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Terapia do Esquema (TE)

Profa. Dra. Eliane Falcone


Aula 02
Modelo conceitual da TE
Tópicos

1. Aplicações da TE

2. Esquemas iniciais desadaptativos (EIDs)

3. Estilos de enfrentamento

4. Modos
Aplicações da TE

Ampliação da Terapia Cognitivo-Comportamental;

Conscientização das bases desenvolvimentais;


Ênfase nas estratégias emocionais vivenciais / diálogos;
Relação terapêutica como ingrediente ativo de mudança ;
Mudança de traços de personalidade;

Transtornos de Personalidade;
Problemas conjugais difíceis;
Transtornos alimentares;
Abuso de substâncias;
Transtornos do humor e da ansiedade;
TE em grupo.
Necessidades emocionais centrais

Vínculos seguros, base estável, previsibilidade, amor, carinho, atenção,


aceitação, elogio, empatia e limites realistas.

A frustração de necessidades emocionais ocorrida de forma consistente


e/ou traumática (padrões parentais erráticos ou disfuncionais) levam à
construção de Esquemas Iniciais Desadaptativos (Formas autoderrotistas
de funcionamento interpessoal).
Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIDs)

Conjunto de memórias, emoções, sensações corporais e cognições


relacionados a um tema de infância (abandono, abuso, negligência ou rejeição).

Hipocampo e áreas corticais relacionadas: memórias conscientes


Sistema baseado em amigdalas: memórias inconscientes.
Esquemas do 1º Dominio: Desconexão e rejeição
EIDs Necessidades Emocionais Centrais não atendidas. Temas subjacentes.

Privação Acolhimento, afeição, empatia, proteção, orientação, Expectatias de jamais ser amado,
emocional compartilhamento de experiência emocional. apoiado, cuidado, compreendido.
Abandono/ Figuras de apego emocional estáveis. Expectativas de ser abandonado por
Instabilidade significantes. Os outros são imprevisíveis
e indisponíveis.
Desconfiança/ Honestidade, confiabilidade, lealdade e ausência de Expectativas de ser humilhado,
Abuso abuso. prejudicado ou abusado.
Isolamento Inclusão e aceitação por uma comunidade que Crenças de não pertencimento, de estar
social/ compartilhe interesses e valores. de fora dos grupos.
Alienação
Defectividade Aceitação e amor incondicionais, ausência de críticas Crenças de ser defeituoso, mau e
/Vergonha e/ou de rejeição. Encorajamento para compartilhar indigno/inferior.
dúvidas ou sentimentos, em vez de escondê-los.

Fonte: Falcone, 2014


Esquemas do segundo domínio: Autonomia e desempenho prejudicados
EIDs Necessidades Emocionais Centrais não atendidas Temas subjacentes
Dependência/ Apoio e orientação no confronto com desafios Incapacidade de funcionar de forma
Incompetência diários, tomadas de decisão, sem ajuda excessiva. autônoma como tomar decisões.
Vulnerabilidade a Modelo que equilibra preocupações razoáveis com Expectativas de ser devastado por
danos e doenças enfrentamento de riscos, sem preocupação ou catástrofes, bem como os parentes e
superproteção indevidas. de ser incapaz de prevenir.

Emaranhamento/ Promoção e aceitação de uma identidade Envolvimento e proximidade


Self separada e de direção na vida. Respeito aos limites excessivos com significantes;
Subdesenvolvido pessoais. incapacidade para desenvolver a
própria identidade.

Fracasso Apoio e orientação no desenvolvimento de Senso de ser incapaz de desempenhar


competências e na escolha de áreas de conquista. bem em relação aos pares.

Fonte: Falcone, 2014


Esquemas do terceiro domínio: Limites prejudicados

EIDs Necessidades Emocionais Centrais não atendidas Temas subjacentes

Merecimento/ Orientação e limite empático para o aprendizado da Crença de ser superior e de ter mais
Arrogo empatia; respeito à perspectiva, direitos e direitos do que os outros.
necessidades dos outros, bem como respeito a
equidade.

Autocontrole/ Orientação e limite empático com relação às Intolerância à frustração e


Autodisciplina competências diárias de rotina, responsabilidades e incapacidade para controlar impulsos.
Insuficientes metas de longo prazo. Limites frente a expressões
descontroladas de emoções ou de impulsividade.

Fonte: Falcone, 2014


Esquemas do quarto domínio: orientação para o outro

EIDs Necessidades Emocionais Centrais não Temas subjacentes


atendidas

Subjugação Liberdade da expressão das necessidades, Submissão aos outros por medo de
sentimentos e opiniões nas relações, sem medo conflito e punição.
de retaliação.
Autossacrifício Equilíbrio na importância das necessidades de Foco excessivo nas necessidades
cada pessoa, sem uso da culpa como controle da dos outros para evitar a culpa.
expressão e da consideração com os outros.

Busca de aprovação/ Demonstração de aceitação e de amor; Busca excessiva de atenção,


reconhecimento normalização das falhas pessoais. reconhecimento e aprovação.

Fonte: Falcone, 2014


Esquemas do quinto domínio: hipervigilância e inibição
EIDs Necessidades Emocionais Centrais não atendidas Temas subjacentes

Negativismo/ Padrão familiar mais positivo em relação a vida; Foco excessivo nos aspectos
Pessimismo busca de bem-estar, aceitação dos erros como negativos da vida, ignorando os
naturais da vida. positivos.
Inibição emocional Estímulo à espontaneidade e à expressão de Expectativa de que a expressão de
sentimentos/emoções. sentimentos e a espontaneidade
levam a embaraço e retaliação.
Padrões Valorização da saúde, intimidade, lazer, promoção Busca excessiva de perfeição,
inflexíveis/Crítica do perdão frente aos erros e imperfeições. hipercriticismo, abandono do lazer
exagerada em prol das obrigações.
Postura punitiva Presença de empatia, normalização das falhas, Expectativas de que os erros devem
promoção do perdão. ser punidos. Agressividade,
intolerância, impaciência.

Fonte: Falcone, 2014


Estilos disfuncionais de enfrentamento aos Esquemas
Estilos de enfrentamento Comportamento Pensamentos Sentimentos

Resignação ao Esquema Repetir os padrões Processamento seletivo, A dor emocional do


(Entregar-se e adaptar-se). interacionais da infância, vendo as informações esquema é sentida
escolhendo que confirmam o diretamente.
pessoas semelhantes aos Esquema e ignorando as
seus cuidadores. que não confirmam.
Evitação do Esquema Evitação ativa e passiva Negação de eventos ou Encobrir ou negar
(Esquiva de atividades ou situações que de situações disparadoras de memórias, sentimentos.
disparam o esquema, impedindo do Esquema. despersonalização ou
experiências corretivas). dissociação.

Supercompensação do Esquema Comportar-se de forma Os pensamentos são Mascarar sentimentos


(Ações opostas ao tema central do opositora ao Esquema opositores ao Esquema; desconfortáveis
Esquema para não ser atingido(a) por (geralmente exagerada). negação do Esquema. relacionados ao Esquema
ele; atitude excessivamente assertiva, (ex., arrogância, para
agressiva ou independente). esconder sentimentos de
inferioridade.

Fonte: Falcone, 2014


Modos de Esquemas – Modos inatos da criança

1. Criança vulnerável (solitária, abandonada, abusada):

Sente dor e medo do abandono, causado pela história abusiva, a qual expressa
desespero, medo, tristeza e sentimentos de inferioridade. Sente-se incapaz de
cuidar de si mesma. Sentimento de estar desamparado. A pessoa nesse modo se
sente deprimida, ameaçada ou não amada e pode fazer grandes esforços para
evitar o abandono e ter uma visão idealizada dos cuidadores.

2. Criança zangada e impulsiva:

O modo de esquema é ativado quando a pessoa age impulsivamente para atingir as


necessidades ou ventila os sentimentos, geralmente de forma inapropriada. Os
sinais e sintomas podem ser de raiva intensa, impulsividade, exigência,
desvalorização ou comportamento abusivo, promiscuidade e ameaças suicidas.

3. Criança Feliz:
Modos de evitar a criança quando esta se sente vulnerável

4. Capitulador complacente:
Submete-se ao esquema tornando-se a criança passiva e desamparada que deve
ceder aos outros. Permite passivamente ser maltratado ou não toma atitude para ter
as próprias necessidades atendidas.

5. Protetor desligado:
Desligamento dos próprios sentimentos e das outras pessoas; comportamento
obediente ou evitativo. Estado disfórico como consequência (depressão, sentimentos
de vazio e de enfado). Respostas associadas: abuso de álcool ou drogas,
automutilação, despersonalização, queixas psicossomáticas, submissão ou
comportamento evitativo.

6. Hipercompensador:
Reage de forma extrema, hipervigilante, controladora, arrogante, vingativa, agressiva.
Modos dos pais Disfuncionais
Visão internalizada (identificação) de um dos pais

7. Pai/mãe punitivo:
Autocriticismo/punição por expressar necessidades e sentimentos normais, por cometer erros
ou por não preencher as próprias expectativas ou as dos outros. Aversão a si mesma ou
intensa autocrítica por ser carente e, subseqüentemente, autonegação ou automutilação.

8. Pai/mãe punitivo-exigente:
Pressiona a criança para cumprir padrões demasiado elevados.
Referências bibliográficas

Falcone, E.M.O. (2014). Terapia do esquema. In W. V. Melo (Ed.). Estratégias psicoterápicas e a terceira onda em terapia
cognitiva. Novo Hamburgo: Sinopsys

Farrell, J., Reiss, N., & Shaw, I.A. (2014). The Schema Therapy Clinician’s Guide. Malden: Wiley-Blackwell.

Genderen, H. V., Rijkeboer, M., & Arntz, A. (2012). Theoretical model: Schemas, coping styles, and modes. In M. van
Vreeswijk, J. Broersen, & M. Nadort (Orgs.). The Wiley-Blackwell handbook of schema therapy. Theory, research, and
practice. Malden: Wiley-Blackwell.

Reis, A.H. & Andriola, R. (2019). O papel dos esquemas no funcionamento interpessoal. In K. Paim & B. L. A. Cardoso
(Eds.). Terapia do Esquema para casais. Base teórica e intervenção. Porto Alegre: Artmed.

Stevens, B. A., & Roediger, E. (2017). Breaking negative relationship patterns. Malden: Wiley-Blackwell.

Young, J.; Klosko, J.S. & Weishaar, M.E. (2008). Terapia do Esquema: Guia de técnicas cognitivo-comportamentais
inovadoras. Porto Alegre: Artmed.

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