Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CIRÚRGICO E CENTRAL DE
MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO
Prof. Dr. Demétrius Paiva Arçari
Prof. Guilherme Bernardes Filho
Diretor Presidente
Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes
Diretor Tesoureiro
Prof. Frederico Ribeiro Simões
Reitor
UNISEPE – EaD
Prof. Me. Igor Gabriel Lima
Prof. Dr. Jozeildo Kleberson Barbosa
Prof. Me. Leonardo José Tenório Mourão Torres
Equipe editorial:
Fernanda Pereira de Castro - CRB-8/10395
Isis Gabriel Alves
Laura Lemmi Di Natale
Pedro Ken-Iti Torres Omuro
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz
Apoio técnico:
Alexandre Meanda Neves
Anderson Francisco de Oliveira
Gustavo Batista Bardusco
Matheus Eduardo Souza Pedroso
Vinícius Capela de Souza
Equipe de diagramação:
Laura Michelin de Oliveira Machado
Equipe de revisão:
Ana Beatriz Torres Omuro, Prof.ª Camila Santos Seimaru, Prof.ª Fabíola Löwenthal, Marcela Gonçalves Ferreira Camillo.
SOBRE O AUTOR:
Olá,
Sou Presidente do Comitê de ética em Pesquisa (CEP) com Seres Humanos do grupo
UNISEPE,
Tenho mestrado pela universidade de São Paulo (USP) e doutorado pela Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), atuando com diferentes disciplinas de enfermagem ligados aos
cursos de graduação e pós-graduação desde de 2009. Sou ainda, treinador da American Heart
Associaciation (AHA), atuando diretamente com urgência e emergência, Basic life support (BLS) e
Advanced trauma life support (ATLS).
Desejo que esse material possa ser de grande aprendizado para você e que consiga lhe
transmitir os principais conceitos envolvidos no centro cirúrgico e na central de materiais e
esterilização para que você possa se destacar como profissional dentro da área.
SOBRE A DISCIPLINA:
O centro cirúrgico é uma área complexa que exige do aluno de enfermagem um aprendizado amplo
que inclui a Unidade de Centro Cirúrgico desde seu ambiente, profissionais e equipamentos. A sala
de Central de Material Esterilizado é fundamental dentro deste contexto, portanto é imprescindível o
conhecimento amplo desta área, assim como da sala de Recuperação e Pós-Anestésica. É
necessário desta disciplina um conhecimento amplo que inclui a Infecção Hospitalar seus conceitos
e práticas assistenciais, assim como caracterizar o paciente cirúrgico com sus principais
necessidades e compreender as intercorrências do procedimento cirúrgico.
UNIDADE I .............................................................................................. 05
1º História da cirurgia.............................................................. 05
2º Equipe cirúrgica.................................................................. 17
UNIDADE I
CAPÍTULO 1 - HISTÓRIA DA CIRURGIA
No término deste capítulo, você deverá saber:
✓ História da Cirurgia;
✓ Nomenclatura Cirúrgica;
✓ Estrutura Física do centro cirúrgico.
A história da cirurgia no tratamento das doenças que conhecemos hoje em dia, coincide com
a própria história da humanidade. Da pré-história sabe-se que a trepanação (operação que consiste
em praticar uma abertura em um osso e remoção deste fragmento ósseo, geralmente arredondado)
era muito praticado por feiticeiros e curandeiros, com a intenção de curar seus enfermos (Figura 01).
A trepanação foi realizada ao longo de todas as eras, provavelmente por razões diferentes.
Foi praticada na Idade de Pedra, no Egito Antigo, na Grécia nos tempos pré-históricos e clássicos
romanos, no Oriente Médio e Distante, entre as tribos célticas, na China (antiga e recente), na Índia,
entre os Maias, Astecas e Incas, entre os índios brasileiros (Karaya e Eugano), nos Mares de Sul, e
na África do Norte e Equatorial, inclusive é um procedimento até hoje realizado.
5
Do antigo Egito, tem-se os papiros de Ebers e Edwin Smith, escritos em 1600 A.C., que são
os mais antigos escritos médico-cirúrgicos conhecidos. O papiro cirúrgico de Edwin Smith é um dos
mais importantes documentos da medicina e apresenta a descrição minuciosa de 48 casos de feridas
cirúrgicas e como tratá-las.
Mas sem dúvida foi Hipócrates, na Grécia ao redor de IV e V séculos A.C. que executou um
trabalho metódico e racional de Patologia Cirúrgica, principalmente ao que se refere as feridas
traumáticas.
A Medicina durante a Idade Média segue fielmente as doutrinas de Galeno do II século D.C.
e sua concepção humoral das enfermidades, desdenhando a prática cirúrgica.
A cirurgia ficou isolada da medicina por 1500 anos, desde a época de Galeno. Na Idade
Média, o homem era totalmente religioso e via em tudo o que lhe acontecia um gesto direto de Deus.
A igreja, cuja autoridade era incontestada, impediu todo o espírito de pesquisa como, por exemplo,
a interdição das dissecções que, aliás, foi mantida até 1480. A cirurgia foi considerada uma prática
bárbara, também condenada pela igreja, sendo executada por analfabetos de classe social baixa e
de conhecimentos empíricos. Com o renascimento iluminou-se a arte de operar. No século XIII
apareceram as primeiras escolas de medicina. A primeira foi a de Salerno, que fornecia ensino
6
verdadeiro e diploma. No século XIII, dois cirurgiões italianos tiveram atuação marcante: Guglielmo
Salicetti (1201-1277) e seu aluno Guido Lanfranchi que, em seu livro Chirurgia Magna (1296), já
falava de sutura de nervos cortados e recomenda a sutura intestinal, tendo se associado ao primeiro
colégio de cirurgia, o Colégio de São Cosme. O grande precursor da cirurgia moderna foi Ambroise
Paré (Figura 03) que foi considerado o fundador da ortopedia, modificou o tratamento das feridas
que, até então, eram cauterizadas e queimadas com óleo. Ele elevou rapidamente a condição da
classe cirúrgica, forçando a classe médica a admitir a cirurgia como forma terapêutica, sendo incluída
no ensino nas faculdades de Ciências Médicas.
A partir do século XII os cirurgiões eram profissionais independentes e eram unidos por
associações e com o tempo formaram suas próprias escolas. Ao lado desses cirurgiões mais
letrados, existiam os barbeiros menos cultos. permaneceram em associações diferentes até o século
XV quando se associaram, estabelecendo os limites dos barbeiros para atividades de trabalho de
dentista.
No século XVII se separaram e os cirurgiões foram reconhecidos por decreto real na Inglaterra
do século XVIII. As atividades dos cirurgiões neste período proporcionaram o conceito de cirurgia,
como uma ciência ou arte que procura a forma de trabalho sobre o corpo humano executando-se
todas as operações manuais necessárias para curar o homem.
7
Figura 04 - Imagem de uma cirurgia na atualidade.
Tuba uterina
Salpingo Meninge Meningo
(Trompa)
8
Sufixos da Nomenclatura Cirúrgica
Sufixo Significado
Ectomia Remoção parcial ou total
Rafia Sutura
Centese Punção
Epônimo Significado
Histerectomia total por câncer de colo
Operação de Wertheim-Meigs
uterino.
Cirurgia de Miles Amputação abdominoperineal de reto.
Hernioplastia inguinal que une o tendão
Cirurgia de Bassini
conjunto ao ligamento inguinal.
Retossigmoidectomia com fechamento do
Cirurgia de Hartmann
coto retal e colostomia.
9
Terminologia que não segue as regras apresentadas:
Retirada de cisto de
Bartholinectomia Goniotomia Cirurgia de glaucoma
Bartholin
Remoção de um tecido
Biopsia vivo para fins Onfalectomia Remoção do umbigo
diagnóstico
Destruição de tecido Punção cirúrgica da
Cauterização através de agente Paracentese cavidade para retirada de
cáustico ou calor líquido.
Retirada do feto por
Cesariana incisão através da Retocele Protusão de parte do reto
parede abdominal
Ressecção da pele do
Veias dilatadas no saco
Circuncisão prepúcio que recobre a Varicocele
escrotal.
glande
Corte de um segmento do
Cistocele Queda da bexiga Vasectomia
canal deferente
Raspagem e remoção
Curetagem uterina Dissecção Corte, retalhamento
do conteúdo uterino
Separação de bordos
Deiscência previamente suturados Divertículo Bolsa que sai da cavidade
e unidos
O Centro Cirúrgico (CC) compreende uma área crítica, de acesso restrito, que pertence a um
estabelecimento assistencial de saúde. É considerado uma das unidades mais complexas do
Hospital, não só por sua especificidade em realizar procedimentos invasivos, mais também por ser
um local fechado que expõe a paciente e a equipe de saúde em situações estressantes.
10
• Prestar assistência integral às pacientes durante o período perioperatório;
• Prever e prover recursos humanos e materiais necessários para a assistência de enfermagem
no atendimento das pacientes;
• Colaborar no desenvolvimento de pesquisar na área da Saúde.
A organização do CC tem inicio com seu planejamento, que é definido como o conjunto de
elementos destinado às atividades cirúrgicas, bem como à recuperação anestésica e pós-operatória.
O planejamento deve ser realizado por uma equipe multiprofissional e seguir as normas do
ministério da saúde.
http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/2002/50_02rdc.pdf
• Não restrita: as áreas de circulação livre (vestiários, corredor de entrada e sala de espera
de acompanhantes).
• Semi-restritas: pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem,
contudo, provocarem interferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia (salas
de guarda de material, administrativa, copa e expurgo)
• Restrita: o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO);
para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoal, equipamentos e materiais.
Localização
Deve ocupar área independente da circulação geral, ficando, assim, livre do trânsito de
pessoas e materiais estranhos ao serviço. Deve possibilitar o aceso livre e fácil de pacientes
provenientes das Unidades de internação Cirúrgicas, Pronto Socorro e Terapia Intensiva, bem como
o encaminhamento dos mesmos deferentes unidade.
11
A estrutura Física deve apresentar alguns elementos essenciais:
• Sala de cirurgia
a) Teto: Conforme a Portaria 1.884/94 do Ministério da Saúde, o teto do Centro Cirúrgico deve
ser contínuo, sendo proibido o uso de forro falso removível
b) Paredes: Deve ter as superfícies lisas e laváveis, de cor neutra, tinta fosca, cantos
arredondados sem rodapé, com acabamento côncavo, para reduzir a deposição de
microorganismos.
c) Portas: As portas devem ser do tipo vaivém, sem maçanetas e com visores, para evitar o
trânsito desnecessário dentro da sala de operação.
d) Janelas: Devem ser do tipo basculante, sem parapeitos, dentro e fora, com vidro fosco,
vedadas e teladas em malha fina, para evitar a passagem de insetos. Deve permitir entrada
de luz natural.
e) Ventilação: O objetivo de uma ventilação adequada é a remoção de microorganismos, além
de prevenir a sua entrada e promover a exaustão dos gases anestésicos utilizados durante
as cirurgias. Deve ser mantido a temperatura mínima de 19ºC e máxima de 24ºC, com
umidade relativa do ar correspondente a 45% a 60%. Preconizam-se que as entradas de ar
estejam localizadas o mais alto possível, em relação ao nível do piso, devendo estar
afastadas das saídas, que são localizadas próximas ao piso. Ambas as aberturas devem ser
providas de filtros.
f) Iluminação: A iluminação artificial deve ser de cor natural, para não altear a coloração da
pele e mucosas do paciente e não deixar sombras. A iluminação do campo cirúrgico, em
especial é realizada com os focos central ou fixo, auxiliar e frontal. O foco tem por finalidade:
- oferecer luz semelhante à natural, de modo a não alterar a cor da pele e mucosas do
paciente
g) Instalações elétricas: Preconizam três conjuntos com quatro tomadas cada, em paredes
distintas, alimentadas por circuitos críticos e uma tomada para aparelho de raios X. Como
medida de segurança as tomadas devem estar localizadas a 1,5 m do piso, devendo possuir
sistema de aterramento para prevenir choque e queimaduras no paciente e equipes.
12
Figura 05 - Apresentação de um centro cirúrgico.
Fonte: http://redeprimavera.com.br/leitura/255/centro-cirurgico.htm
• Área de Escovação
Local (Figura 06) onde se realiza a escovação/degermação das mãos e antebraços da equipe
cirúrgica e anestésica. Recomenda-se, para até 2 salas, duas torneiras para casa uma; para mais
de duas salas, devem ser projetadas duas 9 torneiras para cada novo par de salas.
O local de escovação deve ser próximo às salas de cirurgias, a fim de reduzir o tempo de
exposição da área escovada ao meio ambiente. As torneiras devem ser acionadas por pedal ou com
o cotovelo, como também os recipientes para antissépticos. Os tanques devem ser instalados numa
altura de mais ou menos 90 cm, para favorecer a mecânica corporal no ato da escovação. Neste
local devem ser colocados os recipientes para escova e solução antisséptica.
13
Figura 06 - Sala de escovação
Fonte: http://www.pontagrossa.pr.gov.br/node/10865
Local onde o material esterilizado deve ser guardado até o momento da sua distribuição para
a sala de cirurgia. A área física não deve permitir o cruzamento de material estéril com material
contaminado. Essa área deve ser fechada e possuir sistema de renovação de ar. Sua temperatura
ambiente deve ser mantida abaixo de 25ºC, sendo o ideal até 21ºC, e a umidade relativa do ar entre
30% e 60%.
Este local está destinado pra guardar cilindros de oxigênio e óxido nitroso mesmo que o
sistema de distribuição seja centralizado.
• Sala de espera
14
• Sala administrativa
• Rouparia
É a área destinada a armazenar a roupa de uso na Unidade, tais como lençóis de maca, de
mesa cirúrgica, entre outros.
• Expurgo
Local destinado a eliminação de matéria orgânica proveniente das salas de cirurgia como
secreções e excreções do paciente.
Essa área é importante para evitar a circulação interna de macas que percorrem todo o
hospital. As macas devem ser mantidas limpas e submetidas à desinfecção após o uso, entre um
paciente e outro.
É a área utilizada para revelar radiografias, mas que também pode ser dispensável quando a
Unidade de Radiologia estiver situada próximo ao Centro Cirúrgico.
• Vestiários
O Centro Cirúrgico deve ter dois vestiários, um feminino e um masculino, com sanitários e
chuveiros completos e armários individuais, e duas portas, de modo que o fluxo externo de pessoas
independa do fluxo interno. Assim, devem estar localizados na entrada do Centro Cirúrgico, de modo
que os profissionais, e outras pessoas que venham da área de circulação externa, só possam ter
acesso ao setor após a troca de roupa em uso por uniforme próprio e privativo para o local. Este
consta de calça comprida, túnica, gorro, propés e máscara. Os vestiários são barreiras físicas,
considerando que estas estão definidas como “aqueles ambientes que minimizam a entrada de
microorganismos externos”.
15
• Copa
É importante para evitar o fluxo e dispersão de pessoal no Centro Cirúrgico. É o local próprio
e restrito para alimentação, evitando o uso incorreto de outros ambientes do Centro Cirúrgico.
Brunner & Suddarth; Smeltzer SC, Bare BG: Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 12 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. vol. I e II.
GOFFI, Fábio Schmidt et al. Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatológicas e técnica da cirurgia. 4. ed.
São Paulo: Atheneu, 2007.
SABISTON, David C.; LYERLY, H. Kim (Ed.). Fundamentos da Cirurgia. 17. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006.
16
UNIDADE I
CAPÍTULO 2 - EQUIPE CIRÚRGICA
No término deste capítulo, você deverá saber:
✓ Equipe Cirúrgica;
✓ Preparo do paciente cirúrgico;
✓ Posição cirúrgica.
Equipe de anestesia
A equipe de anestesia é formada por médicos anestesiologistas, responsáveis por todo ato
anestésico, com as atribuições iniciais de fazer a avaliação pré-anestésica do paciente ainda em sua
unidade de internação e de fazer a prescrição da medicação pré-anestésica.
Equipe de cirurgia
a) Médico cirurgião: É o responsável pelo ato cirúrgico a ser desenvolvido. Cabe-lhe, portanto,
planejá-lo e executá-lo, comandando-o e mantendo a ordem no campo operatório.
17
• Permanecer em sala após o despertar anestésico até a colocação do paciente
no leito.
b. Segundo auxiliar: Presente em condições especiais, principalmente nas
intervenções mais complexas. Colabora com manobras de afastamento, permitindo
ao primeiro auxiliar maior liberdade de ação.
Equipe de Enfermagem
A equipe de enfermagem que atua no Centro Cirúrgico é composta por pessoas de vários
níveis, com responsabilidades diferentes. A quantidade desse pessoal varia conforme a
complexidade e o volume de trabalho existente na Unidade, mas em geral a equipe é composta de:
De forma geral as equipes precisam ter um bom relacionamento entre si e estarem integradas
para que se possa desenvolver um trabalho exemplar dentro do centro cirúrgico, pois todos não
devem se esquecer que a prioridade é o bem-estar do paciente.
18
2.2 Preparo do paciente cirúrgico
Ao transportar o paciente alguns cuidados devem ser tornados, dentre eles destacam-se:
• Utilização de roupas limpas na maca ou cama berço do mesmo modo como se prepara a
cama de um operado. Deve-se enrolar juntos o lençol superior, o cobertor e a colcha no
sentido longitudinal, deixando-os de um dos lados da maca.
A lavagem das mãos é, isoladamente a medida mais importante na prevenção das infecções
hospitalares, devendo ser realizadas antes e após a manipulação de qualquer paciente. O banho
pré-operatório tem como objetivo eliminar detritos depositados sobre a pele e consequentemente
19
reduzir a sua colonização, porém ele não deve ser realizado muito próximo a cirurgia, pois a fricção,
promove a descamação da pele e, portanto, deve ser tomado na véspera da cirurgia.
Pré-operatório Imediato
Diante das evoluções tecnologias o enfermeiro do centro cirúrgico foi adquirindo novos
conceitos na sua formação e aprendendo a melhorar sua relação com o paciente, através de
diferentes ferramentas dentre essas ferramentas podemos destacar a Sistematização da Assistência
de Enfermagem (SAE) que em linhas gerais é um processo organizacional que oferece subsídios
para o desenvolvimento de métodos interdisciplinares e humanizados de cuidado com o objetivo de
melhorar cada vez mais o cuidado prestado ao paciente, pois levanta-se a necessidade de cuidado
interativo, complementar e multiprofissional
O posicionamento cirúrgico tem como principal finalidade promover o acesso ao sítio cirúrgico e deve
ser realizado de forma correta para garantir a segurança do paciente e prevenir complicações. O
enfermeiro compartilha com a equipe (cirurgião, anestesista e pessoal de enfermagem) a decisão do
melhor posicionamento do paciente para facilitar as atividades durante o ato anestésico-cirúrgico.
Para isso, é necessária a identificação das alterações anatômicas e fisiológicas do paciente,
associadas ao tipo de anestesia, tipo de procedimento e ao tempo cirúrgico a que será submetido,
para que o posicionamento seja adequado e não ocasione complicações pós-operatórias. A equipe
de enfermagem deve sempre ter a mão materiais acessórios que auxiliem no melhor posicionamento
do paciente, como:
Existem diversas posições possíveis, cada qual dependendo do tipo de cirurgia a ser
executada, no entanto será mostrado os principais posicionamentos utilizados no centro cirúrgico.
20
Posição dorsal ou de decúbito dorsal
O paciente fica deitado sobre seu dorso, em posição horizontal, com as pernas em sentido
longitudinal ao corpo e os braços abertos, de preferência apoiados sobre talas (Figura 01). Trata-se
da posição que se emprega em cirurgias abdominais supra e infra umbilicais, torácicas e vasculares,
entre outras. É a posição cirúrgica mais utilizada e a que traz o menor número de complicações
respiratórias intra e pós-operatórias.
Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html
O paciente permanece deitado sobre seu abdome, em posição horizontal, com os braços e
as pernas em sentido longitudinal ao corpo (Figura 02). A cabeça deve ser voltada para um dos
lados, colocando-se coxins sob os ombros e também sob a região infra umbilical, com a finalidade
de facilitar a expansão pulmonar e evitar a compressão dos vasos do pescoço. Costuma-se utilizar
coxins também sob os tornozelos, que são assim posicionados corretamente para evitar sua
distensão e compressão. Essa posição é usada nas cirurgias das regiões dorsal, lombar,
sacrococcígea e occipital.
Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html
O decúbito lateral pode ser tanto direito como esquerdo, dependendo da via de acesso que o
cirurgião vá utilizar. O paciente é colocado deitado sobre um dos lados, com a perna superior em
extensão e a inferior fletida, e um coxim entre ambas para separá-las (Figura 03). Para manter o
paciente nessa posição é preciso restringi-lo com faixas largas de esparadrapo passadas sobre seu
quadril e presas a mesa cirúrgica. O braço superior normalmente e fixado ao arco de proteção
21
utilizado para separar o campo cirúrgico do anestésico. Nessa fixação deve-se sempre lembrar de
revestir o suporte metálico e o braço do paciente com atadura de crepe, ou outro isolante qualquer,
com a finalidade de evitar queimaduras nesse local devido ao uso do bisturi elétrico. Essa posição é
utilizada em cirurgias de toracotomia ou lobotomia.
Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html
Posição ginecológica
Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html
Posição de Trendelemburg
É uma variação da posição de decúbito dorsal onde a parte superior do dorso é abaixada e
os pés são elevados (Figura 05). Mantém as alças intestinais na parte superior da cavidade
abdominal. Ex: cirurgias de órgãos pélvicos, laparotomia de abdome inferior.
22
Figura 05 - Figura esquemática da posição de Trendelemburg.
Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html
Paciente permanece semi sentado na mesa (Figura 06). Utilizada para mamoplastia, dreno
de tórax e plásticas em geral.
Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html
O paciente se encontra em decúbito ventral, com as coxas e pernas para fora da mesa e o
tórax sobre a mesa, a qual está levemente inclinada no sentido oposto das pernas, e os braços
estendidos e apoiados em talas (Figura 07). Usada em cirurgias proctológicas, hemorroidectomia,
fissuras e fístulas anais.
Fonte: http://nocaminhodaenfermagem.blogspot.com.br/2015/11/enfermagem-cirurgica-posicoes.html
23
Além dessas, há posições específicas para determinados procedimentos cirúrgicos, que
precisam utilizar acessórios específicos, como no caso das cirurgias neurológicas,
otorrinolaringológicas e outras. Ao posicionar-se o paciente para uma intervenção cirúrgica, deve-se
sempre lembrar de alguns cuidados que previnam problemas futuros para ele, entre esses cuidados
destacam-se:
• Manusear o paciente anestesiado com movimentos firmes e lentos, pois a mudança repentina
de posição pode levar à queda da Pressão Arterial (PA);
• Manter a cabeça voltada para um dos lados quando o paciente permanecer em decúbito
dorsal;
• Não comprimir terminações nervosas, evitando assim paralisias que poderão ser
irreversíveis;
• Não forçar posições de braços ou pernas e protegê-los do contato com superfícies metálicas;
• Cuidar para que os membros inferiores (pernas) e superiores (braços) nunca fiquem
pendentes da mesa de operação; sendo impossível colocá-los ao longo do corpo, deve-se
apoiá-los sobre talas;
• Evitar, sempre que possível, distensões musculares provocadas por movimentos bruscos em
qualquer parte do corpo.
Souza, R.; et al. Manual de Normas e Rotinas Centro Cirúrgico e Central de Material de Esterilização.
Centro Universitário de Lavras. 2007
Brunner & Suddarth; Smeltzer SC, Bare BG: Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. 12 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. vol. I e II.
POSSARI, João Francisco. Centro Cirúrgico: planejamento, organização e gestão. 1ª ed. São Paulo: Iátria,
2004.
24