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Teste de Avaliação-11ºAno-Camilo Castelo Branco
Teste de Avaliação-11ºAno-Camilo Castelo Branco
PARTE A
Lê atentamente o texto.
Ao anoitecer, Simão, como estivesse sozinho, escreveu uma longa carta, da qual extratamos os
seguintes períodos:
“Considero-te perdida, Teresa. O sol de amanhã pode ser que eu o não veja. Tudo, em volta de
mim, tem uma cor de morte. Parece que o frio da minha sepultura me está passando o sangue e os
5 ossos.
Não posso ser o que tu querias que eu fosse. A minha paixão não se conforma com a desgraça.
Eras a minha vida: tinha a certeza de que as contrariedades não me privavam de ti. Só o receio de
perder-te me mata. O que me resta do passado é a coragem de ir buscar uma morte digna de mim e
de ti. Se tens força para uma agonia lenta, eu não posso com ela.
10 Poderia viver com a paixão infeliz; mas este rancor sem vingança é um inferno. Não hei de dar
barata a vida, não. Ficarás sem mim, Teresa; mas não haverá aí um infame que te persiga depois da
minha morte. Tenho ciúmes de todas as tuas horas. Hás de pensar com muita saudade no teu
esposo do céu, e nunca tirarás de mim os olhos da tua alma para veres ao pé de ti o miserável que
nos matou a realidade de tantas esperanças formosas.
15 Tu verás esta carta quando eu já estiver num outro mundo, esperando as orações das tuas
lágrimas. As orações! Admiro-me desta faísca de fé que me alumia nas minhas trevas!... Tu deras-me
com o amor a religião, Teresa. Ainda creio; não se apaga a luz que é tua; mas a providência divina
desamparou-me.
Lembra-te de mim. Vive para explicares ao mundo, com a tua lealdade a uma sombra, a razão por
20 que me atraíste a um abismo. Escutarás com glória a voz do mundo, dizendo que eras digna de mim.
À hora em que leres esta carta…”
Não o deixaram continuar as lágrimas, nem depois a presença de Mariana. Vinha ela pôr a mesa
para a ceia, e, quando desdobrava a toalha, disse em voz abafada, como se a si mesma somente o
dissesse:
20 – É a última vez que ponho a mesa ao senhor Simão em minha casa!
– Porque diz isso, Mariana?
– Porque mo diz o coração.
Desta vez, o académico ponderou supersticiosamente os ditames do coração da moça, com o
silêncio meditativo deu-lhe a ela a evidência antecipada do vaticínio.
Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, Lisboa: INCM, 2012 [Cap. X], pp.104-105.
1. A partir de expressões do texto, apresenta duas características da personagem Simão reveladoras dos valores que
norteiam a sua conduta.
Simão demonstra o seu amor incondicional por Teresa. De facto, abdica da sua própria vida em nome deste amor e
em defesa da sua honra e da sua dignidade (“O que me resta do passado é a coragem de ir buscar uma morte digna
de mim e de ti”). É um jovem que se bate por valores elevados, como a liberdade individual, a liberdade de escolha,
mesmo que isso signifique a sua morte (“Ficarás sem mim, Teresa; mas não haverá aí um infame que te persiga
depois da minha morte.”). Concluindo, Simão Botelho coloca o amor e a honra acima de qualquer outro interesse.
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2. “Hás de pensar com muita saudade no teu esposo do céu”. Caracteriza o conceito de amor que esta expressão
pressupõe.
Este excerto apresenta uma conceção de amor típica do Romantismo. Assim, trata-se do amor-paixão, do
amor como páthos ou sofrimento, na medida em que, sendo um amor impossível, tem como única solução
a morte física. Tal é exatamente o que vai acontecer com Simão, como se lê na carta, ao anunciar o destino
final claramente (“Tu verás esta carta quando eu já estiver num outro mundo, esperando as orações das
tuas lágrimas.”). Em suma, o texto apresenta uma visão do amor que, perante o sofrimento, tem como
único remédio a fatalidade da morte.
3. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando da tabela a opção adequada a cada espaço. Regista apenas a
letra e o número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.
Esta carta escrita por Simão, que _a)_, é reveladora de um ser emotivo, que centra o seu discurso em si próprio. Assim, o
uso de formas verbais na 1.ª pessoa do singular bem como a recorrente repetição de pronomes pessoais traduzem um
estado de espírito perturbado pelo _b)_, que se move pelo seu amor por Teresa. Pressente-se que esta decisão de agir em
nome de um _c)_vai conduzir Simão a uma desgraça, vai levá-lo à sua perdição.
a) b) c)
1. comunica as suas indecisões 1. desejo de vingança 1. ímpeto
a) 3; b) 1; c) 3,
PARTE B
Baseando-te na tua experiência de leitura de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, escreve uma breve exposição sobre o
modo como o sebastianismo emerge na obra.
Num contexto em que Portugal está sob o domínio filipino, o sebastianismo evidencia-se na crença nacional de
que D. Sebastião não morreu na batalha de Alcácer Quibir.
O sebastianismo assenta na convicção de que o regresso de D. Sebastião devolverá a Portugal a independência
e a liberdade perdidas. Assim, existem na obra personagens fortemente sebastianistas: Telmo, vinte e um anos
passados sobre a fatídica batalha, mantém a esperança de que o seu antigo amo esteja vivo e regresse, o que
significaria que D. Sebastião poderia também regressar. Por sua vez, Maria, porta-voz da ilusão popular de que D.
Sebastião está vivo, acredita que o rei regressará a qualquer momento para salvar o seu povo do jugo castelhano.
A mensagem sebastianista não é absolutamente linear: se com a chegada do Romeiro, ou seja, de D. João de
Portugal, se verifica a destruição de uma família (o seu regresso, em vez de ser uma graça, é uma desgraça), o
hipotético regresso de D. Sebastião também poderia não ser a melhor solução para Portugal, dado que se devia
olhar para o futuro do país e não continuar preso ao passado e a uma crença.
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GRUPO II – LEITURA/GRAMÁTICA
PARTE A- LEITURA
Lê o texto e a nota.
1. Ao recorrer à expressão camiliana, «o leitor e eu» (linha 1), Felícia Cabrita pretende
A. satirizar um exemplo que era recorrentemente usado pelo autor.
B. reproduzir a ligação que o autor estabelecia com o seu público.
C. enaltecer a pertinência das relações estabelecidas com o leitor.
D. mostrar que o autor era exímio no modo de iniciar os seus textos.
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3. No contexto em que ocorre, a expressão idiomática «fazendo ouvidos moucos» (linha 25) remete para o ato de
A. esquecer.
B. ignorar.
C. fingir.
D. dissimular.
5. O mérito de Camilo, por ter escrito O Senhor do Paço de Ninães, não fica «beliscado» (linha 64),
A. pois a sua escrita será sempre marcada pela genialidade.
B. já que atualmente não é possível confirmar o que descreveu.
C. ainda que o autor tenha obtido dados de modo incorreto.
D. apesar de não se confirmar a veracidade do que narrou.
PARTE B- GRAMÁTICA
3. Classifica a oração destacada “para que se não conheçam os métodos insólitos” (ll 7-8)
Oração subordinada adverbial final
4. Identifica o tipo de modalidade e o respetivo valor presente na frase “Muito provavelmente, Camilo não as conseguiu
decifrar.” (ll 59-60)
Modalidade epistémica com valor de probabilidade
5. Identifica o ato ilocutório realizado na seguinte frase: “A quase duas léguas de Vila Nova de Famalicão, chega-se ao
local.” (ll 14-15).
Ato ilocutório assertivo
7. Indica o deítico (ou deíticos) presentes no segmento “Estamos no Minho, «o leitor e eu», como diria Camilo Castelo
Branco,” (linha 1-2).
Deítico pessoal e temporal.
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GRUPO III - ESCRITA
“No espaço de três meses fez-se maravilhosa mudança nos costumes de Simão. (…) Simão Botelho
amava.”
Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, cap. II.
Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e cinquenta
palavras, defende uma perspetiva pessoal sobre o poder transformador dos sentimentos.
No teu texto:
• explicita, de forma clara e pertinente, o teu ponto de vista, fundamentando-o em dois argumentos,
cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
• utiliza um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).
2. Quem foi Camilo Castelo Branco? 6. Quem é a personagem mais verdadeira da novela?
(A) Um famoso ator de telenovelas. (A) Tadeu Albuquerque.
(B) Um escritor de telenovelas. (B) Simão.
(C) O primeiro escritor português a viver da escrita. (C) Mariana.
(D) Um escritor com pouca atividade literária. (D) Teresa.
3. Em que circunstâncias foi escrita a novela Amor de 7. Que temas são abordados na novela?
Perdição? (A) Amor e desamor.
(A) A novela não foi publicada por o autor ter praticado (B) Amor, ódio, vingança e crítica social.
adultério. (C) Terror e piedade.
(B) A novela foi publicada durante a prisão do autor. (D) Ódio e traição.
(C) A novela foi escrita num período conturbado da vida do
autor.
(D) A novela foi escrita perto da morte do autor. 8. Que aspetos se destacam na crítica social feita na
obra?
(A) Preconceito social e honra familiar.
(B) Cobiça e desonra.
4. Quais são as características mais distintivas de Amor de (C) Avareza e traição.
Perdição? (D) Avareza e desonra.
(A) A ação da novela baseia-se numa história sentimental
de um criminoso.
(B) Esta obra é baseada na vida de um familiar da mulher
do autor.
(C) A novela baseia-se na história de um prisioneiro de
guerra.
(D) A mistura entre realidade e ficção é uma das
características mais emblemáticas da obra.