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Conceito de vitamina
- São compostos orgânicos ao contrário dos minerais que são compostos
inorgânicos.
- São macromoléculas, mas ao contrário das outras biomoléculas (macromoléculas),
não são oxidadas em CO2 e H20, logo…
- Não têm uma função de conferir energia nem uma função estrutural.
- São fundamentais para as funções vitais tais como o crescimento, o metabolismo e
a integridade celular.
- São substâncias cuja carência se manifesta como patologia.
A Vitamina D e a Tiamina não se encaixam no conceito clássico de vitamina, pois a
Vitamina D é uma hormona que nós conseguimos sintetizar e a Tiamina pode ser
sintetizada a partir do triptofano. Deste modo, elas não são essenciais pois
conseguimos sintetizá-las, mas como a sua carência está acompanhada de uma
patologia são consideradas vitaminas.
Deficiência em Tiamina
Bériberi:
Para além do seu papel no metabolismo energético, a tiamina tem um papel
importante na condução nervosa, dado que fosforila e ativa um canal de cloro na
membrana dos neurónios. Assim, a sua deficiência afeta a condução nervosa e
origina…
Neurite periférica crónica.
Acidose Lática
O défice de tiamina leva à diminuição da atividade da desidrogenase do piruvato.
Acumulação do piruvato que é depois reduzido a lactato.
Indivíduos com uma dieta rica em hidratos de carbono e défice de tiamina têm muitas
vezes acumulação de ácido lático.
Vitamina B2-Riboflavina
A riboflavina é responsável por fornecer as moléculas reativas ao mononucleótido de
flavina (FMN) e ao dinucleótido de flavina-adenina (FAD), sendo estas coenzimas
(derivadas da riboflavina) portadoras de eletrões em reações de oxidação-redução:
Em enzimas chave da oxidação dos aminoácidos e dos ácidos gordos.
No ciclo do ácido cítrico (desidrogenase do succinato).
Na cadeia respiratória mitocondrial (complexo II).
Em conjunto com enzimas da família do citocromo P-450 participam no
metabolismo de fármacos/xenobióticos.
Vitamina B3-Niacina
A Niacina não é, em rigor, uma vitamina pois ela pode ser sintetizada a partir do
triptofano, um aminoácido essencial.
É essencialmente na forma de ácido nicotínico e nicotinamida, que a vitamina B3
tem a sua atividade biológica.
Esta vitamina constitui o anel nicotinamida das coenzimas NAD e NADP, sendo este
fundamental em reações de oxidação e redução.
Para além do seu papel como coenzima, o NAD é fonte de ADP ribose, que é
fundamental para a ribosilação de proteínas com ADP, proteínas envolvidas nos
mecanismos de reparação do DNA
PRI
As necessidades energéticas de niacina são de 1.6mg NE/MJ.
Encontram-se expressas em MJoule, pois dependem das necessidades energéticas
de um indivíduo, sendo que também estão expressas em equivalentes, tendo em
conta que são necessários 60mg de triptofano para dar origem a 1mg de niacina/1
equivalente de niacina, logo as necessidades não se encontram expressas em mg
de niacina, mas sim em equivalentes de niacina.
Fontes alimentares
Leite e ovos (fontes de triptofano).
Cereais integrais.
Carne.
Défice de Niacina
Pelagra: mal de la Rosa
Caracterizada pela dermatite fotossensível.
Pode também ser provocada pelo défice de triptofano.
O álcool inibe a absorção desta vitamina, pelo que padrões alimentares em que o
álcool esteja muito presente e que sejam à base de cereais como o milho (não
contém triptofano) podem levar a esta doença.
Na presença de triptofano é necessário que haja também riboflavina e vitamina B6,
visto que estas duas vitaminas são importantes cofatores para catalisarem a
conversão de triptofano em niacina.
Ácido Pantoténico
O ácido pantoténico faz parte do grupo prostético da
Coenzima A e da proteína transportadora de
grupos acilo.
Participa em vias como o ciclo do ácido cítrico,
oxidação dos ácidos gordos, síntese do colesterol,
síntese da acetilcolina e síntese do grupo heme.
Vitamina B6
Esta vitamina presenta seis vitrameros/estruturas químicas
parecidas (piridoxal, piridoxina, piridoxamina e seus derivados
fosforilados) que podem depois converter-se endogenamente
na sua forma ativa, ou seja, em piridoxal fosfato.
O piridoxal fosfato (PLP) é o grupo prostético de cerca de
100 enzimas que estão na sua maioria envolvidas no
metabolismo dos aminoácidos, sendo que a maioria está
ligada à fosforilase do glicogénio, como cofator.
De todas estas enzimas do metabolismo dos aminoácidos,
destaca-se as transaminases ou aminotransferases.
Nestas reações, o PLP serve como transportador dos
grupos amina.
Outro exemplo são as descarboxilases dos aminoácidos que
estão envolvidas na síntese de neurotransmissores, como a
formação da dopamina.
PRI e fontes alimentares
O défice de vitamina B6 é muito raro visto que existe na maioria dos alimentos e as
suas recomendações diárias são baixas.
Vegetais contêm piridoxina
Alimentos de origem animal contêm o piridoxal e a piridoxamina.
Deficiência em B6
Esta défice pode provocar anemia
microcítica e hipocrómica visto que
o PLP é grupo prostético da sintase do
ácido aminolevulínico (ALA), percursor
do grupo heme logo, na ausência de
PLP, a síntese do ALA encontra-se
comprometida, não havendo síntese
de hemoglobina.
É microcítica porque não ocorrem
alterações na divisão celular, e é
hipocrómica porque há um défice de
hemoglobina, pelo que as hemácias são
mais claras.
Nos anos 50, nos EUA, registou-se uma epidemia de convulsões em bebés que
eram alimentados com um leite de fórmula que não continha vitamina B6,
apresentando, assim, défice da mesma. Estes episódios desapareceram com a
administração da vitamina B6.
Dada a dua importância no metabolismo dos aminoácidos, as convulsões são
explicadas por alterações do foro neurológico.
PRI
As grávidas têm necessidades aumentadas, visto que os embriões estão em
constante multiplicação de células, logo há uma necessidade aumentada de DNA,
dado o papel do folato na síntese do mesmo, de modo a prevenir defeitos no
encerramento do tubo neural dos embriões (células em rápida multiplicação).
Fontes alimentares
Oleaginosas (avelãs, nozes, ...).
Hortícolas de folha verde-escura (espinafres, espargos, ...).
Leguminosas (feijão frade).
Cereais de pequeno-almoço.
Farinhas (ex: nos EUA as farinhas são fortificadas).
Défice de folatos (comum)
Anemia megaloblástica
Deficiência de folatos e vitamina B12 (devido à armadilha de folatos)
condiciona a síntese de DNA (folatos não podem sintetizar de timidilato) mas não
a de RNA (porque usa uracilo), ou seja, a célula deixa de se conseguir dividir,
mas continua a haver transcrição e síntese proteica, levando ao aumento do
tamanho dos eritrócitos imaturos (megaloblastos)
Em suma, não há divisão celular porque não há folatos para a síntese de
timidilato.
Vitamina B12-Cobalamina
A vitamina B12 (hematopoiética) é o grupo prostético da sintase da metionina,
tendo como núcleo central o núcleo de cobalto (cobalamina).
Esta vitamina está envolvida em
inúmeras reações que envolvem
hidroxilases, sendo também é
coenzima da 7α-hidroxilase, muito
importante no metabolismo do
colesterol, estando também envolvida
na síntese de neurotransmissores.
PRI
Apesar das necessidades nutricionais serem baixas, um
inquérito alimentar nacional revelou um défice de vitamina
C na população, dado não ter uma boa adequação
nutricional no que diz respeito a esta vitamina.
Fontes alimentares
Laranja.
Kiwi.
Apenas com uma peça de
fruta conseguimos obter
100% da dose diária
recomendada, logo quem
tem baixo aporte em vitamina
C devesse à carência de
produtos frescos e
hortofrutícolas na
alimentação.
Resumindo…
Passando a falar das vitaminas lipossolúveis… estas têm a absorção facilitada na
presença de lípidos da dieta. As lipossolúveis são as vitaminas ADEK, e as restantes
são as hidrossolúveis.
Vitaminas lipossolúveis
Vitamina A
Divide-se em dois grandes grupos:
Retinóides – incluem o retinaldeído e ácido retinóico, derivados do retinol
(representam as três formas ativas da vitamina A); estão presentes apenas nos
produtos de origem animal.
Carotenóides – presentes nas plantas, são facilmente convertidos no organismo
em precursores da vitamina A (ex.: beta-caroteno).
O beta-caroteno, sendo um percursor da
vitamina A, pode ser convertido nesta vitamina.
Esta reação de conversão ocorre, sobretudo,
no intestino, pelo que consideramos que este
é o local primário onde ocorre a conversão dos
carotenóides pro-vitamina A.
Reações de conversão do beta-caroteno:
1. O beta-caroteno sofre ação da 15,15’-
monooxigenase, sendo clivado a
retinaldeído.
2. O retinaldeído é reduzido a retinol.
3. O retinol é esterificado e secretado nos
quilomicrons (grandes partículas
produxidas pelas células intestinais),
juntamente com os outros ésteres
formados a partir do retinol da dieta.
Carotonóides
Podemos dividi-los em carotonóides pro vitamina A (ex.: beta-caroteno, alfa-
caroteno, betacriptoxantina) e em carotonóides que não são pro vitamina A (ex.:
luteína e licopeno), que não são convertidos no nosso organismo em retinol.
Por exemplo, o licopeno é, nas plantas, o precursor do beta-caroteno. No entanto,
nós não temos as enzimas necessárias para fazer essa conversão, pelo que o
licopeno não é pro vitamina A, apesar de ser um carotonóide.
Absorção de vitamina A
A absorção de vitamina A é facilitada pela presença de
lípidos na dieta.
Os ésteres de retinol (principal forma de retinol nos
alimentos) são hidrolisados pela lípase pancreática em
retinol, sendo depois incorporados nas micelas lipídicas
para facilitar a sua absorção.
Os carotenoides utilizam vários transportadores não
específicos na membrana do enterócito para entrarem na
célula. Já no meio intracelular, são convertidos a retinol,
que depois se liga a uma proteína de ligação (CRBP2) que
os esterifica, de forma a poderem ser incorporados nas
quilomícrons e depois transportados para os tecidos
através do sistema linfático.
Depois de incorporados nos quilomícrons, os ésters de
retinol são armazenados no fígado (50% a 85% nos
animais) e os beta-carotenos são armazenados nas reservas lipídicas do tecido
adiposo.
Portanto…
1. No lúmen intestinal
O retinol esterificado (da dieta) é
hidrolisado a retinol e é absorvido.
O beta-caroteno é absorvido sem
qualquer alteração na sua estrutura.
2. No interior dos enterócitos
O beta-caroteno é convertido em
retinol.
O retinol (proveniente da absorção e
conversão do beta-caroteno) é
esterificado e lançado para a
circulação linfática em quilomícrons.
3. Nas células hepáticas
Os ésters de retinol são novamente hidrolisados a retinol, que pode ser
armazenado ou ser libertado na circulação ligado a uma proteína transportadora
(RBP) para que chegue aos tecidos.
No caso dos carotenóides, estes são transportados a partir do fígado sobretudo
pelas VLDL (lipoproteínas plasmáticas)
Devido à baixa atividade das monooxigenases, alguns beta-carotenos podem ser
absorvidos e passar para o plasma nesta forma, ou seja, sem ter ocorrido conversão
em retinol. Estes carotenoides são depois transportados nas lipoproteínas
plasmáticas.
As proteínas de transporte (RBP) são cruciais para o metabolismo da vitamina A:
Conferem solubilidade em meio aquoso.
Orientam o transporte e o metabolismo de determinados retinóides.
Modulam determinadas funções dos retinóides.
Excesso de vitamina A
Pensou-se que o papel anticancerígeno da
vitamina A poderia reduzir o risco de
desenvolvimento de cancro nos fumadores. No
entanto…
Foi mostrado, num estudo, que a
suplementação de retinol e beta-caroteno em
quantidades elevadas aumentava o risco de
cancro de pulmão (cerca de 50%).
Com isto realça-se que a suplementação em
excesso de vitaminas (não só a A) poderá
acarretar efeitos negativos que não podemos
negligenciar, daí a importância de um equilíbrio de aporte destas.
Efeitos da vitamina D
Envolvida no controlo da secreção de paratormona (efeito clássico)
A paratormona é libertada em resposta a uma diminuição dos níveis séricos de
cálcio. Esta hormona aumenta a reabsorção e diminui a sua excreção a nível renal
e aumenta a síntese de calcitriol, de forma a estimular a absorção de cálcio ao
nível intestinal. Estimula ainda a reabsorção óssea.
Regulação da pressão arterial (efeito não clássico)
Inibe a renina, diminuindo a quantidade de angiotensina II, minimizando a sua
ação vasoconstritora.
Proliferação e diferenciação celular (efeito não clássico)
Forma, juntamente com os recetores da vitamina A, heterodímeros que regulam o
ciclo celular.
Vitamina E
Existem dois vitâmeros com atividade biológica de vitamina E: tocoferóis (apresentam
uma cadeia lateral com ligações saturadas) e tocotrienóis (têm uma cadeia lateral
com 3 ligações duplas).
O vitâmero com mais atividade biológica é o alfa-tocoferol.
Absorção de vitamina E
É absorvida juntamente com as micelas
lipídicas. É depois incorporada em
quilomícrons e transportada para o
fígado e depois para os restantes tecidos
através de lipoproteínas (ex.: LDL).
Vitamina E da dieta absorção com as
micelas lipídicas quilomícrons
fígado transporte por lipoproteínas
como as LDL.
A vitamina E é o principal
antioxidante lipídico, presente nas
membranas celulares e nas lipoproteínas
plasmáticas, sendo importante na manutenção da integridade das mesmas:
Os ácidos polinsaturados presentes nas membranas são mais sensíveis à oxidação:
quando reagem com espécies reativas de oxigénio, há formação de radicais livres que
vão reagir com outras moléculas – surge uma cadeia de reações que, se não for
travada pela vitamina E, resulta em danos na membrana das células.
O tocoferol neutraliza o radical livre, travando a reações em cadeia, e forma-se um
radical de tocoferol relativamente estável e não reativo. Este radical é depois
convertido em tocoferol pela ação da vitamina C, que sofre oxidação.
Portanto, as vitaminas E e C são importantes agentes antioxidantes que impedem
reações em cadeia de stress oxidativo, garantindo a integridade da membrana celular
e das lipoproteínas.
Deficiência de vitamina E
Doenças cardiovasculares.
Diabetes mellitus – relacionada com o aumento do stress oxidativo.
Cancro.
Alterações neurológicas (demência).
Vitamina K
Participa na coagulação sanguínea.
Apresenta vários vitâmeros (diferente estrutura química, mas igual atividade biológica):
filoquinonas ou vitamina K1 (presente nos vegetais e hortícolas de folha verde-escura),
menaquinonas ou vitamina K2 (sintetizadas por bactérias intestinais).
O dicomarol e a varfarina são antagonistas da vitamina K, sendo muitas vezes
utilizados na redução da coagulação sanguínea em doentes em risco de trombose.
Embora as menaquinonas sejam sintetizadas pelo microbiota, a quantidade produzida
não é suficiente para suprir as nossas necessidades de vitamina K. Isto deve-se ao
desfasamento de locais de produção e absorção: a produção de vitamina K por ação
bacteriana ocorre no cólon; no entanto, a absorção de vitamina K ocorre íleo
terminal.
Assim, ainda não está estabelecido se estas são absorvidas e se se relacionam com o
estado nutricional da vitamina em questão.
Ciclo da vitamina K
A vitamina K atua como cofator da carboxilação do glutamato, originando um
aminoácido, o carboxiglutamato (modificação pós-sintética), essencial para a formação
de proteínas envolvidas na cascata de coagulação.
1. A hidroquinona é oxidada, originando o seu epóxido e ativando o resíduo de
glutamato no substrato, que reage com o CO2, formando carboxiglutamato.
2. O epóxido é reduzido a quinona pela redutase sensível à varfarina.
3. A quinona é reduzida a hidroquinona pela redutase sensível à varfarina ou pela
redutase da quinona, não sensível à varfarina.
Na presença de varfarina, a redutase
sensível à varfarina não funciona.
Assim, nesta situação não haverá
redução do epóxido, pelo que este
será posteriormente excretado.
No entanto, se continuarmos a obter
vitamina K sob a forma de quinona,
esta será reduzida a hidroquinona
por ação da redutase da quinona,
que não é sensível à varfarina.
É importante, por isso, ajustar a dose
de varfarina de acordo com a
ingestão de vitamina K (nuca reduzir
a ingestão normal de vitamina K do
doente, uma vez que os alimentos
onde esta está presente são bastante
ricos a nível nutricional). Apesar disso,
o seu consumo deve manter-se
regular ao longo dos dias.
Défices da vitamina K
A doença hemorrágica era bastante frequente nos recém nascidos, dada a
incapacidade de formar o carboxiglutamato. Nos dias de hoje, os bebes levam uma
injeção de vitamina K que permita a inibição da doença hemorrágica.
Resumindo e relembrando…