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4.4 HORIZONTALIDADE
A diversidade repousa sobre condições gerais de produção, tanto no âmbito
institucional como no campo dos bens públicos e privados de consumo coletivo.
Inicialmente, é importante formular e consolidar regras institucionais claras que contribuam
para a redução do risco e da incerteza associados aos negócios, garantindo condições de
competitividade interna e externa equivalente para todos os segmentos industriais. Isso
implica garantia ao cumprimento de contratos, respeito as normas técnicas, acordos de
comércio internacional, lei de patentes e direitos de propriedade intelectual, entre outros.
Mais que isso, as metas de qualidade e certificação de processos e produtos para o
mercado interno e externo tornam-se críticas no momento em que barreiras não tarifárias e
códigos ambientais e de defesa do consumidor são cada vez mais aceitos.
A oferta de infra-estrutura de qualidade (transportes, energia, saneamento, etc)
figura como outra condição que reflete no desempenho industrial e sistêmico. Embora fora
do âmbito da política industrial, há de se reconhecer que as “capacitações sociais”
expressas no acesso à educação, à saúde e ao bem-estar são igualmente relevantes para
o sucesso de políticas normativas na área industrial. A horizontalidade exige ainda a
consolidação de um conjunto de normas institucionais, particularmente a consolidação de
regimes tributários não-onerosos e infra-estrutura tecnológica básica entre outras.
4.5 COOPERAÇÃO
Segundo os autores neo-shumpterianos, a concorrência se dá em torno das
inovações tecnológicas. No entanto, se formas de competitividade surgem não apenas do
funcionamento de agentes econômicos isolados ou rivais, mas de formas de cooperação
dentro das cadeias produtivas internas.
Os conhecidos APL’s são clusters regionais e produção e distribuição cuja
competitividade surge exatamente dos sistemas de cooperação produtiva e de gestão. As
políticas de apoio a clusters locais são hoje mais que um modismo. Tratam de reconhecer
a força da cooperação comunitária nos destinos da competitividade da economia como um
todo. Essa força competitiva sugere a possibilidade de intervenções específicas, capazes
de potencializar externalidades positivas, o que já é percebido por agentes financeiros
(“crédito por aproximação”), governos locais e estaduais, associações de classe,
universidades e institutos de pesquisa, entre outros atores.
4.7 ESPACIALIDADE
O desenvolvimento industrial deve provocar uma aproximação com as grandes
metas de desenvolvimento contempladas no PPA, incluindo a redução de desigualdades
regionais e a melhora na distribuição espacial da renda. Isso indica quer as políticas
industriais e tecnológicas tem de ser pautadas por uma preocupação de desenvolvimento
econômico regional.
O país já adota tais políticas, que precisam ser aperfeiçoadas principalmente para
evitar a guerra fiscal e atitudes discricionárias e práticas ilegais e corrupção.
4.8 INOVAÇÃO
O processo de acumulação de capital ocorre a partir da introdução de inovações
tecnológicas. Por sua natureza, as atividade inovativas demandam aplicação de recursos
que se traduzem, entre outros, em: produção, acumulação e difusão de conhecimentos de
longa maturação, aplicação de recursos financeiros com retorno incerto, formulação e
aplicação de mecanismos de proteção de direitos.
Essas características implicam a necessidade de articulação entre diversas
organizações públicas e privadas (empresas, universidades, institutos de pesquisa,
laboratórios de ensaios e análises, etc.), além de normas jurídicas que atendam à dinâmica
da inovação. Nada garante que a presença destas organizações resulte na introdução de
novos produtos ou processos no sistema econômico. Para que isso ocorra, é necessário
que o atual Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia caminhe para incorporar a maior
participação da inovação, esta feita por atores do mercado.
Hoje, o aumento da dependência de fontes tecnológicas externas, provenientes das
novas arquiteturas de gestão das empresas transnacionais, demanda de esforço adicional,
sobretudo quando se leva em consideração a dimensão macroeconômica que atualmente
representa a conta “tecnologia” no balanço de pagamentos.
REFERÊNCIAS
CAMPANARIO, Milton de Abreu et al. Política Industrial 1. Org. Afonso Fleury, Maria
Tereza Leme Fleury. 1ª ed. São Paulo: Publifolha 2004