O transtorno bipolar (TB) é uma doença crônica, caracterizada pela
variação intensa e desproporcional do humor. Essas variações de humor fazem a pessoa agir de forma inadequada, havendo prejuízos em uma ou mais áreas de sua vida. Este problema torna as pessoas mais vulneráveis a estresses emocionais e físicos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno afetivo bipolar atinge 140 milhões de pessoas no mundo. Quem recebe o diagnóstico de transtorno bipolar pode ser que apresente, em alguns períodos, um estado de “humor normal” - o que chamamos de eutimia - ou, em outros, um estado de humor alterado, entre mania e depressão. Na mania, além de se sentir eufórico ou irritável (ou parecendo assim para aqueles que o conhecem bem), o indivíduo também pode apresentar pouca necessidade de sono (mesmo tendo grande quantidade de energia); pensamento acelerado; dificuldade para focar a atenção, por se dividir em muitos assuntos ao mesmo tempo; um inflado senso de poder, grandiosidade ou importância; e/ou fazer coisas imprudentes ou temerosas, sem considerar as possíveis consequências (ex.: gastar muito dinheiro, aumento da expressão da sexualidade, descuidar da segurança). Em alguns casos extremos, a pessoa pode até apresentar alucinações (ouvindo ou vendo coisas que não existem) ou ilusões (distorcendo informações recebidas e acreditando em coisas que não são verdadeiras). Diferentemente das fases maníacas, na fase depressiva grave a pessoa se sente triste, melancólica ou apática. Perde o interesse por atividades que normalmente gosta e pode apresentar sintomas como: insônia ou sono excessivo; perda ou excesso de apetite; problemas de concentração; dificuldade para tomar decisões; sentir-se lento ou inquieto; se sentir sem valor ou culpado, ou com autoestima muito baixa; sensação de perda de energia, cansaço físico e mental; e/ou apresentar pensamentos de morte. Em alguns casos de depressão severa a pessoa pode apresentar alucinações/ilusões e também a necessidade de internação.
RESUMINDO NA FASE DE MANIA PODEMOS OBSERVAR AUMENTO DE
ENERGIA, A PESSOA PODE PARECER MAIS DISPOSTA A COMECAR NOVOS PROJETOS, MAS NÃO CONSEGUE TERMINÁ-LOS, NA FASE DEPRESSIVA, APRESENTA DESANIMO CONSTANTE E PERDA DE INTERESSE NAS ATIVIDADES CONSIDERADAS PRAZEROSAS.
O Transtorno Bipolar não ocorre por culpa da pessoa, nem é o
resultado de uma personalidade fraca ou instável. Ele é uma condição médica tratável, para a qual existem medicamentos específicos e tratamentos psicoterápicos que ajudam a maioria das pessoas. Além de característica genética, fatores estressantes que ocorrem ao longo da vida do indivíduo atuam como “gatilhos”, os quais podem influenciar no “despertar” de um episódio maníaco ou depressivo. Nos casos diagnosticados com Transtorno Bipolar, a pessoa tem oscilações de humor fora de proporção, ou totalmente desconexas frente aos acontecimentos da vida, afetando diretamente seus pensamentos, sentimentos, comportamentos, além de danos significativos tanto na sua saúde física quanto mental. Um indivíduo com transtorno bipolar aumenta a probabilidade de ter variações de humor com maior intensidade e frequência se este: - não fizer uso do medicamento prescrito em dose e horários corretos, ou não fizer ajustes no tratamento farmacológico quando necessário; -se deparar com fatores estressores internos (pensamentos distorcidos e preocupações improdutivas) e/ou fatores estressores externos (situações problemáticas reais ou conflitos); - mantiver um plano de atividades irregular ou com sobrecargas, com horários inadequados e maus hábitos na rotina de sono-vigília; - não reforçar “pilares” essenciais para haver um maior controle do nível de estresse e melhor qualidade de vida, tais como uma alimentação saudável, momentos de relaxamento/lazer com qualidade, exercício físico regular e trabalhar os pensamentos disfuncionais.
-Psicoeducação (já começamos com a leitura desse informativo); - Adesão a medicação; - Fortalecimento da rotina de sono (Padrões irregulares de sono parecem causar mudanças químicas no seu corpo que podem desencadear episódios agudos de mudança de humor); - Identificação e mudança de pensamentos que geram sentimentos desconfortáveis; - Manejo de sintomas e automonitoramento.
Procure conhecer o transtorno bipolar o máximo que puder! Visto que o
transtorno é uma condição crônica, é essencial que você e sua família aprendam tudo sobre o diagnóstico e o seu tratamento.
Esse é um manual de psicoeducação que faz parte do nosso plano de
tratamento. Estou a disposição para tirar todas as suas dúvidas sobre o diagnóstico e também sobre esse manual.