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Daniel Lemos Cerqueira

Instrument
Instrumento
Básico
Piano
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA
NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO - UEMAnet
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB
CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA

INSTRUMENTO BÁSICO PIANO

Daniel Lemos Cerqueira


Os materiais produzidos para os cursos ofertados pelo UEMAnet/UEMA para o Sistema Universidade Aberta do Brasil -
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

Reitor Professor Conteudista


Gustavo Pereira da Costa Daniel Lemos Cerqueira
Vice-Reitor Revisão de Linguagem
Walter Canales Sant´ana Jonas Magno Lopes Amorim
Pró-Reitora de Graduação Designer de Linguagem
Zafira da Silva de Almeida Clécia Assunção Silva
Núcleo de Tecnologias para Educação
Designer Pedagógico
Ilka Márcia Ribeiro S. Serra - Coordenadora Geral
Paulo Henrique Oliveira Cunha
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Projeto Gráfico e Diagramação
Ilka Márcia R. S. Serra - Coord. Geral
Tonho Lemos Martins
Lourdes Maria P. Mota - Coord. Adjunta | Coord. de Curso
Capa
Coordenação do Designer Educacional
Rômulo Coêlho
Cristiane Peixoto - Coord. Administrativa
Maria das Graças Neri Ferreira - Coord. Pedagógica

Cerqueira, Daniel Lemos


Instrumento básico: piano [e-Book]. / Daniel Lemos
Cerqueira. – São Luís: UEMA; UEMAnet, 2019.
56 p.
ISBN:
1. Música Contemporânea. 2. Escalas Pentatônicas.
3. Pentacorde. 4. Melodias. 5. Acompanhamento. I.
Título.
CDU: 780.616.432
APRESENTAÇÃO

Um dos problemas mais evidentes dos “métodos” – termo que, por


convenção, se refere a um tipo de material didático voltado ao ensino de
instrumentos musicais e do canto – é a falta de diálogo com a literatura
relacionada. A maior parte desses livros se baseia na concepção individual
que o autor possui sobre o ensino e aprendizagem das Práticas de Criação
e Interpretação em Música, sem recorrer a seus pares. Em termos de
pesquisa artística e acadêmica, trata-se de uma falha gravíssima.

Neste e-Book, pretendemos apresentar diversas atividades voltadas ao


ensino e aprendizagem dos instrumentos de teclado, fazendo a devida
relação com a literatura relacionada. Dessa forma, esse material se
qualifica como proveniente de uma pesquisa artística, que faz uso dos
meios tradicionais da investigação científica e acadêmica para fins de
desenvolvimento dos diversos tipos de conhecimento (lógico, intuitivo,
sensorial) próprios das Artes. Além disso, as referências indicadas no
material contribuem para estimular o estudante ao espírito da pesquisa
acadêmica tradicional, buscando aquelas que interessarem mais para
aprofundamento nos estudos. Dessa maneira, o e-Book não fica limitado
a si mesmo – ao contrário da maioria dos “métodos” para estudo dos
instrumentos de teclado.

Esperamos, assim, que esse tipo de iniciativa possa inspirar a elaboração


de material didático para o ensino e aprendizagem das Práticas de
Interpretação e Criação em Música, fortalecendo essa lacuna metodológica
presente na literatura relacionada ao tema. No contexto atual, os
Mestrados Profissionais podem contribuir sensivelmente, fazendo uso de
procedimentos metodológicos típicos da pesquisa científica tradicional
em prol do desenvolvimento da Educação e Cultura nas Artes.

Daniel Lemos
Pianista

Instrumento Básico Piano 4


SUMÁRIO

UNIDADE I – Iniciação com Música Contemporânea............ 8

1.1 Atividades de interpretação................................................. 9


1.2 Atividades de criação........................................................... 11
1.3 Atividades de apreciação..................................................... 13
Referências......................................................................... 14

UNIDADE II – Escalas Pentatônicas....................................... 15

2.1 Atividades de interpretação................................................. 17


2.2 Atividades de criação.......................................................... 18
2.3 Atividades de apreciação.................................................... 20
Referências......................................................................... 21

UNIDADE III – Pentacorde........................................................ 22

3.1 Atividades de interpretação................................................. 23


3.2 Atividades de criação.......................................................... 30
3.3 Atividades de apreciação.................................................... 32
Referências......................................................................... 33

UNIDADE IV – Melodias e Acompanhamento........................ 34

4.1 Melodias: atividades de interpretação................................. 35


4.2 Melodias: atividades de criação.......................................... 43
4.3 Acompanhamentos: atividades de interpretação................ 47
Referências......................................................................... 56

Instrumento Básico Piano 5


Organize seus estudos!

A primeira atividade que iremos fazer é definir um cronograma semanal de


estudos para o tempo em que a disciplina estiver disponível no Ambiente Virtual
de Aprendizagem (AVA) da UEMAnet. Preencha a tabela abaixo, procurando
ser o mais fiel possível aos momentos que você mesmo definiu para praticar o
instrumento:

PRIMEIRO MÊS
Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.
1.ª Semana

Manhã
Tarde
Noite
Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.
2.ª Semana

Manhã
Tarde

Noite

Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.


3.ª Semana

Manhã
Tarde

Noite

Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.


4.ª Semana

Manhã
Tarde

Noite

Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.


5.ª Semana

Manhã
Tarde
Noite

SEGUNDO MÊS
Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.
6.ª Semana

Manhã
Tarde

Noite

Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.


7.ª Semana

Manhã
Tarde

Noite

Instrumento Básico Piano 6


Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.

8.ª Semana
Manhã
Tarde

Noite

Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.


9.ª Semana
Manhã
Tarde

Noite

Turno Dom. 2.ª 3.ª 4.ª 5.ª 6.ª Sáb.


10.ª Semana

Manhã
Tarde

Noite

Lembre-se de que músicos não tem folga no fim de semana


ou em feriados; eles precisam estar sempre atentos para as
oportunidades que aparecerem.

Instrumento Básico Piano 7


UNIDADE

INICIAÇÃO COM MÚSICA


1 CONTEMPORÂNEA

OBJETIVOS

Realizar atividades práticas a partir da música contemporânea;

Conhecer estratégias pedagógicas baseadas nesse tipo de produção


=

musical.

Do que precisamos aqui? Eis as seguintes opções que o aluno


poderá escolher.
• Um teclado eletrônico sensitivo, com pelo menos cinco oitavas;
• Um piano digital;
• Um piano acústico.

a música contemporânea, o elemento musical básico de uma composição

N não é um motivo, um tema ou uma melodia com acompanhamento: é uma


figura sonora – também chamada de objeto sonoro. Aqui, entendemos a
música como sons, ao invés de notas musicais.
O compositor inglês John Paynter (1931-2010) foi um dos pioneiros a defender
o ensino através da música contemporânea. A experimentação sonora é um
recurso que gera motivação e contextos lúdicos de aprendizagem, sendo
interessante sua adoção na educação infantil e pré-juvenil. Para saber mais
sobre a proposta de Paynter, recomendamos a leitura de Mateiro (2012).
Como forma de escrita do texto musical nesse contexto, é interessante fazer uso
da audiopartitura – também chamada de notação alternativa. Seu objetivo é
Instrumento Básico Piano 8
representar os sons de maneira mais livre, onde nós criamos as convenções que
melhor representam os sons – ao invés de fazer uso dos símbolos convencionais
da partitura tradicional. No entanto, podemos ir inserindo nas atividades elementos
da escrita convencional, no intuito de preparar os estudantes para os elementos
tradicionais da notação musical.
A série Educação Musical através do Teclado (1986) de Maria de Lourdes
Junqueira Gonçalves (1924-2015) e Cacilda Borges Barbosa (1914-2010)
introduziu essas ideias no ensino desses instrumentos, sendo um marco na
Pedagogia do Piano brasileira. Faremos agora algumas atividades baseadas na
música contemporânea, no intuito de oferecer ideias para você conduzir aulas
com instrumentos de teclado para crianças. Começaremos trabalhando com
clusters, também explorados por Elvira Drummond em Caderno Preparatório:
Iniciação ao Piano (1988).

Um cluster é um agregado de sons com diferentes alturas.


Nos instrumentos de teclado, uma maneira de fazer clusters é
tocar várias teclas ao mesmo tempo com as mãos, utilizando
movimentos de antebraço.

1.1 Atividades de interpretação

ATIVIDADE 1

Interprete a audiopartitura a seguir, tocando os clusters indicados:

Instrumento Básico Piano 9


Você certamente percebeu as hastes junto aos retângulos que representam os
clusters. No livro de Gonçalves e Barbosa (1986), a haste para baixo indica
um cluster atacado com a mão esquerda, e na direção oposta, o ataque é feito
com a mão direita. Caso você não tenha interpretado o trecho dessa maneira,
toque-o novamente, ficando atento ao cruzamento de mãos que acontece a
partir do 3.º cluster.

ATIVIDADE 2

O trecho musical abaixo é mais complexo. Interprete-o ao instrumento:

Apesar de não estarmos trabalhando com durações matematicamente medidas,


tanto a cor dos retângulos quanto o posicionamento das figuras sugerem uma
proporção entre as durações. Essa é uma forma de direcionar a leitura de
durações livres para a de durações absolutas.

ATIVIDADE 3

Vamos agora trabalhar com intensidade – dinâmicas. Toque o trecho a seguir:

Instrumento Básico Piano 10


Depois que começamos a trabalhar com intensidade, as atividades posteriores
sempre trarão essas indicações. Essa é uma importante característica do ensino
da música: os conceitos são cumulativos, ou seja: à medida que trabalhamos
e incorporamos um aspecto da teoria e/ou expressão musical, acrescentamos
outros sem deixar de trabalhar aqueles inseridos anteriormente.
No trecho que possui um crescendo, a distância entre as figuras vai diminuindo
progressivamente, o que sugere um accelerando. Essa é uma maneira de
trabalhar a agógica, cujas variações interpretativas acontecem de maneira não
medida.

1.2 Atividades de criação

ATIVIDADE 4

Fazendo experimentações em seu instrumento, crie uma composição baseada


em clusters, fazendo uso também de dinâmicas e de mudanças na agógica. Em
seguida, escreva/registre sua criação nos espaços da audiopartitura abaixo:

Uma estratégia muito interessante para trabalhar figuras sonoras com crianças
é associá-las a outras linguagens artísticas, como na sonoplastia. Um exemplo
comum é feito em contação de histórias, nas quais os sons são criados de acordo
com o percurso do conto.

Instrumento Básico Piano 11


ATIVIDADE 5

A seguir, apresentamos uma breve narrativa ilustrada para que você possa
criar uma sonoplastia que represente seu entendimento da mesma. Anote sua
composição no espaço correspondente à audiopartitura em seguida:

Ao observar esta breve história, você certamente notou ser possível interpretar
três momentos distintos no trajeto do barco da esquerda para a direita: um com
céu nublado e águas calmas; mar agitado com chuva; e mar calmo que se finda
com o Sol. É bastante provável que você tenha ilustrado esses três momentos
com uma composição na forma A-B-A, onde a letra “A” ao final indica um caráter
mais próximo com a primeira seção. No entanto, pode ser que as repetições
não sejam idênticas: nesse caso, podemos indicar a forma como sendo A-B-A’,
onde o apóstrofo indica uma variação nos elementos – mas que, mesmo assim,
mantêm características em comum. Logo, temos aqui um exemplo de como
trabalhar formas musicais na sonoplastia.

Instrumento Básico Piano 12


1.3 Atividades de apreciação

Depois que os estudantes vivenciaram os elementos contemplados nas


atividades de interpretação (ou “leitura”) e criação (composição), é interessante
trabalhar a audição para desenvolver a escuta analítica – tradicionalmente,
podemos chamá-la de ditado. Sendo assim, propomos duas atividades em que
você precisa ouvir o áudio em anexo para realizá-la. Vamos a elas:

ATIVIDADE 6

Escreva uma possível audiopartitura para o trecho musical apreciado na Faixa


de áudio n.º 1:

ATIVIDADE 7

No espaço abaixo, faça um desenho ou mini-história em quadrinhos que


represente sua interpretação do trecho musical ouvido na Faixa de áudio n.º 2:

Instrumento Básico Piano 13


Resumo

Nesta Unidade, foram apresentadas atividades de iniciação em instrumentos


de teclado com base na música contemporânea, adequadas especialmente
para adoção junto a crianças com faixa etária de 2 a 8 anos aproximadamente.
Os estudos envolveram interpretação (performance), criação (composição) e
apreciação (percepção musical).

Referências

DRUMMOND, E. Caderno Preparatório: iniciação ao piano. Rio de Janeiro:


Bruno Quaino Material Musical, 1988.
GONÇALVES, M. L. J.; BARBOSA, C. B. Educação Musical através do Teclado
– 5 volumes. 2. ed. São Paulo: Cultura Musical, 1986.
MATEIRO, T. John Paynter: a música criativa nas escolas. In: MATEIRO, T.;
ILARI, B. (org.). Pedagogias em Educação Musical. Curitiba: InterSaberes,
2012. p.243-274.

Instrumento Básico Piano 14


UNIDADE

2 ESCALAS PENTATÔNICAS

OBJETIVOS

Realizar estudos nos instrumentos de teclado baseados nas teclas superiores;

Conhecer repertório e estratégias pedagógicas que fazem uso de escalas


=

pentatônicas.

topografia do teclado possui uma característica que pode ser utilizada

A como um interessante recurso didático: as teclas superiores ou “pretas”


– que são brancas no cravo e nos instrumentos de teclado mais antigos.
No âmbito de uma oitava, elas podem formar dois tipos particulares de escalas
pentatônicas, sendo elas (Figura 1):

Figura 1 - Ilustração das escalas pentatônicas no teclado

Fonte: Acervo do Autor

As cifras entre parêntesis trazem a proposta de cifragem de Kostka e Payne


(2012), onde os intervalos menores são indicados em cifras minúsculas. Uma
peça conhecida por explorar as teclas pretas é Dr. Fritz & the Black Keys, do
compositor e professor de piano Fritz Emonts (1920-2003).

Instrumento Básico Piano 15


Um exemplo bem simples de Dr. Friz & the Black Keys está
disponível em: https://youtu.be/eapKKp7Kfpk.

“Palitos chineses” – chopsticks em inglês; palitos chinos em espanhol – é uma


referência à técnica comumente utilizada para tocar melodias nessas teclas,
utilizando apenas o indicador (dedo 2). O livro didático Palitos Chinos, da pianista
e pedagoga argentina Violeta Hemsy de Gainza (1987), é baseado em peças
em escalas pentatônicas para serem tocadas dessa maneira. Outro método que
utiliza esse recurso é Piano Practice Games Book 1, da série Hal Leonard Student
Piano Library (KREADER et al, 1996). Além de muitas melodias tradicionais
norte-americanas utilizarem escalas pentatônicas, os autores adotam um tipo
de leitura mais acessível para iniciantes, ao invés de escrevê-las por meio da
notação tradicional – o que implica no uso das armaduras de Sol ♭ maior/ Fá ♯
maior ou suas relativas menores. Além disso, é feita referência ao conceito de
dedilhado lógico, ao invés de atacar todas as teclas com o indicador – o que
traz maior semelhança com a técnica pianística tradicional, evitando assim o
deslocamento de mão para cada ataque de tecla. Segue adiante uma ilustração
desse tipo de notação, utilizando um teclado vertical – também chamado de
piano roll nas interfaces de programas para edição de áudio (Figura 2):

Figura 2 - Exemplo de notação tipo piano roll

Fonte: Acervo do Autor

Instrumento Básico Piano 16


Adotaremos esse tipo de escrita em algumas das atividades propostas adiante.

2.1 Atividades de interpretação

ATIVIDADE 8

A melodia em seguida é baseada em uma cantiga de moqueado da tribo tupi


Tenetehara, que habita o território sul do Maranhão. Sabendo que essa peça se
inicia na nota Lá ♭, interprete-a:

Qual o dedilhado que você utilizou para tocar essa melodia? Você pode anotá-
lo? Experimente outros até encontrar um que lhe pareça mais adequado.

ATIVIDADE 9

A melodia adiante, na pentatônica menor, é baseada em Two Feathers, trilha


sonora do jogo Outlaws e baseada em canções indígenas norte-americanas.
Apesar de não haver acidentes (bemóis e sustenidos) indicados, você pode tocar
essa melodia nas teclas pretas, começando pelo Mi ♭. Sendo assim, interprete-a
no seu instrumento, observando a mão utilizada com base na direção das hastes:

Instrumento Básico Piano 17


Em relação à atividade anterior, a presença do pentagrama aqui dificultou ou
facilitou a leitura da melodia? Que tipo de escrita você utilizaria com possíveis
iniciantes?

ATIVIDADE 10

As ligaduras de fraseado, colocadas na atividade anterior, contribuem tanto para


nos indicar o som legato (“ligar” o som de uma tecla pra outra) quanto tornar
mais clara a estrutura da melodia. Sendo assim, interprete o trecho abaixo de
maneira semelhante, proveniente de uma melodia tradicional norte-americana
retirada do jogo Sneak’n’Peek do console Atari 2600:

2.2 Atividades de criação

Uma sequência harmônica característica do blues, amplamente disseminada, é a


progressão I7 – IV7 – I7 – V7 – IV7 – I7. Podemos utilizá-la como acompanhamento
para improvisação de melodias na escala pentatônica – ou seja: nas teclas
“pretas”.

Instrumento Básico Piano 18


ATIVIDADE 11

A seguir, apresentamos um exemplo desse encadeamento na tonalidade de


Fá ♯ maior. Solicite para alguém experimentar melodias diversas nas teclas
pretas, estando atento apenas à rítmica enquanto você toca a base – ou seja, o
acompanhamento:

Quando temos um contexto de improvisação em que alguns dos elementos


da linguagem musical são definidos de maneira a não permitir erros – neste
exemplo, utilizando somente as teclas pretas não permite haver “notas erradas” –
chamamos de improvisação controlada. Esse recurso é utilizado no instrumental
de percussão (marimbas e xilofones, entre outros) de Carl Orff (1895-1982), no
qual é possível remover e/ou colocar teclas nesses instrumentos de forma a
oferecer somente alturas adequadas ao estilo da improvisação realizada. Aqui,
entendemos o “erro” como um acontecimento musical que não está coerente
com o contexto da peça ou obra interpretada.

Instrumento Básico Piano 19


2.3 Atividades de apreciação

ATIVIDADE 12

O trecho musical abaixo é uma representação escrita da Faixa de áudio 3. Continue


a notação dessa peça abaixo, com base nos elementos visuais utilizados:

ATIVIDADE 13

Faça agora a transcrição da Faixa de áudio 4, da mesma forma que na atividade


anterior:

Instrumento Básico Piano 20


Resumo

Nesta Unidade, foram trabalhadas atividades baseadas em escalas pentatônicas


que fazem uso de particularidades idiomáticas dos instrumentos de teclado.
Houve a apresentação de repertório e estratégias pedagógicas relacionados ao
tema em pauta.

Referências

GAINZA, V. H. Palitos Chinos. Buenos Aires: Barry Editorial, 1987.


KOSTKA, S.; PAYNE, D. Harmonia Tonal. 6. ed. Traduzido por Hugo Ribeiro e
Jamary Oliveira. Brasília, 2012. Disponível em: <http://www.hugoribeiro.com.br>.
Acesso em: 27 set. 2018.
KREADER, B.; KERN, F.; KERENVEN, P.; REJINO, M. Piano Practice Games
Book 1: Theory, Technique, Creativity. Milwaukee: Hal Leonard Corporation,
1996.

Instrumento Básico Piano 21


UNIDADE

3 PENTACORDE

OBJETIVOS

Desenvolver a técnica nos instrumentos de teclado por meio de peças


baseadas em pentacordes;

Fazer uso do pentacorde na pedagogia dos instrumentos de teclado.


=

O
utro tipo de estrutura musical que explora de maneira interessante a
topografia do teclado é o pentacorde, definido como as cinco alturas
iniciais de uma escala – conceito que também se relaciona às escalas
pentatônicas. Temos pentacordes que fazem uso somente de teclas brancas
(exemplos: dó, ré, mi, fá, sol; e lá, si, dó, ré, mi) e aqueles que utilizam de uma
a quatro teclas pretas.
A principal característica do pentacorde na Pedagogia do Piano é permitir a
interpretação de melodias simples sem a necessidade de deslocar a mão e,
portanto, sem alterar ou verificar constantemente os dedos. Logo, é possível
trabalhar o conceito de dedilhado lógico, ou seja: as indicações de dedilhado
ocorrerão somente caso haja necessidade de mudar a posição da mão
(CERQUEIRA, 2012). Nos casos em que o dedilhado é omitido, subentendemos
que já há um dedo sobre a tecla correspondente à nota musical indicada. Dessa
maneira, fica mais fácil para o estudante direcionar sua concentração a outros
aspectos da prática pianística como, por exemplo: condução do fraseado, tipo de
ataque, ativação muscular, postura, sonoridade resultante ou outros elementos
visuais indicados no texto musical. Na literatura (repertório) do piano, há várias
opções de peças escritas com pentacordes, entre elas: Melodische Übungstücke
Opus 149 de Anton Diabelli (1781-1858), para piano a quatro mãos; Doze duetos
em cinco notas de Arthur Foote (1853-1937); Suíte das 5 Notas de Lorenzo
Fernandez (1897-1948); e 15 little pieces on five-note patterns de Dénes Agay
(1911-2007).

Instrumento Básico Piano 22


Em seguida, apresentaremos peças adaptadas para pentacorde. Em todas elas,
recomendamos estudar da seguinte maneira:
• Antes de começar a leitura, posicione sua mão no teclado com base nas
notas que serão utilizadas na peça, buscando a menor ativação muscular
possível de pulso, antebraço, braço e ombro;
• Estude cada peça por trechos, procurando entender o sentido musical de
cada trecho/membro sob a linha de fraseado para facilitar a memorização;
• Se você estiver com dificuldades, tente ler mais devagar até conseguir um
andamento em que você seja capaz de tocar respeitando as durações/
ritmos de maneira clara;
• Toque a peça toda quando a melodia já estiver fluente e clara para você;
• Após finalizar a leitura com uma mão, estude a mesma peça com a outra
mão;
• No fim, toque a peça com as duas mãos simultaneamente.

3.1 Atividades de interpretação

ATIVIDADE 14

Vamos à primeira peça:

Observe que essa peça não traz indicação de clave. Portanto, trata-se de
leitura relativa, onde você pode escolher em qual tecla branca deseja começá-
la. Dependendo da mão (direita – M. D. – ou esquerda – M. E.), um dedilhado é
indicado. A partir dessa indicação, você deve posicionar os demais dedos sobre
as teclas adjacentes, de maneira semelhante à imagem seguinte, que tomou
como referência para a primeira tecla a nota Dó (Figura 3):

Instrumento Básico Piano 23


Figura 3 – Dedilhado e posição das mãos esquerda e direita

Fonte: Acervo do Autor

ATIVIDADE 15

Agora, temos a segunda peça para estudo, um pouco maior:

Procure seguir as mesmas recomendações de estudo indicadas para a peça


anterior. Tente também realizar as indicações de dinâmica no seu instrumento.

Instrumento Básico Piano 24


ATIVIDADE 16

A seguir, a terceira peça:

Aqui, temos linhas de dinâmica, indicando um crescendo (na direção < ) e um


diminuendo ou decrescendo (direção > ). Procure realizar essas mudanças de
dinâmica durante o estudo da peça. No mais, procure seguir as recomendações
de estudo oferecidas anteriormente, solidificando assim seus hábitos de prática
instrumental.

ATIVIDADE 17

A partir de agora, daremos início a adaptações de melodias para pentacordes. A


melodia abaixo provém da trilha sonora do jogo Frogger, original para o console
Atari 2600:

A articulação indicada nas semínimas é chamada de non legato, ou seja: ao


contrário das notas sob a ligadura de frase, você não precisa “ligar” o som entre
as notas que trazem essa indicação. Ao mesmo tempo, o toque não é tão curto
quanto no staccato – representado através de um ponto acima ou abaixo da

Instrumento Básico Piano 25


cabeça da nota. Isso facilita o ataque no caso de notas repetidas, como
ocorre no segundo compasso. Experimente esse tipo de ataque durante o
estudo da peça.
Outra questão aqui: essa peça não traz nenhuma indicação de dedilhado.
Portanto, cabe a você decidir qual o melhor dedo para tocar a tecla correspondente
à primeira nota, com base nas notas que aparecerão ao longo da peça. Faça
essa análise, anotando o dedilhado correspondente à sua decisão.

ATIVIDADE 18

A seguir, temos uma melodia muito conhecida de Luiz Gonzaga, Asa Branca:

A indicação que aparece em algumas das mínimas da peça ( _ ) se chama


tenuto, e significa que temos de sustentar o som da nota durante toda sua
duração – semelhante, portanto, ao legato. As notas que não possuírem
nenhuma indicação de ataque, como no caso das semínimas, não precisam
ter som legato.
Note, ainda, que o primeiro compasso possui somente um tempo: esse é o caso
em que a ideia musical começa em um tempo fraco, e não no primeiro tempo.
Essa é a anacruse.

Instrumento Básico Piano 26


ATIVIDADE 19

A peça adiante é baseada em um tema tradicional brasileiro chamado De Marré:

Note que esse arranjo se baseia em um pentacorde que faz uso de uma tecla
preta, baseado na escala de Ré maior. Sendo assim, posicione sua mão com
o dedo médio (3) sobre a referida tecla preta – o Fá ♯. Observe, ainda, o uso
do staccato ( . ) em determinadas notas. Procure fazê-lo bem “seco”, ou seja:
desligue o som entre cada ataque com bastante evidência.

ATIVIDADE 20

Adiante, temos uma variação sobre Samba Lelê, outra melodia de origem
tradicional:

Instrumento Básico Piano 27


Mais uma vez, procure a melhor posição para sua mão tocar esse pentacorde.
Não se esqueça de tocar a peça com ambas as mãos, fazendo uma de cada vez
e depois tocando-a com as duas mãos, em oitavas.

ATIVIDADE 21

A seguir, uma melodia da tradição popular brasileira, Bão ba la lão:

ATIVIDADE 22

Em seguida temos uma versão de Jingle Bells, um conhecido tema natalino de


autoria do norte-americano James Lord Pierpont (1822-1893):

Instrumento Básico Piano 28


ATIVIDADE 23

Segue adiante outra variação sobre um conhecido tema tradicional brasileiro,


Sapo Cururu. Antes de começar, observe a armadura e encontre a posição do
pentacorde utilizado no teclado do seu instrumento:

ATIVIDADE 24

Agora, temos a canção tradicional brasileira Pastorzinho, também conhecida


como “Dó-Ré-Mi-Fá”:

Instrumento Básico Piano 29


3.2 Atividades de criação

Para acompanhar nossa improvisação, iremos utilizar uma figuração melódica


de acompanhamento conhecida como Baixo de Alberti. Ele é muito utilizado
no repertório clássico, encontrado especialmente nas peças para instrumentos
de teclado de Carl Phillip Emmanuel Bach (1714-1788), Joseph Haydn (1732-
1809) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). A seguir, temos um exemplo
da figuração do Baixo de Alberti para o acorde de Dó maior, na mão esquerda:

Os dedilhados entre parêntesis indicam um reforço do dedilhado lógico: o dedo


um já estaria sobre a tecla correspondente à nota Sol, caso a mão fosse sido
posicionada corretamente na nota anterior.
Essa atividade consiste em utilizar o Baixo de Alberti como acompanhamento na
improvisação de melodias em um pentacorde. Sendo assim, antes de começar,
estude o Baixo de Alberti com a mão esquerda, começando mais devagar. Aqui,
recomendamos que você utilize um leve giro do pulso para tocar as notas,
ao invés de utilizar somente os dedos. Isso ajuda a realizar o Baixo de Alberti
porque ele possui um movimento cíclico, esboçado a seguir:

Instrumento Básico Piano 30


A seguir, uma ilustração de como realizar o giro do pulso ao tocar as teclas das
extremidades grave e aguda, respectivamente (Figura 4):

Figura 4 – Ilustração do movimento de giro de pulso

Fonte: Acervo do Autor

Agora, experimente estudar somente a mão esquerda, realizando o Baixo de


Alberti no pentacorde de sua escolha, observando e, principalmente, sentindo
esse leve giro de pulso, sem contrair desnecessariamente os dedos, o antebraço,
o braço e o ombro.

ATIVIDADE 25

Depois de ter estudado detalhadamente o Baixo de Alberti, posicione sua mão


direita na posição do pentacorde equivalente acima – caso você tenha escolhido
fazer o Baixo de Alberti em Sol maior, por exemplo, posicione sua mão direita
de forma a também começar no pentacorde de Sol em alguma das oitavas
acima, com o polegar (dedo 1) na tecla Sol. Em seguida, comece a tocar o
Baixo de Alberti com a mão esquerda, procurando improvisar melodias na mão
direita. Tente analisar que combinações de notas – harmonia – funcionam
bem, procurando memorizar aquelas que você achar interessante. Em seguida,
escreva ou grave os temas ou melodias que você achou interessante, para fins
de registro.

Instrumento Básico Piano 31


3.3 Atividades de apreciação

É interessante realizarmos ditados com pentacorde antes de trabalhar com


toda a escala, pois haverá cinco possibilidades de alturas. Trata-se, portanto,
de um interessante recurso pedagógico. Além disso, é possível trabalhar com
alturas relativas, ou seja: ao invés de utilizar as alturas absolutas das notas
musicais, podemos simplesmente trabalhar com I – II – III – IV – V, cada numeral
corresponderá a uma altura no pentacorde.

ATIVIDADE 26

Sendo assim, transcreva a Faixa de áudio 5 abaixo, utilizando alturas relativas –


para isso, não é necessário utilizar claves; basta utilizar um espaço ou linha para
iniciar o ditado. No entanto, transcreva fielmente a estrutura rítmica, identificando
uma métrica – binária (2 tempos), ternária (3 tempos) ou quaternária (4 tempos):

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Resumo

Esta Unidade contemplou estudos práticos em instrumentos de teclado que


fazem uso de repertório elaborado e adaptado para pentacordes. Houve um
direcionamento mais aprofundado sobre técnica e corporalidade na interpretação
desses instrumentos.

Referências

CERQUEIRA, D. L. Princípios Educacionais do Piano. São Luís: Edição do


autor, 2012.

Instrumento Básico Piano 33


UNIDADE

MELODIAS E
4 ACOMPANHAMENTO

OBJETIVOS

Contemplar o estudo prático de melodias em instrumentos de teclado;

Abordar estratégias de acompanhamento musical nesses instrumentos.


=

A
qui, estudaremos a realização de melodias nos instrumentos de teclado.
Um tipo de habilidade técnica é fundamental: a passagem de polegar.
É por meio dela que somos capazes de manter o legato necessário à
condução do som nas melodias, mudando a posição das mãos sem interromper
o fluxo musical e o controle da sonoridade. Um dos principais objetivos do estudo
de escalas nos instrumentos de teclado – se não o principal – é justamente
aprimorar a passagem do polegar, buscando o movimento mais discreto possível
para manter a igualdade do som resultante.

Temos três tipos de movimentos principais que envolvem o


polegar:
1) O giro do polegar por baixo da mão;
2) O giro da mão sobre o polegar;
3) A abertura do polegar, para atingir teclas mais distantes.

É fundamental anotar as indicações de dedilhado, pois a partir delas teremos


sucesso na realização das melodias. Você irá notar, ainda, que o dedilhado irá
ficar muito diferente de uma mão para outra.

Instrumento Básico Piano 34


4.1 Melodias: atividades de interpretação

ATIVIDADE 27

Vamos então ao nosso primeiro exemplo prático, baseado na conhecida cantiga


Marcha Soldado, para ser interpretada com a mão direita. Ao tocar, procure ligar
o som das notas que estiverem sob uma mesma ligadura de fraseado:

Perceba que a indicação do polegar (dedo 1) no Ré do compasso 2 – o primeiro


não é contado por ser uma anacruse – foi feita no intuito de você poder alcançar
o Lá que virá no compasso posterior. A indicação do dedo anular entre parêntesis
– (4) – é para reforçar que ele já estaria sobre a tecla da nota Sol, caso você
tivesse seguido a indicação anterior.
No final dessa pequena melodia, você também deve ter percebido que “não
há dedos suficientes” para fazer o movimento descendente de Lá a Dó. Sendo
assim, é necessário utilizar o indicador (dedo 2) para tocar o último Dó, girando-o
por cima do polegar.

ATIVIDADE 28

Tente agora tocar essa melodia com a mão esquerda. Busque um dedilhado
mais apropriado para realizá-la, anotando-o na partitura:

Instrumento Básico Piano 35


E então, qual foi a principal dificuldade que você teve ao tocar esse trecho com
a mão esquerda? Chegou a encontrar uma solução de dedilhados? Gostaria de
compará-la com as nossas sugestões?
Apresentamos agora nossa proposta de dedilhado para a mão esquerda:

Recomendamos apenas o giro da mão sobre o polegar no penúltimo compasso,


para atacar a tecla correspondente à nota Lá. Não é preciso nem tirar o polegar
do lugar, bastando girar o dedo indicador (e a mão) por cima do mesmo.

Em seguida, apresentaremos uma série de melodias para aprofundarmos a


prática e também ampliar seu conhecimento de repertório. Iremos anotar as
sugestões de dedilhado para a mão direita na parte superior do sistema, e os
dedilhados para a mão esquerda na parte inferior.

ATIVIDADE 29

Para começar, uma adaptação de uma canção da tradição popular brasileira,


Senhora Dona Sancha:

Instrumento Básico Piano 36


ATIVIDADE 30

A melodia em seguida, também de origem popular, se chama Quantos dias tem


o mês?

ATIVIDADE 31

A seguir, temos Capelinha de Melão, outro tema tradicional brasileiro. Observe a


indicação ‘2↑’ no penúltimo compasso; ela significa que você deve tocar a tecla
com o dedo 2 girando a mão sobre o polegar, mas sem tirá-lo da posição original
– tanto que a indicação seguinte ‘(1)’ reforça que o polegar estaria sobre essa
tecla caso a sugestão de dedilhado tenha sido observada:

Instrumento Básico Piano 37


ATIVIDADE 32

Na atividade seguinte, temos outra melodia tradicional brasileira, Ainda


não comprei. Aqui, você poderá praticar bastante os conceitos de dedilhado
apresentados na peça anterior. Observe também que algumas indicações são
omitidas quando partes da música se repetem. Isso é bastante comum, pois
entendemos que o intérprete/pianista já associou o dedilhado às estruturas
musicais. Faremos isso a partir de agora:

ATIVIDADE 33

Agora temos uma melodia da tradição japonesa: Sakura, bastante conhecida em


outros países e bem característica dos modos utilizados na música tradicional
do Japão. Observe no compasso 7 a indicação ‘2/3’ – ela significa que você
pode escolher tanto o dedo 2 quanto o 3 para tocar a passagem.

Instrumento Básico Piano 38


Já a indicação ‘rall.’ significa rallentando, ou seja, reduzir o andamento/tempo da
música. Trata-se, portanto, de uma indicação de agógica.

Agógica é o termo utilizado para se referir às variações no


andamento ou tempo durante a interpretação de uma peça. As
indicações mais comuns, feitas em italiano, são accelerando
(accel.), ritardando (rit.) ou rallentando (rall.) e a tempo – esta
última para indicar um retorno ao andamento anterior.

ATIVIDADE 34

Em seguida, temos uma adaptação de Zo-san, outra canção tradicional do Japão


– cujo título significa “Elefante”:

ATIVIDADE 35

A seguir, temos Arirang, um tema tradicional da península coreana:

Instrumento Básico Piano 39


ATIVIDADE 36

Agora, uma adaptação de Ai Hai Yo, canção tradicional da China:

ATIVIDADE 37

Mudando a região, temos um tema tradicional do Egito muito conhecido, chamado


As Ruas de Cairo:

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ATIVIDADE 38

Temos agora uma peça com traços da música tradicional da Romênia, criada
pelo compositor húngaro Béla Bártok (1881-1945) em 1915. Ela faz parte do
ciclo “Danças Folclóricas Romenas” e se chama Dança do Camponês – “Brâul”
no título original:

ATIVIDADE 39

Posteriormente, temos Ah Ya Zain, uma canção tradicional do Oriente Médio:

Instrumento Básico Piano 41


ATIVIDADE 40

Na Inglaterra, há uma conhecida canção tradicional chamada Greensleeves:

ATIVIDADE 41

Voltando às canções brasileiras, não poderia faltar a conhecida Escravos de Jó.


Aqui, será necessário utilizar a abertura do polegar para alcançar teclas mais
distantes:

Instrumento Básico Piano 42


Agora que já experimentamos e vivenciamos diversas possibilidades práticas de
dedilhado, é possível passar para a próxima etapa.

4.2 Melodias: atividades de criação

ATIVIDADE 42

Adiante, temos algumas melodias. Toque-as no instrumento, criando soluções


de dedilhado para ambas as mãos. Em seguida, anote-as na partitura da mesma
maneira que fizemos com as peças apresentadas anteriormente:

Cai cai, balão

Terezinha de Jesus

Instrumento Básico Piano 43


Ciranda, cirandinha

O cravo brigou com a rosa

O bom barqueiro

Dorme, neném

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Pirulito que bate bate

Se esta rua fosse minha

Clementina

Frère Jacques

Instrumento Básico Piano 45


Depois de praticarmos diversas melodias em ambas as mãos, podemos trabalhar
a característica mais evidente dos instrumentos de teclado: o acompanhamento.
Aqui, iremos focar no uso de acordes na mão esquerda, primeiramente focando
na ferramenta de acompanhamento digital disponível nos teclados eletrônicos.
Destacamos que o acompanhamento é o principal objetivo para a utilização de
instrumentos de teclado como ferramenta auxiliar em cursos voltados à formação
de professores da Educação Básica.
Começaremos fazendo uso de uma abordagem intuitiva e interessante, utilizada
por Mário Mascarenhas em seu método É fácil tocar por cifras! (1989). Mas
antes disso, é fundamental que você conheça a maneira mais adequada de
tocar acordes, buscando um uso mais eficiente do seu corpo.
De maneira mais geral, acordes são grupos de notas atacadas simultaneamente.
Nos sistemas modal e tonal – mais recorrentes nas práticas musicais de nossa
sociedade – eles são uma sobreposição de terças.
A maneira mais adequada de tocar acordes nos instrumentos de teclado é utilizar
o próprio peso gerado pelo antebraço relaxado, deixando a mão na posição
“natural” – sem ativar os dedos e o pulso para que a mesma fique em forma de
“concha”. A ilustração, a seguir, tenta mostrar essa maneira de atacar acordes
(Figura 5):

Figura 5 – Ilustração do movimento que utiliza o peso do braço

Fonte: Acervo do Autor

Ao atacar o acorde, sinta que seus dedos e sua mão servem apenas para
conduzir o próprio peso do braço. Esse tipo de movimento é conhecido como
técnica peso.

Instrumento Básico Piano 46


4.3 Acompanhamento: atividades de interpretação

ATIVIDADE 43

Agora, vamos à prática. Toque a sequência de acordes abaixo com a mão esquerda.
Iremos escrevê-la de duas maneiras: através da partitura tradicional e das cifras,
oferecendo sugestões adequadas de dedilhados. Ao tocar os acordes, direcione
sua atenção para seu corpo, procurando sentir o braço desativado e direcionando
seu peso para os dedos e a mão. Procure contar os tempos mentalmente:

Perceba nesse estudo que existe mais de uma combinação possível de dedilhado
para um mesmo acorde, que varia em função do contexto anterior ou posterior.
Há, ainda, a possibilidade de atacar duas teclas com o polegar, conforme o
exemplo do compasso 3. Veja uma ilustração dessa técnica, utilizando o mesmo
acorde do compasso 3 (Figura 6):

Figura 6 – Ataque de um acorde com o polegar em duas teclas ao mesmo tempo

Fonte: Acervo do Autor

Instrumento Básico Piano 47


Agora, apresentaremos uma série de pequenos estudos para você praticar
com o acompanhamento automático de seu teclado eletrônico – caso
seja esse o instrumento de sua escolha. Se seu instrumento não possuir
esse recurso, recomendamos estudar livros didáticos voltados à criação
de acompanhamentos para piano popular, como Piano e Teclado Fácil de
Antônio Adolfo (2015) e/ou Rítmica e Levadas Brasileiras para Piano de Turi
Collura (2009).
Há quatro questões que você deve observar antes de iniciar esse estudo:
1) É necessário utilizar a função FINGERED (dedilhado) em seu teclado
eletrônico, ou seja: aquela que permite gerar acompanhamentos automáticos
por meio de acordes completos. A outra função é SINGLE FINGER, na qual
o acorde do acompanhamento é gerado apenas por meio de uma ou duas
teclas;
2) O que nós chamamos de “compasso” será equivalente a uma repetição
do “ritmo” – STYLE ou ACCOMPANIMENT – ou seja: gênero musical que
você escolheu para fazer o estudo. Em uma valsa, por exemplo, temos três
pulsações para cada repetição da estrutura musical do acompanhamento.
Você deverá reconhecer essas repetições auditivamente, considerando
como um compasso cada repetição do acompanhamento escolhido;
3) Todo gênero musical terá seu próprio tempo ou andamento – no teclado
eletrônico, pode ser indicado como SPEED, TEMPO ou BPM (abreviatura de
batidas por minuto). Nesse momento, você não precisará se preocupar com
esse recurso, a não ser que o acompanhamento esteja muito lento ou rápido
demais. Se for o caso, configure-o para um andamento mais interessante
para você;
4) Não se esqueça de prestar atenção no seu corpo! Durante os exercícios,
procure também sentir se seus braços estão desativados e a mão em posição
confortável. Um de nossos objetivos é desenvolver uma técnica saudável
no instrumento, permitindo a pratica por horas sem adquirir vícios motores,
ou sentir dores e dormência no corpo – se isso acontecer, interrompa
imediatamente o estudo!

Instrumento Básico Piano 48


ATIVIDADE 44

O primeiro estudo, apresentado a seguir, contempla um encadeamento de acordes


muito recorrente na música popular comercial da atualidade. Pratique-o, fazendo
uso de vários “ritmos” (gêneros musicais) escolhidos no teclado eletrônico.
Experimente, por exemplo, tocar esses acordes com acompanhamento de funk,
pop rock, country, samba e bossa nova. Se for necessário, conte alguns tempos
antes de começar cada estudo:

Você não precisa ficar “segurando” (sustentando) o acorde


durante todo o compasso; basta tocar ele apenas uma vez no
tempo desejado, soltando-o logo depois. Isso irá reduzir muito a
energia gasta para tocá-los, e irá gerar uma melhora sensível em
sua técnica.

Instrumento Básico Piano 49


ATIVIDADE 45

Vamos a outro encadeamento. Faça como no estudo anterior, praticando-o com


gêneros variados no acompanhamento:

No penúltimo compasso do estudo anterior, temos um acorde de Si maior com


sétima (menor – nesse intervalo, a indicação é omitida; só se indica alteração se
for outro tipo de sétima). Nos acordes de sétima, é costume não tocar a quinta
do acorde – nesse caso, a nota Fá ♯.

ATIVIDADE 46

A seguir, um encadeamento muito conhecido do blues – considerado um clichê


devido a seu uso recorrente. Experimente fazer esse encadeamento também com
gêneros de acompanhamento ligados ao blues, como rock e jazz, por exemplo:

Instrumento Básico Piano 50


Na repetição, indicada pelo ritornelo, o estudo deve ser finalizado após o primeiro
compasso, onde está a palavra “Fim”. Fique atento a essa indicação!

ATIVIDADE 47

A sequência de acordes adiante é baseada em Superman, um conhecido reggae


de Tarrus Riley. Experimente tocá-la utilizando um tipo de acompanhamento
nesse gênero. Dessa vez, vamos omitir o teclado e os dedilhados, caso a
sugestão já tenha aparecido, exigindo que você memorize a posição das mãos
para cada acorde:

Instrumento Básico Piano 51


ATIVIDADE 48

O encadeamento posterior é baseado na toada Se Não Existisse o Sol, criada


por Francisco de Sousa Correa, o Chagas, na época cantador do Bumba-meu-
Boi da Maioba. Como provavelmente seu teclado eletrônico não disporá de
um acompanhamento semelhante ao sotaque da Ilha, experimente fazer essa
cadência em outros gêneros como, por exemplo, o reggae:

Instrumento Básico Piano 52


No compasso 8 (segundo sistema), temos dois acordes; trata-se de uma
mudança no ritmo harmônico, a exemplo do que acontece nos compassos
4 e 5, em que um mesmo acorde é mantido por dois compassos. No último
sistema, o ritornelo no início do compasso 13 indica onde o retorno deve ser
feito após chegar ao compasso 16. Fique atento também à indicação “Fim”,
após a repetição!

ATIVIDADE 49

O próximo estudo consiste em uma melodia na mão direita com acordes na


mão esquerda, fazendo uso do acompanhamento eletrônico. Para tornar esse
trabalho mais acessível nesse momento, indicamos uma melodia baseada no
pentacorde, ou seja: você não irá precisar deslocar a mão direita, podendo
direcionar a atenção para a sincronia entre as mãos, o acompanhamento
rítmico e o resultado sonoro, entre outros aspectos. Além disso, você já
deve ter estudado essa melodia aqui. Para tocá-la, escolha um gênero
de acompanhamento com métrica binária ou quaternária, ou seja: aquele
que permita sentir duas ou quatro pulsações/tempos por compasso. Se
necessário, diminua o tempo ou andamento para facilitar sua aprendizagem.
Segue o estudo:

Instrumento Básico Piano 53


ATIVIDADE 50

Em seguida, temos uma adaptação de Bão-Ba-la-lão, uma parlenda tradicional


brasileira. Escolha um ou mais gêneros com métrica binária para acompanhá-la:

ATIVIDADE 51

Agora, temos outro tema tradicional brasileiro: Tutu Marambá. Para acompanhá-
lo, procure um gênero com métrica binária ou quaternária:

Instrumento Básico Piano 54


Por acaso você está tendo dificuldades para coordenar as duas
mãos ao mesmo tempo? Estude com as mãos separadas! Pra-
tique primeiro apenas a parte de uma mão até conseguir desen-
volver um bom controle. Depois, estude com a outra mão. No
final, tente juntar as duas. Essa é uma estratégia de estudo muito
eficiente nos instrumentos de teclado.

ATIVIDADE 52

Agora, um desafio: você é capaz de tocar uma variação de Asa Branca com o acom-
panhamento eletrônico? Vamos tentar? Primeiramente, pesquise em seu teclado ele-
trônico algum gênero de acompanhamento parecido com baião para utilizar:

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No penúltimo sistema, as linhas de repetição acima (1. e 2.) indicam que, na
repetição, você deve pular o compasso marcado com “1” e ir direto para o “2”.
Finalizamos aqui nosso e-Book. Caso você deseje dar continuidade ao estudo de
melodias acompanhadas como o apresentado aqui, recomendamos estudar É
fácil tocar por cifras! de Mário Mascarenhas (1989), Método prático para Teclado
volumes 1 e 2 de Jair do Vale (s.d.), e Piano e Teclado Fácil de Antônio Adolfo
(2015). Esperamos que sua experiência tenha sido proveitosa e, acima de tudo,
musicalmente enriquecedora. Sucesso!

Resumo

Nesta Unidade, foram trabalhados diversos estudos práticos nos instrumentos


de teclado, contemplando melodias e a elaboração de acompanhamentos.
Foram indicados referenciais didáticos para prosseguimento e aprofundamento
na prática desses instrumentos.

Referências

ADOLFO, A. Piano e Teclado Fácil. São Paulo: Irmãos Vitale, 2015.


COLLURA, T. Rítmica e Levadas Brasileiras para Piano. Vitória: Edição do
autor, 2009.
MASCARENHAS, M. É fácil tocar por cifras! Método prático de piano popular.
São Paulo: Irmãos Vitale, 1989.
VALE, J. Método Prático para Teclado. 2. v. Belo Horizonte: Edição do autor, s.d.

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