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ambos apresentam paredes robustas feitas de pedra e motivos decorativos, neste caso
escultóricos, com o objetivo didático de instruir os que o vêem e facilitando a compreensão
aos analfabetos de o que são estes edifícios (religiosos).
Na parede ao lado direito, é apresentado um friso de baixos relevos onde a figura humana
está sempre presente e, em alguns momentos, elementos da Natureza e figuras de animais.
Começa por apresentar a imagem de um Homem com os braços erguidos contemplando
algo. De seguida está com os braços para baixo como se estivesse a pousar alguma coisa.
Mais à frente está a figura numa posição forçada a praticar um trabalho agrícola. Sendo que
a representação de um trabalho agrícola está retratado num monumento religioso, faz
sentido que essa colheita agrícola seja uma vinha, já que o vinho simboliza o sangue de
Cristo.
A figura é representada a preparar a vinha, a arejar a terra e arrancando as ervas daninhas
e depois, já representado com um utensílio que deve ser uma enxada, está a cavar a terra,
provavelmente para podar as vinhas.
De seguida, já no meio do friso, foi utilizada a imagem da figura humana alimentando um
cavalo.
Dando seguimento ao trabalho a ser exercido, a figura está a cortar os cardos e as ervas
daninhas que voltaram a crescer. Depois o fruto está a ser colhido e parece que é
empilhado, no momento em que está representado um montinho. O “cenário” muda e já
vemos uma ação de caça, em que estão esculpidas figuras humanas e animais, entre eles
cães de caça, que atacam um animal de grande porte. A imagem que finaliza este friso são
dois homens montados em cavalos enquanto lutam.
Esta sequência de momentos narrados pelo friso, é contado cronologicamente, e sendo que
retrata ações de trabalho em colheita e caça, representa um calendário agrícola. Logo,
podemos ter a noção dos meses do ano, assim faz sentido que no início do friso, o mês seja
Janeiro, a figura de braços erguidos contempla Deus e reza para a vinda de um Salvador, já
que historicamente situa-se numa época muito religiosa na Europa, maioritariamente cristã.
Por baixo do friso, ao centro, está uma pequena janela com um orifício circular onde
provavelmente tinha um vitral, e à sua volta estão esculpidos motivos vegetalistas.
Na figura dois, a fachada da Igreja de Santa Maria la Real tal como a Capela de San
Galindo de Campisábalos, apresenta um pórtico retangular. Mas o que os diferencia são os
arcos, as esculturas e os temas que essas esculturas difundem. Ao contrário do pórtico da
Capela de San Galindo de Campisábalos, este é constituído três arcos ogivais, que são
pontiagudos em vez de curvados, e que assentam em outros tantos pares de colunas em
gradação que envolvem o tímpano e o lintel. Os arcos estão assentes em colunas de cada
lado com figuras humanas esculpidas no fuste, e se repararmos bem, são representadas
com uma auréola, identificando-as como figuras santas. Os capitéis também são figurados.
Nos fustes do lado esquerdo, são esculpidas figuras femininas com vestes mais nobres e
com um lenço ou véu que lhes cobrem a cabeça. No meio é representada a Virgem Maria
com a marca do autor “Leodegarius me fecit ” no livro que segura e o que a identifica é a
coroa que tem na cabeça. No fuste interior, a figura segura algo parecido com um pote ou
frasco, o que remete a Maria Madalena com o frasco de perfume, o objeto que a identifica.
E no fuste exterior, a figura segura um incenso, a santa que mais vezes é representada com
incenso é Salomé.
Os capitéis representam temas do Ciclo da Infância de Cristo, os episódios da Anunciação,
da Visitação e da Apresentação no Templo, do capitel mais exterior para o mais interior.
Nas colunas do lado direito os fustes têm esculpidos figuras masculinas, representados com
vestes menos nobres e transmitem um aspecto mais vulnerável. As figuras seguram um
objeto, mas de modo egoísta, materialista, quase receosos de que alguém lhos pudessem
tirar. No fuste interior a figura segura um saquinho, é Judas com o saco de moedas. Ao
meio, a figura segura um livro junto ao corpo, provavelmente é São Paulo com o livro onde
escreveu os ensinamentos de Jesus depois de converter-se ao cristianismo, pois antes era
Judeus e não acreditava em Cristo nem em Deus. Já a figura esculpida no fuste exterior é
representada em tronco nu, apenas com um panejamento que o envolve da cintura aos pés,
o santo que é descrito desta forma é São Sebastião.
Os capitéis apresentam motivos vegetalistas, mas o do meio tem motivos que representa o
tema do Julgamento de Salomão. Está esculpida a imagem de um homem sentado, talvez
num trono, com as mãos juntas à frente da sua cabeça, parece que está a rezar, e ao lado
outra figura com um instrumento de castidade, que parece um chicote.
No centro do tímpano está a figura de Cristo Pantocrator julgando os homens, ladeado por
quatro anjos que tocam a corneta, dando início ao julgamento.
No linter, a base do tímpano, estão representadas treze figuras, são os doze apóstolos
tratados como intercessores e a figura que está a pesar as almas é São Miguel. E ao centro
está a Virgem Maria com Jesus bebé ao colo.
Encontram-se múltiplos relevos de rica simbologia, do lado esquerdo da imagem as figuras
são apresentadas em posições e expressões mais serenas, o que simboliza o Paraíso, para
onde vão as almas dos que levaram uma vida terrena boa e fiel aos ensinamentos da igreja.
E do lado direito as figuras já transmitem desconforto, estão curvadas e com expressões
amedrontadas, o que simboliza o Inferno, para onde vão as almas dos que praticaram
ações que favoreciam o Diabo e que violavam os ensinamentos da igreja. Este alto relevo
representa o Juízo Final.
As figuras caracterizam-se por apresentar figuras hieráticas, dobras incisas simples e faces
quadradas com olhos grandes, lembram a arte bizantina, muito expressiva. As arquivoltas
reproduzem os espólios da época, com imagens de bispos e mitras, abades, soldados com
escudos, elmos e espadas, trabalhadores artesanais, avarentos com sacolas penduradas
no pescoço, homens mordidos por répteis, que remete para a cobra, tocando no assunto
dos pecadores, músicos, dançarinos, acrobatas, etc.
No portal, na lateral das paredes em cima da porta, estão representados dois elementos
bíblicos. Do lado esquerdo da imagem, está a figura de um carneiro, que simboliza o
cordeiro de Deus, e está do lado em que se trata o tema do paraíso, pois o cordeiro foi
quem tirou o pecado do mundo. Já no lado direito uma figura anticristo, demoníaca, que
simboliza o diabo, e está do lado em que se trata do tema do inferno.
As esculturas e relevos dos templos lembram a época do Antigo Egípcio, pois também eles
tratavam temas religiosos de adoração aos seus Deuses e o que mais salienta essa
semelhança são as figuras antropomorfas esculpidas na pedra.
A escultura surgiu, principalmente, para decorar os elementos principais dos edifícios, mas
Desde o período paleocristão com o surgimento da Arte Bizantina, a escultura deixou de ter
apenas um sentido apenas de decoração e ganhou um objetivo didático, para instruir os que
a veem ao mesmo tempo que a contemplam. O mesmo acontece com as esculturas e
relevos Românicos presentes nestes dois templos cristãos.
Já a presença de estátuas-colunas lembram também as cariátides, que são colunas em
forma de mulher, como está no templo de Erecteion na Grécia. O tímpano na figura dois
também tem influência dos templos da antiguidade clássica.
Nos dois templos, as arquivoltas nos portais parecem os arcos da arquitetura Islâmica, na
figura um o arco interior com lóbulos e que parece ter sido recortado têm uma organicidade
que lembra os templos islâmicos, até mesmo a pequena janela que provavelmente tinha um
vitral com um toque de arte mudéjar. Já que o Românico é um estilo com tais caracteristicas
de um estilo que se desenvolveu nos reinos cristãos da Península Ibérica e que incorporou
influências do estilo hispano-muçulmano.
Na figura 2 o estilo mudéjar já é mais notável, os arcos ogivais pontiagudos no meio, remete
para as mesquitas.
Webgrafia:
Iglesia de San Bartolomé y Capilla de San Galindo-
http://www.aldeaglobal.net/alu510/castella/Guadalajara/Sant%20Bartomeu%20i%20San%20
Galindo.
Guia da igreja de Santa María la Real em Sangüesa, Navarra-
https://www.arteguias.com/iglesia/santamariarealsanguesa.htm
Ruta del Románico Rural de Guadalajara-
https://artelarana.lunaazul.org/2017/06/21/ruta-del-romanico-rural-guadalajara/
Mensário Românico- https://arteviajero.com/articulos/mensario-romanico/
IGLESIA DE SANTA MARÍA LA REAL, SANGÜESA-
https://turismo.navarra.om/item/iglesia-de-santa-maria-la-real-sanguesa/
Simone Castelo
1º ano licenciatura em Artes Plásticas
ESAD.CR 2022/2023