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Estes dois Templos são de estilo Românico, marcado entre os séculos XI e XIII na Europa,

ambos apresentam paredes robustas feitas de pedra e motivos decorativos, neste caso
escultóricos, com o objetivo didático de instruir os que o vêem e facilitando a compreensão
aos analfabetos de o que são estes edifícios (religiosos).

A Capela de San Galindo de Campisábalos apresenta um pórtico retangular que é


acessado diretamente da rua através de um portal formado por quatro arquivoltas, em
profundidade.
A mais interna é a mais orgânica, tem uma forma lobular como se tivesse sido recortada e é
decorada com motivos florais, cada bloco de pedra tem a figura de uma flor esculpida em
relevo.
As restantes arquivoltas exteriores já são mais lisas, porém a segunda a contar de dentro
para fora tem também esculpida elementos geométricos triangulares.
Estão sustentadas por colunas. A mais interna tem um fuste com caneluras semicilíndricas
e as restantes são lisas, e todas elas têm os capitéis esculpidos com motivos vegetalistas
que se assemelham a folhas.
Na parede do pórtico está um arco semicircular que envolve as quatro arquivoltas interiores,
tem esculpido em cada bloco de pedra formas vegetalistas que parecem raízes, em
sequência, mas com rotação. Por exemplo, um bloco no centro tem esculpido uma curva
em U, o seguinte em ∩, e assim se sucede.
Por cima do portal, está situada uma telha sustentada por oito mísulas que apresentam
figuras de animais, da Natureza e de humanos. Como já estão corroídas pelos fatores do
tempo não se percebe muito bem o que são definidamente, da esquerda para a direita, a
primeira parece uma rosa a brotar, a segunda o rosto de uma figura humana um pouco
demoníaca, a sexta apresenta uma cobra, a oitava a cabeça de um felino, provavelmente
um animal bíblico como o leão, as restantes mísulas parecem figuras humanas ou
antropomorfas.

Na parede ao lado direito, é apresentado um friso de baixos relevos onde a figura humana
está sempre presente e, em alguns momentos, elementos da Natureza e figuras de animais.
Começa por apresentar a imagem de um Homem com os braços erguidos contemplando
algo. De seguida está com os braços para baixo como se estivesse a pousar alguma coisa.
Mais à frente está a figura numa posição forçada a praticar um trabalho agrícola. Sendo que
a representação de um trabalho agrícola está retratado num monumento religioso, faz
sentido que essa colheita agrícola seja uma vinha, já que o vinho simboliza o sangue de
Cristo.
A figura é representada a preparar a vinha, a arejar a terra e arrancando as ervas daninhas
e depois, já representado com um utensílio que deve ser uma enxada, está a cavar a terra,
provavelmente para podar as vinhas.
De seguida, já no meio do friso, foi utilizada a imagem da figura humana alimentando um
cavalo.
Dando seguimento ao trabalho a ser exercido, a figura está a cortar os cardos e as ervas
daninhas que voltaram a crescer. Depois o fruto está a ser colhido e parece que é
empilhado, no momento em que está representado um montinho. O “cenário” muda e já
vemos uma ação de caça, em que estão esculpidas figuras humanas e animais, entre eles
cães de caça, que atacam um animal de grande porte. A imagem que finaliza este friso são
dois homens montados em cavalos enquanto lutam.
Esta sequência de momentos narrados pelo friso, é contado cronologicamente, e sendo que
retrata ações de trabalho em colheita e caça, representa um calendário agrícola. Logo,
podemos ter a noção dos meses do ano, assim faz sentido que no início do friso, o mês seja
Janeiro, a figura de braços erguidos contempla Deus e reza para a vinda de um Salvador, já
que historicamente situa-se numa época muito religiosa na Europa, maioritariamente cristã.

Por baixo do friso, ao centro, está uma pequena janela com um orifício circular onde
provavelmente tinha um vitral, e à sua volta estão esculpidos motivos vegetalistas.

Na figura dois, a fachada da Igreja de Santa Maria la Real tal como a Capela de San
Galindo de Campisábalos, apresenta um pórtico retangular. Mas o que os diferencia são os
arcos, as esculturas e os temas que essas esculturas difundem. Ao contrário do pórtico da
Capela de San Galindo de Campisábalos, este é constituído três arcos ogivais, que são
pontiagudos em vez de curvados, e que assentam em outros tantos pares de colunas em
gradação que envolvem o tímpano e o lintel. Os arcos estão assentes em colunas de cada
lado com figuras humanas esculpidas no fuste, e se repararmos bem, são representadas
com uma auréola, identificando-as como figuras santas. Os capitéis também são figurados.

Nos fustes do lado esquerdo, são esculpidas figuras femininas com vestes mais nobres e
com um lenço ou véu que lhes cobrem a cabeça. No meio é representada a Virgem Maria
com a marca do autor “Leodegarius me fecit ” no livro que segura e o que a identifica é a
coroa que tem na cabeça. No fuste interior, a figura segura algo parecido com um pote ou
frasco, o que remete a Maria Madalena com o frasco de perfume, o objeto que a identifica.
E no fuste exterior, a figura segura um incenso, a santa que mais vezes é representada com
incenso é Salomé.
Os capitéis representam temas do Ciclo da Infância de Cristo, os episódios da Anunciação,
da Visitação e da Apresentação no Templo, do capitel mais exterior para o mais interior.
Nas colunas do lado direito os fustes têm esculpidos figuras masculinas, representados com
vestes menos nobres e transmitem um aspecto mais vulnerável. As figuras seguram um
objeto, mas de modo egoísta, materialista, quase receosos de que alguém lhos pudessem
tirar. No fuste interior a figura segura um saquinho, é Judas com o saco de moedas. Ao
meio, a figura segura um livro junto ao corpo, provavelmente é São Paulo com o livro onde
escreveu os ensinamentos de Jesus depois de converter-se ao cristianismo, pois antes era
Judeus e não acreditava em Cristo nem em Deus. Já a figura esculpida no fuste exterior é
representada em tronco nu, apenas com um panejamento que o envolve da cintura aos pés,
o santo que é descrito desta forma é São Sebastião.
Os capitéis apresentam motivos vegetalistas, mas o do meio tem motivos que representa o
tema do Julgamento de Salomão. Está esculpida a imagem de um homem sentado, talvez
num trono, com as mãos juntas à frente da sua cabeça, parece que está a rezar, e ao lado
outra figura com um instrumento de castidade, que parece um chicote.

No centro do tímpano está a figura de Cristo Pantocrator julgando os homens, ladeado por
quatro anjos que tocam a corneta, dando início ao julgamento.
No linter, a base do tímpano, estão representadas treze figuras, são os doze apóstolos
tratados como intercessores e a figura que está a pesar as almas é São Miguel. E ao centro
está a Virgem Maria com Jesus bebé ao colo.
Encontram-se múltiplos relevos de rica simbologia, do lado esquerdo da imagem as figuras
são apresentadas em posições e expressões mais serenas, o que simboliza o Paraíso, para
onde vão as almas dos que levaram uma vida terrena boa e fiel aos ensinamentos da igreja.
E do lado direito as figuras já transmitem desconforto, estão curvadas e com expressões
amedrontadas, o que simboliza o Inferno, para onde vão as almas dos que praticaram
ações que favoreciam o Diabo e que violavam os ensinamentos da igreja. Este alto relevo
representa o Juízo Final.

As figuras caracterizam-se por apresentar figuras hieráticas, dobras incisas simples e faces
quadradas com olhos grandes, lembram a arte bizantina, muito expressiva. As arquivoltas
reproduzem os espólios da época, com imagens de bispos e mitras, abades, soldados com
escudos, elmos e espadas, trabalhadores artesanais, avarentos com sacolas penduradas
no pescoço, homens mordidos por répteis, que remete para a cobra, tocando no assunto
dos pecadores, músicos, dançarinos, acrobatas, etc.

Na parede do pórtico, que envolve o tímpano, estão esculpidas figuras antropomorfas e


fantásticas, como também elementos vegetalistas, florais e mais orgânicos que devem ser
símbolos bíblicos.

No portal, na lateral das paredes em cima da porta, estão representados dois elementos
bíblicos. Do lado esquerdo da imagem, está a figura de um carneiro, que simboliza o
cordeiro de Deus, e está do lado em que se trata o tema do paraíso, pois o cordeiro foi
quem tirou o pecado do mundo. Já no lado direito uma figura anticristo, demoníaca, que
simboliza o diabo, e está do lado em que se trata do tema do inferno.

As esculturas e relevos dos templos lembram a época do Antigo Egípcio, pois também eles
tratavam temas religiosos de adoração aos seus Deuses e o que mais salienta essa
semelhança são as figuras antropomorfas esculpidas na pedra.
A escultura surgiu, principalmente, para decorar os elementos principais dos edifícios, mas
Desde o período paleocristão com o surgimento da Arte Bizantina, a escultura deixou de ter
apenas um sentido apenas de decoração e ganhou um objetivo didático, para instruir os que
a veem ao mesmo tempo que a contemplam. O mesmo acontece com as esculturas e
relevos Românicos presentes nestes dois templos cristãos.
Já a presença de estátuas-colunas lembram também as cariátides, que são colunas em
forma de mulher, como está no templo de Erecteion na Grécia. O tímpano na figura dois
também tem influência dos templos da antiguidade clássica.
Nos dois templos, as arquivoltas nos portais parecem os arcos da arquitetura Islâmica, na
figura um o arco interior com lóbulos e que parece ter sido recortado têm uma organicidade
que lembra os templos islâmicos, até mesmo a pequena janela que provavelmente tinha um
vitral com um toque de arte mudéjar. Já que o Românico é um estilo com tais caracteristicas
de um estilo que se desenvolveu nos reinos cristãos da Península Ibérica e que incorporou
influências do estilo hispano-muçulmano.
Na figura 2 o estilo mudéjar já é mais notável, os arcos ogivais pontiagudos no meio, remete
para as mesquitas.

Webgrafia:
Iglesia de San Bartolomé y Capilla de San Galindo-
http://www.aldeaglobal.net/alu510/castella/Guadalajara/Sant%20Bartomeu%20i%20San%20
Galindo.
Guia da igreja de Santa María la Real em Sangüesa, Navarra-
https://www.arteguias.com/iglesia/santamariarealsanguesa.htm
Ruta del Románico Rural de Guadalajara-
https://artelarana.lunaazul.org/2017/06/21/ruta-del-romanico-rural-guadalajara/
Mensário Românico- https://arteviajero.com/articulos/mensario-romanico/
IGLESIA DE SANTA MARÍA LA REAL, SANGÜESA-
https://turismo.navarra.om/item/iglesia-de-santa-maria-la-real-sanguesa/

Simone Castelo
1º ano licenciatura em Artes Plásticas
ESAD.CR 2022/2023

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