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Veneza

Não podia ter uma grande expansão, pois a rede dos canais e dos cales é densa, irregular e
intrincada. O horizonte urbano é baixo e indefinido, a arquitetura se desenvolve na vertical, com
colorismo vivo. Não sendo possível uma perspectiva de planos e volumes, o espaço urbano é
caracterizado essencialmente pela cor.
Na segunda metade do século XVI, a intervenção de Andrea Palladio marca uma virada na
concepção da medida do espaço urbano. Deve-se ao grande arquiteto de Pádua a construção
de San Giorgio Maggiore e do Redentore, além do projeto não realizado para a reconstrução
da ponte de Rialto.
A ponte de Rialto é o nó vital da estrutura urbana de Veneza: atravessa o Grande Canal,
ligando as duas partes da cidade. É também o centro da vida popular. Palladio conserva essa
função, colocando nela 72 lojas.
Nas duas igrejas, as fachadas remetem à concepção clássica, uma das igrejas está na ilha
de San Giorgio, a outra na Giudecca, e remetem, pela forma e pela cor das cúpulas, à maior
basílica veneziana. O arquiteto as concebeu com o intuito de ampliar os limites do espaço
visual da cidade, nele incluindo e grande espelho d'água da bacia de San Marco. Nesse caso,
a água e o céu - tornam-se elementos essenciais do espaço da cidade.
A mesma coisa acontece a Vicenza, o centro da atividade de Palladio.
Vicenza
Vicenza é uma cidade de origem romana. Palladio pretende conferir à cidade uma figura
clássica imaginária. Transforma o antigo palácio municipal numa basílica pública romana.
Com suas ruas em perspectiva, a cidade proporciona uma ideia exata do que seria, para
Palladio, a imagem da cidade clássica.
As ordens arquitetônicas começam acima de altos embasamentos e as ornamentações
tornam-se mais densas no alto, para proporcionar uma acumulação maior de luz. Os pontos de
vista são sempre dois.
foi conferido à cidade um aspecto de grande nobreza, com edifícios ilustres.
A imagem ideal da cidade, para Palladio, não é teórica, mas fundamentalmente histórica.
A vida das famílias ricas de Vicenza divide-se entre a cidade e o campo. Para as mesmas
famílias para as quais constrói o palácio "severo" na cidade, Palladio constrói a vila "amena" no
campo.
As formas clássicas, constituem o fator comum da arquitetura urbana e rural de Palladio. É
o mesmo tipo de relação que observamos em Veneza: as vilas palladianas, são, um elemento
essencial da urbanística vicentina. Elas são construídas urbanisticamente, com plantas
livremente articuladas no espaço aberto do campo
Nenhum arquiteto, mais do que em Palladio, a morfologia arquitetônica vale como elemento
determinante do espaço urbanístico e nenhum outro arquiteto resolveu com tanta clareza a
questão - já posta por Brunelleschi e Alberti no século XV - da relação entre civilização (ou
história) e natureza, entre núcleo urbano e território.
Deve-se à solução plena dessa relação a influência enorme que Palladio exerceu inclusive
fora da Itália, sobretudo na Inglaterra.
Livorno
Livorno nasceu de um interesse estritamente econômico, comercial. os Medici o adquiriram
de Gênova, em 1421, antes era apenas um pequeno ancoradouro na base dos Apeninos. No
século XVI tornou-se uma importante escala comercial e, em poucos anos, um dos portos mais
frequentados do Mediterrâneo.
Os Medici percebem a necessidade de ligar o porto a uma cidade, e "inventam" essa
cidade., concedendo privilégios e até casas construídas para os mercadores que ali se
estabeleciam para exercer seus comércios.
A cidade é construída rapidamente com estudos, em parte, por Buontalenti (o melhor
arquiteto florentino da segunda metade do século XVI) e dotada de um sistema moderno de
fortificações, em formato de estrela
O traçado é regular, ruas amplas, retas e adequadas ao trânsito, todas convergentes para
os cais do porto. No fim do século XVI, Livorno talvez seja a cidade europeia mais moderna.
Sabbioneta
Uma cidade tipicamente cultural. Não passava de uma aldeia quando Vespasiano Gonzaga
decidiu torná-la uma cidade ideal, no estilo antigo.
Tem um traçado geométrico, norteado pelo eixo da rua principal, que une as duas portas da
cidade, e é caracterizada por uma fortificação quadrada.
Vespasiano queria dar à cidade um conteúdo e uma função, com isso, além de construir
palácios construiu igrejas, escolas, uma biblioteca, um hospital, uma Casa da Moeda, uma
enorme Galeria de Antiguidades, um teatro (obra de Vincenzo Scamozzi, grande discípulo de
Palladio).
Após a morte de Vespasiano Gonzaga (1591), essa cidade da cultura decaiu, voltou a ser
um burgo rural, e hoje está em ruínas.
Palmanova
Uma cidade militar com uma fortaleza e guarnição permanente protegendo a fronteira norte-
oriental da República de Veneza. Uma típica cidade ideal.
Trabalhou nela um teórico, Vincenzo Scamozzi (que projetou o Teatro de Sabbioneta).
O perímetro da cidade forma um sistema defensivo complexo, as ruas radiais levam até a
praça central, em formato hexagonal.
O mito da cidade ideal teve dois resultados opostos: por um lado, conduziu às utopias
políticas do governo perfeito, que alimentariam uma literatura abundante até o século XVII, por
outro lado, levou à cidade militar, fortaleza e quartel (exemplos na Alemanha durante os sec.
XVII e XVIII).
Com isso pode-se concluir que a cidade ideal é sempre "invenção" de um senhor absoluto,
de um soberano, cego pela vontade de poder que, logo se traduz fatalmente em potencial de
guerra.
A concepção urbanística do Renascimento da cidade ideal se manifesta na transformação
real das cidades antigas, e essa não se baseia na ideologia do poder mas na ideologia da
autoridade moral e da experiência vivida.
A experiência histórica do Renascimento italiano não teve repercussões imediatas na
Europa, grandes cidades europeias, nos séculos XV e XVI, desenvolveram-se
desordenadamente.
Apenas em poucos casos, principalmente na Alemanha do século XVI, com o impulso dos
ideais sociais ligados à reforma religiosa que as transformações urbanas refletiram a exigência
de melhorar as condições de vida das classes pobres.
como Exemplo esta Augusta, onde os banqueiros Fugger mandaram construir um bairro
inteiro com casas dotadas de infraestrutura própria para os serviços sociais.

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