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REOLOGIA

E MANIPUL AÇÃO
DE GÉIS
P R O F ª M S C M A R A N A S OA R E S M A RT I N S
REOLOGIA
• Reologia: o estudo do fluxo, refere-se às características reológicas de
materiais sólidos, líquidos e semissólidos.

• A Reologia é a ciência que estuda como o fluido se comportará quando


submetido a uma deformação mecânica ou força de cisalhamento.
REOLOGIA

Na área farmacêutica:
• Processo de misturar ou fazer fluir substâncias;
• Envase;
• Verter de um frasco;
• Fazer sair de um tubo por meio da pressão.
PROPRIEDADES REOLÓGICAS
• Elasticidade: refere-se a pegajosidade (aderência) ou estrutura.
– Materiais elásticos podem ser esticados, mas quando liberados voltam ao seu
estado natural – materiais sólidos principalmente.

• Viscosidade: medida da resistência para fluir, ou espessamento.

• Viscoelasticidade: materiais exibem as duas propriedades. Géis de polímeros,


em repouso característica de sólidos; em agitação se liquefaz e começa a fluir.
VISCOSIDADE

• Medida de RESISTÊNCIA AO FLUXO ou movimento de uma


substância quando submetida a uma tensão.
• QUANTO MAIS VISCOSO O FLUÍDO, mais difícil de escoar.
• QUANTO MENOS VISCOSO O FLUÍDO, mais fácil de escoar.
REOLOGIA
Estuda como será o fluxo e a quantificação da resistência ao escoamento

viscosidade

• Os materiais são divididos em duas categorias, dependendo de suas


propriedades de fluxo:
– Newtonianos
– Não newtonianos
Tipos de fluidos
FLUIDOS NEWTONIANOS

• O gradiente de cisalhamento é diretamente


proporcional à tensão de empuxe;
• Apresentam viscosidade constante
independente da variação da força aplicada;
• É uma constante.
• Ex: água, acetona, glicerina, propilenogllicol,
etanol, ácidos graxos, etc.
FLUÍDOS NÃO NEWTONIANOS
• Apresentam alteração da viscosidade com o
aumento da força de cisalhamento aplicada.
• Ex: suspensões, colóides, emulsões, pomadas, géis,
etc.
• Comportamento plástico: Pomadas – não
fluem em condições normais, precisam de empuxe.

Comportamento pseudoplástico: Cremes - não existe um limite de fluidez. A


viscosidade diminui com o empuxe, se tornando mais fluido.

Comportamento dilatante: Há aumento da viscosidade com o aumento do


empuxe. Incomum, suspensão com grande quantidade de sólidos.
MANIPUL AÇÃO
DE GÉIS
GÉIS - DEFINIÇÃO

• Sistemas semissólidos constituídos por dispersões de pequenas


partículas inorgânicas ou de grandes moléculas orgânicas
interpenetradas por um líquido.

• Sistemas semirrígidos, em que o movimento da fase dispersa é


restrito por uma rede tridimensional entrelaçada de partículas
ou macromoléculas solvatadas da fase dispersa.
GÉIS Um sólido disperso em um líquido, formando um
excipiente transparente ou translúcido.

• Géis monofásicos: as macromoléculas são distribuídas para que não


haja limites aparentes entre elas e o líquido.
• Géis bifásicos (ou magma): o gel é constituído por flóculos de
pequenas partículas distintas.

• Os géis e os magmas são considerados dispersões coloidais por


conterem partículas de dimensão coloidal.
COLÓIDE
• Os Géis são considerados dispersões
coloidais porque contêm partículas de
dimensão coloidal (1 a 100 nm).

• São maiores que átomos, íons ou


moléculas, e geralmente, são
constituídas por agregados de muitas
moléculas.
DISPERSÕES COLOIDAIS
• São misturas heterogêneas de pelo menos duas fases diferentes,
com a matéria de uma das fases finamente dividida (fase dispersa)
misturada com a fase contínua, denominada meio de dispersão.
DISPERSÕES COLOIDAIS

• Os colóides apresentam dois tipos de fases:

• Sol: Disperso sólido e dispersante líquido, adquirindo aspecto de


solução na forma líquida. Ex: Cola.

• Gel: Disperso sólido e dispersante líquido, adquirindo aspecto


sólido. Ex: Geléia de frutas.
DISPERSÕES COLOIDAIS
DISPERSÕES COLOIDAIS
• As partículas não se sedimentam, mas são capazes de
causar a dispersão da luz (efeito Tyndall).
• Confundidos com as soluções, pela homogeneidade.
• Diferente das soluções, podem ser separadas por
centrífugas e por membranas semipermeáveis; só por
filtração que não.
• Os componentes da mistura são vistos no microscópio.
EFEITO TYNDALL
• Numa dispersão coloidal, ao jogar um
feixe de luz num fundo escuro, observa-
se uma turvação, por causa da dispersão
dos raios luminosos nas partículas
dispersas.

• As partículas são muito pequenas para


serem identificadas a olho nu, mas o seu
tamanho é maior do que o do da luz
visível.
EFEITO TYNDALL

Permite distinguir as soluções verdadeiras dos colóides, pois as


soluções verdadeiras são transparentes, ou seja,
NÃO DISPERSAM A LUZ.
CARACTERÍSTICAS DOS GÉIS
• Veículo transparente ou translúcido;
• Aspecto gelatinoso e estrutura contínua;
• Excipientes: polímeros naturais ou sintéticos;
• Ausência de substâncias graxas ou pequena quantidade;
• Reticulação dos polímeros: ridigez.

Reticulação polimérica: ocorre quando cadeias poliméricas lineares ou ramificadas


são interligadas por ligações covalentes, ou ligação cruzada. Ligações entre moléculas
lineares produzem polímeros tridimensionais com alta massa molar – mais rigidez.
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

• Embebição: captura de certa quantidade de líquido sem que


ocorra um aumento do volume do gel.

• Intumescimento: captura de líquido pelo gel que sofre aumento de


volume. Somente líquidos capazes de solvatar o gel podem
provocar este fenômeno.
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

• Tixotropia: propriedade do gel de reassumir o seu estado sólido ou


semissólido depois de algum tempo em repouso ou após sofrer
fluidificação por agitação.

• Sineresia: ocorre quando a interação entre as partículas da fase dispersa


aumenta até um ponto máximo, a partir do qual ocorre agregação das
partículas e o gel se desfaz. Ocorre geralmente em pHs baixos.
APLICAÇÃO
• Uso externo (tópico)
• Veículos ideais para adm de ativos em peles acnéicas e oleosas
• Veículos em preparações intranasais, intravaginais, retais e orais.
• Em formas cosméticas:oil free.
• Géis dentais
• Auxiliares para ultrassom
• Uso veterinário
PREPARAÇÕES COSMÉTICAS
• Fotoprotetores
• Hidratantes
• Produtos antienvelhecimento
• Produtos para o banho
• Máscaras faciais
• Renovadores celulares
• Entre outros.
ATIVIDADE NA PELE
• Geralmente tem baixo poder de penetração!!!
• Adequado como veículo para tratamentos superficiais dos tecidos.

Géis transdérmicos: permeação percutânea


• São microemulsões de uma fase hidrossolúvel, que é o gel aquoso de
poloxamer 407 (20 a 40%), e de uma fase lipossolúvel composta de uma
solução de lecitina granulada e palmitato de isopropila.
• O Pluronic® Lecithin Organogel (PLO) é uma microemulsão lipossomal
fosfolipídica empregada para administração de fármacos via
transdérmica.
CLASSIFICAÇÃO
• Quanto a natureza da fase coloidal.

• Quanto ao número de fases


CLASSIFICAÇÃO

• Quanto a natureza da fase líquida (comportamento frente a água).


HIDROGÉIS
Vantagens:
Desvantagens:
• Emoliência e refrescância;
Tendência à desidratação;
• Facilidade de aplicação e remoção;
Elevado conteúdo de água
• Boa aparência;
• Não formam película oclusiva.
contaminação microbiana
• Livre de óleo ou “oil free”
OLEOGÉIS/ORGANOGÉIS

• Pouco usuais na Cosmetologia;

• Utilizados para Via transdérmica: palmitato de


isopropila e lecitina - Pluronic®

• Lecitina e parafina líquida: adm de AINES


COMPOSIÇÃO DO GEL
• Agente geleificante ou espessante: gomas,
alginatos, derivados de celulose, carbômeros
• Veiculo (água ou álcool)
• Conservantes
• estabilizantes
• umectantes
AGENTES GELEIFICANTES (ESPESSANTES)

• Pertencem ao grupo dos espessantes - produzem aumento de


viscosidade

• Promovem geleificação dos sistema - passagem do estado líquido (sol)


para gel.

• Mudanças na temperatura e intensidade de agitação podem alterar a


estrutura do gel e suas propriedades reológicas.
AGENTES GELEIFICANTES (ESPESSANTES)

• A propriedade do agente para elevar a viscosidade se deve:


– Capacidade de reter moléculas dos líquidos nas suas
cadeias macromoleculares (acomodação das moléculas)
– Elevado grau de solvatação (solvente lipofílico)
– Elevado grau de hidratação (solvente hidrofílico)
CARACTERÍSTICAS DOS AGENTES
GELEIFICANTES
➢Geleificar em baixas concentrações;
➢Propiciar boa aplicação e remoção do produto;
➢Viscosidade apropriada durante preparo e armazenamento;
➢Ser inerte, inócuo, compatível com a FF e recipientes de armazenagem;
➢Concentração dependente da FF, envase e estabilidade;
➢Controle de temperatura e agitação.
AGENTES GELEIFICANTES

• Vegetais: goma arábica, goma adraganta, amido, pectina, goma aguar;


• Animais: gelatina, caseína;
• Minerais: bentonita, silicato de alumínio;
• Sintéticos e Semi-sintéticos:
– Derivado de celulose: HEC, HPMC, MC, CMC-Na;
– Polímeros vinílicos: PVP, álcool polivinílico;
– Polímeros carboxivinílicos: ácido acrílico; carbômero
• Dentre outros.
DERIVADOS DE CELULOSE -
HIDROXIETILCELULOSE
• Éter de celulose, não iônico, hidrossolúvel;
• Pó branco, higroscópico, inodoro e insípido;
• Solúvel em água quente ou fria: solução homogênea e clara;
• Forma filme não oclusivo, fácil remoção;
• Incorporação de ativos ácidos;
• Comercialmente: Natrosol®.
• Preparação:
– Dispersão em água fria e aquecimento posterior.
DERIVADOS DE CELULOSE -
METILCELULOSE
• Insolúvel em solventes orgânicos;
• Gel “intumesce” em presença de água;
• Concentração usual: 2%;

• Preparação:
• Os géis são obtidos por processo a frio;
• Estável em pH entre 2 e 10;
• Incompatível com eletrólitos, taninos e fenóis
DERIVADOS DE CELULOSE -
CARBOXIMETILCELULOSE
• Polímero aniônico;
• Afinidade por água, utilizado para aumentar a viscosidade da fase aquosa.

• Preparação:
– suspende-se a substância em água fria;
– agitação vigorosa.

• a viscosidade destes géis diminui com o aumento da temperatura;


• pH de estabilidade: entre 6 e 9.
DERIVADOS DO ÁC ACRÍLICO -
CARBOPOL
• Pó seco, ligeiramente ácido, branco e caráter aniônico;
• Resinas higroscópicas;
• Conservantes catiônicos: eficácia reduzida;
• Intumesce em água: pH da dispersão de 2,7 a 3,5 a 1%;
• Adição de NaOH ou trietanolamina: neutralização de grupos carboxila livre;
• pH 7,0: viscosidade e transparência máxima.
DERIVADOS DO ÁC ACRÍLICO -
CARBOPOL
• Carbopol® 934: viscosidade elevada, turvo, tolerância iônica fraca.

• Carbopol® 940: gel cristalino, brilhante. Gel aquoso ou alcoólico. Tolerância


iônica fraca. Maior efeito espessante.

• Carbopol® 2020: dispersão fácil. Usado p/ xampus. Incompatível com: ácidos


fortes, eletrólitos, fenol e traços de metal.
MÉTODO GERAL PARA PREPARAÇÃO DE
GÉIS
• Solubilizar os agentes conservantes no veículo;
• Polvilhamento lento do agente geleificante na solução anterior sob agitação
vigorosa;
• Deixar o agente geleificante intumescer para melhor dispersão;
• Utilizar água aquecida;
• Formação de grumos (agitação e trituração);
• A neutralização com agente alcalinizante deverá ocorrer após completa
dispersão do polímero.
FORMULAÇÕES
FORMAÇÃO DE GRUMOS

Possíveis correções:

1. tamisar o(s) pó(s) e acrescentar aos poucos;


2. utilizar agitação;
3. pré-umedecer o pó em um líquido miscível em água, como
polipropilenoglicóis (PPG) ou álcool (levigação).
FATORES QUE PODEM INFLUENCIAR NA
FORMAÇÃO DE GRUMOS
pH
• CMC-Na: viscosidade ideal em pH entre 7 e 9;
• MC, HPC, HEC e HPMC: não há influência.

Temperatura
• MC, HPC e HPMC: água fria => quente: precipitação.

Presença de sais
• CMC-Na: suporta de 10 a 50% de sais monovalentes; Reduzem hidratação =>
preparar gel.
INCORPORAÇÃO DE FÁRMACOS EM
GÉIS
• Pesar ou medir os ingredientes;

• Fármaco sólido => solubilidade em co-solvente ou pulverizado com


agente levigante;

• Incorporação no gel base mais adequado, aos poucos, sob


constante agitação.
CONTROLE DE QUALIDADE

• Caracteres organolépticos: cor, odor, consistência e


homogeneidade.
• Peso líquido ou volume final do produto;
• pH;
• Propriedades reológicas: viscosidade
• Controle microbiológico;
• Doseamento.

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