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EMEF: _______________________________________________________________________

ALUNO(A): ___________________________________________________ TURMA: ________


EF09HI29 e EF09HI30 - Descrever, analisar e comparar as experiências ditatoriais na América Latina, seus procedimentos (econômicos, sociais, de
censura e repressão) e vínculos com o poder, em nível nacional e internacional, e a atuação de movimentos de contestação às ditaduras.

Introdução

As ditaduras são regimes de exceção, nos quais o poder executivo se sobrepõe aos demais poderes sendo
exercido por uma pessoa ou um pequeno grupo. A partir da década de 1960, a América do Sul passou por um
turbilhão de golpes que acabaram por levar ao poder vários ditadores todos alinhados à política internacional
estadunidense no contexto da Guerra Fria.

Brasil, Chile, Argentina e Uruguai foram todos solapados por regimes autoritários que minaram os direitos
políticos e civis das suas populações. Essas perspectivas ditatoriais foram justificadas a partir da ideia do
combate ao comunismo, todavia, trouxe enormes prejuízos às suas populações mais carentes que acabaram
tendo de suportar o peso de reformas econômicas que limitavam seu acesso à bens e serviços, enquanto, apenas
uma parcela se beneficiava dessas medidas.

Nesta aula, compararemos algumas dessas ditaduras e avaliaremos suas particularidades e distinções de maneira
a diluirmos ideias romantizadas sobre um período no qual a liberdade foi tomada em nome de um suposto
progresso.

Para tanto, utilizaremos como material de apoio o livro didático História Sociedade e Cidadania, de
Alfredo Boulos, 9º ano, com seus textos contidos nas páginas de 195 a 215.

Propaganda e censura

Um dos métodos mais eficientes para resguardar os regimes ditatoriais é o controle dos meios de comunicação.
Através dele, os governos controlavam as narrativas buscando evidenciar e promover suas ações positivas,
enquanto impediam que suas ações mais sinistras ou eventuais erros fossem expostos. A partir disso,
construíam uma imagem de ordem e desenvolvimento, ainda que às custas dos direitos políticos e civis.

No Brasil, o AI 5 (Ato Institucional número 5) foi a expressão máxima do endurecimento promovido pelo
regime militar. Com ele, o executivo se tornou absoluto, pois pôde fechar o congresso nacional e impedir que
juízes questionassem suas ações. Com todo esse poder, o presidente passava a governar por decretos sem a
mínima participação dos setores sociais. Após seu lançamento, diversos deputados foram cassados, filmes,
peças teatrais, músicas e até telenovelas foram censuradas.

Para tentar driblar a censura e evitar a perseguição e eventuais punições do regime militar, buscaram-se
soluções interessantes, nas músicas, nas artes plásticas e até mesmo na veiculação de jornais considerados
“imprensa marrom” nos quais as mazelas da ditadura eram expostas.

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Refletindo
[...]Começou com um slogan bem mais sonoro: “America: love it or leave
it”, nos EUA dos anos 50. Quem criou este “America: ame-a ou deixe-a” foi
um radialista extremamente popular na época, Walter Winchell
(1897-1972).[...]

[...]Winchell cravou a frase nos anos 50, numa de suas defesas do


macarthismo. Daí em diante ela foi se espalhando nos círculos da direita
americana – mas nunca se tornou um slogan oficial do governo de lá, como
muita gente por aqui imagina.[...]
De onde veio o ame-o ou deixe-o?. Disponível em:
https://super.abril.com.br/sociedade/de-onde-veio-o-ame-o-ou-deixe-o/. Visitado em: 28/09/2021.

A charge acima, foi feita pelo cartunista Ziraldo e revela um aspecto importante do período ditatorial do Brasil.
A partir da leitura da charge e do texto extraído da revista Superinteressante, responda:

A) Qual era a tratativa dada pelo Estado brasileiro com relação àqueles que discordavam das políticas
aplicadas pelo regime militar brasileiro?
B) Quais seriam as influências estrangeiras para a criação do Slogan “Ame-o ou deixe-o”? Como ele se
relaciona ao contexto da Guerra Fria?

A charge do cartunista Guidacci


expressa uma crítica a uma prática
comum das ditaduras que se instalaram
na América Latina.

Qual seria a importância do controle das


informações para a manutenção desses
regimes?

Analise os trechos do Ato Institucional nº5, de 13 de dezembro de 1968.


Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em:

I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função;


II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais;
III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política;
IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança:
a) liberdade vigiada;
b) proibição de freqüentar determinados lugares;
c) domicílio determinado.

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Qual seria o impacto do Ato Adicional nº5 para a liberdade dos cidadãos? O que motivou o endurecimento do
regime, em 1968?

Ditaduras unidas
Para proteger os regimes ditatoriais implantados no cone sul do continente americano, os governos autoritários
firmaram um pacto de cooperação que utilizava seus serviços de inteligência e manobras clandestinas para
identificar, localizar e eliminar alvos com potencial de prejudicá-los.

[...]a (operação) Condor era uma aliança secreta formada entre os


governos militares do Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Chile e
Uruguai para perseguir os ativistas contra os regimes militares
nesses países. Embora formalizada somente em 25 de novembro de
1975, em Santiago do Chile, essa conexão repressiva já existia
desde o início daquela década no continente.
“A regra de sangue da Condor era identificar o inimigo, localizar,
mandar o comando para pegar, sequestrar, torturar, extrair as
informações, matar e desaparecer com o corpo”
Disponível na íntegra em: https://brasil.elpais.com/brasil/
2019/03/29/politica/1553895462_193096.html. Visitado em: 28/09/2021.

Com as quedas dos regimes ditatoriais, diversos países passaram a investigar os crimes cometidos pelos agentes
do Estado durante esse Período. No Brasil, a Comissão da verdade buscou trazer à luz essas questões, sobretudo
para localizar desaparecidos políticos.

Compare as fontes a seguir:

Fonte 1
A ditadura pinochetista [no Chile] foi especialmente cruel com as prisioneiras: a Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura,
indicou que, de um total de 3.621 mulheres detidas, 3.399 foram estupradas de forma individual ou coletiva pelos militares. Destas,
pelo menos treze mulheres ficaram grávidas. E delas, seis deram à luz os filhos indesejados de seus torturadores.
10 coisas que você talvez não saiba sobre a ditadura de Pinochet. Época. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/epoca/10-coisas-que-voce-talvez-nao-saiba-sobre-ditadura-de-pinochet-23054621?utm_source=Google+&utm_medium=S
ocial&utm_campaign=compartilhar. Visitado em: 28/09/2021.

Fonte 2
A jornalista Míriam Leitão foi presa em dezembro de 1972. Ex-militante do PCdoB, ela revelou, em 2014, as torturas que sofreu no
quartel do Exército de Vilha Velha, no Espírito Santo, em depoimento ao "Observatório da Imprensa". Míriam contou que tinha 19
anos e estava grávida de um mês quando foi capturada. Ela ficou presa em uma cela escura, completamente nua, com uma jiboia à
solta; levava tapas, chutes e socos durante os interrogatórios; ficou sem comer por dias e foi ameaçada de estupro por diversas vezes.
Os soldados soltavam pastores alemães perto dela e gritavam a palavra "terrorista" para que eles ficassem enraivecidos e ameaçassem
atacar a jornalista.
Disponível em:
https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2019/03/27/historias-de-mulheres-vitimas-da-ditadura-militar.htm?cmpid=copiaecola. Visitado
em: 28/09/2021.

Fonte 3
Durante a ditadura civil-militar, o 36ª Distrito Policial dividiu suas instalações com um dos mais importantes órgãos de repressão
política: o DOI-Codi/SP. Em 1969, a Operação Bandeirante (Oban) foi criada em caráter experimental, funcionando inicialmente
como um órgão clandestino. O sucesso das operações levaria à criação, no ano seguinte, de uma estrutura nacional de repressão. O

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órgão paulista foi reconhecido como um dos mais atuantes centros de tortura, assassinato e desaparecimento forçado de perseguidos
políticos do país.

Adaptado de:
http://memorialdaresistenciasp.org.br/lugares/destacamento-de-operacoes-internas-do-centro-de-operacoes-para-a-defesa-interna-doi-codi-sp/.
Visitado em: 28/09/2021.

Analisando
Após a análise das fontes, responda:

A) O que havia em comum entre as ditaduras chilena e brasileira?


B) Descreva os principais aparatos de repressão utilizados pelos regimes autoritários que se abateram sobre
o cone sul da América.
C) Como podemos explicar o intenso uso da violência como forma de manutenção dos regimes autoritários
sulamericanos?

Milagres, só que não!

As ditaduras militares do Chile e do Brasil experimentaram um momento de elevado crescimento econômico.


Todavia, esse crescimento veio atrelado a muitos fatores externos. No caso brasileiro, o bom desempenho da
sua economia se dava, sobretudo, pelo fato do mercado investidor internacional enxergar grandes expectativas
de lucros, sobretudo pelo fato do Brasil oferecer uma massa de mão de obra barata a qual era impedida de se
manifestar ou questionar as determinações governamentais.

No caso chileno, houve similaridades. Além disso, uma grande onda de privatizações, isto é, venda de bens
públicos para a iniciativa privada, forneceu meios para diminuir o papel do Estado na economia, além de gerar
recursos. Todavia, essas privatizações, na atualidade, têm se mostrado um grande peso para o povo chileno,
sobretudo no que diz respeito ao campo das aposentadorias, do acesso à educação e à saúde. É um fato que o
Chile possui uma das melhores rendas per capita da América Latina, no entanto, o custo de vida também é alto.

Analise os dados a seguir.

A) O que mostra a tabela?


B) Através da sua análise é possível afirmar que houve avanços ou retrocessos no desenvolvimento do PIB
brasileiro?
C) O que ocorreu dentro do período analisado na tabela que refletiu nos seus indicadores?

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D) Por que o “Milagre econômico brasileiro” não se manteve?

E no Chile?
Reportagem da BBC publicada em 2019 revela os resultados do plano econômico gestado na ditadura de Pinochet.

Um modelo a seguir. Um oásis. Um milagre econômico.


Esses eram alguns dos elogios ao modelo econômico chileno, que se destacou na América Latina, região com sérios problemas
sociais.

Mas esses "pontos positivos" parecem estar ruindo nas últimas duas semanas, quando centenas de milhares de cidadãos saíram às ruas
para protestar contra a desigualdade no país e para exigir a implementação de profundas reformas sociais.
As privatizações foram um dos pilares do modelo de Pinochet: com a criação da nova Constituição do Chile, serviços básicos como
eletricidade e água potável passaram para a iniciativa privada. Outros serviços, como educação e saúde, também sofreram processos
semelhantes.

Os indicadores macroeconômicos do Chile estavam em crescimento — e é por isso que a condução da economia era vista como um
modelo de sucesso. Mas esses números ocultaram o que estava acontecendo com as camadas que estão abaixo das elites econômicas.
Nos protestos, os chilenos dizem se sentir "abandonados" pelo Estado e denunciam "abuso" do sistema. Os manifestantes alegam que
hoje o país é tremendamente desigual.
Adaptado de https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50214126. Visitado em: 28/09/2021.

Refletindo

Com base no texto da BBC, é possível afirmarmos que os avanços econômicos do Chile serviram para o
bem-estar de toda a população do Chile?

Finalizando

As ditaduras que foram instauradas na América do Sul deixaram uma marca gigantesca na história destes
países. Não só a violência e a repressão acabaram ceifando milhares de vidas, como as políticas públicas não
trouxeram resultados positivos que pudessem ser percebidos por todas as suas respectivas populações,
tampouco se mostraram duradouras.

Revisitar esse passado é buscarmos conhecimento para que essas histórias não se repitam, pois, dentro da
democracia é possível discutirmos e implementarmos soluções que visem atender as necessidades da maior
parte da população. Por isso, lutar por ela é lutar para que possamos ser ouvidos e atendidos.

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