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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

COMPETIÇÃO DE PONTES DE ESPAGUETE


RELATÓRIO DE PROJETO E EXECUÇÃO

Acadêmicos: Alisson Moraes de Oliveira,


Marcos Vinicius Lucatelli Michelon e
Tiago de Oliveira da Trindade

Passo Fundo, junho de 2022


1. INTRODUÇÃO

No semestre 2022/1, o curso de Engenharia Civil da Universidade de Passo Fundo


realizou a Competição de Ponte de Espaguete 2022, a qual foi proposta que fosse
projetada uma ponte treliçada de espaguete que atendesse os seguintes requisitos: vencer
um vão livre de 1 metro suportando uma carga de 31,4kgf no meio do vão e que a treliça
possuísse banzos paralelos. A equipe vencedora seria aquela que atendesse os requisitos
com o menor peso possível.

A partir da proposta da competição, a equipe analisou concepções e cálculos de


diferentes treliças propostas, e a partir do modelo julgado como mais adequado, realizou
a montagem da estrutura. O presente relatório visa apresentar todos os passos realizados,
desde a comparação de diferentes modelos até os cálculos e projetos finais.

2. CÁLCULO E DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA

Para a definição da geometria da treliça a ser utilizada foram elaboradas 3 soluções


diferentes, utilizando o software Ftool para a obtenção dos esforços axiais em cada barra,
supondo uma treliça com nós rotulados. A partir dos esforços axiais foi feito o cálculo
para a obtenção do número de fios em cada barra utilizando uma planilha elaborada em
Excel.

As fórmulas utilizadas para o dimensionamento do número de fios por barra são


distintas para as barras tracionadas e barras comprimidas.

• Equação para barras tracionadas (N+)

𝑁
𝑛º 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑜𝑠 =
4,267

Onde:

o N = esforço axial positivo (tração), sendo o valor em kgf;

O dimensionamento para barras tracionadas depende apenas do valor suportado


por um fio, que é igual a 4,267kgf
• Equação para barras comprimidas (N-)

𝑛º 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑜𝑠 = 0,234 × 𝐿 × √𝑁

Onde:

o N = esforço axial negativo (compressão), sendo o valor em kgf;


o L = comprimento da barra, sendo o valor em cm.

O dimensionamento das barras comprimidas depende, majoritariamente, do seu


comprimento, visto que quanto maior o comprimento maior a tensão de flambagem
atuante no espaguete.

Após obter o número de fios no cálculo, foi calculado a massa de uma face da
estrutura, sendo que o peso do espaguete é igual a 0,04g/cm. Para cada nó foi estimado
uma massa aproximada de 10g/nó, visto que o material utilizado tem uma massa que não
pode ser desprezada. Para obter o peso das 2 faces foi multiplicado por 2.

Uma consideração feita pelo grupo foi de que o número mínimo de fios por barra
adotado seria de 5 fios. Assim, caso o valor de cálculo fosse inferior a 5 fios, prevaleceria
o número mínimo.

Abaixo segue o detalhamento, cálculo e considerações feitos para cada geometria


de treliça até chegarmos na solução utilizada na competição

2.1. SOLUÇÃO 1

Figura 1 – Solução 1
A primeira concepção utilizada era de uma treliça de 1,10 metros de comprimento,
com 20 centímetros de altura e 8 centímetros de largura. Esta solução foi pensada como
inicial para ter uma base de esforços que seriam obtidos para buscar possíveis melhorias
em soluções futuras.

Analisando esta estrutura, notou-se comprimentos de barras, nos banzos e nas


diagonais, maiores do que o comprimento original dos espaguetes, que ficavam entre 24
e 27 centímetros. Sendo assim, em algumas barras seria necessário fazer emendas entre
espaguetes, o que buscava-se evitar pelo grupo, pois as emendas, se mal executadas,
poderiam ser pontos de falha adicional devido a descontinuidade das barras.

Outro ponto observado seria que nas barras 1, 5, 10 e 13 não existiriam esforços.
Assim, caso em soluções futuras se observasse este mesmo resultado, estas barras
poderiam ser retiradas, diminuindo o peso próprio final da estrutura.

Tabela 1 – Dimensionamento da solução 1

Comprimento Esforços (kgf) Nº de Fios Nº de fios Comprimento


Barra
(cm) Tração Compressão Tração Compressão adotado (cm)
1 20,0 0 0 0 0 5 100,0
2 20,0 7,85 0 2 0 5 100,0
3 20,0 15,7 0 4 0 5 100,0
4 20,0 7,85 0 2 0 5 100,0
5 20,0 0 0 0 0 5 100,0
6 27,5 10,794 0 3 0 5 137,5
7 27,5 21,587 0 6 0 6 165,0
8 27,5 21,587 0 6 0 6 165,0
9 27,5 10,794 0 3 0 5 137,5
10 27,5 0 0 0 0 5 137,5
11 27,5 0 -10,794 0 22 22 605,0
12 27,5 0 -10,794 0 22 22 605,0
13 27,5 0 0 0 0 5 137,5
14 34,0 0 -13,346 0 30 30 1020,1
15 34,0 0 -13,346 0 30 30 1020,1
16 34,0 0 -13,346 0 30 30 1020,1
17 34,0 0 -13,346 0 30 30 1020,1

Tabela 2 – Peso total calculado da solução 1

Comprimento total das 2 faces (cm) 13341


Peso barras longitudinais (g) 533,64
Nº de nós 20
Peso dos nós (10g cada) 200
Peso total (g) 733,64
2.2. SOLUÇÃO 2

Figura 2 – Solução 2

A partir das observações da solução 1, para a solução 2 foi proposta a redução da


altura de 20 centímetros para 15 centímetros, a alteração do comprimento de 1,10 metros
para 1,20 metros e o aumento do número de montantes. Estas propostas foram feitas
visando a eliminação das emendas em uma mesma barra e buscando obter valores exatos
de comprimento de barras para facilitar o corte e montagem da estrutura.

Assim como na solução 1, notou-se que as barras 1, 7, 14 e 19 não possuíam


esforços axiais de tração e nem de compressão, sendo este um ponto de melhoria para
próximas soluções.

Nesta solução foram eliminados pontos de emenda em uma mesma barra, foram
obtidos valores de comprimento exatos, tanto nos banzos (20cm), como nos montantes
(15cm) e nas diagonais (25cm).

Tabela 3 - Dimensionamento da solução 2

Comprimento Esforços (kgf) Nº de Fios Nº de fios Comprimento


Barra
(cm) Tração Compressão Tração Compressão adotado (cm)
1 15 0 0 0 0 5 75,00
2 15 7,85 0 2 0 5 75,00
3 15 7,85 0 2 0 5 75,00
4 15 15,7 0 4 0 5 75,00
5 15 7,85 0 2 0 5 75,00
6 15 7,85 0 2 0 5 75,00
7 15 0 0 0 0 5 75,00
8 20 10,467 0 3 0 5 100,00
9 20 20,933 0 5 0 5 100,00
10 20 31,4 0 8 0 8 160,00
11 20 31,4 0 8 0 8 160,00
12 20 20,933 0 5 0 5 100,00
13 20 10,467 0 3 0 5 100,00
14 20 0 0 0 0 5 100,00
15 20 0 -10,467 0 16 16 320,00
16 20 0 -20,933 0 22 22 440,00
17 20 0 -20,933 0 22 22 440,00
18 20 0 -10,467 0 16 16 320,00
19 20 0 0 0 0 5 100,00
20 25 0 -13,083 0 22 22 550,00
21 25 0 -13,083 0 22 22 550,00
22 25 0 -13,083 0 22 22 550,00
23 25 0 -13,083 0 22 22 550,00
24 25 0 -13,083 0 22 22 550,00
25 25 0 -13,083 0 22 22 550,00

Tabela 4 – Peso total calculado da solução 2

Comprimento total das 2 faces (cm) 12530


Peso barras longitudinais (g) 501,2
Nº de nós 28
Peso dos nós (10g cada) 280
Peso total (g) 781,2

Mesmo com o peso total da solução 2 sendo superior ao da solução 1, preferiu-se


manter a solução 2 como mais adequada devido ao fato de eliminar possíveis pontos de
falha que poderiam ocorrer nas emendas devido à descontinuidade de uma mesma barra.

2.3. SOLUÇÃO 3

Figura 3 – Solução 3

A partir da observação de que existiam barras sem esforço axial, tanto na solução
1, como na solução 2, as modificações da solução 2 para a 3 foram a remoção das barras
1, 7, 14 e 19 para a solução 3. A última melhoria feita foi no sentido das diagonais,
preferindo mantê-las em uma disposição em que apenas esforços de tração seriam
atuantes sobre elas, visto que o dimensionamento de barras submetidos à esforços de
compressão resultavam em um número de fios consideravelmente elevado quando
comparadas as barras sob esforços de tração.
Mesmo observando que as barras 1, 3 e 5 não possuíam esforços axiais, foi
escolhido mantê-las na concepção utilizando o número de barras mínimo, do que removê-
las, visto que haveria uma redistribuição dos esforços nas demais barras, podendo resultar
em um número maior de fios do que se fosse mantido as barras 1, 3 e 5 com um número
mínimo de fios.

Sendo assim, a solução 3 foi considerada como a geometricamente mais adequada


para atender os objetivos da competição. Tanto o comprimento de 1,20 metros, a altura
de 15 centímetros e a largura de 8 centímetros foram mantidos, visando a eliminação de
emendas e a uniformidade do comprimento das barras.

Tabela 5 – Dimensionamento da solução 3

Comprimento Esforços (kgf) Nº de Fios Nº de fios Comprimento


Barra
(cm) Tração Compressão Tração Compressão adotado (cm)
1 15 0 0 0 0 5 75,00
2 15 0 -7,85 0 10 10 150,00
3 15 0 0 0 0 5 75,00
4 15 0 -7,85 0 10 10 150,00
5 15 0 0 0 0 5 75,00
6 20 10,467 0 3 0 5 100,00
7 20 10,467 0 3 0 5 100,00
8 20 20,933 0 5 0 5 100,00
9 20 20,933 0 5 0 5 100,00
10 20 10,467 0 3 0 5 100,00
11 20 10,467 0 3 0 5 100,00
12 20 0 -20,933 0 22 22 440,00
13 20 0 -31,4 0 27 27 540,00
14 20 0 -31,4 0 27 27 540,00
15 20 0 -20,933 0 22 22 440,00
16 25 0 -13,083 0 22 22 550,00
17 25 13,083 0 4 0 5 125,00
18 25 13,083 0 4 0 5 125,00
19 25 13,083 0 4 0 5 125,00
20 25 13,083 0 4 0 5 125,00
21 25 0 -13,083 0 22 22 550,00

Tabela 6 – Peso total calculado da solução 3

Comprimento total das 2 faces (cm) 9370


Peso barras longitudinais (g) 374,8
Nº de nós 24
Peso dos nós (10g cada) 240
Peso total (g) 614,8
Assim, tanto geometricamente como em seu peso total calculado, a solução 3 se
mostrou a mais adequada. Sendo assim esta foi a solução adotada para a competição,
resultando em um peso total calculado de 614,8g.

Foi dispensado dimensionamento para o travamento transversal entre as duas


faces, sendo adotado o número de fios igual ao número de fios calculado para a barra
naquele ponto.

Figura 4 - Vista isométrica da solução 3

3. CONCLUSÃO

Após a realização do dimensionamento, partiu-se para a montagem da estrutura,


sendo esta parte tão desafiadora como a parte da concepção e dimensionamento, pois
reproduzir exatamente o que foi projetado se mostrou de difícil execução, devido a
retrabalhos de corte nos pontos dos nós, e ao posicionamento adequado das barras. Outras
questões como umidade e manuseio também foram obstáculos consideráveis.

A participação foi de grande valia e aprendizado, visto que conciliar a parte de


cálculo e projeto com a parte prática nos proporcionou uma visão sistêmica mais sensível,
sendo que considerações adotadas em projeto afetam diretamente a parte prática e
construtiva, independente da área em que se está inserido.

Figura 5 – Ponte de espaguete treliçada após a montagem

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