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CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424

Estatísticas Globais de Câncer 2018: Estimativas GLOBOCAN de

Incidência e Mortalidade em Todo o Mundo para 36 Cânceres
em 185 países
Freddie Bray, BSc, MSc, PhD1; Jacques Ferlay, ME2; Isabelle Soerjomataram, MD, MSc, PhD3;
Rebecca L. Siegel, MPH4; Lindsey A. Torre, MSPH5; Ahmedin Jemal, PhD, DVM6

1Chefe, Seção de Vigilância do Câncer, Agência

Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, Lyon, França;
2Oficial de Informática, Seção de Vigilância do Câncer,
Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer,
Lyon, França;3Vice-Chefe, Seção de Vigilância do Câncer,
Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer,
Lyon, França;
4Diretor Científico, Pesquisa de Vigilância e
Serviços de Saúde, American Cancer Society,
Atlanta, GA;5Cientista, Pesquisa em Vigilância e
Serviços de Saúde, American Cancer Society,
Atlanta, GA;6Vice-presidente Científico, Pesquisa
de Vigilância e Serviços de Saúde, American
Cancer Society, Atlanta, GA.
autor correspondente: Freddie Bray, BSc, MSc,
PhD, Seção de Vigilância do Câncer, Agência
Internacional para Pesquisa em Câncer, 150, cours
Albert Thomas, F-69372 Lyon Cedex 08, França;
brayf@iarc.fr
DIVULGAÇÕES: Lindsey A. Torre, Ahmedin Jemal e
Rebecca L. Siegel são funcionários da American Cancer
Society, que recebeu uma bolsa da Merck Inc para
pesquisas internas fora do trabalho submetido; no
entanto, seus salários são financiados exclusivamente
por fundos da American Cancer Society. Os demais
autores não relatam conflitos de interesse.
doi: 10.3322/caac.21492. Disponível online em
cacancerjournal.com
Abstrato:Este artigo fornece um relatório de status sobre a carga global de câncer em todo
o mundo usando as estimativas GLOBOCAN 2018 de incidência e mortalidade por câncer
produzidas pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, com foco na
variabilidade geográfica em 20 regiões do mundo. Haverá uma estimativa de 18,1 milhões
de novos casos de câncer (17,0 milhões excluindo câncer de pele não melanoma) e 9,6
milhões de mortes por câncer (9,5 milhões excluindo câncer de pele não melanoma) em
2018. Em ambos os sexos combinados, o câncer de pulmão é o câncer mais comumente
diagnosticado (11,6% do total de casos) e a principal causa de morte por câncer (18,4% do
total de mortes por câncer), seguido de perto pelo câncer de mama feminino (11,6%), câncer
de próstata (7,1%) e câncer colorretal (6,1%) para incidência e câncer colorretal (9,2%),
câncer de estômago (8,2%) e câncer de fígado (8,2%) para mortalidade. O câncer de pulmão
é o câncer mais frequente e a principal causa de morte por câncer entre os homens, seguido
pelo câncer de próstata e colorretal (para incidência) e câncer de fígado e estômago (para
mortalidade). Entre as mulheres, o câncer de mama é o câncer mais comumente
diagnosticado e a principal causa de morte por câncer, seguido pelo câncer colorretal e de
pulmão (para incidência) e vice-versa (para mortalidade); O câncer do colo do útero ocupa o
quarto lugar em incidência e mortalidade. O câncer diagnosticado com mais frequência e a
principal causa de morte por câncer, no entanto, variam substancialmente entre os países e
dentro de cada município, dependendo do grau de desenvolvimento econômico e dos
fatores sociais e de estilo de vida associados. Vale ressaltar que dados de registro de câncer
de alta qualidade, a base para o planejamento e implementação de programas de controle
do câncer baseados em evidências, não estão disponíveis na maioria dos países de baixa e
média renda. A Iniciativa Global para o Desenvolvimento de Registros de Câncer é uma
parceria internacional que apoia uma melhor estimativa, bem como a coleta e uso de dados
locais, para priorizar e avaliar os esforços nacionais de controle do câncer.CA: Câncer J Clin.
2018;68:394-424. © 2018 Sociedade Americana do Câncer

Palavras-chave:câncer, epidemiologia, incidência, sobrevivência

Introdução
As doenças não transmissíveis (DNTs) são agora responsáveis pela maioria das mortes
globais,1e espera-se que o câncer seja classificado como a principal causa de morte e a
barreira mais importante para o aumento da expectativa de vida em todos os países do
mundo no século XXI. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde
(OMS) em 2015, o câncer é a primeira ou segunda principal causa de morte antes dos
70 anos em 91 dos 172 países, e ocupa o terceiro ou quarto lugar em mais 22 países
(Fig. 1) .

394 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos


FIGURA 1. Mapa Global Apresentando o Ranking Nacional de Câncer como Causa de Morte em Idades Abaixo de 70 Anos em 2015.Os números de países
representados em cada grupo de classificação estão incluídos na legenda. Fonte: Organização Mundial da Saúde.
A incidência e a mortalidade por câncer estão crescendo rapidamente em
todo o mundo. As razões são complexas, mas refletem tanto o envelhecimento
e o crescimento da população, quanto as mudanças na prevalência e
distribuição dos principais fatores de risco para o câncer, muitos dos quais
estão associados ao desenvolvimento socioeconômico.2,3
Com o rápido crescimento populacional e envelhecimento em todo o mundo,
a crescente proeminência do câncer como principal causa de morte reflete em
parte declínios acentuados nas taxas de mortalidade por acidente vascular
cerebral e doença cardíaca coronária, em relação ao câncer, em muitos países.
Até que ponto a posição do câncer como causa de morte prematura reflete os
níveis nacionais de desenvolvimento social e econômico pode ser visto
comparando os mapas nas Figuras 1 e 2A (o último mapa mostra o Índice de
Desenvolvimento Humano [IDH] de 4 níveis).
As transições do câncer são mais marcantes nas economias
emergentes, onde uma magnitude crescente da doença é
acompanhada por uma mudança no perfil dos tipos comuns de
câncer. Uma observação recorrente é o deslocamento contínuo de
cânceres relacionados à infecção e à pobreza por aqueles que já são
altamente frequentes nos países mais desenvolvidos (por exemplo,
na Europa, América do Norte e países de alta renda na Ásia e
Oceania). Esses cânceres são frequentemente atribuídos a uma
chamadaocidentalizaçãode estilo de vida,3‒5no entanto, os
diferentes perfis de câncer em países individuais e entre regiões
significam que ainda existe uma acentuada diversidade geográfica,
com a persistência de fatores de risco locais em populações em
fases bastante diferentes de transição social e econômica. Isso é
ilustrado pelas diferenças proeminentes nas taxas de cânceres
associados à infecção, incluindo colo do útero, estômago,
CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424
e fígado, observado em países em extremos opostos do espectro do
desenvolvimento humano.4
Nesse contexto, o presente artigo apresenta um relatório sobre
a situação da carga de câncer em todo o mundo em 2018, com base
naGLOBOCANO 2018estimativas de incidência e mortalidade por
câncer produzidas pela Agência Internacional para Pesquisa em
Câncer (IARC).6Tal como nos relatórios anteriores de 2002,72008,8e
2012,9o foco principal é uma descrição da incidência e mortalidade
por câncer em nível global e uma avaliação da variabilidade
geográfica observada em 20 regiões do mundo predefinidas.
Descrevemos a magnitude e distribuição da doença em geral e para
os principais tipos de câncer, comentando brevemente sobre os
fatores de risco associados e as perspectivas de prevenção dos
principais cânceres observados em todo o mundo. Concluímos
afirmando as limitações do exercício e a necessidade de dados
nacionais e subnacionais de vigilância do câncer de base
populacional para melhorar a precisão das estimativas do
GLOBOCAN e informar as iniciativas locais no controle do câncer.
Fontes de dados e métodos
As fontes e métodos usados na compilação das estimativas no
GLOBOCAN 2018 estão descritos em detalhes em outro lugar6e
também estão disponíveis online no Observatório Global do
Câncer (gco.iarc.fr). O site do Observatório Global do Câncer
inclui facilidades para a tabulação e visualização gráfica do
banco de dados GLOBOCAN para 185 países e 36 cânceres
(assim como todos os cânceres combinados) por idade e sexo.
VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 395
 Estatísticas Globais de Câncer 2018

UMA

FIGURA 2. Mapas Globais Apresentam (A) o Índice de Desenvolvimento Humano de 4 Camadas e (B) 20 Áreas do Mundo.Os tamanhos das respectivas populações
estão incluídos na legenda. Fonte: Divisão de Compras das Nações Unidas/Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

O perfil do câncer, globalmente e por região do mundo, é construído
no GLOBOCAN usando as melhores fontes disponíveis de dados de
incidência e mortalidade por câncer em um determinado país; portanto,
a validade das estimativas nacionais depende do grau de
representatividade e da qualidade das informações de origem. Os
métodos usados para compilar as estimativas de 2018
são amplamente baseados naqueles desenvolvidos anteriormente,
com ênfase no uso de previsões de curto prazo e modelagem de
razões incidência-mortalidade, quando aplicável. A lista de locais de
câncer, no entanto, foi estendida para 36 tipos de câncer no
GLOBOCAN 2018, com uma das principais adições sendo as
estimativas de incidência e mortalidade

396 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos


de, câncer de pele não melanoma (NMSC) (excluindo carcinomas
basocelulares).6Juntamente com todos os cânceres combinados, são
fornecidas estimativas específicas de câncer para 185 países ou
territórios em todo o mundo por sexo e para 18 faixas etárias
(idades de nascimento-4, 5-9, …, 80-84 e >85 anos).
Os números de novos casos de câncer e mortes por
câncer foram extraídos do banco de dados GLOBOCAN 2018
para todos os cânceres combinados (Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde - Códigos de 10ª Revisão C00-C97) e para 36 tipos de
câncer: lábio, cavidade oral (C00 -C06); glândulas salivares
(C07-C08); orofaringe (C09-C10); nasofaringe (C11);
hipofaringe (C12-C13); esôfago (C15); estômago (C16); cólon
(C18); reto (C19-C20); ânus (C21); fígado (C22, incluindo
ductos biliares intra-hepáticos); vesícula biliar (C23-C24,
incluindo ductos extra-hepáticos); pâncreas (C25); laringe
(C32); pulmão (C33-C34, incluindo traqueia e brônquios);
melanoma da pele (C43); NMSC (C44, excluindo carcinoma
basocelular para incidência); mesotelioma (C45); sarcoma de
Kaposi (C46); mama feminina (C50); vulva (C51); vagina
(C52); colo do útero (C53); corpo uterino (C54); ovário (C56);
pênis (C60); próstata (C61); testículo (C62); rim (C64-C65,
incluindo pelve renal); bexiga (C67); cérebro, sistema
nervoso central (C70-C72); tireóide (C73); linfoma de
Hodgkin (C81); linfoma não Hodgkin (C82-C86 e C96);
mieloma múltiplo (C88 e C90, incluindo doenças
imunoproliferativas); e leucemia (C91-C95). Para fins de
consistência com os exercícios anteriores,10combinamos
cânceres de cólon, reto e ânus como câncer colorretal
(códigos C18-C21) e excluímos NMSC (C44) ao fazer
comparações globais da magnitude de diferentes cânceres;
no entanto, o NMSC está incluído na estimativa geral da
carga total de câncer, salvo indicação em contrário.
Incidênciaé o número de novos casos ocorridos em um período
e área geográfica especificados, expressos como um número
absoluto de casos por ano ou como uma taxa por 100.000 pessoas
por ano. As taxas são usadas para aproximar o risco médio de
desenvolver um câncer no ano de 2018 e permitem comparações
entre países e regiões do mundo. As estratégias de prevenção
primária visam reduzir essa medida, embora taxas de incidência
crescentes não reflitam necessariamente falha nesse domínio, uma
vez que a detecção precoce (testes ou programas) pode resultar em
aumento transitório das taxas de incidência à medida que os casos
de câncer subclínico são descobertos. Este aumento, no entanto,
será mantido se alguns dos casos detectados representarem
sobrediagnóstico(aqueles cânceres que de outra forma não teriam
sido diagnosticados na vida de um indivíduo). Ilustrações recentes
desse fenômeno incluem o câncer de próstata na era do teste do
antígeno prostático específico (PSA) e o câncer de tireoide após a
introdução de novas técnicas de diagnóstico,11incluindo
ultrassonografia.12
CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424
Os dados de incidência são produzidos por registros de câncer
de base populacional (PBCRs). Embora os PBCRs possam abranger
populações nacionais, mais frequentemente cobrem áreas
subnacionais, como áreas urbanas selecionadas, particularmente
em países em desenvolvimento econômico. De acordo com os
dados mais recentes compilados no Volume XI do IARCIncidência de
câncer em cinco continentes,13aproximadamente 15% da população
mundial estava coberta por registros de câncer de alta qualidade
por volta de 2010, com menor registro na América do Sul (7,5% da
população total), Ásia (6,5%) e África (1%). A cobertura na África
sobe para 13% quando consideramos dados adicionais de PBCR de
registros da África Subsaariana na Rede Africana de Registros de
Câncer (afrcn.org/) que não atenderam aos critérios de inclusão em
Incidência de câncer em cinco continentes.13No entanto, esses
dados registrados de países com recursos mais baixos são a única
fonte de informações relativamente imparcial sobre a distribuição
de tipos comuns de câncer em uma população definida e são vitais
para o planejamento local de prevenção e controle do câncer, bem
como para o desenvolvimento de estimativas nacionais.
De forma similar,mortalidadeé o número de mortes que ocorrem em
uma determinada região e período, e a taxa de mortalidade é o número
de mortes por 100.000 pessoas por ano. A mortalidade é o produto da
incidência e da taxa de letalidade (a proporção de pacientes que
morrem); assim, as taxas de mortalidade apresentadas neste relatório
medem o risco médio de morte na população por um câncer específico
em 2018. Os dados de mortalidade estão disponíveis em muitos países
através da OMS, embora o grau de detalhamento e qualidade dos dados
(tanto a precisão da causa de morte registrada e a integridade do
registro) variam consideravelmente; atualmente, apenas cerca de 1 em
cada 5 países pode relatar registros de óbitos de alta qualidade. As taxas
de mortalidade são frequentemente usadas (em vez de incidência) como
uma medida proxy do risco de adquirir a doença entre populações, mas
isso pressupõe que a sobrevivência é constante entre as populações que
estão sendo comparadas. Esse ainda pode ser o caso de cânceres
associados a prognósticos ruins, mas é muito menos provável para
cânceres que podem ser detectados precocemente e tratados com
sucesso, devido às variações significativas na disponibilidade e acesso a
serviços de tratamento de câncer entre as populações.
Um novo recurso do GLOBOCAN 2018 é a inclusão de
intervalos de incerteza de 95% (95% de IUs) para o número
estimado de novos casos de câncer e mortes por câncer em
todas as idades.6As IUs de 95% levam em conta as
incertezas relacionadas à extensão da cobertura geográfica
do registro de câncer e registro de óbitos (porque os dados
usados na estimativa podem ser sub-regionais e não
nacionais), a pontualidade da comunicação dos dados
(porque os dados vêm de anos antes de 2018) e a qualidade
dos dados (porque a completude e precisão dos dados são
variáveis, dependendo da fonte).
VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 397
 Estatísticas Globais de Câncer 2018

As taxas padronizadas por idade (ASRs) por 100.000 TABELA 1 .Novos casos e mortes para 36 cânceres e todos os
pessoas-ano são calculadas usando o método direto e a cânceres combinados em 2018
população padrão mundial.14O risco cumulativo de desenvolver
NÃO. DE NOVOS CASOS NÃO. DE MORTES
ou morrer de câncer antes dos 75 anos, assumindo a ausência LOCAL DE CÂNCER (% DE TODOS OS SITES) (% DE TODOS OS SITES)

de causas concorrentes de morte, também foi calculado usando

Pulmão 2.093.876 (11,6) 1.761.007 (18,4)
as taxas específicas por idade e é expresso em porcentagem.
Seios 2.088.849 (11,6) 626.679 (6,6)
Ambos os indicadores permitem comparações entre
Próstata 1.276.106 (7.1) 358.989 (3,8)
populações que não são influenciadas por diferenças em suas
Cólon 1.096.601 (6.1) 551.269 (5,8)
estruturas etárias.
Não melanoma de 1.042.056 (5,8) 65.155 (0,7)
Apresentamos as taxas de incidência e mortalidade globalmente
pele
e para 20 regiões agregadas, conforme definido pela Divisão de
Estômago 1.033.701 (5,7) 782.685 (8,2)
População das Nações Unidas (Fig. 2B). Também caracterizamos a
Fígado 841.080 (4,7) 781.631 (8,2)
carga de acordo com o IDH, que foi criado pelo Programa das
Reto 704.376 (3,9) 310.394 (3,2)
Nações Unidas para o Desenvolvimento para destacar a importância
das decisões de política nacional além do crescimento econômico Esôfago 572.034 (3,2) 508.585 (5,3)

na avaliação dos resultados do desenvolvimento.10Conforme Colo do útero 569.847 (3,2) 311.365 (3,3)

observado, o IDH pode ajudar a identificar transições de câncer, e Tireoide 567.233 (3,1) 41.071 (0,4)

usamos o IDH de 4 camadas (Fig. 2A) para avaliar ainda mais a Bexiga 549.393 (3,0) 199.922 (2,1)

carga de câncer de acordo com um proxy binário de Não Hodgkin 509.590 (2,8) 248.724 (2,6)
desenvolvimento (HDI baixo e médio vs IDH alto e muito alto) . linfoma

Resumimos os números estimados de novos casos e mortes por Pâncreas 458.918 (2,5) 432.242 (4,5)

tipo de câncer e apontamos para as variações nas taxas de Leucemia 437.033 (2,4) 309.006 (3,2)

incidência e mortalidade observadas nas regiões do mundo e nos Rim 403.262 (2,2) 175.098 (1,8)
países individuais. Usamos os termosem desenvolvimento, Corpo uterino 382.069 (2,1) 89.929 (0,9)
transição,emergente, epaíses/economias com IDH mais baixocomo Lábio, cavidade oral 354.864 (2,0) 177.384 (1,9)
sinônimos de países classificados como baixo ou médio IDH, e Cérebro, nervoso 296.851 (1,6) 241.037 (2,5)
usamosdesenvolvido,transicionado, oupaíses/economias com IDH sistema

mais altopara países classificados como IDH alto ou muito alto. Ovário 295.414 (1,6) 184.799 (1,9)

Melanoma de pele 287.723 (1,6) 60.712 (0,6)

Resultados Vesícula biliar 219.420 (1,2) 165.087 (1,7)

Laringe 177.422 (1,0) 94.771 (1,0)

Distribuição de Casos e Óbitos por Região
Mieloma múltiplo 159.985 (0,9) 106.105 (1.1)
Mundial e Tipos de Câncer
Nasofaringe 129.079 (0,7) 72.987 (0,8)

Estimamos que haverá 18,1 milhões de novos casos (17,0 Orofaringe 92.887 (0,5) 51.005 (0,5)

milhões excluindo NMSC) e 9,6 milhões de mortes por câncer Hipofaringe 80.608 (0,4) 34.984 (0,4)

(9,5 milhões excluindo NMSC) em todo o mundo em 2018 linfoma de Hodgkin 79.990 (0,4) 26.167 (0,3)
(Tabela 1). A Figura 3 apresenta a distribuição da incidência e Testículo 71.105 (0,4) 9.507 (0,1)
mortalidade por todos os cânceres de acordo com a área Glândulas salivares 52.799 (0,3) 22.176 (0,2)
mundial para ambos os sexos combinados e separadamente Ânus 48.541 (0,3) 19.129 (0,2)
para homens e mulheres. Para ambos os sexos combinados,
Vulva 44.235 (0,2) 15.222 (0,2)
estima-se que quase metade dos casos e mais da metade das
Sarcoma de Kaposi 41.799 (0,2) 19.902 (0,2)
mortes por câncer no mundo ocorrerão na Ásia no ano de 2018,
Pênis 34.475 (0,2) 15.138 (0,2%)
em parte porque cerca de 60% da população global reside lá.
Mesotelioma 30.443 (0,2) 25.576 (0,3)
(Fig. 2B). A Europa é responsável por 23,4% do total de casos de
Vagina 17.600 (0,1) 8.062 (0,1)
câncer e 20,3% das mortes por câncer, embora represente
apenas 9% da população global, seguida pelas Américas com Todos os sites excluindo 17.036.901 9.489.872
pele
21% de incidência e 14,4% de mortalidade em todo o mundo.
Todos os sites 18.078.957 9.555.027
Em contraste com outras regiões, as proporções de mortes por
câncer na Ásia (57. Fonte: GLOBOCAN 2018.

398 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos

 CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424

UMA

FIGURA 3. Gráficos de pizza apresentam a distribuição de casos e óbitos por área mundial em 2018 para (A) ambos os sexos, (B) homens e (C)
mulheres. Para cada sexo, a área do gráfico de pizza reflete a proporção do número total de casos ou mortes. Fonte: GLOBOCAN 2018.

VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 399

 Estatísticas Globais de Câncer 2018

UMA

Esôfago

FIGURA 4. Gráficos de pizza apresentam a distribuição de casos e óbitos para os 10 cânceres mais comuns em 2018 para (A) ambos os
sexos, (B) homens e (C) mulheres.Para cada sexo, a área do gráfico de pizza reflete a proporção do número total de casos ou óbitos; os
cânceres de pele não melanoma estão incluídos na categoria “outros”. Fonte: GLOBOCAN 2018.

400 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos

 CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424

UMA

Esôfago (1)

FIGURA 5. Mapas globais apresentando o tipo mais comum de incidência de câncer em 2018 em cada país entre (A) homens e (B) mulheres. Os
números de países representados em cada grupo de classificação estão incluídos na legenda. Fonte: GLOBOCAN 2018.

5,8%, respectivamente) devido à distribuição diferente dos tipos
de câncer e maiores taxas de letalidade nessas regiões.
A Figura 4 mostra os 10 principais tipos de câncer para casos e
mortes estimados em todo o mundo para homens e mulheres,
combinados e separadamente, com o NMSC incluído nooutro
categoria. Para ambos os sexos combinados, o câncer de pulmão é
o câncer mais comumente diagnosticado (11,6% do total de casos) e
a principal causa de morte por câncer (18,4% do total de mortes por
câncer), seguido de perto pelo câncer de mama feminino (11,6%),
colorretal câncer (10,2%) e câncer de próstata (7,1%) para incidência
e câncer colorretal (9,2%), câncer de estômago
(8,2%) e câncer de fígado (8,2%) para mortalidade. Por sexo, o câncer de
pulmão é o câncer mais comumente diagnosticado e a principal causa de
morte por câncer em homens, seguido por câncer de próstata e
colorretal para incidência e câncer de fígado e estômago para
mortalidade. Entre as mulheres, o câncer de mama é o câncer mais
comumente diagnosticado e a principal causa de morte por câncer,
seguido por câncer colorretal e de pulmão para incidência e vice-versa
para mortalidade; O câncer do colo do útero ocupa o quarto lugar em
incidência e mortalidade. No geral, os 10 principais tipos de câncer
representam mais de 65% dos casos e mortes de câncer recém-
diagnosticados.

VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 401

 Estatísticas Globais de Câncer 2018

UMA

Esôfago (2)

FIGURA 6. Mapas Globais Apresentando o Tipo Mais Comum de Mortalidade por Câncer por País em 2018 Entre (A) Homens e (B) Mulheres.Os
números de países representados em cada grupo de classificação estão incluídos na legenda. Fonte: GLOBOCAN 2018.

regiões heterogêneas (por exemplo, câncer de fígado), enquanto outras

Padrões Globais de Câncer
As Figuras 5 e 6, respectivamente, mostram o câncer mais comumente
diagnosticado e as principais causas de morte por câncer em nível
nacional em homens (Fig. 5A) e mulheres (Fig. 5B). Os mapas revelam
uma diversidade global substancial nos principais tipos de câncer,
particularmente para incidência em homens (10 tipos diferentes de
câncer) e mortalidade em homens (9 tipos) e mulheres (6 tipos). O câncer
de próstata é o câncer mais frequentemente diagnosticado em 105
países, seguido pelo câncer de pulmão em 37 países e câncer de fígado
em 13 países (Fig. 5A). Alguns cânceres representam o tipo mais
frequente em áreas geográficas
tendem a se agrupar em certas regiões de alto risco (por exemplo,
câncer de lábio e cavidade oral no sul da Ásia, sarcoma de Kaposi na
África Oriental). Com relação à mortalidade (Fig. 6A), o câncer de pulmão
é a principal causa de morte por câncer entre os homens em 93 países,
em parte devido à sua alta taxa de mortalidade, seguido pelo câncer de
próstata (46 países) e câncer de fígado (20 países).
Nas mulheres, o perfil dos cânceres mais comumente
diagnosticados nos países é marcado por sua natureza dicotômica,
sendo o câncer de mama feminino o mais frequente em termos de
casos novos na maioria (154 países) dos países e o câncer do colo do
útero liderando na maioria (28 dos 31 países)

402 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos

 CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424

UMA

FIGURA 7. Gráficos de Barras de Incidência e Mortalidade Padronizadas por Idade em Regiões de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) Alto/Muito Alto
versus Regiões de IDH baixo/médio entre (A) Homens e (B) Mulheres em 2018.Os 15 cânceres mais comuns no mundo (W) em 2018 são mostrados em ordem
decrescente da taxa geral padronizada por idade para ambos os sexos combinados. Fonte: GLOBOCAN 2018.

VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 403

 Estatísticas Globais de Câncer 2018
dos demais países (Fig. 5B). O perfil de mortalidade entre as
mulheres é mais heterogêneo (Fig. 7B), com câncer de mama e colo
do útero como as principais causas de morte por câncer em 103 e
42 países, respectivamente, seguido por câncer de pulmão em 28
países.
Incidência de Câncer e Padrões de Mortalidade pelo IDH de 4
Camadas
As Figuras 7A e 7B mostram ASRs de incidência e mortalidade por
câncer em regiões de IDH alto/muito alto versus regiões de IDH
baixo/médio para homens e mulheres, respectivamente, em 2018.
Para muitos cânceres, as taxas de incidência são geralmente 2 a 3
vezes maiores em transição em comparação com economias em
transição. No entanto, as diferenças na mortalidade entre essas
duas regiões são menores, em parte devido a uma maior letalidade
para muitos tipos de câncer em países com IDH mais baixo. Nos
homens (Fig. 6A), o câncer de pulmão ocupa o primeiro lugar e o
câncer de próstata ocupa o segundo lugar em países com IDH alto/
muito alto e baixo/médio, apesar das variações consideráveis na
magnitude das taxas de incidência entre as 2 regiões. Esses
cânceres são seguidos por câncer colorretal em países em transição
e câncer de lábio e cavidade oral em
FIGURA 8. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para câncer de pulmão em 2018.As taxas são
apresentadas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e mulheres
são sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
404 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos
países em transição, em parte devido à alta carga da doença
na Índia, que representa 36% da população entre os países
com IDH mais baixo. Nas mulheres (Fig. 7B), as taxas de
incidência de câncer de mama excedem em muito as de
outros tipos de câncer em países em transição e em
transição, seguido por câncer colorretal em países em
transição e câncer cervical em países em transição.
Incidência de câncer e taxas de mortalidade por região
mundial
Em todo o mundo, a taxa de incidência de todos os cânceres
combinados foi cerca de 20% maior em homens (ASR, 218,6 por
100.000) do que em mulheres (ASR, 182,6 por 100.000), com as
taxas de incidência variando entre as regiões em homens e
mulheres. Entre os homens, as taxas de incidência entre as
regiões variaram quase 6 vezes, de 571,2 por 100.000 na
Austrália/Nova Zelândia a 95,6 por 100.000 na África Ocidental
(Tabela 2). Entre as mulheres, as taxas de incidência variaram
quase 4 vezes, de 362 por 100.000 na Austrália/Nova Zelândia a
96,2 por 100.000 no centro-sul da Ásia. Essas variações refletem
em grande parte diferenças no tipo de exposição e cânceres
associados (mix de câncer) e na disponibilidade

FIGURA 9. Gráfico de Barras das Taxas Padronizadas de Incidência e Mortalidade Específicas da Região para Cânceres da Mama Feminina em 2018.As taxas são
mostradas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W), e as maiores taxas nacionais padronizadas por idade para incidência e
mortalidade são sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
e utilização de serviços de triagem e diagnóstico por imagem. Por
exemplo, as maiores taxas de incidência geral entre homens e
mulheres são encontradas na Austrália/Nova Zelândia, em parte
devido a um risco elevado, mas também resultante de uma maior
detecção de câncer de pele, particularmente NMSC, nesses países; a
possibilidade de que o último local possa ser capturado
inadequadamente em certas regiões, apesar de aumentar
acentuadamente a carga global de incidência de câncer em geral,
também deve ser considerada.
Semelhante às taxas de incidência, as taxas de mortalidade para
todos os cânceres combinados em todo o mundo são quase 50% mais
altas em homens do que em mulheres e, dentro de cada sexo, as taxas
variam entre as regiões (Tabela 2). As taxas de mortalidade por 100.000
pessoas variaram de 171,0 na Europa Oriental a 67,4 na América Central
entre os homens e de 120,7 na Melanésia a 64,2 na América Central e
Ásia Oriental (excluindo a China). Notavelmente, o risco cumulativo
estimado de morrer de câncer entre as mulheres em 2018 é maior na
África Oriental (11,4%) do que os riscos correspondentes estimados na
América do Norte (8,6%), Norte da Europa (9,1%) e Austrália/Nova
Zelândia (8,1). %).
A Tabela 3 mostra o número total de casos e mortes de câncer
recém-diagnosticados, a incidência e mortalidade ASRs e o risco ao
longo da vida de desenvolver/morrer por câncer em geral e para os
36 tipos de câncer separadamente em homens e mulheres.
CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424
Com riscos cumulativos de 21,4% para desenvolver câncer e 17,7% para
morrer antes dos 75 anos globalmente para ambos os sexos combinados, 1
em cada 5 homens e 1 em cada 6 mulheres desenvolverão a doença e 1 em
cada 8 homens e 1 em cada 10 mulheres irão desenvolver a doença. morrer
disso. Abaixo, descrevemos as variações nas taxas de incidência e mortalidade
específicas por sexo por região mundial para 16 desses tipos de câncer (Figs. 8
a 21).
Câncer de pulmão
Em todo o mundo, o câncer de pulmão continua sendo a
principal causa de incidência e mortalidade por câncer, com 2,1
milhões de novos casos de câncer de pulmão e 1,8 milhão de
mortes previstas em 2018, representando cerca de 1 em cada 5
(18,4%) mortes por câncer (Tabela 1) (Fig. 4) . Entre os homens,
o câncer de pulmão é a principal causa de morte na maioria dos
países da Europa Oriental, Ásia Ocidental (principalmente na
antiga União Soviética), Norte da África e países específicos da
Ásia Oriental (China) e Sudeste Asiático (por exemplo, Mianmar ,
Filipinas e Indonésia). As maiores taxas de incidência entre os
homens são observadas na Micronésia/Polinésia, na Ásia
Oriental (as taxas estão acima de 40 por 100.000 na China, no
Japão e na República da Coreia) e em grande parte da Europa,
especialmente na Europa Oriental, com uma ASR em Hungria
até 77,4 por 100.000 homens (Fig. 8).
VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 405
 Estatísticas Globais de Câncer 2018

MESA 2 .Taxas de incidência e mortalidade (taxa padronizada por idade, risco cumulativo) para 24 áreas do mundo e sexo para todos os
cânceres combinados (incluindo câncer de pele não melanoma) em 2018

INCIDÊNCIA MORTALIDADE

HOMENS FÊMEAS HOMENS FÊMEAS

ACUMULATIVO ACUMULATIVO ACUMULATIVO ACUMULATIVO

RISCO, IDADES RISCO, IDADES RISCO, IDADES RISCO, IDADES
MUNDO ASR NASCIMENTO A 74 ASR NASCIMENTO A 74 ASR NASCIMENTO A 74 ASR NASCIMENTO A 74
ÁREA (MUNDO) ANOS, % (MUNDO) ANOS, % (MUNDO) ANOS, % (MUNDO) ANOS, %

África Oriental 112,4 11.6 150,7 15.2 87,0 8,9 107,6 11.4
África Central 101,8 10,6 109,2 11.2 79,5 8,0 80,9 8,7
Norte 138,9 14,7 137,3 13,9 102,1 10,6 76,9 8.2
África

Sulista 230,5 22,4 196,1 18,5 142,4 13,5 98,3 9,8

África

Ocidental 95,6 10.1 122,0 12,7 72,1 7.4 83,6 9.1

África

Caribe 213,1 22,4 182,9 18,3 117,4 11,7 89,5 9.3

Central 139,3 14,5 149,7 14,9 67,4 6,8 64,2 6.9
América

Sul 220,0 22,4 195,2 19.1 107,3 10,8 81,1 8.4

América

Norte 387,6 36,3 322,1 30,3 104,2 10,8 80,7 8.6

América

Ásia Oriental 238,4 24.2 192,0 18,9 159,6 16,4 89,7 9.4
Todos menos a China 293,8 29.1 237,8 22.2 116,9 11.3 64,2 6.2
China 223,0 23,0 182,6 18,3 166,6 17,3 95,2 10,0
Sudeste 156,1 16,3 142,5 14,5 113,8 12,0 79,7 8.6
Ásia
Central sul 97,5 10,6 95,9 10,0 70,9 7,8 60,6 6.6
Ásia
Todos menos a Índia 117,6 12,6 111,0 11,5 84,4 9.2 68,7 7,5
Índia 89,8 9,8 90,0 9.4 65,8 7.3 57,5 6.3
Ásia Ocidental 190,1 19,9 154,6 15,6 120,5 12,8 74,3 7,8
Oriental 280,1 29,4 216,5 22,0 171,0 18,8 92,0 10.2
Europa

Norte 344,6 33.1 295,0 28,0 118,4 11.6 88,7 9.1

Europa

Sulista 319,5 31,8 247,0 23,7 131,5 13,5 76,2 7,9

Europa

Ocidental 363,5 34,9 292,1 27,7 130,0 13.3 84,4 8,8

Europa

Austrália/Novo 571,2 49,1 362,2 33,3 109,8 10,8 78,4 8.1

Zelândia

Melanésia 197,3 20,8 203,6 19,8 133,3 13,9 120,7 12,5

Micronésia/ 224,0 24.2 184,9 19.1 142,8 15.1 95,2 10.2
Polinésia

IDH baixo 101,6 10,5 128,4 13,0 78,2 7,9 91,1 9.7
IDH médio 114,2 12.3 112,8 11,7 83,4 9.1 68,6 7.4
IDH alto 214,6 22.2 178,3 17,9 147,7 15,5 87,8 9.4
IDH muito alto 335,1 32,7 269,5 25,9 124,2 12,7 80,9 8,5
Mundo 218,6 22,4 182,6 18,3 122,7 12,7 83,1 8,7
Abreviaturas: ASR, risco padronizado por idade; IDH, Índice de Desenvolvimento Humano.

Fonte: GLOBOCAN 2018.

406 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos

 TABELA 3 .Incidência (casos, taxa padronizada por idade, risco cumulativo) e mortalidade (óbitos, ASR, risco cumulativo) para 36 cânceres e todos os cânceres combinados
(incluindo câncer de pele não melanoma) por sexo em 2018

INCIDÊNCIA MORTALIDADE

HOMENS FÊMEAS HOMENS FÊMEAS

ACUMULATIVO ACUMULATIVO ACUMULATIVO ACUMULATIVO

RISCO, IDADES RISCO, IDADES RISCO, IDADES RISCO, IDADES
NASCIMENTO A 74 NASCIMENTO A 74 NASCIMENTO A 74 NASCIMENTO A 74
LOCAL DE CÂNCER CASOS ASR (MUNDO) ANOS, % CASOS ASR (MUNDO) ANOS, % MORTES ASR (MUNDO) ANOS, % MORTES ASR (MUNDO) ANOS, %

Lábio, cavidade oral 246.420 5,8 0,66 108.444 2.3 0,26 119.693 2,8 0,32 57.691 1.2 0,14
Glândulas salivares 29.256 0,7 0,07 23.543 0,5 0,05 13.440 0,3 0,03 8.736 0,2 0,02
Orofaringe 74.472 1,8 0,21 18.415 0,4 0,05 42.116 1,0 0,12 8.889 0,2 0,02
Nasofaringe 93.416 2.2 0,24 35.663 0,8 0,09 54.280 1.3 0,15 18.707 0,4 0,05
Hipofaringe 67.496 1,6 0,19 13.112 0,3 0,03 29.415 0,7 0,08 5.569 0,1 0,01
Esôfago 399.699 9.3 1,15 172.335 3,5 0,43 357.190 8.3 1,00 151.395 3,0 0,36
Estômago 683.754 15,7 1,87 349.947 7,0 0,79 513.555 11,7 1,36 269.130 5.2 0,57
Cólon 575.789 13.1 1,51 520.812 10.1 1.12 290.509 6.4 0,66 260.760 4.6 0,44
Reto 430.230 10,0 1,20 274.146 5.6 0,65 184.097 4.2 0,46 126.297 2.4 0,26
Ânus 20.196 0,5 0,05 28.345 0,6 0,07 9.618 0,2 0,03 9.511 0,2 0,02
Fígado 596.574 13,9 1,61 244.506 4.9 0,57 548.375 12,7 1,46 233.256 4.6 0,53
Vesícula biliar 97.396 2.2 0,25 122.024 2.4 0,26 70.168 1,6 0,17 94.919 1,8 0,19
Pâncreas 243.033 5,5 0,65 215.885 4,0 0,45 226.910 5.1 0,59 205.332 3.8 0,41
Laringe 154.977 3.6 0,45 22.445 0,5 0,06 81.806 1,9 0,23 12.965 0,3 0,03
Pulmão 1.368.524 31,5 3,80 725.352 14,6 1,77 1.184.947 27.1 3.19 576.060 11.2 1,32
Melanoma de 150.698 3,5 0,39 137.025 2.9 0,31 34.831 0,8 0,08 25.881 0,5 0,05
pele
Não melanoma 637.733 13,9 1,31 404.323 7,0 0,67 38.345 0,8 0,08 26.810 0,5 0,04
de pele

Mesotelioma 21.662 0,5 0,05 8.781 0,2 0,02 18.332 0,4 0,04 7.244 0,1 0,02
Sarcoma de Kaposi 28.248 0,7 0,06 13.551 0,3 0,03 13.117 0,3 0,03 6.785 0,2 0,01
Seios 2.088.849 46,3 5.03 626.679 13,0 1,41

VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018

Vulva 44.235 0,9 0,09 15.222 0,3 0,03
Vagina 17.600 0,4 0,04 8.062 0,2 0,02
Colo do útero 569.847 13.1 1,36 311.365 6.9 0,77
Corpo uterino 382.069 8.4 1,01 89.929 1,8 0,21
CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424

407
408
TABELA 3 .CONTÍNUO

INCIDÊNCIA MORTALIDADE

HOMENS FÊMEAS HOMENS FÊMEAS

ACUMULATIVO ACUMULATIVO ACUMULATIVO ACUMULATIVO

RISCO, IDADES RISCO, IDADES RISCO, IDADES RISCO, IDADES
NASCIMENTO A 74 NASCIMENTO A 74 NASCIMENTO A 74 NASCIMENTO A 74
LOCAL DE CÂNCER CASOS ASR (MUNDO) ANOS, % CASOS ASR (MUNDO) ANOS, % MORTES ASR (MUNDO) ANOS, % MORTES ASR (MUNDO) ANOS, %
Estatísticas Globais de Câncer 2018

Ovário 295.414 6.6 0,72 184.799 3.9 0,45

CA: Um Jornal do Câncer para Médicos

Pênis 34.475 0,8 0,09 15.138 0,3 0,04
Próstata 1.276.106 29,3 3,73 358.989 7.6 0,60
Testículo 71.105 1,7 0,14 9.507 0,2 0,02
Rim 254.507 6,0 0,69 148.755 3.1 0,35 113.822 2.6 0,28 61.276 1.1 0,12
Bexiga 424.082 9.6 1,08 125.311 2.4 0,27 148.270 3.2 0,29 51.652 0,9 0,08
Cérebro, nervoso 162.534 3.9 0,40 134.317 3.1 0,31 135.843 3.2 0,35 105.194 2.3 0,25
sistema

Tireoide 130.889 3.1 0,33 436.344 10.2 1,03 15.557 0,4 0,04 25.514 0,5 0,05
Hodgkin 46.559 1.1 0,10 33.431 0,8 0,07 15.770 0,4 0,04 10.397 0,2 0,02
linfoma
Não Hodgkin 284.713 6.7 0,72 224.877 4.7 0,51 145.969 3.3 0,35 102.755 2,0 0,21
linfoma
Múltiplo 89.897 2.1 0,24 70.088 1,4 0,17 58.825 1.3 0,15 47.280 0,9 0,10
mieloma

Leucemia 249.454 6.1 0,57 187.579 4.3 0,40 179.518 4.2 0,40 129.488 2,8 0,26
Todos os sites 8.818.685 204,7 21.38 8.218.216 175,6 17,71 5.347.295 121,9 12,65 4.142.577 82,7 8,66
excluindo a pele

Todos os sites 9.456.418 218,6 22.41 8.622.539 182,6 18h25 5.385.640 122,7 12,71 4.169.387 83,1 8,70

Abreviatura: ASR, risco padronizado por idade.

Fonte: GLOBOCAN 2018.

 CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424

UMA

FIGURA 10. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para cânceres do (A) cólon e (B) reto em
2018. As taxas de câncer de cólon e reto são mostradas em ordem decrescente da taxa mundial padronizada por idade entre homens, e as taxas
nacionais mais altas entre homens e mulheres são sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.

VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 409

 Estatísticas Globais de Câncer 2018
FIGURA 11. Gráfico de barras das taxas de incidência e mortalidade específicas da região padronizadas por idade para câncer de próstata em 2018.As taxas são
mostradas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W), e as maiores taxas nacionais padronizadas por idade para incidência e
mortalidade são sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
eles variam de intermediário a alto em vários países das
regiões Norte e Sul, notadamente no Marrocos (31,9 por
100.000) e na África do Sul (28,2 por 100.000).
Entre as mulheres, o câncer de pulmão é a principal causa de
morte por câncer em 28 países (Fig. 6B). As taxas de incidência mais
altas são observadas na América do Norte, Europa do Norte e
Ocidental (principalmente na Dinamarca e Holanda) e Austrália/
Nova Zelândia, com a Hungria no topo da lista (Fig. 8). É digno de
nota que as taxas de incidência entre as mulheres chinesas (22,8
por 100.000) não são diferentes daquelas observadas entre as
mulheres em vários países da Europa Ocidental (por exemplo, na
França [22,5 por 100.000], apesar das diferenças substanciais na
prevalência de tabagismo entre as 2 populações ). Acredita-se que
as altas taxas de incidência de câncer de pulmão em mulheres
chinesas, apesar de sua baixa prevalência de tabagismo, reflitam o
aumento da exposição à fumaça da queima de carvão para
aquecimento e cozimento.
Há uma variação de 20 vezes nas taxas de câncer de pulmão por
região, o que reflete em grande parte a maturidade da epidemia do
tabaco e diferenciais nos padrões históricos de exposição ao tabaco,
incluindo intensidade e duração do tabagismo, tipo de cigarro e
grau de inalação. Entre os homens, uma diminuição na prevalência
de tabagismo, seguida por um pico e declínio na
410 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos
taxas de câncer de pulmão nas mesmas gerações, foi observada
pela primeira vez em vários países de alta renda onde o
tabagismo foi estabelecido pela primeira vez, incluindo o Reino
Unido, Estados Unidos, Finlândia, Austrália, Nova Zelândia,
Holanda, Cingapura e (mais recentemente) Alemanha , Uruguai
e os demais países nórdicos.15,16Uma análise recente das
tendências de incidência em 26 países europeus revelou que as
taxas em homens de 35 a 64 anos vêm diminuindo nos últimos
anos, incluindo países do Leste Europeu, embora as taxas ainda
estivessem aumentando na Bulgária.17
Entre as mulheres, a epidemia está menos avançada e, ao contrário
dos homens, a maioria dos países ainda observa uma tendência
crescente na incidência,17,18e apenas relativamente poucas populações
(por exemplo, os Estados Unidos [brancos] e possivelmente o Reino
Unido) estão mostrando sinais de um pico e declínio entre as coortes de
nascimentos recentes. Dadas as tendências diferenciais por sexo, as
taxas em homens e mulheres estão convergindo em vários países
europeus, e postula-se que isso seja resultado de diferenças específicas
do sexo na distribuição dos subtipos histológicos, bem como na
prevalência de tabagismo.17Nos Estados Unidos, as taxas de incidência
de câncer de pulmão são agora mais altas entre mulheres jovens do que
entre homens jovens, com o padrão confinado a brancos não hispânicos
e hispânicos;
 CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424

FIGURA 12. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para câncer de estômago em 2018.As taxas são
apresentadas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e mulheres são
sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.

FIGURA 13. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para câncer de fígado em 2018.As taxas são
apresentadas em ordem decrescente das taxas padronizadas por idade do mundo (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e
mulheres são sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.

VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 411

 Estatísticas Globais de Câncer 2018
FIGURA 14. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para câncer de esôfago em 2018.As taxas são
apresentadas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e mulheres são
sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
intrigantemente, uma diferença específica do sexo no comportamento de
fumar não é considerada um provável fator explicativo.19
Em países onde a epidemia está em estágio inicial, os dados de
vigilância são mais limitados. Na China e na Indonésia, o tabagismo
atingiu o pico ou continua a aumentar20e, em vários países
africanos, as taxas de câncer de pulmão provavelmente continuarão
a aumentar pelo menos nas próximas décadas, exceto intervenções
para acelerar a cessação do tabagismo ou reduzir a iniciação.21Na
Índia, o tabagismo bidi confere um risco próximo ao do tabagismo,
mas não foram observadas mudanças significativas nas taxas de
incidência de câncer de pulmão (ou seja, entre os homens, nos
quais a prevalência é alta) em ambos os sexos, pelo menos nas
áreas urbanas com dados de incidência de longa data e robustos.22
Com mais de 80% dos cânceres de pulmão nas populações ocidentais
atribuídos ao tabagismo, a doença pode ser evitada em grande parte através
do controle do tabaco. Medidas de melhores práticas que efetivamente
reduzem o tabagismo ativo e previnem a exposição involuntária à fumaça do
tabaco – particularmente aumentando os impostos especiais de consumo e os
preços dos produtos do tabaco, bem como a implementação de embalagens
simples e advertências de saúde gráficas nos produtos do tabaco e aplicação
de proibições abrangentes à publicidade do tabaco – estão incorporadas no
quadro da OMS
412 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos
Esôfago
Convenção para o Controle do Tabaco e, após sua adoção
em 2003, 168 signatários ratificaram o acordo.
Câncer de mama feminino
Em todo o mundo, haverá cerca de 2,1 milhões de
casos de câncer de mama feminino recém-
diagnosticados em 2018, representando quase 1 em
cada 4 casos de câncer entre as mulheres (Tabela 1)
(Fig. 4). A doença é o câncer mais frequentemente
diagnosticado na grande maioria dos países (154 de
185) e também é a principal causa de morte por
câncer em mais de 100 países (Figs. 5B e 6B); as
principais exceções são Austrália/Nova Zelândia,
Norte da Europa, América do Norte (onde é precedido
por câncer de pulmão) e muitos países da África
Subsaariana (devido às elevadas taxas de câncer do
colo do útero). As taxas de incidência de câncer de
mama são mais altas na Austrália/Nova Zelândia,
Norte da Europa (por exemplo, Reino Unido, Suécia,
Finlândia e Dinamarca), Europa Ocidental (Bélgica
[com as maiores taxas globais], Holanda e França), Sul
da Europa (Itália) e América do Norte (Fig. 9).

FIGURA 15. Gráfico de Barras das Taxas Padronizadas de Incidência e Mortalidade Específicas da Região para Cânceres do Colo do Útero em 2018.As taxas são
mostradas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W), e as maiores taxas nacionais padronizadas por idade para incidência e
mortalidade são sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
Embora fatores hereditários e genéticos, incluindo história pessoal
ou familiar de câncer de mama ou ovário e mutações hereditárias (em
BRCA1,BRCA2, e outros genes de suscetibilidade ao câncer de mama),
respondem por 5% a 10% dos casos de câncer de mama, estudos de
migrantes mostraram que fatores não hereditários são os principais
impulsionadores das diferenças internacionais e interétnicas observadas
na incidência. Comparações de populações de baixo risco migrando para
populações de alto risco revelaram que as taxas de incidência de câncer
de mama aumentam em gerações sucessivas.23As taxas de incidência
elevadas em países com IDH mais elevado são atribuídas a uma
prevalência mais elevada de fatores de risco conhecidos e as taxas de
incidência elevadas em países em transição são consequência de uma
prevalência mais elevada de fatores de risco conhecidos relacionados
com a menstruação (menarca precoce, idade avançada na menopausa) ,
reprodução (nuliparidade, idade avançada ao primeiro parto e menos
filhos), ingestão de hormônios exógenos (uso de anticoncepcional oral e
terapia de reposição hormonal), nutrição (ingestão de álcool) e
antropometria (maior peso, ganho de peso na vida adulta e distribuição
de gordura corporal) ); enquanto o aleitamento materno e a atividade
física são conhecidos fatores de proteção.24
No entanto, o conhecimento ainda é limitado sobre como as
variações geográficas ou temporais das taxas se relacionam com fatores
etiológicos específicos. As taxas de incidência de câncer de mama foram
CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424
aumentando para a maioria dos países em transição nas últimas
décadas, com alguns dos aumentos mais rápidos ocorrendo onde
as taxas têm sido historicamente relativamente baixas, em países
em transição na América do Sul, África e Ásia.25Essas tendências
provavelmente refletem uma combinação de fatores demográficos
aliados ao desenvolvimento social e econômico, incluindo o
adiamento da gravidez e de ter menos filhos, maiores níveis de
obesidade e sedentarismo e aumento no rastreamento e
conscientização do câncer de mama. Em vários países
desenvolvidos, incluindo Estados Unidos, Canadá, Reino Unido,
França e Austrália, a queda na incidência no início dos anos 2000 foi
parcialmente atribuível ao declínio no uso de tratamento hormonal
pós-menopausa após a publicação do estudo Women's Health
Initiative que vincula uso de hormônios na pós-menopausa para
aumentar o risco de câncer de mama,26como relatado pela primeira
vez nos Estados Unidos.27Os fatores de risco primários para o
câncer de mama não são facilmente modificáveis porque decorrem
de exposições hormonais endógenas prolongadas, embora a
prevenção por meio da promoção do aleitamento materno,
principalmente com maior duração, possa ser benéfica.24
Câncer colorretal
Estima-se que mais de 1,8 milhão de novos casos de câncer colorretal e
881.000 mortes ocorram em 2018, representando cerca de
VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 413
 Estatísticas Globais de Câncer 2018
FIGURA 16. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para câncer de tireoide em 2018.As taxas são
apresentadas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e mulheres são
sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
1 em cada 10 casos de câncer e mortes (Tabela 1). No geral, o câncer
colorretal ocupa o terceiro lugar em termos de incidência, mas o
segundo em termos de mortalidade (Fig. 4). As taxas de incidência de
câncer colorretal são cerca de 3 vezes maiores em países em transição
versus países em transição; no entanto, com a letalidade média de casos
mais alta em cenários de IDH mais baixos, há menos variação nas taxas
de mortalidade (Fig. 7).
As maiores taxas de incidência de câncer de cólon
são encontradas em partes da Europa (p. em
mulheres]), com a Hungria e a Noruega ocupando o
primeiro lugar entre homens e mulheres,
respectivamente (Fig. 10A). As taxas também são
elevadas no Uruguai entre homens e mulheres. As
taxas de incidência de câncer retal têm uma
distribuição regional semelhante, embora as taxas
mais altas sejam observadas na República da Coréia
entre os homens e na Macedônia entre as mulheres
(Fig. 10B). As taxas de incidência de câncer de cólon e
reto tendem a ser baixas na maioria das regiões da
África e no sul da Ásia.
As taxas de incidência de câncer colorretal variam amplamente, com
variações de 8 e 6 vezes no câncer de cólon e reto, respectivamente, por
região do mundo; a doença pode ser considerada um marcador de
desenvolvimento socioeconômico e, em países
414 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos
passando por uma grande transição de desenvolvimento, as taxas
de incidência tendem a aumentar uniformemente com o aumento
do IDH.4,28Avaliando as tendências de incidência e mortalidade,
Arnold et al29identificaram 3 padrões temporais globais distintos
ligados aos níveis de desenvolvimento: 1) aumentos tanto na
incidência quanto na mortalidade na década mais recente (incluindo
os países bálticos, Rússia, China e Brasil); 2) aumento da incidência,
mas diminuição da mortalidade (Canadá, Reino Unido, Dinamarca e
Cingapura); e 3) incidência e mortalidade decrescentes (Estados
Unidos, Japão e França).
Os aumentos na incidência – particularmente as mudanças
geracionais detectadas na maioria das análises de idade-período-coorte
apontam para a influência de padrões alimentares, obesidade e fatores
de estilo de vida, enquanto os declínios de mortalidade observados em
países mais desenvolvidos refletem melhorias na sobrevivência através
da adoção de melhores práticas no tratamento e gestão do câncer em
países desenvolvidos.29Programas de triagem e detecção precoce mais
antigos, como os dos Estados Unidos e do Japão implementados na
década de 1990,30
também tiveram impacto. Embora os resultados de estudos que avaliam
o risco de câncer colorretal e alimentos ou nutrientes isolados tendam a
ser inconsistentes,31o relatório revisado do World Cancer Research Fund/
American Institute for Cancer Research observa evidências convincentes
de que a carne processada, o álcool

FIGURA 17. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para câncer de bexiga em 2018.As taxas são
apresentadas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e mulheres são
sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
bebidas e gordura corporal aumentam o risco, enquanto a atividade
física é protetora (apenas cólon).32Uma dieta rica no consumo de
carnes vermelhas ou processadas tem sido associada a um risco
aumentado de câncer de cólon, mas não de câncer retal.33
Câncer de próstata
Estima-se que haverá quase 1,3 milhão de novos casos
de câncer de próstata e 359.000 mortes associadas em
todo o mundo em 2018, classificando como o segundo
câncer mais frequente e a quinta principal causa de
morte por câncer em homens (Tabela 1) (Fig. 4B). É o
câncer mais frequentemente diagnosticado entre os
homens em mais da metade (105 de 185) dos países do
mundo (Fig. 6A), notadamente nas Américas, Norte e
Europa Ocidental, Austrália/Nova Zelândia e grande
parte do Submundo. -África Saariana. É a principal causa
de morte por câncer entre homens em 46 países,
particularmente na África Subsaariana e no Caribe. As
maiores taxas de incidência e mortalidade globalmente
são observadas em Guadalupe e Barbados (Fig. 11),
respectivamente. Embora as taxas de incidência sejam
altas na Austrália/Nova Zelândia, Europa do Norte e
Ocidental (por exemplo, Noruega, Suécia, Irlanda),
CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424
Regiões da África (por exemplo, Benin, África do Sul, Zâmbia
e Zimbábue), bem como o Caribe (Barbados, Jamaica e
Haiti).
Para uma doença tão comum como o câncer de próstata, sabe-se
relativamente pouco sobre sua etiologia. As taxas são mais altas entre os
homens afrodescendentes nos Estados Unidos e no Caribe, refletindo a
predisposição étnica e genética,34mas existem poucos fatores de risco
adicionais para câncer de próstata avançado além da gordura corporal,
para os quais há evidências convincentes de uma associação.35A
incidência de câncer de próstata nas últimas décadas tem sido
fortemente influenciada pelo diagnóstico de câncer latente, seja pelo
teste de PSA em indivíduos assintomáticos ou pela detecção de câncer
latente em tecido removido durante a prostatectomia ou na autópsia. A
disponibilidade comercial do teste de PSA de meados ao final da década
de 1980 levou ao uso intensivo do teste para detecção precoce e
diagnóstico, e as taxas de incidência aumentaram rapidamente, primeiro
nos Estados Unidos26
e, dentro de alguns anos, na grande Europa, notadamente em vários
países nórdicos,36Austrália e Canadá.37,38Essas tendências foram
seguidas por declínios à medida que o conjunto de casos prevalentes
diminui; nos Estados Unidos, a recomendação de 2012 contra o uso
rotineiro de testes de PSA pela Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos
EUA pode ter impulsionado parcialmente as tendências para baixo nos
últimos anos (embora esta organização
VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 415
 Estatísticas Globais de Câncer 2018
FIGURA 18. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica por região por sexo para câncer de pele não melanoma.As taxas são
apresentadas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e mulheres são
sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
atualmente recomenda que essa decisão seja individual),39
Considerando que a incidência nos países nórdicos diminuiu
(Dinamarca, Finlândia e Suécia) ou permaneceu estável
(Noruega) desde meados dos anos 2000.40No entanto, as taxas
estão aumentando em países onde o teste de PSA se tornou
mais amplamente utilizado posteriormente, incluindo Reino
Unido, Japão, Brasil, Costa Rica e Tailândia.37,38,41A incidência
também está aumentando em várias populações africanas,
incluindo Kampala (Uganda) e na população negra de Harare
(Zimbabwe), embora, como as áreas de captação de registro
compreendem populações urbanas, ainda é difícil atribuir as
tendências a mudanças no risco ou a aumento capacidades de
diagnóstico e testes de PSA aumentados.42,43
As taxas de mortalidade por câncer de próstata vêm
diminuindo em muitos países, incluindo os da América do
Norte, Oceania, Norte e Europa Ocidental, países desenvolvidos
da Ásia,38,41,44e os Estados Unidos, que tem sido associado ao
diagnóstico mais precoce por causa da triagem e melhoria do
tratamento, resultando em um adiamento genuíno da morte de
alguns homens com doença metastática, bem como mudanças
na atribuição da causa da morte.45Em contraste, as crescentes
taxas de mortalidade em vários países da América Central e do
Sul, Ásia e Europa Central e Oriental, incluindo
416 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos
Cuba, Brasil, Filipinas, Cingapura, Bulgária, Bielorrússia e Rússia podem
refletir parcialmente as tendências de incidência subjacentes e uma
mudança na distribuição dos fatores de risco, possivelmente ligados a
um estilo de vida mais ocidentalizado, em combinação com acesso
limitado a tratamento eficaz.35,38
Câncer de estômago
O câncer de estômago (câncer gástrico de cárdia e não
cárdia combinados) continua sendo um câncer importante
em todo o mundo e é responsável por mais de 1.000.000
novos casos em 2018 e uma estimativa de 783.000 mortes
(equivalente a 1 em cada 12 mortes em todo o mundo),
tornando-se o quinto câncer mais frequentemente
diagnosticado e a terceira principal causa de morte por
câncer (Tabela 1) (Fig. 4A). As taxas são 2 vezes maiores em
homens do que em mulheres. Entre os homens, é o câncer
mais comumente diagnosticado e a principal causa de
morte por câncer em vários países da Ásia Ocidental,
incluindo Irã, Turcomenistão e Quirguistão (Figs. 5A e 6A).
As taxas de incidência são marcadamente elevadas na Ásia
Oriental (por exemplo, na Mongólia, Japão e República da
Coreia [o país com as taxas mais altas do mundo em ambos
os sexos]),

FIGURA 19. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para câncer de pâncreas em 2018.As taxas são
apresentadas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e mulheres são
sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
Vários estudos sobre migrantes documentaram um forte componente
ambiental para explicar a variação regional nas taxas de incidência de câncer
de estômago. As taxas de incidência de câncer de estômago entre os
imigrantes japoneses de primeira geração para o Havaí foram mais baixas do
que as taxas entre os japoneses que vivem no Japão, e os japoneses de
segunda geração, nascidos no Havaí, experimentaram uma diminuição ainda
maior nas taxas, embora ainda fossem maiores do que as taxas de incidência
de câncer de estômago. taxas entre brancos na população de acolhimento.46
Helicobacter pylorié o principal fator de risco para câncer de
estômago, com quase 90% dos novos casos de câncer gástrico não
cárdico atribuídos a essa bactéria.47,48Embora a variação internacional
emH. pyloriprevalência se correlaciona razoavelmente com a incidência
de câncer de estômago, outros fatores além deH. pyloritambém são
provavelmente de grande importância. Há um componente dietético,
com alimentos conservados por salga e baixa ingestão de frutas
aumentando o risco, e tanto o consumo de álcool quanto o tabagismo
ativo também são fatores de risco estabelecidos.49,50
Embora muitas vezes sejam relatados como uma única entidade, os
cânceres gástricos geralmente podem ser classificados em 2 categorias
topográficas. As taxas de câncer gástrico não cárdico (decorrente de
regiões mais distais) têm diminuído constantemente ao longo do último
meio século na maioria das populações. As tendências são atribuídas ao
triunfo não planejadode prevenção,51incluindo uma diminuição da
prevalência deH. pylorie melhorias em
CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424
conservação e armazenamento de alimentos. Os cânceres da
cárdia gástrica (que surgem na área contígua à junção esôfago-
gástrica) têm características epidemiológicas mais semelhantes
às do adenocarcinoma de esôfago (CA), e importantes fatores
de risco incluem obesidade e doença do refluxo
gastroesofágico (DRGE), com esôfago de Barrett. uma condição
resultante da DRGE) também pode aumentar o risco; a
incidência desses cânceres vem aumentando particularmente
em países de alta renda.52
Câncer de fígado
Prevê-se que o câncer de fígado seja o sexto câncer mais comumente
diagnosticado e a quarta principal causa de morte por câncer em todo o
mundo em 2018, com cerca de 841.000 novos casos e 782.000 mortes
anualmente (Tabela 1) (Fig. 4). As taxas de incidência e mortalidade são 2
a 3 vezes maiores entre os homens na maioria das regiões do mundo
(Fig. 13); assim, o câncer de fígado ocupa o quinto lugar em termos de
casos globais e o segundo em termos de mortes para homens (Fig. 4A).
As taxas de incidência são 2 vezes maiores entre os homens nos países
em transição (Fig. 7), mas as taxas mais altas são observadas
principalmente em configurações de IDH mais baixo, sendo o câncer de
fígado o câncer mais comum em 13 países geograficamente diversos
que incluem vários no norte e oeste da África (Egito, Gâmbia, Guiné) e
Oriental e
VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 417
 Estatísticas Globais de Câncer 2018
FIGURA 20. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para sarcoma de Kaposi em 2018.As taxas são
apresentadas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e mulheres são
sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
Sudeste Asiático (Mongólia, Camboja e Vietnã). As taxas de
incidência de câncer de fígado na Mongólia excedem em muito
as de qualquer outro país (Fig. 13), com taxas estimadas em
2018 4 vezes maiores do que as estimadas entre homens na
China e na República da Coreia, por exemplo.
O câncer de fígado primário inclui carcinoma hepatocelular
(CHC) (compreendendo 75%-85% dos casos) e colangiocarcinoma
intra-hepático (compreendendo 10%-15% dos casos), bem como
outros tipos raros. Os principais fatores de risco para o CHC são a
infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBV) ou vírus da hepatite
C (HCV), alimentos contaminados com aflatoxinas, consumo
excessivo de álcool, obesidade, tabagismo e diabetes tipo 2.53Os
principais fatores de risco variam de região para região. Na maioria
das áreas de CHC de alto risco (China, África Oriental), os principais
determinantes são a infecção crônica pelo HBV e a exposição à
aflatoxina, enquanto em outros países (Japão, Egito), a infecção pelo
HCV é provavelmente a causa predominante. Na Mongólia, os vírus
HBV e HCV e as coinfecções de portadores de HBV com HCV ou vírus
da hepatite δ, bem como o abuso de álcool, contribuem para a alta
carga.54A crescente prevalência de obesidade é considerada um
fator que contribui para o aumento observado da incidência de CHC
em áreas de baixo risco de CHC.55
418 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos
A prevenção primária da maioria dos casos de câncer de fígado
tem sido viável por meio de uma vacina contra o HBV desde 1982, e
os benefícios futuros dessa vacina se acumularão à medida que as
gerações mais jovens vacinadas na infância atingirem as idades em
que o câncer de fígado se torna comum. A OMS recomenda sua
inclusão nos programas de vacinação infantil de rotina e, até o final
de 2016, 186 países haviam introduzido a vacina contra o HBV em
seus calendários nacionais de imunização,56com muitos países
alcançando mais de 80% de cobertura para a dose total
recomendada. A vacina reduziu drasticamente a prevalência de
infecção por HBV e a incidência de HCC em idades mais jovens em
países de alto risco no leste da Ásia, onde a vacinação em massa foi
introduzida pela primeira vez.57
No entanto, atualmente, não há vacina disponível para prevenir
a infecção pelo HCV. Embora tenha havido declínios
substanciais na transmissão do HCV em países com muitos
recursos, o uso contínuo de agulhas contaminadas e
transfusões inseguras contribuem para a disseminação da
infecção em vários países de baixa renda.58Desenvolvimentos
recentes no tratamento do HBV e HCV sugerem que um grande
número de casos de câncer de fígado pode ser evitado, embora
os custos sejam proibitivos no momento.53

FIGURA 21. Gráfico de barras das taxas padronizadas por idade de incidência específica da região por sexo para câncer de lábio e cavidade oral em 2018.As taxas
são apresentadas em ordem decrescente da taxa padronizada por idade mundial (W) entre os homens, e as taxas nacionais mais altas entre homens e mulheres
são sobrepostas. Fonte: GLOBOCAN 2018.
Câncer de esôfago
Esta doença ocupa o sétimo lugar em termos de
incidência (572.000 novos casos) e sexto em mortalidade
geral (509.000 mortes), este último significando que o
câncer de esôfago será responsável por cerca de 1 em
cada 20 mortes por câncer em 2018 (Tabela 1) (Fig. 4).
Aproximadamente 70% dos casos ocorrem em homens,
e há uma diferença de 2 a 3 vezes nas taxas de
incidência e mortalidade entre os sexos em todo o
mundo (Fig. 7) e entre as regiões (Fig. 14). Entre os
homens, as taxas também são 2 vezes maiores nos
países com IDH mais alto, com as taxas de mortalidade
ocupando o quinto lugar nesses países (Fig. 7). O câncer
de esôfago é comum em vários países da África Oriental
e Austral; é a principal causa de mortalidade por câncer
em homens quenianos (Fig. 6A), enquanto Malawi
apresenta as maiores taxas de incidência globalmente
em homens e mulheres (Fig. 14).
A variação geográfica na incidência de câncer de esôfago é
impressionante, e os 2 subtipos histológicos mais comuns (carcinoma de
células escamosas [CEC] e CA) têm etiologias bastante diferentes. O
consumo excessivo de álcool e o tabagismo e seus efeitos sinérgicos são
os principais fatores de risco para CEC no Ocidente.
CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424
definições.59No entanto, em países de baixa renda, como em partes da
Ásia e África Subsaariana, os principais fatores de risco para CEC (que
geralmente compreende mais de 90% de todos os casos de câncer de
esôfago) ainda não foram elucidados. No entanto, suspeita de fatores de
risco adicionais para CEC em outras partes do mundo
incluem mascar betel quid no subcontinente indiano e beber mate
muito quente na América do Sul (por exemplo, no Uruguai,
Brasil e Argentina).59Os principais fatores de risco nos países de alta
incidência na África Oriental e Austral ainda precisam ser
elucidados, e pesquisas são necessárias para abordar o papel
desses fatores e outros componentes da dieta (por exemplo,
deficiências nutricionais, nitrosaminas).60A CA representa a maioria
dos casos de câncer de esôfago em países de alta renda, com
excesso de peso corporal e DRGE entre os principais fatores de
risco.59A incidência de CEC esofágico está amplamente em declínio
e pode ter sido precedida por ganhos econômicos e melhorias na
dieta em certas áreas de alto risco na Ásia, enquanto em vários
países de alta renda (p. Kingdom), acredita-se que as reduções
sejam causadas principalmente pela diminuição do consumo de
cigarros.59Nesses mesmos países, as taxas de incidência de CA
estão aumentando rapidamente, em parte devido ao aumento da
obesidade e da circunferência da cintura, aumento da DRGE e
possivelmente diminuição dos níveis de infecção crônica comH.
pylori.61
VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 419
 Estatísticas Globais de Câncer 2018
Câncer cervical
Com uma estimativa de 570.000 casos e 311.000 mortes em
2018 em todo o mundo, esta doença está classificada como
o quarto câncer mais frequentemente diagnosticado e a
quarta principal causa de morte por câncer em mulheres
(Fig. 4). O câncer do colo do útero ocupa o segundo lugar
em incidência e mortalidade atrás do câncer de mama em
configurações de IDH mais baixo (Fig. 7); no entanto, é o
câncer mais comumente diagnosticado em 28 países (Fig.
5G) e a principal causa de morte por câncer em 42 países, a
grande maioria dos quais está na África Subsaariana e no
Sudeste Asiático (Figs. 5B e 6B ). As maiores taxas regionais
de incidência e mortalidade são observadas na África (Fig.
15), com taxas elevadas na África Austral (por exemplo,
Suazilândia, com a maior taxa de incidência), África Oriental
(Malawi, com a maior taxa de mortalidade; e Zimbábue), e
África Ocidental (Guiné, Burkina Faso e Mali). Em termos
relativos,
O papilomavírus humano (HPV) é a causa virtualmente
necessária (mas não suficiente) do câncer do colo do útero,62com 12
tipos oncogênicos classificados como cancerígenos do grupo 1
pelas monografias da IARC.63Outros cofatores importantes incluem
imunossupressão (particularmente o vírus da imunodeficiência
humana), tabagismo, paridade (um número maior de gestações a
termo aumenta o risco) e uso de contraceptivos orais.64Nas últimas
décadas, as taxas de incidência e mortalidade por câncer do colo do
útero têm diminuído em muitas populações em todo o mundo.
Além da triagem (quando disponível), esses declínios foram
atribuídos a fatores ligados ao aumento dos níveis socioeconômicos
médios ou à diminuição do risco de infecção persistente por HPV de
alto risco, resultante de melhorias na higiene genital, paridade
reduzida e diminuição da prevalência de infecção por HPV de alto
risco. doença sexualmente transmissível.65Os efeitos benéficos dos
programas de rastreamento citológico de base populacional
aceleraram o declínio nas taxas de câncer do colo do útero após sua
implementação em muitos países europeus, Austrália/Nova
Zelândia e América do Norte, apesar da observação de que, na
maioria dessas populações, sucessivas gerações de mulheres
(nascidas durante 1930-1950) estavam cada vez mais em risco da
doença por causa da mudança de comportamento sexual.66,67Na
ausência de rastreamento eficaz, como na Europa Oriental e na Ásia
Central (incluindo as antigas repúblicas da União Soviética), houve
rápidos aumentos na mortalidade prematura por câncer do colo do
útero nas últimas gerações.68Onde os dados estão disponíveis na
África Subsaariana, aumentos uniformes também foram relatados
em Uganda42e Zimbábue.43
Nesses países e regiões de alto risco, o desafio é garantir que
programas de triagem e vacinação dependentes de recursos sejam
implementados para transformar a situação.69Os programas de
vacinação contra o HPV podem potencialmente reduzir a carga
futura de longo prazo do câncer do colo do útero, e a OMS
420 CA: Um Jornal do Câncer para Médicos
atualmente recomenda comomelhores compras(intervenções eficazes e
com boa relação custo-benefício) vacinações contra o HPV (2 doses) de
meninas de 9 a 13 anos. Programas de triagem de alta qualidade
também são importantes para prevenir o câncer do colo do útero em
mulheres idosas não vacinadas. A OMS recomenda a triagem de
mulheres com idade entre 30 e 49 anos – seja por meio de inspeção
visual com ácido acético em ambientes de poucos recursos, testes de
Papanicolaou (citologia cervical) a cada 3 a 5 anos ou teste de HPV a cada
5 anos – juntamente com o tratamento oportuno de lesões pré-
cancerosas. Nos últimos anos, evidências claras apoiam o uso de testes
baseados em HPV para a detecção de lesões precursoras do colo do
útero70; em um estudo randomizado na Índia, o teste de HPV ofereceu
maior proteção contra o câncer cervical invasivo do que a inspeção visual
com ácido acético ou citologia.71
No entanto, com maior viabilidade em países com recursos limitados, há
a necessidade de identificar o melhor teste de triagem para mulheres
HPV-positivas, dada a especificidade relativamente baixa do teste de
HPV.72A integração eficaz de programas de vacinas contra o HPV com
testes baseados em HPV por meio de programas de triagem73
tem o potencial de eliminar virtualmente o fardo do câncer do colo
do útero em todos os países do mundo neste século.
Câncer de tireoide
O câncer de tireoide é responsável por 567.000 casos em todo o mundo,
ocupando o nono lugar em incidência. A taxa de incidência global em
mulheres de 10,2 por 100.000 é 3 vezes maior do que em homens
(Tabela 3); a doença representa 5,1% da carga total estimada de câncer
feminino, ou 1 em cada 20 diagnósticos de câncer em 2018 (Fig. 4). As
taxas de mortalidade pela doença são muito mais baixas, com taxas de
0,4 a 0,5 em homens e mulheres, e uma estimativa de 41.000 mortes. As
taxas de incidência são 4 e 5 vezes maiores em homens e mulheres com
IDH mais alto versus configurações de IDH mais baixo, respectivamente,
embora as taxas de mortalidade, em contraste, sejam bastante
semelhantes (Fig. 7). As taxas de incidência de câncer de tireoide são
mais altas entre homens e mulheres na República da Coréia (Fig. 16),
onde também é o câncer mais frequentemente diagnosticado em
mulheres (Fig. 6A). As taxas de incidência são muito mais altas entre as
mulheres do que entre os homens em regiões de alta incidência,
incluindo América do Norte (principalmente no Canadá), Austrália/Nova
Zelândia, bem como no Leste Asiático; as taxas femininas também são
altas em vários países do Pacífico, incluindo Nova Caledônia e Polinésia
Francesa.
A etiologia do câncer de tireoide não é bem compreendida. O
único fator de risco bem estabelecido para câncer de tireoide é a
radiação ionizante, particularmente quando a exposição é na
infância, embora haja evidências de que outros fatores (obesidade,
tabagismo, exposições hormonais e certos poluentes ambientais)
possam desempenhar um papel.74A incidência de câncer de tireoide
vem aumentando em muitos países desde o início da década de
1980 em grande parte devido ao aumento do diagnóstico de câncer
papilar de tireoide por meio de alterações diagnósticas, melhorias
na detecção e diagnóstico desses tumores,

e possivelmente mudanças na prevalência de fatores de risco.74
Definitivamente, a mortalidade permaneceu bastante estável durante o
mesmo período. Acredita-se que grande parte da crescente incidência de
câncer de tireoide seja causada pelo sobrediagnóstico, particularmente
após a introdução de novas técnicas de diagnóstico.12
Nas mulheres, o sobrediagnóstico foi estimado em 90%
dos casos recém-diagnosticados na Coreia do Sul; de
70% a 80% nos Estados Unidos, Itália, França e Austrália;
e cerca de 50% no Japão, países nórdicos, Inglaterra e
Escócia.12
Câncer de bexiga
O câncer de bexiga é a 10ª forma de câncer mais comum em
todo o mundo, com uma estimativa de 549.000 novos casos e
200.000 mortes (Tabela 1). O câncer de bexiga é mais comum
em homens do que em mulheres, com respectivas taxas de
incidência e mortalidade de 9,6 e 3,2 por 100.000 em homens:
cerca de 4 vezes as das mulheres em todo o mundo (Tabela 3).
Assim, a doença é maior entre os homens, nos quais é o sexto
câncer mais comum e a nona principal causa de morte por
câncer (Fig. 4). As taxas de incidência em ambos os sexos são
mais altas no sul da Europa (Grécia, com a maior taxa de
incidência globalmente em homens; Espanha; Itália), Europa
Ocidental (Bélgica e Holanda) e América do Norte, embora as
taxas mais altas sejam estimadas no Líbano entre as mulheres
(Fig. 17). Além de certas exposições ocupacionais a
contaminantes químicos e de água,75e, com o aumento da
prevalência do tabagismo entre as mulheres, o risco atribuível,
pelo menos nos Estados Unidos, atingiu o dos homens, com
50% dos casos de câncer de bexiga atribuíveis ao tabagismo em
ambos os sexos.76,77
Outros cânceres comuns em certas regiões
Com mais de 1.000.000 de novos casos e 65.000 mortes
estimadas globalmente, e taxas de incidência cerca de 2
vezes maiores entre homens do que entre mulheres, o
CPNM é o câncer mais frequentemente diagnosticado na
América do Norte, e na Austrália e Nova Zelândia, os
países com as maiores taxas de incidência em todo o
mundo em homens e mulheres, respectivamente (Fig.
18). Devido ao seu prognóstico ruim, com quase tantas
mortes (n = 432.000) quanto casos (n = 459.000), o
câncer de pâncreas é a sétima causa de morte por
câncer em homens e mulheres (Fig. 4). As taxas são 3 a 4
vezes mais altas em países com IDH mais alto, com taxas
de incidência mais altas na Europa, América do Norte e
Austrália/Nova Zelândia (Fig. 19). Nos 28 países da União
Europeia, dado que as taxas são bastante estáveis em
relação às taxas decrescentes de câncer de mama,78
Existem vários tipos de câncer que, embora não apareçam entre os
10 principais cânceres, são cânceres importantes dentro de certos
CA CÂNCER J CLIN 2018;68:394–424
regiões ou países específicos. Com cerca de 42.000 novos casos
e 20.000 mortes, o sarcoma de Kaposi é um câncer
relativamente raro em todo o mundo, mas é endêmico em
vários países da África Austral e Oriental e estima-se que seja a
principal causa de incidência e mortalidade por câncer em 2018
no Malawi, Moçambique, Uganda e Zâmbia (Figs. 5 e 6); estima-
se que as taxas no Malawi sejam as mais altas do mundo em
ambos os sexos (Fig. 20). Os cânceres do lábio e da cavidade
oral são muito frequentes no sul da Ásia (por exemplo, Índia e
Sri Lanka), bem como nas ilhas do Pacífico (Papua Nova Guiné,
com a maior taxa de incidência mundial em ambos os sexos),
sendo também a principal causa de morte por câncer entre
homens na Índia e Sri Lanka (Figs. 6A e 21).
Sumário e conclusões
As estimativas do GLOBOCAN 2018 apresentadas neste relatório indicam
que haverá 18,1 milhões de novos casos de câncer e 9,6 milhões de
mortes por câncer em 2018. O câncer é uma importante causa de
morbidade e mortalidade em todo o mundo, em todas as regiões do
mundo, e independentemente do nível de desenvolvimento Humano. O
risco cumulativo de incidência, mesmo em cenários de baixo IDH, indica
que 1 em cada 8 homens e 1 em cada 10 mulheres desenvolverão a
doença ao longo da vida, enquanto que, nas 5 regiões africanas, o risco
cumulativo de morte em mulheres em 2018 é amplamente comparáveis
aos riscos observados entre as mulheres na América do Norte e nos
países de renda mais alta da Europa.
A extraordinária diversidade do câncer é capturada pelas
variações na magnitude e no perfil da doença entre e dentro
das regiões do mundo. Por um lado, existem tipos
específicos de câncer que dominam globalmente: os
cânceres de pulmão, mama feminina e colorretal explicam
um terço da incidência e da mortalidade por câncer em todo
o mundo e são os 3 principais cânceres em termos de
incidência e entre os 5 principais em termos de mortalidade
(primeiro, quinto e segundo, respectivamente). Por outro
lado, 13 tipos de câncer diferentes são a forma mais
frequente de diagnóstico de câncer ou morte em 1 ou mais
dos países estudados, e 23 locais de câncer individuais que
explicam pelo menos 1% cada da carga de incidência global
explicam 90% quando combinados. As variações regionais
nos tipos comuns de câncer sinalizam até que ponto os
fatores sociais, econômicos,
Estudos recentes em países de alta renda indicaram que de
um terço a dois quintos dos novos casos de câncer poderiam
ser evitados eliminando ou reduzindo a exposição a fatores de
risco ambientais e estilo de vida conhecidos.77,79,80Embora
existam várias intervenções que provaram ser um meio eficaz
de prevenção do câncer, os esforços internacionais para
promover e implementar a prevenção primária ainda carecem
de dinamismo, e os formuladores de políticas desconhecem o
grau de progresso e os benefícios que a prevenção traz.72
VOLUME 68 | NÚMERO 6 | NOVEMBRO/DEZEMBRO 2018 421
 Estatísticas Globais de Câncer 2018

As recentes avaliações globais de cânceres
atribuíveis a infecção, obesidade e radiação
ultravioleta nos lembram da grande variabilidade em
sua importância para diferentes partes do mundo e a
necessidade de adequar as ações de controle do
câncer de acordo com padrões localizados de fatores
de risco e carga de câncer. arquivos. Com o câncer
classificado como a primeira ou segunda causa de
morte prematura em quase 100 países em todo o
mundo, um investimento de alto nível no controle do
câncer ao lado de outras principais DNTs foi
reconhecido em 2017, com uma nova resolução sobre
câncer adotada por unanimidade pelos governos na
Assembleia Mundial da Saúde , que observou o
potencial da prevenção do câncer na redução da
carga de câncer no futuro.
Da mesma forma, os requisitos para que os governos construam
sistemas de coleta de dados baseados na população para informar
o controle do câncer também são declarados inequivocamente na
resolução. Há uma grande desigualdade na disponibilidade de
dados locais de alta qualidade em muitos países em transição no
momento, que tem consequências diretas para a correspondente
robustez das estimativas aqui apresentadas. O fato é que apenas 1
em cada 3 PBCRs relatam dados de câncer de alta qualidade ao
IARC, e 1 em cada 5 países relatam dados de mortalidade
equivalentes à OMS. Embora as estimativas da GLOBOCAN
forneçam uma avaliação global valiosa da magnitude e
distribuição de câncer, eles não pretendem substituir as abordagens
contínuas de registro de dados de PBCRs de alta qualidade e
sistemas de registro vital. Como parte do planejamento de DNT, um
programa de vigilância do câncer construído em torno de um PBCR
fornece um meio para os governos monitorarem efetivamente o
progresso na operacionalização de um programa nacional de
controle do câncer, bem como um meio de avaliar as atividades
individuais de controle do câncer.81,82
Lançada em 2012 e liderada pela IARC, a Iniciativa Global para o
Desenvolvimento de Registros de Câncer (gicr.iarc.fr) é uma parceria
das principais organizações de câncer que buscam abordar as
desigualdades na disponibilidade de dados robustos de incidência
de câncer, aumentando radicalmente sua qualidade,
comparabilidade, E use. Seis centros regionais da IARC para registro
de câncer foram estabelecidos cobrindo África, Ásia, América do Sul
e Central, Caribe e Ilhas do Pacífico, que agora fornecem a
assistência técnica necessária aos registros por meio de um amplo
conjunto de atividades de transferência de conhecimento e
capacitação, incluindo umatreinar o treinadorabordagem ao ensino
e a oferta de visitas locais a países para apoiar os planos de
vigilância locais. Se a iniciativa for bem-sucedida, levará a melhores
estimativas globais de câncer e, igualmente importante, fornecerá
aos governos os dados locais necessários para priorizar e avaliar os
esforços de controle do câncer para reduzir a carga e o sofrimento
do câncer em suas comunidades.-
Reconhecimentos:Agradecemos aos registros de câncer em todo o mundo por sua
colaboração; sem seus esforços, não haveria estimativas globais de câncer.
Agradecemos também ao Sr. Mathieu Laversanne da Agência Internacional de
Pesquisa sobre o Câncer por desenvolver as tabelas e figuras incluídas neste artigo.

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