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Entretanto, a divulgação de tais ideias era proibida nos territórios espanhóis, assim como a
venda de livros relacionados ou a posse não autorizada deles.[5] A Espanha instituiu esses
banimentos quando declarou guerra contra a França depois da execução de Luís em 1793
e os manteve após a assinatura do tratado de paz em 1796.[1] As notícias dos eventos de
1789 e cópias das publicações da Revolução Francesa espalharam-se pela Espanha
apesar dos esforços para mantê-los banidos.[5][6] Muitos dos crioulos iluministas entraram
em contato durante seus estudos universitários com autores liberais e suas obras, tanto na
Europa quanto na Universidade de Chuquisaca, atual Sucre na Bolívia.[7] Livros norte-
americanos também conseguiram chegar às colônias espanholas por meio de Caracas,
devido à proximidade do Vice-Reino de Nova Granada com as Índias Ocidentais e
os Estados Unidos.[8]
A Revolução Industrial havia começado na Grã-Bretanha com o uso de canais, trilhos e
força a vapor. Isso levou a um aumento enorme das capacidades produtivas do país[9] e
criou a necessidade do estabelecimento de novos mercados para vender os produtos.
[10]
As Guerras Napoleônicas contra a França do imperador Napoleão Bonaparte tornaram
isso difícil após o estabelecimento em 1806 do Bloqueio Continental, que proibia os
aliados franceses de negociarem com o Reino Unido. Os britânicos dessa forma
precisavam negociar com as colônias espanholas, porém não podiam fazer isso pois elas
só tinham permissão de realizar negócios com sua metrópole.[11] O Reino Unido tentou
invadir o Vice-Reino do Rio da Prata e conquistar cidades importantes a fim de alcançar
seus objetivos econômicos.[12] Quanto isto falhou, eles escolheram promover as aspirações
hispano-americanas de independência.[11][13]
O Motim de Aranjuez em 1808 fez o rei Carlos IV da Espanha a abdicar do trono em favor
de seu filho mais velho, que tornou-se o rei Fernando VII.[14] Carlos pediu para que
Napoleão o ajudasse a reconquistar a coroa; em vez disso, o imperador francês também
forçou a abdicação de Fernando e passou o trono para seu próprio irmão, José Bonaparte.
[14][15]
Esses eventos ficaram conhecidos como as Abdicações de Baiona. A coroação de
José enfrentou grandes resistências na Espanha, iniciando a Guerra Peninsular, enquanto
a Junta Suprema Central assumiu o governo em nome de Fernando.[16] Isto fez com que a
aliança da Espanha mudasse da França para o Reino Unido.[10] Os franceses acabaram
invadindo Sevilha e conquistando a Andaluzia, substituindo a Junta Suprema Central
recuada em Cádis pelo Conselho de Regência da Espanha e das Índias.[17]
Nacionais
A Espanha proibia suas colônias americanas de negociarem com outras nações ou
colônias estrangeiras, impondo-se como a única compradora e vendedora para o comércio
internacional.[18] A situação prejudicou os vice-reinos da América espanhola já que a
economia da metrópole não era poderosa o suficiente para produzir as enormes
quantidades de produtos que as numerosas colônias necessitavam. Isto causou escassez
e recessão econômica.[18][19] As rotas de comércio espanholas favoreciam os portos do Vice-
Reino da Nova Espanha e de Cidade dos Reis no Vice-Reino do Peru em detrimento de
Buenos Aires no Rio da Prata.[20] Como resultado, a cidade contrabandeava produtos que
não poderiam ser obtidos legalmente.[21] As autoridades locais permitiam esse contrabando
por o considerarem um mal menor, mesmo sendo ilegal e ocasionalmente com um volume
igual ao comércio tradicional com a Espanha.[22] Duas facções antagonistas surgiram:
donos de terras que desejavam comércio livre para que assim pudessem vender seus
produtos para o exterior, e mercadores que se beneficiavam dos preços altos das
importações contrabandeadas e dessa forma opunham-se ao comércio livre pois isto
diminuiria os valores das mercadorias.[23]
A monarquia espanhola nomeava seus próprios candidatos para a maioria dos cargos
políticos nos vice-reinos, geralmente favorecendo espanhóis da Europa.[24] Os nomeados
na maioria das vezes tinham pouco conhecimento ou interesse nas questões locais das
colônias. A rivalidade consequentemente cresceu entre os crioulos e os peninsulares,
aqueles nascidos na Espanha. A maior parte dos crioulos achavam que os peninsulares
tinham vantagens não merecidas e recebiam tratamento preferencial na política e pela
sociedade.[18] O baixo clero tinha sentimentos similares sobre os altos escalões da
hierarquia eclesiástica.[22] Os eventos desenvolveram-se em um ritmo muito mais lento do
que na independência dos Estados Unidos. Isso se deu em parte porque o clero controlava
todo o sistema educacional da América espanhola, fazendo com que a população tivesse
o mesmo pensamento conservador e seguisse os mesmos costumes da Espanha.[25]
Ilustração da invasão inglesa de Buenos Aires por Madrid Martínez em 1807.