipoestrogenismo estar intimamente
Sintomas vasomotores: episódios de fogachos e suores relacionado a essas alterações, a fase de transição –
noturnos, resultando no sintoma mais comum da caracterizada por oscilações nos níveis hormonais – parece
transição menopausal e pós-menopausa inicial, sendo ser a mais sintomática, já que, após o período de piora da
referido por mais de 80% dessas mulheres. performance cognitiva na perimenopausa, se observa o
Fogacho: súbita sensação de calor intenso que se inicia retorno da capacidade usual no período pósmenopausa.
na face, pescoço, parte superior dos troncos e braços, e Alterações em pele e fâneros: O padrão de distribuição
se generaliza; além disso, é seguida por enrubecimento da gordura passa de ginecoide para androide,
da pele e subsequente sudorese profusa. Observa-se propiciando o acúmulo na região abdominal. A
aumento do fluxo sanguíneo cutâneo, taquicardia, quantidade de gordura visceral também aumenta. A
aumento da temperatura da pele devido à vasodilatação circunferência abdominal retrata a quantidade de gordura
e, eventualmente, palpitações. Além do impacto negativo visceral e subcutânea e se correlaciona com o risco de
na qualidade de vida, os sintomas vasomotores parecem doença cardiovascular e dislipidemia. A pele também
estar associados ao aumento de risco cardiovascular, sofre alterações devidas à deficiência estrogênica.
ósseo e cognitivo.

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Os anos de menopausa se correlacionam de forma Alterações cardiovasculares e metabólicas:
altamente significativa com o declínio do colágeno e Doenças cardiovasculares (DCV), especialmente o infarto
espessura da pele, com ênfase para os primeiros cinco do miocárdio (IM), são as principais causas de morte em
anos após a menopausa, resultando no aumento da mulheres com mais de 50 anos no Brasil e no mundo. Os
flacidez e das rugas e diminuição da elasticidade da principais fatores de risco para DCV incluem a presença
pele. de aterosclerose de grandes vasos, história familiar de
Alterações atróficas: A síndrome geniturinária da DCV, hipertensão arterial (HAS), tabagismo,3 diabetes e
menopausa (SGM), também conhecida por atrofia a chamada síndrome metabólica (SM) – obesidade central,
vulvovaginal (AVV), compreende alterações resistência à insulina, hipertrigliceridemia e dislipidemia.
histológicas e físicas da vulva, vagina e trato urinário No período pós-menopáusico, devido ao
baixo devidas à deficiência estrogênica. hipoestrogenismo, o perfil hormonal das mulheres
A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e a passa a ser androgênico e a prevalência da SM
pele está mais fina e plana, com rarefação dos pelos. Os aumenta, o que pode explicar de forma parcial o aumento
pequenos lábios perdem tecido e pigmentação; da incidência de DCV após a menopausa. Devido ao novo
quando intensa, a atrofia pode resultar em coalescência perfil hormonal, perde-se a atividade protetora do
labial. A vagina passa a ser mais curta e estreita, estrogênio para eventos endoteliais e há o
diminuindo suas rugosidades, principalmente na desenvolvimento de componentes da SM. Observa-se
ausência de atividade sexual. O epitélio vaginal torna- aumento da adiposidade central (intra-abdominal),
se fino, e a lubrificação resultante de estímulo sexual está mudança para um perfil lipídico e lipoproteico mais
prejudicada em decorrência da diminuição da secreção aterogênico, com o aumento da concentração de
glandular. Também se apresenta bastante friável, com colesterol total à custa da lipoproteína de baixa densidade
sangramento ao toque e vulnerável a traumas. O pH (LDL), dos triglicerídeos (TG) e da redução de
vaginal está alcalino, reduzindo o número de lactobacilos lipoproteína de alta densidade (HDL), o principal preditor
na flora, propiciando infecções e vaginite atrófica. A para eventos isquêmicos cardíacos. Também se observa
uretra é hiperemiada e proeminente. aumento da glicemia e dos níveis de insulina. A
Essas alterações anatômicas resultam em sintomas transição menopáusica por si só é fator de risco para a
genitais (ressecamento, ardência e irritação), sintomas síndrome, independentemente de idade, hábitos de vida e
sexuais (ausência de lubrificação, desconforto ou dor – composição corporal.
dispareunia, piora da função sexual) e sintomas urinários Diagnóstico: O diagnóstico do climatério é clínico, não
(urgência miccional, disúria, infecções recorrentes do havendo necessidade de dosagens hormonais para
trato urinário, piora da incontinência urinária confirmá-lo quando há irregularidade menstrual ou
preexistente). amenorreia e quadro clínico compatível. Entretanto,
Outra consequência importante é a disfunção sexual, muitos sintomas característicos da menopausa também
reflexo dos quadros de dispareunia e ressecamento podem refletir condições patológicas e, em muitos casos,
vaginal. A vascularização vaginal é reduzida e a há indicação de realizar exames para excluir outras causas.
lubrificação não é efetiva.

Alterações ósseas e articulares:


A osteoporose é uma doença sistêmica caracterizada pela
diminuição da densidade óssea e alterações em sua
microarquitetura, levando à fragilidade e
predispondo a fraturas por baixo impacto. O
equilíbrio entre formação e reabsorção óssea está
afetado, resultando em perda de massa óssea de forma
acelerada. O hipoestrogenismo tem papel importante
nesse mecanismo.
Além das alterações ósseas, as alterações articulares
fazem parte das queixas comuns das mulheres de meia-
idade. Cerca de 50% a 60% das mulheres nesse período
referem dor ou rigidez articular, porém parece que os Tratamento:
sintomas são relacionados ao status menopausal. A terapêutica hormonal (TH) é considerada o tratamento
Receptores de estrogênio foram isolados nas mais eficaz para os sintomas vasomotores decorrentes
articulações e sabe-se que sua ação nesses tecidos da falência ovariana, e os benefícios superam os riscos
protege a estrutura biomecânica, porém ainda é para a maioria das mulheres sintomáticas com menos de
controversa a associação da insuficiência estrogênica 60 anos de idade ou dentro do período de 10 anos da pós-
com a evolução das doenças que envolvem as cartilagens menopausa.
e as articulações. Evidências sugerem que o estrogênio O início da TH em mulheres com mais de 10 anos de pós-
exerce efeitos positivos sobre o metabolismo dos menopausa pode associar-se ao aumento no risco de
ossos, dos músculos e da sinóvia, que, em conjunto, doença cardiovascular (DCV). Entretanto, se iniciada na
melhoram a saúde das articulações. peri e pósmenopausa inicial, a TH pode diminuir o risco

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cardiovascular, conceito conhecido como “janela de Entretanto, o tempo para o alívio adequado dos sintomas
oportunidade”. é maior, podendo demorar de seis a oito semanas. Por
outro lado, estão associadas a menor ocorrência de
A TH pode ser dividida em duas categorias, a sangramento vaginal e mastalgia. Atualmente,
terapêutica estrogênica isolada e a terapêutica recomenda-se a menor dose efetiva e pelo menor
estroprogestacional, conhecida como terapêutica período de tempo necessário.
combinada. A terapia estrogênica isolada é
empregada em mulheres histerectomizadas. A adição Os estrógenos sistêmicos estão disponíveis em,
do progestagênio para pacientes com útero é necessária basicamente, 2 tipos: EEC ou estradiol (E2). O E2 é
para proteção endometrial (porque se der só o indicado para uso oral, encontrado na forma de
estrogênio ele vai estimular o endométrio), comprimidos, ou para uso transdérmico, na forma de gel
contrabalançando os efeitos proliferativos do estrogênio ou adesivo. Todos são oferecidos em diferentes
e diminuindo, dessa forma, os riscos de hiperplasia e apresentações, permitindo ajustar a dose de estrógeno às
câncer endometrial. necessidades de cada paciente.

Os estrogênios podem ser administrados por via oral e


não oral (via transdérmica, percutânea e vaginal). Na
via oral, o estrogênio é absorvido pelo trato digestório,
atingindo o fígado pelo sistema porta para, após, atingir
os órgãos-alvo pela circulação sistêmica. Esse caminho
é denominado de primeira passagem hepática. O
fígado metaboliza o estrogênio absorvido, A reposição da TH visa reproduzir os efeitos do
transformando-o em estrogênios menos potentes ou principal estrógeno endógeno, 17-p-estradiol,
inativos. Como consequência, há menor produzido a partir do colesterol nos ovários e nas
biodisponibilidade, necessitando-se de doses maiores adrenais, aromatizado a partir de testosterona no
pela via oral que pela via transdérmica ou percutânea. tecido adiposo. O mais aconselhável é fornecer estradiol
Na via oral há aumento do HDL e diminuição do LDL, para que o próprio organismo da mulher faça a
mas aumento também dos triglicérides, o que pode ser transformação que for necessária. Além disso, a
contraindicado o uso da TH em pacientes com hiper potência estrogênica do 17-p-estradiol é 12 vezes maior do
trigliceridemia. Na via oral, o efeito do metabolismo de que a da estrona e 80 vezes maior do que a do estriol
primeira passagem hepática do estrogênio pode, (estrógenos endógenos mais fracos). Já os EEC contêm
potencialmente, resultar em alterações hemostáticas pró- vários estrógenos diferentes dos produzidos no organismo
trombóticas, o mesmo não sendo observado em usuárias humano, que se ligam ao receptor estrogênico com menor
de estrogênio por via não oral. Essa é a explicação para potência que o estradiol, embora somados
o aumento do risco de trombose venosa profunda sejam tão eficazes quanto ele no tratamento da síndrome
(TVP) nas usuárias de estrogênios por via oral e o climatérica.
menor risco em mulheres com estrogênio não oral
O estradiol é transportado na circulação para seus tecidos-
Benefícios da terapêutica hormonal alvo por proteínas, metabolizado por sulfotransferases ou
Dentre os principais benefícios para o uso da TH, por glucoronidação e excretado na bile e na urina.
podemos destacar o tratamento dos sintomas Os efeitos clássicos dos estrógenos provêm de sua ação
vasomotores e da atrofia vulvovaginal e a prevenção genômica, pela síntese ou inativação proteica após
da osteoporose e fraturas osteoporóticas, que são acoplamento a receptores nucleares específicos. Dois
indicações consagradas. tipos de receptores estrogênicos (REs) foram
Evidências atuais sugerem outros benefícios da TH sobre inicialmente descritos, alfa e beta. O REalfa predomina
os sintomas geniturinários, distúrbios da função em útero, células da teca ovarianas, osso, mama, fígado,
sexual e na redução da DCV e diabetes, além de rins, tecido adiposo e algumas regiões do cérebro. O
melhora da qualidade de vida em mulheres na pós- REbeta é expresso predominantemente em cólon, células
menopausa. da granulosa, medula óssea, pulmões e bexiga.

Sintomas vasomotores: Geralmente, o REbeta tem efeito oposto ao alfa na


O efeito da terapia estrogênica comparada ao placebo transcrição gênica. De forma geral, as ações do REalfa
sobre as ondas de calor, demonstrou redução no número promovem proliferação e crescimento no aparelho genital
de ondas de calor com o uso de estradiol (E2) e nos tecidos associados a funções reprodutivas. São eles
transdérmico (-22,4 fogachos por semana), de os responsáveis pelo aumento de ovários, trompas, útero,
estrogênios conjugados – ECs (-19,1 fogachos por vagina e genitália externa que ocorrem na puberdade. Por
semana) e de 17-β-estradiol oral (-16,8 fogachos por meio deles ocorre transformação do
semana). Em geral, os efeitos da TH sobre os sintomas epitélio vaginal pré-puberal cuboide para o tipo
vasomotores são com doses convencionais de estratificado, mais resistente a traumas e infecções. No
estrogênios, entretanto terapias com baixas doses de endométrio, o estradiol promove, via REalfa, a
ECs também são efetivas nos sintomas vasomotores. proliferação do estroma e o desenvolvimento de glândulas
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endometriais. Nas mamas, determina desenvolvimento preparações de baixa dose de estrogênio vaginal são
do estroma, crescimento do sistema ductal e deposição eficazes e geralmente seguras.
de gordura, além do desenvolvimento inicial de lóbulos A terapêutica estrogênica promove o crescimento
e alvéolos que serão estimulados posteriormente por celular vaginal, a maturação celular e a recolonização
progesterona e prolactina. com lactobacilos, aumenta o fluxo sanguíneo vaginal,
diminui o pH vaginal para os valores da menacme,
melhora a espessura e a elasticidade vaginal e a
resposta sexual, com repercussões positivas para a saúde
vaginal e sexual.
Os estrógenos locais, na forma de cremes ou óvulos
vaginais, afetam somente a região urogenital, com
praticamente nenhuma absorção sistêmica. Só aliviam a
atrofia vaginal, que se exterioriza como craurose (sensação
de queimação genital) e dispareunia (dor ao coito), além
de melhorarem ou curarem a incontinência urinária, que,
associada ao ressecamento, propicia infecções. Não
resolvem fogachos nem previnem osteoporose. Na
disfunção sexual ajudam em parte melhorando a
lubrificação, porém não a libido.
Em geral, são usados à noite com aplicador próprio
contendo a medida preconizada ou como óvulos vaginais.
Se a vaginite atrófica é intensa, na 1a semana podem ser
usados diariamente e, depois, 2 a 3 vezes por semana.

O principal efeito cardioprotetor e anti-aterosclerose


do estradiol é mediado pelo REalfa presente no Perda de massa óssea
endotélio vascular. Trata-se de uma ação não clássica Reconhecidamente, a TH é eficaz na prevenção da perda
não genômica, em que, após a ligação do estradiol no óssea associada à menopausa e na redução da incidência
endotélio, ocorre estímulo de quinases que deflagram de todas as fraturas relacionadas à osteoporose, incluindo
uma cascata de reações, que, em suma, estimulam o fraturas vertebrais e de quadril. Evidências indicam que a
receptor endotelial para óxido nítrico sintetase prevenção da perda de DMO existe tanto para TH em
(eNOS), promovendo aumento da produção de óxido doses convencionais quanto para baixas doses, por via oral
nítrico. O óxido nítrico promove vasodilatação, (ECs e 17-β-estradiol) e transdérmica (17- β-estradiol).
redução de oxidação de LDL, inibição da proliferação Entretanto, iniciar a TH com o único propósito de prevenir
de músculo liso vascular e da agregação plaquetária fraturas em mulheres após os 60 anos de idade não é
e ações anti-inflamatórias, que inibem a progressão recomendado. Na manutenção da TH em mulheres após os
de placas ateroscleróticas na camada íntima do vaso. 60 anos de idade para prevenção ou tratamento da
Estudos demonstram que quando o estradiol é fornecido osteoporose, devem-se considerar os riscos em longo
logo após a menopausa, seja em mulheres saudáveis ou prazo quando comparada a outros tratamentos não
já com fatores de risco cardiovascular, há estímulo para hormonais de comprovada eficácia.
a produção de óxido nítrico (janela de oportunidade). Sintomas geniturinários
Quanto maior o tempo após menopausa não tratada, A TH pode ter efeito benéfico sobre os sintomas de
menor é esse efeito. urgência urinária, bexiga hiperativa e risco de infecção
urinária recorrente em mulheres com atrofia urogenital,
Atrofia vulvovaginal pois apresenta efeito proliferativo no epitélio uretral e da
Os sintomas associados à atrofia vulvovaginal como falta bexiga.
de lubrificação e dispareunia acometem cerca de 50%
das mulheres na pós-menopausa. Esquemas Estropogestativos/ combinados e Efeitos
É uma condição decorrente da redução dos metabólicos dos progestógenos
estrogênios nos tecidos da vulva e da vagina, sendo o Podem ser realizados em esquemas contínuos ou cíclicos,
diagnóstico baseado nos sintomas referidos pela paciente sendo recomendado um mínimo de 12 ou 14 dias de
e detectados no exame ginecológico. administração de progestagênio por ciclo, a fim de se
As terapias de primeira linha para sintomas leves reduzir o risco de hiperplasia e de carcinoma endometrial.
incluem hidratantes vaginais e lubrificantes. Para as No entanto, o esquema cíclico vem sendo questionado, por
mulheres com sintomas moderados a severos, as
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ter a possibilidade de não evitar as alterações Tromboembolismo venoso
endometriais neste esquema. Embora raro em mulheres até 60 anos de idade, o risco
Em geral, os progestagênios são administrados por via relacionado à TH para eventos tromboembólicos venosos
oral, com exceção do acetato de norestisterona que graves aumenta com a idade e está associado
também está disponível em associação com estradiol por positivamente com obesidade e trombofilias. Dados de
via transdérmica. O dispositivo intrauterino liberador de estudo mostraram risco aumentado de TEV com uso da TH
levonorgestrel é uma alternativa a fim de se obter oral com EC isolado, com maior risco nos primeiros dois
redução dos eventos adversos associados ao anos de tratamento.
progestagênio sistêmico. Embora o efeito
progestogênico no endométrio seja o mesmo para a Candidatas ideais a TH: sintomáticas, até 10 anos de
progesterona e os demais progestógenos, há inúmeros pós-menopausa ou menores de 60 anos de idade, sem
efeitos metabólicos que os diferenciam. antecedente de TVP/TEP e câncer de mama, sem
A progesterona micronizada não interfere nos efeitos IAM/AVC e doença hepática ativa.
metabólicos benéficos do estrógeno. A Associação Brasileira de Climatério (SOBRAC) cunhou
As características desejáveis na escolha do em 2004 o termo “janela de oportunidade”, indicando
progestagênio são: adequada potência progestacional, que haveria um momento propício para o início da terapia
segurança endometrial e que possa preservar os de reposição hormonal após a menopausa. Dessa forma, a
benefícios estrogênicos com mínimos efeitos colaterais. terapia de reposição hormonal deveria ser iniciada nos
Tabela no final do resumo. primeiros meses ou
anos após a menopausa para que se pudesse pensar em
Riscos da terapêutica hormonal ausência de risco cardiovascular.
O uso da TH estroprogestativa é limitado pelo aumento
do risco de câncer de mama em três a cinco anos, Outras opções:
enquanto a terapia estrogênica isolada teria maior A tibolona é um esteróide sintético proveniente do
período de uso com segurança. noretinodrel, derivado da 19-nortestosterona, com proprie-
Trombose atual; IAM/AVC; Doença hepática ativa e dade estrogênica, progestagênica e androgênica. A
SUA tibolona dificulta a conversão para estrogênios ativos no
Câncer de mama tecido mamário. Em resumo, a tibolona se comporta em
O risco potencial de câncer de mama deve ser incluído nível uterino como uma terapia hormonal combinada
nas discussões sobre benefícios e riscos de TH. O efeito contínua, porém, sem efeito estimulante no tecido
da TH sobre o risco de câncer de mama pode mamário, com ação menos favorável nas lipoproteínas,
depender do tipo de TH, da dose, duração do uso, efeito protetor ósseo com redução do risco de fraturas,
regime, via de administração, exposição prévia e associado a efeito androgênico.
características individuais. Além disso, podem existir Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina são
diferenças potenciais no risco de câncer de mama com eficazes nas queixas vasomotoras, os mais usados na
estrogenioterapia isolada ou associada à terapêutica são Desvenlafaxina, Venlafaxina, Paroxetina,
progestagênios (risco maior). Escitalopram e Citalopram.

Referências
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC, Baracat EC, Lima GR
• BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C. (Orgs.).
• CLAPAUCH, Ruth. Endocrinologia Feminina e Andrologia. AC Farmacêutica, 2012. FERNANDES, César Eduardo, POMPEI, Luciano de (coords.).
• Sanarflix.

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Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME
• Compreender a incontinência urinária (de esforço
e bexiga hiperativa).
• Elucidar prolapso genital.
• Entender a cistocele.
O armazenamento e o esvaziamento da bexiga dependem
de complexa interação entre o encéfalo, a medula
espinal, a bexiga, a uretra e o assoalho pélvico.
Incontinência: “a queixa de qualquer perda
involuntária de urina”.
• A incontinência urinária de esforço (IUE) ocorre
quando há elevação da pressão abdominal (como ao
tossir, correr ou levantar peso).
• A incontinência urinária de urgência (IUU) é uma
sensação súbita de urgência (como no trajeto até o
banheiro ou ao se lavar as mãos).

Epidemiologia As fibras parassimpáticas chegam a bexiga e uretra,


A prevalência da IU varia de acordo com a população e oriundas da região sacral (S2 a S4), e compõem o nervo
faixa etária estudadas, pois ela aumenta com o pélvico. O seu principal neurotransmissor é a acetilcolina.
envelhecimento. Alguns estudos mostram que a Os neurorreceptores muscarínicos e nicotínicos,
prevalência, nas mulheres jovens, varia de 12 a 42%. Já localizados, sobretudo, no fundo vesical e uretra posterior,
em mulheres na pós-menopausa, a variação é de 17 a respondem ao estímulo parassimpático. Uma vez ativado,
55%. No Brasil, cerca de 10% das pacientes que o parassimpático determina inibição simpática (sistema
procuram os ambulatórios de ginecologia tem, como liga/desliga), inicia a contração detrusora cada vez mais
queixa principal, a perda urinária. Estudos populacionais eficaz, até que os esfíncteres abrem e a micção se
demonstraram que pelo menos 40% das mulheres processa. O SNP fornece rica inervação colinérgica para
apresentará, pelo menos uma vez em suas vidas, um as fibras musculares do detrusor, agindo em receptores
episódio de incontinência. muscarínicos M2 e M3 Dessa forma, o sistema
Fisiologia: As fibras simpáticas chegam à bexiga e parassimpático é o responsável pelo esvaziamento
uretra, oriundas da região toracolombar (T10 a L2), vesical.
compondo o nervo hipogástrico. O seu principal Apesar de os receptores M2 serem mais predominantes na
neurotransmissor é a noradrenalina; os bexiga, os receptores M3 parecem ser funcionalmente
neurorreceptores que respondem ao estímulo mais importantes por mediar contração direta do músculo
simpático são os receptores Beta, localizados no fundo detrusor, enquanto os receptores M2 parecem modular a
da bexiga, e os alfarreceptores, localizados no colo contração detrusora por diversos mecanismos.
vesical e uretral proximal. Quando o simpático é ativado,
determina inibição parassimpática (sistema liga/desliga)
e cessação da contração detrusora. O estímulo simpático
dos betarreceptores promove a inibição do músculo
detrusor e consequente relaxamento vesical, e a
estimulação dos alfarreceptores determina a
contração dos esfíncteres interno e externo da
uretral. Dessa forma, o sistema simpático é o
responsável pelo enchimento vesical.
 Receptores do colo vesical e da uretra = alfa-
adrenérgicos = ação alfa-adrenérgica predominante
na uretra = contração esfincteriana.
 Receptores do corpo vesical = beta-adrenérgicos =
ação beta-adrenérgica no músculo detrusor =
relaxamento do músculo detrusor. As fibras aferentes saem do detrusor, da uretra e MAPS,
À medida que o volume vesical aumenta, é necessário em direção ao sistema nervoso central (SNC), e são de dois
aumentar o tônus dos esfíncteres uretrais e músculos do tipos: (a) tipo A delta, mielinizada; (b) tipo C
assoalho pélvico, no sentido de conseguir a continência. amielinizadas. As fibras do tipo A delta respondem à
O sistema somático, representado pelo nervo pudendo, tensão da parede vesical (mecanorreceptores) e dão a
emerge do sacro (S3 e S4) no núcleo de Onuf e estimula sensação da bexiga cheia. Levam os estímulos até a
o esfíncter externo uretral, mantendo a contração dele medula, via nervo hipogástrico, enquanto as fibras do tipo
(reflexo de guarda). O aumento do volume vesical C têm alto limiar para os estímulos mecânicos e
também leva ao aumento da tensão sobre as paredes respondem a estímulos nociceptivos como: inflamação,
vesicais; isso determina o aumento dos sinais aferentes e
consequente ativação do parassimpático.
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Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME
irritantes químicos e sobredistensão, conduzindo o • Tipo 0 – há hipermobilidade da uretra com os esforços,
estímulo via nervos pélvico e hipogástrico até a medula. mas não é possível observar a perda de urina.
Fechamento normal da uretra • Tipo I – o colo vesical se mantém fechado e situado
O fechamento normal da uretra é mantido por uma acima da borda inferior da sínfise púbica. Abre-se, aos
combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos. Os esforços, mas sua descida é menor que 2 cm em relação à
fatores extrínsecos incluem os músculos levantadores posição de repouso. Observa-se perda de urina durante o
do ânus, a fáscia parietal da pelve e suas fixações às esforço.
paredes laterais da pelve e à uretra. Essa estrutura • Tipo IIa – semelhante ao tipo I, porém com descida
forma uma rede sob a uretra, que se tensiona em resposta maior que 2 cm durante o esforço, abaixo da borda inferior
à elevação da pressão intra-abdominal, o que possibilita da sínfise púbica.
o fechamento da uretra contra uma base de sustentação • Tipo IIb – o colo vesical é infrapúbico mesmo em
posterior. A deficiência desse mecanismo de sustentação repouso, embora mantenha-se fechado. Durante o esforço
acarreta a perda da sustentação normal e a pode ou não descer, mas a uretra proximal se abre.
hipermobilidade anatômica da uretra e do colo • Tipo III – colo vesical e uretra proximal estão
vesical. Em muitas mulheres, essa perda de sustentação permanentemente abertos, mesmo em repouso. É o grau
é suficiente para impedir o fechamento durante períodos mais acentuado de incontinência.
de aumento da pressão intra-abdominal, com A incontinência urinária tipo III ou Deficiência
consequente IUE. Os fatores intrínsecos que Esfincteriana Intrínseca (DEI ou DEUI) é um tipo de IUE
contribuem para o fechamento uretral incluem a ação causada pela inabilidade do mecanismo esfincteriano
dos músculos estriado e liso da parede uretral e vasos uretral, ou seja, há uma falência completa da função
sanguíneos associados, a congestão vascular do plexo esfincteriana uretral, independentemente da posição ou
venoso da submucosa, a coaptação epitelial das pregas mobilidade uretral. Nesse caso, as pressões vesicais e na
do revestimento uretral, a elasticidade uretral e o tônus uretra proximal são iguais e o colo vesical se apresenta
da uretra mediado por receptores alfa-adrenérgicos do permanentemente aberto. Assim, a perda de urina pode
sistema nervoso simpático (SNS). ocorrer com tanta facilidade e constância que muitas
Incontinência urinária de esforço - IUE pacientes chegam a confundi-la com uma perda
Ocorre durante períodos de aumento da pressão intra- continuada, que levanta a suspeita da presença de fístula.
abdominal (p. ex., espirros, tosse ou exercício) quando Clinicamente, a DEI se caracteriza por perda urinária com
a pressão intravesical supera a pressão que o mínimos esforços, com pequenas oscilações da pressão
mecanismo de fechamento uretral é capaz de intra-abdominal, pois é perdida a resistência passiva ao
suportar. fluxo urinário, já que o colo vesical encontra-se
Danos à sustentação uretral - hipermobilidade permanentemente aberto.
uretral - incompetência do fechamento uretral
durante a atividade física. Fisiopatologia
Divisão da IUE em dois tipos abrangentes:  Hipermobilidade da uretra e do colo vesical: É
1. Incontinência causada por hipermobilidade difusamente aceito que a lesão de estruturas responsáveis
anatômica da uretra por manter a posição adequada da uretra e do colo vesical
2. Incontinência causada por fraqueza ou deficiência é a causa da IUE. A hipermobilidade ocorre por alterações
intrínseca do esfíncter. no mecanismo uretral extrínseco, secundário à mudança da
O melhor método de análise do distúrbio é um modelo posição do colo vesical e da uretra proximal. O
biocomportamental que avalia a interação de três enfraquecimento do suporte uretral pode resultar
variáveis: numa menor transmissão da pressão intra- -abdominal
1. A força biológica do mecanismo esfincteriano uretral; à uretra nos momentos de esforço. Consequentemente,
2. O nível de estresse físico imposto ao mecanismo de durante um período, a pressão intravesical excede a
fechamento; pressão intrauretral, e ocorre, então, a perda urinária.
3. As expectativas da mulher em relação ao controle
urinário.
É importante salientar que a perda urinária ao tossir
não é sinal específico de IUE. Somente é um sinal
confiável quando a perda é observada ao primeiro
acesso de tosse e se interrompe quando este acesso
termina. Cabe lembrar que a tosse, por si só, pode
provocar uma contração não inibida do detrusor. Neste
caso, a perda que se inicia alguns segundos após o
esforço pode ser decorrente de uma contração não inibida
do detrusor estimulada pelo esforço.

A incontinência urinária de esforço é subdividida, na


classificação de Blaivas e Olsson, em cinco tipos. Essa
classificação leva em consideração critérios clínicos e
videourodinâmicos:
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Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME
 Teoria integral: Se as estruturas que tracionam a horário dos episódios de incontinência, bem como as
porção média e proximal da uretra nas direções superior atividades específicas associadas à perda de urina.
e anterior – ligamentos pubouretrais, parede vaginal Exame de urina: é necessário para que se excluam
suburetral e os músculos pubococcígeos – são tão infecção, hematúria e anormalidades metabólicas. Se
eficientes como aquelas que têm ação nas direções houver comprovação de infecção urinária no exame
posterior e inferior – o restante dos músculos elevadores microscópico ou cultura, é razoável verificar se os
– e se a uretra proximal e o colo vesical estiverem sintomas urinários melhoraram com o tratamento da
frouxamente conectados à parede vaginal, haverá um infecção. Algumas vezes, uma infecção urinária simples
alongamento ou mesmo dobramento da uretra proximal, causa o início ou a exacerbação de incontinência urinária.
o que permitirá a continência tanto em repouso como Depois do exame básico, recomendam-se exames
durante o esforço. O enfraquecimento da ação nas complementares nas seguintes circunstâncias: incerteza do
direções superior e anterior, que é rotineiramente diagnóstico (p. ex., por grandes discrepâncias entre a
encontrado em pacientes com IUE, resultará em um anamnese, o diário miccional e a escala de sintomas);
predomínio da ação em direção inferior que, por consideração de cirurgia; RPM elevado, algum distúrbio
conseguinte, impede o fechamento eficaz da uretra. neurológico capaz de complicar o tratamento (como a
 Deficiência do mecanismo esfincteriano intrínseco esclerose múltipla), prolapso acentuado de órgão pélvico
da uretra: resulta em um tônus uretral diminuído. ou várias tentativas anteriores de correção cirúrgica. Deve-
Nestes casos, uma forte ação compensatória será exigida se considerar o exame por imagem da bexiga e do rim
das estruturas que compõem o mecanismo esfincteriano emcaso de hematúria sem infecção.
extrínseco.
Defeitos do tecido conjuntivo: o fechamento uretral Incontinência urinária de urgência e bexiga hiperativa
ineficiente pode ser decorrente de distúrbios do tecido – IUU
conjuntivo necessário para conexão das estruturas A incontinência urinária de urgência é o tipo mais comum
descritas anteriormente. O envelhecimento leva ao em idosas. A IUU é a perda involuntária de urina
desgaste ou remodelamento do tecido conjuntivo, acompanhada, ou imediatamente precedida, de urgência.
processo que pode ser atenuado, em algum nível, pelo As mulheres podem ter outros problemas relacionados,
tratamento com estrogênios. como urgência, noctúria e aumento da frequência
Esvaziamento incompleto da bexiga: Pacientes com diurna. A definição de noctúria é quantificável: a mulher
grande volume de urina residual pós-miccional (RPM) acorda uma ou mais vezes durante a noite para urinar.
têm diminuição da capacidade vesical funcional em (Polaciúria).
função do “espaço morto” na bexiga ocupado pela urina A hiperatividade do detrusor é uma observação
retida. Esse acúmulo de urina estagnada também é uma urodinâmica caracterizada por contrações involuntárias
fonte frequente de infecções urinárias, porque a principal do detrusor durante a fase de
defesa da bexiga contra infecção é o esvaziamento enchimento, que podem ser espontâneas ou provocadas.
frequente e quase completo. Um grande RPM contribui É dividida em hiperatividade neurogênica, provocada
para a incontinência urinária de duas maneiras: em caso por um distúrbio neurológico, e hiperatividade
de distensão excessiva da bexiga, aumentos da pressão idiopática, quando não há causa explícita.
intra-abdominal podem forçar a passagem da urina pelo O termo síndrome da bexiga hiperativa é definido
esfíncter uretral, causando IUE (às vezes denominada como urgência urinária, geralmente acompanhada de
“incontinência por transbordamento” no caso de grande polaciúria e noctúria, com ou sem IUU, na ausência de
RPM); em alguns casos, é possível a hiperdistensão infecção urinária ou outra doença óbvia. É denominada
vesical provocar contração não inibida do músculo bexiga hiperativa sem incontinência quando as mulheres
detrusor, levando à perda. Esses distúrbios podem com esses sintomas não têm perda de urina, e bexiga
coexistir, complicando ainda mais o problema. hiperativa com incontinência quando está associada à
perda de urina.
Diagnóstico:
Estudo urodinâmico: a presença de deficiência Fisiopatologia da bexiga hiperativa
esfincteriana intrínseca será reconhecida quando a Córtex cerebral e traumas medulares
perda urinária durante a manobra de Valsalva ocorrer O córtex cerebral, especialmente a região frontal
com pressão de perda uretral menor que 60 cm H2O. direita, exerce ação predominantemente inibitória
Valores acima de 90 cm H2 O são associados à sobre o reflexo da micção. A inibição cortical deficiente
incontinência por hipermobilidade do colo vesical. Os é uma das causas de bexiga hiperativa neurogênica.
valores intermediários podem ser indicativos da Neurotransmissores e receptores
associação de lesões, e devem ser correlacionados com a O óxido nítrico liberado por nervos eferentes do colo
história clínica e o passado cirúrgico da paciente. vesical e da uretra é uma das possíveis substâncias
Diário miccional: quadro de frequência/volume vesical - envolvidas no relaxamento uretral que precede o
é inestimável na avaliação de pacientes com esvaziamento vesical. Sua deficiência pode determinar
incontinência urinária. As pacientes são instruídas a relaxamento uretral inadequado, com consequente
anotar o horário de cada micção no quadro e a medir a aparecimento de contrações involuntárias do detrusor.
quantidade de urina eliminada. Deve-se registrar o O polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP) é considerado
agente inibitório das vias eferentes parassimpáticas e
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excitatório das vias aferentes, com a substância P. mesma paciente, caracterizando o quadro denominado
Concentrações reduzidas de VIP foram encontradas em Incontinência Urinária Mista (IUM).
biópsias de detrusor em pacientes com bexiga hiperativa, Cistometria de enchimento: A cistometria é realizada para
em comparação com a musculatura vesical normal. Tal avaliar a função vesical e uretral durante o enchimento vesical.
fato sugere que a ausência da inibição por esse fator estaria 1. Introduzir o cateter de medida de pressão e de enchimento na
relacionada com o desencadeamento da bexiga hiperativa. bexiga (podem ser dois cateteres ou um duplo) para medir a
pressão intravesical e encher a bexiga. Introduzir um cateter de
Teorias miogênica e neurogênica
pressão na parte superior da vagina ou no reto para medir a
A fisiopatologia da bexiga hiperativa também parece pressão abdominal aproximada
envolver o aumento de ligações elétricas entre as células 2. Administrar infusão de líquido (geralmente água estéril ou
do músculo detrusor. Tais ligações disfuncionais solução salina, às vezes meio de contraste radiológico) com
permitiriam que contrações locais, que normalmente se vazão de 50 a 100 m l/min. Manter um registro contínuo do
extinguem, se propaguem, podendo gerar contrações volume infundido e da pressão medida. Pode-se encher a bexiga
clinicamente detectáveis. O modelo fisiopatológico com a paciente em decúbito dorsal, posição de litotomia
proposto (teoria neurogênica) pressupõe que alterações modificada, sentada ou de pé. Quando possível, fazer a
neurológicas na parede vesical representadas por cistometria com a paciente de pé, porque a maioria das pacientes
denervação e ligações intercelulares anormais podem com incontinência queixa-se de que o problema ocorre
principalmente na posição ereta
determinar os sintomas de urgência e o aumento da
3. Observar o momento da eventual perda de urina
frequência miccional. 4. Durante o enchimento, registrar o primeiro desejo de urinar (i.
Defeitos anatômicos e., a sensação que a faria levantar-se para urinar no primeiro
A correção cirúrgica da incontinência urinária de esforço momento oportuno, mas a micção pode ser adiada se necessário)
associa-se à cura da urgeincontinência em 53% a 82% das e o forte desejo de urinar (i. e., o desejo persistente de urinar sem
pacientes com queixas mistas. Sabe-se que a presença de medo de perda de urina). A capacidade cistométrica máxima, em
urina no lúmen uretral desencadeia contração reflexa do mulheres com sensibilidade normal, é o volume em que a mulher
detrusor, contribuindo para o completo esvaziamento sente que não é mais possível adiar a micção; não se deve
vesical. Desse modo, a perda de urina desencadeada pelo continuar o enchimento até haver dor ou desconforto intenso
esforço estimularia fibras aferentes dos nervos pudendos e 5. Se não for observada hiperatividade do detrusor durante o
enchimento, instruir a paciente a fazer manobras de estímulo no
pélvicos, ocasionando contrações involuntárias do
momento de capacidade máxima, como tossir, bater o calcanhar
músculo detrusor e o aparecimento dos sintomas de bexiga no chão e ouvir o som de água corrente para provocar contrações
hiperativa. não inibidas do detrusor, que podem ser a causa dos sintomas.
Incontinência mista
Sintomas de IUE e IUU. É mais provável as mulheres
jovens terem apenas IUE, enquanto nas mulheres idosas
há predomínio de incontinência mista e IUU.

Fatores de risco para a incotinência: via de parto,


números de gestações, deficiência estrogênica, cirurgias,
raça branca, constipação intestinal, tabagismo, obesidade
e ocupações que exijam esforço físico.

Tratamento
O tratamento da IU deve ser realizado de acordo com a
etiologia da IU.
Tratamento da Incontinência Urinária de Esforço
(IUE)
A IUE é também denominada de IU por causa anatômica.
Seu tratamento pode ser conservador, cirúrgico ou
combinado.
Tratamento conservador: comportamental e fisioterapia
Conjunto de técnicas que têm por objetivo promover
mudanças nos hábitos da paciente e que influenciam os
sintomas das disfunções do assoalho pélvico, a fim de
Diagnóstico: clínico e urodinâmico. minimizá-los ou eliminá-los. Inclui orientações quanto à
Os sintomas de urgência, urgeincontinência, frequência ingesta hídrica, treinamento vesical, treinamento dos
e noctúria estão frequentemente associados à músculos do assoalho pélvico (exercícios perineais) e
hiperatividade do detrusor. No entanto, podem ser educação sobre o trato urinário inferior.
relatados por algumas pacientes com incontinência Redução em torno de 25% na ingesta hídrica promove
urinária de esforço ou mista. Assim, o diagnóstico da melhora significativa na frequência urinária, urgência
síndrome decorrente de hiperatividade do detrusor é miccional e noctúria.
urodinâmico, caracterizado pela presença de Exercícios Perineais (Kegel): O condicionamento da
contrações não inibidas do detrusor evidenciadas na musculatura do assoalho pélvico pode melhorar ou curar a
cistometria. Pode haver a associação de IUE e HD na IUE.
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Cones Vaginais: Consistem em um conjunto de Tratamento Clínico ou Farmacológico ou
dispositivos em formato de cone, numerados de 5 a 9, de Medicamentoso da IUE
mesmo tamanho e pesos diferentes, variando de 20 a 100 O tônus da uretra e do colo vesical é mantido, em grande
g (25 a 65 g), ligados a fio de náilon que facilitam a parte, pela atividade alfa-adrenérgica do SNS. Por isso,
remoção. muitos fármacos são usados, com graus variáveis de
É considerado um método seletivo pela capacidade de sucesso, para tratar a IUE. Estes incluem imipramina (que
recrutar fibras do tipo I (fibras de contração lenta). tem efeito concomitante de relaxamento do detrusor),
Assim, é denominado de biofeedback tátil e sinestésico efedrina, pseudoefedrina, fenilpropanolamina e
por permitir uma retroalimentação da paciente. A norepinefrina. Infelizmente, muitas dessas substâncias
paciente deve reter o cone na vagina por 15 minutos, aumentam o tônus vascular e podem, portanto, causar
2x/dia, aumentando o peso dos mesmos, de modo problemas de hipertensão, distúrbio que afeta muitas
progressivo. Seu uso pode ser associado aos exercícios mulheres na pós-menopausa com IUE. Há aumento da
perineais. probabilidade de AVC hemorrágico nas mulheres tratadas
com fenilpropanolamina e, embora esse risco seja muito
baixo, não é possível prever quem pode apresentar essa
complicação. Não há fármacos aprovados pela FDA
para tratamento da IUE. O estrogênio conjugado, com
ou sem progesterona, não deve ser prescrito para
prevenção ou alívio da incontinência urinária.
Tratamento cirúrgico
Pessários: São dispositivos projetados para reduzir o Para as pacientes que não apresentarem melhora ou não
deslocamento inferior ou afunilamento da junção desejarem tratamento conservador, a cirurgia é o passo
uretrovesical. Com isso, se obtém apoio para o colo seguinte para tratar com sucesso a IUE. A cirurgia visa o
vesical e, consequentemente, redução nos episódios de reposicionamento do colo vesical na sua posição
incontinência. anatômica e sua sustentação durante o aumento da
São recomendados para pacientes que não desejam pressão abdominal. A sustentação da uretra também é
cirurgia e/ou apresentam risco cirúrgico elevado, bem parte integrante da continência.
como não possuem motivação para outras modalidades Atualmente, o reparo anterior é, principalmente, uma
terapêuticas. A eficácia dos pessários no tratamento da cirurgia para correção de prolapso da parede vaginal
incontinência urinária varia em função do grau de anterior.
prolapso presente. Colporrafia Anterior por Via Vaginal – Cirurgia de
Kelly-Kennedy:
A cirurgia de Kelly-Kennedy é realizada por via vaginal,
quando há cistocele por defeito central da fáscia de suporte
da uretra associada à IUE. O resultado final é, portanto, o
reposicionamento da junção uretrovesical em posição
retropúbica.

Uretropexia Retropúbica: inclui a colpossuspensão de


Burch e Marshall-Marchetti-Krantz (MMK), que visam
Treinamento vesical: O principal componente é a
reposicionar o colo vesical em sua topografia
micção programada. Após avaliação do diário miccional
retropúbica. Eles envolvem a suspensão e fixação da
da paciente, escolhe-se um intervalo inicial entre as
fáscia pubocervical à moldura musculoesquelética da
micções que represente o maior período confortável. Ela
pelve. A uretropexia retropúbica é um tratamento efetivo
é instruída a esvaziar a bexiga ao acordar e depois
para a IUE, com taxas globais de continência após um ano
seguindo os intervalos programados durante o dia (p. ex.,
entre 85 e 90% e de aproximadamente 70% em cinco anos.
a cada 30 a 60 min). Quando a paciente tiver urgência de
Slings
urinar durante esse intervalo, é instruída a usar
Os slings eram classicamente indicados nos casos de
estratégias de supressão da urgência, como técnicas de
defeito esfincteriano intrínseco, obesidade e portadoras de
distração ou relaxamento, até o horário programado. As
DPOC.
estratégias eficazes de distração incluem fazer exercícios
Slings Pubovaginais: Consistem no posicionamento de
mentais (como problemas matemáticos), respirar
uma faixa do retoabdominal ou da fáscia lata, através do
profundamente ou “cantar” uma música de maneira
espaço retropúbico, sob o colo vesical. As extremidades
silenciosa. O principal objetivo é evitar a corrida ao
são fixadas ao nível da fáscia do reto abdominal.
banheiro no momento da urgência. Outra estratégia é
Slings de Uretra Média: Resumidamente, o controle do
contrair rapidamente a musculatura pélvica várias vezes
fechamento da uretra envolveria a interação de três
seguidas (“congelar e contrair”), o que costuma reduzir a
estruturas: - Ligamentos pubouretrais; - Rede vaginal
urgência. Aos poucos, o intervalo é aumentado (em geral
suburetral; - Músculo pubococcígeo.
semanal), até a paciente urinar a cada 2 a 3 h.

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Tratamento Incontinência urinária de urgência e atividade, ou seja, com aumento no número de fibras
bexiga hiperativa musculares de contração rápida. A frequência do estímulo
O tratamento da bexiga hiperativa é clínico, elétrico é fator crucial para o sucesso do tratamento. Para
independentemente da presença ou não de hiperatividade os casos de incontinência de esforço, recomendam-se altas
do detrusor. frequências, de 50 a 100 Hz, e para a bexiga hiperativa as
Medidas gerais: assim como as comportamentais frequências ideais oscilam entre 5 e 20 Hz
indicadas na IUE Prolapsos genitais
Medicamentoso: esses fármacos são agentes
O prolapso dos órgãos pélvicos, também chamado de
anticolinérgicos que atuam sobre a bexiga mediante
distopias, é uma protrusão desses órgãos e dos segmentos
bloqueio da atividade da acetilcolina nos receptores
vaginais associados no interior da vagina ou através dela -
muscarínicos.
define todo deslocamento caudal dos órgãos pélvicos
Seus efeitos colaterais são atribuídos à inibição dos
(uretra, bexiga, alças intestinais e reto), podendo ocorrer
receptores muscarínicos de outros órgãos, e são
responsáveis pela interrupção do tratamento em muitos em diferentes graus
Os sintomas de POP podem ocorrer em qualquer idade,
casos. Glaucoma de ângulo fechado, arritmias cardíacas,
mas têm seu pico entre os 70 e 79 anos, e a disfunção do
gravidez, lactação, colite ulcerativa e doença obstrutiva
assoalho pélvico é mais importante em idosas, afetando até
intestinal ou urinária são contraindicações ao uso desta
50% das mulheres nessa época da vida.
classe de drogas.
As pacientes devem ser alertadas sobre os efeitos ETIOLOGIA / Fatores de risco
colaterais dos anticolinérgicos, especialmente o • Idade > 60 anos, multiparidade, aumento da pressão
ressecamento da boca, e informadas de que ele não é intraabdominal relacionado à obesidade ou doenças que
causado por sede. Algumas mulheres aumentam a levam a esse mecanismo, doenças genéticas que causem
ingestão de líquidos para combater o problema, o que alteração do colágeno ou elastina, espinha bífida oculta.
agrava a incontinência. Sem causa genética identificada, mas indivíduos de
No Brasil temos quatro anticolinérgicos disponíveis, famílias com predisposição ao prolapso têm risco de 2,58
todos com nível 1 de evidência clínica e grau de vezes de apresentar essa condição. Mulheres brancas e
recomendação A: oxibutinina, tolterodina, latinas têm respectivamente 4,9 e 5,4 vezes mais chance
darifenacina e solifenacina. de apresentarem POP.
Cloridrato de oxibutinina: É uma droga com Fisiopatologia:
propriedades anticolinérgicas a antiespasmódicas (ação O suporte dos órgãos pélvicos depende de dois
mista). A Oxibutinina é um antagonista seletivo de mecanismos principais: o tecido ligamentar, também
receptores muscarínicos, pois atua predominantemente chamado de fáscia endopélvica, e o diafragma pélvico
em receptores M1 e M3, o que explica a maior incidência (músculo elevador do ânus e coccígeo). O diafragma
de efeitos colaterais com o uso deste medicamento do pélvico serve como um suporte para os órgãos pélvicos
que com a Tolterodina. É utilizada na dose de 5 a 10 mg, que repousam sobre ele.
até 3x/dia. Apresenta importante efeito de xerostomia Fáscia endopélvica: composta por dois folhetos. O
(boca seca). primeiro liga os órgãos pélvicos (especialmente vagina e
Tolterodina: É uma droga com propriedades útero) às paredes pélvicas. O segundo, considerado
anticolinérgicas a antiespasmódicas (ação mista). Ela é visceral, recobre o útero, vagina, bexiga e reto, originando
um antagonista não seletivo dos receptores muscarínicos, as fáscias vesicovaginal e retovaginal, auxiliando na
pois atua igualmente em todos os receptores sustentação dos órgãos e prevenção do prolapso. São
muscarínicos (M1 a M5). Este fato justifica a menor pontos de reparo fundamentais na terapêutica do prolapso.
incidência de efeitos colaterais com o uso deste Diafragma pélvico: representado pelo músculo elevador
medicamento. Esta é a principal diferença entre a do ânus (ou levantador do ânus – mais importante –
Tolterodina e a Oxibutinina. A Tolterodina é utilizada na composto de porções iliococcígea, pubococcígea e
dose de 1 a 2 mg 2x/dia. Embora tenha maior custo, a puborretal), músculo isquiococcígeo (ou coccígeo) e suas
Tolterodina é a droga que possui maior afinidade pelos respectivas fáscias. Cerca de 90% de sua massa muscular
receptores muscarínicos vesicais; o resultado é uma é composta pelo músculo elevador do ânus e 10% pelo
menor incidência de efeitos colaterais. isquiococcígeo.
Darifenacina: principal vantagem é a menor passagem
pela barreira hematoencefálica com menos efeito Sistema de sustentação do útero e da vagina:
colateral central, como a piora da função cognitiva em O nível I é o complexo de ligamentos
idosos. uterossacro/transverso do colo, que mantém o
Eletroestimulação comprimento e o eixo da vagina.
Acredita-se que o estímulo elétrico aumente a pressão O nível II é constituído de fixações paravaginais da parede
uretral ao agir diretamente nos nervos eferentes da lateral da vagina e da fáscia parietal da pelve no arco
musculatura periuretral. Aumentaria também o fluxo tendíneo, mantendo a posição mediana da vagina.
sanguíneo para os músculos da uretra e do assoalho O nível III corresponde à parte distal da vagina e é
pélvico e restabeleceria as conexões neuromusculares; composto pelos músculos e pelo tecido conjuntivo ao
além disso, melhoraria a função da fibra muscular, redor da parte distal da vagina e do períneo.
hipertrofiando-a e modificando o seu padrão de
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Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME

Na vigência de aumento da pressão abdominal, ocorre estariam do outro lado da parede vaginal e que não
concomitantemente contração do músculo elevador do poderiam estar necessariamente prolapsados. Recomenda-
ânus, levando ao estreitamento do hiato genital (HG), se que esses termos só sejam empregados caso testes
que colabora na prevenção do prolapso genital. Quando específicos comprovem o envolvimento dos órgãos
ocorre lesão do músculo elevador do ânus, este perde sua específicos (bexiga, intestino delgado, reto). Portanto, eles
capacidade de sustentação dos órgãos pélvicos, que passa devem ser substituídos por prolapso de parede anterior e
a ser exercida pelo tecido ligamentar, o qual, por sua vez, prolapso de parede posterior. Se as alças de intestino
após contínua tensão, passa a se distender, podendo levar delgado forem observadas no espaço retovaginal, faz-se a
ao prolapso genital. descrição do peristaltismo ou da palpação de alças
Compartimento apical intestinais.
A sustentação apical normal inclui a integridade dos
ligamentos transverso do colo e uterossacro, o tecido O prolapso é quantificado em números. Ele é negativo
conjuntivo fibromuscular paravaginal superior e, quando quando cranial ao hímen, e positivo quando caudal. Há
o útero está presente, a fáscia paracervical. O tecido seis pontos principais de referência nas paredes vaginais –
fibromuscular da parte superior da vagina funde-se à Aa, Ba, C, D, Ap e Bp.
fáscia paracervical. Ambos estão fixados nas regiões
lateral e posterolateral, nos ligamentos transversos do
colo e uterossacros.
Os defeitos da sustentação apical são:
1. A perda da sustentação dos ligamentos transverso do
colo e uterossacro, com consequente descenso do
colo/útero ou da cúpula da vagina
2. A separação da parede fibromuscular da vagina da
parede anterior do reto com consequente enterocele ou,
às vezes, sigmoidocele para o espaço retovaginal
3. Rupturas ou enfraquecimento do tecido fibromuscular
superior, em geral após histerectomia, causam descenso
apical central que costuma se apresentar como uma
dilatação globosa. Muitas vezes, esses defeitos são
concomitantes.

Classificação do prolapso em relação ao introito


vaginal:
 Prolapso de primeiro grau: órgão prolapsado não
alcança o introito vaginal.
 Prolapso de segundo grau: órgão prolapsado se
exterioriza parcialmente através do introito vaginal.
 Prolapso de terceiro grau: o órgão prolapsado se
exterioriza totalmente através do prolapso genital.
Sistema de quantificação do prolapso dos órgãos
pélvicos (POPQ)
Nessa classificação, os termos cistocele, enterocele e
retocele foram abolidos, relacionando-se aos órgãos que
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Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME

O ponto Aa é localizado na parede anterior da vagina, 3 cm proximal


ao meato uretral externo, que corresponde ao colo da bexiga. Por
definição, a variação de posição desse ponto é -3 a +3. O ponto Ba
representa o mais distal ou inferior de qualquer parte da parede
anterior da vagina desde o ponto Aa até imediatamente anterior à
cúpula da vagina ou ao lábio anterior do colo do útero.
Os pontos do compartimento médio são C e D. O ponto C é o mais
distal do colo ou da cúpula da vagina após histerectomia; o ponto D é
a localização do fórnix posterior; é omitido na ausência do colo. Esse
ponto representa o nível da fixação do ligamento uterossacro na parte
posterior do colo, e o objetivo é diferenciar a ineficácia da suspensão
e o alongamento cervical.
A medida do compartimento posterior é semelhante à do Classificação: os distúrbios mais comuns da sustentação
compartimento anterior; os termos correspondentes são Ap e Bp. As pélvica são retoceles, cistoceles, enteroceles e prolapso
nove medidas são registradas como uma linha simples de uterino, que correspondem respectivamente ao
números (i. e., -3, -3, -8, -10, -3, -3, 11, 4, 3 para os deslocamento do reto, bexiga, intestino delgado e útero
pontos Aa, Ba, C, D, Ap, Bp, comprimento total da
vagina, hiato genital e corpo perineal, respectivamente Cistocele: corresponde à descida da parede vaginal
anterior de forma que a junção uretrovesical (localizada 3
cm acima do meato uretral externo – ponto Aa), ou
qualquer outro ponto acima deste, esteja a menos de 3 cm
do plano do hímen. É conhecido como uretrocele e/ ou
uretrocistocele também.
Decorre da lesão da fáscia vesicovaginal (defeito central
ou de distensão) e/ou da perda da fixação da fáscia
vesicovaginal ao arco tendíneo (defeito lateral ou de
deslocamento ou paravaginal). Portanto, pode ser de dois
tipos.
Defeito Central ou de Distensão: Há defeito central da
fáscia vesicovaginal de suporte da uretra. A mucosa
vaginal perde sua rugosidade, diminui a espessura e os
sulcos anterolaterais da vagina são mantidos.
Defeito Lateral ou de Deslocamento ou Paravaginal:
Há defeito lateral da fáscia de suporte (defeito
Estadiamento da ICS paravaginal). É responsável por 80% dos casos de
Estádio 0: ausência de prolapso. Os pontos Aa, Ap, Ba, cistocele, e está presente em 95% dos casos de cistocele
Bp coincidem e estão com -3 cm de pontuação. Os associada à incontinência urinária de esforço. A lesão
pontos C e D estão entre CVT e CVT -2 cm. desse tecido acarreta perda do ângulo uretrovesical,
Estádio I: o ponto de maior prolapso está localizado 1 uretrocistocele e, com frequência, incontinência urinária
cm acima do hímen, ou seja, acima da posição -1 cm. de esforço.
Estádio II: a porção mais distal do prolapso está entre 1
cm acima e 1 cm abaixo do hímen, ou seja, entre a Quadro Clínico: sensação de peso ou desconforto na
posição -1 cm e +1 cm. região da genitália externa - “bola” na vagina, presente ao
Estádio III: a posição mais distal do prolapso está mais repouso, podendo aparecer e aumentar com o esforço.
que 1 cm abaixo do hímen, ou seja, acima da posição +1 Ocasionalmente pode ocorrer sangramento pelo atrito com
cm, e no máximo 2 cm a menos que o comprimento a roupa íntima da paciente, dispareunia e disfunção sexual.
vaginal total (não se desloca mais que o CVT -2 cm). Incontinência urinária ou polaciúria decorrem de uma
Estádio IV: eversão completa, a porção mais distal do hipermobilidade uretral e estão associadas mais
prolapso encontra-se, no mínimo, no CVT -2 cm. especificamente à perda da sustentação vaginal anterior.

@resumeairafa
Rafaela Amaral Incontinência urinária/ Cistocele/Prolapso 4°P - FPME
Tratamento: O prolapso assintomático não necessita de
tratamento. Quando sintomático, pode ser tratado
conservadoramente ou por cirurgia.
Estádios III e IV: histerectomia vaginal associada à
correção de lesões satélites que eventualmente estejam
presentes.
Estádios I e II: cirurgia de Manchester (ou Donald-
Fothergill). Nesta, é realizada a amputação parcial do colo
uterino e uma cervicofixação anterior dos ligamentos de
Mackenrodt (fixação dos ligamentos cardinais na face
anterior do coto de colo).
Deve ser indicada em:
- Pacientes com comorbidades que elevem o risco
cirúrgico.
- Pacientes que desejem fertilidade futura.
- Pacientes com alongamento hipertrófico do colo, sem
prolapso uterino avançado associado, que almejem a
manutenção da função reprodutiva.

Enterocele: - hérnia do fundo de saco de Douglas. O


intestino delgado se insinua pela cúpula vaginal por um
defeito na fáscia endopélvica, que coloca o peritônio em
contato direto com a vagina. A maior parte das enteroceles
aparece após histerectomias.

Diagnóstico: clínico - descenso ao repouso e durante a


manobra de Valsalva.
Tratamento: mulheres com prolapso da parede vaginal
anterior assintomáticas, sem resíduo pós-miccional, não
necessitam de tratamento. Pessários vaginais
(sintomáticas e com risco cirúrgico). Tradicionalmente,
o tratamento é cirúrgico para ambos os tipos de cistocele
e corresponde à colporrafia anterior. Tal cirurgia consiste
na abertura da parede vaginal anterior e na plicatura da
fáscia pubovesicocervical na linha média.
O diagnóstico da enterocele pode ser confirmado pela
seguinte manobra: introduz-se um tampão vaginal que
Prolapso apical: Inclui o prolapso uterino, de fórnice
reposicione a cúpula vaginal. A seguir, realiza-se toque
posterior ou enterocele e de cúpula vaginal pós-
retal e pede-se à paciente para executar a manobra de
histerectomia
Valsalva. Caso desça, entre o dedo do examinador e o
Prolapso uterino: deslocamento do útero que, em casos
tampão, um saco herniário contendo omento ou alça de
avançados, pode exteriorizar-se através da fenda vaginal.
intestino delgado, podemos concluir que se trata de uma
No caso do prolapso uterino total (procidentia totale),
enterocele.
todo útero encontra-se para fora do introito vaginal. Pode
Retocele: é uma protrusão do reto para a luz da vagina em
ser acompanhado de prolapso das paredes vaginais
consequência da fraqueza da parede muscular do reto e do
anterior e posterior e de rotura perineal.
tecido muscular e conjuntivo paravaginal, que mantém o
reto em posição posteriormente.
Os sinais e sintomas são apresentados são os mesmos
apresentados por portadoras de qualquer tipo de prolapso.
O tratamento consiste na colporrafia posterior com
plicatura da fáscia retovaginal, podendo-se utilizar a
interposição de material sintético (tela de propileno, fáscia
cadavérica) para reforçar a parede vaginal posterior.
Referências:
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia
FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC, Baracat
Os sinais e sintomas apresentados são os mesmos EC, Lima GR
apresentados por portadoras de qualquer tipo de • BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de
prolapso. Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.
(Orgs.).
• Apostila MedCurso, volume 3 – Gineco, 2017.

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Rafaela Amaral Dor pélvica aguda 4°P - FPME
Compreender a dor pélvica aguda, com foco em torção Torção anexial
de ovário e cisto ovariano roto A torção anexial ocorre quando o ovário e a tuba
O abdome agudo é uma síndrome clínica, cuja uterina se torcem no eixo criado entre o ligamento
principal característica é a dor abdominal aguda, que infundíbulo pélvico e o ligamento útero-ovariano.
requer abordagem imediata, clínica ou cirúrgica. A dor Geralmente envolve ambas as estruturas, mas pode
aguda é intensa e caracterizada por início súbito, envolver apenas o ovário e, mais raramente, apenas a
aumento abrupto e curta duração. tuba uterina.
Divisões das etiologias Maior frequência:
1- Hemorrágico: • Mulheres com ovários moderadamente ampliados,
- G. Ectópica Rota muitas vezes em associação com um cisto ovariano
- Cisto Hemorrágico Roto Menor frequência:
- Endometrioma roto • Em ovários muito aumentados de tamanho, porque
2- Inflamatório: esses tendem a não torcer devido ao peso.
- Abcesso tubo-ovariano
3- Isquêmico: Os seguintes quadros clínicos aumentam a
- Torção de Ovário e/ou Tuba probabilidade de ocorrência da torção anexial:
- Degeneração de mioma • Gravidez
• Uso de hormônios para estimular a ovulação (para
problemas de infertilidade)
• Aumento do ovário, geralmente decorrente de tumores
ou cistos não cancerosos (benignos)
Quadro clínico
• Massa dolorosa em topografia de anexo em paciente
com náuseas e vômitos.
• Dor no flanco
Semiologia da dor: A dor pode ser classificada em
• Febre
somática, visceral ou referida, de acordo com o tipo de
• Dor constante ou intermitente, pode ocorrer durante
fibras nervosas aferentes envolvidas. Além disso, a dor
vários dias a meses antes da admissão, podendo haver
pode ser inflamatória ou neuropática, dependendo da
um histórico de episódios de dor transitórios
fase fisiológica que a produz.
semelhantes, indicando torsão parcial anterior.
• Somática/parietal – origina-se de nervos aferentes do
• Peritonite (se torção prolongada – quando passa do
SNS que inerva o peritônio parietal, pele, músculos
ponto de necrose e o anexos se infectam)
e tecidos subcutâneos. É caracteristicamente aguda,
A intensidade da dor varia, nem sempre é grave e se deve
localizada, fixa e constante. É comum em casos de
à oclusão do pedículo vascular, com hipoxia
abdome agudo inflamatório.
subsequente.
• Visceral - tem origem em fibras aferentes do SNA
que transmitem informações das vísceras e do
peritônio visceral. Essas fibras são esparsas, por isso
o estímulo sensorial é difuso, resultando normalmente
em dor generalizada, obtusa e mal localizada. Ela
piora com a distensão e contração das alças intestinais.
Os estímulos nocivos normalmente são estiramento,
distensão, isquemia, necrose ou espasmos dos órgãos
abdominais.
Avaliação da dor pélvica aguda / necessário fazer Diagnóstico
• Diagnóstico precoce é O diagnóstico de torção anexial é basicamente clínico,
• Data e as características dos dois últimos períodos mas pode ser auxiliado por achados laboratoriais e de
menstruais imagem, já que os sinais e sintomas são comuns a vários
• Sangramento anormal ou corrimento. outros diagnósticos.
• Histórias menstrual, sexual e contraceptiva A ultrassonografia pélvica, associada ou não ao
• Doenças sexualmente transmissíveis (DST) e Doppler, é o estudo de imagem mais utilizado para
distúrbios ginecológicos prévios auxiliar no diagnóstico de torção anexial. Os achados
Avaliar na anamnese comuns incluem uma massa ovariana, aumento
• Circunstâncias e início da dor unilateral do ovário, fluido livre em fundo de saco
• Sinais de infecção posterior e estruturas císticas periféricas uniformes.
• Sintomas relacionados com a gravidez
À medida que o anexo é torcido, o fluxo venoso e
linfático é comprometido, causando aumento de

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Rafaela Amaral Dor pélvica aguda 4°P - FPME
volume e edema e, posteriormente, fluxo arterial corpo lúteo hemorrágico na fase lútea do ciclo menstrual,
ausente. À medida que o suprimento sanguíneo arterial a dor aguda é provocada pela rápida expansão da
é comprometido, o ovário pode ser visto à cápsula ovariana ou, no caso de ruptura, pelo sangue na
ultrassonografia com um halo anecoico. Geralmente, cavidade peritoneal.
uma ultrassonografia com Doppler a cores consegue Os cistos funcionais, hemorrágicos ou não, geralmente
determinar se houve interrupção do fluxo de sangue desaparecem no ciclo subsequente, ou modificam-se de
para os ovários. maneira significativa, com mudanças no conteúdo e nas
A cirurgia para visualizar os ovários é a única suas dimensões.
maneira de confirmar o diagnóstico. Quadro clínico:
Tratamento Cisto do corpo lúteo – ruptura – hemoperitônio.
Levar em consideração: A paciente está na fase lútea ou tem atraso da
• Idade menstruação em razão da atividade persistente do corpo
• Desejo de fertilidade futura lúteo. Em geral, a dor tem início súbito e está associada à
• Menopausa dor pélvica crescente e, depois, à dor abdominal
generalizada e à tontura ou síncope.
• Evidência de doença ovariana
A hipotensão ortostática decorrente da hipovolemia
somente ocorre quando há depleção de volume
O tratamento definitivo inclui a salpingectomia e/ou
intravascular, como no hemoperitônio.
ooforectomia e o método mais comumente utilizado
O sinal mais importante é a dor intensa à palpação do
é a laparoscopia. O tratamento conservador inclui
abdome, frequentemente associada à dor à
apenas desfazer a torção do anexo e confirmar o
descompressão súbita no quadrante inferior localizada
tecido anexial viável, desfazer a torção e aspirar
ou generalizada, provocada por irritação peritoneal. Pode
qualquer cisto associado, ou desfazer a torção e
haver distensão abdominal moderada com diminuição
remover qualquer cisto associado.
dos ruídos hidroaéreos. Ao exame pélvico, muitas vezes
Mesmo que o ovário se apresente escuro na sua
há massa palpável em caso de ruptura incompleta do
inserção, a maioria dos ovários (90%) apresenta
cisto com extravasamento.
desenvolvimento folicular normal ao ultrassom, fluxo
ao Doppler normal e aspecto normal após seis
semanas. Entretanto, se houver o cisto e ele não for
removido, há risco de nova torção e intervenção
cirúrgica adicional.

Cisto ovariano roto


Cisto funcional é o resultado do desvio do
desenvolvimento folicular ou lúteo. São representados
pelos cistos foliculares e pelos cistos lúteos.
• Foliculares: folículos que, por determinada razão,
não ovularam e persistiram em seu crescimento, com
ou sem plena atividade estrogênica.
Usualmente são assintomáticos, mas podem estar
relacionados com atraso menstrual e causar
desconforto e dor pélvica. Diagnóstico:
• Lúteos: decorrente de ovulações em que o corpo O diagnóstico e o tipo de cisto roto são identificados por
lúteo ultrapassa 3 cm de diâmetro. Quando o seu exames de sangue e US transvaginal. É preciso solicitar
conteúdo é de sangue, pode ser chamado de corpo lúteo teste de gravidez, hemograma completo e, em caso de
hemorrágico. Algumas mulheres podem apresentar hipotensão ortostática, tipagem sanguínea e pesquisa de
sintomas típicos como dor de início súbita no dia anticorpos irregulares. O hematócrito está diminuído se
correspondente à ovulação, também conhecida como houver sangramento ativo. Se não for possível fazer a
“dor do meio”. US, a culdocentese indica a natureza do líquido
intraperitoneal. Se não houver hipotensão ortostática e o
A dor associada à ruptura do folículo ovariano no hematócrito no sangue periférico for relativamente
momento da ovulação é denominada mittelschmerz. A normal, é improvável haver hemoperitônio com
pequena quantidade de sangue que extravasa para a repercussão clínica.
cavidade peritoneal e a alta concentração de A culdocentese é muito útil para se identificar a causa de
prostaglandinas no líquido folicular poderiam peritonite: sangue fresco sugere corpo lúteo; sangue
contribuir para essa dor pélvica no meio do ciclo. Em “antigo”, tipo chocolate, endometrioma; líquido sebáceo
geral, a dor varia de leve a moderada e é autolimitada; o oleoso, teratoma benigno; líquido purulento, doença
hemoperitônio é improvável se o sistema de coagulação inflamatória pélvica (DIP) ou abscesso tubo-ovariano.
estiver intacto. No desenvolvimento de um cisto do

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Rafaela Amaral Dor pélvica aguda 4°P - FPME
Tratamento
A presença de hipotensão ortostática, anemia
considerável, hematócrito do líquido coletado por
culdocentese acima de 16% ou grande quantidade de
líquido peritoneal livre à US sugere hemoperitônio
importante e, em geral, requer tratamento cirúrgico
por laparoscopia ou laparotomia.
Pacientes que não apresentam hipotensão ortostática
nem febre, que não estão grávidas nem anêmicas e que
têm apenas pequena quantidade de sangue no fundo de
saco podem ser observadas no hospital, sem intervenção
cirúrgica, ou mesmo receber alta da emergência após
observação.

Abscesso tubo-ovariano
Os abscessos tubo-ovarianos, uma complicação da
salpingo-ooforite aguda, geralmente são unilaterais e
multiloculares.
Quadro clínico: febre, taquicardia e hipotensão arterial
no paciente séptico. Na maioria dos casos, os abscessos
tubo-ovarianos podem ser palpados ao exame
bimanual como massas fixas, de consistência firme,
extremamente dolorosas e bilaterais; são observados ao
exame retovaginal.
Diagnóstico: US. Pode-se usar TC com e sem contraste
para confirmar o diagnóstico.
Tratamento: O tratamento dos abscessos tubo-
ovarianos sempre deve ser feito com internação
hospitalar, e pode-se tentar o tratamento clínico
conservador com antibióticos de amplo espectro. Caso
haja persistência da febre ou a paciente não apresente
melhora clínica, deve-se proceder à drenagem dos
abscessos guiada por TC ou US.
A ruptura de um abscesso tubo-ovariano causa
rapidamente peritonite difusa, indicada por taquicardia
e dor à descompressão súbita nos quatro quadrantes do
abdome. No choque endotóxico, há hipotensão e
oligúria, e o desfecho pode ser fatal. A laparotomia
exploradora com ressecção do tecido infectado é
obrigatória.
Gravidez ectópica
Implantação do feto em local fora da cavidade uterina.
Quadro clínico: A implantação do feto na tuba uterina
somente causa dor quando há dilatação aguda da
tuba. Se houver ruptura tubária, a dor abdominal Referências:
localizada tende a ser temporariamente aliviada e • Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia
FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018. II - Girão MJBC,
substituída tanto por dor pélvica e abdominal Baracat EC, Lima GR
generalizada como por tontura devido à ocorrência de • BEREK, J. S. Berek & Novak: Tratado de ginecologia. Rio de
hemoperitônio. Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. GUSSO, G.; LOPES, J. M. C.
Tríade de sintomas: (Orgs.).
• Período de amenorreia • https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-
sa%C3%BAde-feminina/anomalias-ginecol%C3%B3gicas-de-
• Sangramento irregular natureza-variada/tor%C3%A7%C3%A3o-
• Início agudo de dor anexial#:~:text=A%20tor%C3%A7%C3%A3o%20anexial%20%
C3%A9%20o,transvaginal)%20para%20confirmar%20o%20diagn
Uma massa no fundo de saco pode causar tenesmo. %C3%B3stico.

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LMF 1 Sistema reprodutor feminino Rafaela Amaral – 4°P
Dr. Orlando Pineli
O útero, terço superior da vagina, colo de útero e as tubas Normal:
têm origem embriológica nos ductos de Muller – eles se Útero é anterofletido
fundem e reabsorvem a porção central. Colo é anterovertido
Anormal
A camada basal, inferior ao endométrio, permanece após Útero é retrofletido
a menstruação e tem, em média, 4mm de espessura. A Colo é retrovertido
vagina mede, em média, 7 cm (Prof de HM disse 12cm).
Importante saber que a parede posterior da vagina é maior
do que a anterior.
No útero tem receptores de hormônios (estrogênio e
progesterona).
Importância do ligamento uterossacro: um dos principais
responsáveis pela sustentação, todavia é o principal local
de acometimento da endometriose.
No ligamento suspensor do ovário (conecta o ovário a
parede pélvica) vai passar os dois vasos importantes Normal: anteroversoflexão
que nutrem o ovário - a veia e a artéria ovariana. Saber Anormal: retroversoflexão
localização do ligamento próprio do ovário. Gravidez
ectópica: pensar na ampola da tuba uterina
O volume do ovário varia de 3cm³ a 9cm³.
Maior que isso aumenta a possibilidade de uma torção do
ovário sobre si mesmo.
Volume do útero:
Mulheres no período reprodutivo que nunca
engravidaram: até 90cm³
Mulheres depois de 1 ou 2 filhos: 140cm³
Mulheres depois de 3 filhos: 160cm³
4 ou mais filhos: 180cm³
Mulheres na menopausa: até 70cm³

O tamanho médio do colo de útero numa mulher adulta é


de 3cm – importante saber para a inserção de DIU. O colo
do útero apresenta uma parte interna, que constitui o
chamado canal cervical ou endocérvice, que é revestido
por uma camada única de células
cilíndricas/glandulares produtoras de muco – epitélio
colunar simples. A parte externa, que mantém contato
com a vagina, é chamada de ectocérvice e é revestida por
um tecido de várias camadas de células planas – epitélio
escamoso e estratificado. Entre esses dois epitélios, Musculatura da bexiga – músculo detrusor, a uretra da
encontra-se a junção escamocolunar (JEC), que é uma mulher tem em média 5cm. Capacidade cistométrica – de
linha que pode estar tanto na ecto como na endocérvice, 300 a 500ml.
dependendo da situação hormonal da mulher. Septo entre a vagina e o reto: retovaginal
A vagina passa do colo do útero, logo, uma mulher que Septo entre a vagina e a uretra: vesicovaginal
realizou histerectomia merece uma atenção maior, visto
que ela teve uma diminuição no canal vaginal. A chance A artéria que nutre o ovário é a ovariana, e a que nutre o
útero é a uterina (raqueada, reta e espiralada). Na pelve há
de ter uma dispareunia aumenta.
uma anastomose entre essas artérias.
Falar de corpo do útero: flexão; colo de útero: versão.
A progesterona deixa o útero relaxado. Doppler de artéria uterina no início da gestação pode
A posição do útero pode ser: mostrar risco de eclampsia: avalia resistência da artéria.
Antero Diagnóstico de HA gestacional: após as 20 semanas de
Médio gestação.
Retro
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LMF 1 Sistema reprodutor feminino Rafaela Amaral – 4°P
Dr. Orlando Pineli

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LMF 1 Sistema reprodutor feminino Rafaela Amaral – 4°P
Dr. Orlando Pineli

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LMF 1 Sistema reprodutor feminino Rafaela Amaral – 4°P
Dr. Orlando Pineli

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LMF 2 + palestra Miomas e Pólipo Rafaela Amaral – 4°P
Dr. Orlando Pineli
Miomas: 30% apresentam S.U.A Classificação de FIGO –relacionar com sintomas urinários
e gastrointestinais.
Qualquer paciente que menstrua por mais dias, utiliza
mais absorventes = S.U.A - Saber ciclo, volume de dias
Id; queixa e duração da menstruação; fator de melhora ou
piora;
Menarca, coitarca, gestações, número de parceiros, DUM,
método contraceptivo, antecedentes pessoais (doenças de
base), antecedentes cirúrgicos, antecedente familiar de
doença ginecológica, alergias, número de dias
menstruando, irregularidade e volume.
SUA: estruturais e não-estruturais
Adenomiose, pólipo endometrial, mioma, malignidade,
câncer de colo de útero.
Preventivo normal NÃO isenta de um exame físico. Tratamento:
Anti-inflamatórios não-hormonais: reduzem em 30%
98% dos casos de câncer é o HPV. Toda paciente que tem episódios de sangramento e auxiliam no controle do
lesão de colo de útero faz leitura híbrida. sangramento (não é o melhor tratamento devido à baixa
resolutividade);
Mioma – tumor benigno formado a partir de fibras Hormonais: inibe o endométrio e os receptores do mioma.
musculares - principal indicação de histerectomia e muito AC ou não.
frequente. Prevalente na idade de 35 a 50 anos
(importante). 2/3 dos casos a paciente apresenta múltiplos Pólipo endometrial: pós menopausa/a partir dos 30
miomas. anos. O estrogênio estimula o crescimento desses.
Localizado no endométrio.
Epidemiologia: No ciclo menstrual, a camada basal permanece, logo, o
pólipo vem da camada basal.
Obesidade aumenta o risco, 2,2x mais chances em pcts Hiperplasia, proliferação anormal dessa camada, podendo
com mãe ou irmã com mioma, 2 a 9 vezes maior em estar associada ao um estímulo hormonal, normalmente
mulheres da etnia negra. benigno.
Mais de 80% dos casos de pólipo não dão sintomas.
Redução do risco: paridade, uso de ac oral combinados e
Manifestação clínica: causa em torno de 10% de SUA;
tabagismo.
pode estar presente no câncer de endométrio; lesão 9x mais
Etiopatogenia e Fisiopatologia frequente em pessoas com câncer de endométrio.
Fatores de risco:
Mutações somáticas no miométrio levam à perda de Idade avançada, nuliparidade, menarca precoce,
controle do crescimento celular, culminando com um menopausa tardia, obesidade (aumenta estrogênio),
novo fenótipo. Os miomas possuem receptores para diabetes, hipertensão, tamoxifeno (atenção para o útero,
estrogênio OU progesterona, é um ou outro. É importante trata o câncer de mama, mas afeta o endométrio).
saber para, por ex, quando uma pct grávida tiver mioma, Exame para rastreio de pólipo: US.
e esse mioma tiver avidez para progesterona, ele vai Solicitar em qual fase do ciclo, porque o espessamento do
endométrio pode “mascarar” o diagnóstico.
crescer, prejudicando a gestação, mas se tiver avidez para
Histeroscopia é a melhor maneira de diagnosticar e tratar.
estrogênio, ele vai regredir, não impactando na gestação.
Para saber a avidez, é acompanhar com exames de Embriologia básica: malformações
imagem se há crescimento do mioma durante o período Ductos de Muller: terço superior da vagina, colo de útero,
gestacional. fundo de útero e tubas.
As malformações englobam reabsorção ou fusão.
Quadro clínico: 50% assintomáticos, SUA, dismenorreia, Tipos de útero: bicorno(tipo coração), unicorno (formato
dor pélvica acíclica, dispareunia, sintomas urinários, de banana), duplo (a vagina pode ser septada) e septado (o
sintomas gastrointestinais, infertilidade. fundo do útero não é separado)

O mioma que mais dá SUA é o submucoso. Útero arqueado: não é mais considerado uma mal
formação – a cavidade endometrial não tem o fundo reto.

@resumeairafa
LMF 2 + palestra Miomas e Pólipo Rafaela Amaral – 4°P
Dr. Orlando Pineli
Útero septado: pior prognóstico gestacional, tanto a
abortamento quanto a trabalho de parto prematuro.
A chance de chegar ao final da gestação é de cerca de
23%.

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LMF 3 + palestra Rastreio e diagnóstico de câncer de colo de útero e mama Rafaela Amaral – 4°P

Dr. Orlando Pineli

HPV-16,18 – 97% dos cânceres de colo de útero Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (L-SIL)
2016 – 16 mil novos casos
Na mulher é a 3° causa de câncer; 1° mama e 2° colorretal Indica uma lesão pré-maligna com baixo risco de ser
2012 – 265 mil mortes câncer e que pode ser causada por qualquer tipo de HPV.
Se a amostra for negativa para HPV, o risco de
Fatores associados: genética, relação sexual (perguntar transformação para câncer é praticamente nulo.
na anamnese quantos parceiros teve), histórico de
verrugas genitais, tabagismo, imunossupressão, SE L-SIL e <25 anos = repetir CO com 3 anos
transplantadas, uso de corticoides.
Quadro clínico: sangramento uterino anormal, L-SIL e >25 anos = repetir CO com 6 meses (na prática é
corrimento de repetição, dor, ciclos irregulares. logo mandado para a colposcopia)
O colo do útero deve estar íntegro e brilhoso. O câncer
começa de maneira gradual e é progressivo. Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (H-SIL)
Recomendações de prevenção
Ações educativas, vacinação, rastreamento, diagnóstico O H-SIL indica grande risco de lesões pré-malignas
e tratamento de lesões subclínicas. moderadas/avançadas ou mesmo câncer já estabelecido.
Portanto, toda a paciente com resultado H-SIL no
Rastreio: papanicolau precisa ser investigada com colposcopia e
C.A de colo de útero: o governo predispõe que é a partir biópsia.
dos 25 anos, até os 64 anos. Realizar 2 exames seguidos
(com intervalo de 1 ano) e, se vierem negativos, 3 anos
sem necessidade de fazer.
No Brasil há o rastreamento oportunístico, nos outros Rastreio do câncer de mama
países há convocação do grupo alvo.
Colpocitologia oncótica ou Papanicolau: maneira de
rastrear.
Pacientes com imunossupressão: anual, mas HIV é de 6
em 6 meses.
O Papanicolau tem o objetivo de detectar alterações
celulares que sugerem lesão de câncer de colo de útero.

O exame precisa ter: presença de células


SATISFATÓRIA
Observar se tem células escamosas (as vezes é o único
tipo de célula que aparece em idosas com atrofia),
glandulares e metaplásicas
Patologista avalia núcleo da célula e o formato dessa
célula, a partir disso ele considera se a célula está normal
ou alterada.
Como interpretar o exame: O rastreio da mama chama-se detecção precoce do câncer
de mama – não utiliza a palavra prevenção.
Células escamosas atípicas de significado 5 a 10% dos exames positivos de mamografia que
indeterminado (ASC) realmente são lesões malignas.
Se ASC-US e <25 anos = repetir CO com 3 anos
Ministerio da saúde:
Se ASC-US e 26-29 anos – repetir CO com 1 ano Rastreio de 50 a 69 anos, realizar a cada 2 anos
FEBRASGO
Se ASC-US > 30 anos = repetir com 6 meses (se ainda vir Mulheres abaixo de 40 anos – individualizar o paciente.
ASC-US – colposcopia) Se a mãe teve câncer de mama com 40 e a paciente tem 30
anos, é quando começa a investigar, sempre com uma
Se ASC-H, em qualquer idade, encaminhar para diferença de 10 anos do diagnóstico da mãe.
colposcopia Mutações na família de 1°grau – indicar para o
mastologista.
Células glandulares c/ significado indeterminado
Mulheres de 40 a 69 anos
(AGC) ou célula atípica de origem indefinida (AO)
Possivelmente não neoplásica ou não se podendo afastar Categoria BI-RADS
lesão de alto grau = colposcopia 6 categorias
A partir do 3 – encaminhar para especialista
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LMF 3 + palestra Rastreio e diagnóstico de câncer de colo de útero e mama Rafaela Amaral – 4°P

Dr. Orlando Pineli

Dor pélvica crônica e DIP


A dor tem que ser acíclica – fora do período menstrual
(apesar de poder ocorrer no período menstrual sendo ele
um fator de piora), e tem que durar mais de 6 meses.
Doloroso a palpação.

Estudar DIP pelo resumo da tutoria! INDICAR


INTERNAÇÃO A PARTIR DO 2° GRAU DE
ESTADIAMENTO.

20% das consultas ginecológicas; 20% das


histerectomias; 40% das videolaparoscopias
diagnósticas.
Epidemiologia:
Mulheres jovens, paridade, abortos provocados, número
de gestações.

Causas ginecológicas: aderências peritoniais, cistos


anexiais, salpingite/endometrite crônica,
endossalpingite, síndrome de ovário residual e síndrome
do ovário remanescente.

Causas psicológicas: somatização, uso excessivo de


drogas, abuso, depressão, distúrbios do sono.

Endometriose
Tecido que se assemelha ao endométrio fora de sua
cavidade habitual (cavidade uterina)
Ela pode ser:superficial, profunda - endometrioma
De 5 a 10% em mulheres de período reprodutivo
Quadro clínico:
Dismenorreia, acometimento de bexiga e intestino,
infertilidade
Intestino: 2° local mais frequente de acometimento
Diagnóstico
Prova: ressonância pélvica ou USS transvaginal com
preparo intestinal
Vida: pedir transvaginal antes da uss por ser mais rápido
Assimetria de paredes do útero: sinal sugestivo de
adenomiose
Tratamento clínico da DPC: hormonal e contínuo – não
pode haver pausas.
Pílulas combinadas ou de progestagênio.
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LMF 4 + palestra Climatério / Cistos ovarianos/ Prolapsos Rafaela Amaral – 4°P

Dr. Orlando Pineli

Climatério – 40 a 60a Fatores protetores:


Expectativa de vida da mulher no BR: 79 anos • Uso de ACO por mais de 5 anos
Insuficiência ovariana através da atresia fisiológica dos • Multiparidade: mais que duas gestações
folículos primordiais. • Amamentação prolongada
Onde há receptores de estrogênio? • Laqueadura
Pele, vasos, coração, cérebro, mama, útero, vagina,
uretra e bexiga Pacientes no período reprodutivo: 90% do cisto ser
Principais sintomas funcional
• Fogachos (2 a 4 minutos) – dura de 7 a 8 anos Cistos pré-ovulatórios (foliculares)
Diagnóstico diferencial: investigar hipotireoidismo Pós-ovulatórios (corpo lúteo)
• Sudorese noturna Possuem tamanhos que variam de 3 a 10cm
• Taquicardia (preferível encaminhar ao cardio no
climatério) Cisto funcional folicular:
• Secura vaginal – avaliar espessura da parede vaginal Folículo que não rompeu, uma “bola de água”
• Irritabilidade É benigno, aparece na menacme, tem resolução
• Aumento de peso espontânea entre 3 a 6 meses, tem risco de torção
• Alterações de pele e fâneros Cisto acima de 5cm tem chance de torcer
• Osteoporose
• Baixa da libido Cisto hemorrágico (de corpo lúteo)
• Alterações no humor Diâmetro > 3cm
65% a 89% Dor pélvica
Resolução em 14 dias
• Alterações no ciclo menstrual
Se não some: grande probabilidade de ser endometriose
Irregularidade menstrual, aumento na intensidade do
fluxo, ciclos anovulatórios.
Endometrioma: área cística com sangue no interior,
Tratamento presente no ovário.
Pcte deve ter mudança do hábito de vida
Hidrossalpinge: líquido dentro da tuba uterina
(alimentação, atv física, relacionamentos
interpessoais).
Nunca entrar com o hormônio propriamente dito (é a Prolapsos
última escolha) Prevalente na idade de 50 a 79 anos, mais comum em
1° Medicamentos não hormonais parede anterior / deficiência do colágeno
2° Fitoterápicos (age como se fosse um hormônio) Fisiopato: destruição da fáscia endolpélvica (traumática ou
3° Tibolona não)
4° Estrogênio Ligamento uterossacro, ligamento cardinal, septo
retovaginal, septo vesicovaginal
Cistos ovarianos
Volume do ovário – 3 a 9cm³ Grau dos prolapsos
Folículos: até 3cm, acima disso = cisto Estádio 0: ausência de prolapso.
Estádio I: o ponto de maior prolapso está localizado 1 cm
Massa anexial – qualquer estrutura conectada ao útero acima do introito vaginal
ou ovários que estão alterados. Estádio II: no introito vaginal / carúncula himenal
Achados clínicos: dor, aumento do volume abdominal, Estádio III: 2cm abaixo do introito vaginal
febre, perda de peso, distúrbios menstruais, virilização, Estádio IV: eversão completa
corrimento.
Fatores de risco para malignidade: Diagnóstico clínico, paciente com queixa de “bola na
• Cisto em mulheres acima de 50 anos, antecedente vagina”.
menstrual
Incontinência urinária: perda involuntária de urina
• Menarca precoce e menopausa tardia
• Nuliparidade
IUE – aumento da pressão intravesical que excede a
• Obesidade pressão uretral máxima.
• Antecedente de câncer de mama Perda de urina por esforço; pcte a partir de 40 a 60a, etnia
• Antecedente familiar de câncer de ovário, mama ou branca (menos colágeno), obesidade (aumento da pressão
colorretal abdominal), parto vaginal, cirurgias ginecológicas prévias.
• Mutação dos genes BRCA- e BRCA-2

@resumeairafa
LMF 4 + palestra Climatério / Cistos ovarianos/ Prolapsos Rafaela Amaral – 4°P

Dr. Orlando Pineli

Na anamnese: principal queixa é perda urinária,


perguntar se acorda muito de novo e se tem urgência
para ir ao banheiro (classificar em pequeno, médio e
grande esforço)

Hiperatividade detrusora ou bexiga hiperativa


Urgência sempre, incontinência nem sempre
Noctúria, aumento miccional, avaliar se atinge a
capacidade cistométrica.
Incontinência urinária mista
Presença da IU de esforço e a bexiga hiperativa

Diagnóstico: clínico, não necessita de estudo


urodinâmico.
Estudo urodinâmico – bexiga hiperatividade: avaliar
o grau de perda vesical, a cistometria – quanto cabe
de urina na bexiga. Documentar que tem perda aos
esforços para justificar uma cirurgia.

Cistometria
300-500 mL - Adequado
Menor que 300mL – capacidade reduzida

@resumeairafa

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