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PARTE 1

Conceitos

CAPÍTULO 1:
Da educação a distância
ao e-learning empresarial

Desde muito cedo em nossa vida entendemos que é


preciso ir à escola para aprender. Lá encontramos o professor,
que nos transmite seus conhecimentos por meio do contato
pessoal, geralmente falando com todo o grupo de alunos, ou
atendendo a cada um individualmente.
Na sala de aula, a única coisa que não deve ser nunca
proibida é perguntar. Levantamos nossas questões e obtemos
as respostas imediatamente. Também é na escola que, desde
criança, nos aperfeiçoamos na arte de viver em sociedade.
Convivemos durante um bom tempo com uma turma de
alunos de idade e perfil semelhantes ao nosso. Estudamos
juntos, trocamos experiências, construímos nossa visão de
mundo, desenvolvemos relacionamentos sociais e – por que
não? – competimos pelo melhor desempenho.

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Por tudo isso as instituições de ensino sempre foram – e
ainda são – o lugar por excelência da educação formal nas
sociedades. É o que chamamos hoje de cursos presenciais, ou
seja, com a presença de professor e alunos no mesmo local
ao mesmo tempo.
Esse o modelo de curso é o mais utilizado no mundo
inteiro e possui uma característica peculiar: pressupõe que
todo aluno no momento em que está na sala se dedica ao
estudo. Assim, basta o estudante ir à aula para entendermos
que ele esteve presente e que, conseqüentemente, participou
do curso.
Um dos recursos didáticos mais poderosos no curso
presencial é o fato de o professor pode realizar atividades em
grupo e discussões com os alunos, obtendo ganhos
significativos em participação, motivação, envolvimento e
entendimento do conteúdo. Essas dinâmicas permitem colocar
o aluno em uma posição ativa durante o processo de
aprendizado, bem como, propiciam que ele desenvolva outras
competências, como a capacidade de participar e discutir, o
trabalho em equipe, a negociação, e o relacionamento social.
No entanto, há muitos séculos, e em especial a partir do
momento em que se tornou possível a impressão de livros,
percebeu-se que o processo de aprendizado podia acontecer
sem que professor e aluno estivessem juntos, o que abriu
caminho para o desenvolvimento da educação a distância.
A partir daí foi possível alcançar um maior número de
pessoas e mobilizá-las para o aprendizado, não
necessariamente no mesmo lugar ou no mesmo horário. Com
a evolução tecnológica, da impressão e da reprodução (as
fotocopiadoras), os recursos disponíveis para educação a
distância aumentaram em número e em eficácia. Ferramentas

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como livros, apostilas, manuais - e meios como o correio–
tornaram a educação a distância, cada vez mais acessível.
Em seguida, novos recursos começaram a ser
amplamente utilizados com muito sucesso: rádio, televisão,
entre outros. E mais: a difusão da microinformática, o acesso
a microcomputadores por grande parte da população, o CD-
ROM, a WEB potencializaram incrivelmente a educação a
distância.
Como resultado dessa incrível evolução dos últimos 50
anos, a educação a distância tornou-se um recurso importante
para todos os educadores. Seja para o ensino acadêmico (de
graduação e pós-graduação), para o treinamento corporativo
e mesmo para o ensino fundamental.
Será então que a sala de aula passou a ser dispensável?
Ou que os princípios que norteiam a educação mudaram para
todo o sempre? Não. A experiência compartilhada em sala de
aula tem a força de aproximar as pessoas, o que é
insubstituível, tanto na sociedade em geral, como no
ambiente corporativo. Esse papel social da instituição de
ensino é particularmente visível na formação de crianças e
jovens.
Além disso, a maioria dos profissionais que lidam com
educação a distancia concorda que os princípios fundamentais
de qualquer processo de aprendizado continuam válidos,
ainda que se substitua o quadro negro pela televisão ou pela
WEB. Entre esses princípios, podemos destacar a necessidade
de existirem objetivos claros, metodologia definida e conteúdo
organizado. A tecnologia é apenas um meio. A meta continua
a mesma de sempre: transmitir conhecimento, promover o
aprendizado e a propiciar aplicação desse conhecimento.
A necessidade é a mãe de todas as invenções e, na
educação a distância, não é diferente. Necessidade de chegar

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a um maior número de alunos. Necessidade de levar
conhecimento a pessoas que teriam dificuldade em se
locomover até uma escola. Necessidade de unir grupos
geograficamente dispersos. Necessidade de simular situações
reais. Necessidade de exercitar práticas individualizadas. São
necessidades como estas que tornaram a educação a distância
um recurso tão importante.
No universo empresarial, além destas, há necessidades
específicas: a alta direção de uma empresa precisa difundir
conhecimento a todos os seus colaboradores, ampliar suas
ações de treinamento, acompanhar o rápido desenvolvimento
de suas corporações, além de disseminar conhecimento em
horários que se encaixem na agenda dos colaboradores.
Para que você entenda melhor a relação entre
necessidade e prática no universo empresarial, basta pensar
nas muitas reuniões por telefone ou por videoconferência que
acontecem no dia-a-dia das empresas. Será que os executivos
que recorrem a esse tipo de reunião o fazem porque é melhor,
mais produtivo, mais eficiente, ou mais agradável do que
tradicionais conversas ao redor de uma mesa? Provavelmente
não.
A necessidade de administrar o tempo limitado é que
assim o exigiu. Como a relação entre necessidade e prática é
óbvia nessa situação, ninguém se preocupou em desenvolver
estudos ou explicações metodológicas para justificar o
aumento do número de reuniões por telefone, ou mesmo para
entender o que originalmente motiva as pessoas a realizar
essas reuniões. Isso sem contar que, enquanto algumas
reuniões presenciais são substituídas por reuniões a distância,
outras que são realizadas a distância não poderiam acontecer
de outra maneira.

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Alguns dos casos mais conhecidos de educação a
distância na sociedade são os de programas educativos
veiculados pela televisão com o apoio de material escrito
enviado pelo correio. Nesse caso, o custo pode ser um
problema, pois a utilização de um canal de televisão somente
se justifica quando o objetivo é chegar a um número muito
grande de alunos – algo na casa dos milhares.
Uma limitação da televisão é a falta de interatividade
com o conteúdo e o fato de o tempo de transmissão ser
rígido, ou seja, o aluno tem de estar em aula em determinado
dia e horário e aprender durante o tempo pré-determinado da
transmissão. Outra limitação dessa solução é a necessidade
de utilização complementar do correio. Ela obriga o aluno a se
dirigir a uma agência para postar suas respostas às
atividades, o que gera morosidade, pois cada correspondência
leva alguns dias para chegar ao seu destino.
Mesmo com todos esses limitadores, a possibilidade de
transmitir cursos pela televisão é maravilhosa e tem
desempenhado um papel social fundamental em nosso País,
pois leva conhecimento para regiões muito remotas e
carentes.
Existem vários recursos metodológicos que permitem
potencializar esse tipo de ensino. Por exemplo: os alunos
podem assistir ao curso juntos, em uma sala de aula – eles
estão assistindo o professor por uma TV ou vídeo conferência.
Esse encontro propicia e motiva o relacionamento social.
Neste caso, é importante existir nas salas de tele-aula
monitores que, a cada bloco de conteúdo, realizem dinâmicas
de discussão, tirem dúvidas e proponham trabalhos em grupo.

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CARACTERÍSTICAS DA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Como disse, hoje, um dos principais meios de educação


a distância disponíveis é o e-learning, expressão em inglês
que significa – aprendizado eletrônico. Ele se baseia na
utilização do computador, e conta com um grande número de
ferramentas avançadas e poderosas. E o principal recurso que
pode ser utilizado no e-learning, é a WEB. Há muitas
características da educação a distância que também valem
para o e-learning. Por isso, é fundamental entender os
princípios, conceitos e características mais relevantes da
educação a distancia antes de entrar no mundo do e-learning
propriamente dito:

 Alcance. Como já foi dito, a educação a distância tem


como um de seus principais apelos o fato de atingir grandes
populações em curto espaço de tempo. Por meio da educação
a distância também é possível superar dificuldades de
dispersão geográfica e seus respectivos custos. Esses dois
aspectos se traduzem em produtividade.

 Flexibilidade. O aluno pode fazer o curso no horário e no


local que lhe forem mais convenientes. Isso influencia
significativamente a relação dele com o conhecimento que
está sendo transmitido.
Além disso, os sistemas de educação a distancia não
precisam ser utilizados apenas para treinamentos formais. Há
ferramentas desenhadas para apoio ao dia a dia do trabalho,
chamada de on the job (como veremos no Capítulo 15).

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 Respeito a características individuais. Por conta da
flexibilidade oferecida pela educação a distância, é possível
respeitar às características individuais relacionadas à
velocidade de envolvimento e de aprendizado de cada aluno.
Tem quem demore mais para se expor ao fazer uma
pergunta, quem custe a participar de um estudo de caso e,
até mesmo, quem apresente maior dificuldade de absorver o
conteúdo ensinado. Esses alunos também podem precisar, por
exemplo, repetir um mesmo exercício mais de uma vez. Isso
é possível na educação a distância, pois o aluno pode ter seu
próprio tempo, o fator timidez perde peso e, com isso
podemos ampliar o aprendizado.

 Tempo de estudo do aluno. Na educação a distância o


tempo de estudo do aluno não deve depender de quanto
tempo ele fica na frente da tela da televisão ou do
computador. Essa é uma herança do modelo tradicional de
educação, em que a presença do aluno em aula, e durante
toda a aula, é levada em consideração.
Vale acima de tudo a carga horária do curso, ou seja,
contabilizamos o tempo que o aluno irá despender, em média,
para ler todo o conteúdo, fazer todos os exercícios e – quando
for previsto – também: pesquisar, realizar atividades
dissertativas, estudos de caso e participar de discussões.
Se o aluno passou por todo o programa proposto no
curso e se há como aferir seu aprendizado, não importa que
alguns tenham feito as atividades propostas em menos ou
mais tempo do que foi calculado.

 Planejamento. Essa é uma palavra-chave em qualquer


ação de educação a distancia. Cursos e treinamentos não-
presenciais precisam, por natureza, ser extremamente bem

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planejados para ter qualidade e cumprir os objetivos
propostos. Em geral, ações não planejadas fracassam.
Em um curso presencial, o professor pode corrigir o
rumo de sua aula à medida que percebe a reação de seus
alunos, recorrendo a inúmeras ferramentas didáticas; também
pode improvisar, e se concentrar em alguns tópicos do
conteúdo, suprimindo outros, conforme o interesse da turma,
pois terá feedback imediato de suas iniciativas; ou ainda,
pode empreender melhorias a cada nova turma.
Na educação a distância, diferentemente, não há
margem para o improviso; este deve ser substituído pelo
planejamento. O processo de desenvolvimento de um curso
em educação a distância costuma levar semanas ou meses e,
toda vez que é preciso implementar melhorias nele, tem de
haver um tempo e um custo de desenvolvimento proporcional.

 Comprometimento e disciplina. Em um curso presencial,


o professor está sempre dizendo algo como “turma, vamos
prestar atenção” ou, então, criando atividades para aumentar
o nível de concentração e de interesse dos alunos. Na
educação a distância, esse professor está ausente, o que
exige maior comprometimento e disciplina dos alunos.
Essa é uma preocupação que inquieta a maioria das
pessoas que começam a trabalhar com e-learning: como
atrair o aluno para o curso, obter seu comprometimento e
garantir sua disciplina para que faça todas as atividades
propostas.
Existem diversas variáveis e metodologias que
influenciam a adesão e participação do aluno, e todas têm um
único objetivo: garantir a motivação dele. É preciso
despertar no aluno fatores que o levem à ação como, por
exemplo: o motivo pelo qual o aluno vai fazer o curso, ou

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motivo pelo qual realizará todas as atividades, enfim, que
motor o fará mover-se.

 Foco no aluno. Em um curso a distância ou o aluno está


sozinho ou distante da fonte de informação e do professor.
Dessa forma, torna-se muito mais difícil a interação professor
e aluno, e conseqüentemente acompanhar seu
desenvolvimento. Por outro lado, toda a interação do aluno
com o curso, é individualizada. Características como esta
apresentam limitações e também novas possibilidades
didáticas. Na segunda parte deste livro, vamos discutir teorias
da educação que poderão contribuir para tirar o máximo
proveito didático do foco no aluno.

 Composição do corpo docente. Há projetos de


educação a distância em que não são os alunos que estão
distantes, mas os professores. Situações como esta ampliam
a possibilidade de contar com os melhores professores do
mercado.
Imagine uma empresa que reúna seus principais
executivos e gerentes em todo o Brasil, numa
videoconferência, para uma palestra com um grande
especialista internacional de administração. Não é barato,
sabemos. Mas é muito mais viável financeiramente do que
trazer esse especialista ao Brasil, ou mesmo levar os
executivos para assistir, essa mesma palestra, no exterior.
Esse é um exemplo simples, no decorrer do livro, veremos
que existem outros formatos.

 Midia. Existem basicamente dois meios de realizar


educação a distância: a unidirecional e bidirecional. O primeiro
caso é como uma estrada que tem somente o sentido de ida.

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Por essa via, o conhecimento flui em apenas uma direção: da
fonte para o aluno. Exemplos disso são recursos como: livros,
impressos, manuais, kits, fita de áudio ou videocassete, rádio,
televisão (aberta e fechada) etc., por meio dos quais as aulas
chegam aos alunos. Não se prevê que a resposta desses
alunos seja enviada de volta ao professor ou gestor.
Já na educação a distância bidirecional, a estrada do
conhecimento ganha duas mãos e a comunicação passa a ser
não apenas possível como desejável. Há o contato entre
professor e aluno e até mesmo entre os próprios alunos. Esse
contato pode ser por correspondência, por telefone, por
audioconferência, por videoconferência e até pela WEB.

O IMPACTO DA WEB PARA O RH


São inúmeros os novos recursos de comunicação via
WEB que utilizamos hoje. O e-mail faz parte de nossa vida,
tanto quanto o telefone. Sistemas de mensagem instantânea,
em que você sabe quando seu amigo está logado na Internet
e ao toque de um botão, está conversando com ele por Chat,
e que em breve será por voz. Se já não é.
Até o telefone está sendo incorporado pela Internet.
Inúmeras pessoas que têm amigos ou familiares em outros
estados ou países estão utilizando a WEB para conversar de
maneira mais econômica. As empresas também estão
otimizando seus custos com telefonia usando soluções de
telefone via WEB, a chamada VOIP (voz sobre IP).
As novas possibilidades de comunicação foram além,
levando à formação de comunidades virtuais – redes de
pessoas que se associam em função de discussões, interesses
comuns, gostos, lutas políticas etc.

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E os blogs, que representam a voz da sociedade. Onde
todos escrevem, todos comentam e todos lêem. Representa
um canal de comunicação direto e informal, transparência
nas relações.
Trata-se de uma nova forma de relacionamento
interpessoal somente possível graças à WEB.
O impacto da WEB sobre a geração, o acesso e o
trânsito de informações foi tão grande que inaugurou uma
nova era na história da humanidade, a Era da Informação. A
quantidade de dados disponíveis para qualquer um que
possua computador passou a ser tão grande que é impossível
absorver tudo que há na Internet. Não surpreende que
algumas das principais ferramentas da WEB sejam os
softwares que auxiliam as pesquisas dos usuários. Em sites de
busca como www.google.com é possível encontrar respostas
para qualquer questão que se imagine.
A voz da sociedade nunca esteve tão alta. Não só para
difundir notícias, como citado nos blogs, mas para a
colaboração. Sites em que qualquer um pode publicar
conteúdo têm estado entre os sites de maior audiência na
WEB. Exemplo disso é a wikipedia – www.wikipedia.com . Este
site é uma enciclopédia virtual, em que todo o conteúdo é
publicado e editado livremente por qualquer um. O volume de
artigos na wikipedia é em 2006, 3.000.000, contra 120.000 de
sua principal concorrente, a Enciclopédia Britânica, sento que a
primeira tem 5 anos de existência e a segunda 237. Emminhas
palestras, sempre sou questionado sobre a consistência deste
conteúdo. A revista científica britânica, nature, submeteu a
uma análise 50 verbete de ambas as enciclopédias, e o
resultado foi 4 inconsistência por verbete na wikipedia, contra
3 da concorrente, um empate técnico. Mas não para por ai, em
2006 Jimmy wales, fundador da wikipedia foi considerado pela

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revista Times, uma das 100 personalidades mais influentes do
mundo, sendo um dos primeiros na lista de pessoas ligadas a
ciência e tecnologia. A wikipedia é apenas um exemplo de
inúmeros sites bem sucedidos, onde o leitor publica seu
conhecimento. Existem inúmeros fóruns de troca de
conhecimento, onde você pode apreender quase tudo o que
necessita.
A máquina fotográfica digital já faz parte da nossa vida,
e é cada vez maior o número de pessoas da classe social C
que possui este equipamento. O tocador de música MP3
também. E quem tem estes equipamentos quer ter um
computador, para armazenar e organizar seus arquivos
pessoais. Os computadores estão cada dia mais barato. Até os
seus impostos estão abaixando. Já custa quase o mesmo
preço que uma televisão.
Todo este grande movimento promovido pela WEB,
representa uma mudança de comportamento nos hábitos e
até na forma das pessoas em se relacionar. Estas são as
pessoas que compõe o quadro de colaboradores das
empresas, que cedo ou tarde irá incorporar estes novos
hábitos.
As organizações do mundo dos negócios logo
descobriram o enorme potencial da WEB. Seus profissionais
de recursos humanos passaram a utilizá-la amplamente para
os mais variados fins. Ainda dá para realizar, por exemplo, a
comunicação interna de uma empresa sem recorrer a
ferramentas de Internet? Sim, mas, nesse caso, a empresa
estará desperdiçando um recurso fundamental.
Pode-se afirmar até que a maioria dos sistemas de RH
já está migrando para soluções WEB, não apenas o e-
learning: departamento pessoal, sistemas de gestão de
desempenho, gestão do conhecimento, recrutamento,

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pesquisas de perfil, sistemas de avaliação 360°, pesquisas de
clima etc. E essas soluções são disponibilizadas para os
profissionais da empresa por meio da Intranet (WEB sites
privados, para uso apenas dos profissionais de uma
organização). Nessa migração, o RH não está – nem deve
estar – sozinho. Seus profissionais precisam, cada vez mais,
atuar em parceria com os da área de TI.
A intranet está se tornando o portal corporativo e este
tem absorvido as grandes tendências da WEB, como:
colaboração, fóruns, sistemas de busca, blogs, wikis, e
recursos que ainda nem conhecemos.

A WEB E O E-LEARNING NAS EMPRESAS

Se a educação a distância já tinha, desde o início, a


força de disseminar conhecimento e informação para um
maior número de pessoas em áreas geográficas diferentes,
depois do advento da WEB muitos dos limites que ainda
continham o avanço dessa forma de aprendizado caíram por
terra. A WEB conferiu à educação a distancia um poder inédito
e a transformou significativamente. Hoje, é um recurso, de
duas vias, acessível para a escola, professores e alunos.
Promove conversas instantâneas e une inúmeros outros
recursos: correio, telefone, TV, multimídia, e-mail, chat,
dentre tantos outros.
O treinamento por e-learning tem-se mostrado uma
ferramenta realmente poderosa para a área de recursos
humanos das empresas. Não só no ganho na produtividade do
treinamento e economia financeira, mas também na união de
ações de comunicação, colaboração, gestão do conhecimento,

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desempenho e desenvolvimento. Todas tendo em comum a
WEB.
Com tudo isso, a WEB possibilitou que a educação a
distância fosse capaz de realizações nunca antes imaginadas.
E, assim, fez com que essa modalidade de transmissão de
conhecimento crescesse em importância e conquistasse o
respeito de todos: governos, educadores, sociedade.

DERRUBANDO MITOS

Eu não poderia terminar este primeiro capítulo sem


discutir alguns mitos muito difundidos sobre o e-learning. É
importante que você siga em frente na leitura deste livro
sabendo a verdade sobre alguns aspectos cruciais dessa
modalidade de transmissão de conhecimento:

 Economiza-se tempo. É freqüente ouvir que uma das


vantagens do e-learning é a economia de tempo. Realmente,
o aluno gasta menos tempo, não apenas porque não precisa
se locomover até o local do curso, mas também porque o
curso normalmente é mais condensado, o que otimiza seu
tempo de aula.
No entanto, é importante ressaltar que o tempo
despendido pelo profissional que desempenhará a função de
gestor do curso, pelo professor e pelo departamento de RH é
maior ao de um curso presencial. Ou seja, há economia de
tempo para os alunos, mas não há para os outros envolvidos.
Um curso de e-learning dá trabalho e consome tempo para
ser produzido e gerenciado, por ser um recurso relativamente
novo e haver muito o que ser feito até que entre na rotina da
organização.

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 Tecnologia resolve tudo. Quando falamos de sistemas, e
aí se incluí o e-learning, costuma-se pensar que a tecnologia é
a solução para todos os problemas. Tecnologia é apenas o
meio. É o carro. Possuir um bom carro ajuda bastante, mas
ainda assim sempre será fundamental um bom motorista, que
saiba utilizar os recursos desse carro.
Quando se está demasiadamente fascinado pela
tecnologia, é comum esquecer os aspectos críticos para o
sucesso de um curso de e-learning: um bom objetivo, uma
boa metodologia, uma boa gestão de projeto, um bom
monitoramento.

 Aula presencial é melhor que o e-learning. O que é


melhor? Essa é uma pergunta que ouvi muito no início do
desenvolvimento do e-learning, e hoje é bem menos
freqüente. Mas continuo achando importante abordar o
assunto. Na verdade, trata-se de uma falsa discussão.
Não é possível comparar meios. Tanto o e-learning,
como a aula presencial são meios pelos quais o conhecimento
– ou seja, a informação selecionada por sua importância e
utilidade – é disponibilizado para as pessoas. Essa
transmissão deve se dar utilizando métodos que promovam o
aprendizado.
São precisamente os métodos que irão determinar a
qualidade de um curso . Assim, é fácil concluir que há cursos
presenciais bons e ruins – ou seja, com metodologias de aula
boas e ruins –, assim como há cursos de e-learning bons e
ruins.

 Os relacionamentos tornam-se eletrônicos. Há quem


acredite que, com o e-learning, a relação entre as pessoas
tende a se tornar meramente “eletrônica”. Isso só acontece

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quando o projeto de e-learning dentro da empresa é mal
encaminhado. Por exemplo, quando uma empresa resolver
realizar 100% de seu treinamento por e-learning, o que é um
erro.
Por que é um erro? Nesse caso, perde-se a
oportunidade de tratar o relacionamento social, a
comunicação interpessoal, o trabalho em equipe, entre outras
competências essenciais para qualquer empresa. Nos
treinamentos presenciais você poderá tratar essas
competências na prática, e naturalmente, possibilitando que
as pessoas de diferentes departamentos se conheçam melhor,
conversem sobre suas atividades e dificuldades, criem um
relacionamento com confiança e amizade. Afinal, ensinar não
é o único objetivo de um treinamento.
Contudo, vale observar que, se a Internet consegue
aproximar as pessoas e facilitar relacionamentos sociais e
profissionais, o mesmo pode acontecer com a utilização do e-
learning, dependendo do desenho do projeto.

 O custo é sempre menor. Por fim, um dos aspectos que


mais atrai as pessoas para as possibilidades do e-learning: o
custo. Acredita-se que um treinamento sem a presença de
professor e alunos no mesmo lugar, ao mesmo tempo vai ser
mais barato. Isso não é necessariamente verdade. O custo
absoluto do projeto é um número que diz pouco. Temos que
dividir este número pelo número de alunos, pois é o custo por
aluno que deverá viabilizar o projeto. E é possível, sim,
chegar a um custo por aluno bastante vantajoso, como
veremos mais adiante. O projeto deverá ser desenhado com o
objetivo de ter custos atraentes, ou de redução de custos em
comparação ao curso presencial, ou de ganhos em recursos

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didáticos (também em comparação ao presencial). Será papel
do gestor justificar a viabilidade do seu projeto de e-learning.

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES:

1) O que aconteceu com a educação a distância depois


do advento da Internet?
A Internet hoje é um dos principais recursos de
Educação a Distância. Com o advento da Internet, a Educação
a Distância ganhou posição de destaque e passou a ser
amplamente adotada.
3) Quais são os pilares da WEB que se mostram muito
úteis para a educação?
Comunicação e Informação. A Internet tem
revolucionado estas duas áreas.
4) É verdade que um curso de e-learning sempre nos
garante economia?
Não. Depende de diversos fatores, onde o principal é o
número de alunos. Quando temos muitos alunos, o custo por
aluno será muito baixo. Mas se temos poucos alunos,
devemos utilizar recursos de e-learning com baixos
investimentos iniciais. Como veremos em outros capítulos
deste livro.
5) É verdade que, com o e-learning, os relacionamentos
entre as pessoas se tornam predominantemente eletrônicos?

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Não. A WEB e também o e-learning têm o poder de
aproximar e de ampliar o relacionamento social em um
treinamento. Mas se o projeto não for bem desenhado, então
poderemos ter o efeito oposto, ou seja, de distanciamento. É
muito importante que sejam mantidos encontros presenciais
entre equipes e alunos ainda que em cursos ou em aulas
específicos.

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