Você está na página 1de 25

ENFERMAGEM EM CENTRO

CIRÚRGICO E CENTRAL DE
MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO
Prof. Dr. Demétrius Paiva Arçari
Prof. Guilherme Bernardes Filho
Diretor Presidente
Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes
Diretor Tesoureiro
Prof. Frederico Ribeiro Simões
Reitor

UNISEPE – EaD
Prof. Me. Igor Gabriel Lima
Prof. Dr. Jozeildo Kleberson Barbosa
Prof. Me. Leonardo José Tenório Mourão Torres

Material Didático – EaD

Equipe editorial:
Fernanda Pereira de Castro - CRB-8/10395
Isis Gabriel Alves
Laura Lemmi Di Natale
Pedro Ken-Iti Torres Omuro
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz

Apoio técnico:
Alexandre Meanda Neves
Anderson Francisco de Oliveira
Gustavo Batista Bardusco
Matheus Eduardo Souza Pedroso
Vinícius Capela de Souza

Equipe de diagramação:
Laura Michelin de Oliveira Machado

Equipe de revisão:
Ana Beatriz Torres Omuro, Prof.ª Camila Santos Seimaru, Prof.ª Fabíola Löwenthal, Marcela Gonçalves Ferreira Camillo.
SOBRE O AUTOR:

Olá,

Eu sou o prof. Demétrius responsável pela elaboração desse material.

Sou Presidente do Comitê de ética em Pesquisa (CEP) com Seres Humanos do grupo
UNISEPE,

Tenho mestrado pela universidade de São Paulo (USP) e doutorado pela Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), atuando com diferentes disciplinas de enfermagem ligados aos
cursos de graduação e pós-graduação desde de 2009. Sou ainda, treinador da American Heart
Associaciation (AHA), atuando diretamente com urgência e emergência, Basic life support (BLS) e
Advanced trauma life support (ATLS).

Desejo que esse material possa ser de grande aprendizado para você e que consiga lhe
transmitir os principais conceitos envolvidos no centro cirúrgico e na central de materiais e
esterilização para que você possa se destacar como profissional dentro da área.

E agora vamos aos estudos!!

SOBRE A DISCIPLINA:

O centro cirúrgico é uma área complexa que exige do aluno de enfermagem um aprendizado amplo
que inclui a Unidade de Centro Cirúrgico desde seu ambiente, profissionais e equipamentos. A sala
de Central de Material Esterilizado é fundamental dentro deste contexto, portanto é imprescindível o
conhecimento amplo desta área, assim como da sala de Recuperação e Pós-Anestésica. É
necessário desta disciplina um conhecimento amplo que inclui a Infecção Hospitalar seus conceitos
e práticas assistenciais, assim como caracterizar o paciente cirúrgico com sus principais
necessidades e compreender as intercorrências do procedimento cirúrgico.

A disciplina tem como objetivo oferecer a base técnico-científica ao acadêmico de


enfermagem a:

• Prestar assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico, implementação e avaliação do


cuidado;
• Reconhecer os aspectos organizacionais da unidade centro cirúrgico, recuperação
anestésica e centro de material;
• Conhecer os procedimentos necessários para a prática da assistência de enfermagem
perioperatória;
• Conhecer os procedimentos específicos em centro de material, desde os princípios de
limpeza, acondicionamento, desinfecção, esterilização, armazenamento e controle de artigos
médico-hospitalares;
• Analisar as ações do enfermeiro em centro cirúrgico, recuperação anestésica e centro de
material.
Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem
e facilitar a organização e a leitura hipertextual.
SUMÁRIO

UNIDADE I .............................................................................................. 05
1º História da cirurgia.............................................................. 05
2º Equipe cirúrgica.................................................................. 17
UNIDADE I
CAPÍTULO 1 - HISTÓRIA DA CIRURGIA
No término deste capítulo, você deverá saber:

✓ História da Cirurgia;
✓ Nomenclatura Cirúrgica;
✓ Estrutura Física do centro cirúrgico.

1.1 História da cirurgia

O procedimento cirúrgico ou simplesmente cirurgia (do grego χειρουργική "cheirourgikē" e latim


chirurgiae, trabalho manual) significa de forma geral curar pelas mãos e é definida por alguns autores
como o nome dado a qualquer tipo de procedimento no qual o cirurgião realiza uma intervenção
manual ou instrumental no corpo do paciente para diagnosticar ou tratar doenças ou traumatismo,
ou para melhorar a funcionalidade ou aparência de parte do corpo.

A história da cirurgia no tratamento das doenças que conhecemos hoje em dia, coincide com
a própria história da humanidade. Da pré-história sabe-se que a trepanação (operação que consiste
em praticar uma abertura em um osso e remoção deste fragmento ósseo, geralmente arredondado)
era muito praticado por feiticeiros e curandeiros, com a intenção de curar seus enfermos (Figura 01).

A trepanação é provavelmente, o procedimento cirúrgico mais antigo de todos. As primeiras


descobertas históricas e médicas sobre a trepanação na antiguidade foram feitas em 1867, por E.G.
Squier, na América do Norte, e por Paul Broca, na Europa. Existem evidências de que a trepanação
já era realizada há mais de 40.000 anos atrás.

A trepanação foi realizada ao longo de todas as eras, provavelmente por razões diferentes.
Foi praticada na Idade de Pedra, no Egito Antigo, na Grécia nos tempos pré-históricos e clássicos
romanos, no Oriente Médio e Distante, entre as tribos célticas, na China (antiga e recente), na Índia,
entre os Maias, Astecas e Incas, entre os índios brasileiros (Karaya e Eugano), nos Mares de Sul, e
na África do Norte e Equatorial, inclusive é um procedimento até hoje realizado.

Figura 01 - Imagem de um crânio onde foi realizado a trepanação.

Disponível em: http://dayanebrant-almanaquecultural.blogspot.com.br/2013/09/trepanacao.html

5
Do antigo Egito, tem-se os papiros de Ebers e Edwin Smith, escritos em 1600 A.C., que são
os mais antigos escritos médico-cirúrgicos conhecidos. O papiro cirúrgico de Edwin Smith é um dos
mais importantes documentos da medicina e apresenta a descrição minuciosa de 48 casos de feridas
cirúrgicas e como tratá-las.

Na Índia, em 600 a.C., houve um desenvolvimento grande da cirurgia plástica, principalmente


de nariz e orelhas. Os prisioneiros de guerra e os adúlteros eram punidos com a amputação do nariz,
cuja reconstrução era feita à custa de retalhos da testa. Sushruta (Figura 02) foi o grande cirurgião
indiano da época que descreveu 100 instrumentos cirúrgicos diferentes. Devido as suas numerosas
contribuições para ciência e arte da cirurgia ele é também conhecido como o "Pai da Cirurgia". Muito
do que conhecemos a respeito da cirurgia investigativa está contido em uma série de volumes de
sua autoria, os quais são coletivamente conhecidos como as Sushruta Samhita. Este é o mais
antigo texto cirúrgico e ele descreve nos mínimos detalhes a exploração, diagnóstico, tratamento, e
prognósticos de numerosas indisposições, como também a realização de uma cirurgia plástica.

Figura 02 - Imagem de uma cirurgia realizada por Sushruta.

Disponível em: https://www.newsgram.com/father-of-surgery-was-sushruta-the-first-plastic-surgeon-in-600-bc

Mas sem dúvida foi Hipócrates, na Grécia ao redor de IV e V séculos A.C. que executou um
trabalho metódico e racional de Patologia Cirúrgica, principalmente ao que se refere as feridas
traumáticas.

A Medicina durante a Idade Média segue fielmente as doutrinas de Galeno do II século D.C.
e sua concepção humoral das enfermidades, desdenhando a prática cirúrgica.

A cirurgia ficou isolada da medicina por 1500 anos, desde a época de Galeno. Na Idade
Média, o homem era totalmente religioso e via em tudo o que lhe acontecia um gesto direto de Deus.
A igreja, cuja autoridade era incontestada, impediu todo o espírito de pesquisa como, por exemplo,
a interdição das dissecções que, aliás, foi mantida até 1480. A cirurgia foi considerada uma prática
bárbara, também condenada pela igreja, sendo executada por analfabetos de classe social baixa e
de conhecimentos empíricos. Com o renascimento iluminou-se a arte de operar. No século XIII
apareceram as primeiras escolas de medicina. A primeira foi a de Salerno, que fornecia ensino

6
verdadeiro e diploma. No século XIII, dois cirurgiões italianos tiveram atuação marcante: Guglielmo
Salicetti (1201-1277) e seu aluno Guido Lanfranchi que, em seu livro Chirurgia Magna (1296), já
falava de sutura de nervos cortados e recomenda a sutura intestinal, tendo se associado ao primeiro
colégio de cirurgia, o Colégio de São Cosme. O grande precursor da cirurgia moderna foi Ambroise
Paré (Figura 03) que foi considerado o fundador da ortopedia, modificou o tratamento das feridas
que, até então, eram cauterizadas e queimadas com óleo. Ele elevou rapidamente a condição da
classe cirúrgica, forçando a classe médica a admitir a cirurgia como forma terapêutica, sendo incluída
no ensino nas faculdades de Ciências Médicas.

Figura 03 - Imagem de Ambroise Paré avaliando o paciente.

Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:James_Bertrand-Ambroise_Par%C3%A9.jpg

A partir do século XII os cirurgiões eram profissionais independentes e eram unidos por
associações e com o tempo formaram suas próprias escolas. Ao lado desses cirurgiões mais
letrados, existiam os barbeiros menos cultos. permaneceram em associações diferentes até o século
XV quando se associaram, estabelecendo os limites dos barbeiros para atividades de trabalho de
dentista.

No século XVII se separaram e os cirurgiões foram reconhecidos por decreto real na Inglaterra
do século XVIII. As atividades dos cirurgiões neste período proporcionaram o conceito de cirurgia,
como uma ciência ou arte que procura a forma de trabalho sobre o corpo humano executando-se
todas as operações manuais necessárias para curar o homem.

Durante os séculos seguintes a cirurgia se desenvolveu, no entanto, a dor, a hemorragia, a


infecção e o choque eram obstáculos importantes para se resolver. Com a utilização da anestesia,
dos cuidados de assepsia e antissepsia e a própria evolução do conhecimento técnico-científico
médico, esses problemas foram reduzidos e favoreceu a evolução da cirurgia para o que
conhecemos nos dias atuais.

7
Figura 04 - Imagem de uma cirurgia na atualidade.

Disponível em: https://www.fatosdesconhecidos.com.br

1.2 Nomenclatura cirúrgica

As manobras e os procedimentos cirúrgicos assim como o instrumento utilizado são reconhecidos


mundialmente por denominações próprias ou por termos médicos das mais diversas procedências e
etimologias que irão constituir a nomenclatura utilizada na cirurgia.

Normalmente as nomenclaturas cirúrgicas abrangem alguns termos comuns, raízes, palavras


primitivas, prefixo, sufixo, termos híbridos e epônimos (nomes de procedimentos ou instrumentos
cirúrgicos do idealizador da técnica) para descrever o significado do procedimento a ser executado.

Terminologia de Estruturas anatômicas

Estrutura Termo Estrutura Termo


Anatômica correspondente Anatômica correspondente

Estômago Gástrico Glândula Adeno

Fígado Hepático Vasos Angio

Baço Esplênico Pálpebra Blefaro

Intestino delgado Entérico Bexiga Cisto

Intestino grosso Cólico ou colônico Vagina Colpo


Vesícula biliar
Colecisto Útero Histero
(bile)
Coração Cardio Seio, mama Masto

Tuba uterina
Salpingo Meninge Meningo
(Trompa)

Ovário Ooforo Rim Nefro

Testículo Orquido Olho Oftalmo

Tendão Teno Osso Ósteo

Reto Procto Ouvido Oto

8
Sufixos da Nomenclatura Cirúrgica

Sufixo Significado
Ectomia Remoção parcial ou total

Pexia Fixação de um órgão

Plastia Alteração da forma e ou função

Rafia Sutura

Visualização do interior do corpo em geral por meio de aparelhos


Scopia
com lentes especiais

Stomia Abertura de um órgão ou de uma nova boca

Tomia Incisão, abertura de parede ou órgão

Centese Punção

Exemplos de Terminologia + Sufixo:

Cirurgia Para remoção de


Adenoidectomia Adenóides
Apendicectomia Apêndice
Cistectomia Bexiga
Colecistectomia Vesicula biliar
Histerectomia Útero
Cirurgia Para fixação de
Cistopexia Bexiga
Histeropexia Útero à parede abdominal
Nefropexia Rim à parede abdominal
Procedimento Sutura de
Blefarorrafia Pálpebra
Colporrafia Vagina

Alguns exemplos de Epônimos usados na Nomenclatura Cirúrgica

Epônimo Significado
Histerectomia total por câncer de colo
Operação de Wertheim-Meigs
uterino.
Cirurgia de Miles Amputação abdominoperineal de reto.
Hernioplastia inguinal que une o tendão
Cirurgia de Bassini
conjunto ao ligamento inguinal.
Retossigmoidectomia com fechamento do
Cirurgia de Hartmann
coto retal e colostomia.

9
Terminologia que não segue as regras apresentadas:

Cirurgia Objetivo Cirurgia Objetivo


Remoção de um Incisão perineal destinada a
Amputação membro ou parte Episiotomia evitar a rutura do períneo
necrosada do corpo durante o parto

Conexão e sutura de Saída de víscera de sua


Anastomose Evisceração
dois órgãos ou vasos cavidade

Orificio que põe em


comunicação parte de um
Fixação cirúrgica de
Artrodese Fístula órgão, cavidade ou foco
articulações
supurativo, com a superfície
cutânea ou mucosa

Retirada de cisto de
Bartholinectomia Goniotomia Cirurgia de glaucoma
Bartholin
Remoção de um tecido
Biopsia vivo para fins Onfalectomia Remoção do umbigo
diagnóstico
Destruição de tecido Punção cirúrgica da
Cauterização através de agente Paracentese cavidade para retirada de
cáustico ou calor líquido.
Retirada do feto por
Cesariana incisão através da Retocele Protusão de parte do reto
parede abdominal
Ressecção da pele do
Veias dilatadas no saco
Circuncisão prepúcio que recobre a Varicocele
escrotal.
glande

Corte de um segmento do
Cistocele Queda da bexiga Vasectomia
canal deferente

Raspagem e remoção
Curetagem uterina Dissecção Corte, retalhamento
do conteúdo uterino

Separação de bordos
Deiscência previamente suturados Divertículo Bolsa que sai da cavidade
e unidos

1.3 Organização da unidade de centro cirúrgico

O Centro Cirúrgico (CC) compreende uma área crítica, de acesso restrito, que pertence a um
estabelecimento assistencial de saúde. É considerado uma das unidades mais complexas do
Hospital, não só por sua especificidade em realizar procedimentos invasivos, mais também por ser
um local fechado que expõe a paciente e a equipe de saúde em situações estressantes.

O Serviço de Enfermagem do Centro Cirúrgico tem por finalidade:

• Desenvolver atividades de assistência de Enfermagem baseado em princípios científicos,


tecnológicos e normas organizacionais;

10
• Prestar assistência integral às pacientes durante o período perioperatório;
• Prever e prover recursos humanos e materiais necessários para a assistência de enfermagem
no atendimento das pacientes;
• Colaborar no desenvolvimento de pesquisar na área da Saúde.

A organização do CC tem inicio com seu planejamento, que é definido como o conjunto de
elementos destinado às atividades cirúrgicas, bem como à recuperação anestésica e pós-operatória.

O planejamento deve ser realizado por uma equipe multiprofissional e seguir as normas do
ministério da saúde.

A resolução da Anvisa RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002 dispõe sobre o regulamento


técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde. A proporção de salas de cirurgia seria de 02 Salas de
Operação (SO) para 50 leitos hospitalares (não especializados) ou para cada 15 leitos cirúrgicos.
Preconiza que o CC deve proporcionar o desenvolvimento de atividades para a realização de
procedimentos cirúrgicos e endoscópicos, estabelecendo área para a recepção de pacientes até a
assistência pós-operatória adequada.

Para conhecer mais sobre a RDC nº 50 acesse:

http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/2002/50_02rdc.pdf

A área física do centro cirúrgico pode ser dividida da seguinte forma:

• Não restrita: as áreas de circulação livre (vestiários, corredor de entrada e sala de espera
de acompanhantes).
• Semi-restritas: pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem,
contudo, provocarem interferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia (salas
de guarda de material, administrativa, copa e expurgo)
• Restrita: o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO);
para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoal, equipamentos e materiais.

Localização

Deve ocupar área independente da circulação geral, ficando, assim, livre do trânsito de
pessoas e materiais estranhos ao serviço. Deve possibilitar o aceso livre e fácil de pacientes
provenientes das Unidades de internação Cirúrgicas, Pronto Socorro e Terapia Intensiva, bem como
o encaminhamento dos mesmos deferentes unidade.

11
A estrutura Física deve apresentar alguns elementos essenciais:

• Sala de cirurgia

É a área destinada à realização de intervenções cirúrgicas e endoscópicas. Segundo o


Ministério da Saúde, o número de salas de cirúrgicas para a Unidade de Centro Cirúrgico é
quantificado com base na capacidade de leitos do hospital. Preconizam-se duas salas para cada 50
leitos não especializados ou para cada 15 leitos cirúrgicos. Deve ter suas dimensões adequadas de
acordo com a quantidade de equipamentos necessários aos tipos de intervenção cirúrgica e
especialidade cirúrgica. A sala de cirurgia deve estar sob pressão positiva em relação aos corredores,
o que minimiza a entrada de ar desses locais para o interior da sala de operação. O número de
pessoas na sala de operação deve ser restrito ao cirurgião e um ou dois auxiliares (de acordo com a
complexidade do procedimento do CC) anestesiologista e circulante de sala, considerando sempre
que, quanto maior o número de pessoas, maior a possibilidade de disseminação de microrganismos
no ambiente.

Elementos importantes da estrutura da sala cirúrgica:

a) Teto: Conforme a Portaria 1.884/94 do Ministério da Saúde, o teto do Centro Cirúrgico deve
ser contínuo, sendo proibido o uso de forro falso removível
b) Paredes: Deve ter as superfícies lisas e laváveis, de cor neutra, tinta fosca, cantos
arredondados sem rodapé, com acabamento côncavo, para reduzir a deposição de
microorganismos.
c) Portas: As portas devem ser do tipo vaivém, sem maçanetas e com visores, para evitar o
trânsito desnecessário dentro da sala de operação.
d) Janelas: Devem ser do tipo basculante, sem parapeitos, dentro e fora, com vidro fosco,
vedadas e teladas em malha fina, para evitar a passagem de insetos. Deve permitir entrada
de luz natural.
e) Ventilação: O objetivo de uma ventilação adequada é a remoção de microorganismos, além
de prevenir a sua entrada e promover a exaustão dos gases anestésicos utilizados durante
as cirurgias. Deve ser mantido a temperatura mínima de 19ºC e máxima de 24ºC, com
umidade relativa do ar correspondente a 45% a 60%. Preconizam-se que as entradas de ar
estejam localizadas o mais alto possível, em relação ao nível do piso, devendo estar
afastadas das saídas, que são localizadas próximas ao piso. Ambas as aberturas devem ser
providas de filtros.
f) Iluminação: A iluminação artificial deve ser de cor natural, para não altear a coloração da
pele e mucosas do paciente e não deixar sombras. A iluminação do campo cirúrgico, em
especial é realizada com os focos central ou fixo, auxiliar e frontal. O foco tem por finalidade:
- oferecer luz semelhante à natural, de modo a não alterar a cor da pele e mucosas do
paciente
g) Instalações elétricas: Preconizam três conjuntos com quatro tomadas cada, em paredes
distintas, alimentadas por circuitos críticos e uma tomada para aparelho de raios X. Como
medida de segurança as tomadas devem estar localizadas a 1,5 m do piso, devendo possuir
sistema de aterramento para prevenir choque e queimaduras no paciente e equipes.

12
Figura 05 - Apresentação de um centro cirúrgico.

Fonte: http://redeprimavera.com.br/leitura/255/centro-cirurgico.htm

• Área de recepção do paciente

É a área reservada para recepcionar e transferir pacientes da maca proveniente da Unidade


de internação para a do Centro Cirúrgico. Assim, deve ter espaço suficiente para o recebimento de
maca, permitindo a circulação sem prejuízo do transporte ou risco para o paciente.

• Sala de Recuperação Pós-anestésica

Local destinado à permanência do paciente após o ato anestésico - cirúrgico. O número de


leitos vai depender dos tipos de cirurgia previstos. De um modo geral, estimam-se dois leitos por sala
cirúrgica.

• Área de Escovação

Local (Figura 06) onde se realiza a escovação/degermação das mãos e antebraços da equipe
cirúrgica e anestésica. Recomenda-se, para até 2 salas, duas torneiras para casa uma; para mais
de duas salas, devem ser projetadas duas 9 torneiras para cada novo par de salas.

O local de escovação deve ser próximo às salas de cirurgias, a fim de reduzir o tempo de
exposição da área escovada ao meio ambiente. As torneiras devem ser acionadas por pedal ou com
o cotovelo, como também os recipientes para antissépticos. Os tanques devem ser instalados numa
altura de mais ou menos 90 cm, para favorecer a mecânica corporal no ato da escovação. Neste
local devem ser colocados os recipientes para escova e solução antisséptica.

13
Figura 06 - Sala de escovação

Fonte: http://www.pontagrossa.pr.gov.br/node/10865

• Sala de Material Esterilizado

Local onde o material esterilizado deve ser guardado até o momento da sua distribuição para
a sala de cirurgia. A área física não deve permitir o cruzamento de material estéril com material
contaminado. Essa área deve ser fechada e possuir sistema de renovação de ar. Sua temperatura
ambiente deve ser mantida abaixo de 25ºC, sendo o ideal até 21ºC, e a umidade relativa do ar entre
30% e 60%.

• Sala de guarda de equipamentos

Área para guardar e receber equipamentos que são necessários a determinados


procedimentos cirúrgicos, evitando o deposito de materiais e equipamentos nos corredores, o que
prejudicaria a circulação interna do Centro Cirúrgico.

• Sala de depósito de cilindros de gazes

Este local está destinado pra guardar cilindros de oxigênio e óxido nitroso mesmo que o
sistema de distribuição seja centralizado.

• Sala de medicamentos e material médico-hospitalar

Área destinada à guarda de medicamentos e materiais de consumo esterilizados para atender


ao ato anestésico-cirúrgico.

• Sala de espera

É a área destinada aos familiares ou acompanhantes do paciente

14
• Sala administrativa

É o local destinado ao controle administrativo da Unidade, concentrando a chefia de


enfermagem e a secretaria.

• Sala de material de limpeza

Destinada à guarda de utensílios e equipamentos de limpeza

• Rouparia

É a área destinada a armazenar a roupa de uso na Unidade, tais como lençóis de maca, de
mesa cirúrgica, entre outros.

• Expurgo

Local destinado a eliminação de matéria orgânica proveniente das salas de cirurgia como
secreções e excreções do paciente.

• Área de transferência para macas

Essa área é importante para evitar a circulação interna de macas que percorrem todo o
hospital. As macas devem ser mantidas limpas e submetidas à desinfecção após o uso, entre um
paciente e outro.

• Sala ou laboratório de anatomia patológica

É a área que se destina à realização de exames anatomopatológicos específicos e rápidos,


como a biópsia de congelação. Esta sala pode ser dispensada, quando o laboratório estiver situado
nas proximidades do Centro Cirúrgico.

• Laboratório para revelação de radiografias

É a área utilizada para revelar radiografias, mas que também pode ser dispensável quando a
Unidade de Radiologia estiver situada próximo ao Centro Cirúrgico.

• Vestiários

O Centro Cirúrgico deve ter dois vestiários, um feminino e um masculino, com sanitários e
chuveiros completos e armários individuais, e duas portas, de modo que o fluxo externo de pessoas
independa do fluxo interno. Assim, devem estar localizados na entrada do Centro Cirúrgico, de modo
que os profissionais, e outras pessoas que venham da área de circulação externa, só possam ter
acesso ao setor após a troca de roupa em uso por uniforme próprio e privativo para o local. Este
consta de calça comprida, túnica, gorro, propés e máscara. Os vestiários são barreiras físicas,
considerando que estas estão definidas como “aqueles ambientes que minimizam a entrada de
microorganismos externos”.

15
• Copa

É importante para evitar o fluxo e dispersão de pessoal no Centro Cirúrgico. É o local próprio
e restrito para alimentação, evitando o uso incorreto de outros ambientes do Centro Cirúrgico.

Brunner & Suddarth; Smeltzer SC, Bare BG: Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 12 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. vol. I e II.

Tubino P, Alves E. História da Cirurgia, 2009.

Magalhães , HP. Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental. Sarvier, 1993.

GOFFI, Fábio Schmidt et al. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnica da cirurgia. 4. ed.
São Paulo: Atheneu, 2007.

SABISTON, David C.; LYERLY, H. Kim (Ed.). Fundamentos da Cirurgia. 17. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006.

16
UNIDADE I
CAPÍTULO 2 - EQUIPE CIRÚRGICA
No término deste capítulo, você deverá saber:

✓ Equipe Cirúrgica;
✓ Preparo do paciente cirúrgico;
✓ Posição cirúrgica.

2.1 Equipe Cirúrgica

Diferentes equipes cirúrgicas atuam no centro cirúrgico, são elas:

Equipe de anestesia

A equipe de anestesia é formada por médicos anestesiologistas, responsáveis por todo ato
anestésico, com as atribuições iniciais de fazer a avaliação pré-anestésica do paciente ainda em sua
unidade de internação e de fazer a prescrição da medicação pré-anestésica.

Ao Anestesista: cabe a escolha do pré-anestésico e da anestesia adequada para cada caso


prevendo com antecedência todos os materiais, equipamentos e medicamentos necessários, bem
como preparar e administrar drogas e controlar as condições clínicas e anestésicas do paciente
durante a cirurgia. Autoriza o início da cirurgia e solicita a sua suspensão ou interrupção na vigência
de risco de vida. Durante o ato cirúrgico é de sua responsabilidade a vigilância constante do enfermo,
aferindo e corrigindo as variações da homeostase decorrentes da intervenção. Ao término do
procedimento cirúrgico é de responsabilidade dessa equipe o envio do paciente à Unidade de
Recuperação Pós-Anestésica e seu controle até o restabelecimento das condições do paciente, para
que este possa retornar à unidade de origem em segurança.

Equipe de cirurgia

A equipe de cirurgia é a responsável direta pelo procedimento cirúrgico e compõe-se dos


seguintes elementos:

a) Médico cirurgião: É o responsável pelo ato cirúrgico a ser desenvolvido. Cabe-lhe, portanto,
planejá-lo e executá-lo, comandando-o e mantendo a ordem no campo operatório.

b) Médico auxiliar ou assistente: É o que auxilia na cirurgia. Dependendo do porte desta,


pode ser necessário mais de um.
a. Primeiro auxiliar: a ele compete auxiliar o cirurgião nas seguintes tarefas:
• Providenciar prontuário e exames do paciente;
• Providenciar cuidados pré-operatórios imediatos;
• Colaborar com o instrumentador na montagem da mesa;
• Fazer antissepsia operatória e orientar posição do paciente
• Apresentar e preservar o campo operatório;
• Enxugar e cortar fios de sutura;

17
• Permanecer em sala após o despertar anestésico até a colocação do paciente
no leito.
b. Segundo auxiliar: Presente em condições especiais, principalmente nas
intervenções mais complexas. Colabora com manobras de afastamento, permitindo
ao primeiro auxiliar maior liberdade de ação.

c) Instrumentador cirúrgico: É o elemento de maior mobilidade no campo cirúrgico, pois


mantém contato com as enfermeiras da sala, solicitando antecipadamente todo material
necessário para a cirurgia; cuida da mesa do instrumental e participa ativamente do ato
cirúrgico, suprimindo as funções do assistente nos momentos em que este se encontra
imobilizado afastando os tecidos. Cumpre ao instrumentador manter limpo e ordenado o
campo cirúrgico, substituindo compressas, colocando gazes e retirando fios e instrumentos
inadvertidamente deixados sobre o doente. Deve também encaminhar à enfermeira da sala
as peças cirúrgicas retiradas no decorrer da intervenção.

Equipe de Enfermagem

A equipe de enfermagem que atua no Centro Cirúrgico é composta por pessoas de vários
níveis, com responsabilidades diferentes. A quantidade desse pessoal varia conforme a
complexidade e o volume de trabalho existente na Unidade, mas em geral a equipe é composta de:

a) Enfermeira: Responsável pelo planejamento das ações de enfermagem que serão


desenvolvidas no decorrer do ato cirúrgico, bem como pelo gerenciamento relativo aos
materiais e equipamentos necessários.

b) Técnico de enfermagem: Auxiliar direto da enfermeira, são-lhe delegadas também tarefas


especiais, tais como: verificar o funcionamento, a conservação e a manutenção dos
equipamentos necessários ao funcionamento do Centro Cirúrgico; responsabilizar-se pelo
encaminhamento das peças cirúrgicas aos laboratórios especializados e controlar o material
esterilizado, verificando seus prazos de validade. Pode também exercer as atividades de
instrumentador cirúrgico ou de circulante de sala.

c) Circulante de sala: Papel normalmente desempenhado pelo auxiliar de enfermagem, tem


como função o atendimento direto das solicitações da equipe médica no decorrer do ato
cirúrgico, posicionamento adequado do paciente, verificação e controle de todos os
equipamentos exigidos pela cirurgia.

d) Instrumentada cirúrgico: Fornecedor dos instrumentais cirúrgicos à equipe médica no


decorrer da cirurgia esse papel deve ser desempenhado pelo auxiliar de enfermagem.

e) Auxiliar de enfermagem: É responsável pela montagem da sala cirúrgica, atividades durante


o ato cirúrgico e após.

De forma geral as equipes precisam ter um bom relacionamento entre si e estarem integradas
para que se possa desenvolver um trabalho exemplar dentro do centro cirúrgico, pois todos não
devem se esquecer que a prioridade é o bem-estar do paciente.

18
2.2 Preparo do paciente cirúrgico

Antes de iniciar os procedimentos pré-cirúrgicos precisamos nos atentar ao transporte do paciente


até o centro cirúrgico. O transporte do paciente da unidade de internação para o Centro Cirúrgico
deve ser feito em maca ou cama berço, dependendo da idade e condições físicas do paciente. Este
procedimento difere de hospital para hospital. Em alguns, fica sob responsabilidade da Unidade de
internação e em outros, da unidade de Centro Cirúrgico.

Ao transportar o paciente alguns cuidados devem ser tornados, dentre eles destacam-se:

• Utilização de roupas limpas na maca ou cama berço do mesmo modo como se prepara a
cama de um operado. Deve-se enrolar juntos o lençol superior, o cobertor e a colcha no
sentido longitudinal, deixando-os de um dos lados da maca.

• Colocar a camisola aberta e a toca para proteger os cabelos do paciente

• Verificar se o paciente recebeu os cuidados do período pré-operatório imediato e se o


prontuário está completo, inclusive com as radiografias. Colocá-los a seguir, sob o colchão
da maca.

• Conferir a identificação do paciente, a partir do “pedido de cirurgia”, apresenta-se a ele como


funcionário do Centro Cirúrgico e responsável por transportá-lo para o referido setor;

• Verificar se foram retirados esmalte, adornos e próteses do paciente, e se este já esvaziou a


bexiga, caso não esteja com sonda vesical.

• Transportar o paciente, diretamente para a sala cirúrgica, evitando a permanência deste no


corredor.

Os procedimentos no Centro Cirúrgico devem estar sempre sob a supervisão do enfermeiro,


a começar pelo recebimento do paciente na unidade. O paciente deve ser cordialmente recebido
pelo pessoal de enfermagem, que deve conferir seus dados pessoais e seu prontuário, certificando
se de que todos os exames se encontram anexos. Nesse momento são também verificadas as
anotações pré-operatórias feitas na unidade de internação: aplicação da medicação pré-anestésica,
sinais vitais, retirada de próteses e joias, avaliação de problemas alérgicos e condições físicas e
emocionais do paciente etc. O paciente deve, então, ter os cabelos protegidos com um gorro
descartável e encaminhado a sala cirúrgica, aos cuidados do circulante de sala e orientá-lo sobre os
procedimentos que virão. Na transferência do paciente da maca para a mesa cirúrgica, é preciso
igualar as alturas desses dois equipamentos e encostar um no outro, a fim de facilitar a passagem.

Deve-se verificar se a área operatória está devidamente preparada, realizando a tricotomia,


se necessário, e manter o paciente aquecido e protegido até a entrada da equipe cirúrgica.
Atualmente a tricotomia no local onde será realizada a incisão cirúrgica, deve ocorrer idealmente
minutos antes da indução anestésica, no entanto é preconizado o tempo máximo de 02 horas antes
da cirurgia, como medida preventiva de infecção.

A lavagem das mãos é, isoladamente a medida mais importante na prevenção das infecções
hospitalares, devendo ser realizadas antes e após a manipulação de qualquer paciente. O banho
pré-operatório tem como objetivo eliminar detritos depositados sobre a pele e consequentemente

19
reduzir a sua colonização, porém ele não deve ser realizado muito próximo a cirurgia, pois a fricção,
promove a descamação da pele e, portanto, deve ser tomado na véspera da cirurgia.

Pré-operatório Imediato

Neste período do pré-operatório, a assistência prestada pela equipe interdisciplinar continua


voltada ao preparo físico e emocional do paciente para cirurgia. Do ponto de vista emocional, sabe-
se que a proximidade do ato cirúrgico pode contribuir para aumentar a ansiedade do paciente, que
se apresenta com sinais clínicos como: taquicardia, hipertensão, hipertermia, sudorese entre outros.
Além da atuação na avaliação e preparo emocional, é a competência do enfermeiro planejar,
implementar e avaliar as ações de assistência para o preparo físico do paciente de pré-operatório
imediato. Estas ações de assistência compreendem avaliar o esvaziamento intestinal, avaliar
modificação da dieta e jejum antes da cirurgia, verificar higiene corporal e esvaziamento da bexiga.
Assim como a remoção de próteses dentarias entre outros.

Diante das evoluções tecnologias o enfermeiro do centro cirúrgico foi adquirindo novos
conceitos na sua formação e aprendendo a melhorar sua relação com o paciente, através de
diferentes ferramentas dentre essas ferramentas podemos destacar a Sistematização da Assistência
de Enfermagem (SAE) que em linhas gerais é um processo organizacional que oferece subsídios
para o desenvolvimento de métodos interdisciplinares e humanizados de cuidado com o objetivo de
melhorar cada vez mais o cuidado prestado ao paciente, pois levanta-se a necessidade de cuidado
interativo, complementar e multiprofissional

2.3 Posição cirúrgica

O posicionamento cirúrgico tem como principal finalidade promover o acesso ao sítio cirúrgico e deve
ser realizado de forma correta para garantir a segurança do paciente e prevenir complicações. O
enfermeiro compartilha com a equipe (cirurgião, anestesista e pessoal de enfermagem) a decisão do
melhor posicionamento do paciente para facilitar as atividades durante o ato anestésico-cirúrgico.
Para isso, é necessária a identificação das alterações anatômicas e fisiológicas do paciente,
associadas ao tipo de anestesia, tipo de procedimento e ao tempo cirúrgico a que será submetido,
para que o posicionamento seja adequado e não ocasione complicações pós-operatórias. A equipe
de enfermagem deve sempre ter a mão materiais acessórios que auxiliem no melhor posicionamento
do paciente, como:

• Perneiras metálicas acolchoadas;


• Arcos de proteção;
• Ombreiras metálicas acolchoadas:
• Talas de madeira acolchoadas, com comprimento e largura adequados;
• Coxins;
• Ataduras de crepom, gazes e esparadrapo;
• Braçadeiras metálicas entre outros.

Existem diversas posições possíveis, cada qual dependendo do tipo de cirurgia a ser
executada, no entanto será mostrado os principais posicionamentos utilizados no centro cirúrgico.

20
Posição dorsal ou de decúbito dorsal

O paciente fica deitado sobre seu dorso, em posição horizontal, com as pernas em sentido
longitudinal ao corpo e os braços abertos, de preferência apoiados sobre talas (Figura 01). Trata-se
da posição que se emprega em cirurgias abdominais supra e infra umbilicais, torácicas e vasculares,
entre outras. É a posição cirúrgica mais utilizada e a que traz o menor número de complicações
respiratórias intra e pós-operatórias.

Figura 01 - Figura esquemática da posição dorsal.

Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html

Posição ventral ou de decúbito ventral (ou prona)

O paciente permanece deitado sobre seu abdome, em posição horizontal, com os braços e
as pernas em sentido longitudinal ao corpo (Figura 02). A cabeça deve ser voltada para um dos
lados, colocando-se coxins sob os ombros e também sob a região infra umbilical, com a finalidade
de facilitar a expansão pulmonar e evitar a compressão dos vasos do pescoço. Costuma-se utilizar
coxins também sob os tornozelos, que são assim posicionados corretamente para evitar sua
distensão e compressão. Essa posição é usada nas cirurgias das regiões dorsal, lombar,
sacrococcígea e occipital.

Figura 02 - Figura esquemática da posição ventral.

Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html

Posição lateral ou de decúbito lateral (ou de Sims)

O decúbito lateral pode ser tanto direito como esquerdo, dependendo da via de acesso que o
cirurgião vá utilizar. O paciente é colocado deitado sobre um dos lados, com a perna superior em
extensão e a inferior fletida, e um coxim entre ambas para separá-las (Figura 03). Para manter o
paciente nessa posição é preciso restringi-lo com faixas largas de esparadrapo passadas sobre seu
quadril e presas a mesa cirúrgica. O braço superior normalmente e fixado ao arco de proteção

21
utilizado para separar o campo cirúrgico do anestésico. Nessa fixação deve-se sempre lembrar de
revestir o suporte metálico e o braço do paciente com atadura de crepe, ou outro isolante qualquer,
com a finalidade de evitar queimaduras nesse local devido ao uso do bisturi elétrico. Essa posição é
utilizada em cirurgias de toracotomia ou lobotomia.

Figura 03 - Figura esquemática da posição lateral.

Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html

Posição ginecológica

Nesta posição, o paciente é colocado em decúbito dorsal, tendo os membros inferiores


elevados e colocados em suportes especiais, também chamados perneiras, e fixados com correias.
Esta posição está indicada para as cirurgias ginecológicas, proctológicas, algumas urológicas e
exames endoscópicos.

Figura 04 - Figura esquemática da posição ginecológica.

Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html

Posição de Trendelemburg

É uma variação da posição de decúbito dorsal onde a parte superior do dorso é abaixada e
os pés são elevados (Figura 05). Mantém as alças intestinais na parte superior da cavidade
abdominal. Ex: cirurgias de órgãos pélvicos, laparotomia de abdome inferior.

22
Figura 05 - Figura esquemática da posição de Trendelemburg.

Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html

Posição de Fowler ou sentada

Paciente permanece semi sentado na mesa (Figura 06). Utilizada para mamoplastia, dreno
de tórax e plásticas em geral.

Figura 06 - Figura esquemática da posição de Fowler.

Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html

Posição de canivete (ou de Kraske)

O paciente se encontra em decúbito ventral, com as coxas e pernas para fora da mesa e o
tórax sobre a mesa, a qual está levemente inclinada no sentido oposto das pernas, e os braços
estendidos e apoiados em talas (Figura 07). Usada em cirurgias proctológicas, hemorroidectomia,
fissuras e fístulas anais.

Figura 07 - Figura esquemática da posição de Kraske.

Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html

23
Além dessas, há posições específicas para determinados procedimentos cirúrgicos, que
precisam utilizar acessórios específicos, como no caso das cirurgias neurológicas,
otorrinolaringológicas e outras. Ao posicionar-se o paciente para uma intervenção cirúrgica, deve-se
sempre lembrar de alguns cuidados que previnam problemas futuros para ele, entre esses cuidados
destacam-se:

• Manusear o paciente anestesiado com movimentos firmes e lentos, pois a mudança repentina
de posição pode levar à queda da Pressão Arterial (PA);

• Ao se retirar o paciente da posição ginecológica, deve-se ter cuidado de descer


alternadamente as pernas, Afim de se prevenir o afluxo rápido de sangue para os membros
inferiores, podendo causar também a queda da PA;

• Manter a cabeça voltada para um dos lados quando o paciente permanecer em decúbito
dorsal;

• Observar o posicionamento correto das infusões e drenagens

• Não comprimir terminações nervosas, evitando assim paralisias que poderão ser
irreversíveis;

• Não forçar posições de braços ou pernas e protegê-los do contato com superfícies metálicas;

• Proteger as proeminências ósseas, principalmente em pacientes obesos e idosos, para evitar


a formação de escaras e trombos e a compressão da circulação;

• Cuidar para que os membros inferiores (pernas) e superiores (braços) nunca fiquem
pendentes da mesa de operação; sendo impossível colocá-los ao longo do corpo, deve-se
apoiá-los sobre talas;

• Evitar, sempre que possível, distensões musculares provocadas por movimentos bruscos em
qualquer parte do corpo.

Souza, R.; et al. Manual de Normas e Rotinas Centro Cirúrgico e Central de Material de Esterilização.
Centro Universitário de Lavras. 2007

Brunner & Suddarth; Smeltzer SC, Bare BG: Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 12 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. vol. I e II.

POSSARI, João Francisco. Centro Cirúrgico: planejamento, organização e gestão. 1ª ed. São Paulo: Iátria,
2004.

Magalhães , HP. Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental. Sarvier, 1993.

24

Você também pode gostar