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MOBILIDADE URBANA CARACTERÍSTICAS, CONFLITOS

E INTEGRAÇÕES NAS CIDADES PORTO DA REGIAO


NORTE DO BRASIL

ABSTRACT

This article presents what’s port city is and shows its features, dynamic, conflicts and integration. They activities
are linked to export and import and which harbor ports in the middle of the urban area. Also are historically
sustained when both city and port keep growing and developing together and fostering its interdependence
through the creation of identities and cultural aspects that resemble its common trajectory. The ports can be
used to receive and dispatch many kinds of products inside the categories: solid bulk (without packaging), liquid
or gaseous bulk, containerized cargo (containers), and cargo in general. They can be accessed by sea, river and
roads.
KEY WORDS: Port city; Features; Conflicts.

RESUMO

Este artigo apresenta o que é cidade portuária e mostra suas características, dinâmicas, conflitos e integração.
Suas atividades estão ligadas à exportação e importação e abrigam portos em meio à área urbana. Também se
sustentam historicamente quando cidade e porto vão crescendo e se desenvolvendo juntos e fomentando sua
interdependência por meio da criação de identidades e aspectos culturais que se aproximam de sua trajetória
comum. Os portos podem ser utilizados para receber e despachar diversos tipos de produtos dentro das
categorias: granéis sólidos (sem embalagem), granéis líquidos ou gasosos, cargas conteinerizadas
(contêineres) e cargas em geral. Eles podem ser acessados por mar, rio e estradas.

PALAVRAS-CHAVE: Cidade portuária; Características; Conflitos.


1. INTRODUÇÃO

que é responsável pela maioria dos fluxos de bens


materiais entre os continentes, associando-se
também a outros tipos de modais onde os projetos
de infraestrutura modicaram as caraterísticas
urbanas e paisagista das cidades portuárias. Entre
os 10 maiores portos do mundo, 9 são asiáticos,
entre os 20 maiores. Na América Latina Santos
continua sendo o mais importante, símbolo de uma
continuidade histórica que se estende também no
desenvolvimento socio territorial.

A gestão territorial, em termos de estradas,


Figura 1 – Porto de Santos antes de 1892. autoestradas, linhas ferroviárias, hidrovias, centros
de armazenamento intermédio e zonas logísticas
As Cidades-Porto do século 21 personificam dispostas em todo o território, não são neutras.
bem a mudança na economia mundial devido à Estão no centro da capacidade estratégica da
globalização, e são representadas a cada ano pelo cidade-porto de viver em simbiose com o seu
comércio mundial. Nos últimos 20 anos, sua território interior. Consoante as modalidades de
modernização permitiu reduzir o tempo de implementação, traduzem-se numa vontade de
permanência dos navios no cais e aumentar a garantir um desenvolvimento sustentável alinhado
capacidade de carga, que são cada vez mais com os desafios climáticos e energéticos.
velozes e seguros, contribuindo assim na Mecanicamente, a “supercontêinerização” do
significativa diminuição do custo do frete marítimo. transporte marítimo obriga a cidade portuária a
A modernização do transporte marítimo, bem como desancorar para garantir a fluidez essencial. As
o desenvolvimento rápido do uso do contêiner, intermináveis filas de navios em frente ao porto
impôs uma transformação radical no sistema para embarque e desembarque não são
portuário mundial que tinha se tornado o elo fraco compatíveis com as intermináveis filas de
das grandes redes logísticas. caminhões para descarregamento e
descarregamento, que são fonte de todo tipo de
desconforto. É por causa desta visão que é
A chamada “cidade portuária” prioriza, o
essencial abordar o futuro dos nossos próximos
agregamento de valor aos fluxos de cargas que
empreendimentos urbanos.
transitam pelos seus portos. Trata-se, nesse caso,
de uma leitura diferenciada do processo de
globalização que, além do crescimento das trocas Ruídos de trânsito devido a engarrafamentos,
comerciais internacionais, caracteriza-se por uma poluição ambiental, engarrafamentos diários, a lista
transformação do modo de produzir que implica a é longa mas com ela vem a ponderação de fazer
agregação de um número crescente de atividades diferente, refletindo sobre uma visão mais humana.
terciárias ao núcleo material do bem (Monié, 2003).
Paralelamente, a regionalização dos modos de A reforma portuária brasileira combinada com
consumo exige uma “contextualização cultural” da o aumento dos investimentos no sistema portuário
elaboração final ou montagem de inúmeros ilustra essa tendência: novas formas de regulação,
produtos cuja forma de consumo varia muito de descentralização e modernização das
uma região para outra. A combinação dessas infraestruturas e dos equipamentos.
características oferece, assim, oportunidades de Aparentemente, contribuíram para o aumento da
desenvolvimento às cidades-portos que apostam na eficiência das operações portuárias e para a
“mercantilização” dos fluxos pelo estabelecimento diminuição do custo dos serviços que era, até
de sinergias entre os recursos técnicos, oferecidos então, um dos mais elevados do mundo.
pelo porto e os serviços de transporte, e os
recursos terciários oferecidos pelo tecido produtivo Tradicionalmente, as cidades portuárias vivem
urbano. uma relação histórica, complexa e de
interdependência entre cidade e porto. Em alguns
Em escala global, as redes produtivas casos, os portos que perderam sua capacidade
dependem cada vez mais do transporte marítimo competitiva e contam com espaços ociosos ou
áreas degradadas têm esses espaços recuperados iv) números de viagens por dia por pessoa por
para uso urbano a partir de projetos de modo.
reconversão.
Em acordo com a Política de Mobilidade
Há outros casos, em algum momento, a função Urbana, considera a mobilidade urbana enquanto
portuária se distanciou das atividades urbanas e um instrumento de política de desenvolvimento
segue como um equipamento da cadeia logística urbano tendo como objeto a interação dos
ainda localizado no centro dinâmico urbano. O deslocamentos de pessoas e bens com a cidade
referencial de ser cidade portuária é comumente (Capítulo I, ART. 1°). Tendo como objetivo
perdido, as necessárias interações com o porto contribuir para o acesso universal à cidade, por
urbano tendem a acontecer de forma conflituosa, e meio do planejamento e gestão do sistema de
a percepção da comunidade sobre a presença do mobilidade urbana. Este sendo definido como o
porto recai sobre seus aspectos negativos – conjunto organizado e coordenado, física e
insegurança, foco de prostituição, barreira visual ao operacionalmente, dos meios, serviços e
mar, estética desagradável, dentre outras. infraestruturas, que garante os deslocamentos de
pessoas e bens na cidade (art. 3° do projeto de lei).
Segundo Jones (1981) acessibilidade pode ser
entendida como a oportunidade que um indivíduo Neste sentido, o conceito de acessibilidade
possuí para participar de uma atividade em um não está limitado apenas às pessoas que
dado local, sendo tal potencialidade disponibilizada apresentam algum tipo de limitação de movimento,
pelo sistema de transporte e pelo uso de solo. e sim, aquelas pessoas que não possuem acesso
ou apresentam restrições às infraestruturas
Assim, o Programa Brasileiro de Acessibilidade urbanas no sistema viário. (MAGALHÃES et. Al.
Urbana, acessibilidade urbana é definida como a 2013, apud VIANA, 2014).
possibilidade de alcance, percepção e
entendimento para a utilização com segurança e A Amazônia no Brasil é uma região cercado
autonomia de edificações, espaços mobiliários, de grande potencial hídrico o desenvolvimento da
equipamento urbano e elementos (Lei Federal acessibilidade e da movimentação urbana incluem
10.098/00). a implantação de políticas públicas que integrem
outros modais de mobilidade e incentivos sociais
De acordo com Vaccari e Fanini (2012), que levem moradores ao uso dos rios a fim de criar
entende-se que mobilidade urbana é um atributo um sistema com melhor qualidade de vida a todos.
associado às pessoas e atores econômicos no
meio urbano que, de diferentes formas buscam "O transporte fluvial é uma das modalidades de
atender e suprir suas necessidades de transporte mais antigas do mundo. Ela é
deslocamento para a realização das atividades caracterizada pelos deslocamentos de vários tipos
cotidianas como: trabalho, educação, saúde, lazer, de cargas e de pessoas em trechos navegáveis de
cultura etc. rios e cursos d’água de um modo geral. As vias
onde o transporte fluvial ocorre são chamadas de
Neste sentido, para Vasconcellos (2001) o hidrovias."
conceito de mobilidade urbana deve se relacionar
com o conceito mais amplo, o de acessibilidade, "O Brasil apresenta um enorme potencial para
entendida como a mobilidade para satisfazer as o transporte fluvial, tendo em vista que dispõe de
necessidades de deslocamento, ou seja, a 63 mil quilômetros de trechos navegáveis de rios,
mobilidade que permite à pessoa chegar a destinos conforme um levantamento realizado pela
desejados. O autor ainda menciona que, a palavra Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e
“mobilidade” deva considerar a oferta do sistema de divulgado no ano de 2019. Apesar disso, somente
circulação – vias e veículos, e a estrutura urbana. um terço desse potencial é efetivamente utilizado
para o transporte de cargas e de passageiros.
Já para Akinyemi (1998, apud PONTES, 2010) Tendo como foco as mercadorias e cargas de um
o conceito tradicional de mobilidade urbana é modo geral, somente 19,5 mil quilômetros servem à
aquele que se relaciona às viagens atuais ou circulação desses ben"
viagens feitas utilizando as medidas: i) número de
quilômetros por viagem por pessoa; ii) número de De acordo com o site de notícias Agência
viagens por pessoa por dia; e iii) número de Belém, a Superintendência Executiva de Mobilidade
quilômetros percorridos por pessoa e por modo; e Urbana de Belém (Semob) realizou uma viagem
experimental, em agosto de 2021, na embarcação
catamarã, que visa interligar o transporte fluvial ao Segundo Norte Filho (2010), o Estatuto da
transporte público, indo do centro de Belém até os Cidade criou uma série de instrumentos para que a
distritos de Icoaraci e Outeiro. administração da cidade pudesse buscar seu
desenvolvimento urbano, sendo principal o Plano
2. PORTOS Diretor, que é "o instrumento básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana", obrigatório
para municípios e que devem articular os outros
Os portos são o eixo principal do transporte
interesses da cidade. Desta forma, a Lei nº
cargas no Brasil. Estes se diferem dos aéreos,
10.257/2001- Estatuto da Cidade estabelece:
ferroviários e rodoviário em relação à quantidade de
carga. A sua principal função é o transporte de
bens: granéis sólidos (sem embalagem), granéis Considera-se operação urbana consorciada o
líquidos ou gasosos, cargas conteinerizada conjunto de intervenções e medidas coordenadas
(contêineres) e cargas em geral. Apresentam a pelo Poder Público municipal, com a participação
possibilidade de transportar cargas em grande dos proprietários, moradores, usuários
quantidade e com o custo menor se comparado a permanentes e investidores privados, com o
outros meios. Por isso, os portos se configuram objetivo de alcançar em uma área transformações
como o principal meio de entrada e saída de urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a
riqueza de um determinado país. valorização ambiental (§1º do artigo 32,).

No conjunto das transformações recentes, A lei reflete em seu escopo os conflitos de


destacam-se três tendências, todas com impactos interesses na disposição para tomadas de medidas
sobre as dinâmicas locais e formas relacionais de coordenadas, parecendo utopia pensar em
porto-cidade. A primeira tendência para os portos, seguir o rito descrito na própria lei. Ao Poder
que se aplica aos portos de Santos e Rio de Público municipal, cabe utilizar-se da política da
Janeiro, por exemplo, consiste na modernização do boa vizinhança, não prevista no arcabouço legal.
porto da era industrial. Segundo essa lógica, o Desta forma, contribui peremptoriamente para o
porto tradicional caro, engessado do ponto de vista bom andamento da degradação na mobilidade
operacional e institucional, negativamente urbana
impactante sobre meio ambiente deve ser
modernizado por intermédio de investimentos nas Atualmente, existem mais de 40 portinhos
infraestruturas e equipamentos portuários e uma distribuídos em municípios do Amazonas, Pará,
reengenharia institucional, quebrando os Rondônia e Roraima que incrementam o comércio,
monopólios. garantem acesso à política agrícola, saúde,
segurança, educação e cultura, além de aumentar o
A mobilidade urbana segundo o Instituto Polis turismo na Amazônia.
(2005, p. 18) é um atributo das cidades e se refere
à facilidade de deslocamentos de pessoas e bens De acordo com o anexo da Resolução 2969 da
no espaço urbano através de veículos, vias e toda a ANTAQ, o Brasil possui 235 instalações portuárias.
infraestrutura que possibilitam ir e vir cotidiano. É importante ressaltar que esses dados foram
retirados da Secretaria de Portos (SEP) e eles não
Na região Norte, os rios são as estradas para o levam em consideração Instalações Portuárias
deslocamento de cargas e passageiros. A malha Públicas de Pequeno Porte (IP4), pois quem atua
hidroviária de mais de 16 mil quilômetros de rios sobre elas é o Ministério de Transportes. A
navegáveis na região é a conexão entre os grandes classificação de porto marítimo ou fluvial é feita por
centros das capitais, os municípios do interior e as qual tipo de transporte as embarcações chegam.
comunidades ribeirinhas, localizadas em áreas Dentro dessas 235 instalações portuárias, 37 são
mais remotas. É também a solução logística para o consideradas Portos Públicos (administrado pela
desenvolvimento social, econômico e cultural da União). Na relação não aparece nenhum terminal
população local. classificado como Porto Lacustre.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Estudo realizado pela Agência Nacional de


Geografia e Estatística (IBGE), a região Norte Transportes Aquaviários (Antaq), em parceria com
concentra cerca de 9% da população brasileira a Universidade Federal do Pará, sobre a oferta e
(quase 18 milhões de habitantes) e, desse total, demanda do transporte de passageiros na Região
26% encontram-se na zona rural Amazônica em 2017, revela que, ao todo, incluindo
as IP4, existem 196 terminais hidroviários na região
Norte, sendo 129 só no estado do Pará. De acordo
com o levantamento, foram transportados, pelos reino, castanha-do-pará, palmito, peixe e camarão.
rios da região, 9,7 milhões de passageiros e cerca O trigo, o cimento, silício e os gêneros alimentícios
de 3,4 milhões de toneladas de cargas são as mercadorias mais desembarcadas.
Anualmente, é movimentado cerca de um milhão de
Todos os dias, milhares de pessoas se toneladas de cargas em Belém. Nos últimos anos, o
deslocam para as cidades maiores em busca de porto tem investido mais em cargas conteinerizada.
encomendas, cargas e mercadorias, que vão desde O pátio de contêineres está passando por
alimentos até medicamentos, materiais de higiene e ampliação.
de construção, entre outros. Há também aqueles
que saem de suas casas, nas comunidades mais O Porto de Belém foi inaugurado há 101 anos
isoladas, para trabalhar, estudar ou para fazer um e conta com uma localização que dá segurança aos
tratamento médico. Os portos mais conhecidos são: navios, por ser abrigado, praticamente isento de
Belém e Manaus. ventos fortes. O cais tem pouco mais de sete
metros de calado, o que não permite atracação de
2.1. PORTO DE BELEM grandes navios. O Complexo iniciou suas
atividades com a exportação da borracha.

5.2.1 Características

O Porto de Belém caracteriza-se pela


exportação de castanha, madeira, borracha e
bauxita. O porto é administrado pela é administrado
pela Companhia Docas do Pará (CDP). A sua área
de influência abrange a quase totalidade do
território paraense, destacando-se a região centro-
leste do estado, bem como, o extremo norte de
Goiás e o sudoeste do Maranhão. Abrange a quase
O projeto de construção do porto de Belém foi totalidade do território paraense, destacando-se a
elaborado no começo do ano de 1897, prevendo região centro-leste do estado, bem como, o
novas instalações de atracação e armazenagem extremo norte de Goiás e o sudoeste do Maranhão.
em substituição às precárias docas de Ver-o-Peso,
Reduto e Souza Franco. As obras tiveram início O Cais acostável com 1.295m de extensão, e
com a edição do Decreto nº 5.978, de 18 de abril de dividido em 3 (três) trechos:
1906, que definiu o funcionamento da Port of Pará
Co., de capital privado, como concessionária do 1) Trecho do armazém de 4 a 8, onde estão sendo
porto. O primeiro trecho de cais, com 120m, e um movimentados carga geral e contêineres;
armazém para carga geral, com 2.000m2, foram
inaugurados em 2 de outubro de 1909.
2) Trecho do armazém 9 e 10, onde operam
apenas embarcações de navegação interior,
A capital do Estado, Belém, se destaca entre movimentando carga geral e passageiros;
os municípios portuários. É lá que está instalada a
Estação das Docas, cartão postal da cidade, um
projeto arquitetônico que ganhou destaque na 3) Trecho dos armazéns 11, 12 e silos, onde são
imprensa nacional e foi, inclusive, indicada para movimentados contêineres e trigo a granel.
servir como inspiração para a região portuária da
cidade do Rio de Janeiro, uma das subsedes da O porto dispõe de seis armazéns de primeira
Copa do Mundo de 2014 e sede dos Jogos linha, medindo 100mx20m; dois armazéns de
Olímpicos de 2016. primeira linha, medindo 120mx20m; 4 armazéns de
segunda linha, medindo 100mx20m, 1 pátio interno
O Porto de Belém está localizado na margem para contêineres com área de 12.000m2, pátios
direita da baía de Guajará, em frente à Ilha das internos descobertos para estocagem de
Onças, na cidade de Belém (PA), distando contêineres vazios; 5 (cinco) pátios externos para
aproximadamente 120km do oceano Atlântico. contêineres. O terminal de Miramar, para
inflamáveis, reúne 91 tanques para granéis líquidos
(derivados de petróleo e produtos químicos), com
Os principais destinos de exportação são os capacidade estática total de 207.215t, utilizados por
países da Europa, Estados Unidos e Japão, com diversas empresas distribuidoras.
destaque para cargas de madeira, pimenta-do-
escalpelamento, por exemplo, é um acidente típico
do transporte hidroviário clandestino na região
amazônica, além de naufrágios e colisões devido a
superlotação das embarcações.
5.2.2. Conflitos
Emissões de difícil controle são vazamentos
de navios atracados, emissões clandestinas de
A proximidade com o rio era fundamental para
esgotos ou despejo de resíduos ou águas de lastro.
o desenvolvimento urbano, já que por meio deste
se transportava e se realizava as trocas comerciais, Fontes sazonais estão associadas a carregamento
eram as principais atividades administrativas e e descarregamento de produtos.
econômicas, através dos portos, que abasteciam as
cidades, ou seja, o rio foi o elemento natural Fontes permanentes ainda com controles
formador da cidade de Belém e desempenharam ineficazes podem ser solos contaminados, píer ou
um papel importante para a organização do espaço. armazém com carregamento e descarregamento
O diagnóstico identifica superposições entre o canal contínuo. Todas essas categorias podem ser
do porto e rotas de pesca artesanal. agressivas, orgânicas ou inertes.

Belém é cercada de rios e parte da população, Em 1960, a perda de valor da orla se


tanto da cidade quanto de regiões de ilhas, intensificou ainda mais com o surgimento das
carecem de alternativas de trafego de integração rodovias, onde o rio/porto, passou a perder a sua
como também minimizar o trânsito caótico da importância inicial, deixando de ser o coração
capital. Um dos caminhos que facilitaria o ir e vir econômico, tendo a rodovia como a nova via de
das pessoas, principalmente de áreas periféricas, circulação que remodela a geografia urbana da
seria o transporte fluvial. Mas esse modal de baixo cidade.
custo ainda precisa de muito investimento para
expressar seu potencial. Se com isso a malha A população de baixa renda, “esquecida” pelo
hidroviária for ampliada e o transporte melhorar, a poder público, se constituíam em grade parte de
mobilidade paraense pode chegar a uma realidade ribeirinhos e passaram a se instalar nas áreas
mais humanizada. alagadas, regiões mais baixas onde já era de
costume viver em habitações simples sobre as
O acesso à cidade é um direito assegurado na águas (palafitas).
constituição, mas os moradores da ilha de Outeiro
sofrem com a precariedade de um transporte Se antes a orla não era bem-vista, onde se
público de qualidade. De acordo com o especialista negava a ocupação ribeirinha tradicional como
em trânsito e mobilidade urbana Rafael Cristo, o adequada para a cidade, agora é vista como
problema da mobilidade passa por questões possibilidade de promoção de melhoramentos e
jurídicas, técnicas, sociais e políticas. embelezamentos urbanos, com uma nova
concepção de cidade e que se associa à imagem
Para Penteado (1968), esta particularidade do rio, às tradições culturais e às heranças
torna a fisiografia um fator condicionante na divisão históricas da cidade. Na atualidade tem se
social do espaço urbano com a formação da área verificado na orla fluvial de Belém um conjunto de
central de Belém em terras mais altas e saneadas, intervenções urbanas realizadas pelo Governo do
ocupadas por famílias de maior renda, mas ao seu Estado e pela Prefeitura Municipal.
redor, em terrenos mais baixos e alagadiços, a
população era mais empobrecida. Logo, podemos A elevada concentração de torres de alto
observar que a área de orla foi diminuindo, ainda no padrão viabilizou a retirada de usos produtivos
período áureo da borracha, onde passou por um antigos na orla do bairro, tais como o moinho de
momento de renovação estética. trigo, que após ser demolido é substituído por
quatro torres de apartamentos e escritórios
Um dos problemas na qualidade de serviço de localizados na margem da baía do Guajará.
acessibilidade constituem as embarcações
clandestinas, que atuam na região fazendo o Essa volta ao rio é vista como moldura de uma
transporte de passageiros para suprir a demanda paisagem, que prioriza as atividades de
da população que não tem alternativas de entretenimento e lazer com a perda de outras
transporte para saírem da cidade. Isso é muito atividades regional, então, as intervenções
arriscado e coloca os usuários em perigo. O urbanísticas nas orlas acabaram resultando em
formas de espaço destinado mais para a elite resto do mundo. Todo esse rápido desenvolvimento
belenense. tornou a cidade de Manaus referência de evolução
social, política, econômica e cultural.
5.2.3. Integração da cidade porto
O Porto de Manaus é um porto brasileiro
Tem acessos rodoviários pelas rodovias BR- localizado na costa oeste do rio Negro, na zona
010 e BR-316, que chegam a Belém com seus central da cidade de Manaus. O Porto de Manaus é
traçados coincidentes. Tem acesso marítimo pela um dos maiores portos fluviais do Brasil, o maior
baía de Marajó, com a barra demarcada pelos porto da Amazônia e o terceiro maior porto
faróis da ilha Tijoca e do cabo Maguari, exportador do país. A administração do porto é
apresentando largura de 55km e profundidade realizada pela Sociedade de Navegação, Portos e
mínima de 10,5m. Por um trecho navegável natural Hidrovias do Estado do Amazonas (SNPH), por
com aproximadamente 110km de extensão, largura delegação ao estado do Amazonas.
de 3,2km a 15km e profundidade de 9m, é
alcançada a entrada da baía de Guajará entre as Localizado à margem esquerda do Rio Negro
ilhas da Barra e do Forte, compreendendo uma distante, 13 km da confluência com o rio Solimões,
largura de 350m e profundidade de 10m. O canal o Porto de Manaus constitui a principal entrada
de acesso se desenvolve por cerca de 4km, com para o Estado do Amazonas.
largura variando entre 90m e 180m e profundidade
mínima de 6m. O porto está situado entre a praia de São
Vicente e a rampa do Mercado Municipal Adolpho
Tem como principais destinos de exportação Lisboa. À esquerda da entrada fica o edifício da
são os países da Europa, Estados Unidos e Japão, alfândega, que veio pré-fabricada da Inglaterra,
indicada para servir como inspiração para a região onde funciona o escritório e, do outro lado da pista,
portuária da cidade do Rio de Janeiro, uma das ficam os armazéns destinados às mercadorias, à
subsedes da Copa do Mundo de 2014 e sede dos frente fica a rampa que é destinada aos containers.
Jogos Olímpicos de 2016.
O porto passou a ser o principal ponto turístico
2.2. PORTO DE MANAUS da época e recebia navios de luxo da Lamport, da
Boat Line e outros. Também saiam do porto de
Manaus embarcações com borracha, castanha,
madeira, produtos de exportação da época.

O Porto de Manaus teve sua estrutura para


recepção de turistas reformada recentemente. Além
de servir para embarque e desembarque de
passageiros e mercadorias que vão e vem das
cidades do interior do Estado, recebe grandes
transatlânticos de turistas de várias partes do
mundo.

No fim do século XIX, a explosão da borracha Também desembarca produtos destinados ao


impulsionava cada vez mais o fluxo comercial e Polo Industrial de Manaus, assim como serve de
trazia grandes lucros para o Estado. A estrutura embarque para produtos fabricados na cidade e
existente no local necessitava de uma ampliação que se destinam a várias partes do Brasil e do
que desse suporte para atracação de navios de mundo.
grande calado.
O Porto de Manaus que é classificado como
Em 1899 foi aberta a concorrência para a marítimo por receber embarcações pelo oceano,
construção do novo porto, mas as obras só mesmo sendo localizado próximo de hidrovias
começaram em 1902, sob o contrato com a firma fluviais.
inglesa Manaós Harbour Limited.
5.3.1. Características
O porto, nas primeiras décadas do século XX,
representava não apenas um ponto de atividades O Porto de Manaus possui características de
mercantis, mas também a ligação cultural com o operação peculiares, distinguindo-se de outros
portos brasileiros pela prevalência da Enfrentou e ainda enfrenta problemas de
movimentação de passageiros em detrimento da relacionamento com as Autoridades do Estado do
movimentação de cargas Amazonas, devido a um processo iniciado em 2001
contra a licitação, e contra os investimentos
No maior porto flutuante do mundo, o cais internacionais na melhoria do turismo na cidade de
flutuante compõe-se de duas partes distintas: a Manaus.
primeira em forma de um T, serve para a atracação
de navios de cabotagem. A segunda parte é o Os portos privados estão movimentando
trapiche que liga as balsas flutuantes à ponte cargas de terceiros e passando por cima das
móvel. fiscalizações efetuadas pela Sociedade de
Navegação, Portos e Hidrovias do Estado do
A ponte móvel tem 20 metros de largura e, em Amazonas, que é a Autoridade Portuária Estadual.
sua lateral, há uma passarela para pedestres. Isso gera uma concorrência desleal e prejudica o
Pode-se operar tranquilamente quatro navios porto.
simultaneamente em qualquer período do ano e
mais três navios durante a cheia do Rio Negro nos 5.3.3. Integração da cidade porto
berços fixos Paredão e TC (Plataforma Malcher).
Tem acesso rodoviário formado pelas rodovias
As instalações de acostagem consistem nos AM-010 (Manaus – Itacoatiara), bem como pelas
flutuantes do Roadway e das Torres. O flutuante do rodovias BR-174 e BR-319, ligando o porto,
Roadway possui cinco berços, numa extensão de respectivamente, aos estados de Roraima e
253m, e o das Torres, também com cinco berços, Rondônia.
se desenvolve por 268m. Ambos estão ligados a
um cais fixo por meio de duas pontes flutuantes de No acesso marítimo, a extensão total do
100m de comprimento cada uma. Os berços, cujas percurso desde a foz do rio Amazonas, onde o
profundidades variam entre 25m e 45m, permitem calado é limitado a 10m, até o rio Negro em
atracação, nas faces externas dos flutuantes, a Manaus, é de aproximadamente 1.500km,
navios de longo curso e, nas partes internas, a constituindo uma via navegável natural. O trecho,
embarcações fluviais. Pode, ainda, ser utilizado o com aproximadamente 15km, da embocadura do
cais fixo denominado Cais do Paredão, com 276m rio Negro até o porto, oferece, em suas condições
de comprimento e profundidades variando de 2m a mais restritivas, largura de 500m e profundidade de
12m, e o cais da Plataforma Malcher, com 300m e 35m.
profundidades de 1m a 11m, para movimentação
de contêineres. A grande variação de
O acesso fluvial ao porto se faz pelo rio Negro,
profundidades nesses cais decorre do regime das
afluente da margem esquerda do rio Amazonas.
águas do rio Negro. Para armazenagem, o porto
possui nove armazéns de carga geral, somando
16.232m2 de área coberta, e dois pátios Possui sua movimentação voltada para o
descobertos na Plataforma Malcher, um deles com abastecimento da única Zona Franca do Brasil e
23.400m2, e o outro, para contêineres, ocupando atende aos estados do Amazonas, Pará, Roraima,
17.823m2. Rondônia, Acre e áreas do norte de Mato Grosso.

5.3.2. Conflitos

Seus principais problemas são a falta de 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS


segurança na sua delimitação, atracamento das
embarcações, fiscalização das operações são Ao longo deste artigo, buscamos apresentar
precárias e falta de sinalização onde circulam algumas considerações acerca da historiografia
pessoas e cargas, ocasionando acidentes. relacionada aos portos e às cidades portuárias,
com ênfase em Manaus e Belém. trata-se de uma
O Porto de Manaus moderno é caracterizado primeira tentativa de sistematizar os trabalhos
pela inexistência de uma infraestrutura adequada existentes sobre o tema sem esgotar o tema.
às atividades portuárias, condicionando os
trabalhadores ao esforço físico e a frágil qualidade Na primeira parte nos detivemos em falar
de vida, marcada pela ausência de proteção sobre o que são cidade-portos, os tipos de cargas,
trabalhista e/ou social. armazenagem e tipos de navios. Nesse caso,
buscamos apontar suas características, conflitos e
integrações. Já na parte final - que mereceu nossa FAZ COMEX. Portos Brasileiros: Quais os
maior atenção - focamos nas três principais cidade- principais. Disponível em:
portos do Norte do Brasil: Belém e Manaus. https://www.fazcomex.com.br/blog/portos-
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