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Tempos Modernos Versus Ansiedade Aprenda A Controlar Sua Ansiedade
Tempos Modernos Versus Ansiedade Aprenda A Controlar Sua Ansiedade
’ Mestra em Psicologia. Professora do Departamento de Psicologia e tio Programa de Pòs-Graríuaçáo em Psicologia Lato Sensuda
Universidade Católica de Goiás, membro do Núcleo de Pesquisa Aplicada em Intervenções Clinicas e Com unitárias-N U PA IC C E-mail
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irangyn@hotmail.com
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Estresse
Trata-se de uma condição dinâmica na qual uma pessoa é confrontada com
uma oportunidade, limitação, bem como com uma demanda em relação a algo deseja
do e cujo resultado é percebido, simultaneamente, como importante e incerto (Robbins.
20 0 1 / 2 0 0 2 ).
Um ponto a considerar é que o processo de estresse será desencadeado e
desenvolvido de forma diferente para cada indivíduo, visto que a análise de cada evento
como aversivo ou não dependerá de como cada pessoa aprendeu a percebê-lo. Ou
seja, o processo de estresse está intimamente relacionado à história de vida do indiví
duo (Sanzovo & Coelho, 2007).
De acordo com as autoras, sendo a análise de cada evento como aversivo ou
não dependente da história de aprendizagem de cada indivíduo, bem como sua reação
frente a determinado evento, deve-se considerar que, além de possuírem histórias de
vida diferentes, os indivíduos estão expostos a fontes estressoras diferentes, de forma
que alguns deles podem considerar um agente como estressor, enquanto outros não
consideram.
É importante ressaltar que o estresse aparece associado tanto aos limites quan
to às demandas. Os limites impedem que o indivíduo faça o que deseja e as demandas
referem-se à perda de algo desejado. Assim, quando o indivíduo faz suas provas na
escola ou passa pelo processo de avaliação de desempenho em seu trabalho, sente o
estresse por estar confrontando oportunidades, limitações, bem como demandas. Um
bom desempenho pode levar a uma promoção, a maiores responsabilidades, além de
um salário mais alto. Já um mau desempenho pode impedi-lo de atingir a promoção. Se
a avaliação for muito ruim, pode significar até sua demissão (Robbins, 2001/2002).
Para que o estresse potencial se torne real são necessárias duas condições. É
preciso haver incerteza em relação ao resultado, e este deve ser importante. Indepen
dentemente das condições, apenas acontece o estresse quando existe incerteza ou
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dúvida a respeito de a oportunidade ser aproveitada, as limitações serem superadas nu
até mesmo a perda sor evitada. Sendo assim, o estresse é maior para as pessoas que
não conseguem saber se vão perder ou ganhar, e menor para aquelas que têm certeza
da perda ou do ganho. Mas a importância do resultado também é crítica, visto que sc
perder ou ganhar não for um aspecto relevante para o indivíduo, não haverá estresso
Porem, se manter seu emprego e/ou receber uma promoção forem contingências que
não produzirão muita diferença, então não haverá por que ficar estressado cm relação
à sua avaliação de desempenho (Kobbins, 2001/2002).
De acordo com o autor, o estresse não é necessariamente ruim, embora costu
me ser discutido dentro de um contexto negativo. O estresse também tem seu lado
positivo, ou seja, deve ser percebido como uma oportunidade quando oferece um po
tencial de ganho. Considere, por exemplo, o desempenho demonstrado por um atleta
quando exposto a uma situação limite. Geralmente o atleta utiliza o estresse para dar o
máximo de si.
Portanto, o estresse é essencial em nossas vidas para adaptação em situa
ções novas (Nunes, 2003). A manifestação de estresse diante de situações verdadeira
mente ameaçadoras é adaptativa e necessária à sobrevivência, gerando um comporta
mento apropriado para livrar o organismo do perigo e, portanto, não provocar dano
algum ao mesmo. Por outro lado, o estresse provocado por uma hipervalorização do
perigo e desvalorização dos recursos pessoais é Cesadaptativo, e yera comportamen
tos que cronificam esse quadro físico (Falcone, 1997).
Reconhece-se que o estresse compreende algumas fases. A primeira fase é
conceituada como sendo Reação de Alerta. Também é chamada de Reação de Alarme.
Nela o organismo prepara-se para lutar ou para fugir. Caso o estressor tenha curta
duração essa fase termina em algumas horas (Martins, 2001). Sendo os estressores
aqueles estímulos ou eventos difíceis que desencadeiam um estado emocional forte
que exija adaptações de enfrentamento (Straub, 2002/2005).
Os estressores podem ser subdivididos em estressores internos e externos.
Os estressores internos sâo: (1) Frio; (2) Fome; e (3) Dor. Enquanto que os estressores
externos - psicossociais - referem-se, por exemplo, à: profissão, escola, relaciona
mento, dentre outros.
A segunda fase do estresse é a de Resistência. Se o agente estressor perdura
e o organismo tenta restabelecer o equilíbrio interno, o organismo fica enfraquecido e
muito suscetível a doenças, Contudo, durante essa fase, o indivíduo utiliza técnicas
para controlar seu estresse e consegue diminuí-lo, saindo desse estágio de estresse
sem seqüelas. Assim, o equilíbrio é restabelecido (Lipp & Malagris, 1995).
Já a terceira fase é identificada como a de Quase-Exaustão. É um enfraqueci
mento da pessoa que não mais está conseguindo adaptar-se ou resistir ao estressor.
As doenças começam a surgir, tais como: herpes simples, psoríase, picos de hiperten
são e diabetes, mas ainda não são tão graves quanto às da próxima fase (Lipp, 2000).
Enquanto na quarta fase, que é a de Esgotamento ou_Exaustão, o estressor
perdura ainda mais. As psícopatologias e patologias m anifestam -se, com muita
freqüência, nos níveis psicológico e físico, respectivamente. Contudo, é importante res
saltar que o estresse não trata-se do elemento patogênico das doenças, mas conduz a
um enfraquecimento das respostas psicológicas e fisiológicas. Desta forma, as patolo
gias programadas geneticamente manifestam-se no indivíduo devido ao seu estado de
exaustão (Lipp & Malagris, 1995; Martins, 2001).
Um ponto a considerar é que em todas as fases do estresse estarão ocorrendo
problemas, de forma gradual, de acordo com a própria fase. Necessário, portanto,
Ansiedade
Staats (1996) adverte que a ansiedade é um estado emocional. Essa emoção
é normal, necessária à sobrevivência de todo ser vivo, pois o adverte ao cumprimento
ordenado das contingências da vida, seja para enfrentá-las, fugir ou esquivar-se detas.
Assim, Mundim e Bueno (2006) ressaltam que os estados emocionais podem
ser desregulados, assim como qualquer outra função do organismo. Quando isto ocor
re, ou seja, quando a ansiedade torna-se intensa, exacerbada, ela pode estabelecer
riscos ao indivíduo que a vivência.
Desta forma, a função da ansiedade quando o indivíduo está frente a um estí
mulo favorecedor de sua discriminação de que haja a possibilidade de perigo, de ame
aça à sua vida, é a de protegê-lo, isto quando esta é mantida em níveis normais. E não
prejudicá-lo, o que ocorre quando em níveis intensos.
A ansiedade é definida também como reação de luta-e-fuga. É assim denomi
nada porque todos os seus efeitos estão diretamente voltados para lutar ou fugir de um
perigo (Craske & Barlow, 1993/1999).
Quando alguma forma de perigo é percebida ou antecipada, o cérebro envia
mensagens a uma seção de nervos chamada de sistema nervoso autônomo, que
possui duas subsecções ou ramos: o sistema nervoso autônomo simpático - SNAS e o
sistema nervoso autônomo parassimpático - SNAP. O SNAS é o sistema da reação de
luta-e-fuga, tendo a função de liberar energia para colocar o corpo pronto para ação.
Tende muito a ser um sistema tudo-ou-nada. Isto é, quando ativado, todas as partes do
organismo vão reagir (Craske & Barlow, 1993/1999).
Nesse contexto, uma série de mudanças fisiológicas ocorre, quando o organis
mo está diante de situações geradoras de ansiedade, como: aceleração dos batimentos
cardíacos, sudorese nas extremidades, tremores, calafrios, formigamentos, ânsia de
vômito, dificuldade para respirar, para concentrar-se, fraqueza física, etc.. E, caso as
situações se tornem freqüentes ou prolongadas, poderão provocar danos mais sérios
ao organismo, como úlceras gástricas e hipertensão arterial, sendo essas manifesta
das na forma das doenças consideradas psicossomáticas (Alencar, 1977).
Em algum momento, o corpo cansará da reação de luta-e-fuga e ele próprio
ativará o SNAP para restaurar seu estado de relaxamento. Assim, o SNAP é um protetor
embutido que impede o SNAS de desgovernar-se (Craske & Barlow, 1993/1999).
É importante ressaltar que o efeito número um da reação de luta-e-fuga é alertar
o organismo para a possível existência do perigo. Portanto, há uma mudança automática
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e imediata na atenção para pesquisar o ambiente em busca de ameaças em potencial.
Exatamente por isso, conccntrar-se em tarefas rotineiras torna-se muito difícil para al
guém que está muito ansioso. Porém, muitas vezes uma ameaça óbvia não pode ser
encontrada. E, infelizmente, a maioria das pessoas não aceita o fato de não encontrar
uma explicação para alguma coisa. Assim, em muitos casos, quando as pessoas não
conseguem expiicar seus sentimentos, elas tendem a procurar em si próprias. Ncssc
caso, o cérebro inventa uma explicação como “Eu devo estar morrendo, perdendo contro
le ou ficando louco". Como já mencionado, nada poderia ser menos verdadeiro, já quo a
função primordial da reação de iuta-e-fuga é a de proteger o organismo, o não de prejudicá-
lo. Por isso mesmo, são auto-falas compreensíveis (Craske & Barlow, 1993/1999).
Segundo Nardi (2000), medo é uma reação normal do indivíduo frente a uma
situação ou objeto específico que ofereça perigo, sendo esse real ou imaginário, fazen
do com que o mesmo o evite.
Apesar de ser considerado como uma emoção, o medo produz uma gama de
comportamentos que podem ser mensuráveis, portanto, observáveis. Sendo assim,
tem-se que os medos podem ser saudáveis e adaptativos, uma vez que também exer
cem a função de proteger o indivíduo das possíveis ameaças, tendo um valor do sobre
vivência para perpetuação das espécies. Em geral, o medo é expressado por meio de
fuga em relação às pessoas, objetos ou situações que o eliciem (Harlow. McGaugh &
Thompson, 1971/1978).
O medo obsessivo gerado numa determinada situação pode, gradualmente,
ser generalizado para outras situações que, em principio, poderiam ser consideradas
secundárias, levando o indivíduo a um estado geral de apreensão ou ansiedade em
todas as circunstâncias (Harlow et al., 1978).
De acordo com uma grande quantidade de pesquisas, as pessoas aprendem a
experimentar medo, inclusive, das próprias sensações de reação de luta-e-fuga. Isto
ocorre graças a interpretações errôneas quanto ás respostas fisiológicas necessárias
nos momentos em que o indivíduo precise lutar ou fugir de algum evento (Craske &
Barlow, 1993/1999). Discriminar incorretamente que o funcionamento de seu corpo esta
fora de seu controle - nesse contexto de reação luta-e-fuga - acreditando que o que sente
é assustador, leva essas pessoas a aprenderem o medo das respostas corporais. De
senvolvendo a partir daí uma nova classe de com portam ento-problema: pânico.
O transtorno de pânico ocorre quando uma pessoa discrimina suas respostas
fisiológicas como anormais e a partir daí foca toda sua atenção no monitoramento de
suas reações corporais, temendo a morte iminente e as próprias respostas sim páti
cas. Assim, sem saber, constrói, ela própria, o ataque de pânico que recorrente produ
zirá o transtorno de pânico. E, uma dessas respostas fisiológicas muito importantes
para a construção do ataque de pânico é a hiperventilação.
Controle Respiratório
Esta é uma técnica simples e fácil de ser realizada.
Primeiro passo - A pessoa deve sentar-se em uma cadeira, deixando os pós apoi
ados ao chão.
Segundo passo - Relaxar a musculatura do corpo o máximo possível.
Terceiro passo - Cerrar os lábios e inalar a maior quantidade de ar possível pelas
narinas, até encher os pulmões. Esse ar deve ficar retido por cerca de 4 segundos.
Quarto passo - Entreabrir a boca, deixando o ar escapulir, o mais lentamente pos
sível, até o final.
Quinto passo - Voltar a respirar de forma norma!, por 4 segundos, sempre instruin
do o corpo ao estado de relaxamento muscular.
Sexto passo - Repetir os 5 passos 6 vezes consecutivas, o que compreenderá uma
sessão de controle respiratório. O indicado a uma pessoa com nível de estresse
alto e/ou que esteja fazendo crises de ansiedade intensa, inclusive de ataques de
pânico, são pelo menos 10 sessões de controle respiratório por dia. Essas ses
sões devem ser bem distribuídas ao longo do dia/noite quando a pessoa estiver em
estado vigil, Isto implica que seu estado de sono não deve ser interrompido para
realizar sessões de controle respiratório.
A fim de viabilizar a capacitação das pessoas para o alcance do autocontrole de
sua ansiedade, paralelamente ao controle respiratório faz-se necessária a educação
sobre esta resposta emocional.
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Desta forma, se a resposta emocional provocada por um estímulo for positiva, o com
portamento esperado é de aproximação ao estimulo que a gerou. Mas, s r ao contrário
a resposta emocional evocada pelo estímulo for negativa, o comportamento será de
afastamento do estímulo que a gerou, discriminado como aversivo.
É necessário, portanto, salientar os processos cognitivos nesse contexto. Pro
cessos cognitivos referem-se àquilo que compreende o mundo privado da pessoa; o
pensar, o sentir, o ouvir, o falar para si mesmo, o emocionar, o discriminar, o perceber,
etc.. Os processos cognitivos podem ocorrer de forma positiva e de forma negativa,
dependendo de algumas variáveis, entre elas: a historia de vida do indivíduo, bem como
seu estado de privação e/ou de saciedade.
A próxima etapa da educação sobre a ansiedade é levar a pessoa a compreen
der os processos básicos de funcionamento do seu cérebro. O cérebro funciona à base
de energia cerebral. A energia cerebral é composta, entre tantos elementos químicos,
físicos e elétricos, por dois que são considerados essenciais: o oxigênio (O2, o ar que
respiramos) e a glicose (açúcar oriundo dos alimentos ingeridos).
No cérebro, entre outros sistemas nervosos há o sistema nervoso autônomo,
que é o sistema da vida das relações (interações sociais) Ele divide-se em dois
subsistem as: sistema nervoso autônom o sim pático e sistema nervoso autónom o
parassimpático, já descritos anteriormente.
Nesse sentido, delinear o processo de operacionalização do sistema nervoso
autônomo simpático e parassimpático é imprescindível para a compreensão dos efei
tos fisiológicos dos estados emocionais negativos, assim como parece bastante salu
tar a utilização de metáforas para explicações desse processo.
Considerações Finais
Com os tempos modernos, a competitividade, a pressão, a tensão e uma bus
ca continua por superação têm favorecido o desenvolvimento de quadros de estresse e
de ansiedade exacerbados aos indivíduos, em qualquer fase de suas vidas. Isto p o r
que, desde criança, há a exigência do sucesso como marcador da quaiidade de vida e
da aceitação social, sem se avaliar a eficácia e eficiência do treinamento e da maturida
de do repertório hábil da pessoa para apresentar o resultado social desejado.
O produto final disto está apresentado no próprio organismo das pessoas dos
tem pos m odernos, ou seja: desorganização em ocional, intelectual, fisiológica e
comportamental, conseqüenciando vários tipos de comportamentos-problema, como
os transtornos de pânico, ansiedade generalizada, depressão, além de diversas outras
formas de fobias, favorecedoras de quadros de estresse cada vez mais importantes,
Sendo esta cadeia ascendente, e quando nâo interrompida levará ao desenvolvimento
das mais variadas formas de enfermidades.
Diante do exposto, este estudo objetivou apresentar como as respostas de
ansiedade intensas sâo desencadeadas; além de definir os principais estím ulos
mantenedores da resposta emocional negativa; bem como propor treinamento de es
tratégias de intervenção que viabilizem a capacitação das pessoas para o alcance do
autocontrole de suas respostas emocionais, ou seja, da ansiedade.
Assim, este estudo objetivou primeiramente favorecer aos terapeutas, e às
pessoas de uma forma geral, recursos para o processo de aprendizagem sobre o
desenvolvimento das respostas fisicas. cognitivas, emocionais e comportamentais da
ansiedade e do estresse. Secundariamente seu objetivo foi apresentar técnicas que,
bem aplicadas, podem favorecer o controle das respostas ansiosas e de estresse,
experimentadas pelo indivíduo. Por fim, buscou estabelecer um procedimento ordena
do tanto para a educação quanto para a reeducação da ansiedade exacerbada bem
como do quadro de estresse, que se não controlados favorecem o desenvolvimento de
uma infinidade de psicopatologias e de patologias.
Porém, não foi seu objetivo aportar-se como um modelo pronto e acabado para
o controle de quaisquer respostas ansiosas ou estressantes. Posto que cada experiên
cia com mesmo evento e/ou com eventos semelhantes ou mesmo diferentes leva o
indivíduo a comportar-se das mais variadas formas, isto è, idiossincraticamente, gra
ças à sua história de aprendizagem anterior, bem como ao seu estado de saciedade ou
de privação anterior, dentre outras variáveis.
Referências
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