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Pesquisa no Livro

Em Busca do Desenvolvimento Sustentável

Contexto histórico e institucionalização da preocupação ambiental: A discussão sobre o


desenvolvimento sustentável teve origem em conferências internacionais, como a de Estocolmo
em 1972, após desastres ecológicos como o ocorrido na baía de Minamata, no Japão.

Posicionamento do Brasil: O país manifestou divergências em relação às propostas de parada no


crescimento econômico e constituição de recursos naturais como patrimônio comum da
humanidade, defendendo prioridade ao desenvolvimento acelerado e responsabilidade do
Primeiro Mundo na recuperação de desequilíbrios ambientais.

Fragmento do livro
“Desde as reuniões preparatórias para a Conferência de Estocolmo, o Brasil, que na época vivia
seus anos de ”milagre econômico”, manifestou divergências em relação às propostas dominantes,
que falavam em parada no crescimento e na constituição dos recursos naturais em patrimônio
comum da humanidade: nossos enviados ao Painel de Desenvolvimento e Meio Ambiente (1971)
declararam então que o compromisso prioritário brasileiro era com o desenvolvimento acelerado e
que a recuperação de desequilíbrios ambientais deveria ser responsabilidade do Primeiro Mundo.”

Criação de instituições internacionais: Após a Conferência de Estocolmo, foram criadas


organizações como o PNUMA e a CMMAD para monitorar a poluição e pesquisar a situação
ambiental e econômica global.

Relatório Brundtland: Publicado em 1987, destacou o conceito de desenvolvimento sustentável,


buscando conciliar crescimento econômico com preservação ambiental e garantir recursos para as
futuras gerações. Introduziu os conceitos de "desenvolvimento sustentável" e uma "nova ordem
econômica internacional"

Fragmento do livro
O Relatório Brundtland serviu de base para as discussões da Conferência Internacional de Meio
Ambiente e Desenvolvimento (UNCED/92, United Nations Conference for Environment and
Development, ou CNUMA/92, Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e
Desenvolvimento, ou ainda RIO/92 ou ECO/92, que procurou dar prosseguimento aos debates
travados em 1972, na Suécia”

“A preocupação é alterar as formas de exploração da natureza, de maneira a legar recursos para os


que virão. Nestes termos, “desenvolvimento sustentável” é conceituado no Relatório Brundtland
como “um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos
investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de
acordo com as necessidades atuais e futuras”.
Conferência do Rio de Janeiro (1992): Sistematização das preocupações e recomendações na
Agenda 21, com ênfase em uma abordagem que integra aspectos sociais, econômicos e ambientais
para o desenvolvimento sustentável

Agenda 21: Documento-guia resultante da Conferência do Rio de Janeiro em 1992, que propôs
ações para os países nos primeiros 25 anos do século XXI, incluindo cooperação internacional,
combate à pobreza, mudanças nos padrões de consumo e promoção da saúde.

Fragmento do livro
“Nela a concepção da temática ambiental tem um componente social, traduzido em diversos
pontos para além da conservação da natureza: cooperação internacional, combate à pobreza,
mudança nos padrões de consumo, promoção da saúde humana, dinâmica demográfica,
fortalecimento de grupos (mulheres, etnias, infância e juventude, ONGs, trabalhadores, indústria e
comércio, agricultores), promoção do ensino, de uma ciência para o desenvolvimento sustentável,
de transferência de tecnologia, criação de instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais
etc.”

Princípios da Declaração do Rio de Janeiro: Estabeleceram diretrizes como a centralidade do ser


humano no desenvolvimento sustentável, cooperação internacional, proteção do meio ambiente, e
participação da população nas decisões ambientais. Resumo dos 27 princípios da Declaração do
Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que incluem a cooperação internacional,
o combate à pobreza, a promoção da saúde humana e o fortalecimento de grupos sociais.

Fragmento do livro
“Princípio 1 – Os seres humanos estão no centro das preocupações relacionadas com o
desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a
natureza. ”

“Princípio 8 – Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma melhor qualidade de vida para
todas as pessoas, os Estados deveriam reduzir e eliminar as modalidades de produção e de
consumo insustentáveis e fomentar políticas demográficas apropriadas.”

Conferência Posteriores: Diversas conferências foram realizadas para dar continuidade às


discussões sobre desenvolvimento sustentável, incluindo as de Kyoto, com foco na redução das
emissões de gases de efeito estufa.

Impacto Político e ambiental: O texto destaca a recusa dos Estados Unidos em assinar o Protocolo
de Kyoto e sugere que desastres naturais, como os furacões Katrina e Rita, são consequências do
descaso com questões ambientais e econômicas.
Sustentabilidade:

Definição e Fundamentos: Sustentabilidade refere-se à capacidade dos ecossistemas de


manterem-se estáveis e equilibrados, através da interdependência e reciclagem de materiais e
energia. Enfatiza a importância da estabilidade, diversidade e interconexão dos ecossistemas.

Interpretações e Disputas: Disputas sobre a interpretação do conceito, com ambientalistas


criticando sua apropriação pelo mercado e lucro. Divergência entre visões radicais (foco na justiça
social e preservação da diversidade) e conservadoras (harmonização entre crescimento econômico
e proteção ambiental).

Fragmento do livro
“Segundo David Brooks, “desenvolvimento sustentável pode ter dois sentidos – um radical e outro
conservador. No sentido radical, significaria igualdade, justiça social, preservação da diversidade
cultural, da autodeterminação e da integridade ecológica, de forma integrada. Tal é o sentido que
lhe vêm atribuindo aos ambientalistas do Terceiro Mundo. No sentido conservador, dentro do
marco tradicional da teoria econômica, a expressão seria sinônimo de crescimento sustentável, ou,
como conceituou W. Reilly, Presidente da Environmental Protection Agency – EPA – dos Estados
Unidos, seria a harmonização da expansão econômica e da proteção ambiental, um crescimento
estável [sic] de um capitalismo verde.”

Abordagens Tecnológicas e Econômicas: Propostas de ecocapitalismo, destacando avanços


tecnológicos, indústrias limpas e controle demográfico. Críticas ao discurso conservador, que
sugere superar a degradação ambiental através do crescimento econômico.

Desenvolvimento Sustentável: Conceito ambíguo, variando entre igualdade, justiça social e


preservação ambiental, e harmonização entre crescimento econômico e proteção ambiental.
Necessidade de novas prioridades sociais, mudança na estrutura de produção e consumo, e uma
nova ética comportamental.

Fragmento do livro
“Na conjuntura de 1992, entretanto, a bandeira de desenvolvimento sustentável assumia
dimensões de uma grande esperança entre muitos militantes, especialmente entre ecossocialistas,
os que faziam a ponte entre a busca de justiça e de eqüidade social e a preservação. Não faltou
quem tivesse desenvolvido a expectativa de que a UNCED viesse a ser a concretização de uma
síntese dialética: não mais capitalismo, não mais socialismo, mas os primeiros tijolos da construção
de algo completamente novo, de uma nova Ética, que se impunha pela própria racionalidade
ambiental. “

Sociedade Sustentável: Proposta de uma nova sociedade estável, baseada na minimização das
ameaças aos processos ecológicos, conservação de materiais e energia, população estável e
participação popular. Ênfase na necessidade de mudanças controladas e orquestradas para
alcançar uma sociedade sustentável.
Fragmento do livro
“A sociedade sustentável tem seu parentesco com a proposta de Estado Estacionário, de John
Stuart Mill, em 1857, e que foi incorporada às propostas de Boulding, em 1964; de Georgescu-
Roegen, em 1971; de Goldsmith et al., em 1972; de Herman Daly, em 1977.21 Mill insistia em que
o crescimento da riqueza não é ilimitado e que para além do Estado Progressivo residiria um
Estado Estacionário desejável, com estoques constantes de riqueza física e de população. Só nos
países atrasados é que o aumento de produção seria importante.”

Desafios e Soluções Tecnológicas: Conscientização sobre a insustentabilidade dos sistemas atuais,


que dependem do consumo acelerado de recursos finitos. Necessidade de uma tecnologia
sustentável e abordagens que reconheçam os limites dos recursos naturais.

Fragmento do livro
“Segundo Lutzenberger, notório ambientalista brasileiro, estaríamos diante da opção definitiva: ou
optaríamos pela sustentabilidade, por uma tecnologia sustentável, não agressora, ou estaríamos
em um caminho suicida e sem volta.”

Relações Funcionais com a Natureza: Natureza como fonte de recursos, receptáculo de resíduos e
suporte de vida. Emergência da necessidade de considerar a natureza não apenas como paisagem,
mas como elemento essencial para a sobrevivência humana.

Desafios Além do Conservadorismo: Reconhecimento da complexidade da questão ambiental,


que vai além da conservação verde, abrangendo questões marrons (poluição industrial) e azuis
(poluição da água).

Fragmento do livro
“Isto significa que políticas ambientais meramente verdes, de cunho conservacionista, voltadas
para a defesa resignada de unidades de conservação, não podem dar conta da problemática da
sustentabilidade. A questão ecológica não é só verde, mas marron (todas as formas de poluição
industrial, de falta de saneamento etc.) e, sobretudo, azul, da cor da água, este elemento vital que
temos usado como escoadouro das sujeiras.”

“Em busca da volta à natureza: o surgimento da questão ambiental no mundo e suas diferentes
correntes; a disseminação do pensamento ambiental no Brasil” aborda diversos tópicos
relacionados ao pensamento ambientalista ao longo da história e suas diferentes correntes. Aqui
estão os principais pontos:

Origens do pensamento ambientalista: Remonta ao século XVIII, com uma visão romântica que
criticava o utilitarismo da sociedade industrial emergente. Naturalistas como Von Linné e G. White
também contribuíram para essa visão.

Crítica à ciência moderna: O pensamento ambientalista critica a ciência moderna, que vê a


natureza como um mecanismo a ser controlado e dominado. Destaca-se a cisão histórica entre
cultura humana e natureza.
Fragmento do livro
“Um dos pontos mais característicos do pensamento ambientalista é a crítica à ciência moderna e
a um ser humano que, via conhecimento, se arroga o direito de domar a natureza, dela
pretendendo ser independente. A ciência moderna, surgida com Francis Bacon, Newton e
Descartes, passou a ver a natureza como um mecanismo a ser controlado, uma máquina a ser
investigada, dominada e subjugada”

Evolução do pensamento ambientalista no século XX: Surgiu como uma crítica ao mundo
moderno e à sua ciência, intensificada após eventos como os bombardeios atômicos de 1945 e a
publicação do livro "Primavera Silenciosa" de Rachel Carson em 1962.

Fragmento do livro
“No século XX, o pensamento ambientalista surgia imbuído de uma crítica e uma recusa ao mundo
moderno e sua ciência. Em 1945, os Estados Unidos explodiam as primeiras bombas atômicas. A
primeira, experimentalmente, no deserto de Los Alamos; as demais, sobre as populações civis de
Hiroshima e Nagasaki, ao término da Segunda Guerra Mundial. Foi então que os habitantes do
planeta deram-se conta de que o conhecimento humano acabava de atingir uma etapa na qual se
tornava capaz de destruir o mundo todo.”

“Rachel Carson, que, em 1962, lançou um livro intitulado “Primavera silenciosa”, no qual provava
que os pesticidas usados na agricultura eram os responsáveis pelo desaparecimento de inúmeras
espécies, e pássaros estavam ameaçados de extinção, inclusive a águia, símbolo dos Estados
Unidos.”

Vertentes do pensamento ambientalista:


Alternativos: Crítica ao mundo moderno, buscando estilos de vida mais próximos da
natureza e contrários ao industrialismo.
Neomalthusianismo: Preocupação com o controle populacional para evitar a degradação
ambiental.
Zeristas: Propõem o crescimento econômico zero para evitar uma catástrofe ambiental.
Marxistas: Enfatizam a necessidade de uma mudança radical no sistema capitalista para
resolver os problemas ambientais.
Verdes: Defendem a descentralização, o pacifismo, o ativismo e a distribuição equitativa de
recursos.
Fundamentalistas: Propõem uma visão ecocêntrica que coloca a natureza acima dos
interesses humanos.
Ecotecnicismo: Acreditam na solução dos problemas ambientais através do
desenvolvimento científico e tecnológico.

Movimento ambientalista no Brasil: Inicialmente malvisto, o movimento tem crescido e se


expandido pelo país, com uma abordagem mais social, relacionando a deterioração ambiental a
um modelo de desenvolvimento que gera miséria para a população.
Fragmento do livro
“No Brasil, o movimento ambientalista tem hoje uma feição predominantemente social,
identificando as questões relativas à deterioração da natureza e do meio ambiente construído a
um ”modelo de desenvolvimento” gerador de miséria para a sua população. Malvisto de início,
tido por mimetização da classe média primeiro-mundista e por forma ingênua de entreguismo, o
movimento tem crescido no país, expandindo-se pelas várias regiões, com um caráter mais reativo
às agressões socioambientais que se sucedem – apesar desta expansão, está longe de ser um
movimento de massa, mas tem ressonância, uma vez que seus militantes são formadores de
opinião e multiplicadores de informação.”

Desafios e perspectivas: Destaca-se a necessidade de pensar e agir globalmente para enfrentar


questões ambientais que têm uma dimensão planetária, criando uma cidadania planetária e
instituições para a ação sustentável.

Videos
Economia e sustentabilidade: fatos, mitos e caos | Wilson Cabral |
Video - https://www.youtube.com/watch?v=_un2hGEpHK8

Catástrofe ambiental e a lógica capitalista | por Virginia Fontes


https://www.youtube.com/watch?v=qBGvo3felYc

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