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● Fichamento dos capítulos I e II do livro “A Filosofia do Iluminismo”

1. O pensamento da era do iluminismo:

No prelúdio da obra, em seu prefácio, o autor apresenta o iluminismo como uma filosofia em
movimento e com autonomia. Cassirer volta a trazer essa afirmação contextualizando que,
essa ideia entra em vigor no século XVIII, em que se pretendia rejeitar o método de
“dedução” e o modo sistemático de se conceber a verdade presente no século XVII. A partir
do século XVIII, pretende-se buscar uma verdade com mais amplitude e liberdade, desse
modo, a filosofia do iluminismo dá espaço para a física contemporânea, caminhando para o
método de investigação newtoniana, que rejeita a dedução, mas se apega a análise. Com isso,
a observação dos fenômenos e a experiência passam a ganhar um lugar de prestígio.
Portanto, no primeiro capítulo Cassirer se atenta à nova ideia de razão que estava surgindo no
século XVIII. No seguinte trecho, o autor traz suas observações para a nova ideia de razão
que estava se concretizando:

“A razão desliga o espírito de todos os fatos simples, de todos os dados simples, de


todas as crenças baseadas no testemunho da revelação, da tradição, da autoridade; só
descansa depois que desmontou peça por peça, até seus últimos elementos e seus
últimos motivos, a crença e a “verdade pré-fabricada”. Mas, após esse trabalho
dissolvente, impõe-se de novo uma tarefa construtiva. É evidente que a razão não
pode permanecer entre esses disjecta membra; deverá construir um novo edifício,
uma verdadeira totalidade. Mas ao criar ela própria essa totalidade, ao levar as partes
a constituírem o todo segundo a regra que ela própria promulgou, a razão
assegura-se de um perfeito conhecimento da estrutura do edifício assim erigido. Ela
compreende essa estrutura porque pode reproduzir-lhe a construção em sua
totalidade e no encadeamento de seus momentos sucessivos. É mediante esse duplo
movimento intelectual que a ideia de razão se concretiza plenamente: não como a
ideia de um ser mas como a de um fazer.” (p. 33).

2. Natureza e ciência da natureza na filosofia do iluminismo:


No segundo capítulo de sua obra, Cassirer irá ressaltar que, a nova ideia de verdade proposta
pela filosofia do iluminismo irá entrar em conflito com a Igreja, pois a filosofia está propondo
uma ideia de verdade que é revelada através da ciências exatas, ou seja, não mais por meio
das escrituras sagradas. Dessa forma, a ciência está se distanciando do vínculo que existia
entre as ciências da natureza e Deus. Com isso, a ciência passa a utilizar a física e abandona
os métodos de dedução e passa a adotar a indução como novo método:

“Aquele que não se contenta com esse mundo visível, que indaga as causas
invisíveis dos efeitos visíveis, não age mais sabiamente, segundo Diderot, do
que um camponês que atribuísse o movimento do seu relógio, cujo
mecanismo não entende, a um ser espiritual escondido em seu interior.”(p.
101)

Cassirer faz críticas ao pensamento teológico, afirmando que esse pensamento seria a razão
para o atraso do homem:

“Foi o espiritualismo teológico que impediu até o presente toda a organização


verdadeiramente autônoma do sistema político e social. É o freio que retardou a
cada passo o desenvolvimento das ciências. “Inimiga jurada da experiência, a
teologia, ciência do sobrenatural, foi um obstáculo invencível ao progresso das
ciências que com ela quase constantemente colidiram seu caminho.” (p. 105)

Além disso, Cassirer ressalta neste capítulo o valor da medicina e os estudos do corpo
humano, que foram muito importantes para a época.

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