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Modos esquemáticos

Como já conversamos, a gente não é a “mesma pessoa” o tempo todo. Diferentes


“personagens” nossos entram em cena, de acordo com os acontecimentos ou
circunstâncias. Pistas nos ambientes servem de gatilho para ativar cada um desses
personagens. Por exemplo: a pista escola ou faculdade, ativa meu modo estudante. A
presença dos meus pais ativa meu modo filho/filha. Porém eu não deixo de ser estudante
quando sou filha e vice-versa. Os dois personagens coexistem. Em cada momento, um
predomina. Sendo assim, eu não posso afirmar que sou só estudante. Eu sou muito mais
que isso. Assim como eu não sou só filha. Sou muito mais que isso.

Modo é um estado predominante em um determinado momento. Diz respeito às emoções,


cognições e comportamentos específicos que são ativados diante de certas pistas do
ambiente.

Existem alguns modos que fizeram parte da nossa formação e que por terem sido
carregados de emoção, se fixaram e nos acompanha ao longo da nossa vida. Alguns
deles, bem desadaptativos. Eles ficam quietinhos até que alguma pista do ambiente, os
trazem à cena. Nesse momento, é comum que nosso modo mais racional se
enfraqueça para dar lugar a um modo desadaptado.
Temos os modos
• Inatos da Criança, carregados das emoções primitivas.
• Protetores desadaptados, que tentam proteger o lado criança que sofre, mas de
uma forma equivocada.
• Pais internalizados, que nada mais são do que as falas de nossos pais que
internalizamos e nos repetimos.

Modos Criança:
CRIANÇA VULNERÁVEL-é uma memória emocional que ficou de momentos em nossa
infância em que, por algum motivo nos sentimos vulneráveis, abandonados, ameaçados,
rejeitados, incapazes, impotentes.
Determinados gatilhos no ambiente fazem ativar esse modo. E aí a pessoa tem
pensamentos, sentimentos e reações como os que tinha quando era essa criança,
passando por essa situação. Pode vivenciar principalmente sentimentos de tristeza, medo
e desamparo.
CRIANÇA ZANGADA-é uma memória emocional que ficou de momentos em nossa
infância em que, por algum motivo, nossas necessidades fundamentais não foram
satisfeitas ou em que fomos tratados de forma injusta ou incompreensível.
Determinados gatilhos no ambiente fazem ativar esse modo. E aí a pessoa tem
pensamentos, sentimentos e reações, como os que tinha quando era essa criança,
passando por essa situação. Esse modo libera a raiva diretamente em resposta a esses
sentimentos. É um modo que tem reações explosivas, agressivas, pouco ou nada
assertivas, como modo de lidar com a raiva.

CRIANÇA IMPULSIVA – é uma memória emocional que ficou de um momento em nossa


infância em que nos foi permitido agir de acordo com nossos desejos imediatos de prazer,
sem considerar limites nem necessidade ou sentimentos de outras pessoas.
Determinados gatilhos no ambiente fazem ativar esse modo. E aí a pessoa tem
pensamentos, sentimentos e reações, como os que tinha quando era essa criança, a qual
tudo era permitido. Esse modo é imediatista, age sem pensar, não tolera ser contrariado,
pode ser impulsivo e inconsequente. Pode vivenciar sentimentos de raiva ou tristeza
quando é contrariado em suas vontades.

Modos protetores desadaptados

SUBMISSO OU COMPLACENTE – é um modo nosso, que também tem origem na


infância, que aprendeu que pra sermos aceitos, amados devemos ser obedientes e
corresponder ao que as pessoas esperam de nós. Ou que não devemos reclamar.
Determinados gatilhos no ambiente fazem ativar esse modo. E aí a pessoa tem
pensamentos, sentimentos e reações, como os que tinha quando era essa criança,
passando por essa situação. Para evitar o abandono, a rejeição ou mesmo para evitar
conflitos, esse modo faz com que nos tornemos submissos. Esse modo, tenta proteger a
criança vulnerável para que ela não passe pelo sofrimento.

PROTETOR DESLIGADO – esse modo pode surgir quando estamos diante de gatilhos
que nos desperta a criança vulnerável ou a zangada ou quando o modo criança
indisciplinada é contrariado. É um modo de enfrentamento que tem a função de nos “tirar
dali” para que não soframos. Esse modo pode fazer isso de diversas maneiras: adotando
comportamento de fugir do que tememos, ou nos “desligando” emocionalmente da
situação, ou nos deixando com uma sensação de desconexão, ou por meio de lapsos de
memórias, ou pelo prazer compulsivo ( comida, drogas, sexo, etc). Ou adotando uma
postura cínica ou distante, para evitar o investimento emocional com outras pessoas ou
atividades . Traz sentimentos de indiferença ou vazio.

HIPERCOMPENSADOR OU CONTROLADOR - Esse modo pode surgir quando estamos


diante de gatilhos que nos desperta a criança vulnerável ou a zangada ou quando o
modo criança indisciplinada é contrariado. É um modo que tenta nos defender contra-
atacando ou tentando manter o controle da situação. Para isso, ele tem atitudes opostas
ao que realmente teme. Pode ser semi-adaptativo. Mas geralmente vem em forma de
excessos. Excesso de trabalho, de perfeccionismos, de autoengrandecimentoo,
promiscuidade afetiva, etc.

Pais internalizados disfuncionais

PAI OU MÃE PUNITIVO CRÍTICO – esse modo são as falas do nosso pai, mãe ou quem
nos cuidou quando criança, que nos criticava, nos ameaçava, nos punia. Essas falas que
foram repetidas tantas vezes ou nos foram ditas de forma tão emocionalmente
significativa que internalizamos e passam a fazer parte de nós, ecoando por toda vida.
Alguns gatilhos no ambiente, que geralmente tem relação com aquilo que provavelmente
o adulto a quem internalizamos reprovaria, fazem ativar esse modo. E aí, como esse
adulto fazia, também nós passamos a nos criticar, restringir, punir (muitas vezes com as
mesmas palavras que ele ou ela usava) . Como autopunição, podemos adotar
comportamentos de auto sabotagem, auto-ofensas, auto mutilações e até somatizações.

PAIS EXIGENTES - esse modo são as falas do nosso pai, mãe ou quem nos cuidou
quando criança, que era exigente, que nos pressionava, que não demonstrava satisfação
com nosso desempenho. E que foram repetidas tantas vezes ou nos foram ditas de forma
tão emocionalmente significativa que internalizamos e passam a fazer parte de nós,
ecoando por toda vida. Esse é um modo nosso que nos cobra, que estabelece
expectativas altas, que é perfeccionista e intolerante aos erros. E que nos pressiona para
cumprir metas irreais e corresponder às expectativas também irreais.
Temos ainda dois modos saudáveis:

A criança feliz _ uma memória emocional do lado feliz e divertido da infância. Um lado
que gosta e se permite ser feliz e se divertir.

O adulto saudável_ é o aprendizado que ficou do lado racional, assertivo e bem


adaptado do nosso pai, mãe ou dos demais adultos que nos cercava, bem como com as
próprias experiências. É um lado racional, compreensivo, assertivo, tolerante, etc. Que
sabe lidar bem com as adversidades.

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