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ISBN 978-85-7808-302-1
CDD-611
21-62527 NLM-QS 400
~~
CENTRO UNIVERSITÁRIO
SÃOCAMILO
Rua Almirante Protógenes, 289 Centro Universitário São Camilo
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Fone/fax; (11 ) 4227-9400 Fone; (11 ) 3465-2704
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer ao Centro Universitário São Camilo por nos
propiciar o ambiente necessário e o devido estímulo para que nossa equipe
pudesse crescer profissionalmente e amadurecer didaticamente a cada ano,
fato que corroborou para a concepção desta obra.
Agradecemos muitíssimo ao professor Nader Wafae, pelo apoio constante
a seus discípulos, ao carinho e amizade durante todos os anos de convivência.
Sua presença física era motivadora, mas mesmo agora após sua partida sua
presença se mantém forte e viva em nosso meio.
Lembramos aqui as amigas Genilda Murta e Michelle Fernandes da Difusão
Editora que, além da competência técnica, possuem uma grande competência
humana no tratamento com os autores.
Aos alunos, que nos fazem dia após dia acreditar que o ensino é uma ponte
entre as pessoas, e que por meio dele podemos formar, informar e educar.
A Deus, às nossas famílias e aos nossos amigos que sempre estão conosco
em todas as horas do dia, ainda que em pensamento.
Os autores
PREFÁCIO
O livro Anatomia Humana Básica: para estudantes da área da saúde chega
à sua quarta edição! Sua primeira edição foi publicada no ano de 2009 e surgiu
da necessidade de adequar o conteúdo ministrado pelos professores do Centro
Universitário São Camilo aos alunos dos cursos da saúde, buscando uma inte-
gração entre um texto de qualidade e um formato objetivo e conciso. Esta obra
ultrapassou sua concepção e projeção inicial e, atualmente, já é uma referência
não só para os alunos deste Centro Universitário como também para outras
Instituições de Ensino onde vêm sendo utilizada como importante ferramenta
no ensino da Anatomia Humana.
Sua idealizadora, a professora Dra. Cristiane Regina Ruiz, uma entusiasta
da arte da Anatomia, é a responsável pela organização desta obra. Para que
esse projeto pudesse prosperar, ela reuniu um grupo de professores que acei-
taram o desafio de produzir este livro. Todos os capítulos foram escritos por
estes professores que atualmente compõem o grupo de docentes que atuam
nos cursos de graduação e pós-graduação do Centro Universitário São Cami-
lo. No início de cada capítulo, há uma parte destinada à identificação do autor
do capítulo, trazendo informações sobre sua formação acadêmica fornecendo
ao leitor uma maior proximidade e conhecimento sobre o autor.
Neste livro a Anatomia Humana é apresentada e explicada na sua forma sis-
têmica. Utilizando um texto claro e sucinto, o conteúdo foi dividido em quatorze
Anatomia Humana Básica
capítulos. O primeiro capítulo, trata de um tema que nós, anatomistas, nos preo-
cupamos muito que é a "Terminologia Anatômica': Nele o leitor poderá se fami-
liarizar com a história da Terminologia, sua importância e aplicações. O segundo
capítulo versa sobre a "Introdução ao Estudo da Anatomia Humana'; fornecendo
ao estudante que inicia sua jornada no conhecimento anatômico os preceitos ini-
ciais dessa ciência. Os demais capítulos trazem a Anatomia Sistêmica propriamen-
te dita, e são divididos em Sistemas: Esquelético, Articular, Muscular, Respiratório,
Digestório, Circulatório, Urinário, Genital Masculino, Genital Feminino, Nervoso,
Auditivo, Visual, Tegumentar e Endócrino.
Como não poderia ser diferente, todo o conteúdo foi revisado, atualizado
e novas informações foram adicionadas ao livro, melhorando a qualidade do
texto. Houve também melhoramentos na Terminologia Anatômica em com-
paração com as edições anteriores. Uma grande contribuição foi dada pelo
professor Sérgio Ricardo Rios Nascimento que produziu todas as ilustrações
contidas nessa edição, substituindo as antigas e trazendo maior qualidade grá-
fica e visual para a compreensão da Anatomia Humana.
Diante do exposto, finalizo minha singela contribuição agradecendo o con-
vite para escrever o Prefácio da quarta edição do Anatomia Humana Básica:
para estudantes da área da saúde e desejando muito sucesso à toda equipe res-
ponsável pela concepção, elaboração e produção deste livro.
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APRESENTAÇÃO
O universo da Anatomia Humana é algo surpreendente para quem se deixa
envolver em sua essência. Há quem diga que ela está ultrapassada, que é uma
disciplina morta, porém como matar algo que é perene? Como apagar uma mar-
ca que está tatuada na história da Medicina e das Ciências da Saúde em geral?
Não há uma única profissão na área da Saúde que possa dispensar o aprendi-
zado da Anatomia Humana e mesmo que novas tecnologias e novas profissões
surjam esse novo profissional será obrigada a render-se ao inebriante estudo
do corpo humano. Podemos hoje falar em Ressonância Magnética, PET, cirur-
gia robótica, porém para que se chegue às vias de fato o operador de qualquer
equipamento no setor de diagnóstico por imagem ou qualquer cirurgião tem a
obrigação de conhecer com minúcias a Anatomia Humana.
Estamos na era digital, rodeados de softwares e aplicativos, tablets e touch
screen, lidando com a geração Y, e mesmo assim no início da formação de um
novo fisioterapeuta, enfermeiro entre outras tantas profissões necessitamos do
conhecimento da organização do corpo humano e suas relações com os de-
mais órgãos. É necessário conhecer cada órgão, sua forma, peso e textura para
que o profissional formado tenha segurança e certeza em sua atuação, sendo
respeitado na área que escolher.
A Anatomia Humana é sedutora pois, conhecer a misteriosa maneira do como
somos realmente por fora e por dentro nos motiva, aguça nossa curiosidade,
Anatomia Humana Básica
prende nossa atenção e nos faz compreender nossa complexidade enquanto ser
humano ensinando-nos a respeitar a vida e nossos semelhantes. É uma lição de
vida e de morte. Ao mesmo tempo que explica como funcionamos no nosso dia-
-a-dia nos transmite a mensagem da finitude.
Por meio dos cadáveres que os anatomistas dissecam e estudam para alcan -
çar maior plenitude de conhecimentos, somos capazes de ilustrar atlas e livros
de anatomia, criar aplicativos e softwares, criar peças artificiais em impresso-
ras 3D e assim encontrar meios de disseminar mais conhecimento, aprenden-
do a aprender para aprender a ensinar.
Este livro é a prova de que um grupo de pessoas apaixonadas pela Anato-
mia Humana, quando unidas podem fazer diferença. Estamos na quarta edição
desta obra que vem auxiliando alunos de diversos cursos a mergulhar no desco-
nhecido território da Anatomia Humana. Ele é um guia de Anatomia Humana
Básica, a qual será explorada nos primeiros semestres de qualquer curso univer-
sitário e têm o intuito de abrir portas para que os alunos aprofundem seus co-
nhecimentos nos semestres subsequentes em suas áreas específicas de atuação.
Agradecemos a todos os autores que estiveram conosco nas edições an-
teriores e saudamos os novos companheiros que fazem atualmente parte da
equipe de docentes do Centro Universitário São Camilo e que contribuíram
conosco na elaboração desta nova edição.
Somos colegas de trabalho mas acima de tudo amigos que tem uma paixão
em comum: estudar e lecionar Anatomia Humana.
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SUMÁRIO
10
Lisley Alves de Oliveira
Fisioterapeuta. Professora de Anatomia Humana do Centro Universitário São
Camilo. Professora convidada do curso de pós-graduação em anatomia humana
latu-senso do Centro Universitário São Camilo. Especialista em Didática do En-
sino Superior e Mestre em Morfologia pela Unifesp - Universidade Federal de São
Paulo Membro da Sociedade Brasileira de Anatomia (SBA).
Apresentação
A história da anatomia confunde-se com a história da medicina de
tal modo que em alguns casos é impossível separá-las. A beleza dessa
história está na forma como a descrição anatômica permeia a vida das
pessoas simples da antiga Grécia e da antiga Roma, sendo muitos dos
termos anatômicos utilizados até hoje pela disciplina oriundos de com-
parações entre as estruturas do corpo humano e objetos comuns (fer-
ramentas, instrumentos musicais, utensílios domésticos) presentes no
cotidiano das comunidades da antiguidade como, por exemplo, "tíbia''
que significa flauta ou "tireoidea'' que significa forma de escudo.
Essas estruturas com o passar do tempo ao serem descobertas pas-
saram a ser nomeadas ou "batizadas" com o sobrenome do pesquisa-
dor que a descrevia pela primeira vez. Essa nomenclatura é conhecida
como Eponímia e é ainda muito encontrada nas descrições clínicas e
cirúrgicas como, por exemplo, o "fundo de saco de Douglas" muito
utilizado na ginecologia e na obstetrícia, mas que é hoje corretamente
nomeado de escavação retouterina.
Os estudantes da anatomia humana não podem abster-se de ab-
sorver tais conhecimentos que acima de qualquer aplicação técnica
são informações que enriquecem a cultura de qualquer profissional
da área da saúde.
14
Terminologia Anatômica
CAPÍTULO 1
Terminologia Anatômica
Lisley Alves de Oliveira
Luiz Antonio Pereira
15
Anatomia Humana Básica
16
Terminologia Anatômica
1 "a quele que dá ou em presta se u nom e a alguma coisa'~ O termo deriva diretame nte do grego
eponymos: "que tem seu nome so bre" (Fernandes, 1999).
17
Anatomia Humana Básica
foi adotada por anatomistas de todo o mundo, ficando conhecida como Nomen-
clatura Anatômica de Basiléia (B.N.A.- Basle Nomina Anatomica).
Em 1928, foi realizada uma revisão da BNA, conhecida como "Revisão de
Birmingham" (B.N.A.- B.R.) editada em 1933, onde três anatomistas da Ana-
tomical Society of Great Britain and North Irland, sugeriram a total abolição
dos epônimos.
Em 1936, foi feita uma nova edição da B.N.A.- B.R. na cidade de Jena, revi-
sada, ampliada e melhorada, nela os anatomistas alemães seguiram a sugestão
dos britânicos e aboliram definitivamente os epônimos. Esta edição ficou co-
nhecida como J.N.A. (Jena Nomina Anatomica)
Em 1950, constituiu-se o Comitê Internacional de Nomenclatura Anatô-
mica (IANC), que em 1955, na cidade de Paris, França, revisou integralmente
a B.N.A, surgindo assim a P.N.A. (Parisiensa Nomina Anatomica), que esta-
beleceu oficialmente a não utilização de epônimos na nomenclatura oficial da
anatomia macroscópica.
A P.N.A. esteve em vigor até 1980, nesse ano, no México, foi elaborada uma
ampla revisão. Em 1990 foi realizada outra revisão, aprovada em Lisboa qua-
tro anos mais tarde, mas, por diversos motivos, não foi aceita unanimemente,
permanecendo então a nômina de 1980.
Somente dezoito anos mais tarde, em 1998, na cidade do Rio de Janeiro,
uma nova revisão foi feita, oficialmente em latim e inglês, surgindo a Termi-
nologia Anatômica que substituiu a nômina, editada em português em 2001.
Nela consta uma extensa lista de epônimos com os respectivos nomes oficiais,
resgatando um pouco da história da anatomia.
Há vários argumentos favoráveis e contrários aos uso dos epônimos. Alguns
anatomistas que são favoráveis alegam a necessidade de manter-se a tradição
histórica, além de ser uma forma de homenagear determinado cientista e de
despertar o interesse e a curiosidade dos estudantes a que busquem conhecer
os motivos dos nomes das estruturas estudadas, resgatando parte da história.
Em contrapartida, também são vários os argumentos contra a manuten-
ção dos epônimos como a dificuldade em recordar o nome e em relacioná-lo
à determinada estrutura, como por exemplo, "ligamento de Denonvilliers"
hoje denominado "ligamento pubovesical" ou ainda "gânglio de Hirschfeld" hoje
"gânglio cervical superior". Outro argumento são as injustiças históricas, deno-
minando, muitas vezes, não o descobridor de determinada estrutura, mas sim
um observador posterior ou ainda alguém que demonstrou a importância da
estrutura. Um argumento bastante forte é o de que uma mesma estrutura pode
receber vários epônimos diferentes.
Todas essas tentativas, mesmo as frustadas, e as revisões foram essenciais
para que hoje possamos ter um "parâmetro" a seguir, assim, em qualquer parte
do mundo, quando um pesquisador ou um estudante ler um artigo ou livro
científico, saberá exatamente a qual estrutura anatômica o autor se refere.
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Terminologia Anatômica
Ramos subendocárdicos
Fibras de Purkinje
(complexo estimulante)
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Anatomia Humana Básica
Nó de Aschoff-Tawara Nó atrioventricular
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Terminologia Anatômica
REFERÊNCIAS
DI DIO, L. J. A. A história da anatomia no Mundo. In: SBA. História da
Anatomia. Disponível em: <http: / /www.sbanatomia.com.br>. Acesso em:
19 out. 2009.
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Valdemir Rodrigues Pereira
Graduado em Fisioterapia pela Fundação de Educação e Cultura de Santa
Fé do Sul. Mestre em Morfologia pela Universidade Federal de São Paulo. Do-
cente do Centro Universitário São Camilo- São Paulo. Ministra as disciplinas
de Anatomia Humana, Neuroanatomia, Anatomia em Imagens, Biomecânica
e Cinesiologia nos cursos de Graduação e Pós-graduação.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
Assim como o advogado possui uma linguagem rebuscada e especí-
fica ao se referir a leis e ao elaborar procurações e contratos, a Anatomia
Humana possui uma terminologia técnica própria que deve ser seguida
no estudo e nas descrições do corpo humano. Introduzir um estudante
ou um leigo no universo da Anatomia Humana requer um detalhamento
desta terminologia específica que serve para descrever as diferentes regi-
ões do corpo e nomear cada parte constituinte destas regiões, bem como
apresentar os diferentes planos que podem ser traçados pelo corpo hu-
mano com o objetivo de reconhecer de maneira mais detalhista a nossa
estrutura corporal. Esta teoria inicial é essencial para o bom desempenho
de qualquer estudante, seja na teoria ou na prática, e também de cada
profissional em seu ambiente de trabalho pela necessidade de uma uni-
formização dos termos entre as diversas profissões da área da saúde.
24
CAPÍTULO 2
Introdução ao Estudo da
Anatomia Humana
Valdemir Rodrigues Pereira
Histórico
Para enfatizar a importância do estudo da Anatomia Humana, descrevere-
mos de maneira breve sobre fatos relevantes ao desenvolvimento dessa área da
ciência que é ramo da Morfologia (do grego "morphe" - morfo = forma e Jogos =
estudo) e que serve como referência não apenas para o conhecimento da confor-
mação do corpo humano, mas como requisito básico para o aprendizado de ou-
tros conteúdos relacionados às ciências da saúde como a fisiologia e a patologia.
Os primeiros estudos anatômicos descritos datam de cerca de 3400 a.C. e fo-
ram grafados em papiros (papel de junco), segundo Moore (2001). Na Grécia, a
anatomia foi ensinada por Hipócrates (460- 377 a.C.), que é considerado o funda-
dor dessa ciência e Pai da medicina. Estudiosos como Aristóteles (384- 322 a.C.),
considerado o Pai da anatomia comparativa, Herófilo (355 a.C. - 280 a.C.) e
Erasistrato (320? a.C. - 280 a.C.), considerado o Pai da fisiologia, deram sua
contribuição para a desenvolvimento das ciências. Galeno (129-199) foi um dos
mais importantes anatomistas de todos os tempos. Aos 16 anos, estudou filosofia
e medicina e aos 28 anos, tornou-se cirurgião oficial dos gladiadores. Galeno
realizou várias descobertas, baseado em experimentos com macacos. Descreve
o coração e o funcionamento da pequena circulação e demonstra que as artérias
contêm sangue e não ar. Na idade média (453- 1453 d.C.), a dissecação era pu-
nida pela igreja com a morte na fogueira, fato que estagnou as ciências.
Com o Renascimento (sec. XIV- XVI), o estudo da anatomia difundiu-se
rapidamente e as dissecações eram parte integrante do currículo médico, au-
mentando o interesse pela anatomia. Leonardo da Vinci (1452- 1519) partici-
pava das dissecações quando jovem e, em suas ilustrações, preocupava-se com
os detalhes e a precisão.
A contribuição de Andreas Vesálius (1514- 1564) foi imensurável. Com apenas
28 anos completou sua obra prima, De Humani Corpo ris Fabrica, onde vários siste-
mas e órgãos são belissimamente ilustrados e descritos, marcando uma nova era na
história da anatomia, introduziu o estudo da anatomia sistêmica.
No final do século XIX, ganhou impulso a padronização da nomenclatura
anatômica (terminologia anatômica); outro fato importantíssimo foi a desco-
berta dos raios X (Roentgen, 1895), que promoveu uma grande inovação no
25
Anatomia Humana Básica
Definição
Anatomia é a ciência que estuda as estruturas que compõem um organismo
e as relações entre as partes dessas estruturas. A origem da palavra (etimolo-
gia) é grega e provém de ana = em partes e tomé = corte; o termo correspon-
dente em latim é dissecare = dissecar. Descrita mais recentemente como ramo
da Morfologia (que envolve também a Embriologia, a Citologia e a Histologia),
a anatomia humana se restringe ao estudo macroscópico do corpo. Estuda,
portanto, a olho nu ou com lente manual de pequeno aumento nossa confor-
mação (morfologia) corpórea, desde o princípio da ciência com o recurso da
dissecação de cadáveres e mais recentemente com o importante incremento do
estudo no vivente, através de imagens (raios-x, tomografia computadorizada,
ultrassonografia e ressonância nuclear magnética).
Embora o estudo aprofundando das funções seja realizado pela fisiologia,
ao estudar a anatomia é imprescindível associar as funções gerais dos órgãos e
sistemas para melhor compreensão ao que denominamos anatomia funcional.
Terminologia anatômica
É o conjunto de termos utilizados para descrever o organismo ou suas partes.
Com o desenvolvimento da anatomia e a falta de critério para se empregar os
termos anatômicos, existia no final do século XIX uma lista com cerca de 20.000
a 50.000 nomes, aplicados muitas vezes arbitrariamente. Tornou-se necessária,
então, uma padronização que ocorreu através de reuniões na tentativa de orga-
nizar os termos anatômicos. Podemos destacar o primeiro encontro com esse
intuito que ocorreu na cidade de Basiléia na Suíça em 1895.
Outros encontros importantes aconteceram em 1936, em Yena, na Alema-
nha e em Paris, em 1955, sendo neste último aprovada oficialmente a Nomen-
clatura Anatômica (P.N.A. -Paris Nomina Anatomica). Revisões aconteceram
e, em 2001, foi publicada no Brasil a Terminologia Anatômica Internacional.
Os termos empregados neste livro seguem essa nomenclatura. A descrição da
história da anatomia e da terminologia anatômica de modo mais completo,
consta do Cap. 1.
Posição anatômica
Sabendo que o corpo humano pode permanecer em diferentes posições no
espaço, os anatomistas definiram uma posição padrão para descrever as estruturas
anatômicas. Portanto, a descrição de qualquer estrutura anatômica deve conside-
rar sempre o individuo na seguinte posição: ereto, com a face voltada para frente
(olhar no horizonte), os membros superiores pendentes ao longo do corpo com
palmas das mãos voltadas para frente, polegares afastados da linha mediana do
corpo (abduzido) e demais dedos estendidos. Os membros inferiores dispostos
um ao lado do outro com os dedos dos pés dirigidos para frente.
27
Anatomia Humana Básica
Termos de posição
São termos organizados a partir da posição anatômica, pares em
sua grande maioria e com significados opostos. O termo mediano refere-se a
uma estrutura situada ao longo do plano mediano. O termo media/ indica uma
estrutura mais próxima ao plano mediano enquanto o lateral indica que
a estrutura está mais afastada do plano mediano. O termo intermédio é
utilizado para designar uma estrutura que se encontra entre a lateral e me-
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Anatomia Humana Básica
A B
o
-~
a.
:J
C/)
Anterior
(ventral)
Posterior
(dorsal)
Inferior
(caudal)
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Introdução ao Estudo da Anatomia Humana
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Anatomia Humana Básica
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Introdução ao Estudo da Anatomia Humana
REFERÊNCIAS
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Ricardo Augusto Rotter Montibeller
Graduado em Fisioterapia pelo Instituto Municipal de Ensino Superior de
Presidente Prudente. Mestre em Morfologia pela Universidade Federal de São
Paulo - Escola Paulista de Medicina. Atualmente é fisioterapeuta da Prefeitura
Municipal de São Paulo. Coordenador da unidade de referência à saúde do ido-
so (URSI). Tem experiência na área de Fisioterapia, com ênfase em Morfologia.
Sistema Esquelético
Ricardo Augusto Rotter Montibeller
Valdemir Rodrigues Pereira
Sistema esquelético
É formado por unidades dinâmicas e em constante desenvolvimento de-
nominadas ossos. Com admirável arquitetura e composição, são capazes de
oferecer a resistência necessária para exercer a sua função de sustentação e
suportar as forças tensivas que lhe são aplicadas pelos músculos. O conjunto
destas unidades articuladas constitui o nosso esqueleto, que por estar situado
internamente é um endoesqueleto, portanto o seu desenvolvimento e cresci-
mento ocorrem concomitantemente com os demais tecidos, podendo hiper-
trofiar-se em resposta à atividade física.
Funções
Tipos de ossificação
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Anatomia Humana Básica
As superfícies articulares das articulações sinoviais são revestidas por car ti-
!agem articular (cartilagem hialina) e serão estudadas no capítulo 4.
Endósteo: fina membrana que reveste a cavidade medular (ossos longos) e
tem capacidade tanto osteogênica quanto hematopoiética.
Classificação morfológica
Quanto à forma, os ossos são classificados de acordo com a relação entre
as três dimensões: comprimento, largura e espessura. Desse modo temos os se-
guintes tipos de ossos:
Ossos longos: o comprimento é maior, em relação às demais dimensões. São
encontrados nos membros, como por exemplo o fêmur, o úmero e a tí-
bia. Possuem duas extremidades denominadas epífises (proximal e distai),
onde há predomínio de substância óssea esponjosa internamente, uma fina
camada de osso compacto externamente e um corpo (parte central), a di-
álise, onde há predomínio de substância óssea compacta de forma tubular,
formando uma cavidade medular, preenchida por tecido adiposo, a medula
óssea amarela. Na transição entre as epífises e a diálise durante a fase de
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Sistema Esquelético
Acidentes ósseos
Os ossos não apresentam uma superfície regular, mas sim depressões e sa-
liências, denominadas acidentes ósseos, que de acordo com o formato e tama-
nho recebem diferentes nomes que seguem os seguintes critérios:
+ As saliências são denominadas: tubérculo, trocanter, cabeça,
tuberosidade, crista, espinha, côndilo, entre outros nomes. Em geral as
saliências de um osso servem como pontos de inserção aos músculos e
ligamentos ou encaixe nas cavidades articulares.
+ As depressões são denominadas: fossa, meato, foram e, cavidade, entre
outros nomes. Em geral oferecem os encaixes às saliências dos ossos nas
articulações ou passagem para as estruturas vasculares e para os nervos,
quando estas depressões são perfuradas, como é o caso dos forames.
39
Anatomia Humana Básica
Número de ossos
No total, o esqueleto humano tem aproximadamente 206 ossos, distribuí-
dos da seguinte maneira: esqueleto axial, formado pelos ossos da cabeça, co-
luna vertebral, costelas e esterno e esqueleto apendicular, formado pelos ossos
dos membros superiores e membros inferiores com seus respectivos cíngulos.
Esqueleto axial
Os ossos da cabeça são divididos em ossos do crânio, formado por 8 ossos
no interior dos quais está situado parte do sistema nervoso central, o encéfalo
e ossos da face, formada por 14 ossos que abrigam os órgãos dos sentidos: vi-
são, audição, olfato e paladar. São considerados ainda os ossículos da audição
(três pares), situados na orelha média e o osso hioide, no pescoço.
Ossos do crânio:
2 Temporais - laterais e inferiores.
2 Parietais - laterais e superiores.
1 Frontal - anterior.
1 Occipital - posterior.
1 Esfenoide - no interior do crânio.
1 Etmoide - no interior do crânio anteriormente ao esfenoide.
Ossos da face:
2 Nas ais - no dorso do nariz.
2 Conchas nasais inferiores - no interior da cavidade nasal.
2 Maxilas - participam da formação da cavidade oral, nariz e órbita.
2 Palatinos - formam a parte posterior do palato duro.
2 Zigomáticos - formam os arcos zigomáticos, junto com os temporais.
2 Lacrimais - nas paredes mediais das órbitas.
1 Vômer - forma a parte inferior do septo nasal ósseo.
1 Mandíbula - único osso móvel da face.
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Sistema Esquelético
Nasal
Esfenoide
Zigomático
Vômer
Mandíbula Maxila
Ossículos da audição:
Martelo, bigorna e estribo, todos pares situados no interior do osso tem-
poral (orelha média).
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Anatomia Humana Básica
Osso do pescoço:
No pescoço existe um único osso situado na região anterior, o osso hioide
que não se articula com outro osso e se prende ao processo estiloide do osso
temporal através de um ligamento. As vértebras cervicais (pescoço) serão des·
critas por ocasião do estudo da coluna vertebral.
Hioide
Vista inferior:
+ Forame magno - o maior orifício da cabeça, situado no osso occipital.
+ Côndilo occipital- situados lateralmente ao forame magno.
+ Processo estiloide - projeção pontiaguda do osso temporal.
+ Processo mastoide - saliência óssea do osso temporal, em forma de
mama, palpável posteriormente a orelha.
+ Processo pterigoide - situado posteriormente ao arco dental da maxila,
formado por duas lâminas e uma fossa entre elas, pertencente ao osso
esfenoide.
+ Canal carótico (abertura externa)- orifício circunscrito, situado no osso
temporal.
+ Fossa e forame jugular- situado posteriormente ao canal carótico.
42
Sistema Esquelético
Processo pterigoideo
Palatino
Processo estiloide
Canal carótico
Côndilo occiptal
- - Parietal
Fora me magno
~ Occipital
Figura 3.5- Ossos e principais acidentes ósseos
do crânio e da face- vista inferior.
Vista anterior:
+ Abertura piriforme - abertura óssea anterior do nariz, em forma de pera
+ Órbita - abriga o bulbo do olho.
+ Lâmina perpendicular do etmoide - forma a parte superior do septo
nasal ósseo.
Lâmina perpendicular
do etmoide
Arco zigomático
Processo estiloide
Ângulo da mandíbula
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Anatomia Humana Básica
Vista lateral:
• Arco zigomático - formado por partes do osso zigomático e do osso
temporal.
• Meato acústico externo - situado anteriormente ao processo mastoide.
• Processo condi/ar da mandíbula - projeção posterior do ramo da
mandíbula, articula-se na fossa mandibular do osso temporal,
formando a articulação temporomandibular (ATM).
• Ângulo da mandíbula - seguindo em direção inferior ao processo
condilar.
Processo condilar
Arco zigomático da mandíbula
Meato acústico externo
Pocesso estiloide
-~'---- Pocesso mastoide
Ângulo da mandíbula
Vista interna:
• Crista etmoidal- projeção óssea no centro da fossa anterior do crânio.
• Sela turca - situada no centro da fossa média do crânio, apresenta uma
depressão denominada fossa hipofisial que abriga a glândula hipófise.
• Asa maior do esfenoide - situada lateralmente à sela turca, colabora na
formação da fossa média do crânio.
• Parte petrosa do osso temporal - parte mais espessa do osso que se
interpõe entre a fossa média e a fossa posterior do crânio.
• Sulco do seio transverso - depressão situada na fossa posterior do crânio.
• Sulco do seio sigmoide - dá continuidade ao sulco do seio transverso e
termina no forame jugular.
44
Sistema Esquelético
Crista etmoidal
Asa maior
do esfenoide
·- - - Parte petrosa
do osso temporal
Fora me magno
Coluna vertebral:
A coluna vertebral é formada por 33 vértebras distribuídas em regiões, po·
rém com algumas características que lhe são comuns e outras que são próprias
de cada segmento. Com exceção da primeira vértebra cervical denominada
atlas (não possui corpo) e da segunda vértebra, denominada áxis (possui um
dente que se projeta superiormente), as demais vértebras não possuem nomes
próprios e se assemelham quanto aos seus acidentes. Podem ser nomeadas
considerando a primeira letra de cada segmento e o número de cada uma de·
las. Exemplos: C 3 (para a terceira vértebra cervical); T 11 (para décima primeira
vértebra torácica); L4 (para a quarta vértebra lombar).
Atlas Áxis
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Anatomia Humana Básica
Região torácica
Costelas
Regiões e características
+ Cervical - 7 vértebras. Curvatura apresenta concavidade posterior,
denominada lordose cervical.
+ Torácica- 12 vértebras, todas articuladas com as costelas.
A curvatura deste segmento apresenta convexidade posterior,
denominada cifose torácica.
+ Lombar - 5 vértebras. A curvatura é de concavidade posterior,
denominada lordose lombar.
+ Sacra/- 5 vértebras fundidas, que na contagem geral dos ossos são
consideradas como único osso (sacro). A curvatura deste segmento
unido ao segmento coccígeo apresenta convexidade posterior,
denominada cifose sacra!.
+ Coccígea - 4 vértebras também fundidas, que também são
consideradas como único osso (cóccix).
46
Sistema Esquelético
47
Anatomia Humana Básica
Foram e
transversário
/ --=-
ç_A( "o--~
(- \ vertebral
Corpo
""'-
C'
)
'· - ~~A. ~~ Processo
'
\::::: .,__~
/(.:::__~ transverso
1
í:< ~ Processo
·'/ '>J articular
Corpo
A Processo vertebral
espinhoso
Processo
espinhoso
48
Sistema Esquelético
Quadro 3.1 Características das vé rte bras das dife rentes reg iões
49
Anatomia Humana Básica
Cabeça da costela
Processo xifoide
Esqueleto apendicular
Membros superiores
Braço
Úmero - único osso do braço.
Espinha da escápula
supraes~al/
/!C-
Fossa / Acrômio
Tubérculo maior \ _ ~ · y
---------A ../ 1'\ Cavidadeglenoidal
Sulco _
lnt~rtubercular 7 "\
\,· ~
Cabeça do úmero
~
1 / Fossa coronoide
Epicôndilo lateral y . _ . . _ .
------ , Ep 1condllo _ - - EpKond1lo lateral
~ mediai
Figura 3.14- Clavícula, escápula e úmero-
A) vista anterior e B) vista posterior
51
Anatomia Humana Básica
Antebraço
Rádio - osso lateral.
Cabeça da ulna
52
Sistema Esquelético
Mão
Dividida em três regiões: ossos carpais, ossos metacarpais e falanges.
A região carpa! é composta por 8 ossos dispostos em duas fileiras. Descritos
de lateral para mediai, observamos, em cada fileira, os seguintes ossos:
Falange proximal
Falange média
Falange distai
Falange distai
53
Anatomia Humana Básica
Membros Inferiores
Os membros inferiores apresentam 62 ossos distribuídos em quatro regiões:
A
Patela
Côndilo
mediai
54
Sistema Esquelético
Coxa
Perna
Patela- é o maior osso sesamoide e o único entre estes que entra na conta-
gem geral dos ossos do esqueleto, está situada no joelho.
Côndilo lateral
Côndilo mediai
I
Maléolo lateral '-.....J. Maléolo mediai
Pé
Dividido em três regiões: ossos tarsais, ossos metatarsais e falanges.
A região tarsal é composta por 7 ossos: calcâneo (posterior e inferior), tâlus
(posterior e superior), navicular (anterior ao tálus), cuboide (anterior ao calcâ-
neo), cuneiformes lateral, intermédio e mediai (anteriores ao navicular).
A região metatarsal é composta por 5 ossos, contados de lateral para mediai:
I, II, III, IV e V metatarsal.
Os dedos são compostos por falanges: proximal, média e distai, com exce-
ção do hálux, que possui apenas as falanges proximal e distai.
56
Sistema Esquelético
Cuneiforme intermédio
Cuneiforme lateral
Falange proximal
Falange média
Falange proximal
Falange distai
57
Anatomia Humana Básica
REFERÊNCIAS
58
Sérgio Ricardo Rios Nascimento
Mestre em Morfologia -Departamento de Biologia Estrutural e Funcional pela
UNIFESP/EPM, São Paulo - SP Especialista em Anatomia Macroscópica e por
Imagens pelo Centro Universitário São Camilo. Tecnólogo em Radiologia atuan-
do com Tomografia Computadorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) no
Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Docente no Centro Universitário São Camilo nas
disciplinas de Anatomia humana, Anatomia Seccional por TC e RM, e Técnicas
Anatômicas, nos cursos de graduação e pós-graduação.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
As articulações são uniões entre os ossos que permitem movimentos, se-
jam amplos ou mínimos, de acordo com a função destinada. Para isto, elas
possuem características próprias para permitir o movimento adequado de
cada região. Por exemplo: as articulações do crânio de adultos são imóveis,
pois se permitissem movimentos amplos seriam prejudiciais ao encéfalo
contido internamente, já as articulações dos ossos do joelho, além de serem
fortes para sustentar o peso corporal, precisam permitir os movimentos
amplos para poder caminhar, correr e flexionar. Assim, ao longo da nossa
existência, as articulações que unem os ossos de cada região do corpo foram
desenvolvidas para desempenhar da melhor forma o seu papel, de acordo
com as necessidades fisiológicas da região.
Com o envelhecimento, o desgaste das articulações, juntamente com
as alterações do metabolismo das células do local, propicia o desenvolvi-
mento de doenças articulares. O conhecimento anatómico e fisiológico
das articulações constitui a base teórica para o diagnóstico, além de nor-
tear o regime terapêutico para cada tipo de problema articular.
62
CAPÍTUL04
SISTEMA ARTICULAR
Sérgio Ricardo Rios Nascimento
ARTICULAÇÕES FIBROSAS
63
Anatomia Humana Básica
64
Sistema Articular
Fontículo - - - -r'F
anterior
Fontículo
posterior
Fontículo
anterior - -+----c---:-=7.;J
lateral ,1·-+--~'----- Fontículo
posterior
lateral
65
Anatomia Humana Básica
ARTICULAÇÕES CARTILAGÍNEAS
66
Sistema Articular
ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
As articulações sinoviais são anatomicamente mais complexas que as ar-
ticulações fibrosas e cartilagíneas, e constituem a grande maioria das articu-
lações presentes no esqueleto apendicular. Nestas articulações as estruturas
envolvidas não são contíguas em sua união como ocorre nas articulações
fibrosas e cartilagíneas.
Nas articulações sinoviais as estruturas que se articulam estão envoltas por
uma cápsula de tecido fibroso denominada cápsula articular composta por
duas camadas, externamente pela membrana fibrosa e revestida interna-
mente pela membrana sinovial.
A cápsula articular contém em seu interior (denominado cavidade arti-
cular) um líquido viscoso chamado sinóvia, que lubrifica as partes móveis
facilitando o deslizamento entre as superfícies que se articulam, sendo tam-
bém responsável pela manutenção e nutrição da cartilagem hialina que reveste
as superfícies articulares dos ossos, chamada de cartilagem articular, a qual
possui importante papel na redução do atrito durante o movimento.
67
Anatomia Humana Básica
Membrana sinovial
68
Sistema Articular
A B c
Figura 4.6- A- Eixo sagital, B- Eixo longitudinal, C- Eixo transversal
70
Sistema Articular
71
Anatomia Humana Básica
72
Sistema Articular
73
Anatomia Humana Básica
74
Sistema Articular
75
Anatomia Humana Básica
ilagem
articular+
Membrana
sinóvia
sinovial
76
Sistema Articular
REFERÊNCIAS
77
Ricardo Augusto Rotter Montibeller
Graduado em Fisioterapia pelo Instituto Municipal de Ensino Superior de
Presidente Prudente. Mestre em Morfologia pela Universidade Federal de São
Paulo - Escola Paulista de Medicina. Atualmente é fisioterapeuta da Prefei-
tura Municipal de São Paulo. Tem experiência na área de Fisioterapia, com
ênfase em Morfologia.
Eduardo Pereira
Graduado em Educação Física pelas Faculdades Integradas de Guarulhos.
Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo. Tem experiência
em cursos da área da saúde, nas disciplinas de Anatomia do Aparelho Lo-
comotor, Neuroanatomia e Anatomia Humana Geral. Docente do curso de
especialização em Anatomia Macroscópica e Recursos Técnicos Laboratoriais
aplicados à Morfologia do Centro Universitário São Camilo.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
O homem é constituído, em grande parte, de músculos que representam
40% do peso corporal. Por meio da contração muscular, podemos realizar nu -
merosas funções no organismo, dentre as quais a locomoção, a produção de
calor do corpo, o processo de progressão alimentar dentro dos tubos do sis-
tema digestório, a condução da urina formada pelos rins até a bexiga para ser
eliminada, o processo do controle da pressão arterial pela contração ou relaxa-
mento dos músculos da parede das artérias, entre outras numerosas funções.
Os músculos também proporcionam forma ao indivíduo e constituem uma
barreira de defesa aos órgãos vitais.
Assim sendo, os músculos, que por meio de suas contrações proporcionam
desde a defesa contra agressões externas como também a homeostase (equilí-
brio) interna do corpo humano, constituem-se de elementos essenciais para a
manutenção da vida e consequente perpetuação da espécie humana.
1 Graduado em Medicina pela Unive rsidade de Brasília. Doutor e mestre em Técnicas Operatórias
e Cirurgia Experimental pela Universidade Federa l de São Paulo. Pós-doutor pela Universidade
de Toronto e Livre-Doce nte pela UNIFESP-EPM. Atualmente é professor adjunto Livre-Doce nte
da UNIFESP. A linha de pesquisa envolve microcirurgia, atuando principalmente nos seguintes
temas: translocação bacteriana, sepse, imunologia de intestino associada à infecção.
80
CAPÍTULO 5
SISTEMA MUSCULAR
Ricardo Augusto Rotter Montibeller
Eduardo Pereira
1 -Músculo esquelético
Também chamados de músculos estriados, porque tem estrias quando vis-
tos ao microscópio. São os músculos que se fixam principalmente no esque-
leto, mas podem se fixar também na pele, cartilagens, cápsula articular ou em
outros músculos esqueléticos. São músculos voluntários e recebem inervação
do sistema nervoso somático. Suas células musculares, ou fibras musculares,
são multinucleadas e alongadas, estando entre as maiores células do corpo,
podendo passar dos 30cm de comprimento. Possui receptores para dor e pro-
prioceptores que nos permite, mesmo de olhos fechados, saber se o músculo
está contraído ou relaxado, e a contração é brusca.
2- Músculo liso
São os músculos encontrados nas paredes das vísceras, vasos sanguíneos,
vias respiratórias, pele. O controle destes músculos é feito pelo sistema ner-
voso autônomo que se divide em duas porções antagônicas: a parte simpá-
tica e a parte parassimpática.
Quando observamos as fibras musculares ao microscópio, notamos que seu
aspecto é de densidade óptica uniforme, ou seja, é liso, sem estrias. Suas células
são fusiformes, uninucleadas, possuem receptores para dor, mas não possuem
proprioceptores e a contração é lenta.
3- Músculo cardíaco
Outro tipo de músculo encontrado no corpo humano é o cardíaco que
apresenta semelhanças estruturais com o músculo esquelético por ser estriado,
e semelhanças funcionais com o músculo liso por ser involuntário.
81
Anatomia Humana Básica
Componentes anatômicos
Observando macroscopicamente um músculo esquelético, pode-se facil-
mente identificar uma parte central denominada ventre muscular, que é ver-
melha no indivíduo vivo devido à presença de mioglobina, onde predominam
fibras musculares com capacidade de contração.
Nas extremidades, encontram -se os tendões, estruturas anatômicas muito
resistentes e esbranquiçadas que servem para fixar o músculo aos ossos. Uma
variedade de tendão de forma laminar está presente em alguns músculos e
é denominado aponeurose. E certos tendões são conhecidos como bainhas
tendíneas, pois tem uma camada interna e uma externa, com uma camada de
líquido sinovial entre elas, para reduzir o atrito. Encontram-se principalmente
no punho e tornozelo.
Fáscia muscular
Um tecido conjuntivo denominado fáscia muscular envolve os músculos
como uma bainha elástica, permitindo a movimentação dos músculos e con-
tendo nervos, vasos sanguíneos e linfáticos. Septos oriundos de espessamentos
desta fáscia projetam-se para planos profundos e fixam-se aos ossos, separan-
do os segmentos corpóreos em compartimentos que contêm, em seu interior,
os grupos musculares que em geral recebem a mesma inervação e realizam as
mesmas ações.
Origem e inserção
Para mover um segmento do corpo, o músculo precisa ligar-se no míni-
mo a dois ossos diferentes pelas duas pontas e atravessar pelo menos uma
articulação. Ao se contrair, a força de tração exercida pelos tendões é igual
em ambas as pontas, porém pela diferença de massa ou por estabilização,
um dos ossos não se move ou o seu deslocamento é mínimo. O local onde
o músculo se fixa a este osso denomina-se origem. Em contraposição, o
ponto onde o músculo se fixa ao osso, que se desloca, denomina-se inser-
ção. Existem várias situações físicas em que o músculo pode inverter a par-
te que se move com a que se mantém fixa, mas em geral as origens são
proximais nos membros e mediais no tronco, enquanto as inserções
são distais nos membros e laterais no tronco.
82
Sistema Muscular
Classificação
Considerando como critério os componentes anatômicos:
+ Número de ventres:
Univentre- um ventre
Biventre ou digástrico - dois ventres
Poliventre - mais de dois ventres
83
Anatomia Humana Básica
84
Sistema Muscular
Membro Superior
Ombro:
Braço:
Músculo
deito ide
85
Anatomia Humana Básica
Antebraço:
86
Sistema Muscular
Músculo
palmar longo
Músculo flexor
ulnar do carpo
Mão (intrínsecos):
87
Anatomia Humana Básica
M. abdutor curto
do dedo mínimo _,.' f - - - M . abdutor curto
do polegar
Músculos da
1--....;hL._- Músculos da
eminência hipotenar eminência tenar
88
Sistema Muscular
Membro Inferior
Quadril:
+ Músculo glúteo máximo - músculo volumoso, dá as nádegas a forma
arredondada.
+ Músculo glúteo médio - localizado abaixo do glúteo máximo.
+ Músculo glúteo mínimo - localizado abaixo do glúteo médio.
+ Músculo piriforme - abaixo dele emerge o nervo isquiático.
+ Músculo quadrado femoral - localizado na região posterior, atrás do
trocanter maior do fêmur.
+ Músculo tensor da fáscia lata - localizado na região anterolateral
+ Músculo ilíaco - localizado na fossa ilíaca.
+ Músculo psoas maior - localizado na fossa ilíaca, medialmente ao m.
ilíaco, juntos formam o m. iliopsoas.
M. semitendíneo
M. semimembranáceo
89
Anatomia Humana Básica
Coxa:
Músculos
adutores
Músculo grácil
90
Sistema Muscular
Perna:
Pé (intrínsecos):
Região dorsal:
+ Músculo extensor curto dos dedos
+ Músculo extensor curto do hálux
Região plantar:
Primeira camada (superficial):
+ Músculo abdutor do hálux
+ Músculo flexor curto dos dedos
+ Músculo abdutor do dedo mínimo
91
Anatomia Humana Básica
Vasto lateral
92
Sistema Muscular
Músculos fibulares
Músculo
tibial anterior
Músculos da mastigação:
+ Músculo masseter - localizado entre o ramo da mandíbula e o arco
zigomático.
+ Músculo temporal- músculo largo em forma de leque localizado
lateralmente na cabeça
93
Anatomia Humana Básica
94
Sistema Muscular
Músculos do pescoço:
+ Músculo esternocleidomastoideo - percorre um trajeto oblíquo no
pescoço desde o esterno e a clavícula inferiormente e o processo
mastoide superiormente.
+ Músculo digástrico - músculo supra-hioideo, com dois ventres
separados por um tendão, localizado na região submandibular.
+ Músculo omo-hioideo- músculo infra-hioideo, com dois
ventres intersectados por um tendão situado abaixo do m.
esternocleidomastoideo.
+ Músculos escalenos - localizados abaixo do m. esternocleidomastoideo,
em número de três: anterior, médio e posterior.
Músculos do tórax:
+ Músculo peitoral maior - músculo largo em forma de leque, localizado
na região anterior do tórax.
+ Músculo serrátil anterior- localizado na parede mediai da axila. Sua
inserção, nas costelas, possui a forma de dentes de serra.
+ Músculos intercostais - localizados nos espaços entre as costelas.
Músculos do abdome:
+ Músculo reto do abdome - músculo poliventre, localizado na região
anterior do abdome
+ Músculo oblíquo externo do abdome- localizado na parede
anterolateral do abdome
+ Músculo oblíquo interno do abdome- localizado na parede
anterolateral do abdome, abaixo do m. oblíquo externo do abdome.
+ Músculo transverso do abdome - localizado na parede anterolateral do
abdome, abaixo do m. oblíquo interno do abdome.
95
Anatomia Humana Básica
Músculo
peitoral maior
Músculos obliquo
f - - - - interno e externo
do abdome
Músculo transverso
do abdome
Músculos do dorso:
+ Músculo trapézio - músculo superficial na parte superior do dorso, em
forma de trapézio.
+ Músculo latíssimo do dorso - músculo amplo e superficial na parte
inferior do dorso.
+ Músculo eretor da espinha - localizado no plano profundo, formado
por um grupo longitudinal de músculos que se estendem do sacro até
o crânio.
96
Sistema Muscular
REFERÊNCIAS
97
Eduardo Pereira
Graduado em Educação Física pelas Faculdades Integradas de Guarulhos.
Mestre em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo. Tem experiência
em cursos da área da saúde, nas disciplinas de Anatomia do Aparelho Locomo-
tor, Neuroanatomia e Anatomia Humana Geral. Docente do curso de especiali-
zação em Anatomia Macroscópica e Recursos Técnicos Laboratoriais aplicados
à Morfologia do Centro Universitário São Camilo.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
O ser humano é considerado um animal aeróbio por necessitar de
oxigênio para processar a nutrição celular; assim, é um ser totalmente de-
pendente do meio externo do planeta Terra que possui na sua atmosfera
21% de oxigênio. Desta forma, o homem desenvolveu estruturas para o
transporte do oxigênio do ar até os seus pulmões que por sua vez trans-
ferem para a circulação sanguínea o sistema incumbido de distribuir o
sangue para todos os tecidos e células.
O processo de aquisição de oxigênio é realizado pelo sistema respira-
tório que possui meios para transportar o ar via narinas e subsequentes
cavidades e tubos, até alcançar os pulmões.
Assim, a integridade dos elementos que constituem o sistema respi-
ratório é fundamental para a vida sadia e as alterações destes elementos
provocam dificuldades na obtenção de oxigênio. Portanto, entre outras
causas, as infecções de pulmão ou dos tubos que conduzem o ar provo-
cam dificuldades na obtenção de oxigênio pelo corpo, denominadas de
doenças respiratórias.
Além disso, os pulmões são capazes de remover o gás carbônico do
nosso corpo, resultante do metabolismo de oxigênio pelas células, e re-
move-o do sangue que passa em seu interior (parede alveolar) e transpor-
ta- o para o ar atmosférico.
Por meio de captação de oxigênio e excreção de gás carbônico ade-
quado, o sistema respiratório mantém constante a quantidade de oxigê-
nio e gás carbônico no sangue que circula por todo o corpo, em níveis
considerados ideais.
O estudo anatômico do sistema respiratório constitui a etapa essen-
cial para adicionar os conhecimentos da fisiologia respiratória. Somente
assim, podemos realizar o diagnóstico das doenças respiratórias e propor
tratamentos adequados ao paciente.
100
CAPÍTUL06
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Eduardo Pereira
Divisão estrutural:
1. Sistema respiratório superior: nariz, faringe, estruturas associadas
2. Sistema respiratório inferior: laringe, traquéia, brônquios e pulmôes
Divisão funcional:
+ Parte condutora: nariz, cavidade nasal, seios paranasais, faringe, lar in-
ge, traqueia, brônquios. Esses órgãos são responsáveis por levar e trazer
os gases dos alvéolos pulmonares;
+ Parte respiratória: alvéolos pulmonares, pulmôes e pleuras. Os alvéolos
pulmonares são as unidades funcionais do sistema respiratório e ficam
no interior dos pulmôes.
101
Anatomia Humana Básica
Parte condutora:
Nariz
O termo nariz inclui uma porção externa. que se projeta na face. e uma
porção interna, que é a cavidade nasal.
As estruturas externas são cobertas por pele e formadas pela raiz do nariz,
que o prende ao osso frontal, o dorso do nariz, o ápice do nariz, que é a ponta
do nariz, as narinas, que são as duas aberturas para o meio externo, as asas do
nariz, que são as expansões laterais e o septo nasal, que é a separação entre as
duas cavidades nasais.
As estruturas internas do nariz incluem a cartilagem do septo nasal, que é a
parte anterior do septo nasal, os processos laterais da cartilagem do septo nasal
e as cartilagens alares, que ficam ao redor das narinas. Os ossos dessa região
são os nasais, frontal, maxilas, võmer, esfenoide e etmoide.
102
Sistema Respiratório
Cartilagem
Cartilagem ( ; , . lateral
alar menor
--- Cartilagem
alar maior
Cavidade nasal
A cavidade nasal inclui duas cavidades, as cavidades nasais. Ela é separada
pelo septo nasal, formado pelo vômer, a lâmina perpendicular do etmoide e a
cartilagem do septo nasal. O vestíbulo do nariz é a parte anterior da cavidade.
O teto da cavidade nasal é formado pelos ossos frontal, nasais, etmoide e es-
fenoide, enquanto o assoalho é formado pelos ossos palatinos e maxilas. Cada
cavidade nasal se abre anteriormente através da narina e posteriormente atra-
vés dos cóanos, que são a comunicação com a parte nasal da faringe.
A parede lateral da cavidade nasal possui três saliências ósseas, que são as
conchas nasais superior, média e inferior. Entre as conchas nasais encontram-
-se os meatos nasais superior, médio e inferior.
As conchas nasais aumentam a superfície dentro do nariz e são revestidas por
epitélio, que servem para aquecer, umidificar e limpar o ar. O ar é filtrado de duas
maneiras: pelas vibrissas, que filtram as partículas maiores e pela túnica mucosa
umedecida dos meatos, que retiram as partículas finas, como poeira e fumo.
Outra função importante da cavidade nasal relaciona-se com a identifica-
ção dos odores, que acontece na sua porção mediai superior.
103
Anatomia Humana Básica
Seio esfenoidal
Vestíbulo
do nariz Tonsila faríngea
Concha nasal
média
Concha nasal
inferior
Seios paranasais
São cavidades que contêm ar e se comunicam com a cavidade nasal. São de·
nominados de acordo com os ossos onde se localizam: seio frontal, seio maxilar,
seio esfenoidal e células etmoidais. Eles podem servir para aquecer e umidificar
o ar, como caixa de ressonância para o som, e tornar mais leve o crânio.
O seio esfenoidal desemboca acima da concha nasal superior; as células
etmoidais, nos meatos nasais superior e médio; e os seios frontal e maxilar
desembocam no meato nasal médio.
104
Sistema Respiratório
Seio frontal
Células etmoidais
Seio maxilar
Faringe
que é uma abertura que comunica essa região com a orelha média, para
fazer o equilíbrio das pressões externa e interna. Na sua região superior
encontra-se a tonsila faríngea, uma estrutura do sistema linfático, res-
ponsável pela produção de linfócitos.
• A parte oral, onde passa ar e alimento. Fica localizada entre o palato mole
e o nível do osso hioide. Comunica-se com a cavidade oral através do
istmo das fauces. Nessa parte da faringe encontramos as tonsilas palati-
nas, que ficam na fossa tonsilar e são limitadas pelos arcos palatoglosso e
palatofaríngeo, além da tonsila lingual, localizada na base da língua.
• A parte laríngea, que é a porção mais inferior da faringe, estende-se do
nível do osso hioide à laringe. Nessa parte passa ar e alimento, que aí são
separados, onde o ar é dirigido anteriormente à laringe e os alimentos e
líquidos são levados ao esôfago.
Parte oral
da faringe
Parte laríngea --~.....::;~-.tc-:;r,
da faringe Epiglote
Laringe
A laringe é um órgão tubular, situado no plano mediano e anterior da
região cervical, que tem como funções permitir a passagem do ar durante a
respiração, impedir o alimento de alcançar a traqueia e pulmões e também
participa da fonação.
106
Sistema Respiratório
Ela é formada por nove cartilagens unidas por músculos extrínsecos e intrín-
secos, assim como por ligamentos. Das cartilagens, três são ímpares, maiores
e mais importantes: tireoidea, cricoidea e epiglótica; e seis são pares, menores:
corniculadas, cuneiformes e aritenoideas.
A maior das cartilagens é a tireoidea, que tem o formato de um escudo
e apresenta duas lâminas que se unem anteriormente para formar a proemi-
nência laríngea. Ela apresenta ainda os cornos superiores e inferiores. A car-
tilagem cricoidea tem formato de anel, onde sua parte anterior é o arco e a
posterior, a lâmina; ela se localiza entre a cartilagem tireoidea e a traqueia.
A cartilagem epiglótica tem forma de folha, situa-se posteriormente à raiz da
língua e cartilagem tireoidea; na sua parte posterior fica o pecíolo epiglótico e
ela é a responsável por fechar o ádito da laringe durante a deglutição.
As cartilagens aritenoideas são pequenas e estão ligadas à porção posterior
da lâmina da cartilagem cricoidea. As corniculadas e cuneiformes são peque-
nas e acessórias, situadas próximas às cartilagens aritenoideas.
Osso hioide
107
Anatomia Humana Básica
108
Sistema Respiratório
Cartilagem
epiglótica
Traqueia
109
Anatomia Humana Básica
Bifurcação da
traqueia
segm entar
110
Sistema Respiratório
Brônquios
Os brônquios principais resultam da divisão da traqueia, que também são
formados por anéis de cartilagem e levam o ar até os pulmões. O brônquio
principal direito é mais curto, mais vertical e mais calibroso, enquanto o brôn-
quio principal esquerdo é mais longo, mais horizontal e mais fino.
Cada brônquio principal se divide em brônquios lobares e levam o ar para
os lobos dos pulmões. O brônquio principal direito tem três divisões: brôn-
quios lobares superior, médio e inferior, enquanto o brônquio principal es-
querdo tem apenas duas divisões: brônquios lobares superior e inferior.
Os brônquios segmentares resultam da divisão dos brônquios lobares e se
dirigem aos segmentos broncopulmonares (10 para o pulmão direito e 9 para o
esquerdo). Esses brônquios segmentares continuam se dividindo até formar os
finíssimos bronquíolos, que formam os bronquíolos terminais conectados com
os respiratórios, que se dirigem aos duetos alveolares e em seguida aos sacos al-
veolares, onde ficam os alvéolos pulmonares, responsáveis pela hematose.
Parte respiratória:
Pulmões
111
Anatomia Humana Básica
Ápice
Fissura
t---!4~ Hilo do
oblíqua pulmão
Fissura
horizontal
Base
O pulmão esquerdo é mais leve, mais longo e mais estreito que o direito. Ele
apresenta dois lobos: superior e inferior e apenas uma fissura para separá-los,
a fissura oblíqua. O pulmão esquerdo apresenta 9 segmentos broncopulmona-
res: a impressão cardíaca, que é a marca deixada pelo coração; ela está presente
também no pulmão direito, mas é menor. Observa-se ainda uma incisura cardí-
aca do pulmão esquerdo, na parte inferior da margem anterior, que é uma con-
cavidade para o coração e também a impressão da aorta, na face mediastinal.
112
Sistema Respiratório
Ápice
Hilodo
Fissura pulmão
oblíqua
Incisura
cardíaca
Língula
113
Anatomia Humana Básica
Pleuras
visceral
Pleura Pleura
pari e tal visceral
Pleura
pari e tal
Mecânica da respiração
114
Sistema Respiratório
REFERÊNCIAS
115
Valdemir Rodrigues Pereira
Graduado em Fisioterapia pela Fundação de Educação e Cultura de San-
ta Fé do Sul. Mestre em Morfologia pela Universidade Federal de São Paulo.
Docente do Centro Universitário São Camilo - São Paulo onde ministra as
disciplinas de Anatomia Humana, Neuroanatomia, Anatomia em Imagens,
Biomecânica e Cinesiologia nos cursos de Graduação e Pós-graduação.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
A vida humana só é possível mediante o consumo de energia. Sem
a energia não podemos contrair músculos para locomover, mastigar,
respirar, urinar, defecar, reproduzir e nem se defender de agressões ex-
ternas. O processo inicial para obtenção de energia se realiza no sis-
tema digestório ao ingerir, digerir e absorver os alimentos adquiridos
do meio externo. Considerando que os alimentos sólidos precisam ser
transformados em moléculas como glicose, proteína e lipídios para a
obtenção de energia, o sistema digestório tem capacidade para transfor-
mar o alimento sólido ingerido em moléculas que o corpo pode absor-
ver e processar, transformando-os em energia necessária à manutenção
da função celular e vitalidade de todos os 100 trilhões de células que
compõem o nosso organismo.
Sem a presença do sistema digestório, ocorreria a desnutrição pro-
gressiva e morte em todos nós.
Outra importante função deste sistema está na excreção de metabóli-
tos não mais necessários ao organismo e substâncias tóxicas.
Para realizar estas funções, este sistema é composto de órgãos, tubos
ocos e órgãos acessórios que secretam substâncias necessárias aos inú-
meros processos que ocorrem durante a digestão, absorção e eliminação.
Assim, o estudo anatômico do sistema digestório permite a compre-
ensão dos elementos que compõem o sistema tão essencial à vida, além de
permitir a especulação de possíveis disfunções nutricionais decorrentes
de alterações dos seus componentes. Como exemplo pode-se conjecturar
sobre as possíveis implicações clínicas decorrentes da perda parcial ou
total de estômago, duodeno, jejuno, íleo, intestino grosso e órgãos aces-
sórios como glândula salivar, fígado e pâncreas. Além disso, imaginar as
implicações de uma possível infecção no apêndice vermiforme, pâncreas
e vesícula biliar. Estas hipóteses somente serão possíveis mediante aos co-
nhecimentos anatômico e fisiológico, que serão abordados nos primeiros
semestres da vida universitária.
118
CAPÍTULO 7
SISTEMA DIGESTÓRIO
Valdemir Rodrigues Pereira
119
Anatomia Humana Básica
Cavidade oral
A cavidade oral comunica-se anteriormente com o meio externo através da
rima da boca, fenda limitada pelos lábios e, posteriormente, com a parte oral da
faringe, através do istmo das fauces. Seu limite lateral é determinado pelas bo-
chechas, enquanto no limite superior encontramos o palato duro (formado por
parte das maxilas e dos ossos palatinos) e o palato mole (muscular) que separam
a cavidade oral da cavidade nasal. Do palato mole, que está posteriormente ao
palato duro, projeta-se uma saliência cônica, a úvula palatina. Lateralmente, na
transição da cavidade oral para a parte oral da faringe, duas pregas musculares
de cada lado denominadas arco palatoglosso, anteriormente, e arco palatofarín-
geo, posteriormente, delimitam a fossa tonsilar, ocupada pela tonsila pala tina.
Inferiormente, a cavidade oral é delimitada pelos músculos que formam o soa-
lho da boca. O espaço fissurallimitado pelos lábios, bochechas e arcos dentais
denomina-se vestíbulo da boca. A gengiva é o revestimento mucoso dos arcos
dentais e também reveste duas pregas medianas que se prendem os lábios supe-
rior e inferior e são denominadas de frênulos dos lábios.
Palato mole
úvula
pai atina
Lábios superior
e inferior
120
Sistema Digestório
úvula palatina
Tonsila
palatina
Arco palato
grosso
Arco palato
faríngeo Língua
Dentes
Os dentes são estruturas rijas e esbranquiçadas que estão fixadas aos alvé-
olos dentais das maxilas e da mandíbula e são recobertos parcialmente pela
gengiva e contribuem para delimitar a cavidade própria da boca, espaço que
abriga a língua. Apresentam a coroa do dente, o colo do dente e a raiz do
dente. No infante, os dentes decíduos chegam ao número de 20. No adulto os
dentes permanentes são geralmente, 32, sendo 8 incisivos, 4 caninos, 8 pré·
-molares e 12 molares.
+ Incisivos: localizados anteriormente, apresentam coroa com margem
cortante e uma raiz. Prendem e cortam o alimento.
+ Caninos: situados ântero-lateralmente, possuem coroa cônica, e uma
raiz, perfuram e arrancam o alimento.
+ Pré-molares: têm posição lateral e coroa com dois tubérculos. Uma ou
duas raízes, trituram o alimento.
+ Molares: localizados lateralmente, posteriormente aos pré-molares,
apresentam coroa que geralmente têm quatro tubérculos, duas ou três
raízes e também trituram o alimento.
121
Anatomia Humana Básica
Incisivos
Língua
É um órgão muscular situado na cavidade própria da boca e revestida por
mucosa. Participa da mastigação. deglutição, gustação e da fala. É dividida em
corpo da língua situado mais anteriormente (formado pelo ápice da língua, mar-
gens da língua, dorso da língua e face inferior da língua) e pela raiz da língua,
posteriormente. Sua face superior é denominada dorso da língua e em que se
encontram a tonsila lingual e as papilas linguais descritos do seguinte modo:
122
Sistema Digestório
Cartilagem
epiglótica
Valécula
epiglótica
Tonsila palatina
Papilas
circunvaladas
Dorso
Papilas da língua
folhadas
Ápice
da língua
Glândulas da boca
Responsáveis pela secreção de saliva que contém a amilase salivar. São
classificadas em menores (labiais. molares. palatinas, linguais e da bochecha)
e maiores (três pares) que são: parótidas, submandibulares e sublinguais. A
glândula parótida é a maior, tem forma triangular, localiza-se anterior e infe-
riormente à orelha externa e sobre o ramo da mandíbula. O dueto parotídeo
abre-se no vestíbulo da boca, na altura do segundo molar superior. A glândula
submandibular localiza-se medialmente ao ângulo da mandíbula. O dueto sub-
mandibular abre-se lateralmente ao frênulo da língua, no soalho da cavidade
oral. A glândula sublingual está localizada no soalho da cavidade oral e seus
duetos sublinguais que são muito curtos, se abrem nesse soalho.
123
Anatomia Humana Básica
Abertura do
~ dueto parotídeo
Glândula
Glândula
parótida
Dueto Músculo
parotídeo masseter
Faringe
É um tubo muscular que se estende desde a base do crânio (posteriormente
à cavidade nasal) até o esôfago. Apresenta três partes: a parte nasal da faringe,
que se comunica com a cavidade nasal através dos cóanos e com a orelha média
através das tubas auditivas; a parte oral da faringe, que se comunica com a cavi·
dade oral; a parte laríngea da faringe, que se comunica com a laringe através do
ádito da laringe e termina no esôfago. A parte oral e a parte laríngea compõem
o sistema digestório. Na parte laríngea, próximo à transição com o esôfago,
está situado o recesso piriforme.
124
Sistema Digestório
úvula
palatina
Cartilagem
epiglótica
Ádito da
laringe
Arco
da aorta
Esôfago
parte abdominal
Músculo
diafragma
Cárdia
Veia cava
inferior Fundo gástrico
Figura 7.7- A- Vista posterior da faringe - partes e relação com outros órgãos;
B- Vista anterior do esôfago - partes e relação com outros órgãos
125
Anatomia Humana Básica
Esôfago
É um tubo muscular que conecta a faringe com o estômago e impele o
bolo alimentar através de sua contração. Quando vazio, o esôfago apresenta-se
colabado. Está localizado posteriormente a traqueia e anteriormente à região
cervical da coluna vertebral, continua-se no mediastino onde desvia-se para
a esquerda e atravessa o diafragma (hiato esofágico ), terminando na cárdia,
início do estômago, na cavidade abdominal. Apresenta, portanto, as partes:
cervical, torácica (a maior parte) e abdominal (a menor parte).
Estômago
É o órgão mais dilatado do sistema digestório interposto ao esôfago supe-
riormente e ao duodeno (primeira parte do intestino delgado), inferiormen-
te. Situado na cavidade abdominal, à esquerda do plano mediano, abaixo do
diafragma no epigastro e hipocôndrio esquerdo, apresenta a parede anterior e a
parede posterior. A abertura do esôfago no estômago é chamada óstio cárdico
que está na região da cárdia. O fundo gástrico é a parte mais superior e está si-
tuado acima da junção com o esôfago. Essa região encontra-se frequentemente
vazia. O corpo gástrico é a maior parte do órgão e continua com a parte pilá-
rica, parte mais estreita e inferior. Na saída do estômago está o óstio pilórico.
A transição entre o estômago e o duodeno pode ser observada externamente
como um espessamento muscular denominado pilara. A curvatura menor está
localizada à direita (côncava) e se prende à face visceral do fígado (região da
porta do fígado) através do omento menor. A curvatura maior está situada à
esquerda (convexa), prende-se ao omento maior que é formado pelas duas lâ-
minas do peritônio visceral e que descem recobrindo as vísceras abdominais,
anteriormente. O estômago tem como principal função a digestão através do
suco gástrico (HCl, muco, enzimas), transformando o bolo alimentar em qui-
mo (massa semilíquida) para facilitar a digestão e a absorção nos intestinos.
126
Sistema Digestório
Cárdia
Baço
Parte Pilórica inferior
Corpo
- ----,I""''IIE'- - - gástrico
Duodeno
Rim
parte superior
esquerdo
Jejuno
parte descendente
parte ascendente
Duodeno
parte horizontal
Intestino delgado
Continuação do estômago. que se estende até o intestino grosso. É a mais
sinuosa porção do sistema digestório. Participa da digestão e da absorção de
nutrientes e. está dividido em duodeno, jejuno e íleo.
Duodeno: primeiro e menor segmento (30 em aproximadamente), conti-
nua no jejuno na jlexura duodenojejunal. Apresenta quatro partes:
+ Parte superior: em que se destaca a ampola do duodeno.
+ Parte descendente: onde se encontra a papila maior do duodeno (que
será melhor descrita juntamente com as vias biliares).
+ Parte horizontal: é a continuação da parte descendente em direção ao
lado esquerdo do abdome.
+ Parte ascendente: que termina na flexura duodenojejunal.
127
Anatomia Humana Básica
Jejuno e íleo: porções mais móveis do intestino delgado, não apresentam limites
fixos entre si, sendo descritos como um todo. O jejuno se inicia na flexura duode-
nojejunal, continua com o íleo e termina no intestino grosso através do ás tio ileal. O
jejuno e o íleo estão presos à parede posterior do abdome por uma prega peritoneal
denominada mesentério. O mesentério contribui para o aspecto pregueado forman-
do as alças (dobras) do jejuno e do íleo, que juntas medem cerca 4 a 5 metros.
Jejuno
Íleo
Intestino grosso
É a continuação do intestino delgado, última porção do sistema digestório.
Tem início no ceco e se comunica com o exterior através do canal anal. Apresen-
ta maior calibre que o intestino delgado sendo possível observar três estruturas
importantes: dilatações limitadas por sulcos transversais denominadas sacula-
ções do colo, formações em fita que são as tênias do colo e acúmulo de gordura
em suas paredes, os apêndices omentais do colo. É dividido em ceco, colo ascen-
dente, colo transverso, colo descendente, colo sigmoide, reto e canal anal.
128
Sistema Digestório
129
Anatomia Humana Básica
Colo Colo
ascendente descendente
Tênia
do colo
Apêndice
vermiforme
Figura 7.1 O- Vista anterior do intestino grosso e estruturas que nele se destacam
Fígado
É a glândula mais volumosa do sistema digestório e o segundo maior órgão
do corpo. localiza-se imediatamente abaixo e à direita do diafragma, embora
uma pequena parte também ocupe a metade esquerda do abdome. Apresenta
duas faces: diafragmática, em contato com o diafragma e visceral, em contato
com as vísceras. Na face visceral distinguem-se 4 lobos: lobo hepático direito,
lobo hepático esquerdo, lobo quadrado e lobo caudado. Ainda nessa face, entre
o lobo hepático direito e o lobo quadrado, situa-se a vesícula biliar e entre o
lobo hepático direito e o lobo caudado, há um sulco que aloja a veia cava infe-
rior. A fenda entre esses quatro lobos denomina-se a porta do fígado, por onde
passa a artéria hepática própria, a veia porta e o dueto hepático comum . Na
face diafragmática os lobos direito e esquerdo são separados por uma prega de
peritônio, o ligamento falciforme. O ligamento falciforme envolve o ligamento
redondo que está situado entre o logo hepático esquerdo e o lobo quadrado e
representa um dos vestígios de circulação fetal (veia umbilical).
130
Sistema Digestório
Lobo
hepático
esquerdo
Ligamento
Lobo falciforme
hepático
direito
Veia cava
inferior
Lobo
hepático
direito
Lobo
hepático Vesícula
esquerdo biliar
131
Anatomia Humana Básica
mento dos duetos, o que permite que a bile reflua para a vesícula biliar. Quan-
do a vesícula biliar se contrai o dueto cístico leva a bile até o dueto colédoco e
dele para o duodeno.
Pâncreas
Está localizado inferiormente ao estômago e tem trajeto quase horizontal
na parede posterior do abdome (retroperitoneal). A cabeça do pâncreas está
envolta pelo duodeno, enquanto o corpo do pâncreas dirige-se para a esquer-
da e a cauda do pâncreas fica próxima ao baço. Secreta o suco pancreático
que contém enzimas digestivas. O suco é transportado ao duodeno pelo dueto
pancreático. O pâncreas funciona também como glândula endócrina, secre-
tando principalmente insulina e glucagon.
Vesícula
biliar
Dueto hepático
esquerdo
Dueto
Papila
maior do
duodeno
132
Sistema Digestório
133
Anatomia Humana Básica
Omento
maior
Intestino
delgado
Bexiga
urinária
134
Sistema Digestório
REFERÊNCIAS
135
Cristiane Regina Ruiz
Doutora em Ciências (Morfologia). Mestre em Morfologia e graduada em
Educação Física. Docente do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo,
ministrando as unidades curriculares Morfologia Humana e Morfofisiologia
Humana, nos cursos de graduação. Coordenadora do Curso de Especializa-
ção em Anatomia Macroscópica e Recursos Técnicos Laboratorias Aplicados a
Morfologia do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
O sistema circulatório é constituído de vasos, cuja função é distribuir oxigênio e nu-
trientes para todos os tecidos do organismo e recolher os restos do metabolismo celular.
Para o funcionamento deste sistema, há a necessidade de uma bomba propulsora, incum-
bida de dar a força indispensável para que o sangue possa circular e chegar aos locais mais
distantes do corpo. Esta bomba, conhecida como coração, é um órgão vital, que através
da sua contração muscular, impulsiona o sangue para alcançar todos os órgãos e tecidos
do corpo. Somente assim, todas as células do corpo conseguem receber os nutrientes e
oxigênios fornecidos pela circulação sanguínea e, ao mesmo tempo, eliminar os produtos
do metabolismo resultantes do uso destes nutrientes.
Este conjunto de vasos é composto de artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias,
com tamanhos, calibres e funções diferentes. Além disso, os vasos linfáticos também
estão incluídos neste sistema.
Para fluir o sangue pelo corpo todo, os músculos cardíacos têm de ser fortes suficientes
para gerar uma pressão com consequente ejeção do sangue (fluído da vida), por meio de
contrações conhecidas como batimentos cardíacos (frequência cardíaca). Assim, o sangue
arterial, (rico em oxigênio) propelido pelo coração, flui para todo corpo para proporcionar
a nutrição celular e, obrigatoriamente, retoma para o coração como sangue venoso (pobre
em oxigênio), que necessita ser reoxigenado pelos pulmões. Por isso, o sangue venoso que
retornou ao coração é impulsionado para os pulmões para ser oxigenado e retoma para o
coração como sangue arterial (rico em oxigênio), estando novamente apto para ser impul-
sionado para todo corpo.
O sistema circulatório é basicamente composto do coração e dos vasos sanguíneos. Está
também interligado a um sistema especial de vasos denominados de sistema linfático.
Os vasos linfáticos não carregam o sangue, mas um líquido transparente, de colora-
ção leitosa, coletado de todos os tecidos do corpo, que é devolvido para a circulação san-
guínea. A composição da linfa se constitui de líquidos e substâncias, tais como proteínas
de alto peso molecular, água e eletrólitos que normalmente se acumulam nos espaços
entre as células (espaço intersticial) após terem sido fornecidas pelo sangue para a nu-
trição das células. Assim, os vasos linfáticos têm a função de transportá-las e devolvê-las
à circulação sanguínea.
Portanto, quando se fala em sistema circulatório, faz-se referência ao coração e ar-
térias que levam sangue arterial às células e veias que trazem de volta o sangue venoso
para o coração, juntamente com a linfa trazida pelos vasos linfáticos, completando-se
assim a circulação de líquidos pelo nosso corpo.
O perfeito funcionamento da bomba cardíaca e dos vasos sanguíneos assegura a nutri-
ção e excreção das células vivas, deste modo, as alterações circulatórias de origem vascular
ou cardíaca podem propiciar doenças que resultam na morte celular dos tecidos e órgãos,
tais como decorrentes de trombose venosa, obstrução arterial e infarto do miocárdio.
138
CAPÍTULOS
SISTEMA CIRCULATÓRIO
Cristiane Regina Ruiz
Divisões:
O sistema circulatório pode ser dividido da seguinte forma:
139
Anatomia Humana Básica
Coração
Orgão muscular oco (músculo estriado cardíaco), com função de bomba
hidráulica aspirante (pelos átrios) e impulsora (pelos ventrículos) que se si-
tua na cavidade torácica, no espaço entre os dois pulmões, na região chama-
da mediastino médio, atrás do esterno e acima do diafragma. O mediastino
médio contém o pericárdio, o coração, as raízes dos grandes vasos, a parte
ascendente da aorta, o tronco pulmonar e a veia cava superior que entram
e saem do coração, o arco da veia ázigo e os brônquios principais. O coração é
ligeiramente maior do que um punho cerrado tendo o formato de um cone
com a base para cima no vivo e no cadáver em forma de uma pirâmide trian-
gular com a base para cima.
Suas paredes são constituídas por três camadas:
Veia cava
superior
Tronco
pulmonar
Pericárdio
fibroso
140
Sistema Circulatório
O eixo do coração vai do centro da base até o ápice. Orienta-se para baixo,
para a esquerda e para diante. Também podemos orientá-lo dizendo que seu
ápice está para baixo, para a esquerda e para diante. O coração se mantém fixo
ao tórax pela sua continuidade com as veias cavas e pulmonares que formam a
cruz venosa do coração.
O coração tem uma porção central que é o esqueleto fibroso do coração,
constituído por tecido conjuntivo denso, dividindo-o em quatro câmaras: duas
superiores, os átrios e duas inferiores, os ventrículos. O átrio direito se comunica
com o ventrículo direito através da valva atrioventricular direita (tricúspide), en-
quanto o átrio esquerdo se comunica com o ventrículo esquerdo através da valva
atrioventricular esquerda (bicúspide). O átrio direito constitui a porção superior
direita do coração. A veia cava superior e a veia cava inferior desembocam no
átrio direito que traz sangue venoso de todo o corpo, exceto dos pulmões.
O ventrículo direito constitui a porção inferior direita do coração. O tronco
pulmonar divide-se nas duas artérias pulmonares (direita e esquerda) e conduz
o sangue venoso do ventrículo direito aos pulmões. O átrio esquerdo constitui
a porção superior esquerda do coração e recebe as quatro veias pulmonares
que drenam o sangue arterial dos pulmões. O ventrículo esquerdo constitui a
porção inferior do coração. A aorta sai do ventrículo esquerdo e leva sangue
arterial para todo o corpo, exceto para os pulmões.
Anatomia externa
O coração possui três faces: esternocostal (formada principalmente pelo
ventrículo direito), pulmonar esquerda (formada principalmente pelo ventrí-
culo esquerdo e ocupando a impressão cardíaca do pulmão esquerdo) e dia-
fragmática (formada principalmente pelo ventrículo esquerdo e parcialmente
pelo ventrículo direito, relacionada com o centro tendíneo do diafragma). Es-
tas faces ficam situadas abaixo do sulco coronário, estrutura responsável pela
separação entre os átrios e os ventrículos.
A base do coração situa-se acima do sulco coronário e é constituída pelos
átrios direito e esquerdo, aurícula direita e aurícula esquerda, veias cava (su-
perior e inferior), as quatro veias pulmonares (duas direitas e duas esquerdas),
aorta e tronco pulmonar.
O átrio direito recebe sangue venoso proveniente das veias cava superior
e inferior e do seio coronário. O átrio esquerdo recebe os dois pares de veias
pulmonares (direitas e esquerdas) que conduzem sangue arterial oriundo
dos pulmões.
Os átrios são separados externamente pelo sulco interatrial que pode ser
indicado superficialmente na base, imediatamente à direita das veias pulmo-
nares direitas. Anteriormente os átrios se continuam de cada lado da aorta e
141
Anatomia Humana Básica
Veia cava
superior
Tronco
Aorta pulmonar
Auricula
direita
Sulco
interventricular
anterior
Ventrículo
direito Ventrículo
esquerdo
Margem
direita
Ápice
142
Sistema Circulatório
Anatomia interna
Internamente no átrio direito, encontram-se os músculos em forma de tre-
liça, denominados músculos pectíneos. No septo interatrial, encontramos uma
depressão oval que é um remanescente do forame oval do feto. Esta depressão
é denominada fossa oval. Na vida fetal, o forame oval permite que o sangue
oxigenado que entra no coração pelo átrio direito passe diretamente ao átrio
esquerdo e, portanto, desvie dos pulmões que não são ainda funcionais. Ao
nascimento, esse foram e desaparece permanecendo apenas a marca desse o ri-
fício, ou seja, a fossa oval.
Nos ventrículos as superfícies internas são irregulares devido à projeção de fei-
xes musculares, as trabéculas cárneas. São três os tipos de trabéculas: cristas, pontes
e músculos papilares (estes últimos fazem parte do aparelho valvar). No ventrículo
direito, encontra -se a valva atrioventricular direita (tricúspide) e, no ventrículo es-
querdo, a valva atrioventricular esquerda (bicúspide ou mitral).
Válvula semilunar
Miocárdio
143
Anatomia Humana Básica
Valva
atrioventricular -\--lr-'i1\o;;:------,P.r:---=-
direita
144
Sistema Circulatório
Ciclo cardíaco
O coração exibe um ciclo rítmico definido de contração e relaxamento. Na
sístole, ocorre a contração e o coração expulsa o sangue de suas cavidades.
Na diástole, o músculo cardíaco relaxa e suas cavidades se enchem de sangue.
Estes movimentos são sincronizados e enquanto os átrios se enchem, os ven-
trículos se esvaziam e vice-versa.
Tipos de circulação:
+ circulação pulmonar ou pequena circulação: tem início no ventrículo direi-
to, de onde o sangue é bombeado para a rede capilar dos pulmões. Depois
de sofrer a hematose (troca de C02 por 0,), o sangue oxigenado retoma
ao átrio esquerdo. Em síntese, é uma circulação coração-pulmão-coração.
+ circulação sistêmica ou grande circulação: tem início no ventrículo es-
querdo, de onde o sangue é bombeado para a rede capilar dos tecidos do
organismo. Após as trocas, o sangue retoma pelas veias ao átrio direito.
Em resumo, é uma circulação coração-tecidos-coração.
+ circulação portal: neste tipo de circulação, uma veia interpõe-se entre
duas redes de capilares, sem passar por um órgão intermediário. Isto
acontece na circulação portal hepática, provida de uma rede capilar no
intestino (onde há absorção dos alimentos) e outra rede de capilares
sinusoides no fígado (onde ocorrem complexos processos metabólicos),
ficando a veia porta interposta entre as duas redes.
145
Anatomia Humana Básica
Veias pulmonares
SANGUE
ARTERIAL
SANGUE
VENOSO
Veia
mesentérica
superior
146
Sistema Circulatório
Nó sinoatrial
Nó
atrioventricular
atrioventricular
Atrioventricular
(ramo esquerdo)
Fascículo
Atrioventricular
(ramo direito)
147
Anatomia Humana Básica
Artérias
São vasos que se originam nos ventrículos do coração (aorta e tronco pul-
monar), e quando se ramificam, distribuem o sangue a todas as partes do cor-
po humano; nelas o fluxo sanguíneo é centrífugo.
DIFERENÇAS COM
AS VEIAS
I CALIBRE I ELASTICIDADE I RAMOS ISITUAÇÃO
Paredes mais Elásticas Mantém TERMINAIS: SUPERFICIAIS:
resistentes (grande o fluxo quando a ar- geralmente
calibre) sanguíneo téria principal são oriundas
constante, deixa de existir das artérias
durante a (divisão) musculares e se
diástole, Ex. artéria destinam à pele.
através da radial e ulnar
energia (ramos termi-
potencial nais da artéria
da sístole braquial).
ventricular.
Localização Arteríolas
sempre profunda (pequeno
calibre)
Não apresentam
válvulas
No cadáver: vazias
e esbranquiçadas
No vivo: pressão
do sangue maior,
pulsação, cor
avermelhada.
148
Sistema Circulatório
Veias
Vasos que recolhem o sangue dos tecidos, confluindo umas com as outras
até a formação das veias cava; nelas, o fluxo sanguíneo é centrípeto (coração).
DIFERENÇAS COM
ASARTERIAS
ICALIBRE ISITUAÇÃO
Têm paredes mais Grande, médio, pequeno; SUPERFICIAIS:
frágeis vênulas subcutâneas; mais
calibrosas nos membros
e no pescoço. Auxiliam a
circulação profunda. Não
acompanham as artérias;
Forma achatada
149
Anatomia Humana Básica
Fluxo de sangue
Artérias
O vaso que ascende do ventrículo esquerdo do coração chama-se parte
ascendente da aorta, da qual se originam as artérias coronárias direita e es·
querda. A aorta forma um arco para a esquerda chamado arco da aorta, dela
originam-se o tronco braquiocefálico (à direita), a artéria carótida comum es·
querda e a artéria subclávia esquerda. As artérias carótida comum direita e a
artéria subclávia direita se originam do tronco braquiocefálico. Cada artéria
carótida comum divide-se em artérias carótida interna e externa no pescoço.
150
Sistema Circulatório
[ A. Comunicanle An terior ]
151
Anatomia Humana Básica
Ramo
Marginal
Direito
A. Coronária
Esquerda
153
Anatomia Humana Básica
A. Esplfnka
A. Hepjtica Comum
A. G'st rica Esque rda
A. lllae~~lnte rnil
A. maca Externa
A artéria ilíaca interna dirige-se aos órgãos da região pélvica e aos mús-
culos glúteos enquanto a artéria ilíaca externa encaminha-se ao membro
inferior. Ao passar pelo ligamento inguinal ela passa a se chamar artéria
femoral, vaso este que forma um ramo importante denominado artéria fe-
moral profunda . A artéria femoral se torna artéria poplítea quando passa
para a face posterior do joelho. Esta artéria, então, divide-se em artéria ti-
bial anterior e artéria tibial posterior sendo que da artéria tibial posterior
origina-se a artéria fibular.
154
Sistema Circulatório
Veias
As veias de todo o corpo (exceto dos pulmões) convergem para a veia cava
superior e a veia cava inferior. Assim como as artérias. as veias são denominadas
de acordo com a região na qual elas se encontram ou o órgão que elas drenam, po·
dendo ser superficiais (sob a pele) ou profundas (próximas das artérias principais).
O sangue do couro cabeludo, da face e da região superficial do pescoço é
drenado pelas veias jugulares externas que descem pela lateral do pescoço até
alcançar as veias subclávias direita e esquerda, atrás da clavícula. O par de veias
jugulares internas drena o sangue do encéfalo e das regiões profundas da face e
do pescoço. Essas veias originam-se dos seios venosos da dura-máter, uma sé-
rie de canais entre as duas camadas da dura-máter. As veias jugulares internas
encontram-se com as veias subclávias formando as veias braquiocefálicas di-
reita e esquerda. A união das veias braquiocefálicas forma a veia cava superior
que desemboca no átrio direito do coração.
v. cavaSupedor ] ~
-~
A
------
Figura 8.14- Principais veias da cabeça e pescoço
155
Anatomia Humana Básica
Termin1çio
V•
Intercostais
Posteriores
E.s.q uerdlls
156
Sistema Circulatório
157
Anatomia Humana Básica
Em vez disso, o fluxo venoso desses órgãos passa primeiramente através dos
capilares do fígado. A esse sistema dá -se o nome de sistema porta hepático ou
circulação portal (já explicada anteriormente). Ele é constituído pela veia me-
sentérica superior (intestino delgado e lado direito do intestino grosso), veia
mesentérica inferior (intestino grosso) e veia esplênica (baço). Essas veias con-
fluem para um único vaso denominado veia porta que penetra no fígado. Esse
sangue depois de ser trabalhado pelos capilares do fígado é enviado pelas veias
hepáticas para a veia cava inferior.
Sistema linfático
O sistema linfático está intimamente relacionado com o sistema circulató-
rio, estrutural e funcionalmente. Uma rede de vasos linfáticos drena o excesso
de líquido intersticial e devolve-o à corrente sanguínea pelo fluxo em um só
sentido que se movimenta lentamente em direção à junção das veias subclá-
vias com as jugulares. Além disso, o sistema linfático funciona na absorção de
gordura e na defesa do corpo contra micro-organismos e outras substâncias
estranhas. Em resumo, o sistema linfático tem três funções principais:
1. Transporta o excesso de líquido intersticial, que se formou inicialmente
como filtrado do sangue.
2. Serve como rota através do qual as gorduras absorvidas e algumas vita-
minas são transportadas do intestino delgado para o sangue.
158
Sistema Circulatório
Componentes:
Dueto torácico:
O líquido que circula no interior dos condutos linfáticos é a linfa que pro -
cede do líquido intersticial assimilado pelos capilares linfáticos. É de cor le-
vemente amarelada, transparente, faz exceção a linfa intestinal que é branca e
leitosa pelo alto teor em gorduras e se chama quilo.
159
Anatomia Humana Básica
160
Sistema Circulatório
Órgãos linfáticos:
REFERÊNCIAS
161
Renato Murcia
Graduação em Odontologia pela Universidade de Mogi das Cruzes - UMC.
Especialista em Ensino Odontológico, pelo Centro de Pós-Graduação da Uni-
versidade de Mogi das Cruzes - UMC. Nível de Especialização em Iniciação
Didática e Científica em Anatomia Humana, na disciplina de Anatomia da Fa-
culdade de Ciências Médicas de Santos da Fundação Lusíadas - FCMS. Mestre
em Morfologia Aplicada, ênfase em Anatomia Humana, pelo Programa de Pós-
-Graduação da Universidade Cidade de São Paulo- UNICID. Docente do Cen-
tro Universitário São Camilo de São Paulo, na disciplina de Anatomia Humana.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
Enquanto o sistema digestório elimina por si só os dejetos alimenta-
res, os produtos do metabolismo de todas as células do corpo humano são
constantemente lançados no sangue e precisam ser eliminados antes que o
nosso sangue se torne um lixo metabólico cumulativo. A eliminação dos
metabólitos celulares é realizada principalmente pelo sistema urinário me-
diante a seleção de elementos a serem desprezados na urina. Dessa forma,
a partir do sangue circulante, estruturas especializadas internas dos rins
realizam a filtração, reabsorção e excreção (eliminação) por via urinária,
por meio de estruturas tubulares, para o meio externo (micção).
Além disso, os rins podem secretar, diretamente na urina, os produtos
do metabolismo que existem em excesso no sangue, como elementos bá-
sicos e ácidos, que podem modificar profundamente o equilíbrio ácido-
-básico do organismo e provocar doenças graves.
Dentre as múltiplas funções do rim, a função principal é a manu-
tenção do equilíbrio de água e eletrólitos, elementos essenciais da com-
posição sanguínea. Assim sendo, o exagero na ingestão de água e ou de
sal, ao ser absorvido pelo sistema digestório e alcançar a circulação san-
guínea, é eliminado para não haver edema e nem a elevação da pressão
sanguínea. Esta manutenção do equilíbrio ideal de água e eletrólitos é
realizada ininterruptamente pelos rins durante toda a nossa existência.
164
CAPÍTUL09
SISTEMA URINÁRIO
Renato Murcia
Composição anatômica
165
Anatomia Humana Básica
Rim
Ureter
Bexiga urinária
Uretra
RINS
Anatomia Externa
166
Sistema Urinário
Glândula suprarrenal
Margem lateral I
I
Pelo hilo renal entra a artéria renal e saem a veia renal e a pelve renal, jun-
tamente nervos e linfáticos. Todas essas estruturas, consideradas em conjunto,
formam o pedículo renal, com a pelve posicionada posteriormente aos vasos
sanguíneos.
A pelve é uma dilatação, em forma de funil, coletora da urina proveniente
do interior do rim, que se continua no ureter, ainda na região do hilo renal,
com direção inferior.
O hilo dá continuidade a um espaço interno e central, como uma fossa
escavada, no interior do rim, denominada seio renal, ocupada pelo pedículo
renal, pelos cálices renais e por razoável quantidade de gordura.
Cada rim é envolvido por um tecido fibroso que reveste sua superfície, a
cápsula fibrosa, sendo essa, a camada mais interna de revestimento do órgão.
167
Anatomia Humana Básica
Por fora dessa cápsula, encontramos uma camada média de tecido gorduroso,
a cápsula adiposa. A camada mais externa, dupla, é a fáscia renal, que atua
como elemento de fixação na parede posterior do abdome.
Cápsula
fibrosa
Pedículo
renal
Anatomia Interna
168
Sistema Urinário
Papila renal
Pirâmide
renal
Cálices renais
Coluna
renal
Ureter - parte
abdominal
169
Anatomia Humana Básica
URETERES
Os ureteres, um para cada rim, são tubos musculomembranáceos, es-
treitos e longos, com 25 em de comprimento, que descem junto à parede
posterior do abdome e da pelve, divididos em partes abdominal e pélvica,
conforme a região que percorrem, penetram nas faces posterolaterais da be-
xiga urinária, onde percorrem, por curto trajeto, a sua parede, como parte
intramural, desembocando no interior da bexiga, no óstio do ureter (direito
e esquerdo). Nesta parte intramural, a musculatura da parede da bexiga, du-
rante o seu enchimento, pode fazer uma compressão, impedindo um possí-
vel refluxo ureteral.
Suas paredes são formadas por 3 túnicas: adventícia (fibrosa), muscular e
mucosa, com a muscular realizando movimentos peristálticos, induzindo a
condução da urina.
BEXIGA URINÁRIA
Orgão ímpar, cavitário, musculomembranáceo, também retroperitoneal,
atuante como um reservatório temporário da urina. Constitui a porção mais
dilatada das vias urinárias. Está localizada posteriormente à sínfise púbica, na
região anterior da pelve.
Mantém relações topográficas, no homem, com o reto posteriormente,
com a próstata, inferiormente as ampolas dos duetos deferentes e as glândulas
seminais, inferoposteriormente. Na mulher, relaciona-se com a vagina poste-
riormente, a qual se interpõe entre a bexiga e o reto, e com o útero, superior-
mente, que se projeta para cima e para frente da bexiga.
Quando está vazia, sua forma é semelhante à uma pirâmide invertida, prin-
cipalmente na mulher, devido à presença do útero, acentuando o achatamento
superior. Quando está cheia, assume forma esférica, se expandindo para a ca-
vidade abdominal, pois, mesmo sendo mantida na sua posição pelo peritônio,
a distensão das suas paredes lhe confere certa mobilidade.
Apresenta capacidade de armazenamento em torno de 800 ml de urina,
embora, quando atinge a média de 300 ml, já ocorrem estímulos que desenca-
deiam a ação reflexa neurológica necessária para o seu esvaziamento. Impulsos
nervosos determinam contração da musculatura esfinctérica da bexiga, reten-
do a urina no seu interior, ou o relaxamento dessa musculatura e a contração
da musculatura de suas paredes, o músculo detrusor da bexiga, ocorrendo,
assim, o seu esvaziamento. À ação excretora, dá-se o nome de micção.
A mucosa da bexiga, quando está vazia, apresenta-se pregueada, frouxa,
devido à sua condição retraída, vez que trata-se de órgão que sofre dilatação
e retração. Na sua base, região inferior, abrem-se os dois óstios dos ureteres,
170
Sistema Urinário
URETRA
Componente final das vias urinárias, estabelecendo a comunicação com o
meio externo. Em ambos os sexos, a uretra se inicia em seu óstio interno e ter-
mina se abrindo para o exterior no seu óstio externo. Apresenta, também, os
esfíncteres, interno e externo, já descritos. As características aqui apresentadas
são comuns para a uretra masculina e a uretra feminina, diferindo, apenas, nas
suas localizações e aspectos morfofuncionais.
Podemos, assim, estabelecer um estudo comparativo entre ambas:
Uretra Feminina
Quanto aos aspectos anatômicos, tem posição posterior à sínfise púbica e ante-
rior à vagina. É relativamente curta e reta, com 4 em de comprimento. Sua abertura
para o exterior se dá no óstio externo da uretra, localizado na região do vestíbulo
da vagina, acima do óstio da vagina.
Quanto ao aspecto funcional, desempenha somente função urinária, con-
duzindo a urina para sua eliminação.
Uretra Masculina
171
Anatomia Humana Básica
URETRA URETRA
MASCULINA FEMININA
172
Sistema Urinário
REFERÊNCIAS
173
Sérgio Ricardo Rios Nascimento
Mestre em Morfologia pelo Departamento de Biologia Estrutural e Fun-
cional pela UNIFESP/EPM, São Paulo - SP Especialista em Anatomia Ma-
croscópica e por Imagens pelo Centro Universitário São Camilo. Tecnólogo em
Radiologia atuando com Tomografia Computadorizada e Ressonância Mag-
nética no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Docente no Cen tro Universitário
São Camilo nas disciplinas de Anatomia humana, Anatomia Seccional por
TC e RM, e Técnicas Anatômicas, nos cursos de graduação e pós-graduação.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
Qualquer sociedade dos animais é constituída de elementos da mes-
ma espécie e esta relação permite a proteção do grupo perante as outras
espécies. Portanto, quanto maior a população maior é a sua sobrevivência
no meio em que vive. Assim, a reprodução dos seres da mesma espécie é
considerada como sendo um fator relevante em qualquer espécie animal.
Biologicamente, a evolução dos seres fez com que o cruzamento entre
diferentes espécies não produzisse proles.
O ser humano, como qualquer outra espécie animal, perpetua a sua
espécie pelo processo de reprodução sexuada.
Quando se analisa a anatomia do sistema reprodutor, observa-se a
existência de órgãos de cópula (pênis e vagina), órgãos de produção de
óvulos (testículo e ovário) e tubos de transporte dos óvulos (duetos defe-
rentes e tubas) e somente no sexo feminino observa-se um órgão reserva-
tório para o desenvolvimento do feto (útero).
Nos órgãos de cópula, ocorrem eventos que facilitam a cópula, tais
como glândulas que produzem líquidos lubrificantes, estruturas que pro-
movem a ereção do pênis, todos destinados a promover uma adequada
cópula e fecundação entre os gametas masculinos e femininos.
Quando se associa a anatomia à função fisiológica, torna-se completa
a compreensão da existência das estruturas que compõem os sistemas,
além de possibilitar a compreensão das possíveis doenças dos órgãos se-
xuais e sexualmente transmissíveis.
Ivan Hong Jung Koh'
176
CAPÍTULO 10
SISTEMA GENITAL
MASCULINO
Sérgio Ricardo Rios Nascimento
Escroto
177
Anatomia Humana Básica
Testículos
São os órgãos reprodutores masculinos primários, ou gônadas, sendo os
ovários o seu homólogo no corpo feminino. Constituem dois órgãos elipsoides
(direito e esquerdo) medindo cerca de 5 em por 2,5 em, estão contidos no in-
terior do escroto, suspensos pelo músculo dartos e pelo funículo espermático
(um tubo de fáscia contendo vasos e nervos testiculares e o dueto deferente).
Possui uma cápsula externa fibrosa resistente, denominada túnica albugínea,
que envolve uma massa de túbulos seminíferos enrolados e agrupados que
correspondem a cerca de 80% da massa testicular e são o local de produção
dos espermatozoides. Entre os túbulos seminíferos existe um tecido intersti-
cial, onde localizam-se os vasos sanguíneos e as células intersticiais de Leydig,
produtoras do hormônio testosterona. Os túbulos seminíferos deixam os testí-
culos e se unem, formando o epidídimo.
Pênis
Coroa da glande
Glande do pênis
178
Sistema Genital Masculino
Epidídimo
Localizado na margem posterior de cada testículo, o epidídimo é o local de
armazenamento e maturação dos espermatozoides produzidos pelo respectivo
testículo. Cada epidídimo é dividido súpero-inferiormente em cabeça, corpo e
cauda. A continuação de sua cauda é o início do dueto deferente .
.,----Dueto deferente
Túbu los
semi níferos
Dueto deferente
Os duetos deferentes emergem da cauda de cada epidídimo, tendo cada um
cerca de 45 em. Cada dueto sobe pela parte posterior de seu funículo esper-
mático atravessando o canal inguinal e seguindo até a face posterior da bexiga
unindo-se ao dueto da glândula seminal (dueto excretor), formando o dueto
ejaculatório. Tem como função transportar os espermatozoides produzidos
pelos testículos e armazenados no epidídimo, até o dueto ejaculatório, quedes-
te seguirá até a uretra. Em sua porção final seu lúmen torna-se dilatado e tor-
tuoso, sendo denominado ampola do dueto deferente, tornando-se novamente
reduzido antes de se encontrar com o dueto excretor da glândula seminal.
179
Anatomia Humana Básica
Glândula seminal
São glândulas exócrinas de cerca de 5 em com formato sacular posiciona-
das entre a bexiga e o reto. Terminam em um dueto excretor o qual une-se
ao dueto deferente dando origem ao dueto ejaculatório. O líquido produzido
por elas participa da composição do sêmen (mistura resultante da união dos
espermatozoides com o líquido produzido pelas glândulas acessórias masculi-
nas - seminais, próstata, e bulbouretrais, que é ejaculado durante o ato sexual)
fornecendo nutrientes aos espermatozoides.
Dueto ejaculatório
Dueto formado pela união do dueto excretor das glândulas seminais com a
extremidade terminal do dueto deferente, possuindo cada um cerca de 2,5 em
de comprimento. Eles se projetam na próstata terminando em uma abertura
na parte prostática da uretra em uma região chamada de colículo seminal.
Próstata
A próstata é uma glândula fibromuscular de formato semelhante a uma noz
medindo cerca de 4 em de comprimento por 2 em de largura, está localizada
na base da bexiga anteriormente à ampola reta!, envolvendo a parte prostá-
tica da uretra e ambos os duetos ejaculatórios. O líquido produzido por ela
contribui para a nutrição dos espermatozoides além de agir com um tampão,
neutralizando a acidez da vagina.
Bexiga
urinária
Ureter
Glândula seminal
Ampola do
dueto deferente
Próstata
180
Sistema Genital Masculino
Glândulas bulbouretrais
Constituem um par de pequenas glândulas semelhantes a ervilhas localiza-
das lateralmente à parte membranácea da uretra, acima do bulbo do pênis. Cada
uma possui um dueto que segue obliquamente até abrir-se na parte esponjosa
da uretra em um minúsculo orifício no qual secreta um muco que antecede a
ejaculação, lubrificando e diminuindo a acidez da uretra, preparando-a para
a passagem dos espermatozoides.
~ Bexiga urinária
~ / Parte prostática
da uretra
Próstata
Glândula seminal
Parte Dueto
membranácea ejaculatório
da uretra
Corpo Reto
cavernoso
Parte Glândula
esponjosa bulbouretral
da uretra
Pênis
É o órgão sexual masculino, através do qual os espermatozoides são transfe-
ridos do homem para a mulher durante o ato sexual. Consiste de uma raiz fixa
no períneo, e um corpo livre e pendente, completamente recoberto por pele.
É composto por três massas de tecido erétil, dois corpos cavernosos (direito
e esquerdo) e um corpo esponjoso. O enchimento deste tecido com sangue au-
menta o tamanho do pênis tornando-o firme, este processo é chamado de ereção.
A raiz do pênis é formada pelos ramos do pênis (extremidade posterior dos
corpos cavernosos) e pelo bulbo do pênis (extremidade posterior do corpo
181
Anatomia Humana Básica
A B
Corpo
cavernoso - -fT-rf!lla\"0::4
esponjoso
182
Sistema Genital Masculino
REFERÊNCIAS
183
A/ex Kors Vidsiunas
Doutor em Biologia Celular e Tecidual (USP). Mes tre em Biologia Celu-
lar e Estrutural (Unicamp). Graduado em Ciências Biológicas (Unicamp).
Especialista em Anatomia Humana Macroscópica (Centro Universitário São
Camilo ). Atua como professor de diferentes disciplinas dentro da Morfologia
para cursos de Graduação e de Pós-Graduação.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
Qualquer sociedade dos animais é constituída de elementos da mes-
ma espécie e esta relação permite a proteção do grupo perante as outras
espécies. Portanto, quanto maior a população maior é a sua sobrevivência
no meio em que vive. Assim, a reprodução dos seres da mesma espécie é
considerada como sendo um fator relevante em qualquer espécie animal.
Biologicamente, a evolução dos seres fez com que o cruzamento entre
diferentes espécies não produzisse proles.
O ser humano, como qualquer outra espécie animal, perpetua a sua
espécie pelo processo de reprodução sexuada.
Quando se analisa a anatomia do sistema genital, observa-se a exis-
tência de órgãos de cópula (pênis e vagina), órgãos de produção ovócitos
(ovários) e espermatozoides (testículos) e tubos de transporte destes ga-
metas (tubas uterinas e duetos deferentes) e somente no sexo feminino
observa-se um órgão reservatório para o desenvolvimento e crescimento
do embrião e, depois feto (útero).
Nos órgãos de cópula, ocorrem eventos que facilitam a cópula, tais
como glândulas que produzem líquidos lubrificantes, estruturas que pro-
movem a ereção do pênis, destinados a possibilitar uma adequada cópula
e fertilização entre os gametas masculino e feminino.
Quando se associa a anatomia à função fisiológica, torna-se completa
a compreensão da existência das estruturas que compõem os sistemas,
além de possibilitar a compreensão das possíveis doenças sexuais e sexu-
almente transmissíveis.
Ivan Hong Jung Koh'
186
CAPÍTULO 11
SISTEMA GENITAL
FEMININO
A/ex Kors Vidsiunas
Genitália interna
Ovários
Na mulher adulta, em estado não gravídico, estão presentes dois ovários
de formato ovoide, apresentando as seguintes dimensões médias: 4,0 x 2,0 x
3,0 em (comprimento x largura x espessura), localizados na cavidade pélvica,
de coloração branca pardacenta, sua superfície externa apresenta-se lisa e se
localizam, cada um, lateralmente em relação ao útero.
É no interior de cada um dos ovários que ocorrem o desenvolvimento, o
crescimento e a maturação dos folículos ovarianos, cada qual contendo um
ovócito (nome dado ao gameta sexual feminino) e demais células que o circun -
dam. Após a puberdade os ovários tornam-se rugosos e acinzentados devido à
expulsão dos ovócitos através do processo de ovocitação (antigamente, ovula-
187
Anatomia Humana Básica
ção). Isto ocorre porque os ovários não possuem um local próprio para a saída
dos ovócitos, que rompem a superfície destes órgãos, deixando cicatrizes.
Os ovários, também descritos no capítulo referente ao sistema endócrino
(capítulo 14), são os órgãos responsáveis pela síntese e secreção de dois hor-
mônios sexuais femininos importantes: o estrógeno e a progesterona.
Trata-se de um órgão maciço cuja parte interna é dividida em córtex, porção
mais superficial (próxima à superfície do ovário) e que contém os folículos ovaria-
nos e; medula, porção mais profunda (distante da superfície do ovário), que recebe
os vasos sanguíneos e linfáticos, além de nervos que se relacionam com o órgão.
Cada um dos ovários é mantido em suas respectivas posições devido à pre-
sença de algumas estruturas ligamentares, tais como o ligamento útero-ovárico
(que une o útero ao ovário), o ligamento suspenso r do ovário e o mesovário
(situado entre o ovário e a tuba uterina), que é uma parte do peritônio .
Tubas uterinas
Cada uma das tubas uterinas apresenta formato tubular com a extremidade
lateral dilatada. Medem, em média, 10-ll em de comprimento e apresenta as
seguintes partes anatômicas, de lateral (onde se encontra o ovário) para mediai
(onde se encontra o útero): infundíbulo da tuba uterina que contém as fímbrias
da tuba uterina e a fímbria ovárica, ampola da tuba uterina (porção maior e
mais dilatada da tuba uterina e onde, normalmente, ocorre a fertilização do
ovócito pelo espermatozoide), istmo da tuba uterina e parte uterina da tuba ute-
rina (parte intramural, que atravessa a parede do útero) . Abrem-se na cavidade
do útero por meio de uma abertura denominada óstio uterino da tuba.
A tuba uterina pode captar e conduzir o ovócito até o útero, além de propi-
ciar o local onde ocorre a fertilização (encontro entre o ovócito e o espermato-
zoide) . O órgão é mantido em sua posição por meio de uma parte do peritônio
que é denominado mesossalpinge.
útero
O útero, situado medianamente na cavidade pélvica, entre a bexiga uriná-
ria e o espaço uterovesical (anteriormente) e, o reto e a escavação retouterina
(posteriormente) . Conecta-se com cada uma das tubas uterinas, situadas late-
ralmente. Apresenta o formato semelhante ao de uma pera invertida e possui
uma cavidade, a cavidade do útero (uterina). O útero de uma mulher adulta
nulípara (que nunca teve uma gestação) mede cerca de 6,0-8,0 em de compri-
mento, pesando entre 50 a 70 g. Em mulheres adultas que tiveram ao menos
uma gestação apresenta comprimento entre 9,0-10,0 em e peso de 80 g.
188
Sistema Genital Feminino
189
Anatomia Humana Básica
Fundo do útero
Cavidade do
Fórnice
da vagina Colo do útero
Vagina
Ostio do útero
Vagina
A vagina é um órgão interno e apresenta formato tubular e é oco. Comuni-
ca-se superiormente com a parte inferior do colo do útero e inferiormente com
o meio externo através da abertura conhecida como óstio da vagina, abrindo-
-se em um espaço conhecido como vestíbulo da vagina, situado entre os dois
lábios menores do pudendo (ver adiante).
É o órgão da cópula feminino e como o próprio nome sugere é a bainha
que recebe o pênis (órgão da cópula masculino) durante a relação sexual. Além
disso, a vagina é responsável pela eliminação dos produtos menstruais e pela
saída do feto durante o parto. Sua parede anterior mede cerca de 7,5 em de
comprimento, enquanto a posterior, 9,0 em de comprimento.
A associação entre a vagina e o colo do útero é denominada canal do parto.
Já o encontro entre ambas estruturas, ou seja, entre a vagina e o colo do útero,
forma uma cavidade conhecida como fórnice da vagina. Esta cavidade, isto é,
o fórnice da vagina, torna o colo do útero mais visível, o que facilita as punções
quando necessárias.
190
Sistema Genital Feminino
Infundibulo e fímbrias
Ampola da da tuba uterina
tuba uterina -------"--
Ovário
Fórnice da
vagina
Cavidade Ostio do
do útero útero
Vagina
Genitália externa
Pudendo Feminino
Pudendo feminino é o nome dado ao conjunto de estruturas que constituem
a genitália externa feminina e que estão localizados a partir da região púbica,
caminham posteriormente no períneo sem chegar, no entanto, à região anal.
O pudendo feminino é constituído pelas seguintes estruturas: monte do pú-
bis, lábios maiores do pudendo, lábios menores do pudendo, vestíbulo da vagina
e clitóris. Cada uma dessas estruturas será mais bem descrita a seguir.
Anteriormente à sínfise púbica, encontra-se o monte do púbis, que é uma
região mais alta, pois é rica em tecido adiposo e revestida por pele e pelos pu-
bianos grossos.
191
Anatomia Humana Básica
Clitóris
Lábio maior
/ ~------~-- do pudendo
/
Lábio menor
do pudendo
Ostio da vagina
192
Sistema Genital Feminino
REFERÊNCIAS
193
Magno César Vieira
Graduado em Ciências Biológicas (Licenciatura e Bacharelado) pela Uni-
versidade de Taubaté. Mestre em Morfologia pela Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP). Docente da Disciplina de Anatomia Humana e Neuroa-
natomia na Universidade Federal de São Paulo, Universidade de Taubaté e
Centro Universitário São Camilo.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
Qualquer animal multicelular precisa coordenar precisamente as uni-
dades celulares que, em conjunto, constituem o seu organismo. Para que as
funções específicas atribuídas às células sejam executadas de forma precisa,
é necessário um sistema que coordene os múltiplos grupos celulares. Esta
função foi atribuída ao sistema nervoso com a finalidade de controlar o
meio interno do organismo, além de possibilitar o estabelecimento da inte-
ração adequada do organismo com o meio externo onde vive.
O controle do meio interno pode ser exemplificado como sendo a
adequação de batimentos cardíacos e da frequência respiratória durante
exercício físico, produção de calor para manter a temperatura corporal
adequada nos dias frios, coordenação do ritmo de digestão do alimento
quando a comida é deglutida entre outras numerosas funções.
Quanto à interação com o meio externo, pode-se exemplificar com
a captação de estímulos sensoriais de visão, olfato, audição, gustação e
também de situações de emergência, tais como, o incêndio, presença de
animais perigosos, quando é necessária a percepção do perigo associada
à liberação de adrenalina para uma fuga efetiva.
O nosso sistema nervoso utiliza células nervosas (neurônios) para efetuar
esta coordenação do corpo, seja de forma voluntária, como quando quere-
mos andar ou correr, ou de forma involuntária, como no controle da respira-
ção durante o sono e aceleração do batimento cardíaco, durante o exercício,
ambos os controles realizados de forma independente da nossa vontade.
Todas as coordenações desempenhadas pelo sistema nervoso são to-
talmente dependentes da integridade de suas unidades celulares e dos
neurotransmissores por elas produzidos e as alterações destes podem
provocar grandes distúrbios no bom funcionamento do corpo ou na boa
interação com o meio externo.
196
Sistema Nervoso
Ca ítulo 12
SISTEMA NERVOSO
Magno César Vieira
INTRODUÇÃO
O sistema nervoso origina-se por volta do 2Qo dia de gestação, por meio de
um espessamento do ectoderma situado acima da notocorda, formando a pla-
ca neural que se espessa e nesta, aparece um sulco longitudinal, o sulco neu-
ral, que se aprofunda para constituir a goteira neural. As margens da goteira
neural se aproximam e se fundem para formar o tubo neural. Neste ponto, ao
longo do tubo neural desenvolvem-se células que formam uma lâmina longi-
tudinal, a crista neural.
A parte cranial do tubo neural dilata-se para dar origem ao encéfalo primi-
tivo e a porção mais caudal permanece uniforme originando a medula espinal.
O encéfalo primitivo apresenta três dilatações, denominadas prosencéfalo,
mesencéfalo e rombencéfalo. Do prosencéfalo, desenvolvem-se duas outras
vesículas, o telencéfalo e diencéfalo e, do rombencéfalo originam-se o meten-
céfalo e o mielencéfalo.
197
Anatomia Humana Básica
S. N.P. ~ GÂ NGLIOS
TERMINAÇÕ ES NERVOSAS
Divisão embriológica
198
Sistema Nervoso
Diencéfalo
Neste critério, o sistema nervoso pode ser dividido em sistema nervoso so-
mático, que relaciona o organismo com o meio externo, e o sistema nervoso
visceral, que controla as atividades viscerais, ou seja, relaciona o organismo com
o seu meio interno. Em ambos os tipos, podemos identificar um componente
aferente e outro eferente. Os componentes aferentes do sistema nervoso somá·
tico e visceral conduzem impulsos originados, respectivamente, em receptores
periféricos que geram estímulos mediante alterações do meio ambiente e, em
receptores viscerais devido às modificações do meio interno. O componente efe-
rente do sistema nervoso somático leva impulsos do sistema nervoso central aos
órgãos efetuadores (músculo estriado esquelético) e, aquele do sistema nervoso
visceral conduz impulsos ao músculo estriado cardíaco, músculo liso da pare-
de visceral e dos vasos e glândulas. O componente eferente do sistema nervoso
visceral é conhecido como sistema nervoso autônomo que se divide em partes
simpática e parassimpática.
199
Anatomia Humana Básica
IAFERENTE : Exterocepçã o
S. N. SOMÁTICO
(VIDA DE RELAÇÃO)
<
I AFERENTE Noc•ce pção
S. N. VISCERAL
(VIDA VEGE TATIVA)
Divisão segmentar
TECIDO NERVOSO
A Histologia é a disciplina que aborda, de maneira sistemática, as estrutu-
ras constituintes do tecido nervoso. Neste capítulo, faremos uma abordagem
bastante simplificada para melhor compreensão do conteúdo anatômico. O
tecido nervoso compreende, basicamente, dois tipos celulares, os neurônios e
as células da glia ou neuroglia.
Os neurônios são células excitáveis capazes de gerar e responder a estí-
mulos. Estes estímulos podem ser conduzidos para outros neurônios e/ou
células efetuadoras (secretoras e musculares) por meio de impulso nervoso,
uma onda de atividade elétrica gerada por despolarização da membrana (al-
teração do potencial de ação) . Os neurônios detectam, conduzem, analisam
e controlam os estímulos, coordenando e regulando as funções orgânicas
por meio de sinapses excitatórias e inibitórias. Estas células são constituídas
pelas seguintes partes:
+ Corpo ou pericário: é o centro trófico da célula com capacidade de re-
ceber e processar estímulos. É constituído pelo núcleo e pelo citoplasma
que o envolve. Deste partem os seus prolongamentos, dendritos e axônio.
200
Sistema Nervoso
201
Anatomia Humana Básica
MEDULA ESPINAL
202
Sistema Nervoso
203
Anatomia Humana Básica
Substância branca
Situada perifericamente ao "H" medular (substância cinzenta), e forma-
da por fibras nervosas mielínicas que se agruopam em tratos e fascículos por
onde passam os impulsos nervosos sensitivos (ascendentes) e motores (des-
cendentes) localizadas de cada lado, nos funículos anterior, lateral e posterior.
204
Sistema Nervoso
Radículas anteriores
Nervos
Constituídos por feixes de fibras nervosas mielínicas reforçadas por tecido
conjuntivo que unem o sistema nervoso central aos órgãos periféricos, podem
ser espinais ou cranianos, conforme esta união se faça com a medula espinal ou
com o encéfalo. A função dos nervos é conduzir, através de suas fibras, impulsos
nervosos da parte central do sistema nervoso para a periferia (impulsos eferen-
tes) e da periferia para a parte central do sistema nervoso (impulsos aferentes).
Cada nervo espinal é formado pela união da raiz posterior, sensitiva, com
a raiz anterior, motora, sendo funcionalmente misto. A raiz anterior eferente
ou motora é formada pela união das radículas anteriores que se originam nos
neurônios motores somáticos e neurônios motores pré-ganglionares e, a raiz
posterior, aferente ou sensitiva é formada pela união das radículas posteriores
que correspondem aos prolongamentos central e periférico do axônio do neu-
rônio pseudounipolar situado no gânglio espinal. O gânglio sensitivo do nervo
espinal (=gânglio espinal), localizado na raiz posterior, possui corpos dos neu-
rônios sensitivos pseudounipolares, cujos prolongamentos central e periférico
constituem a raiz dorsal. São 31 os pares de nervos espinais, sendo, 8 cervicais
(C, - C8 ), 12 torácicos (T, - T12 ), 5 lombares (L, - L5), 5 sacrais (S, - S5 ) e 1
coccígeo (Co). Cada tronco do nervo espinal divide-se em ramos igualmente
mistos, um anetrior, com maior contingente de fibras nervosas e, outro poste-
rior. Os ramos posteriores dos nervos espinais inervam a musculatura paraver-
tebral e pele suprajacente, os ramos anteriores, excetuando aqueles dos nervos
espinais torácicos, se intercruzam para constituir os plexos nervosos, cervical,
branquial, lombar e sacra!.
205
Anatomia Humana Básica
206
Sistema Nervoso
A inervação sensitiva do pescoço é dada por ramos deste plexo, tais como, ner-
vos occipital menor, auricular magno, cervical transverso e supraclaviculares.
207
Anatomia Humana Básica
• Fascículo lateral: formado pela união das divisões anteriores dos tron-
cos superior e médio.
• Fascículo mediai: formado pela continuidade da divisão anterior do
tronco inferior.
• Fascículo posterior: formado pela união das divisões posteriores dos
três troncos.
208
Sistema Nervoso
Nervos Intercostais
209
Anatomia Humana Básica
É constituído pelos ramos anteriores dos nervos espinais L1, L2, L3, L4 de
onde emergem os seguintes nervos:
210
Sistema Nervoso
~ )
\(
Figura 12.6- Plexo lombossacral
+ Nervo isquiático (n. ciático): maior nervo do corpo, formado por fi-
bras nervosas de L4 - S3 ; atravessa o forame isquiático maior e emerge
na região glútea inferiormente ao músculo piriforme, desce pela região
posterior da coxa e no ápice superior da fossa poplítea divide-se nos
nervos tibial e fibular comum. O nervo isquiático emite ramos para
suprir os músculos posteriores da coxa (extensores do quadril e flexores
do joelho) e através de seus ramos terminais in erva a musculatura da
perna e pé.
+ Nervo tibial: atravessa a fossa poplítea e penetra na região posterior da
perna profundamente ao músculo sóleo, passa posteriormente ao ma-
211
Anatomia Humana Básica
Plexo Coccígeo
É uma pequena rede de fibras nervosas formadas pelos ramos anteriores
dos nervos espinais S,, S5 e Co. Situa-se na face pélvica do músculo isquiococ-
cígeo. Supre este músculo, parte do músculo levantador do ânus e através dos
nervos anococcígeos inerva a pele entre o cóccix e o ânus.
212
Sistema Nervoso
BULBO
213
Anatomia Humana Básica
zenta, o núcleo olivar inferior; devido suas conexões aferentes com o córtex
cerebral, medula espinal e núcleo rubro, e eferentes com o cerebelo, este núcleo
está envolvido com o aprendizado motor, fenômeno que nos permite realizar
tarefas com velocidade e eficiência cada vez maiores.
A porção fechada do bulbo, posteriormente, é percorrida pelo sulco me-
diano posterior, contínuo com o homõnimo da medula espinal, termina a
meia altura do bulbo, em virtude do afastamento de seus lábios, que contri-
buem para formar os limites laterais do quarto ventrículo. Entre este sulco e
o sulco lateral posterior situa-se a área posterior do bulbo que é continuação
do funículo posterior da medula espinal e como este, dividida em fascículos
grácil e cuneiforme. Os fascículos grácil e cuneiforme - Situados em posição,
respectivamente, mediai e lateral; são formados por feixes de fibras nervosas
ascendentes, provenientes da medula espinal. As fibras destes fascículos fazem
sinapses com neurônios que se agrupam em massas de substância cinzenta, os
núcleos grácil e cuneiforme, responsáveis por formarem duas eminências, os
tubérculos grácil e cuneiforme.
Funcionalmente, o bulbo está relacionado, por intermédio de seus agru-
pamentos neuronais (núcleos) com controle motor, deglutição, tosse, vômi-
to, salivação, movimentos da língua, controle visceral, respiração e controle
vasomotor.
PONTE
214
Sistema Nervoso
215
Anatomia Humana Básica
MESENCÉFALO
O mesencéfalo situa-se entre a ponte, inferiormente, e diencéfalo, superiormen ·
te; é atravessado longitudinalmente por um canal, o aqueduto do mesencéfalo,
que comunica o terceiro ventrículo ao quarto ventrículo. Este canal é circundado
por substância cinzenta, denominada substância cinzenta periaquedutal. A parte
do mesencéfalo situada dorsalmente ao plano transverso que cruza este aqueduto
denomina-se teto do mesencéfalo e, ventralmente, os pedúnculos cerebrais.
O teto do mesencéfalo, numa visão posterior, apresenta quatro eminên-
cias, os colículos superiores e inferiores. O colículo superior é formado por
uma série de camadas constituídas alternadamente de substância cinzenta e
substância branca. Dentre suas conexões aferentes, o braço do colículo supe-
rior reúne fibras nervosas oriundas da retina.
Basendo-se em suas conexões eferentes, podemos afirmar que o colículo
superior está relacionado, respectivamente, com a motricidade da muscula-
tura postura! e certos reflexos que movimentam o bulbo do olho no sentido
vertical. O colículo inferior contém o núcleo do colículo inferior. Este núcleo
recebe fibras nervosas auditivas, sendo um importante relé intermediário das
vias auditivas. Suas conexões eferentes se fazem com o corpo geniculado me-
diai por meio do braço do colículo inferior. O nervo troclear (IV par) emer-
ge inferiormente ao colículo inferior.
Os pedúnculos cerebrais, situados anteriormente ao plano transverso que
passa pelo aqueduto do mesencéfalo, aparecem ventralmente como dois pila-
216
Sistema Nervoso
res de fibras nervosas que surgem na margem superior da ponte para penetrar
profundamente no diencéfalo.
Entre os pedúnculos cerebrais existe uma depressão profunda, a fossa in-
terpeduncular, onde emerge o nervo oculomotor (111 par). Numa secção
transversa do mesencéfalo (Fig. 11.8), os pedúnculos cerebrais são subdivi-
didos em base do pedúnculo cerebral, que reúne fibras nervosas descenden-
tes dos tratos corticospinal, corticonuclear e corticopontino, que formam um
conjunto compacto de fibras, e tegmento do mesencéfalo que além de núcleos
da formação reticular, núcleos de nervos cranianos (oculomotor, troclear e tri-
gêmeo), apresenta o núcleo rubro e a substância negra.
A substância negra é um núcleo compacto, situado entre a base do pedún-
culo cerebral e o tegmento, formado por neurônios que apresentam inclusões
de melanina (razão da coloração escura). São neurônios dopaminérgicos (uti-
lizam a dopamina como neurotransmissor) que apresentam conexões com-
plexas; destacamos aquelas feitas com o corpo estriado em ambos os sentidos
(fibras nigro-estriatais e fibras estriato-nigrais).
A degeneração neuronal deste núcleo está associada à doença de Parkinson.
O núcleo rubro aparece com formato circular nos cortes transversais, mas sua
forma é oblonga no sentido longitudinal. As fibras que chegam neste núcleo
são oriundas do cerebelo e áreas corticais motoras. Os neurônios deste núcleo
participam do controle da motricidade somática; seus axônios conectam-se aos
neurônios motores inferiores da coluna anterior do "H medular" (trato rubros-
pinal) e aos neurônios do núcleo olivar inferior (fibras rubro-olivares).
217
Anatomia Humana Básica
CEREBELO
Núcleo do Núcleo
fastígio globoso
Núcleo
Núcleo denteado
emboliforme
Verme do
cerebelo
Lobo
Lobo
posterior
219
Anatomia Humana Básica
Flóculo Pedúnculo
~...-!:...c----- cerebelar
(seccionado)
Tonsila do
cerebelo
DI ENCÉFALO
Tâlamo
Sulco Epitálamo
Glândula
Hipotálamo pineal
Glândula -----t.-
hipófise
220
Sistema Nervoso
TERCEIRO VENTRÍCULO
EPITÁLAMO
221
Anatomia Humana Básica
TÁLAMO
METATÁLAMO
HIPOTÁLAMO
222
Sistema Nervoso
SUBTÁLAMO
TELENCÉFALO
223
Anatomia Humana Básica
224
Sistema Nervoso
~~-------- Lobo
parietal
Lobo
frontal
Lobo
occipital
225
Anatomia Humana Básica
226
Sistema Nervoso
G1rnfrontol / J'r ~
S"Icopo•<eot"l
médio _r J y \--.. ._ te~:ral
Glto ftontol .J..... sopen:"o
Gltoftontol
inferior
---= ~'/ -
. . .
G1ro temporalmfenor
Sulco temporal sup or
227
Anatomia Humana Básica
228
Sistema Nervoso
229
Anatomia Humana Básica
Giro do
cíngulo
Corpo
caloso
Cúneo
Sulco
calca ri no
231
Anatomia Humana Básica
Bulbo olfatório
Trato olfatório
Quiasma óptico
Unco
Mesencéfalo
Giro
parahipocampal
Fissura
longitudinal
do cérebro
232
Sistema Nervoso
Lobo límbico
Alguns autores consideram como lobo límbico, a disposição continuada
das seguintes formações telencefálicas que circundam estruturas inter-hemis-
féricas: giro do cíngulo - istmo do giro do cíngulo - giro parahipocampal
- unco, e que estão relacionadas com o comportamento emocional, memória
e o controle do sistema nervoso autônomo.
Ventrículo Aqueduto do
lateral ------=- mesencefalo
--====
!li ventrículo
IV ventrículo
233
Anatomia Humana Básica
Espaço
subaracnóideo
Cisterna
interpeduncular
Cisterna
Cisterna cerebelobulbar
pré-pontina posterior
(Magna)
234
Sistema Nervoso
Núcleo {Puta me
lenti forme Globo
pálido
Plexo
corioide
NERVOS CRANIANOS
São doze pares de nervos (Figura 12.21) que recebem esta denominação
por estarem conectados com o encéfalo. Normalmente são estudados associa-
dos ao tronco encefálico, pois dez dos doze pares de nervos cranianos possuem
sua origem real em núcleos situados em suas partes (mesencéfalo, ponte e bul-
bo), excetuando os dois primeiros pares de nervos, o olfatório e o óptico, que
se ligam, respectivamente, com o telencéfalo e diencéfalo. Serão relacionados
os pares de nervos cranianos, descrevendo sua origem real e origens aparentes,
no encéfalo e no crânio, e seus principais aspectos funcionais.
236
Sistema Nervoso
237
Anatomia Humana Básica
238
Sistema Nervoso
Nervo
vestibulococlear (VIII)
Nervo vago (X)
Nervo acessório
(XI)
REFERÊNCIAS
239
Lisley Alves de Oliveira
Fisioterapeuta. Professora de Anatomia Humana de Centro Universi tá-
rio São Camilo. Professora convidada do curso de pós-graduação em ana-
tomia humana latu-senso do Centro Universitário São Camilo. Especialista
em Didática do Ensino Superior e Mestre em Morfologia pela Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP). Membro da Sociedade Brasileira de Ana-
tomia (SBA).
Anatomia Humana Básica
Apresentação
O sistema auditivo nos seres humanos é fundamental para a comuni-
cação e também para ouvir os sons de alerta de um perigo. Sem este sis-
tema, os seres humanos certamente não teriam desenvolvido o principal
instrumento de comunicação: a comunicação verbal. Da mesma forma,
poder enxergar é um fato tão importante para a defesa como para a co-
municação não visual.
No mundo animal onde o ser humano é um dos integrantes, os sen-
tidos especiais proveem a sobrevivência e perpetuação da espécie, sem os
quais estariam extintos. Assim, os animais predadores possuem "sentidos
especiais" altamente desenvolvidos, sendo superiores aos de ser humano,
no entanto, os animais humanos suprem estas deficiências com a inteligên-
cia, ocupando cada vez mais o planeta Terra em relação aos outros seres.
Estudar os elementos anatômicos dos sentidos especiais é o início da
compreensão destes sentidos maravilhosos e possibilita juntamente com
a fisiologia, a compreensão das alteraçôes dos mesmos, auxiliando tanto
na terapêutica como na profilaxia das doenças dos "sentidos especiais".
242
CAPÍTULO 13
SISTEMAS AUDITIVO,
VISUAL E TEGUMENTAR
Lisley Alves de Oliveira
Sistema auditivo
Além de ser responsável por receber os estúnulos sonoros através dos órgãos da
audição, a orelha 1 também é responsável pelo equilibrio, recebendo estúnulos sobre
o posicionamento da cabeça; a orelha, portanto, contém os órgãos da audição e do
equilibrio. Ela é dividida em três partes: orelha externa, orelha média e orelha interna.
1. Ant igamente era utilizado e até hoje muitos utilizam o termo "ouvido'~ porém este é o particí-
pio passado do verbo "ouvir".
243
Anatomia Humana Básica
Orelha externa
2. Hé lice: Do grego (G) Elix (=caracol) ou EILEIN (=e nrola ) (Fernandes, 1999).
3. Escafa: Do Latin (L) SCAPHA (=ca noa ) ou (G) SCAPHE (=ca noa ) (Fernandes, 1999).
244
Sistemas Auditivo, Visual e Tegumentar
hélice
escafa
incisura intertrágica
lóbulo da orelha
245
Anatomia Humana Básica
Orelha média
246
Sistemas Auditivo, Visual e Tegumentar
face articular
para a bigorna
cabo do martelo
247
Anatomia Humana Básica
ramo curto
processo lenticular
cabeça do estribo
base do estribo
martelo
248
Sistemas Auditivo, Visual e Tegumentar
Orelha interna
Labirinto ósseo: formado por uma série de canais e câmaras ósseos revestido
por periósteo, contém um líquido claro chamado de perilinfa; em seu interior
está inserido o labirinto membranáceo que acompanha, em grande parte, o seu
formato. O labirinto ósseo é formado por três partes: vestíbulo, canais semicir-
culares e côdea.
249
Anatomia Humana Básica
canais semicirculares
me ato
acústico
externo
tuba au ditiva
S. Cóclea: (L) COCHLEA (= ca racol), de (G) Kochlías (= concha em esp iral) (Ferna nd es, 1999).
250
Sistemas Auditivo, Visual e Tegumentar
251
Anatomia Humana Básica
Sistema visual
Responsável pela visão, este sistema complexo vai muito além de estudar ape-
nas o bulbo do olho, denominado popularmente de "olho': Na realidade, a anato-
mia do olho inclui, além do bulbo do olho, a órbita e estruturas oculares acessó-
rias: as pálpebras, o supercílio, a túnica conjuntiva, o aparelho lacrimal, músculos
extrínsecos do bulbo do olho, além de nervos, artérias, veias e tecido adiposo.
Órbitas
252
Sistemas Auditivo, Visual e Tegumentar
face orbital do
osso zigomático osso lacrimal
fissura orbital
inferior
Bulbo do Olho
253
Anatomia Humana Básica
Túnica interna do bulbo: é formada pela retina cujos 2/3 posteriores cons-
titui a parte óptica da retina onde se encontram: os receptores fotossensíveis
(cones e bastonetes), a mácula lútea com a fóvea central (foco de melhor visão
com numerosos cones), e o disco do nervo óptico (ponto cego). O terço anterior
é a parte cega da retina, pela ausência de fotorreceptores. O limite entre estas
duas partes: óptica e cega forma a ora serrata. A parte óptica da retina é cons-
tituída por duas subcamadas: o estrato pigmentoso - que contém pigmentos
e o estrato nervoso - formado por uma série de estratos ou camadas onde se
encontram as células nervosas que participam da via da visão.
* A íris contém 2 tipos de fibras musculares: fibras musculares - que, quando contraem, dimi-
nuem a abertura da pupil; fibras radiadas - produzem o efeito contrário, quando contraem, au -
mentam a abertura da pupila.
254
Sistemas Auditivo, Visual e Tegumentar
ora serrata
fibras
zonulares
camara retina
postrema do
bulbo
fóvea central na
disco do nervo mácula lútea
óptico
O bulbo do olho possui estruturas anexas que são: supercílio, pálpebras, cílios,
túnica conjuntiva, aparelho lacrimal e músculos, que serão descritas a seguir:
Pálpebras: são duas pregas finas e móveis, sendo uma superior, maior e mais
móvel e uma inferior. Elas limitam a órbita anteriormente, protegendo o bulbo do
olho com seu fechamento reflexo rápido e controlando a exposição da parte ante-
rior do bulbo do olho. A união das margens das pálpebras forma a rima das pálpe-
bras. Os pontos mediai e lateral onde se unem as pálpebras superior e inferior são,
respectivamente, denominados ângulo mediai do olho e ângulo lateral do olho.
255
Anatomia Humana Básica
Cílios: são pelos curvos e curtos que crescem nas margens das pálpebras
distribuídos em duas ou três fileiras. Os superiores são maiores e mais nume-
rosos e também servem para proteger o bulbo do olho.
256
Sistemas Auditivo, Visual e Tegumentar
Sistema tegumentar
Pele
257
Anatomia Humana Básica
dos sentidos visto que possui muitas terminações nervosas e receptores para
temperatura, dor, toque dentre outros.
A pele é composta, basicamente, por duas camadas: epiderme e derme.
Abaixo da derme, porém não fazendo parte da pele, encontra-se a hipoderme
ou tela subcutânea. Apesar do nome sugerir ser uma terceira camada, esta últi-
ma consiste, principalmente, de tecido adiposo de espessura variável. As fibras
que se estendem da derme em direção à hipoderme servem para ancorar a pele
à hipoderme e esta se fixa aos órgãos e tecidos subjacentes.
Anexos da pele
Pelos
Estão presentes na maior parte das superfícies corporais. Possuem recepto-
res de tato associados aos folículos pilosos que são ativados cada vez que um
pelo é movido, mesmo que muito sutilmente, desse modo os pelos atuam na
percepção do tato discriminativo. Eles têm algumas funções, dentre elas pro-
teção, por exemplo, na cabeça (proteção do couro cabeludo dos raios solares),
nos genitais externos (principalmente na mulher), nas narinas (vibrissas), so-
brancelha e cílios (protegem os olhos contra entrada de partículas estranhas).
Cada pelo é formado basicamente por células queratinizadas mortas. Pode-
mos identificar em cada pelo as seguintes partes:
+ Haste: é a parte superficial do pelo que se projeta à partir da superfície
da pele.
+ Raiz: é a parte que penetra na derme e, algumas vezes, na tela
subcutânea.
+ Folículo piloso: envolve a raiz do pelo.
258
Sistemas Auditivo, Visual e Tegumentar
Glândulas sebáceas
Geralmente estão conectadas aos folículos pilosos. Sua parte secretora situa-se
na derme e, normalmente, se abre no colo do folículo piloso. Em locais que não
apresentam pelos, como lábios, glande do pênis, lábios menores, dentre outros, se
abrem diretamente na superfície da pele (palmas das mãos e plantas dos pés não
apresentam estas glândulas). Secretam uma substância oleosa chamada sebo que,
além de recobrir a superfície dos pelos evitando que ressequem e fiquem que-
bradiços, também impede a evaporação excessiva de água da pele, mantendo-a
macia, flexível e evitando o crescimento de determinadas bactérias.
Glândulas sudoríferas
Presentes em grande quantidade no corpo (de três a quatro milhões) e pro-
duzem o suor, ou transpiração, e sua principal função é auxiliar na regulação
da temperatura corporal por meio da evaporação. Existe um tipo de glândula
sudorífera modificada presente na orelha externa - as glândulas ceruminosas
- que produzem uma secreção semelhante à cera, o cerume.
folículo piloso
259
Anatomia Humana Básica
Unhas
São placas de células epidérmicas queratinizadas. Cada unha possui:
• Corpo da unha: é a parte visível, abaixo dele está o vale da unha;
• Raiz da unha: parte inserida na pele, abaixo dela está a matriz da unha;
• Margem livre: parte que pode se estender além da extremidade do dedo.
Mamas
As mamas localizam-se na parte anterior do tórax, sobre o músculo pei-
toral maior, entre a linha mediana do esterno e a prega anterior da axila
(formada pelo músculo peitoral maior) horizontalmente e entre as II e VI
costelas verticalmente. São constituídas de glândulas mamárias, pele e tecido
conjuntivo associado. Entre as duas mamas, na parte mediana, encontra-se
o sulco intermamário.
Externamente possuem característica bem marcantes, tanto em homens
quanto em mulheres:
260
Sistemas Auditivo, Visual e Tegumentar
261
Anatomia Humana Básica
REFERÊNCIAS
262
A/ex Kors Vidsiunas
Doutor em Biologia Celular e Tecidual pela Universidade de São Paulo
(USP). Mestre em Biologia Celular e Estrutural pela Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp). Graduado em Ciências Biológicas (Unicamp). Es-
pecialista em Anatomia Humana Macroscópica pelo Centro Universitário São
Camilo. A tua como professor de diferentes disciplinas dentro da Morfologia
para cursos de Graduação e de Pós-Graduação.
Anatomia Humana Básica
Apresentação
O sistema endócrino é formado pelo conjunto de glândulas que têm
a função de produzir hormônios. Os hormônios produzidos são lança-
dos na circulação sanguínea que por sua vez transporta-os até ao órgão
ou tecido específico (alvo). As células destes órgãos ou tecidos alvo, ao
incorporarem o hormônio, vão desempenhar uma ação específica. Por
exemplo, o hormônio insulina produzido no pâncreas, alcança as cé-
lulas musculares por meio da circulação sanguínea e a incorporação
de insulina nas células determina o processo de incorporação e utili-
zação da glicose necessária para a contração muscular. Por outro lado,
em situação de estresse, a produção de hormônio catecolamina pelas
glândulas suprarrenais alcança as células musculares por via circulação
sanguínea determinando um aumento na força contrátil das fibras mus-
culares e possibilitando uma fuga mais rápida e eficiente.
Normalmente, o sistema endócrino interage com o sistema nervoso
formando mecanismos reguladores coordenados e eficientes. Por exemplo,
o sistema nervoso fornece informação de que o meio externo está frio, as-
sim o sistema endócrino regula a necessidade de aumentar a temperatura
corporal por meio do aumento do metabolismo das células. Desta forma,
os dois sistemas em conjunto atuam na coordenação e regulação de todas
as funções do corpo humano, tais como, a sensação de fome e saciedade,
controle de excreção de sal pela urina, controle de pressão e da temperatura
corporal, o crescimento e desenvolvimento do corpo entre outros.
Desta forma, todos os sistemas do corpo humano dependem destes
dois sistemas para a vida. No entanto, de um modo geral, a velocida-
de de coordenação do sistema endócrino é mais lenta comparada à do
sistema nervoso, pois existem adaptações que precisam ser reguladas
lentamente e outras de forma mais imediata.
266
Sistema Endócrino
CAPÍTULO 14
SISTEMA ENDÓCRINO
A/ex Kors Vidsiunas
Região da cabeça
Hipotálamo
Localizado na parte inferior do tâlamo, que por sua vez, pertence ao dien-
céfalo (parte central do cérebro), une-se à hipójise através do infundíbulo. Ele
encapsula a porção ventral do terceiro ventrículo. Alguns neurônios do hipotála-
mo sintetizam e liberam mediadores químicos denominados neuro-hormônios
ou hormônios hipotalâmicos que coordenam a maioria das funções endócrinas.
Atua como um dos principais centros de controle do sistema nervoso autônomo.
Pineal
A glândula pineal apresenta forma ovóide e dimensões semelhantes aos de
um caroço de uma azeitona ou uma pinha achatada. Mede entre 5,0 a 8,0 mm
de altura e entre 3,0 a 5,0 mm de diâmetro, pesando entre 100 e 200 mg. Está
268
Sistema Endócrino
Hipófise
A hipójise, antigamente conhecida como pituitária, está situada na fossa hi-
pojisial, que, por sua vez, encontra-se na sela turca do osso esfenoide. Conec-
ta-se ao hipotálamo, que está localizado superiormente em relação à hipófise,
através de uma haste denominada infundíbulo. Seu formato e tamanho são
semelhantes ao de uma ervilha, apresentando cerca de 1,4 em de diâmetro,
pesa 0,5 g nos homens e 1,5 g nas mulheres multíparas (que pariram duas ou
mais vezes). É formada por três partes denominadas:
1. Neurohipójise;
2. Parte intermédia e;
3. Adenohipójise.
269
Anatomia Humana Básica
Hipófise
270
Sistema Endócrino
Região do pescoço
Tireoide
A glândula tireoide é formada por duas partes chamadas de lobos direito e
esquerdo, unidos entre si através de um istmo. Localizada anteriormente em
relação à traqueia e lateralmente à laringe. Cada um de seus dois lobos mede
cerca de 5,0 em de comprimento, 2,5 em de largura e com peso entre 20 e 30 g.
Sintetiza, armazena e libera os hormônios tireoideanos chamados tri-iodotiro-
nina (T,) e tetra-iodotironina (T,), que em conjunto controlam o metabolismo
corporal. Estes dois hormônios estimulam o aumento da síntese protéica e li-
beração de energia.
Cartilagem
tireoidea
Lobo esquerdo
Lobo direito
Istmo da
glândula tireoide
Traqueia
Paratireoides
São quatro as glândulas paratireoides, um par de paratireoides superiores e
outro par de inferiores. Elas apresentam, cada uma, as dimensões e o formato
semelhantes aos de ervilhas. Todas elas estão situadas posteriormente à glân-
dula tireoide. Apesar de estarem intimamente relacionadas à glândula tireóide,
as paratireóides apresentam funções diferentes. Elas secretam o hormônio co-
nhecido como paratormônio, que controla os níveis de cálcio e fosfato, man-
tendo a concentração sanguínea destes íons dentro de valores que permitam o
bom funcionamento dos sistemas muscular e nervoso.
271
Anatomia Humana Básica
Glândula
Glândula
tire o ide
~l-----t- paratireoide
Glândula superior
paratireoide Glândula
superior -"~:!----+- paratireoide
Glândula inferior
paratireoide
inferior
Região do tórax
Ti mo
O timo está situado no mediastino superior, anteriormente à traqueia e
aos grandes vasos da base do coração, localizado imediatamente posterior ao
manúbrio do osso esterno. Consiste em dois lobos, atingindo seu maior peso
relativo no fim da vida fetal, porém seu peso absoluto continua a aumentar,
alcançando 30 a 40 g na época da puberdade. Em seguida, o timo começa a
involuir e, no idoso, pesa entre 5 a 15 g, apresentando grande quantidade de
tecido adiposo. Sua principal função está associada à maturação dos linfócios T
através da liberação de fatores humorais, dentre os quais, hormônios tímicos.
Região do abdome
Pâncreas
Dueto
pancreático
Cauda do
pâncreas
Corpo do
pâncreas
Suprarrenais
Existem duas glândulas suprarrenais, cada uma situada superior e ligeira-
mente anteriormente ao polo superior de cada rim, de coloração amarelo-dou-
rada. A glândula suprarrenal esquerda apresenta formato semilunar, enquanto
que a glândula suprarrenal direita possui forma piramidal e é mais larga.
Ambas glândulas suprarrenais possuem uma região medular, denomi-
nada medula (da glândula suprarrenal) (localizada no centro das glândulas) e
uma região cortical (da glândula suprarrenal), chamada córtex (localizado na
periferia das glândulas). Cada uma dessas duas regiões, na verdade, é uma
glândula distinta.
Suas dimensões transversais médias são: - glândula suprarrenal direita:
60 x 30 mm e; -glândula suprarrenal esquerda: 80 x 35 mm. Ambas pesam
273
Anatomia Humana Básica
274
Sistema Endócrino
Glândula suprarrenal
Região da pelve
Testículos
Existem dois testículos localizados no interior do escroto e associados, cada
um, a um epidídimo e a um dueto deferente. Apresentam formato ovoide (se-
melhante a um ovo), tendo, em média, cerca de 4,0-5,0 em de comprimento,
2,5 em de largura e 3,0 em de diâmetro anteroposterior, pesando entre 10-14 g.
São importantes na produção dos gametas sexuais masculinos denomi-
nados espermatozoides. As células intersticiais (de Leydig) do testículo são as
responsáveis pela síntese e secreção da testosterona, hormônio sexual mascu-
lino que promove a maturação e o aumento de tamanho dos órgãos genitais
masculinos; promove o surgimento dos caracteres sexuais secundários tais
como o aumento da massa muscular e da densidade óssea, o surgimento
de pelos na face (barba), acúmulo de gordura na região abdominal, o sur-
gimento e distribuição androcoide de pelos púbicos, aumento da laringe e a
alteração do timbre da voz masculina.
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Anatomia Humana Básica
Ovários
Estão presentes dois ovários nas mulheres. Estão ambos localizados na pel-
ve menor ou verdadeira. Situados posterior e inferiormente a cada uma das
duas tubas uterinas e, lateralmente ao útero. Possui forma de uma amêndoa
(de aspecto ovoide), apresentando as seguintes dimensões médias: 4,0 x 2,0 x
3,0 em (comprimento x largura x espessura), de coloração branco pardacenta
(veja outras informações sobre os ovários no capítulo referente ao sistema ge-
nital feminino, Capítulo 11).
Apresenta função importante na produção do gameta sexual feminino, o
ovócito e, também, importante função endócrina, pois sintetiza e secreta dois
hormônios:
Placenta
A placenta é um órgão híbrido que consiste de uma porção fetal, for-
mada pelo cório (constituído de: sincíciotrofoblasto, citotrofoblasto e mesoder-
ma extra-embrionário), e uma porção materna, formada pela decídua basal.
As duas partes estão diretamente envolvidas nas trocas de substâncias que se
observam entre as circulações materna e fetal.
A placenta apresenta duas faces:
1. a face materna, voltada para o organismo materno e;
2. a face fetal, voltada para o embrião, que a partir do início da 9' semana
de desenvolvimento, passa a chamar-se feto.
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Siste ma En dócrino
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Anatomia Humana Básica
Coração
O coração sintetiza e secreta o hormônio denominado peptídeo natriurético
atrial, que promove aumento da excreção renal de sódio e dilatação dos vasos
sanguíneos em resposta a situações de aumento do volume de sangue circulan-
te e aumento da pressão arterial.
Tecido adiposo
O tecido adiposo produz várias substâncias importantes para a regulação
dos estoques de energia no corpo, dos quais um dos mais estudados é o hor-
mônio leptina, que pode ter ação ainda na regulação da ação da insulina em
diversos tecidos.
Referências
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FICHA TÉCNICA
Editora
Michelle Fernandes Aranha
Gerente de produção
Genilda Ferreira Murta
Assistente editorial
Roberta Almeida
Organizadora
Cristiane Regina Ruiz
Preparação e revisão
Difusão Editora
Capa
Matuza Ruiz
Ilustrações
Sérgio Ricardo Rios Nascimento
Assessoria editorial
Bruna San Gregório (Centro Universitário São Camilo)
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