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GMDSS

HISTÓRICO
O primeiro registro da instalação de sistemas de radiocomunicações, a bordo de
navio, data de 1899, quando tem início a utilização da telegrafia sem fio para
salvamento de vidas humanas no mar.
Em 1912, o desastre do TITANIC obrigou que medidas fossem tomadas para evitar a
repetição de tal acidente, no que tange à salvaguarda da vida humana no mar.
Assim, em Londres no ano de 1914, foi realizada a Conferência Marítima
Internacional sobre a Segurança da Vida Humana no Mar, onde as nações
interessadas no tráfego marítimo iniciaram discussões sobre o tema SEGURANÇA no
MAR, dando início à criação de Organismos Internacionais para debates e futuras
formulações de regras sobre esse assunto.
Desde então, vêm esses organismos internacionais debatendo e estabelecendo
regras a serem cumpridas por todos os países com interesse marítimo.
Em 1948 foi criada a IMCO ( Organização Consultiva Marítima Intergovernamental –
"INTERGOVERNMENTAL MARITIME CONSULTATIVE ORGANIZATION").
As comunicações avançaram com o passar dos anos.
A partir de 1966 a UIT (União Internacional de Telecomunicações –
"INTERNATIONAL TELECOMMUNICATIONS UNION") e a IMCO, passaram a estudar
um sistema de comunicações marítimas por satélite.
Em 1974 foi adotada a Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana
no Mar - Convenção SOLAS/74.
Em 1979 é criado o consórcio INMARSAT que pemitiria comunicações por satélite
do mar.
Em 1983 a IMCO teve seu nome alterado para IMO (Organização Marítima
Internacional - "INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION").
Em 1988, a IMO promoveu a Convenção SOLAS (Convenção Internacional para a
Segurança da Vida no Mar - "SAFETY OF LIFE AT SEA "), quando foi aprovada a
introdução do GMDSS (Sistema Global de Socorro e Segurança Marítima), como uma
emenda a essa Convenção. Na ocasião ficou estabelecido que a data de início da
implantação do sistema seria em 1º de janeiro de 1992 e o término em 1º de fevereiro
de 1999.
A evolução tecnológica observada neste século, com relação às telecomunicações
marítimas, muito tem contribuído para aumentar a Segurança da Vida Humana no Mar.
Antes da criação do GMDSS ( Sistema Global de Socorro e Segurança Marítima -
"GLOBAL MARITIME DISTRESS AND SAFETY SYSTEM" ), o método tradicional para
atender navios emitindo mensagens de socorro, consistia na retransmissão dessa
mensagem, navio a navio, até que se conseguisse o auxílio necessário e a
coordenação em terra. Considerando o curto alcance dessas comunicações e sua
baixa eficiência, devido às condições de propagação nem sempre favoráveis, esse
sistema só era confiável em áreas com trânsito de embarcações elevado. Além disso, a
capacidade de prestar socorro era limitada em algumas regiões do mundo. O sistema
GMDSS veio suprimir esta deficiência pela introdução de comunicações via satélite e
técnicas de envio automático de mensagens de socorro. Tais métodos oferecem
vantagens ao alertar rapidamente as autoridades de terra e a localizar com precisão
navios em perigo, em comparação ao sistema tradicional.
A Convenção Internacional para a Busca e Salvamento Marítimo (SAR) estabeleceu
critérios internacionais, dividindo a superfície dos oceanos em áreas com o propósito
de SAR, além de prover padronização na organização, cooperação, procedimentos de
operação de sistemas de informação para navios. Esses quesitos foram incorporados
ao SOLAS.

CONCEITO
O conceito básico do GMDSS é prover comunicações eficientes e de fácil utilização
nas operações de socorro e salvamento (SAR), de modo que as autoridades SAR em
terra, bem como as demais embarcações nas imediações do navio em perigo possam
ser mobilizadas rapidamente quando da ocorrência de um incidente de perigo
permitindo que auxiliem numa operação coordenada de busca e salvamento,
possibilitando uma coordenação eficaz e o registro das ações empreendidas.
Sua característica principal é a automação.
A figura a seguir apresenta o sistema como um todo, com suas áreas de atuação e
os subsistemas utilizados.
FUNÇÕES
O GMDSS recai em nove funções específicas que todos devem desempenhar
independentemente da área marítima em que se encontrem. Essas funções são:
1 .Transmissão de alertas de socorro NAVIO-TERRA;
2 . Recepção de alertas de socorro TERRA-NAVIO;
3 . Transmissão e recepção de alertas de socorro NAVIO-NAVIO;
4 .Transmissão e recepção de comunicações necessárias à coordenação das
operações de busca e salvamento;
5 . Transmissão e recepção de radiocomunicações na cena de ação;
6 . Transmissão e recepção de sinais destinados à localização de navios em perigo
e em caso de naufrágio, de suas embarcações de salvamento;
7 . Transmissão e recepção de informações de segurança marítima (MSI);
8 . Transmissão e recepção de radiocomunicações de caráter geral; e
9 . Transmissão e recepção de comunicações passadiço- passadiço.

ÁREAS DE ATUAÇÃO
Para a sua consecução, o GMDSS divide os oceanos em quatro áreas:
 ÁREA A1 - dentro do alcance de rádio-telefone em VHF-DSC de pelo menos
uma estação costeira (20 a 30 milhas);
 ÁREA A2 - além da área acima, mas dentro da cobertura rádio-telefone em MF-
DSC de pelo menos uma estação costeira (cerca de 100 milhas);
 ÁREA A3 - além das duas primeiras áreas, mas dentro da cobertura de um
satélite geostacionário do Sistema INMARSAT (entre 70ºN e 70ºS); e
 ÁREA A4 - as áreas remanescentes do mar (áreas polares).
Dessa forma o sistema possibilita manter comunicações urgentes e confiáveis, além de
permitir a disseminação de informações relativas à segurança marítima (MSI), Avisos
aos Navegantes e Boletins Meteorológicos.

RECURSOS DISPONÍVEIS
O GMDSS utilizar-se-á dos seguintes recursos de comunicações:
 INMARSAT
É utilizado para para comunicações navio-terra e disseminação de alarmes, utiliza a
rede de satétile de órbita geoestacionária (36000 km) do consórcio INMARSAT.

Das nove funções de comunicações do GMDSS citadas anteriormente, o INMARSAT só não


atende a de no. 9 “ transmissão e e recepção de comunicações de passadiço / passadiço” .
A tabela abaixo mostra as diferenças de características entre os diversos tipos
de INMARSAT:
DADOS DE
TIPO VOZ TELEX FAX DADOS ALTA
VELOC.
INMARSAT-A ANALÓGICO SIM ANALÓGICO ANALÓGICO N/A
INMARSAT-B 16 KBPS SIM 9,6 KBPS 9,6 KBPS 56 / 64 KBPS
INMARSAT-C N/A SIM SIM (TEXTO) E-MAIL N/A
INMARSAT-M 6,4 KBPS N/A 2,4 KBPS 2,4 KBPS 56 / 64 KBPS
INMARSAT MINI-M 4,8 KBPS N/A 2,4 KBPS 2,4 KBPS N/A
OBS: A recepção de imagens satélites e Cartas sinóticas, só podem ser realizadas pelos equipamentos tipo A e B.

Tipo A
Tipo B

Tipo C

Tipo M
Tipo Mini-M

 COSPAS-SARSAT

É utilizado para disseminação de alarmes, utilizando satélites de órbita polar (850 a


1000km).
Para dar a posição utiliza-se do efeito "doppler"; entretanto, como os satélites desse
sistema não são estacionários a transmissão pode sofrer retardo. Para evitar esse
retardo já estão em orbita satélites geoestacionários para operar com o sistema.
Utiliza-se das EPIRB de 121,5 MHz, 243MHz e 406MHz, todas identificadas por um
código de 9 dígitos.

A tendência mundial é de se abandonar o uso das EPIRB de 121,5 e 243 Mhz e


padronizar para operação as EPIRB de 406 Mhz por serem mais baratas e possuirem
precisão de cerca de 3 milhas.
 NAVTEX

É composto por um grupo de estações costeiras que transmitem Aviso aos


Navegantes, Boletins Meteorológicos e Mensagens sobre Segurança.

Essas transmissões são efetuadas em horários e na potência definida pela IMO (até
cerca de 400 milhas da costa) na língua inglesa, admitindo-se uma segunda língua. A
freqüência básica é 518KHz; entretanto, em regiões tropicais admite-se o uso de
4209,5KHz. Os novos equipamentos já estão sendo construídos com essas duas
freqüências.

 SAFETY NET

É um serviço de comunicações que transmite os mesmos assuntos recebidos pelo


NAVTEX, mas por satélite.
Necessita de um equipamento denominado EGC acoplado ao INMARSAT e é
sintonizado por NAVAREA. Essas transmissões podem ser feitas por área geográfica
para um grupo de navios selecionados ou para todos. Esse equipamento é exigido pelo
GMDSS para todos os navios que navegam fora da área de cobertura do NAVTEX.

 DSC (Digital Seletive Calling)

É um recurso no transceptor em MF/HF e VHF que opera em dados e por isso evita
a voz, impedindo o congestionamento durante a transmissão/recepção das
mensagens; possui uma tecla para a transmissão automática de pedido de socorro.
O equipamento também possui um código de 9 dígitos que deve ser o mesmo da
EPIRB do sistema COSPAS-SARSAT.
O equipamento MF/HF e VHF possui uma escuta contínua na freqüência de socorro
e varredura automática nas demais.
 SART

É um transponder para localização. Transmite em 9 GHz e tem o seu melhor alcance


quando posicionado a cerca de 1 metro acima do nível do mar; é utilizado nas balsas
salva-vidas.

RECURSOS DISPONÍVEIS NAS ÁREAS


ÁREA RECURSOS EMPREGADOS
1 Transceptor de VHF no canal 16 (no Brasil, até 2005);
Transceptor de VHF-DSC no canal 70 (a partir de 2005);
SART;
receptor NAVTEX;
EGC (Enhanced Group Call), se estiver fora da área de
cobertura NAVTEX;
EPIRB, ou EPIRB VHF capaz de transmitir um aviso de
socorro em DSC no canal 70; e
Transceptor portátil de VHF em dois canais (transmissão e
recepção) para bote salva-vidas
2 Os equipamentos previstos para a Área 1 mais os seguintes
equipamentos:
Transceptor de MF-DSC com encoder/decoder e
Receptor de MF dedicado na freqüência de 2.187,5 kHz
3 Os equipamentos previstos para a Área 2 mais os seguintes
equipamentos:
Receptor de MF dedicado na freqüência de 2.187,5 kHz ou
receptor MF/HF-DSC (scanning watch) com NBDP, caso não
possua INMARSAT MES (MES – "Mobile Earth Station"); e
INMARSAT MES ou receptor MF/HF-DSC ("scanning watch")
com NBDP;
4 Os equipamentos previstos para a Área 3 mais os seguintes
equipamentos:
Transceptor de MF/HF-DSC ;
NBDP; e
Receptor de varredura da MF/HF-DSC.
IMPLANTAÇÃO DO GMDSS NO BRASIL
A IMO ("INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION") é o organismo responsável
pela coleta e disseminação das informações sobre os recursos de GMDSS que os
países possuem e isto é divulgado através de uma circular intitulada "GMDSS
MASTER PLAN", sendo cada país independente para indicar os recursos de que irá
dispor.
Para a implantação do GMDSS, tendo em vista convênios internacionais assumidos
na época pelo Ministério das Relações Exteriores junto à IMO, foram criados, em 1989,
dois grupos de trabalho (GT), ambos sob a coordenação da DPC. O primeiro, com
representantes do ComOpNav, da antiga DACM e da DHN, definiu as tarefas
operacionais e técnicas a serem executadas e o segundo, com representantes da
Embratel, Petrobrás, DOCENAV e o Sindicato dos Armadores, procurou discutir com o
meio civil as propostas da MB para a implantação do GMDSS no Brasil. Como
resultado dessas reuniões, foi proposta a criação de um GT interministerial para tratar
da implantação do GMDSS no Brasil.
Tendo em vista as mudanças existentes nos ministérios envolvidos, somente em
1991 voltou-se a estudar o assunto, ficando estabelecido que a FAB implantaria o
recurso ligado ao COSPAS-SARSAT e a então EMBRATEL implantaria os seguintes
recursos: INMARSAT, SAFETYNET, NAVTEX, HF-DSC e VHF-DSC.
Com a privatização da EMBRATEL, em abril de 1998, foi criado um novo grupo de
trabalho com representantes da Marinha do Brasil e da Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL), a fim de estabelecer quais os recursos do GMDSS que
seriam disponibilizados pelo Brasil dentro de sua área de responsabilidade que seriam
assumidas pela concessionária autorizada, no processo de privatização da
EMBRATEL.
Através de documento formal em julho de 1998, o Conselho da ANATEL estabeleceu
a responsabilidade que a concessionária terá, ressaltando as seguintes tarefas e
serviços ligados ao GMDSS:
- Disseminação de Informações de Segurança Marítima (MSI) através do
INMARSAT (SAFETYNET) pela estação de Tanguá e por Radioteleimpressão, por
Impressão Direta (NBDP) pelas estações do Rio de Janeiro, Recife e Manaus;
- Execução do Serviço Móvel Marítimo HF-DSC através das estações do Rio de
Janeiro, Recife e Manaus;
- Manutenção do tráfego terra-bordo-terra no canal 16 do Serviço Móvel Marítimo
(SMM) até 1º de fevereiro de 2005.
- Manutenção do tráfego terra-bordo-terra em HF pelas estações do Rio de Janeiro,
Recife e Manaus.
A concepção do sistema GMDSS considerou a divisão dos oceanos em áreas
geográficas, alocando a cada uma delas um país responsável por preservar a
segurança de bens e vidas humanas na região. Ao Brasil foi alocada a área geográfica
denominada NAVAREA V, estendida, pelo Termo de Autorização firmado entre a
ANATEL e a Embratel, à área Amazônica.
O PROJETO GMDSS BRASILEIRO desenvolvido pela Embratel assumiu como
premissas os seguintes pontos:
 Não é objeto desse projeto a implantação de sistemas DSC com cobertura nas
áreas A1 e A2, ou seja, nas faixas correspondentes a VHF e MF; é objeto do
projeto somente a área A3 (HF);
 A Embratel manterá escuta permanente no canal 16, em VHF (até 2005),
conforme já realiza atualmente, e responderá a qualquer solicitação de "socorro"
que lhe for dirigida, encaminhando-a ao SALVAMAR BRASIL para as devidas
providências. Esta operação utiliza como plataforma todas as estações
telecomandadas da RENEC, em VHF, espalhadas pelo território brasileiro , e o
atendimento se dará pelo CENTRO DE OPERAÇÕES da RENEC no Rio de
Janeiro (Guaratiba). Após 2005, deverá ser mantida escuta no canal 16. Tal
decisão encontra-se em estudo na IMO;
 A Embratel também manterá escuta permanente nas suas estações
telecomandadas de HF nas faixas de freqüências regulamentares (4.125,0 kHz,
8.255,0 kHz, 12.290,0 kHz, 16.420,0 kHz e 22.060,0 kHz para escuta ou
recepção, e 4.125,0 kHz, 13.137,0 kHz, 17.302,0 kHz e 22.756,0 kHz para
transmissão);
 A resposta a um chamado DSC, para o "pós-distress" será feita em voz, em
freqüências simplex próprias e será realizada pela MB remotamente,
empregando-se recursos da Embratel instalados em suas Estações do Rio,
Recife e Manaus. As freqüências disponibilizadas são: 4.125,0 kHz, 6.215,0 kHz,
8.291,0 kHz, 12.290,0 kHz e 16.420,0 kHz;e
 Não serão disponibilizados equipamentos NAVTEX para transmissão de
mensagens MSI em MF ou HF.

GLOSSÁRIO DE SIGLAS
SIGLAS DESCRIÇÃO EM INGLÊS/PORTUGUÊS
IMCO INTERNATIONAL MARITIMR CONSULTIVE ORGANIZATION
IMO INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION
UIT INTERNATIONAL TELECOMUNICATION UNION
SAR SEARCH AND RESCUE
SRR SEARCH AND RESCUE REGIONS
SART TRANSPONDER RADAR DE BUSCA E SALVAMENTO
SOLAS SAFETY OF LIFE AT SEA
GMDSS GLOBAL MARITIME DISTRESS SAFETY SYSTEMS
MSI MARITIME SAFETY INFORMATIONS
DSC DIGITAL SELETIVE CALLING
INMARSAT INTERNATIONAL MARITIME SATELITE
KBPS KYLO BITE PER SECOND
COSPAS SATÉLITE RUSSO USADO NOS SITEMAS COSPAS-SARSAT
SARSAT SATÉLITE AMERICANO USADO NOS SISTEMAS COSPAS-SARSAT
EPIRB EMERGENCY POSITION INDICATING RÁDIO BEACON
NAVTEX SISTEMA RÁDIO-TRANSMISSOR-RECEPTOR DA MSI ATÉ 400 MILHAS
KHz KILO HERTZ (1000 Hz)
NAVAREA NAVIGATIONAL ÁREA
SAFETY NET SISTEMA TRANSMISSOR VIA INMARSAT DA MSI
GHz GIGA HERTZ (1.000,000,000 Hz)
EGC ENHANCE GROUP CALL
MÊS MOBILE EARTTH STATION
NBDP NARRAW BAND DIRECT PRINTING
SISCOM COMMUNICATION SYSTEM

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