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Dimensões Da Gestão Escolar e Suas Competências
Dimensões Da Gestão Escolar e Suas Competências
competências
Heloísa Lück fala sobre os desafios da liderança nas escolas
Para a educadora paranaense, somente uma escola bem dirigida obtém bons
resultados
A escola é uma organização que sempre precisou mostrar resultados - o aprendizado dos
alunos. Porém nem sempre eles são positivos. Para evitar desperdício de esforços e fazer
com que os objetivos sejam atingidos ano após ano, sabe-se que é necessária a presença
de gestores que atuem como líderes, capazes de implementar ações direcionadas para
esse foco. A concepção de que a liderança é primordial no trabalho escolar começou a
tomar corpo na segunda metade da década de 1990, com a universalização do ensino
público. A formação e a atuação de líderes, até então restritas aos ambientes empresariais,
foram adotadas pela Educação e passaram a ser palavra de ordem para enfrentar os
desafios.
Na comunidade escolar, é recomendável que essa liderança seja exercida pelo diretor.
Mas a educadora paranaense Heloísa Lück, diretora educacional do Centro de
Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap), em Curitiba, e consultora do Conselho
Nacional de Secretários de Educação (Consed), vai além. Ela defende o estímulo à gestão
compartilhada em diferentes âmbitos da organização escolar. Onde isso ocorre, diz ela,
nasce um ambiente favorável ao trabalho educacional, que valoriza os diferentes talentos e
faz com que todos compreendam seu papel na organização e assumam novas
responsabilidades.
Como diferenciar uma escola que conta com essas pessoas de outra que não tem?
HELOÍSA É fácil perceber isso. Onde não existe liderança, o ritmo de trabalho é frouxo e
não há a mobilização para alcançar objetivos de aprendizagem e sociais satisfatórios. As
decisões são orientadas basicamente pelo corporativismo e por interesses pessoais.
Geralmente, são instituições cujos estudantes apresentam baixo desempenho. Além
dessas características, há outras menos visíveis, mas que têm grande impacto. Uma
estrutura de gestão debilitada contribui para a formação de pessoas indiferentes em
relação à sociedade. É alarmante observar como os apelos destrutivos estão cada vez
mais fortes, com os jovens se envolvendo em arruaças e gangues e usando drogas. Isso
se dá pela absoluta falta de modelos. A escola deveria oferecê-los, pois é a primeira
organização formal, depois da família, que as crianças conhecem. Sem a canalização de
esforços para que a aprendizagem ocorra e haja melhoria e desenvolvimento contínuos, o
ambiente escolar se torna deseducativo.
A equipe de gestão escolar, então, deve sempre ser orientada por princípios
democráticos?
HELOÍSA A liderança pressupõe a aceitação das pessoas com relação a uma influência
exercida. Ela corresponde, portanto, a uma prática que depende muito da democracia para
ser bem-sucedida. O diretor que faz com que os professores cheguem às aulas no horário,
pois do contrário sofrerão descontos, influencia o comportamento deles no âmbito
administrativo. Contudo, no momento em que ele deixa de impor a pena, tudo volta à
condição inicial. Já o gestor que leva a equipe a compreender como a pontualidade
contribui para a melhoria do trabalho alcança resultados perenes, que são incorporados
naturalmente.
O diretor pode ser avaliado por seus pares para saber se está fazendo uma boa
gestão?
HELOÍSA Nenhuma ação desenvolvida na escola está isenta de avaliação, que é a base
para a definição de planos de ação e de programas de formação em serviço. É importante
destacar, no entanto, que não são as pessoas que são avaliadas, mas o desempenho
delas, que é circunstancial e mutável. A liderança é situacional e, por isso, é essencial
desenvolver instrumentos específicos para cada contexto a ser avaliado. Para que o
processo se efetive, portanto, é interssante que as fichas de avaliação da liderança sejam
preenchidas por todos os membros da comunidade escolar - professores, alunos, pais e
demais funcionários.