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DIREITO AMBIENTAL

1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS E CONTEXTUALIZAÇÃO DA


CRISE ECOLÓGICA

Origem da crise ecológica: Intervenção do ser humano na natureza utilizando


recursos naturais (renováveis e não renováveis) de forma irracional.

Pegada Ecológica: é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a


pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais.
Expressada em hectares globais (gha), permite comparar diferentes padrões de
consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta, ajudar a
perceber o quanto de recursos da Natureza utilizamos para sustentar nosso
estilo de vida, o que inclui a cidade e a casa onde moramos, os móveis que
temos, as roupas que usamos, o transporte que utilizamos, aquilo que
comemos, o que fazemos nas horas de lazer, os produtos que compramos e
assim por diante.

SINTETIZANDO: A origem da crise ecológica está relacionada à intervenção do ser


humano na natureza e à utilização irracional de recursos naturais, sejam eles
renováveis ​ou não renováveis. A pegada ecológica é um conceito que mede o
impacto humano no meio ambiente, levando em consideração a quantidade de
recursos naturais utilizados para sustentar o estilo de vida humano.

Os recursos naturais/ambientais são elementos da natureza que possuem valor


econômico ou utilidade para o ser humano, como água, ar, solo, fauna e flora. Esses
recursos podem ser classificados em renováveis ​(que se regeneram naturalmente)
ou não renováveis ​(que não se regeneram naturalmente).

2. LEGITIMAÇÃO SOCIAL DOS VALORES ECOLÓGICOS


(MOVIMENTOS SOCIAIS)

O movimento social dos valores ecológicos refere-se a um conjunto de ideias e


ações que visam promover a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade do
planeta. Esse busca conscientizar a sociedade sobre a importância de se adotar
práticas mais responsáveis ​em relação ao meio ambiente, como a redução do
consumo de recursos naturais, a reciclagem de resíduos, a utilização de fontes de
energia limpa, entre outras.
Os valores ecológicos estão relacionados a uma mudança de paradigma, na qual
a preocupação com o meio ambiente é vista como uma questão central para a
qualidade de vida das pessoas e para a sobrevivência da espécie humana no
planeta. O movimento dos valores ecológicos é uma forma de contestação da
população, que busca transformar a sociedade em uma comunidade mais
consciente e comprometida com a preservação do meio ambiente e a
sustentabilidade do planeta.

Movimento ecológico internacional

● Conservacionista (anterior à década de 60)


Áreas naturais protegidas Retorno à natureza Vida Selvagem

● Ecológico/Ambientalista (A partir da década de 60)

● Direitos/Bem-estar dos animais (Década de 70)


1975 - Libertação Animal (Peter Singer)
1978 - Declaração Universal dos Direitos dos Animais (Unesco)

Ecologias Políticas: As ecologias políticas são diferentes correntes de pensamento


que têm em comum a preocupação com a relação entre a política e a natureza, e
que procuram promover a sustentabilidade ecológica e a justiça social.
Ecologias políticas são correntes de pensamento e ações políticas que buscam
estabelecer uma relação mais equilibrada entre a humanidade e o meio
ambiente. Essas correntes políticas se baseiam na compreensão de que a
degradação ambiental e a crise ecológica global são problemas urgentes que
requerem ação política imediata.

Ecologistas: os ecologistas podem ser divididos em duas correntes:

● fundamentalistas: Os fundamentalistas defendem a pureza do movimento e


a criação de uma economia alternativa, são resistentes a qualquer
aproximação com outras forças sócio-políticas e possuem um horizonte
pessimista em relação à mudança social. Eles desconsideram a possibilidade
de transformação global da sociedade e acreditam que a lógica predatória -
exterminista do mundo contemporâneo é irreversível.

● realistas: Já os realistas defendem uma abordagem mais pragmática,


buscando soluções viáveis ​para os problemas ambientais por meio da
cooperação entre diferentes setores da sociedade.
Ecossocialistas: Favoráveis a uma ruptura com a sociedade capitalista; Acreditam
ser inviável uma ecologização progressiva do capitalismo e do socialismo real
(realistas).

Ecocapitalistas: Argumentam a favor do mercado como alocador de recursos; na


criação de um Estado que opera como guardião ecológico da sociedade; De um
Estado de Bem-Estar Social para um Estado de Bem-Estar Sócio Ecológico; Visão
otimista do futuro.

Movimento ecológico brasileiro (1974-1981) (Ambientalista): surgiu em resposta


à intensidade da degradação socioambiental produzida pelo extraordinário
crescimento econômico e consequente ascensão no sistema mundial, bem como
ao caráter predatório da visão de mundo e das políticas integradas pelas elites
do regime autoritário (1964-1985).

O movimento ecológico brasileiro é caracterizado pela ecopolítica, que surgiu a


partir de 1986 e busca a construção de uma nova ordem social baseada na
sustentabilidade ambiental. A ecopolítica tem como objetivo principal a construção
de uma sociedade mais justa e equilibrada, que respeite os limites do meio
ambiente e promova o desenvolvimento sustentável. Para isso, ela propõe
mudanças profundas na forma como a sociedade se organiza economicamente,
politicamente e culturalmente.

O motivo do surgimento do movimento deu por conta do:

● Afrouxamento de controles estatais sobre a organização da sociedade civil;

● Profunda degradação ambiental;

● Exploração selvagem das florestas;

● Monoculturas irracionais; Poluição de recursos hídricos;

● Tratamento inadequado do lixo;

● Convite para empresas poluidoras se instalarem no Brasil (Médici), sob o


argumento de que a preocupação com a defesa ambiental mascara
interesses imperialistas que queriam bloquear a ascensão dos países em
desenvolvimento;

● Até o fim do regime militar, os movimentos ecológicos não influenciaram o


debate político;
● A SEMA (1974) foi criada com o objetivo de cumprir exigências de
organismos internacionais para aprovação de empréstimos para obras
públicas;

Alguns movimentos famosos da época:

1958: Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (possuíam atuação


conservacionista);

1971: Associação Gaúcha de proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN (defendia


fauna/vegetação, uso do solo, combate à poluição das indústrias e veículos)

1974: Movimento Arte e Pensamento Ecológico - MAPE;

Movimento ecológico brasileiro: Transição (1982-1985)

Durante o período de 1982 a 1985, o movimento ecológico brasileiro passou por um


processo de transição significativo, em que ativistas e organizações se organizaram
para ampliar sua atuação e consolidar o movimento como uma força política
relevante na sociedade brasileira.

Nesse período, diversas iniciativas foram tomadas para promover a transição


ecológica no país, como a criação do Partido Verde em 1986, que se tornou uma
plataforma política importante para a defesa do meio ambiente e da
sustentabilidade.

A transição ecológica no Brasil continuou nos anos seguintes, com a criação de


novas organizações ambientalistas e a ampliação da consciência pública sobre a
importância da preservação do meio ambiente para o desenvolvimento sustentável
do país.

Movimento ecológico brasileiro: Ecopolítica (1986 em diante)


(slide)
3. Ética Ecológica (Raiz filosófica do problema;
Antropocentrismo; Biocentrismo; Ecocentrismo;
Antropocentrismo Jurídico-Ecológico)

A ética ecológica é uma vertente da ética que se preocupa com as questões ambientais e
a preservação da natureza. Essa ética se baseia na ideia de que os seres humanos
devem agir de forma responsável em relação ao meio ambiente, reconhecendo sua
interdependência com todas as formas de vida na Terra.

A ética ecológica implica uma mudança de paradigma, na qual os seres humanos deixam
de ver a natureza apenas como um recurso a ser explorador e passam a reconhecê-la
como um fim em si mesmo. Isso implica uma mudança profunda na forma como as
atividades de dieta e sociais são realizadas, de modo a garantir a sustentabilidade
ambiental.

Assim, a ética ecológica se fundamenta na ideia de que os seres humanos têm uma
responsabilidade moral em relação ao meio ambiente e às gerações futuras. Isso
implica a necessidade de adotar práticas sustentáveis ​e de preservação ambiental em
todas as esferas da sociedade, desde a produção de bens e serviços até as políticas
públicas.

Dimensões

● - Ética intrageracional; Enfoque nos povos que sofrem com a crise ecológica.
Ex. Refugiados ambientais.
● - Ética intergeracional; Pautar as ações de presente em respeito e solidariedade às
gerações futuras.
Ex. Desenvolvimento sustentável.
● - Ética interespécies. Ações humanas em face das demais espécies (animais e não
animais).
Ex. Biocentrismo.

Raiz filosófica do problema:

● Avanços científicos a partir da Revolução Científica (Séculos XVI e XVII (vários


pensadores);
● Progresso para a humanidade (arsenal tecnológico);
● Intervenção sem precedentes no ambiente natural;
● A natureza se tornou destituída de qualquer valor intrínseco;
● Marco filosófico central: René Descartes (filósofo francês);
● Consequências: Desvalorização da natureza e dos animais.

Antropocentrismo: Defende a centralidade indiscutível do ser humano e valoriza a


natureza de um ponto de vista instrumental. do ponto de vista jurídico-ambiental, a CF fez
uma escolha indiscutível pelo chamado antropocentrismo, ou seja, entendeu que o Ser
Humano é o centro das preocupações constitucionais e que a proteção do meio
ambiente se faz como uma das formas de promoção da dignidade humana (art. 1º,
CF).

Biocentrismo: Sustenta-se a existência de valor nos demais seres vivos,


independentemente da existência do homem, notadamente os mais complexos, a exemplo
dos mamíferos, pois são seres sencientes;

- Direito dos Animais (Abolicionismo) – Peter Singer;


- Ecologia profunda (Deep ecology)
- Arne Naess; - Lei nº 11.794/2008 (procedimentos para uso científico de animais);
- Declaração Universal de Direito dos Animais – 1978.

Ecocentrismo: O ecocentrismo valoriza a interconexão entre os seres vivos e o meio


ambiente, e propõe uma mudança profunda na forma como as sociedades humanas se
relacionam com a natureza, de forma a garantir a sua preservação.;

Antropocentrismo Jurídico-Ecológico: é uma corrente de pensamento que reconhece


que o ser humano é parte integrante do meio ambiente e que a preservação do meio
ambiente é essencial para a sua própria sobrevivência. Essa perspectiva busca conciliar os
humanos com a preservação ambiental, reconhecendo a importância da proteção dos
recursos naturais para as gerações presentes e futuras. O antropocentrismo
jurídico-ecológico se reflete na legislação ambiental, que estabelece regras e normas para a
proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

5. Fontes do Direito Ambiental


Fontes formais são aquelas pela qual o direito se manifesta. As fontes formais imediatas
são aqueles fatos que, por si só, são fatos geradores do direito, como por exemplo, as
normas legais. As fontes formais mediatas são os costumes, os princípios gerais do
direito, a jurisprudência e a doutrina, sendo elas:

● Constituição Federal
● Legislação infralegal e políticas públicas
● Normas administrativas
● Tratados internacionais
● Jurisprudência
Fontes materiais referem-se aos fatores sociais, econômicos, políticos, filosóficos e
históricos que deram origem ao Direito, influenciando na criação das normas
jurídicas, sendo elas:

● Movimentos populares (a partir da década de 60)


● Descobertas científicas
● Doutrina jurídica (Princípios)

6. Classificação e Dimensão do meio ambiente

Meio natural: não modificado pelo ser humano;


Meio artificial: construído pelo ser humano, espaço urbano construído, consistente
no conjunto de edificações;
Meio cultural: é integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico,
paisagístico, turístico, que embora artificial, em regra, como obra do homem, difere
do anterior (que também é cultural) pelo sentido de valor especial
Meio laboral: ambiente de trabalho, pode ser natural ou artificial; onde se
desenvolve atividade produtiva, portanto onde pode apresentar riscos à saúde e
segurança dos trabalhadores.

Dimensão de meio ambiente

Material: o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito


fundamental. Embora não incluído no catálogo dos direitos fundamentais do Título II
da Constituição, o direito ao meio ambiente apresenta, efetivamente, o traço de
fundamentalidade, dada a sua vinculação à preservação da vida e da dignidade
humana, núcleo essencial dos direitos humanos”

Procedimental (Instrumental): A dimensão processual dos direitos fundamentais


se refere aos procedimentos necessários para garantir a sua efetivação. Enquanto a
dimensão material dos direitos fundamentais trata do seu conteúdo, a dimensão
processual se preocupa em estabelecer as formas de implementação e garantia
desses direitos.

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