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Impresso por Thaise Costa, CPF 612.032.163-27 para uso pessoal e privado.

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autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 07/05/2022 13:05:12

Medicina – Julyanna Neiva

Espirometria
✓ Suspeita de obstrução de vias aéreas
superiores
✓ Avaliação da disfunção e
incapacidade

Fundamentos fisiológicos do teste

A manobra expiratória forçada desencadeia


um aumento pronunciado das pressões
alveolares, que tendem a expulsar o ar, e
Os testes de função pulmonar são instrumentos também da pressão pleural, que, envolvendo
propedêuticos auxiliares no diagnostico as vias aéreas, tende a fechá-las.
sindrômico de uma miríade de condições que
podem comprometer o desempenho Os dois processos praticamente se cancelam
em determinado segmento das vias aéreas
funcional das vias aéreas, do parênquima
pulmonar e da caixa torácica. (ponto de igual pressão – PIP); assim, a pressão
que sobra para eliminar o ar é a pressão de
Entretanto, raramente o resultado de um teste recuo elástico dos pulmões
de função é específico para indicar, sem o
concurso de outras modalidades de
investigação, um diagnostico específico.

A espirometria é o teste funcional mais utilizado


na prática clínica e se propõe a avaliar as
condições mecânica dinâmicas do aparelho
respiratório, podendo ser realizada por meio de
manobras respiratórias forçadas ou lentas.

Indicações:

✓ Paciente com doença pulmonar ou das


vias aéreas altas, seja suspeita ou já
diagnosticada, que curse com possível
obstrução ao fluxo aéreo
✓ Avaliação longitudinal de doenças Em contraste, na manobra expiratória lenta
pulmonares obstrutivas ou restritivas não há compressão das vias aéreas e os fluxos
✓ Pct com qualquer doença pulmonar são altamente variáveis.
estabelecida, com o objetivo de
Em compensação, todo o ar previamente
quantificar a perda funcional
inspirado consegue se exalado, fornecendo
✓ Investigação precoce da dispneia de
valores mais acurados de capacidade vital
origem indefinida após o exame clínico
(CV) e suas subdivisões.
✓ Avaliação pré-operatória,
especialmente na cirurgia torácica com
ressecção ou na cirurgia abdominal alta

S3 – 2020.2
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Medicina – Julyanna Neiva


Realização do teste O indivíduo respira até a CPT e, rapidamente
(não pode demorar mais de 3 segundos em
Atualmente, a maioria dos sistemas emprega
apneuse), realiza uma expiração de início
medidores de fluxo aéreo (pneumotacógrafos).
explosivo e progressão constante.
A calibração dos pneumotacógrafos é de
O técnico o estimula com vigor até que se
fundamental importância; com esse intuito,
obtenha um platô na curva volume x tempo.
utilizam-se seringas especificas de 3L, com
Uma duração mínima de 6 segundos é
geração de diferentes taxas de fluxo (injeções
necessária.
e aspirações em velocidades de 1 a 6 seg).
Devem ser obtidos pelo menos 3 manobras que
Antes do teste, o técnico deve explicar e
preencham os critérios de aceitabilidade e
mimetizar a manobra a ser realizada.
duas que sejam reprodutíveis.
Como o tempo é um fator crucial na
Uma manobra aceitável tem um volume
espirometria, é necessário que o início da
retroextrapolado menor que 150 ml ou 5% da
expiração seja bem definido.
CVF (o que for maior).
O erro mais comum é a hesitação no início da
Além disso, deve ter o pico de fluxo expirado
expiração, ou seja, o começo da expiração
comparado ao maior pico de fluxo das
realmente forçada ocorre algum tempo depois
manobras prévias. Variações maiores que 10%
do início do registro do tempo.
ou 500 mL (o que for maior), tornam a curva
Para corrigir esse erro potencial, pode-se inaceitável.
utilizar, até certo ponto, a técnica da
extrapolação retrógrada.

Diversos critérios de aceitabilidade e


reprodutibilidade das curvas devem ser
observados, assim como algumas regras para
a seleção dos valores a serem reportados. Principais variáveis

A capacidade pulmonar total (CPT) é a


quantidade de ar nos pulmões após uma
inspiração máxima.

A quantidade que permanece nos pulmões


após a exalação máxima é o volume residual
(VR).
A CPT e o VR não podem ser medidos na
espirometria.
O volume eliminado em manobra expiratória
forçada desde a CPT até o VR é a capacidade
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vital forçada (CVF); a capacidade vital pode O FEF25-75% é altamente dependente do volume
também ser medida lentamente (CV), durante pulmonar em um indivíduo normal: uma CVF
expiração partindo da CPT ou durante a reduzida, por exemplo, pode reduzir o FEF25-75%.
inspiração, a partir do VR.
Critérios para uma espirometria de boa
O volume expiratório forçado no primeiro qualidade
segundo (VEF1) é a quantidade de ar eliminada
Pelo menos três testes aceitáveis:
no primeiro segundo da manobra expiratória
forçada que corresponde geralmente a mais ✓ Inspiração máxima antes do início do
de 70% da CVF. teste
✓ Início satisfatório da expiração
A relação VEF1/CVP é de cerca de 0,7 a 0,8,
✓ Evidência de esforço máximo
embora se reduza com a idade.
✓ Volume retroextrapolado < 5% da CVF
O pico de fluxo expiratório (PFE) também ou 150ml (o que for maior)
ocorre logo após o início da expiração, ✓ Diferença entre os três maiores valores
quando o volume pulmonar é maior e a ação do PFE < 10%
dos músculos expiratórios é mais evidente. ✓ Expiração sem hesitação

Particularmente útil para aferir o grau de Duração satisfatória do teste:


esforço entre diferentes manobras
✓ Em geral < 6 segundos
(reprodutibilidade)
✓ Pelo menos 10 segundos na presença de
Os resultados espirométricos devem ser obstrução, idealmente 15 segundos.
expressos em gráficos de volume-tempo e
Término:
fluxo-volume.
✓ Platô no último segundo
✓ Desconforto acentuado ou risco de
síncope
Artefatos ausentes:

✓ Tosse no primeiro segundo


✓ Vazamento
✓ Obstrução da peça bucal
✓ Ruído glótico

Resultados reprodutíveis:

A curva fluxo-volume mostra que o fluxo é ✓ CVF e VEF1: os dois maiores valores
devem diferir < 150ml
máximo logo no início da expiração, próximo à
CPT, havendo redução dos fluxos à medida ✓ Se estes critérios não são preenchidos
após oito tentativas, interrompa o
que o volume pulmonar se aproxima do VR.
exame e siga com a interpretação
Outra forma de avaliar a rapidez do fluxo usando os três melhores testes
expiratório é pela inclinação da fase que se
Seleção das curvas para interpretação:
situa aproximadamente no meio do
espirograma. ✓ Qualidade aceitável
✓ Maior CVF
Com esse intuito, pode-se utilizar o fluxo
expiratório forçado (FEF) entre 25 e 75% da CVF ✓ Maior VEF1 das curvas com pico de fluxo
expiratórios aceitáveis
(FEF 25-75%).

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✓ Fluxos instantâneos da curva maior Obstrução pura: sem restrição associada
soma de CVF e VEF1, obedecendo o (queda da CVF); volume residual normal;
critério anterior aumento proporcional do VR e da CPT
FEF25-75% < 60% do previsto for o único alterado:
se suspeita clínica elevada
Distúrbio ventilatório restritivo:

Redução dos volumes pulmonares: CV e CVF.


Definição pela redução da CPT.

• VEF1/CVF normal ou elevada


• Geralmente com aumento do FEF25-75%
• Diagnóstico probabilístico: chance
maior quando a redução da CVF for
maior que 50%

Interpretação da Espirometria Ex.: Fibrose pulmonar idiopática e asma

Classicamente, os distúrbios ventilatórios


podem ser classificados como:
› Distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO)
› Distúrbio ventilatório restritivo (DVR)
› Distúrbio ventilatório misto (DVM)

Espirometria normal:
A CVF, o VEF1, a relação VEF1/VF(F), o FEF25-75% e
o TFEF 25-75% estão acima do limite inferior de
referência, com morfologia inalterada de alça
fluxo/volume.

Reduções discretas do FEF25-75%, na ausência de


antecedentes tabágicos e clínicos-
radiológicos, não devem ser valorizadas. Broncodilatação
Distúrbio ventilatório obstrutivo:

Presente nas condições em que há redução


farmacológica
do fluxo aéreo expiratório, pelo aumento da Envolve a repetição das manobras
resistência nas vias aéreas e/ou pela perda do espirométricas 15 a 20 minutos após a
recuo elástico. administração de 400mcg de salbutamol via
Caracteriza-se por: inalador dosimetado conectado a uma
câmara de grande volume.
• ↓ da relação VEF 1/CV(F)
• ↓ VEF1 Uma resposta positiva do broncodilatador
• Aspecto “escavado” da alça caracteriza-se pelo aumento do fluxo (VEF1)
respiratória ajuda a corroborar o e/ou dos volumes aéreos acima do VR ou da
diagnóstico CRF, isto é, menor hiperinsuflação.

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Medicina – Julyanna Neiva


A interpretação do teste depende do histórico aéreo, embora muitos determinantes dos
clínico, probabilidade pré-teste e da presença volumes pulmonares tenham origens
ou não de DVO na espirometria basal. dinâmicas.
• Pletismografia; CPT; VR; CRF; Raw; Gaw;
DLCO

O que os principais parâmetros


nos informam?
O que a CVF nos diz? A capacidade vital
forçada nos dá uma estimativa do volume
pulmonar. Não é um dado fidedigno, pois não
temos como mensurar o VR durante a
espirometria.

O que a relação VEF1/CVF nos diz? Indica se há


ou não obstrução ao fluxo de ar.

O que o VEF1 nos diz? Se há atraso na liberação


Broncoprovocação do ar durante a expiração.
Ex.: pacientes com DPOC tem tempo de
farmacológica expiração prolongado pelo aprisionamento d
ar, por isso no primeiro segundo eliminam um
Envolve a repetição seriada das manobras volume inferior ao normal.
espirométricas forçadas após a inalação de
doses progressivamente mais concentradas de Auxilia na classificação da gravidade.
substâncias sabidamente broncoconstritoras
O que a prova broncodilatadora nos traz de
(histamina, metacolina ou carbacol).
informação? Nos ajuda a verificar a ocorrência
A principal variável é a PD20VEF, ou seja, a ou não de hiperatividade brônquica.
menor concentração da substância capaz de
promover um descenso do VEF 1 igual ou
superior a 20% em relação ao valor basal.
Referências:
Útil na investigação de:
• Anotações da aula
• Asma com espirometria normal • Material disponibilizado pelo professor
• Tosse crônica • AZAMBUJA, Renato de Lima; LOPES,
• Dispneia de origem indeterminada Agnaldo José. Orientações para os testes de
função pulmonar: espirometria. Pulmão Rj,
Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 5-10, 2018.
Medidas dos volumes pulmonares • SALAME, Flavia. Espirometria. Slide-Share,
estáticos 2013. 43 slides, color.

Os volumes estáticos ou absolutos representam


os diferentes compartimentos volumétricos
pulmonares.
São estabelecidos por manobras que
prescindem das condições vigentes do fluxo
S3 – 2020.2

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