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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE MANICA

DIVISÀO DE ECONOMIA, GESTÃO E TURISMO


CURSO DE CONTABILIDADE E AUDITORIA

RELATÓRIO DO ESTÁGIO TÉCNICO-PROFISSIONAL – 1 REALIZADO NA AT –


MANICA

Mazuanzara Francisco João Júnior

Supervisor: Dr. Cardoso Esboi

Tutor: Msc. António Paulo

Matsinho, Março de 2021

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RELATÓRIO DO ESTÁGIO TÉCNICO-PROFISSIONAL – 1 REALIZADO NA AT –
MANICA

Autoridade Tributária de Moçambique

Área de Estagio: Sectores do: IVA, IRPS, IRPC, ISPC, Contencioso Fiscal, Juízo das
Execuções Fiscais, Recebedoria da Fazenda e NUIT

Período de Estágio: de 04 de Janeiro a 04 de Março de 2021

Mazuanzara Francisco João Júnior

Correio electrónico: mjudelio@gmail.com


Contacto: +258 843585588 ou +258
873432036

Relatório de Estágio Profissional


apresentado ao Instituto Superior
Politécnico de Manica, como requisito
parcial para a aprovação da Disciplina de
Estágio Técnico Profissional I no Curso
de Licenciatura em Contabilidade e
Auditoria.

Matsinho, Março de 2021

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RESUMO

As actividades do Estágio Técnico-Profissional tiveram por objectivo conciliar a teoria à prática, analisar os
procedimentos internos relacionados com a liquidação e cobrança de impostos e sua relação com Princípios de
Contabilidade Geralmente Aceites. As actividades decorreram na Delegação Provincial da Autoridade Tributaria
de Manica, numa das suas Unidades Orgânicas – Direcção da Área Fiscal de Chimoio. Este relatório visa
descrever as actividades realizadas e fundamentalmente os resultados alcançados ao longo do estágio. Durante o
estágio as actividades foram orientadas pelo Msc, António Paulo e supervisionadas pelo dr. Cardoso Esboi,
desenvolvidas de acordo com os termos de referência previamente fornecidos pelo ISPM. Os resultados
alcançados são satisfatórios, uma vez que o estudante adquiriu competências para abraçar o mundo profissional.

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ÍNDICE
RESUMO..............................................................................................................................................iii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS...................................................................................v

AGRADECIMENTOS..........................................................................................................................vi

CAPITULO I: INTRODUÇÃO..............................................................................................................1

1.1. Introdução...............................................................................................................................1

1.2. Objectivos de Estágio.............................................................................................................1

1.2.1. Geral...............................................................................................................................1

1.2.2. Específicos......................................................................................................................1

1.3. Metodologia Adoptada...........................................................................................................2

1.4. Estrutura do Trabalho.............................................................................................................2

CAPITULO II: DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO...............................................................................3

CAPITULO III: ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS.........................................................................5

3.1. Imposto Simplificado para Pequenos (ISPC)...............................................................................5

3.1.1. Sector do ISPC.........................................................................................................................6

3.2. Imposto Sobre o valor Acrescentado (IVA).................................................................................6

3.2.1. Sector do IVA.......................................................................................................................7

3.3. Sectores do IRPS e IRPC.............................................................................................................7

3.4. Sector do Contencioso Fiscal.......................................................................................................9

3.5. Sector do Juízo das Execuções Fiscais......................................................................................10

CAPITULO IV: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES...................................................................12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................................13

Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho – Lei de Base do Sistema Tributário em Moçambique..............13

GLOSSÁRIO.......................................................................................................................................14

ANEXOS E APÊNDICES...................................................................................................................15

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LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

AT – Autoridade Tributária de Moçambique

DAF – Direcção de Área Fiscal de Chimoio

GARE – Guia de arrecadação de receita de Estado

IRPC – Imposto Sobre Rendimento de Pessoas Colectivas

IRPS – Imposto Sobre Rendimento de Pessoas Singulares

ISPC – Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes

IVA – Imposto Sabre o Valor Acrescentado

NUIT – Numero Único de Identificação Tributaria

CUT – Conta Única do Tesouro

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao criador pela vida e pelos bens livres a que ele nos
proporciona a cada dia, agradecer ao Msc António Paulo pela paciência e verdadeira aula de
sapiência por ele transmitido, ao docente… pelo acompanhamento a medida que ia redigindo
o relatório e a todos que tornaram possível a realização do estágio bem como a produção do
presente relatório.

À todos muito obrigado.

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CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

Os impostos são as prestações obrigatórias, avaliáveis em dinheiro, exigida por uma entidade
pública, para prossecução de fins públicos, sem contraprestação individualizada, e cujo facto
tributário assenta em manifestação de capacidade contributiva, devendo estar previsto na Lei
(n°2 art.3 da Lei 2/2006, de 22 de Março).

Neste contexto, o agente tributário é responsável pela arrecadação de receitas de forma justa e
transparente que é canalizado à CUT (Conta Única do Tesouro) – Ministério de Economia e
Finanças, para financiar a despesa pública.

No primeiro dia do estagio na DAF – Chimoio foi lhe apresentado todos os sectores
nomeadamente: Secretaria, Juízo das Execuções Fiscais, Contencioso Fiscal, Recebedoria da
Fazenda (Tesouraria) e Gestão Tributaria que é constituído por sectores do IVA, IRPS, IRPC,
Outros Impostos e NUIT. Após a apresentação, foi conduzido ao sector do IVA para o início
do estágio e foi indicado Msc, António Paulo como tutor da instituição.

Msc, António Paulo afirmou que passaria por todos os sectores existentes na DAF porém,
levaria mais tempo nos sectores de IRPS e IRPC onde os conhecimentos teóricos adquiridos
na instituição do ensino encontram espaço para a sua aplicação.

1.2. Objectivos de Estágio

1.2.1. Geral

 Conciliar a teoria à prática adquiridos pelo estudante ao longo das aulas nas diversas
áreas relacionadas com a liquidação e a cobrança de impostos.

1.2.2. Específicos

 Realizar as actividades práticas laborais da entidade acolhedora;


 Discutir conceitos teóricos em relação as actividades executadas no estágio; e

1
 Analisar os procedimentos internos relacionados com a liquidação e a cobrança de
impostos e sua relação com Princípios de Contabilidade Geralmente Aceites.

1.3. Metodologia Adoptada

Para a concretização deste relatório seguiu-se o método de observação qualitativo, por este
método conter carácter mais exploratório e aberto, em que o investigador efectua anotações
do campo. Este método fornece um moderado grau de realismo quando se trata de observação
em meio natural; permite uma observação directa dos comportamento das pessoas, sem se ter
de confiar na narração que estas fazem sobre este comportamento, ajuda a compreender a
importância dos factores contextuais, entre outras, têm como desvantagens: ser mais caro do
que a aplicação de testes e questionários, a observação não permite por vezes, compreender as
razões que levaram a esse comportamento.

1.4. Estrutura do Trabalho

O relatório está dividido em capítulos, sequenciado por títulos e subtítulos. O primeiro


capítulo trata de introdução, objectivos de estágio e metodologia adoptada. No segundo é
efectuada a caracterização da entidade de acolhimento, dando-se relevo à sua localização,
missão, visão, valores, bem como os seus órgãos. No terceiro, encontra-se subdividido em
mais de três partes principais, numa primeira fase, é efectuada uma descrição das actividades
desenvolvidas, os procedimentos contabilísticos adoptados, associados à legislação aplicada.
A segunda parte, é feita uma discrição dos processos contabilísticos, desde a recepção dos
documentos até à valorização, e por fim o desdobramento do controlo interno e a integração
das obrigações fiscais.

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CAPITULO II: DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO

A Autoridade Tributária de Moçambique (AT) é um órgão do aparelho do Estado com


autonomia administrativa, tutelado pelo ministro que superintende a áreas das finanças, criado
pela Lei n.º 1/2006, de 22 de Março e tem como tarefas fundamentais, nos termos do n.º 3 do
artigo 4 do diploma legal atrás citado, (i) executar a política tributária e aduaneira, dirigindo e
controlando o funcionamento dos seus serviços, (ii) planificar e controlar as suas actividades e
os sistemas de informação, (iii) formar e qualificar os recursos humanos e (iv) elaborar
estudos e apoiar na concepção de políticas tributária e aduaneira.

A AT têm uma orgânica centralizada com sede em Maputo, possui cinco direcções gerais
(Direcção Geral dos Serviços Comuns, Direcção Geral das Alfândegas, Direcção Geral de
Imposto, Direcção Geral de Controlo Interno, e Direcção Geral de Planeamento, Estudo e
Cooperação Internacional) três direcções regionais (Sul, Centro e Norte), uma Delegação em
cada capital provincial.

Objectivos da instituição

Constituem objectivos da Autoridade Tributária, designadamente, assegurar a eficácia, a


eficiência e a equidade na aplicação das políticas tributária e aduaneira, garantindo uma maior
comodidade para os contribuintes no cumprimento das obrigações fiscais e criando uma maior
capacidade de detecção sobre o incumprimento e evasão fiscal.

Órgãos da Instituição

São órgãos da Autoridade Tributária, o Conselho Superior Tributário, o Presidente da


Autoridade Tributária e o Conselho Directivo. Têm a sua sede em Maputo com
representações em todas as capitais provinciais e em alguns distritos do país.

Outros aspectos relevantes

Missão

Arrecadar receitas, de forma justa e transparente, para o financiamento da despesa pública e


proteger a economia e a sociedade.

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Visão

Ser referência internacional na arrecadação de receitas e prestação de serviços tributários.

Valores

Legalidade, Eficiência e Integridade (LEI).

Organograma da AT

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CAPITULO III: ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante o período de estágio, foram desenvolvidas as actividades relativas à Administração


tributária, sob a orientação do Msc António Paulo. Na área fiscal, os contribuintes são
registados em dois grandes grupos de impostos a saber: em sede do ISPC (Imposto
Simplificado Para Pequenos Contribuintes) e em sede do IVA (Imposto Sobre o Valor
Acrescentado).

3.1. Imposto Simplificado para Pequenos (ISPC)

O ISPC, faz parte dos impostos directos, quem estiver inscrito neste grupo de imposto, não
está sujeito ao pagamento de outros impostos tais como: IRPS, IRPC ou IVA.

Artigo 3-incidência subjectiva

O ISPC é devido pelas pessoas singulares ou colectivas que desenvolvam actividades


agrícolas, indústrias ou comerciais, tais como, comercialização agrícola, o comércio
ambulante, o comércio geral por grosso, a retalho e misto e o comércio rural, incluindo em
bancas, barracas, quiosques, cantinas, lojas e tendas, bem como a indústria transformadora e a
prestação de serviços.

Artigo 7 - Isenção

I. Ficam isentos do ISPC os sujeitos passivos com volume de negócios equivalente a 36


salários mínimos do salário mínimo mais elevado em 31 de Dezembro do ano anterior
ao que respeita o negócio.

Artigo 8 – Taxas

I. Taxa anual do ISPC é de 75.000,00Mt (setenta e cinco mil meticais), podendo ser
pago o valor de 18.750,00MT (Dezoito mil, setecentos e cinquenta meticais) ao
trimestre.

II. Alternativamente, é aplicável a taxa de 3% sobre o volume de negócios desse ano.

Os sujeitos passivos que iniciem a actividade e optem pela primeira vez pelo ISPC beneficiam
da redução da taxa do imposto em 50%, no primeiro ano do exercício da actividade.

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3.1.1. Sector do ISPC

No sector do ISPC trabalhou durante uma semana, onde teve a oportunidade de perceber o
funcionamento do mesmo, que se resume em recepção de M/02 (Modelo de Inicio de
Actividade), de novos sujeitos passivos, inserção no sistema de M/02, abertura de processos
individuais dos sujeitos passivos, bem como de ficha de controlo de pagamento. Os M/02 são
preenchidos em duplicado sendo original para o sujeito passivo e duplicado para o sector e do ISPC.

Acompanhou a cobrança do 4º trimestre de 2020 que foi realizada em Janeiro de 2021, onde
os sujeitos passivos apresentaram-se ao balcão levando consigo a Declaração Periódica de
pagamento M/30 (modelo 30) e o agente tributário, recebia as declarações conferia e depois
inseria no sistema, imprimia a GARE (Guia de arrecadação de receita de Estado), que era
entregue ao contribuinte para efectuar pagamento via banco.

3.2. Imposto Sobre o valor Acrescentado (IVA).

Em relação aos sujeitos passivos inscritos em sede do IVA, estão sujeitos a outras obrigações
fiscais nomeadamente: o IRPS (Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Singulares) ou IRPC
(Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas), consoante o caso, pessoas singulares
ou colectivas.

Enquadramento dos sujeitos passivos em sede do IVA

I. Regime de tributação normal – Volume anual de negócios superior à


2.500.000,00Mt-Taxa de 17% (Artigo 17do CIVA- Pag. mensal).

II. Regimes especiais

Regime de tributação simplificada Volume anual de negócios superior a 750.000,00Mts e


inferior a 2.500.000,00Mts- Percentagem 5% (Artigo 42 CIVA- Pag. Trimestral)

III. Regime de isenção – volume anual de negócios inferior a 750.000,00Mt (artigo 35


CIVA)

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3.2.1. Sector do IVA

No sector do IVA, o processo não difere tanto do ISPC, pois difere apenas nos campos a
preencher, no modelo de início de actividade (M/02). A semelhança do que acontece no
sector do ISPC, no sector do IVA a regra é a mesma, recepção dos modelos de inicio de
actividade para inscrição de novos sujeitos passivos, conferir e depois inserir no sistema e
abrir processos individuais dos sujeitos passivos, bem como de ficha de controlo de
pagamento. Os M/02 são preenchidos em triplicado, depois de assinados pela directora da
DAF, são distribuídos da seguinte maneira:

1. Original para o contribuinte;

2. O duplicado para o sector do IVA; e

3. Triplicado para os sectores do IRPS e IRPC consoante os casos, de pessoas


singulares ou colectivas.

Para além do sistema que permite ter acesso aos faltosos ao pagamento dos impostos, a ficha
do controlo de pagamento é um documento auxiliar com a mesma finalidade de modo a
assegurar que todos os faltosos tenham o mesmo tratamento que consiste em:

I. Levantamento do auto de notícia por incumprimento de obrigações fiscais;

II. Liquidação oficiosa, que consiste em apurar o imposto com base nos elementos
existentes no processo individual do sujeito passivo e no sistema de cobrança de
imposto; e

III. Elaboração da notificação onde é demonstrado os elementos que serviram de suporte


para o apuramento do imposto a pagar.

3.3. Sectores do IRPS e IRPC


Sector de IRPS

Neste sector é feita abertura de processo individuais, após a recepção do triplicado do M/02,
que é fornecido pelo sector do IVA, onde são arquivados todos os documentos com
informações fiscais do contribuinte. O IRPS, encontra-se subdividido em cinco categorias de
acordo com n°. 2 do artigo 1, CIRPS aprovado pela Lei n°. 33/2007 de 31 Dezembro:

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 1ª Categoria: rendimentos de trabalhos dependentes

 2ª Categoria: rendimentos empresariais e profissionais

 3ª Categoria: rendimentos de capitais e de mais-valias

 4ª Categoria: rendimentos prediais

 5ª Categoria: outros rendimentos

Períodos de pagamento:

 IRPS a final: prazos previsto na alínea a); b) e c) do n°. 1 do artigo 24 de RCIRPS

 IRPS por conta: Junho, Setembro e Novembro

O M/10 (declaração anual de rendimento), é entregue até ao mês de Abril de cada ano
contendo informações referentes ao ano anterior. Esta declaração é apresentada por pessoas
singulares que exerçam actividades empresariais onde demonstram custos e proveitos,
imposto a pagar ou a recuperar.

O M/19 (declaração periódica de pagamento), é entregue até ao dia 20 de cada mês, contendo
informações referentes ao mês anterior. Esta declaração destina-se ao pagamento de impostos
(retenções na fonte, taxas liberatórias, etc.) previstos no Código do Imposto sobre o
Rendimento de Pessoas Singulares (CIRPS).

Sector de IRPC

A semelhança do que acontece no sector do IRPS, no sector de IRPC é igualmente feita


abertura de processo individuais, após a recepção do triplicado do M/02, que é fornecido
pelo sector do IVA, onde serão arquivados todos os documentos com informações fiscais do
contribuinte.

Períodos de pagamento

 IRPC a final: Maio de cada ano

 IRPC por conta: Maio, Julho e Setembro (alínea a n°. 1 artigo 27 do CIRPC)

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 Pagamento especial por conta: Junho, Agosto e Outubro (n°. 1 do artigo 21 do
CIRPC)

M/39, (declarações periódicas de pagamento), para além deste modelo, encontram-se os


modelos M/22 e M/20 sendo declaração anual de rendimento e declaração anual de
infirmações contabilística e fiscal respectivamente. O M/22 é apresentado até ao mês de
Maio de cada ano por pessoas colectivas onde demonstram custos e proveitos, imposto a
pagar ou a recuperar. O M/20 acompanha dossier fiscal que é constituído pelo relatório
técnico e as peças que compõem as demonstrações financeiras.

Após receber a explicação do funcionamento destes sectores, o trabalho centrou-se na análise


de processos de contas, de empresas com a contabilidade organizada, tendo tido a
oportunidade de analisar 20 processos de igual número de empresas. No decurso da análise,
constatou-se que o custo contabilístico de algumas empresas difere do custo fiscal por força
da legislação fiscal, (artigos 21 a 36 do CIRPC, aprovado pela Lei n°. 34/2007 de 31 de
Dezembro e do IRPS aprovado pela Lei n°. 33/2007 de 31 de Dezembro).

Das 20 empresas analisadas, 6 resultaram em adicionamentos fiscais que permitiu o


apuramento de matéria colectável adicional no valor de 2.776.664,65 (dois milhões,
setecentos e setenta e seis mil, seiscentos e sessentas e quatro meticais e sessenta e cinco
centavos) e o imposto apurado foi de 472.032,99 MZN (Quatrocentos e setenta e dois mil,
trinta e dois meticais e noventa e nove centavos).

Nos sectores do IVA, IRPS, IRPC e ISPC foi notório a existência de faltosos ao
cumprimento da principal obrigação (pagamento de impostos) e também das obrigações
acessórias que consubstanciam transgressões fiscais, sujeita ao levantamento de auto de
notícia que são encaminhados ao sector de contencioso.

3.4. Sector do Contencioso Fiscal

Neste sector, a ênfase centralizou-se na constituição dos processos fiscais que inicia com a
recepção dos autos de notícias que são levantados pelos sectores, seguindo-se a instrução
do processo conforme as peças em anexo, que depois de constituído é remetido ao gabinete
da directora para o despacho. Após o despacho, o escrivão entrega mandado de notificação
ao oficial de diligências para efeitos de notificação ao respectivo sujeito passivo, para no

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prazo de 30 dias efectuar o pagamento da multa ou reclamar. Neste sector podemos
encontrar três (3) situações distintas:

1. Processos cujos transgressores reconhecem e efectuam o pagamento;

2. Processos reclamados que são remetidos aos sectores que elaboraram os autos de
noticias para informação e posterior decisão da directora; e

3. Processos cujos transgressores não efectuam o pagamento e nem reclamam.

Quando assim acontece, terminado o prazo de 30 dias, relacionam se os processos e remete-


se ao Tribunal Fiscal para condenação imediata. Depois da sentença, notifica-se o sujeito
passivo para o conhecimento da decisão tomada por esse órgão e se o sujeito passivo não
efectuar o pagamento no prazo indicado, relaxa-se para a cobrança coerciva pelo Juízo das
Execuções Fiscais.

Quando o sujeito passivo paga, elabora-se o M/11 (operações da tesouraria), também há


casos em que os processos reclamados pelos sujeitos passivos, provam terem razão e os
processos depois de informação são dados provimentos e anulam-se os processos.

3.5. Sector do Juízo das Execuções Fiscais

Este sector têm a função de cobrar coercivamente todas as dívidas fiscais bem como as não
fiscais, que não são pagas dentro dos prazos regulamentados. No Juízo das Execuções Fiscais
o processo começa com a recepção das certidões de relaxe que são lavradas pelo recebedor,
quando se trata de dívidas fiscais onde é indicado o tipo de dívida e o valor em causa. Depois
de instrução, os processos são remetidos ao gabinete da Juíza das Execuções Fiscais, no caso
da DAF - Chimoio, esta função é assumida pela respectiva directora, porque em Manica não
há Juízo Privativo das Execuções Fiscais.

Depois de assinado o mandado, o escrivão acompanhado do oficial de diligencias, deslocam-


se às empresas para citação (notificar) e os executados tem prazo de dez (10) dias para
efectuarem o pagamento, findo o prazo sem que a dívida seja regularizada, segue-se a fase de
penhora de bens e/ou conta bancária que garanta a regularização da dívida em causa. Aqui o
executado também têm o direito de apresentar a oposição à execução com fundamentos que
devam constituir objecto de reclamação ou recurso contencioso nos termos do artigo 165 do
Código das Execuções Fiscais – Decreto n°. 38080 De 12 de Dezembro de 1950. A oposição é

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feita por simples requerimento ou embargo nos termos estabelecidos nos artigos 169 e 176 do
Código das Execuções Fiscais

A nível deste sector, os processos findam por pagamento da divida pelo executado, prescrição
da divida decorridos 10 anos e também podemos encontrar o julgamento em falha de
processos cujo os contribuintes, depois de varias diligências não se localizáveis ficam
pendentes a medida que forem localizados são cobrados.

Importa referir que antes de julgamento em falha, os executados em locais incertos são
notificados via edital que é publicado nos jornais de maior circulação e fixados em locais
públicos.

Tanto no Contencioso, como no Juízo, o sujeito passivo pode requerer a amortização da


dívida em prestações quando não poder efectuar o pagamento da divida numa única prestação
nos termos do Decreto n°. 45/2010 de 2 de Novembro ( regulamento de pagamento em prestações da
dívida tributária).

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CAPITULO IV: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Conclusão

As bases teóricas foram consolidadas, as quais permitiram atingir objectivos do estagio e


como consequência obter conhecimentos relevantes sobre o progresso que se regista na
administração tributaria.

A realização deste estágio curricular, integrado no plano curricular da contabilidade e


Auditoria, contribuiu para uma primeira aproximação ao mercado de trabalho, sendo uma
mais-valia para ambas as partes, estagiário e entidade de acolhimento. Como estagiário, foi
possível aplicar alguns dos conhecimentos teóricos adquiridos durante o curso; teve a
oportunidade de adquirir novos conhecimentos e práticas, nas mais diferentes áreas, junto de
profissionais experientes; adquiriu métodos de trabalho em equipa com vista a um único
objectivo, para o caso de AT – Manica incremento na cobrança de receita para financiar
despesas públicas.

Aprendeu que os documentos contabilísticos são muito importantes, porque são a base para a
elaboração das demonstrações financeiras, devendo ser tratados com toda a atenção, para que
os mesmos sejam bem guardados no período de dez anos, por imperativo do n°. 5 Artigo 75 do
CIRPC, aprovado pela Lei n°. 34/2007 De 31 de Dezembro. Inicialmente sentiu bastantes
dificuldades, que foram sendo superadas ao longo do período de estágio. Acredita que talvez
as dificuldades sentidas fossem menores, se durante o percurso académico, algumas das aulas
tivessem uma vertente mais prática.

Em síntese, o estágio e a elaboração do relatório contraíram significativamente para sua


preparação profissional bem como o presente relatório é importante para a faculdade, os
colegas do curso e o público em geral.

Recomendações

 O aumento do período do estágio, visto que, o período de três meses não é suficiente
para adquirir um conjunto completo sobre as práticas contabilísticas aprendidas, desde
a abertura até o fecho de contas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Lei n.º 15/2002, de 26 de Junho – Lei de Base do Sistema Tributário em Moçambique

Lei nº 32/2007, de 31 de Dezembro – Código do Imposto Sobre o Valor Acrescentado

Decreto nº 7/2008, de 16 de Abril – Regulamento do Código do Imposto Sobre o Valor


Acrescentado

Lei nº 33/2007, de 31 de Dezembro – Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas


Singulares

Decreto nº 8/2008, de 16 de Abril – Regulamento do Código do Imposto sobre o Rendimento


das Pessoas Singulares

Lei nº5/2009, de 12 de Janeiro, Cria o Imposto Simplificado para pequenos Contribuintes

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tesouraria

Decreto n°. 45/2010 de 2 de Novembro ( regulamento de pagamento em prestações da dívida


tributária).

Decreto n°. 38080 De 12 de Dezembro de 1950.

Código das Execuções Fiscais

Lei 2/2006, de 22 de Março

Lei n.º 1/2006, de 22 de Março

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GLOSSÁRIO

Tesouraria: o sector encarregado da contabilidade, armazenamento ou transações de


dinheiro.

Gestão Tributaria: É o processo de administração que têm por finalidade adequação e


planeamento das actividades, visando controlo das operações desencadeadas nos sectores do
IVA, IRPS, IRPC, Outros Impostos e NUIT.

Sujeitos passivos: pessoa singular ou colectiva que tem obrigações fiscais

Execuções Fiscais: é o procedimento de cobrança judicial para recuperar valores devidos


pelo cidadão ao Estado.

Tribunal Fiscal: órgão competente para administrar a justiça, nos litígios decorrentes das
relações jurídico-fiscais.

Amortização da dívida: é um processo de extinção de uma dívida através de pagamentos


periódicos.

Contencioso Fiscal: é o conjunto de espécies processuais (processos), definidas pelas leis


tributárias.

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ANEXOS E APÊNDICES

ANEXOS

16
Modelo A – Declaração Periódica

17
Continua M/A

18
M/02 – Declaração de Registo ou Alterações de Dados de Início de Actividade

19
Continua M/02

20
M/10

21
M/19

22
M/20

M/
2 2

23
24
M/30 – Guia de Pagamento do ISPC

25
M/39

Auto de
Noticias

26

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