Você está na página 1de 6

 

Escola Estadual "Ademar de Melo" Visto do Supervisor


Avaliação de Língua Portuguesa - 3º bimestre
Aluno(a):
  Nº: Turma: 3º
Professor: Nelson G. Dihlmann Data: ___/____/ 2019 Valor: 8 Prova C
Assinatura dos pais ou responsáveis: Nota: Pontos:
GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

QUESTÃO SUBJETIVA (ABERTA)


Escreva uma conclusão para o texto dissertativo:
Quem são os analfabetos no Brasil?
O analfabetismo não é só o desconhecimento do alfabeto e a incapacidade de ler e/ou
escrever. A compreensão desse estado vai além, destacam-se: o iletrismo, o analfabetismo funcional
e o analfabetismo tecnológico.
O iletrismo é um tipo de analfabetismo muito comum na sociedade. É a falta de
compreensão da leitura. Esse problema atinge todas as classes sociais. Lê-se, mas não há a
decodificação da mensagem. No Brasil, esse problema é muito comum por causa do
empobrecimento conjunto da população e dos sistemas educacionais.
Pode-se dizer que o analfabetismo funcional é um outro tipo de analfabetismo bem comum.
Constitui um problema silencioso e perverso que afeta as empresas. Não se trata de pessoas que
nunca foram à escola. Elas sabem ler, escrever e contar; chegam a ocupar cargos administrativos,
mas não conseguem compreender a palavra escrita. Mesmo tendo aprendido a decodificar a escrita,
geralmente frases curtas, não desenvolvem a habilidade de interpretação de textos. Esse tipo é
normalmente usado para ser um meio termo entre o analfabeto absoluto e o domínio pleno da
leitura e escrita.
Já o analfabetismo tecnológico é um dos tipos mais recentes. Há lugares no Brasil em que
88% da população não possuem internet. Resolver esse tipo de analfabetismo é mais complexo, pois
já basta o problema de milhões de pessoas não saberem ler nem escrever. Vários projetos
governamentais tentam diminuir esse índice, mas vários fatores não contribuem, como os preços
das redes de internet e/ou computador e muitos locais não possuírem acesso a energia piorou
internet (como a Amazônia, ou o Sertão Nordestino)
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
QUESTÕES OBJETIVAS ( DE MARCAR/ FECHADAS)
1) (Fatec-2002)
Texto I
Então Macunaíma pôs reparo numa criadinha com um vestido de linho amarelo pintado com
extrato de tatajuba. Ela já ia atravessando atravessando o corgo pelo pau. Depois dela passar o herói
gritou pra pinguela: - Viu alguma coisa, pau? - Via a graça dela! - Quá! quá! quá quaquá!... Macunaíma
deu uma grande gargalhada. Então seguiu atrás do par. Eles já tinham brincado e descansavam na beira da
lagoa. A moça estava sentada na borda duma igarité encalhada na praia. Toda nua inda do banho comia
tambiús vivos, se rindo pro rapaz. Ele deitara de bruços na água rente dos pés da moça e tirava os
lambarizinhos da lagoa pra ela comer. A crilada das ondas amontoava nas costas dele porém
escorregando no corpo nu molhado caía de novo na lagoa com risadinhas de pingos. A moça batia com os
pés n’água e era feito um repuxo roubado da Luna espirrando jeitoso, cegando o rapaz. Então ele enfiava
a cabeça na lagoa e trazia a boca cheia de água. A moça apertava com os pés as bochechas dele e recebia
o jato em cheio na barriga, assim. A brisa fiava a cabeleira da moça esticando de um em um os fios lisos
na cara dela. O moço pôs reparo nisso. Firmando o queixo no joelho da companheira ergueu o busto da
água, estirou o braço pro alto e principiou tirando os cabelos da cara da moça pra que ela pudesse comer
sossegada os tambiús. Então pra agradecer ela enfiou três lambarizinhos na boca dele e rindo muito fastou
o joelho depressa. O busto do rapaz não teve apoio mais e ele no sufragante focinhou n’água até o fundo,
a moça inda forçando o pescoço dele com os pés. Ele ia escorregando sem perceber de tanta graça que
achava na vida. Ia escorregando e afinal a canoa virou. Pois deixai ela virar! A moça levou um tombo
engraçado por cima do rapaz e ele enrolou-se nela talqualmente um apuizeiro carinhoso. Todos os
tambiús fugiram enquanto os dois brincavam n’água outra vez. (Mário de Andrade, Macunaíma. O herói
sem nenhum caráter)
Texto II
De outras e muitas grandezas vos poderíamos ilustrar, senhoras Amazonas, não fora persignar
demasiado esta epístola; todavia, com afirmar-vos que esta é, por sem dúvida, a mais bela cidade
terráquea, muito hemos feito em favor destes homens de prol. Mas cair-nos-iam as faces, si ocultáramos
no silêncio, uma curiosidade original deste povo. Ora sabereis que a sua riqueza de expressão intelectual é
tão prodigiosa, que falam numa língua e escrevem noutra. Assim chegado a estas plagas hospitalares, nos
demos ao trabalho de bem nos inteirarmos da etnologia da terra, e dentre muita surpresa e assombro que
se nos deparou, por certo não foi das menores tal originalidade lingüística. Nas conversas utilizam-se os
paulistanos dum linguajar bárbaro e multifário, crasso de feição e impuro na vernaculidade, mas que não
deixa de ter o seu sabor e força nas apóstrofes, e também nas vozes do brincar. Destas e daquelas nos
inteiramos, solícito; e nos será grata empresa vo-las ensinarmos aí chegado. Mas si de tal desprezível
língua se utilizam na conversação os naturais desta terra, logo que tomam da pena, se despojam de tanta
asperidade, e surge o Homem Latino, de Lineu, exprimindo-se numa outra linguagem, mui próxima da
vergiliana, no dizer dum panegirista, meigo idioma, que, com imperecível galhardia, se intitula: língua de
Camões! De tal originalidade e riqueza vos há-de ser grato ter ciência, e mais ainda vos espantareis com
saberdes, que à grande e quase total maioria, nem essas duas línguas bastam, senão que se enriquecem do
mais lídimo italiano, por mais musical e gracioso, e que por todos os recantos da urbs é versado. (Mário
de Andrade, Macunaíma. O herói sem nenhum caráter)
Assinale a alternativa que transcreve e converte, correta e respectivamente, a frase do registro
coloquial da linguagem, extraída do Texto I, em seu correspondente na modalidade culta.
a) “Pois deixai ela virar” / “Pois deixa-a virar”.
b) “Ele deitara de bruços na água” / “Ele tinha deitado de bruços na água”.
c) “Depois dela passar” / “Depois de ela passar”.
d) “ele enrolou-se nela talqualmente um apuizeiro carinhoso” / “ele enrolou-se nela mesmo sendo um
apuizeiro carinhoso”.
e) “Ia escorregando e afinal a canoa virou” / “Ia escorregando e até que enfim a canoa virou”.

2)

Nessa tirinha, Calvin faz uso de uma linguagem coloquial, empregando os pronomes em desacordo
com a prescrição da norma gramatical. Essa construção sintática é considerada inadequada ao
padrão culto da língua, porque os pronomes
a) oblíquos não devem ser usados na função de sujeito.
b) possessivos não podem ser pospostos a verbos.
c) relativos não devem ser usados na função de sujeito.
d) retos não podem exercer função sintática de complemento.
e) indefinidos não podem exercer função sintática de objeto direto.
3) ENEM 2013 QUESTÃO 131

CURY, C. Disponível em: http://tirasnacionais.blogspot.com. Acesso em: 13 nov. 2011. (Foto:


Reprodução)
A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins
de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de
uma atitude
A) crítica, expressa pelas ironias.
B) resignada, expressa pelas enumerações.
C) indignada, expressa pelos discursos diretos.
D) agressiva, expressa pela contra-argumentação.
E) alienada, expressa pela negação da realidade.

4) (Enem - 2011)
“Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e
lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: — Zé-Zim,
por que é que você não cria galinhas-d‘angola, como todo o mundo faz? — Quero criar nada não... — me
deu resposta: — Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas,
mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no
sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes;
quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da
Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe.”
ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).
Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das
áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre
agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador
a) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus
agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho.
b) descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em proprietário de
terra.
c) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho
da terra.
d) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem
livre e, ao mesmo tempo, dependente.
e) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras.

5) (FGV-2002) Escolha a alternativa que preencha corretamente as lacunas das frases abaixo.
1. Por acaso, não é este o livro __________ o professor se refere?
2. As Olimpíadas ___________ abertura assistimos foram as de Tóquio.
3. Herdei de meus pais os princípios morais ____________ tanto luto.
4. É bom que você conheça antes as pessoas ____________ vai trabalhar.
5. A prefeita construirá uma estrada do centro ao morro __________ será construída a igreja.
6. Ainda não foi localizada a arca ____________ os piratas guardavam seus tesouros.
a) de que, cuja, para que, com os quais, sobre que, em que.
b) que, de cuja, com que, para quem, no qual, que.
c) em que, cuja, de que, para os quais, onde, na qual.
d) a que, a cuja, em que, com que, que, em que.
e) a que, a cuja, por que, com quem, sobre o qual, onde.
6) (PUC Rio)

A mulher que passa Por que me odeias quando te juro


Que te perdia se me encontravas
Meu Deus, eu quero a mulher que passa. E me encontrava se te perdias?
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos Por que não voltas, mulher que passas?
Sete esperanças na boca fresca! Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Oh! Como és linda, mulher que passas Sempre perdida, nunca encontrada?
Que me sacias e suplicias Por que não voltas à minha vida
Dentro das noites, dentro dos dias! Para o que sofro não ser desgraça?

Teus sentimentos são poesia Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Teus sofrimentos, melancolia. Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia. No santo nome do teu martírio
Teus belos braços são cisnes mansos Do teu martírio que nunca cessa
Longe das vozes da ventania. Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!
Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Que fica e passa, que pacifica
Como te adoro, mulher que passas Que é tanto pura como devassa
Que vens e passas, que me sacias Que boia leve como a cortiça
Dentro das noites, dentro dos dias! E tem raízes como a fumaça
Por que me faltas, se te procuro?
.(Vinicius de Moraes. Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, pp.88-89).
A figura da mulher como musa, fonte de inspiração do poeta, é um traço de permanência na
literatura brasileira. Seguem-se abaixo trechos de poemas escritos por diferentes autores, em
distintos períodos literários, sobre o sentimento que a musa inspiradora provoca no poeta. Aponte a
única opção cuja imagem da mulher se distancia por completo da observada no poema de Vinícius
de Moraes:
a) "Anjo no nome, Angélica na cara! / Isso é ser flor, e Anjo juntamente: / Ser Angélica flor, e Anjo
florente, / Em quem, senão em vós, se uniformara " (Gregório de Matos).
b) "Ai Nise amada! se este meu tormento, / Se estes meus sentidíssimos gemidos / Lá no teu peito, lá nos
teus ouvidos / Achar pudessem brando acolhimento" (Cláudio Manuel da Costa).
c) "Se uma lágrima as pálpebras me inunda, / Se um suspiro nos seios treme ainda / É pela virgem que
sonhei... que nunca / Aos lábios me encostou a face linda!" (Álvares de Azevedo).
d) "A primeira vez que vi Teresa / Achei que ela tinha pernas estúpidas / Achei também que a cara
parecia uma perna" (Manuel Bandeira).
e) "E à noite, ai! como em mal sofreado anseio, / Por ela, a ainda velada, a misteriosa / Mulher, que nem
conheço, aflito chamo!" (Alberto de Oliveira).

7) (ENEM-2007)

O açúcar Este açúcar veio de uma usina de açúcar em


O branco açúcar que adoçará meu café Pernambuco
nesta manhã de Ipanema ou no Estado do Rio
não foi produzido por mim e tampouco o fez o dono da usina.
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Este açúcar era cana
Vejo-o puro e veio dos canaviais extensos
e afável ao paladar que não nascem por acaso
como beijo de moça, água no regaço do vale.
na pele, flor (...)
que se dissolve na boca. Mas este açúcar Em usinas escuras,
não foi feito por mim. homens de vida amarga
Este açúcar veio da mercearia da esquina e e dura
tampouco o fez o Oliveira, produziram este açúcar
[dono da mercearia.
branco e puro com que adoço meu café esta
manhã em Ipanema.

Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.
A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é
expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

8) UFPR – 2008
“(...) As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado
será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, não era apenas isso. Meu
enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que posso me resignar a seguir um fio só; meu
enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias. (...)”
(de “Os desastres de Sofia”)
(...) Na verdade era uma vida de sonho. Às vezes, quando falavam de alguém excêntrico, diziam com a
benevolência que uma classe tem por outra: “Ah, esse leva uma vida de poeta”. Pode-se talvez dizer,
aproveitando as poucas palavras que se conheceram do casal, pode-se dizer que ambos levavam, menos a
extravagância, uma vida de mau poeta: vida de sonho. Não, não era verdade. Não era uma vida de sonho,
pois este jamais os orientara. Mas de irrealidade. (...)”
(de “Os obedientes”)
Com base nos fragmentos acima transcritos, extraídos de contos do livro Felicidade clandestina, de
Clarice Lispector, considere as seguintes afirmativas:
I. Narrar ou deixar de narrar, avaliar de diferentes maneiras um mesmo fato narrado são hesitações
frequentes dos narradores de Clarice Lispector. Como nos fragmentos acima, também em outros contos
prioriza-se a abordagem da vida interior, própria ou alheia, revelando sutis alternâncias de percepção da
realidade.
II. O aspecto metalinguístico está presente no primeiro fragmento.
III. Na ficção de Clarice Lispector, as diferenças entre a percepção masculina e a feminina não são
tematizadas, pois o ser humano está sempre condenado a viver num mundo incompreensível.
IV. Na ficção de Clarice Lispector, apenas as personagens adultas têm consciência de seus processos
interiores. As crianças e adolescentes sofrem o impacto de novas descobertas, mas sua inocência os afasta
de qualquer comportamento perverso e os protege dos riscos de viver mais intensamente.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3, 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.

9) (Mack-1996) Guilherme possui a revista. Nesta revista, foram publicados os artigos. Necessito dos
artigos da revista. Falei ontem, por telefone, com o pai de Guilherme.
Aponte a alternativa que apresenta a transformação correta dessa seqüência de frases em um
período composto por subordinação.
a) Guilherme possui a revista onde foram publicados os artigos que necessito e falei ontem, por telefone,
com o pai dele.
b) Guilherme possui a revista, na qual foram publicados os artigos que necessito, e falei ontem, por
telefone, com o pai dele.
c) Guilherme possui a revista em que foram publicados os artigos os quais necessito e falei ontem, por
telefone, com o pai dele.
d) Guilherme possui a revista onde foram publicados os artigos os quais necessito, por isso falei ontem,
por telefone, com seu pai.
e) Guilherme, com cujo pai falei ontem, por telefone, possui a revista em que foram publicados os artigos
de que necessito.

10) (ENEM/2015)
Famigerado
“Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente.
Contra que aí estava com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado. Do que, se
resolveu. Levantou as feições. Se é que se riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, só
se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho indeciso. Redigiu seu monologar.
O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão, travados assuntos,
insequentes, como dificultação. A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas
entonações, seguir seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele
enigmava. E, pá:
— Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é:
fasmisgerado… faz-me-gerado… falmisgeraldo… familhas-gerado…?”
ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988
A linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque na
literatura brasileira. No fragmento lido, a tensão entre a personagem e o narrador se estabelece
porque
A) o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a perigosa pergunta de seu interlocutor.
B) o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se vê em “a conversa era para teias de
aranhas".
C) entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível, decorrente de suas diferenças
socioculturais.
D) a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência do narrador, decidido a mudar o assunto
da conversa.
E) a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar as personagens em planos
incomunicáveis.
BOA SORTE!!!

Você também pode gostar