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Auto Da Barca Do Inferno Do Sc. Xxi
Auto Da Barca Do Inferno Do Sc. Xxi
XXI
Diabo
(no gozo) Me liga, vai…
Anjo
"Olha'm'esta"… ou este… que o sexo dos
À barca! À barca bela. anjos é discussão eterna…
Quem se portou bem
Pode entrar nela. Agente financeiro (equivalente ao
onzeneiro)
Diabo
Entra e olha para o Diabo
Içar vela!
Que quem se portou mal
Ag financeiro
Não entrará naquela.
Tenha a bondade de dizer
Para onde vai a barcaça
Anjo
(para o Diabo) Não me estejas a arremedar
Diabo
Coisa feia e horrorosa!
Não sou cliente seu
Mania de te pores a imitar!
Mas se quer saber
Demónio de cor-de-rosa.
Vai ter o que mereceu
E ao inferno vai ter
Diabo
Tens medo da desgarrada,
Ag financeiro
avezinha descolorada?
(dando um passo atrás) Credo! Que mal fiz eu?
Eu era feliz
Anjo
Trabalhava na cofidis
Cumpre a tua missão
Mas também era bom
Que a minha cumprirei
Quando estava na credibom
Não te armes em espertalhão
Ajudava as pessoas
Porque não te ligarei!
A comprarem o que queriam,
Elas é que não cumpriam!
Anjo
Político
Olha, olha quem chegou…
Em pessoa!
D. Aldrabão!
Anjo Anjo
(irritado) Olha lá! Mas tu pensas que o meu (impaciente) Vais sozinho ou queres que te
computador celestial é alguma tostadeira mande???
Magalhães? Não há engano nenhum!
Mentiste a torto e a direito
És um grande aldrabão!
Viveste à custa dos cidadãos
E enorme impostor
Aldrabaste em teu proveito
Roubaste até mais não
E lavaste daí as mãos!
Sem piedade e sem pudor!
Político
Politico
Saiba vossa senhoria
Mas que grande injustiça!
Que é difícil governar
Eu lutei por Portugal
Trabalho em demasia
Fiz sacrifícios, xiça!
Para pouco ganhar
E julgam-me mal?!
A chamar-me anafado???
Anjo olhando para o computador Seu anjinho papudo!
Que vens aqui fazer? Já tou irritado!
Não é aqui o teu lugar Seu anjinho bolachudo!
Pelo que estou a ver
Ao inferno vais parar. Apresentadora (olhando para um e outro)
Contem os segredos
Apresentadora Vamos, digam tudo
Mas se não matei ninguém! Dos ódios e dos medos
E se nada eu roubei Entre o anjo e o cornudo
Pessoas ajudei também
E diversão lhes dei! Anjo e Diabo (ao mesmo tempo)
Caluda!
Não é justo, portanto,
Para o inferno me mandar Diabo
Haverá aí um canto Não insistas mais
Onde me possa acomodar Aqui viajarás
É aqui que vais (aponta para uma cadeira)
Freira
Freira
É verdade que me excedi
Não nego meus pecados
Nos bolos e docinhos
Mas meu anjo, perdoai
Mas também me arrependi
Depois de contabilizados
E partilhava os bolinhos!
Um castigo dai
Freira
Anjo bondoso e divinal Bolo conventual
Vendedora
Ajudei quem precisava
Já pareces o Vitor Gaspar
Pratiquei a caridade
A impor tanta austeridade
Se tinha, dava
A querer tudo taxar
Se não tinha, inventava
Sem pingo de piedade
Não posso descontar Entra a juíza que olha o diabo e faz uma
cara enjoada e dirige-se logo ao anjo
As obras de caridade?
Não servem para me perdiar
Juíza
Aqui na eternidade?
Ora dizei-me então
Onde me sentarei
Anjo
Dada a minha condição
As obras que fizeste
À frente viajarei
Foste depois descontar
Aquilo que deste
Anjo (olhando em silêncio para a juíza)
Foste sempre recuperar
Juíza
Malabarismos financeiros
Não posso acreditar
Para no imposto descontar
Que seja um anjo surdo!
Tens actos matreiros
Tenho que gesticular? (gesticula)
Não se podem perdoar
Mas que tamanho absurdo!
Vendedora
Anjo
Terei pois de voltar
Nem surdo nem loiraça!
Àquela embarcação
Não respondo a palermices
Afasta-te da barcaça
Junta-te ali às misses (aponta p barca diabo)
Diabo
Diabo
Ai que estamos tramados
Cala-ta e entra e sem latinório!
Que ela não ouve nada
(para a comerciante) Estamos atrasados!
Juíza entra na barca
Ali irás bem acomodada (aponta uma
cadeira)
Comerciante
Não ouvi nada, não senhor
Se assim o posso chamar.
Isto sai-me cada "estapor"!
Anjo
Diabo (falando alto)
Pois morreste por imprevisto
Toca mas é a entrar
Vida longa tinhas para viver
Que quero depressa partir
Agora vamos resolver isto
E já me estás a empatar
(Vê o computador) Ora deixa-me cá ver…
Comerciante
Recebi um e-mail superior
Vai mas é bugiar! (faz um manguito)
Com as devidas recomendações
Eu nem gosto de encarnado!
Ora sobe se faz favor
Não sei como vim aqui parar
Foram divinas instruções
Vou perguntar àquele lado
É a recompensa merecida
Anjo
Pela tua vida honesta
Já sei o que vais perguntar
Trabalhosa e sofrida
E eu já te vou responder
Nenhuma dúvida resta
Deixa-me só verificar (Vê o computador)