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Trabalho com modos

esquemáticos

Fátima Vasques, Psicóloga


Psicóloga com 30 anos de experiência clínica, possui
graduação em Psicologia pela Universidade São
Francisco. Especialização em Terapia Cognitiva
Construtivista e em Terapia Clínica pela Universidade
Paulista. Coordenadora do curso de Especialização em
Terapia Cognitiva do Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (HCFMUSP). Psicóloga colaboradora e
coordenadora do Grupo de Estudos do Comer
Compulsivo e Obesidade, do Instituto de Psiquiatria do
Fátima
HCFMUSP.
Vasques
Conceito de modos
esquemáticos
Conjunto de esquemas ou operações de esquemas (adaptativos ou desadaptativos) que
estão ativados no indivíduo em um determinado momento

Conjunto de esquemas

Estados Emocionais

Respostas de enfrentamento

Ativados Simultaneamente
Conceito de modos
esquemáticos
“As emoções, as cognições e os comportamentos específicos que são ativados no momento”

O modo é o estado predominante em um determinado momento

Existem modos funcionais

Modos incluem sentimentos, enfrentamentos, cognições e reações saudáveis que


experimentamos no momento

São estados transitórios


Desenvolvimento dos
modos

Os modos esquemáticos são desenvolvidos como um padrão para lidar


com as contingências ambientais, onde busca-se entender com estes
suas necessidades emocionais básicas
Quando se utiliza o trabalho com
modos

Quando há grande número de EIDs ativados

Quando há forte resistência do paciente

Quando mais grave ou refratário for o caso, mas útil é o trabalho com modos e
suas estratégias

Nos pacientes com funcionamento intermediário mescla-se as duas abordagens


Quando se utiliza o trabalho com
modos

Quando mais autopunitivo e autocrítico for o paciente (indica um pai ou mãe disfuncional
internalizado)

Quando o terapeuta se percebe estagnado na psicoterapia (quando não


conseguimos transpor a evitação ou a hipercompensação)

Quando o paciente apresenta um conflito aparentemente insolúvel

Com pacientes com intensas oscilações de afeto


Modos
esquemáticos

Modos inatos da criança

Modos desadaptativos de enfrentamento

Modos internalizados de pais disfuncionais

Modo adulto saudável


Trabalhar com modos é trabalhar com cargas
emocionais ainda mais intensas do que com
EID’s (esquemas iniciais desadaptativos)
Terapêutica com os modos
esquemáticos
Modo criança
Apresentaçã
oVivencia sentimentos disfóricos ou ansiosos, como medo, tristeza e desamparo quando em
contato com esquemas associados
Crenças de que ninguém suprirá suas necessidades emocionais e desconfia das intenções dos
outros
Sente-se excluída e rejeitada

Demonstra estar em situação de perigo e que o ambiente é perigoso

Esquemas associados à criança vulnerável


Abandono
Descofiança/abuso
Privação emocional
Defectividade
Isolamento social
Dependência/incompetência
Vulnerabilidade ao dano/doença
Emaranhamento
Negativismo/pessimismo
Apresentaçã
oQuando suas necessidades fundamentais não são satisfeitas reage com raiva intensa e
hostilidade
Expressão física e verbal de raiva e solicitação hostil de seus direitos

Pode se apresentar como uma criança birrenta (explosões de raiva)

Criança zangada

Esquemas associados

Abandono
Desconfiança/abuso
Privação emocional
Subjulgação
Apresentaçã
o de forma impulsiva, buscando satisfazer desejos de forma egoísta e descontrolada
Atua

Não considera os limites, necessidades e sentimentos dos outros

Baixo controle de suas emoções e impulsos

Apresentação de raiva se não se sentir realizada

Pode se comportar como criança mimada (baixa tolerância frustração)

Os desejos que busca satisfazer não estão ligados às necessidades


fundamentais

Criança impulsiva

Esquemas associados

Arrogo
Autocontrole/autodisciplina insuficiente
Apresentaçã
o
Demonstração importante de falta de tolerância a frustração

Não suporta desconforto com tarefas de sua rotina ou atividades que considere enfadonhas

Dificuldade de persistir nas tarefas

Nenhuma tolerância frente a dor, conflito ou persistência

Criança indisciplinada

Esquemas associados

Arrogo
Autocontrole/autodisciplina insuficiente
Apresentaçã
o
Sente-se amada, conectada, contente, satisfeita, compreendida e validada

Autoconfiante a agir de forma autônoma e competente

Espontaneidade no contato

Criança feliz

Esquemas associados

Nenhum
Função do modo: expressar
necessidades emocionais básica

Criança feliz

Objetivos terapêuticos: validar a


expressão da criança, auxiliando o
paciente a adotar formas mais
adaptativas de expressão quando for Criança vulnerável
o caso (por exemplo, utilizar a criança
vulnerável em vez de zangada)

Criança raivosa, impulsiva


Modos criança
Modo Descrição Condutas Características
A pessoa tem crenças de que ninguém Busca desesperadamente a ajuda do
suprirá suas necessidades emocionais. terapeuta, de forma infantil e
Criança vulnerável Tende a acreditar que os outros a totalmente vulnerável. Demonstra
abandonarão ou mesmo abusarão dela. estar em situação de risco e que o
Sente-se excluída. ambiente é perigoso.
O sujeito sente-se injustiçado por suas Expressão verbal e física de raiva e
necessidades não estarem sendo solicitação hostil de seus direitos
atendidas. Demonstra raiva e até mesmo (isto é, necessidades emocionais
Criança zangada
fúria. Suas percepções podem incluir básicas).Por ter expressões não
traição, abandono e rebaixamento verbais de indignação como uma
criança de tenra idade.
A pessoa age impulsivamente, buscando Demonstra comportamentos
satisfazer desejos de forma egoísta e irrefletidos e, até mesmo, de risco
descontrolada. Pode se tronar enraivecida para si mesmo e para os outros na
Criança impulsiva
caso não se sinta realizada. busca de sua satisfação. Pode
parecer uma criança mimada na
insistência para com seus desejos.
Modos criança

Modo Descrição Condutas Características


Demonstração de total falta de Demonstra todo seu desagrado
tolerância à frustração, não em realizar suas rotinas ou
suportando qualquer desconforto em aquelas atividades que considere
Criança
tarefas de rotina ou aborrecidas. enfadonhas. A birra pode
indisciplinada
Nenhuma tolerância ao menor grau de aparecer na forma de fuga de
dor, conflito ou persistência atividades e/ ou compromissos
assumidos.
Sente-se amada, conectada, Mostra-se autoconfiante e
compreendida, validada e satisfeita encorajada a agir de forma
autônoma e competente.
Criança feliz Expressa espontaneidade no
contato e otimismo, assim como
uma criança feliz no brincar ou
jogar
Modo pai/mãe punitivo-crítico
Apresentaçã
o
É uma reprodução dos pais internalizados

Agressivo, crítico e intolerante consigo mesmo e com o outro

Está sempre se criticando e se culpando

Intolerância com os erros e considera que os mesmos devem ser punidos

Automutilação, autodepreciação e suicídio podem ocorrer nesse modo

Esquemas Associados

Subjulgação
Postura Punitiva
Defectividade
Desconfinça/abuso (como abusador)
Apresentaçã
o
Sente que precisa agir de acordo com regras e padrões rígidos e elevados

Estabelece expectativas e níveis de responsabilidade altos em relação aos


outros e a si mesmo

Busca pela excelência – insatisfação constante com seu desempenho,


bem como com o dos outros

Foca-se em suas falhas

Esquemas associados

Padrões Inflexíveis
Autosacrifício
Função do modo: Auto e heterocríticas e
punições ante as mais diversas situações. MEs
totalmente desadaptativos e considerados
prejudiciais em todos os sentidos para o sujeito.
A adoção desse funcionamento ocorre como
uma consequência direta da justificativa
inconsciente que a criança criou para suportar as
agressões dos cuidadores e, assim, manter-se
junto deles
Mãe/pai críticos

Objetivos terapêuticos: Combatê-los em todas as


situações, demonstrando ao paciente
(principalmente por meio de exercícios com
imagens mentais) que os cuidadores falharam
ao lhe negar/criticar/punir a busca das
necessidades emocionais na infância e/ou
adolescência
Mãe/pai punitivos
Mãe/pai críticos

Modos Função do modo Objetivos terapêuticos


O paciente acredita e busca seguir um código Combater o modo por uma sequência de
rígido de regras e valores. Impõe-se elevados passos que vão desde auxiliar o paciente
padrões de competência e perfeccionismo, a identificar o padrão que assume ao
vendo as atividades e sensação de prazer utilizar esse modo até identificar os
como ameaçadoras à sua eficiência. gatilhos ambientais e/ou internos que
Dificilmente se sente realizado ou satisfeito ativam o modo. Após, levar o paciente a
com seus resultados em qualquer tarefa. Da conectar-se , por meio de trabalhos com
Pai/mãe críticos ou mesma maneira que o modo dos pais imagens mentais, com situações do
exigentes punitivos, esse modo formou-se na passado onde os cuidadores foram
infância/adolescência do paciente porque críticos/exigentes, demonstrando como
havia a necessidade de justificar a crítica eles acabaram por falhar no suprimento de
excessiva do meio e, assim, suportar as suas necessidades emocionais básicas.
emoções negativas vivenciadas Elaborar estratégias alternativas para lidar
com situações atuais ( da vida adulta) em
que o modo é sistematicamente ativado,
desativando-o.
Mãe/pai punitivos

Modos Função do modo Objetivos terapêuticos


Expressão de agressividade, Combater o modo por uma sequência de passos
intolerância, impaciência e completa que vão desde auxiliar o paciente a identificar o
falta de indulgência para consigo padrão que assume ao utilizar esse modo até
mesmo. Alto nível de culpa e identificar os gatilhos ambientais e/ou internos que
autocrítica para qualquer erro ou ativam o modo. Após, levar o paciente a
deslize cometido. Não é um modo conectar-se , por meio de trabalhos com imagens
Pai/mãe punitivo adaptativo sob nenhum contexto e, mentais, com situações do passado onde os
assim como todos os modos dos cuidadores foram punitivos, demonstrando como
pais disfuncionais, teve serventia, no eles acabaram por falhar no suprimento de suas
passado, para suportar as agressões necessidades emocionais básicas. Elaborar
e a negligência dos cuidadores estratégias alternativas para lidar com situações
atuais ( da vida adulta) em que o modo é
sistematicamente ativado, desativando-o.
Modos pais disfuncionais internalizados

Modo Descrição Condutas características


O paciente mostra-se agressivo, O paciente age como uma “réplica” do
intolerante e crítico consigo cuidador internalizado. Tende a modificar seu
mesmo. Está sempre se criticando tom de voz, e suas expressões são muito
Pai/mãe punitivo e se culpando. Seus julgamentos semelhante às que seu pai/mãe tinha quando
demonstram intolerância para com o criticava/punia.
os erros e considera que estes Autodeprecição, condutas de automutilação e
devem ser punidos. tentativas de suicídio são comuns
O paciente sente que precisa agir O auto criticismo e a insatisfação consigo
de acordo com regras e padrões mesmo e com os outros ao seu redor são
rígidos e elevados. A busca por típicos de seu funcionamento. Costuma ser
competência e eficiência é central prolixo ao relatar suas falhas e fica muito
Pai/mãe exigente
quando da ativação deste modo. O focado no que deveria ter previsto para não
indivíduo nunca se sente satisfeito ter falhado
com seu desempenho, pois há
sempre algo a melhorar.
Modo de enfrentamento
desadaptativos
Protetor desligado Capitulador complacente Hipercompensação

Abuso de substâncias Complacência Agressão

Afastamento Dependência Hostilidade

Desligamento psicológico Autoconfiança excessiva

Isolamento social Manipulação

Tornar-se um workaholic Exigência

Perfeccionismo

Controle excessivo
Função do modo: tentativas de lidar
com contextos/estímulos/ pessoas
geradoras de emoções negativas e/ou
de formas de maus tratos

Objetivos terapêuticos: identificar o


ME, psicoeducar o paciente a respeito, Protetor Desligado Capitulador Complacente
validar os sentimentos vinculados e
demonstrar que tal ME teve
adaptabilidade no passado e que
ainda pode tê-la. Entretanto,
demonstrar os prejuízos do uso
sistemático e intensivo de um desses
Mes e como podem ser
intercambiados por outros estilos de
enfrentamento, mais adaptados ao
contexto atual
Hipercompensação
Capitulador complacente

Modos Função do Modo Objetivos Terapêuticos


Para evitar consequências negativas Levar o paciente a nomear o modo de
(principalmente maus tratos), o paciente enfrentamento desadaptativo, bem como indicar
atende as demandas e desejos dos os padrões comportamentais, afetivos e
outros. Tende a suprimir suas cognitivos que assume para tanto. Demonstrar
necessidades de todas as ordens), que esse modo foi válido no passado (infância e
sendo completamente subserviente e, adolescência) para contornar falhas no
Capitulador
até mesmo, aceitando agressão dos comportamento dos cuidadores para com suas
Complacente
demais. Modo nascido em decorrência necessidades emocionais. Entretanto, buscar
de ambientes hostis que levaram a que o paciente tenha compaixão com a criança
criança a acreditar que se submeter era vulnerável e reflita sobre outros modos de lidar
sempre o mais adequado e que suas com as situações de vida atuais de maneira
necessidades eram irrelevantes. mais funcional para o preenchimento de suas
necessidades emocionais
Protetor desligado

Modos Função do modo Objetivos terapêuticos


O paciente se desconecta de sentimentos e Nomear o modo, bem como indicar os padrões
pensamentos desagradáveis por meio de comportamentais, afetivos e cognitivos que
uma atitude desatenta, desconectada dos assume na vigência deste. Demonstrar que
estímulos externos e/ou internos. Pode esse modo foi válido no passado (infância e
assumir uma atitude robótica, desatenta, adolescência) e continua sendo em algumas
pueril ou como se estivesse sedado. Pode ocasiões específicas e limitadas no tempo
relatar sentir-se vazio, aborrecido ou (como em uma reunião entediante) para
despersonalizado. É um modo adaptativo reduzir ou evitar fortes emoções negativas. No
Protetor
em diversas situações da vida de todos, entanto, levar o paciente a refletir sobre os
desligado
entretanto seu uso sistemático, exagerado problemas que a utilização continuada ou
ou duradouro pode impedir o paciente de elevada desse modo causa (desconexão nas
conectar-se também com aspectos relações interpessoais e anestesia para as
positivos e prazerosos da vida. Surge como emoções prazerosas da vida) e a buscar novas
um mecanismo natural para diminuir o maneiras mais adaptativas para lidar com as
sofrimento da criança e adolescente em emoções negativas de situações atuais do seu
situações eliciadoras de emoções cotidiano.
negativas.
Hipercompensação
Modos Função do modo Objetivos terapêuticos
Atitudes arrogantes, de superioridade ou Levar o paciente a dar um nome ao modo, bem
de se considerar merecedor de direitos como indicar os padrões comportamentais,
especiais são típicas nesse modo. afetivos e cognitivos que assume em sua
Também há atitudes agressivas ou vigência. Expressar empatia no momento que o
manipuladoras a fim de prevenir a paciente está sob o funcionamento desse
sensação de estar sendo controlado modo, indicando sua validade no passado
pelos outros. O paciente busca sempre (infância e adolescência), mas como tem
estar em uma posição de superioridade gerado respostas negativas de outras pessoas
Hipercompensadores
em relação aos demais. Tal modo se na atualidade (rechaço, antipatia e/ou
desenvolveu como uma estratagema distanciamento). Usar a relação terapêutica
para evitar sentimentos negativos para esse fim. Demonstrar os problemas que a
oriundo de cuidadores e ambientes utilização continua desse modo tem causado e
críticos e nos quais o afeto ou a incentivar a prática de modos interpessoais
consideração eram condicionais à mais adaptativos e empáticos para lidar com
criança ser especial ou a ter destaque as situações atuais em que venha a se sentir
em relação aos seus iguais. criticado, dominado ou diminuído.
Modos de estilos de enfrentamento desadaptativos

Modo Descrição Condutas características


A fim de evitar possíveis agressões ou outras A característica mais marcante é a obediência cega, que
consequências desagradáveis, o sujeito ocorrerá também em relação ao terapeuta. O indivíduo busca
Capitulador submete-se aos desejos dos outros, identificar o que os outros almejam e age de acordo. Pode
Complacente desconsiderando seus próprios. Ele suprime suas permitir, inclusive , abuso e maus tratos
necessidades emocionais, bem como emoções,
com medo de represálias.
A função essencial desse modo é a fuga de São diversas as condutas englobadas por esse modo. É a
emoções negativas. Para tanto, o paciente forma mais comum de resistência ao processo terapêutico.
desconecta-se das suas emoções, agindo de O paciente pode se sentir vazio, chateado e desatento.
Protetor Desligado
modo robótico ou de forma completamente Despersonalização e desrealização são comuns.
desligada da realidade. Esse modo pode ainda, assumir a forma de atitudes cínicas
e pessimistas a fim de manter os outros afastados
O paciente busca distrações para evitar A postura do paciente é similar à do modo protetor desligado,
sentimentos negativos. Entre eles são comuns: mas ele tende a ser mais vinculado no contato, dando muita
Protetor auto
dormir, abusar de substâncias, trabalhar em ênfase às suas formas de distração. Justifica-as de modo
aliviador
excesso e apresentar compulsões por jogos, insistente e racional.
internet, sexo ou esportes
Modos de estilos de enfrentamento desadaptativos

Modo Descrição Condutas características


O modo hipercompensador é um conjunto Cada vez mais formas de hipercompensação são descritas
de maneiras de lidar com as situações em para os diversos transtornos de personalidade. As mais típicas
Hipercompensador que o paciente busca aliviar o desconforto são o autoengrandecimento, provocador e ataque.
da ativação dos Esquemas Inicias
Desadaptativos por meio dos “exageros”.
Crença em ser superior e diferente dos Insistência em ter o que deseja e em ser apto para o desafio a
demais, tendo direito especiais. que se propuser. Mostra-se arrogante, egoísta e abusador com
Autoengrandecedor
os outros. Quando criticado, age de modo irônico e agressivo,
humilhando aqueles que o ofenderam
O temor de ser controlado ou ferido pelos A relação com o paciente quando esse modo está ativado é
outros faz o indivíduo se antecipar, difícil, pois se utiliza de ameaças, intimidações e todos os tipos
Provocativo e ataque buscando controlar os comportamentos de agressão para forçar seu controle. Pode demonstrar um
dos demais por meio de ameaças ou prazer sádico em sua posição de dominante
agressões.
O indivíduo busca controlar, por meio de O paciente é prolixo, cheio de rituais (todos racionalmente
Obsessivo tentativa de predizer e controlar justificados) e usa repetições e verificações
supercontrolador excessivamente todas as contingências do
ambiente, supostas ameaças do ambiente
Modos de estilos de enfrentamento desadaptativos

Modo Descrição Condutas características


O paciente tenta proteger-se de possíveis A desconfiança é a mecanismo predominante
ameaças por meio da verificação nas relações, o que faz o sujeito não ser
Paranoide
insistente das intenções por detrás do espontâneo e ter grande dificuldade de falar
comportamento dos outros de aspectos mais íntimos de sua vida
O objetivo desse modo é evitar A conduta tende a ser exageradamente
Enganador e responsabilizações e punições por meio de sedutora, buscando enganar e vitimizar o
manipulador intrigas, mentiras e manipulações. outro na relação. Busca, assim, atingir
interesses pessoais.
Modo estudado em pacientes psicopatas. Age de modo frio e calculado e não
Predador Caracterizado pela eliminação de demonstra remorsos ou qualquer forma de
ameaças, rivais, obstáculos e inimigos arrependimento
Modo adulto saudável
Função do modo: assim como ME da criança
feliz, não é desadaptativo. O sujeito age e pensa
de forma positiva para consigo, buscando
relações e atividades saudáveis

Objetivos terapêuticos: aumentar sua ativação,


tornando o ME mais recorrente
Modo adulto saudável
Modos de estilos de enfrentamento desadaptativos
Modo adulto saudável

Modo Descrição Condutas características


O sujeito busca relações e O paciente consegue identificar suas necessidades
atividades positivas, emocionais não atendidas , de modo organizado e
identificando e buscando racional, busca meios para tentar supri-las na
Adulto saudável
neutralizar pensamentos e medida do possível. Demonstra tolerância à
sentimentos negativos a frustração e capacidade de planejamento
seu respeito .
Fonte: adaptado de Bernstein e colaboradores(2012), Genderen e colaboradores (2012), Young e colaboradores (2008)
Principais modos nos transtornos de
personalidade
Principais transtornos de personalidade e seus
modos típicos
Transtorno de Personalidade Principais modos
Criança vulnerável (abusada e privada de empatia);
Transtorno de personalidade Paranoide hipercompensador (provocativo e ataque, obsessivo
supercontrolador); adulto saudável
Criança vulnerável ( abandonada , abusada e defeituosa ); Criança
Zangada; criança indisciplinada-impulsiva; protetor desligado; pais
Transtorno de personalidade Borderline
críticos; hipercompensador
(provocativo e ataque)
Criança Vulnerável (solitária e defeituosa); Hipercompensador
Transtorno de Personalidade Narcisista (autoengrandecedor, provocativo e ataque); protetor autoavaliador,
protetor desligado; adulto saudável
Criança vulnerável (de difícil acesso ao terapeuta, Esquemas
iniciais desadaptativos de privação emocional e abuso); Criança
Transtorno de personalidade Antissocial indisciplinada –impulsiva; protetor desligado; hipercompensador
(manipulador enganador, provocativo e ataque; predador
“psicopatas”
Principais transtornos de personalidade e seus
modos típicos
Transtorno de personalidade Principais modos
Criança vulnerável (privação emocional- cuidado legítimo e EIDS
do segundo domínio esquemático); hipercompensador
Transtorno de personalidade Histriônica
(autoengrandecedor, manipulador enganador); protetor
autoavaliador
Criança vulnerável (dependente e abandonada/abusada); pais
Transtorno de Personalidade dependente punitivos (punem a autonomia da criança); capitulador
complacente; adulto saudável
Criança vulnerável (solitária, inferior, abandonada, abusada);
Transtorno de Personalidade Evitativa protetor desligado; capitulador complacente; adulto saudável
Criança vulnerável (difícil acesso ao terapeuta; EIDS associados
de defeito e vulnerabilidade); pais exigentes; hipercompensador
Transtorno de personalidade anancástica
(obsessivo supercontrolador e autoengrandecimento); adulto
saudável
(ARNTZ, 2012)
Passos para o trabalho com
modos esquemáticos
Young (2008), desenvolveu uma sequência de passos para o trabalho com Modos
esquemáticos, que vai desde a identificação dos modos até o trabalho de
ressignificação das memórias e a revivência de emoções reprimidas de situações
negativas da infância. Esse método tem demonstrado resultados significativos.

Essa sequência consiste em :

1. Identificar e dar nome aos modos do paciente

2. Explorar a origem, o valor adaptativo dos modos de esquema na infância ou na adolescência

3. Relacionar os modos desadaptativos a problemas e sintomas atuais

4. Demonstrar as vantagens de modificar ou abrir mão de um modo se ele estiver interferindo no


acesso a outro modo
5. Acessar o modo criança vulnerável por meio de imagens mentais

6. Realizar diálogos entre modos de Esquema: inicialmente o terapeuta proporciona modelos do


modo adulto saudável; posteriormente, o paciente representa esse modo
7. Ajudar o paciente a generalizar o trabalho com modos em situações de sua vida fora das sessões
de terapia.
IMPORTANTE:

Existem MODOS que devem ser priorizados em relação a


outros , pois causam prejuízos nefastos para a vida do
paciente e afetam as chances de continuidade no
tratamento. Os modos pais difuncionais e o protetor
desligado devem ser priorizados, porque geram condutas
auto e heterodestrutivas e levam a um processo de
desconexão com sentimentos e percepções (tanto no
cotidiano como na terapia)
Sequência de passos para transpor o protetor
desligado
1. Nomear o funcionamento defensivo como modo protetor desligado

2. Auxiliar o paciente a identificar as pistas desse modo( como se comporta, a diminuição de sentimentos e
percepções etc
3. Fazer o indivíduo identificar gatilhos ativadores (estímulos externos ou internos) desse Modo ou se trata de seu
funcionamento habitual
4. Explorar o desenvolvimento infantil do protetor desligado e qual foi sua função adaptativa naquele momento

5. Levar o paciente ao trabalho com imagens mentais, propondo o exercício e pedindo para o paciente fechar seus
olhos
Solicitar que se imagine em um ambiente seguro e agradável e que o descreva ao terapeuta, indicando seu estado
emocional de bem estar neste contexto.
Levá-lo a memórias de situações desagradáveis da infância, pedindo para que se lembre de uma em que teve emoções
semelhantes aquela que está lhe gerando dificuldades no contexto de vida atual – acionando emoções
Gerar diálogos entre o protetor desligado e o modo adulto saudável por exemplo a técnica das duas cadeiras. O
objetivo dessas conversas é levar o paciente a perceber como o uso do protetor desligado, embora proteja de emoções
negativas , também acaba por dessensibilizá-lo para a vivência de emoções e sentimentos positivos.
6. Discutir o exercício com o paciente
7. Ajudá-lo a generalizar o trabalho com modos em situações de vida fora das sessões de terapia.
Sequência de passos para combater os pais punitivos
e/ou exigentes
1. Nomear o funcionamento defensivo como o modo pais punitivos ou pais exigentes

2. Auxiliar o paciente a identificar as pistas desse modo

3. Explorar o desenvolvimento infantil dos pais punitivos/exigentes: quais parentes ou outros cuidadores significativos
tinham tom ou entonação de voz que ele associa com o jeito como está falando/agindo; quando os cuidadores
tornavam-se punitivos ou exigentes; e dar um nome pessoal ao modo (por ex: pai bravo ou mãe sargenta)
4. Explorar o máximo a ativação dos sentimentos do MODO e verificar se o que o paciente sente ocorre
exclusivamente ou também em outras situações
5. Pedir para o paciente dizer o que necessitaria ou gostaria de ouvir ( necessidades emocionais básicas não
atendidas)
6. Trabalho com imagens mentais

Pedir permissão para fazer o exercício de imagens com o paciente, indicando a importância e seus objetivos
Iniciar com a geração imagística de uma ambiente seguro e confortável para o paciente
Levar o paciente a uma situação infantil em que um adulto significativo foi punitivo ou inadequadamente exigente
Criar mecanismos de proteção para a criança, como, por exemplo um muro de vidro onde possa falar com o adulto
sem risco de agressão.
Sequência de passos para combater os pais punitivos
e/ou exigentes
Criar diálogos entre os modos pais disfuncionais internalizados e a criança vulnerável, nos quais esta
possa dizer o quanto o adulto está sendo inadequado
Garantir que a criança seja a última a falar na discussão e não tentar convencer o pai punitivo/exigente
de que a criança ou o adulto saudável está certo- em vez disso somente diga que ele está errado
Finalizar a imagem com o paciente retornando ao lugar seguro do início do exercício

7. Avaliar o experimento com o paciente, ajudando-o a perceber que seu modo de funcionamento é a voz dos pais
disfuncionais em ação e que eles erraram ao não suprir suas necessidades emocionais básicas daquele período do
desenvolvimento (infância ou adolescência) – é importante salientar para o paciente que o fato de terem errado
não significa que eles foram ou são malévolos. O fundamental desse trabalho imagístico de combate aos pais
disfuncionais internalizados é a criança vulnerável ouvir e aceitar que ela tinha direito àquelas necessidades
básicas

8. Avaliar se o paciente acha que se sentirá seguro após a sessão. Caso ele venha a se sentir disfórico, deve-se
fornecer meios para que possa contatar o terapeuta.
Técnicas vivenciais
São realizados diálogos entre: modos criança X
pessoas que geraram seus EIDs na infância

Diálogos nas
Paciente X pessoas que contribuíram para a
imagens manutenção esquemática.
mentais
O trabalho é feito predominantemente com modos
esquemáticos
Pedimos para o paciente:

Imaginar um lugar seguro (na maioria das


vezes).

Diálogos nas
Fechar os olhos e se imaginar com um dos pais
Iimagens (ou cuidadores) em uma situação desagradável.
mentais
Contar o que está sentindo em relação ao pai ou à
mãe, sempre utilizando a 1ª pessoa. Nós
estimulamos o paciente a identificar qual era a sua
necessidade não atendida no momento e
expressar seus sentimentos, principalmente a
raiva, em relação a essa pessoa e ao que ela
estava fazendo.
Reparentalização limitada

com cada modo esquemático


Reparentalização limitada

Terapeuta como ”base segura” para o paciente, estabelecendo um envolvimento consistente,


no qual o foco é a reparação de experiências disfuncionais do passado

Experiência emocional corretiva

Estabelece um vínculo saudável ao satisfazer as necessidades não atendidas, ao mesmo


tempo em que respeita os limites profissionais desta relação
Exemplo de um diálogo com o
protetor desligado
Junior é um paciente de 30 anos, que tem uma mãe
com Transtorno Bipolar. Junior fez um exercício de
imagens mentais . Na imagem ele está no shopping
com a mãe, e esta começa a falar em voz alta com
ele, dizendo coisas obscenas, xingando e falando
muitos palavrões. Ele vai ficando com muita raiva,
Exemplo de diálogo mas não consegue fazer nada.

com o protetor
O terapeuta tenta fazer com que a criança libere a
desligado raiva em relação a mãe, por tê-lo constrangido na
imagem, mais Junior resiste.

Terapeuta, então inicia um diálogo com o protetor


desligado
Junior, feche os olhos. Sente-se confortável na
cadeira

Terapeuta: O Junior está furioso e quer expressar


isso. Porque não deixa que expresse sua raiva ? Seja
o lado de você que quer impedir que ele demonstre
raiva
Exemplo de diálogo Junior: (no papel de protetor desligado) Se o Junior
com o protetor desligadosente, o que ele pode fazer a respeito? Não há nada
que ele possa fazer, então qual seria a razão para ele
sentir ?

Terapeuta: Bom, Junior, estamos aqui para ajudá-lo e


podemos protegê-lo, e ele pode expressar sua raiva
com segurança. Ele tem direito de expressar sua
raiva. Ele tem direito de sentir raiva.

Junior: E se ele perder o controle ? E se ele ao perder


o controle, machucar alguém ?
Terapeuta: Ele já fez isso ? Ele já machucou alguém?
Ele já perdeu o controle ?

Junior: Não, de jeito nenhum. Ele somente gritou


com alguém

Terapeuta: E se tentarmos fazer uma


experiência? E se você deixar que ele expresse
Continuação do um pouco de raiva, e ver como ele se sente? Veja
se ele se sente melhor?
diálogo
Junior : (pausa) Está bem.

Terapeuta: Então, vamos permitir que Junior


expresse sua raiva. Eu estou aqui, com você,
nada vai te acontecer
Junior: É muito difícil, não sei se consigo. Tenho medo,
muito medo de perder o controle.
Terapeuta: De voz ao Junior, deixe ele se expressar

Junior: Eu não aguento mais, ela é má, ela me magoa.


Quero que ela morra !!!!

Quero que ela morra!!! ( voz alterada )

Terapeuta: Você está dizendo que é muito difícil conviver


Continuação do com ela
diálogo Junior: Sim, tenho muita raiva dela. Ela tem que sumir da
minha vida ... Tenho vontade de gritar, dizer a ela o que
ela fez comigo (voz bastante alterada, expressão facial
de raiva, punhos fechados)

Terapeuta: Estou aqui com você . Nada tem a temer


Junior: ahhhhhhhhh (grita muito alto) Você não vai mas
me calar. Eu tenho muita raiva e vou expressar sempre
que me sentir assim....... Saiba disso. Tenho direito de
sentir e expressar. Ufaaaaa
É imprescindível que o terapeuta conheça seus
EID’s e modos esquemáticos, somente assim
conseguirá manter uma relação terapêutica
adequada para trabalhar com as típicas
resistências de cada Modo Esquemático
Bibliografi
a

Young, J., Klosko, J., & Weishaar, M. (2008) Terapia dos Esquemas : Guia de Técnicas
Cognitivo-Comportamentais Inovadoras. Porto Alegre, Artmed

Wainer, R. & Wainer, G (2016) O trabalho com modos esquemáticos. Em: Wainer, R, Paim, K; Erdos,
R. & Andriola, R. Terapia Cognitiva Focada em Esquemas: integração em Psicoterapia. Artmed,
Porto Alegre
Trabalho com modos
esquemáticos

OBRIGADA

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