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Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Centro de origem do caquizeiro


 Ásia – China: Diospyros kaki
Cultura do Caquizeiro América do Norte – EUA: Diospyros virginiana

Prof. Marcel Bellato Spósito

O caqui
A cultura do caquizeiro
Diospyrus – Fruto dos deuses (Linnaeus, 1754 – Genera Plantarum)
 Caqui – amarelo-escuro, ocre - khàki (hindu): cor de polvo Alternativa na diversificação de propriedades frutícolas
 Persimmon - na língua algonquiana, do sudeste americano – “fruta seca”  fruto de bastante aceitação
 planta rústica, vigorosa e produtiva

Caquizeiro no Brasil O caquizeiro no Brasil


 Japão  Brasil (1890)  Imigração Japonesa
 a expansão da cultura a partir de 1920, após
a chegada de fruticultores japoneses (1908)

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Produção mundial de caqui Importância da cultura no Brasil
 Por país (2010)

17o

Fonte: FAO (2012) Fontes: FNP e IBGE

Importância da cultura no Brasil Importância da cultura em São Paulo

Classificação botânica
Aspectos botânicos
 Descrição

 Ordem Ericales

O caquizeiro  Família Ebanaceae

 Gênero mais importante – Diospyros (~20 espécies)

Diospyros kaki (caqui comum)

Diospyros virginiana (caqui americano)

Diospyros lotus (porta-enxerto)

Diospyros ebenum (ébano: silvicultura)

Diospyros inconstans (marmelinho: arborização)

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Descrição da planta Descrição das folhas
 Planta
 Folhas

• Perene, arbórea – até 12 m


• coloração verde brilhante

• caducifólia
• alternadas

• Variáveis em forma (condução) • pecíolos curtos

• ramificada • gemas nas axilas das folhas

Descrição da flor
 Flor

• branco-creme, nas axilas das folhas

• masculinas (em cachos – 3 a 5 flores)

• femininas (solitárias)

• hermafroditas (raras)

• variedades comerciais: apenas flores femininas

• plantas dióicas e monóicas Flores masculinas

Polinização

• anemófila e entomófila

Flores femininas

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Polinização Polinização
A polinização é dispensável para a maioria das variedades - partenocarpia Em pomares já formados: sobre-enxertia
Variedades polinizadoras (ex. IAC-5 e Zendimaro) – reduz queda fisiológica
Variedade polinizadora
adianta maturação dos frutos.

Variedade comercial

masculina

comercial

Fixação dos Frutos Fixação dos Frutos

Níveis endógenos altos de giberelinas nas


sementes.

Fonte: Docema (2016)

Frutificação Frutificação

• Em ramos do ano
• Tendência a produzir frutos partenocárpicos

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Frutificação Descrição do fruto
 Frutos
• baga globosa, ovóide, achatada
• casca amarela e vermelha
• polpa viscosa ou crocante cor vermelho-alaranjada
• fruto verde: rico em tanino
• maduro – rico em açúcares (13-19oBrix)
• sementes (quando presentes) achatadas de cor castanha
• climatérico

Produção
Planta adulta produz cerca de 100 a 150 kg de fruta/árvore

Alternância de produção

Alternância de produção Fenologia do caquizeiro

0 28 56 84 112 140 168 196 224 252 280 308 336

Giombo (- -), Fuyu (__), Taubaté (…… ) e


Rama Forte ( ̶̶̶̶̶̶ ̶̶̶̶̶̶ ),

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Fenologia do caquizeiro Fenologia do caquizeiro

fim do alongamento e mudança de cor da corola antese (30 dias)


gema dormente gema intumescida ponta-verde abertura do cálice do botão

aparecimento dos
botões florais nos
alongamento do ramo e ramos mistos
expansão foliar (0 dia) seca e queda da corola fruto verde

Fenologia do caquizeiro
Grupos de caqui
Não apresentam mudanças na Apresentam polpa escura quando
coloração da polpa em função da polinizados e clara quando não
polinização - PC polinizados - PV

Fruto de vez fruto maduro


Adstringente Não Adstringente Não adstringente
(PCA) adstringente (sem semente) (com semente)
polpa clara (PCNA) polpa clara polpa escura
dura/macia Polpa clara e macia
dura

Taninoso Variável
Não taninoso
Shibugaki ou doce
senescência foliar - despigmentação das Amagaki
planta desfolhada
folhas (180 dias)

Adstringência Adstringência

- Caqui taninoso e variável (sem sementes): polpa adstringente - Altos teores de taninos solúveis
- PCA 5% três semanas após antese
- Adstringência: - taninos, polifenóis solúveis em água 2% na colheita
- polimeriza proteínas e glicoproteínas do muco da boca - < 0,1% considerados não adstringentes
(amilase) o que diminui a sua ação lubrificante - Cultivares adstringentes acumulam baixos níveis de etanol e
- sensação de adstringência (‘língua travada’) acetaldeído na polpa durante o crescimento (produzidos nas
sementes)
- Perda da adstringência natural ou induzida; polimerização dos taninos,
que se tornam insolúveis. - Polpa variável :

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Grupos de caqui Taninoso (PCA) - Taubaté
Taninoso (Shibugaki) (PCA)
 variedades de polpa adstringente
 com ou sem sementes
 polpa amarelada
 ex: Taubaté, Pomelo

Taubaté Taninoso (PCA) - Pomelo


Taninoso (Shibugaki)

- Plantas vigorosas
- Bastante produtivas
- Frutos grandes (180 g), globosos e boa aparência
- Precisa escoramento de ramos – quebra galho próximo à maturação
- Frutos após destanizar - tendência ao rachamento e ao amolecimento
rápido
- Podem ser utilizados na produção de passas

Pomelo (IAC 6-22) Grupos de caqui


Taninoso (Shibugaki)  Não tatinoso (Amagaki)
 variedades sempre sem adstringência
- Maturação mais precoce  polpa amarela e doce
- Plantas vigorosas  ex: Fuyu, Jirô e Fuyhana
- Bastante produtivas apesar de ter grande quantidade de flores masculinas
(planta monóica)
- Não serve como variedade polinizadora (época de florescimento)
- Frutos grandes (160 g) e globosos, sabor agradável
- Apresenta muitas sementes

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Não taninoso (Doce ou Amagaki) (PCNA) - Fuyu Fuyu
Não tatinoso (Amagaki)

- A variedade doce mais plantada


- Mais requisitada para exportação
- Plantas de porte médio
- Boa produção
- Frutos grandes, globosos-achatados (240 g)
- Polpa crocante
- Excelente qualidade
- Boa conservação pós-colheita

Tipo não taninoso - Fuyu Tipo não taninoso - Fuyu

Fuyuhana Grupos de caqui


 Variável
Não tatinoso (Amagaki)  polpa adstringente - quando sem sementes
 polpa sem adstringência - quando com sementes
- Plantas bastante produtivas  < adstringência = > n. de sementes – sementes liberam fenóis que
insolubilizam o tanino – caqui chocolate
- Vigorosas – adaptadas para a região sul de Minas Gerais e São Paulo  ex: Rama Forte, Giombo.

- Frutos tamanho médio (130 g), globoso

- Firme de sabor agradável

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Rama Forte Tipo variável – Rama Forte
 Variável

- Muito usada na região sudeste


- Planta vigorosa
- Bastante produtiva
- Frutos tamanho médio (130 g), achatado
- Polpa mole, taninoso, sabor agradável
- Bem consistente mesmo após processo de destanização

Tipo variável – Rama Forte Giombo


 Variável

- Conhecido popularmente como caqui chocolate


- Planta bastante vigorosa
- Muito produtiva
- Maturação tardia
- Raleio para produção de frutos maiores
- Frutos médios (140 g), formato oval
- Polpa crocante
- Firme mesmo depois de destanizados
- Usado para caqui em passas

Tipo variável – Giombo Tipo variável – Giombo

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Tipo variável – Giombo (caqui chocolate) Tipo variável – Giombo (caqui chocolate)

Tipo variável – caqui chocolate Taninos solúveis em caqui PCNA e PCA


Não taninoso (Jirô) Taninoso (Hiratanenashi)

Ciclo entre a Poda e a Colheita Colheita

 Coloração da casca:

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Condições ambientais Condições ambientais

Temperatura Ventos
 Fortes na maturação - prejudica produção
• Planta com ampla capacidade de adaptação  sistema radicular superficial
 uso de quebra-ventos (eucalipto, grevílea, bananeira, Napier, etc.)
• horas abaixo de 7,2 oC

• Variedades pouco exigentes em frio: Taubaté, Rama Forte, Giombo (200 h)


Precipitação
 Indesejável no período de florescimento: redução da produção
• Variedades mais exigentes: Fuyu e Jirô (600 h)
 desenvolve bem com 1.000-1.500 mm anuais
 Irrigação em áreas livres de geadas: antecipação da brotação
• Cultivo possível em zonas tropicais (altitude elevada, temperatura média 20oC)

Porta-enxertos Porta-enxertos
Diospyrus kaki (caqui comum) Diospyros virginiana

 sementes das próprias variedades locais (ex: Giombo)


 sistema radicular pivotante, poucas raízes 2as
 melhor adaptação em terrenos profundos e drenados

Diospyrus virginiana (caqui americano)


 sementes
 sistema radicular superficial
 melhor adaptação em solos rasos e úmidos

Porta-enxertos Propagação
Diospyros kaki
 Porta-enxertos
 por sementes de frutos maduros

 Enxertia
 porta-enxerto: 1-2 anos
 garfagem fenda cheia (julho-agosto)
 borbulhia por placa (primavera)
 25 cm acima do solo
 condução em haste única
 plantio no local definitivo – inverno do ano seguinte

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Produção de mudas Semeadura em tubetes
 Semeadura - Agosto

• Sementes:
- obtidas de frutos maduros;
- extração imediata, lavadas e deixadas secar à sombra
• Plantio:
- imediato ou conservação em geladeira (6ºC; tratamento com fungicidas)
• Semeadura:
- canteiros, sacos plásticos (20 x 30 cm, paredes escuras e espessas) ou
tubetes;
- germinação a partir de 30 dias;
• Canteiros:
- bem preparados, com bastante M.O. e bem drenados; espaçamento 20 x 2
cm

Transplante dos tubetes e canteiros


Sacos plásticos:
- cuidados sistema radicular
- redução da área foliar
- Mudas com 8-12 cm

Porta-enxertos prontos para a enxertia Propagação

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Propagação

Formação do caquizal Formação do caquizal


Espaçamentos Época de plantio

• Maioria das cultivares: 7 x 6 m até 7 x 5 m • adubação 30-40 dias antes do plantio


• covas de 60 x 60 x 60 cm
• Fuyu: 6 x 5 m, 6 x 4 m até 5 x 5 m. • plantio em agosto (raiz nua)
• qualquer época do ano (torrão)
• água até o desenvolvimento da muda
• região de enxertia acima no nível do solo

Formação do caquizal Formação do caquizal


Poda de formação

• muda de haste única: desenvolver 3-4 pernadas, 50-70 cm


• constituição do esqueleto básico da planta: uso de esticadores
• pernadas: encurtadas no inverno seguinte
• próximos anos: encurtamento e desbaste de ramos

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Adubação Tratos culturais
 Adubação de formação – aplicar anualmente de acordo com análise de solo e
idade da planta  Poda de plantas adultas

 frutificação: ramos do ano (brotação gemas terminais)

 poda: desbaste de ramos supérfulos, mal situados, doentes e secos

Fonte: Boletim Técnico 100, 1997

Tratos culturais Tratos culturais


Poda de plantas adultas Poda de plantas adultas

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Raleio Raleio

Tratos culturais

 Raleio

• Manter os frutos formados na base do ramo.

• efetuado em plantas bem carregadas que não tiveram queda


natural

• proporciona aumento de peso dos caquis remanescentes

• quebra do hábito de alternância de produção

Adubação Tratos culturais


 Adubação de produção – aplicar anualmente 2 t/ha de esterco de galinha ou
10 t/ha de esterco de curral bem curtido e nutrientes de acordo com a  Controle de Plantas Daninhas
análise de solo e produtividade esperada
 NPK – parcelar em 4 vezes • Capinas e uso de roçadeiras
• Uso de herbicidas: glifosato ou mistura de paraquat e diuron quando o
mato está alto
• Cobertura morta: capim seco ou qualquer outro material orgânico
• Nos pomares em produção, recomenda-se o plantio de leguminosas
perenes, como o amendoim forrageiro (Arachis pintoi)

Fonte: Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Instituto Agronômico, Boletim Técnico 100, 1997

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Tratos culturais Tratos culturais
 Quebra de dormência
Perfilhamento

- Locais livres de geada: antecipação da brotação

- Cianamida hidrogenada H2CN2 : Dormex®; solução 2-4% + 1% óleo mineral;

- Em regiões frias: não é necessário adicionar óleo

- Época de aplicação: 20-45 dias antes da época normal da quebra da


dormência

Tratos culturais Tratos culturais

Escoramento dos ramos:

• Plantas adultas com grande produção: rompimento de galhos;


• Ramos mais abertos e carregados;
• Escoras de madeira com forquilha na cabeceira;
• Colocação do escoramento: frutos com tamanho pequeno.
POMAR SEM
APLICAÇÃO DE DORMEX

POMAR COM
APLICAÇÃO DE DORMEX

Tratos culturais Tratos culturais


Ensacamento de frutos
Escoramento dos ramos:

 frutos de melhor qualidade

 muito utilizada para Fuyu

RAMA FORTE - RAMO SEM


ESCORAMENTO

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Tratos culturais Mosca das Frutas
Tratamento fitossanitário . Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata
. Principal praga da cultura
. Larvas causam a deterioração dos frutos
• Cultura com poucos problemas fitossanitários; . Controle: uso de inseticidas

• Controle preventivo: evitar prejuízos à planta ou à

produção.

Lagarta dos frutos Tripes

. Hypocala andremona . Heliothrips haemorrhoidalis


. Inseto adulto: mariposa, com 45 mm . Inseto com pouco mais de 1 mm
envergadura . Folhas: prateamento face abaxial, secam e caem
. Lagarta: cinza-escuro com estrias, com 35 mm . Frutos: danos na casca, depreciação na comercialização
comprimento . Controle: a partir do florescimento com uso de inseticidas.
. Postura no cálice;
. lagartas se alimentam do cálice e do fruto,
que se torna imprestável para a
comercialização
. em casos esporádicos, atacam também as
folhas
. Controle: uso de inseticidas

Doença abiótica Cercosporiose ou mancha das folhas


. Cercospora kaki

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Cercosporiose ou mancha das folhas Antracnose
. Cercospora kaki . Colletotrichum gloeosporioides
. Principal doença que incide sobre as folhas . infecta folhas, ramos e frutos
. Lesões irregulares, de tamanho variável . Em folhas manchas concêntricas – queda prematura
. Queda prematura das folhas . Em frutos e ramos, lesões escuras e deprimidas no centro
. Tratamento com cúpricos. . Frutos sem valor comercial
. Controle com fungicidas cúpricos

Tratos culturais Grade de agroquímicos

Colheita Pico climatérico

Dussán-Sarria et al. (2008)

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Embalagem Embalagem
 caixas K, 26 kg
 Meia-caixa, 12 kg, 2 camadas de frutos
 Fuyu (variedade mais fina) - caixas menores, 4 kg

Embalagem Embalagem

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Destanização Destanização
Tipos de caqui
• taninoso e variável sem sementes
- polpa taninosa mesmo quando maduros

• Tratamento para eliminação da adstringência


 TRATAMENTO COM CO2

• câmara de maturação • Na atmosfera normal concentração de 0,037%, para destanizar concentrações


• 2,5 m x 2,5 m x 2,0 m (12,50 m3): 150 caixas tipo K superiores a 70-80%.
• Acetileno: uso de carbureto (Rama Forte) • O CO2 quando aplicado em altas concentrações nos tecidos do fruto, aumenta a
• Álcool: etanol nas caixas dentro da câmara (Giombo)
• Etileno: gás injetado na câmara em intervalos produção de acetaldeído, devido à ativação da via do malato.
• CO2 • Mundialmente é o processo mais utilizado para a remoção da adstringência de
caqui. No Brasil, é pouco utilizado.

Conservação Comercialização
 CONSUMO
 estádio “de vez”: relativamente prolongada . Fruta fresca e mercado interno
. Maiores mercados: São Paulo e Rio de Janeiro
 Giombo: 0oC, 90% UR: 6 semanas . Exportação

 Taubaté: 0oC, 90% UR: 9 semanas  COTAÇÕES


. Variedades tipos taninoso e variável: oscilações
. Variedades tipo não adstringente: preços mais estáveis

Valor do Kg de caqui na CEAGESP Industrialização


 CAQUI-PASSA
. Variedades Taubaté e Giombo.
. Frutos ‘de vez’, colhidos com pedúnculo.
Valor do Kg (R$)

. Pré-secagem: frutos descascados ao sol ou em luz infravermelho.


. Secagem: estufas ~ 48ºC
. secagem se completa em 5-6 dias.
. Eliminação dos pedúnculos, antes da embalagem.
. Rendimento: 100 kg de frutos = 20 kg de caqui-passa

Meses /2011

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Caqui-passa no Japão Industrialização

 VINAGRE
. Produto de alta qualidade
. Aproveitamento de descartes
. Rendimento: 100 kg de caquis = 60 litros de vinagre

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