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ABORDAGEM E TRATAMENTOS NA TE

4.1. Guia Esquematizado para o Transtorno de


Personalidade Histriônica
Unidade 4 - ABORDAGEM E TRATAMENTOS NA TE

Mapa Vídeos Unidade IV

Título do vídeo ID
4.1. Guia esquematizado para o transtorno de personalidade
histriônica
4.1. Guia esquematizado para o transtorno de personalidade
evitativo
4.3. Guia esquematizado para transtorno de personalidade
obsessivo-compulsivo
4.4. Terapia dos esquemas para casais
4.5. Terapia dos esquemas para casais: tratamento
4.6. Teoria dos esquemas para grupos
Guia esquematizado para o transtorno de personalidade histriônica

A Terapia de Esquema tem sido adaptada abordar diversas psicopatologias. Entretanto,


ela nasceu como uma abordagem para tratar transtornos de personalidade e casos
difíceis, sendo essa sua fortaleza.

Por essa razão, neste apresentaremos três protocolos ou guias que ilustram os passos que
o terapeuta pode seguir para aplicar a TE em alguns transtornos de personalidade.

Guia esquematizado para o transtorno de personalidade histriônica.


Guia esquematizado para o transtorno de personalidade histriônica

Guia esquematizado para o transtorno de personalidade histriônica.

A. PERFIS, ESQUEMAS, ESTILOS DE ESQUEMAS E MODOS DE ESQUEMA


Esquemas:
● Abandono. Instabilidade ou pouca certeza de que o suporte está disponível e o relacionamento com
o outro aponta a expectativa de que os outros o abandonarão.
● Privação emocional. Expectativa de que as próprias necessidades emocionais de afeto, empatia e
cuidado não sejam atendidas pelos outros.
● Grandiosidade. A crença de que é superior aos outros, de que tem direito a privilégios especiais.
Não tendo que se orientar pelas regras de reciprocidade do convívio social.
● Autocontrole insuficiente. Dificuldade persistente e recusa em usar autocontrole e tolerância à
frustração para atingir seus próprios objetivos, ou conter excessivamente suas emoções e impulsos.

Modos esquemáticos:
Criança impulsiva. Comporta-se de acordo com seus desejos ou impulsos não essenciais de uma forma
egoísta ou descontrolada para alcançá-los à sua própria maneira. Muitas vezes tem problemas para
atrasar a gratificação imediata.
Guia esquematizado para o transtorno de personalidade histriônica

B. CURSO DE TRATAMENTO
Avaliação e conceituação de caso

Início da intervenção. Identificar possíveis problemas, como emoções e possíveis indicadores


de esquemas. Aceitar o exagero e a externalização da causa de seus problemas. Ficar atento às
estratégias de sedução manipulativa para manejá-las de maneira adequada e conseguir
construir uma relação de confiança e segurança.

Identificação de esquemas. A aplicação do questionário do esquema ajuda a delinear a visão


que o paciente tem de si mesmo e como ele pode estar envolvido nos problemas de
funcionamento das áreas da vida. Pode ser utilizado para explicar o conceito do esquema e as
estratégias de enfrentamento.

Passado. Ativar memórias do passado relacionadas a carências no cuidado no relacionamento


com os pais. Delimitar a função de grupos de pares nas configurações de esquemas.
Guia esquematizado para o transtorno de personalidade histriônica

B. CURSO DE TRATAMENTO
Avaliação e conceituação de caso

Ativação de esquemas. Ir devagar, aparecerão memórias carregadas de emoção. Não iniciar


estratégias de mudança, favorecer a aceitação das emoções e da dor. É importante enquadrar
as sensações da imaginação para favorecer os elementos da compreensão cognitiva de como
funcionam os esquemas.

Estratégias de enfrentamento. Identificar as principais estratégias de enfrentamento, mas


avaliar especificamente a busca por reconhecimento e busca de status, manipulação e
exploração, e a retirada psicológica.

Conceituação. Identificar o papel do temperamento impulsivo e ansioso, e a busca de um


profissional.
Guia esquematizado para o transtorno de personalidade histriônica

B. CURSO DE TRATAMENTO
Objetivo de mudança terapêutica

Privação emocional:
Cognitiva. Mudar a sensação exagerada de que as pessoas vão agir ou estão agindo de forma egoísta ou
estão agindo privando o paciente (não os amam, não os ouvem, não os compreendem, não se importam
com eles, não os mimam, não cuidam deles). Ensinar diferentes graus de cinza nos níveis de privação e
cuidado emocional. Aprender e modificar as expectativas de que as necessidades emocionais não serão
atendidas ou não serão satisfeitas em relacionamentos íntimos com outras pessoas.

Emocional: expressar raiva e dor ao cuidador que o privou (na imaginação). Pedir aos pais em imaginação
para atender as necessidades emocionais. Escrever uma carta, expressando dor e necessidades emocionais
não atendidas (não enviar). Técnica de duas cadeiras. Expressar necessidades emocionais não atendidas e
modelar sua expressão. Três cadeiras sem a retirada psicológica: Fase 1. Adulto saudável versus protetor
desligado. Peça permissão, fale sobre privação. Protetor desligado versus adulto saudável versus privação.
Guia esquematizado para o transtorno de personalidade histriônica

B. CURSO DE TRATAMENTO
Objetivo de mudança terapêutica

Comportamental. Escolher parceiros que cuidem dele(a). Pedir ao parceiro de maneira


adequada para atender suas necessidades emocionais. Não reagir exageradamente aos níveis de
privação com raiva. Não se afastar ou se isolar quando os outros o machucarem.

Relação terapêutica. Proporcionar uma atmosfera afetuosa de empatia, conselho e atenção.


Ajudar os pacientes a expressar sentimentos de privação sem reagir exageradamente ou ficar em
silêncio, o que ajuda o paciente a aceitar as limitações do terapeuta e tolerar algumas privações,
enquanto aprecia o cuidado que recebe.
Guia esquematizado para o transtorno de personalidade histriônica

B. CURSO DE TRATAMENTO
Objetivo de mudança terapêutica
Grandiosidade
Cognitiva. Desafiar o ponto de vista de ser especial ou ter direitos especiais. Estimular a
empatia para com os outros - princípios de reciprocidade. Salientar as consequências
negativas da grandiosidade.

Emocional. Acesse o rosto vulnerável. Os esquemas subjacentes.

Comportamental. Confrontar a grandeza, estabelecer limites ao "ser especial". Dar suporte


para a vulnerabilidade, não dar suporte ao status de poder.

Relação terapêutica. Buscar equilíbrio entre o atendimento de suas próprias necessidades e


as dos outros, seguir regras sociais.
ABORDAGEM E TRATAMENTOS NA TE
4.2. Guia Esquematizado para Transtorno de
Personalidade Evitativo
Guia esquematizado para Transtorno de Personalidade Evitativo

2. GUIA ESQUEMATIZADO PARA O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EVITATIVO


Perfis de esquemas, estilos de enfrentamento e modos de esquemas

Esquemas:
Defectividade. A sensação de se sentir imperfeito, mau, não amado, inferior ou inválido de maneira
importante. Crença de que não será querido pelos outros e se mostra como é.

Fracasso. A crença de que inevitavelmente falhará. Ou que é inadequado em relação a grupos de pares, por
exemplo, escola, profissão, esportes.

Isolamento social. A sensação de que está isolado do resto do mundo, diferente aos outros e não participa de
um grupo ou comunidade.

Subjugação. Excessivamente entregue ao controle dos outros. Geralmente para evitar raiva, retaliação ou
abandono.
Guia esquematizado para Transtorno de Personalidade Evitativo

Modos de esquema:
Criança vulnerável. Sente-se solitário, fraco, triste, incompreendido, imperfeito, oprimido ou
sobrecarregado, incompetente, inseguro, necessitado, incapaz ou desamparado, desesperado,
amedrontado, preocupado.

Protetor desligado. Corta, isola ou se fecha para as necessidades e sentimentos, desligando-se


emocionalmente das pessoas e rejeita a ajuda delas.

Capitulador complacente. Comporta-se de forma passiva e submissa, buscando aprovação,


desprezando-se perante os outros, afastando-se por medo de problemas ou conflitos com rejeição.

Pai punitivo. Sente que ele ou a outros merecem punição ou culpa e muitas vezes age de acordo
com esses sentimentos culpando ou punindo.

Criança indisciplinada. Ele se comporta de acordo com seus desejos ou impulsos não essenciais de
maneira egoísta ou descontrolada para alcançá-los à sua maneira.
Guia esquematizado para Transtorno de Personalidade Evitativo

B. Curso de tratamento
Avaliação e conceituação de casos

Início da intervenção. Delimitar os problemas de autonomia e nas relações.

Padrões do passado. Ter cuidado ao abordar a história de vida. Realizar reformulações às palavras do
paciente.

Identificação do esquema. Utilizar o questionário para identificar os esquemas. Usar metáforas.

Ativação do esquema. Explicar de forma clara e específica. Manifesta medo a experimentar emoções
em tensão. Se for muito constrangedor, usar estratégias como música ou filmes.

Estratégias de enfrentamento. Identificar as estratégias de evitação e manutenção dos esquemas.

Conceitualização. De temperamento e introversão.


Guia esquematizado para Transtorno de Personalidade Evitativo

Objetivo de mudança terapêutica


Imperfeição
Cognitivo. Mudar sua visão de si mesmo como mau, não amado ou imperfeito. Concentre-se
nas vantagens e minimizar as desvantagens.

Emocional. Identificar a responsabilidade dos pais críticos.

Comportamental. Escolher um parceiro que aceite sua situação. Não reagir exageradamente às
críticas. Autodescoberta ao invés de superar a culpa. Não hipercompensar superestimando o
status.

Relação terapêutica. Não julgar. Criar um ambiente de aceitação. Exemplificar com algumas das
próprias fraquezas do terapeuta. Fornecer psicoeducação adequada ao paciente.
Guia esquematizado para Transtorno de Personalidade Evitativo

Objetivo de mudança terapêutica


Fracasso
Cognitiva. Desafiar o ponto de vista do paciente sobre se sentir inepto, estúpido. Retribuição
de falha ao esquema de manutenção. Destacar sucessos e habilidades. Definir expectativas
realistas.

Emocional. Acessar as memórias de pais, professores, cuidadores críticos ou daqueles que


deram pouco apoio. Também para comparações com irmãos, para expectativas pouco
realistas. Imaginação para abordar a evitação em situações de fazer coisas e / ou desempenho.

Comportamental. Tarefas graduadas para realizar novos desafios. Estabeleça limites, criar
estruturas.

Relação terapêutica. Apoiar o sucesso. Definir expectativas realistas. Dar estrutura e limites.
Guia esquematizado para Transtorno de Personalidade Evitativo

Objetivo de mudança terapêutica


Subjugação
Cognitivo. Tarefas graduadas para realizar novos desafios. Estabelecer limites, crie estruturas
para superar atrasos e ensinar autodisciplina.

Cognitivo. Desafiar o ponto de vista das consequências negativas exageradas de expressar


necessidades, exemplo punição como retaliação, abandonado.

Emocional. Expressar raiva e reivindicar direitos ao pai controlador por meio da imaginação.

Comportamental. Selecionar parceiros que não sejam controladores. Gradualmente afirmar


suas próprias necessidades, aprender suas inclinações naturais e agir de acordo com elas.

Relação terapêutica. Não controlar excessivamente, não ser excessivamente diretivo.


Incentivar o paciente a tomar decisões.
Estamos à disposição!
ABORDAGEM E TRATAMENTOS NA TE
4.3. Guia Esquematizado para Personalidade
Obsessivo-Compulsivo
Guia esquematizado para personalidade obsessivo-compulsivo

3. Guia de esboço para transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo

Esquemas
Padrões rígidos. Profunda convicção de que deve se esforçar para atender aos padrões internos
normalmente muito elevados de conduta e desempenho para evitar críticas.

Inibição emocional
Inibição excessiva de ações, sentimentos ou comunicação espontâneos, geralmente para criar um
sentimento de segurança e para evitar cometer erros, desaprovação de outras pessoas, catástrofe e
caos, ou perda de controle de seus impulsos.

Modos de esquema
Pai exigente. Sente que o caminho certo é ser perfeito e atingir um alto nível de desempenho. Para
manter as coisas em ordem, luta por um status elevado, colocando suas necessidades antes dos
outros, sendo humilhante ou eficiente, ou evitando perder tempo. A pessoa sente que é errado
expressar sentimentos ou agir espontaneamente. Esse modo se refere à natureza de padrões
elevados e objetivos elevados internalizados.
Guia esquematizado para personalidade obsessivo-compulsivo

3. Guia de esboço para transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo

Protetor desligado. Cortar, isolar ou ignorar necessidades e sentimentos, afasta-se


emocionalmente das pessoas e rejeita sua ajuda, sente-se reservado ou introvertido, distraído,
desnorteado ou distante. Despersonalizado, vazio ou entediado, mantém-se tranquilo ou se
estimula em atividades de forma compulsiva ou excessiva, pode adotar uma postura cínica
reservada ou pessimista para evitar investir em pessoas ou atividades.
Guia esquematizado para personalidade obsessivo-compulsivo

3. Guia de esboço para transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo


B. Curso de tratamento
Avaliação e conceituação de caso
Início da intervenção. Permitir seu ritmo lento de explicação, não ser muito invasivo e não
querer apressar. Ser paciente, ajudar a identificar problemas e possíveis esquemas porque têm
um componente racional e intelectual. Em alguns casos, existem dificuldades em rotular
emoções.

Padrões do passado. Às vezes, são muito prolixos nos detalhes e na forma de explicar as coisas.
Tem dificuldade em explicar o impacto emocional das experiências de vida.

Identificação do esquema. No questionário do esquema, em alguns casos com uma pessoa


muito ansiosa ou com alta inibição emocional, são obtidas pontuações baixas nos esquemas de
autonomia. Uso de metáforas e os próprios nomes para denominar os esquemas.
Guia esquematizado para personalidade obsessivo-compulsivo

3. Guia de esboço para transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo


B. Curso de tratamento
Ativação do esquema. Explicar de forma clara e específica. Expressam medo a experimentar
emoções durante a sessão. Se houver inibição excessiva das emoções, usar estratégias como
música ou filme.

Estratégias de enfrentamento. Identificar as estratégias de manutenção e evitação dos


esquemas é fundamental. É importante revisar as estratégias que utilizam para que possam
observar quais comportamentos são orientados pelo esquema, e não apenas um
comportamento de seu repertório comportamental.

Conceitualização. Esclarecer o tipo de temperamento e estilos emocionais.


Guia esquematizado para personalidade obsessivo-compulsivo

3. Guia de esboço para transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo


OBJETIVO DE MUDANÇA TERAPÊUTICA
Padrões inflexíveis
Cognitivos. Reduzir metas e padrões irrealistas. Usar análise de custo-benefício. Destacar as
vantagens e desvantagens de objetivos tão elevados e padrões inatingíveis: saúde, casal, família,
felicidade, etc. Reduzir o risco percebido de fazer algo errado, de não ser "perfeito".

Emocional. Imaginação: Dialogar com os pais sobre altas expectativas. Desabafar a raiva e culpa
por não corresponder às expectativas. Cadeira vazia: diálogo entre objetivos inatingíveis e adulto
saudável ​para encontrar um equilíbrio de expectativas em um nível emocional.

Comportamental. Reduzir gradualmente as demandas e metas irrealistas.

Relação terapêutica. Modelar metas, objetivos e padrões de comportamento mais equilibrados,


tanto na terapia quanto na vida.
Guia esquematizado para personalidade obsessivo-compulsivo

3. Guia de esboço para transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo


OBJETIVO DE MUDANÇA TERAPÊUTICA
Inibição emocional
Cognitiva. Destacar as vantagens de demonstrar emoções. Minimizar as consequências temidas
de agir emocionalmente e impulsivamente.

Emocional. Acessar e expressar as emoções desconhecidas na imaginação: raiva, agressão, sexo,


alegria, etc. Diálogo com o pai inibidor.

Comportamental. Discutir e expressar mais os sentimentos. Ser mais espontâneo. Praticar


atividades como dançar, sexo, etc. Usar tarefas graduadas e não controlar tanto.

Relação terapêutica. Modelar e estimular mais a expressão do afeto e da espontaneidade.


Estamos à disposição!
ABORDAGEM E TRATAMENTOS NA TE
4.4. Terapia dos Esquemas para Casais
Terapia dos esquemas para casais

Os relacionamentos afetivo-conjugais podem funcionar como mantenedores do padrão


esquemático disfuncional entre os pares.
A TE tem desenvolvido recursos para o entendimento da dinâmica das relações interpessoais,
pois um de seus focos se baseia na mudança da cognição e comportamentos que influenciam a
qualidade dos relacionamentos.
Essa abordagem pode possibilitar que o indivíduo tome consciência dos seus EIDs e dos seus
processos esquemáticos.
Os relacionamentos conjugais satisfatórios podem contribuir para a qualidade de vida e o bem-
estar pessoal, mas também sabemos que as relações podem gerar sofrimento devido a possíveis
problemas na estruturação da personalidade.
A TE salienta a influência dos esquemas na escolha do parceiro e na dinâmica da relação
amorosa, e as necessidades emocionais não supridas do indivíduo, o que pode causar
sentimentos dolorosos e afetar a interação entre os parceiros.
Terapia dos esquemas para casais

Para que o indivíduo tenha uma estruturação saudável da personalidade e consiga buscar e
manter relacionamentos funcionais saudáveis.
Algumas necessidades emocionais do desenvolvimento infantil precisam ser satisfeitas nas
relações primárias, a saber:

● Vínculo seguro, proteção, cuidado, amor, empatia e atenção.


● Senso de autonomia, competência.
● Identidade individualizada.
● Liberdade de expressão, validação de necessidades e emoções.
● Espontaneidade e lazer, limites realistas.
Terapia dos esquemas para casais

Relações primárias e vivências que não atendam tais necessidades dão origem aos esquemas
iniciais desadaptativos (EIDs).
Dessa forma, a associação entre os EIDs e problemas na vida conjugal vem sendo estudada.
As relações íntimas, quando conseguem ser satisfatórias, podem ter um papel no
desenvolvimento saudável dos EIDs e a terapia do esquema pode ajudar os parceiros a
identificar e reprocessar as emoções relacionadas a esses esquemas, desenvolvendo estratégias
que alcancem suas necessidades emocionais infantis e adultas na relação e quebrando os ciclos
repetitivos na dinâmica conjugal, os quais são causadores de sofrimento e insatisfações.
O processo psicoterápico do casal pode ser indicado como complementação da terapia
individual.
Terapia dos esquemas para casais

O CICLO ESQUEMÁTICO NOS RELACIONAMENTOS


A busca pela coerência cognitiva e perpetuação dos EIDs frequentemente leva a uma forte atração por relações que mantenham
sensações e crenças familiares. As escolhas amorosas e permanência em relacionamentos disfuncionais podem estar baseadas na
química do esquema, que é sentida pela ativação de um ou mais EIDs e costuma ser gerada quando a pessoa revive experiências da
infância e adolescência com figuras parentais ou com outras pessoas significativas (Paim, 2016).
As situações-gatilho são situações vividas pelo casal que desencadeiam uma interação esquemática no relacionamento, e pode aparecer
como um padrão autoperpetuado e destrutivo que envolve um ciclo complexo de respostas cognitivas, comportamentais, emocionais e
biológicas. Como consequência, modos desadaptativas usados diante da ativação esquemática, que normalmente acontece ao reviver
privações emocionais nas relações primárias, ativam também os EIDs do(a) parceiro(a).
Dessa maneira, uma espécie de ciclo esquemático de ativações de respostas cognitivas, emocionais e comportamentais infantis pode
estabelecer uma interação destrutiva entre o casal. Funciona como uma espécie de ciclo vicioso: a utilização de modos desadaptativas
ante as insatisfações sentidas no relacionamento não permite que as necessidades emocionais sejam compreendidas e atendidas na
relação, pelo contrário, gera mais insatisfação e, consequentemente, a utilização maciça de modos desadaptativos entre os parceiros
(Paim, 2016).

Tabela 7. Exemplo de respostas mal adaptativas no relacionamento amoroso:


Adaptado de Scribel, Sana, Benedetto (2007)
A figura a seguir apresenta de forma resumida a relação entre os esquemas adaptativos e desadaptativos do casal, bem como o padrão
interacional que pode contribuir para a manutenção dos EIDs e perpetuação do sofrimento experimentado.
Terapia dos esquemas para casais

O CICLO ESQUEMÁTICO NOS RELACIONAMENTOS

A busca pela coerência cognitiva e perpetuação dos EIDs frequentemente leva a uma forte atração por relações que
mantenham sensações e crenças familiares.
As escolhas amorosas e permanência em relacionamentos disfuncionais podem estar baseadas na química do
esquema, que é sentida pela ativação de EIDs gerada quando a pessoa revive experiências da infância e adolescência
com figuras parentais ou com outras pessoas significativas.
As situações-gatilho são situações vividas pelo casal que desencadeiam uma interação esquemática no
relacionamento, e pode aparecer como um padrão auto perpetuado e destrutivo que envolve um ciclo complexo de
respostas cognitivas, comportamentais, emocionais e biológicas.
Terapia dos esquemas para casais

O CICLO ESQUEMÁTICO NOS RELACIONAMENTOS

Como consequência, modos desadaptativas usados diante da ativação esquemática, que normalmente acontece ao
reviver privações emocionais nas relações primárias, ativam também os EIDs do(a) parceiro(a).
Dessa maneira, uma espécie de ciclo esquemático de ativações de respostas cognitivas, emocionais e
comportamentais infantis pode estabelecer uma interação destrutiva entre o casal.
Funciona como uma espécie de ciclo vicioso: a utilização de modos desadaptativas ante as insatisfações sentidas no
relacionamento não permite que as necessidades emocionais sejam compreendidas e atendidas na relação, pelo
contrário, gera mais insatisfação e, consequentemente, a utilização maciça de modos desadaptativos entre os
parceiros.
Terapia dos esquemas para casais

Esquema Significado Respostas mal adaptativas


Abandono / instabilidade Falta de confiança nas pessoas Seleciona parceiros não confiáveis e não
disponíveis para apoio e persistentes no relacionamento. Evita
conexão relacionamentos íntimos por medo de ser
abandonado, “gruda” e sufoca o parceiro.
Desconfiança / abuso Expectativa de ser magoado, Seleciona parceiros abusivos e permite abuso / não
trapaceado ou abusado pelo confia no parceiro, não se entrega emocionalmente,
outro usa e abusa do parceiro, temendo ser abusado.
Privação emocional Expectativa de não ver Seleciona parceiros incapazes de satisfazer suas
atendidos seus desejos de necessidades emocionais/evita relacionamentos
apoio emocional e vinculação completos e duradouros / emocionalmente
exigente, restringindo a vida relacional do parceiro.
Defectividade / vergonha Percepção de si mesmo como Seleciona parceiros excessivamente críticos ou
inferior, defeituoso, indesejado desqualificadores, isola-se evitando a expressão
ou indigno de amor genuína de pensamentos e sentimentos, critica o
parceiro, mas percebe-se perfeito.
Terapia dos esquemas para casais
Esquema Significado Respostas mal adaptativas
Vulnerabilidade a danos / doenças Medo exagerado que algo iminente e Teme situações de conflito na relação, não aborda assuntos polêmicos com
catastrófico aconteça o parceiro, idealiza a relação como indestrutível.
Emaranhamento / self Excessivo envolvimento com a família de Não assume seu papel na atividade conjugal, pouco envolvimento na
subdesenvolvimento origem ausência de senso de identidade relação, aparente autonomia.
conjugal
Fracasso Crença de falha em várias áreas de Seleciona parceiros exigentes ou desqualificadores, evita situações
comportamento conflitivas, nega qualquer problema ou dificuldade na relação.
Merecimento /grandiosidade Crença de ser superior aos outros, merecedor Intimida e constrange o parceiro com suas próprias realizações, evita
de privilégios ou direitos especiais situações onde não possa mostrar-se superior ao parceiro / excessivamente
gentil para impressionar o parceiro.
Autocontrole e autodisciplina Dificuldade no controle das emoções e Impulsivo e agressivo nas relações, evita situações de confronto com o
insuficiente impulsos; baixa tolerância à frustração parceiro por medo de descontrolar-se, controle excessivo de impulsos e
emoções.
Subjugação Submissão excessiva aos desejos de outros a Extremadamente devotado ao parceiro, esquecendo de si próprio, evita
fim de evitar raiva, retaliação ou abandono discordar do parceiro, rebela-se contra o parceiro e impõe seus desejos.

Auto sacrifício Foco excessivo no atendimento voluntário das Coloca-se a serviço das necessidades e desejos do parceiro por abnegação,
necessidades dos outros evita situações onde seus desejos fiquem em primeiro plano, coloca-se
como o centro da relação esperando auto sacrifício do outro.
4.4. Terapia dos esquemas para casais

Adaptado de Scribel, Sana, Benedetto, 2007


ABORDAGEM E TRATAMENTO
Paim (2016) propõe para o atendimento de casais, seguir o mesmo modelo conceitual do tratamento individual
da TE. As principais vantagens dessa modalidade psicoterápica são:
● Apresenta uma forma estruturada e sistemática de entender padrões emocionais e comportamentais
profundos dos parceiros e da dinâmica do casal;
● Proporciona aos pacientes e ao terapeuta um mapa para a abordagem dos problemas do casal e das
mudanças que precisam ser feitas na relação;
● Contribui para que os parceiros a alcançar as necessidades infantis e adultas de forma adaptativa;
● Propicia no desenvolvimento de novas estratégias efetivas para aliviar o sofrimento pessoal e do parceiro;
● Contribui para um maior conhecimento das necessidades emocionais do(a) parceiro(a);
● Trabalha por uma mudança integrativa: interpessoal, cognitiva, emocional e comportamental;
● Está orientada para mudanças mais imediatas, mas oferece a profundidade de abordagens de longo prazo;
● Diferentemente do que acontece em terapias de casal tradicionais, a TE foca mais na quebra de ciclos
repetitivos da dinâmica do casal, e não somente no treinamento de habilidades de comunicação ou
resolução de problemas.
Terapia dos esquemas para casais

PRIMEIRA ETAPA: AVALIAÇÃO DA DEMANDA ATUAL


A primeira etapa da abordagem de casais compreende uma avaliação dos EIDs pessoais e do ciclo esquemático do casal. A
avaliação inicia com a compreensão da demanda atual, suas queixas e insatisfações no presente.
O terapeuta precisa identificar as principais queixas do casal, então explorar a história da relação e revisar de modo detalhado
os conflitos específicos, a partir de um exemplo prático real. A partir da sua perspectiva, cada parceiro deve explicar o que
aconteceu na situação exemplo. O terapeuta pode convidar o casal a trazer um conflito atual para a sessão, por exemplo:
“Pedro e Clara, eu gostaria que vocês discutissem agora um conflito atual não resolvido e perturbador por um período
de 10 minutos; quero que tentem resolver esse tópico.
Eu irei apenas observar sem qualquer intervenção, e, quando terminar o tempo, nós conversaremos sobre a
experiência”.
Posteriormente, é necessário ampliar a investigação:
“Eu quero entender melhor como vocês costumam lidar com os conflitos. Poderiam me contar como decidiram
(situação importante para o casal, ex. casar, ter filhos, mudar-se, comprar uma casa etc.)?”
O terapeuta acompanha atentamente os detalhes, sempre questionando: o que aconteceu, como se sentiram e o que
isso significou.
Terapia dos esquemas para casais

PRIMEIRA ETAPA: AVALIAÇÃO DA DEMANDA ATUAL


Também o terapeuta, deve explorar com cada um dos parceiros a progressão dos problemas conjugais ao longo do
tempo. A descrição deve ser detalhada e individual, com foco em aspectos negativos e positivos do relacionamento.
O terapeuta pode auxiliar para que as insatisfações sejam escutadas e validadas pelo parceiro(a). A investigação
detalhada da história do relacionamento pode incluir questões como (Atkinson, 2012 em Paim, 2016):
“Como lembram de seu primeiro encontro?
“O que mais te atraiu no seu parceiro nesse momento?”,
“O que mais se destacou nos primeiros meses da relação?”
“Quando vocês perceberam problemas no relacionamento?
“Como cada um lidou com isso?”
“Quando e como decidiram casar ou morar juntos?”
“Como foi sua lua de mel?”
“Como foi a adaptação ao convívio diário?”
“Como foi a decisão de ter ou não ter filhos?”
“Como se relacionaram na gravidez ou no nascimento do filho?”
“Quais os bons momentos que vocês se lembram na história do casal?”
“Quais as diferenças da relação no momento atual em comparação aos primeiros meses de relacionamento?”
“Como foi a vida sexual do início do relacionamento até o momento?”
“Quais as principais diferenças entre vocês?”
“Quais são os objetivos conjuntos?
Terapia dos esquemas para casais

A partir da investigação detalhada dos problemas, terapeuta e pacientes começam a criar


as hipóteses sobre as necessidades de mudança.
As principais fontes esquemáticas para problemas nos relacionamentos são as seguintes:
● Não atendimento das necessidades emocionais primordiais um do outro;
● Apresentação de EIDs que levam a hipersensibilidade e distorções nas interações
diárias;
● Os parceiros não conseguem acessar emoções do modo criança vulnerável;
● Os EIDs e os modos de enfrentamento do casal se chocam e levam a ciclos
esquemáticos destrutivos e repetitivos.
Terapia dos esquemas para casais

SEGUNDA ETAPA: MUDANÇAS


Identificação de gatilhos dos EIDs
A psicoeducação sobre os “gatilhos” dos EIDs de cada parceiro uma importante estratégia
terapêutica.
O terapeuta pode explicar os esquemas como vulnerabilidades a determinadas situações, que podem
ser chamadas de situações-gatilho – por exemplo:
● Ser controlado (esquema de desconfiança/abuso);
● Ficar sozinho por muito tempo (esquema de abandono);
● Não ter ajuda com tarefas de casa (esquema de privação emocional);
● Receber críticas (esquema de fracasso), etc.
Terapia dos esquemas para casais

SEGUNDA ETAPA: MUDANÇAS


As estratégias para trabalhar a identificação de gatilhos dos EIDs entre o casal incluem:
● Relacionar o conflito atual a exemplos ocorridos na infância e situações similares presentes na relação
atual;
● O casal conjuntamente avalia as queixas válidas, bem como as reações exageradas causadas pela
ativação dos EIDs;
● Revisar os principais EIDs de cada um e listar os “gatilhos” aos quais o(a) parceiro(a) é vulnerável,
usando exemplos;
● Quando um conflito surgir na sessão, apontar para o(a) parceiro(a) o EID que pode ter sido acionado;
● Usar cartões-lembretes contendo os gatilhos mais comuns de cada um;
● Combinar como tarefa de casa o registro de EIDs acionados durante a semana, e praticar uma resposta
mais assertiva.
● Pedir ao cônjuge outra perspectiva sobre a situação-gatilho;
● Praticar novas maneiras de resolver a situação-gatilho no futuro – por exemplo pedir desculpas pelo
comportamento insensível;
Terapia dos esquemas para casais

Trabalho com os modos esquemáticos


Uma dinâmica conjugal disfuncional pode ser resultado dos modos esquemáticos desadaptativos, acionados
quando alguma necessidade emocional não estiver sendo suprida.
Para facilitar a psicoeducação, o terapeuta pode construir com o casal seu desenho do ciclo esquemático,
utilizando-se flechas para interrelacionar os modos dos cônjuges de forma sistêmica.
Além da identificação dos modos individuais, é necessário identificar quais são ativados na sequência do ciclo
esquemático, uma vez que a reação individual desadaptativa desencadeia no(a) parceiro(a) a ativação dos modos
desadaptativos deste.
Nos casais, os principais modos causadores de insatisfações e conflitos são: infantil (criança
vulnerável/ansiosa/triste/solitária e criança zangada) e de enfrentamento desadaptativo (protetor desligado,
agressor, isolado, postura crítica, passivo, pegajoso, busca de atenção, parental, exageradamente cuidador,
dependente, controlador, superior, manipulador, exageradamente racional).
Após a psicoeducação sobre os modos e o entendimento do ciclo, os seguintes passos devem ser realizados
com objetivo de mudança:

● identificar situações-gatilho e EIDs que acionam o modo disfuncional do(a) parceiro(a);


● rotular os modos acionados pela situação-gatilho;
● descrever os efeitos sentidos em cada parceiro;
● revisar o impacto dos modos ativados sobre a relação;
● repetir a situação-gatilho com o casal, instruindo para que respondam conforme os modos criança
vulnerável ou adulto saudável;
● praticar com cada parceiro a expressão das necessidades dos modos infantis desadaptativos (modo
criança vulnerável/solitária/abandonada e modo criança zangada/impulsiva);
● combinar como tarefa de casa a permanência nos modos criança vulnerável ou adulto saudável por mais
tempo.
O adulto saudável é um modo funcional na relação e deve ser reforçado na terapia para que o indivíduo consiga obter as
necessidades primordiais no relacionamento; desativar os modos esquemáticos infantis; conhecer e reconhecer suas principais
necessidades emocionais; regular as emoções nos relacionamentos geradas pela ativação dos EIDs; ajudar a ter consciência da
ativação dos EIDs e, dessa forma, não interferir na relação com o(a) parceiro(a); gerenciar os modos desadaptativos de
enfrentamento na relação; ajudar na reparação dos EIDs do(a) parceiro(a). Outras estratégias utilizadas para fortalecimento do
modo adulto saudável e para a diminuição do confronto entre os modos desadaptativos incluem:
● O casal é educado sobre a importância de amenizar os conflitos;
● O estabelecimento de limites sobre o que é inaceitável em qualquer conflito;
● Um dos parceiros sinaliza o conflito quando percebe que um modo desadaptativo foi ativado, e, então, os dois concordam
em “dar um tempo” para diminuição da carga emocional;
● Separadamente, os parceiros procuram identificar quais EIDs foram ativados, o que estão sentindo e em qual modo estão
reagindo;
● O casal consulta um “cartão-lembrete” relacionado ao EID e ao modo ativado;
● Tentam superar o EID: reconhecer as reações acionadas pelo esquema e ativar o modo criança vulnerável ou adulto
saudável;
● Cada parceiro explica como o conflito se relaciona com as experiências da infância, a fim de gerar empatia no outro;
● Cada parceiro explica quais EIDs foram ativados, como o comportamento do outro o afetou;
● Cada um explica como gostaria que o(a) parceiro(a) reagisse para atender melhor suas necessidades;
● Cada parceiro procura atender as necessidades um do outro por meio da reparentalização, tentando resolver o problema
atual com sensibilidade e compromisso;
● São discutidas formas de evitar conflitos similares no futuro.
Terapia dos esquemas para casais

Trabalho com os modos esquemáticos


Os seguintes passos devem ser realizados com objetivo de mudança:
● identificar situações-gatilho e EIDs que acionam o modo disfuncional do(a) parceiro(a);
● rotular os modos acionados pela situação-gatilho;
● descrever os efeitos sentidos em cada parceiro;
● revisar o impacto dos modos ativados sobre a relação;
● repetir a situação-gatilho com o casal, instruindo para que respondam conforme os modos
criança vulnerável ou adulto saudável;
● praticar com cada parceiro a expressão das necessidades dos modos infantis desadaptativos
(modo criança vulnerável/solitária/abandonada e modo criança zangada/impulsiva);
● combinar como tarefa de casa a permanência nos modos criança vulnerável ou adulto
saudável por mais tempo.
Terapia dos esquemas para casais

Trabalho com os modos esquemáticos


Outras estratégias utilizadas para fortalecimento do modo adulto saudável e para a diminuição do
confronto entre os modos desadaptativos incluem:
● O casal é educado sobre a importância de amenizar os conflitos;
● O estabelecimento de limites sobre o que é inaceitável em qualquer conflito;

● Um dos parceiros sinaliza o conflito quando percebe que um modo desadaptativo foi ativado, e, então, os dois
concordam em “dar um tempo” para diminuição da carga emocional;
● O casal consulta um “cartão-lembrete” relacionado ao EID e ao modo ativado;

● Cada parceiro explica como o conflito se relaciona com as experiências da infância, a fim de gerar empatia no outro;
● Cada parceiro explica quais EIDs foram ativados, como o comportamento do outro o afetou;

● Cada um explica como gostaria que o(a) parceiro(a) reagisse para atender melhor suas necessidades;
● Cada parceiro procura atender as necessidades um do outro por meio da reparentalização, tentando resolver o problema
atual com sensibilidade e compromisso;
● São discutidas formas de evitar conflitos similares no futuro.
Terapia dos esquemas para casais

A modo de síntese
● A TE para a compreensão das relações amorosas e para a intervenção com casais em conflito possibilita a visão de como
estruturas que são formadas na infância e adolescência são acionadas e regem o modo como as pessoas pensam,
sentem e agem em seus relacionamentos atuais.

● A possibilidade de responderem favoravelmente ao processo terapêutico dos casais está vinculada às condições da
estrutura emocional de cada parceiro, de como lidam com as questões de privação, rejeição, subestimação ou
superestimação de suas necessidades.

● Essas questões são reativadas e potencializadas na relação conjugal, pela importância da conjugalidade na vida
emocional adulta e a possibilidade de preenchimento de demandas primárias. Por outro lado, pela tendência a
repetição dos padrões de comportamento ancoradas nas crenças pessoais.

● A terapia com casais procura a identificação e reestruturação dos esquemas mal adaptativos de cada parceiro que estão
sendo acionados e reforçados mutuamente, gerando interações perturbadas (Scribel, Sana, Benedetto, 2007; Palm,
2016.
Estamos à disposição!
ABORDAGEM E TRATAMENTOS NA TE
4.5. A Terapia de Esquema em Grupo (TEG)
A Terapia de esquema em grupo (TEG)

Nos últimos anos a TE em grupo tem se desenvolvido e adaptado visando atender pacientes com
transtornos da personalidade.

Alguns fatores que não estão presentes na terapia individual e contribuem para a efetividade do
grupo, como, por exemplo:
● Suporte e validação pelos demais participantes;
● Possibilidade de experimentar de forma segura expressões emocionais e novos
comportamentos;
● Vínculos que possam ressignificar representações de vínculos inseguros;
● Confrontação empática entre os membros do grupo;
● Expansão da reparentalização limitada de um participante para a “família”;
● Altruísmo, coesão grupal;
● Diversas fontes de informação;
● Modelagem, aprendizagem vicária;
● Aprendizado interpessoal, dessensibilização;
● Oportunidade de praticar habilidades sociais.
A Terapia de esquema em grupo (TEG)

Fatores terapêuticos relevantes oferecidos pelos grupos.

Instalação de esperança Necessário em toda psicoterapia. Nos grupos, é possível estimular esse fator a partir das
narrativas de “superação” feitas pelos membros.
Universalidade Descoberta de que outros sofrem com dificuldades semelhantes com frequência.
Compartilhamento das Psicoeducação compartilhada acerca da natureza do diagnóstico ou do problema em
informações particular. O conselho direto de outro paciente oferece informações novas e úteis.
Altruísmo Oportunidade de os membros do grupo oferecerem ajuda aos demais.
Capitulação corretiva do grupo O grupo proporciona uma experiência social, pois permite aos membros a interação e o
familiar primário e do surgimento de seus padrões interpessoais de relacionamento, tornando evidentes seus
aprendizado interpessoal estilos de interação, particularmente os problemáticos.
Desenvolvimento de técnicas O grupo pode oportunizar técnicas de socialização que envolvem o desenvolvimento de
de socialização: habilidades sociais mais básicas e diversas.
Comportamento imitativo Um membro pode aprender por meio da observação do comportamento de outros
participantes e até mesmo do terapeuta.
Coesão grupal Inclui aceitação, apoio e confiança, é definido como a atração que os membros têm pelo
grupo e pelos outros membros.
Catarse Compartilhar e a reação do grupo ao evento catártico é crucial.
A Terapia de esquema em grupo (TEG)

O TERAPEUTA E O COTERAPEUTA NA TERAPIA EM GRUPO


O terapeuta de grupo serve como um modelo consistente, oferece suporte a cada participante e precisa ter
energia para reparentalizar o grupo todo. O profissional, na TEG, deve ser empático, acolhedor e genuíno (Erdos,
2016).

O grupo funciona como uma “grande família”, então o profissional deve se perguntar o que um bom pai faria e
agir de acordo, ajudando os participantes a identificar e a suprir suas necessidades primárias não atendidas.

Um terapeuta, com um bom pai:


● Não julga nem diferenciar seus filhos;
● Procura promover a coesão do grupo reforçando esta ideia: trata-se de uma “família substituta saudável”;
● Oferece aos pacientes um “lar seguro”, para preencher as lacunas da aprendizagem emocional sobre si
mesmos e os outros;
● Os “pais” de uma família grande devem considerar todos os seus “filhos”;
● A aceitação e o senso de pertencimento que a experiência da “família saudável” promove é especialmente
importante para ressignificar o modo criança vulnerável;
● Limites de manifestações devem ser previamente estabelecidos e respeitados, de forma que nenhum
membro do grupo se sinta atacado e/ou magoado.
A Terapia de esquema em grupo (TEG)

O TERAPEUTA E O COTERAPEUTA NA TERAPIA EM GRUPO

O terapeuta deve manter contato visual com todos os membros do grupo. Inclusive, quando um paciente estiver
falando, deve observar como os demais se comportam e questionar algumas reações verbais e não verbais
percebidas.

A experiência de pertencer a um grupo é diferente da conexão que se estabelece na terapia individual.

No caso de alguma situação emocional ultrapassar limites previamente acordados, o terapeuta deve confrontar
de forma empática. Mas é importante lembrar que para ressignificar algumas experiências, emoções intensas
podem surgir ao longo dos encontros.

É importante solicitar feedback ao grupo, e o terapeuta pode falar como ele próprio se sentiu (autorrevelação).
A Terapia de esquema em grupo (TEG)

O participante e o grupo

O tamanho ideal do grupo é de oito participantes, um terapeuta e um coterapeuta.

Os grupos podem ser abertos ou fechados (os membros são pré-selecionados e estão todos presentes em cada
sessão), dependendo de qual for o objetivo terapêutico.

A estrutura dos encontros segue o mesmo formato da terapia cognitivo-comportamental individual e em grupo.

No início da sessão, o terapeuta define a agenda junto aos pacientes, faz uma rápida checagem de humor dos
participantes e revisa a tarefa de casa combinada no último encontro.

Ao final, o terapeuta faz um fechamento, concluindo o que foi trabalhado no dia, solicita um feedback aos
participantes e planeja a tarefa de casa para a semana.

Pode ser desafiador equilibrar a agenda e o tempo de forma que todos os membros participem o mais igualmente
possível.
A Terapia de esquema em grupo (TEG)

Indicações e contraindicações para participantes da Terapia do Esquema em Grupo (TEG).

Indicação TEG Contraindicação TEG


● pacientes com transtornos — ou traços — ● ideação suicida;
da personalidade;
● sintomas psicóticos;
● indivíduos com traumas complexos ou
sintomas crônicos que não responderam a ● comportamentos de automutilação;
outros tratamentos;
● agressividade;
● sujeitos motivados a aderir ao formato
grupal — considerando o tempo de ● uso/abuso de drogas.
duração do tratamento;

● disposição para executar tarefas de casa.


A Terapia de esquema em grupo (TEG)

Os autores indicam trabalhar a psicoeducação da forma descrita a seguir:

1ª sessão: o que são esquemas, modos e como se estabelecem. Como os esquemas


disfuncionais se desenvolvem, necessidades básicas primárias não são atendidas. Lista com
os 18 esquemas para o grupo.

2ª e 3ª sessões: identificar e entender os componentes cognitivos, emocionais, fisiológicos e


comportamentais dos esquemas de cada participante.

4ª sessão: identificar os modos saudáveis do indivíduo. Reforçar que todos têm um modo
adulto saudável. Pode-se trazer como exemplo o fato de estar no grupo procurando ajuda.
Essa é a parte saudável do paciente.

5ª sessão: descrever as principais intervenções em TE. Alguns participantes podem ter algum
conhecimento sobre técnicas cognitivas e comportamentais, mas não sobre as intervenções
usadas em TEG.
A Terapia de esquema em grupo (TEG)

Técnicas cognitivas, vivenciais e comportamentais para a Terapia do Esquema em Grupo (TEG).

Técnicas Cognitivas Técnicas Vivenciais Técnicas comportamentais


Psicoeducação; Trabalho com imagens mentais Checagem de evidências;
– lugar seguro;
Exercício de vantagens e Prática de role-plays;
desvantagens; Role-plays;
Planejamento de modos de
Reestruturação cognitiva; Representações de situações enfrentamento.
em grupo (dramatizações).
Cartões de enfrentamento;

Distorções cognitivas.
A Terapia de esquema em grupo (TEG)
Os autores indicam trabalhar a psicoeducação da forma descrita a seguir:

1ª sessão: o que são esquemas, modos e como se estabelecem. Como os esquemas


disfuncionais se desenvolvem, necessidades básicas primárias não são atendidas. Lista com
os 18 esquemas para o grupo.

2ª e 3ª sessões: identificar e entender os componentes cognitivos, emocionais, fisiológicos


e comportamentais dos esquemas de cada participante.

4ª sessão: identificar os modos saudáveis do indivíduo. Reforçar que todos têm um modo
adulto saudável. Pode-se trazer como exemplo o fato de estar no grupo procurando ajuda.
Essa é a parte saudável do paciente.

5ª sessão: descrever as principais intervenções em TE. Alguns participantes podem ter


algum conhecimento sobre técnicas cognitivas e comportamentais, mas não sobre as
intervenções usadas em TEG.
Estamos à disposição!

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