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O Pantocrator

e a Theotokos
Walter Welington
Iconógrafo
Atelier de Iconografia Santa Cruz
No Princípio...
• A Encarnação do Verbo é o
principio de tudo o que se refere a
imagem de Deus.
• “A hora do nascimento terreno do
Filho de Deus é a hora do
nascimento do ícone: Jesus Cristo
não é apenas o Verbo de Deus, mas
também a sua imagem”.
• “Ele (Cristo) é a imagem visível de
Deus (invisível)” (cf. Col. 1, 15).
• Em Jesus Cristo, na Sua
Encarnação, realiza-se a sintese: “o
Eterno entra no tempo, o Tudo
esconde-se no fragmento, Deus
assume um rosto humano” (Fide et
Ratio, 12).

A Anunciação, Catacumba de Santa Priscilla – Roma (séc. IV)


É a Vossa Face
que eu procuro...
• O fundamental e primeiro
ícone é a própria Face de
Cristo e podemos representá-
la, pois não se trata mais de
uma imagem inacessível à
vista, mas real.
• O Pai permite se encontrar na
Face de Cristo e, Cristo, deixa
sinais posteriores a sua
passagem pela Terra para que,
por meio da Sua Sagrada
Face, se achegassem a Ele.

A Sagrada Face de Gênova, Gênova – Igreja de São Bartolomeu


dos Armênios (séc. XIV)
Não feitos por mãos
humanas
• Mandylion de Edessa – O
príncipe Abgar V, de Edessa,
doente, teria pedido para ver
Cristo, a fim de curá-lo, e
enviando uma carta pelo seu
arquivista Hannan, encarregou,
caso Jesus não quisesse fazer tal
viagem, que ao menos lhe
enviasse o seu retrato. Jesus,
porém, intuiu o pedido, lavou o
seu rosto, enxugou-se com uma
toalha, onde, prodigiosamente,
ficaram impressos os traços de
Sua Face; assim, Abgar foi
ouvido e curado.
Fragmento do ícone do Rei Abgar V, do Mosteiro de Santa
Catarina do Sinai
Não feitos por mãos
humanas
• Sagrada Face de Verônica – se
refere ao retrato facial que Jesus, a
caminho do Calvário, teria
estampado milagrosamente no
pano que aquela piedosa mulher
lhe estendera.
Verônica - Vera (verdadeira) + Ícone
(imagem)
• No Santo Sudário, de Turin, há
uma tendência em unificar as
duas tradições (Oriental e
Ocidental), remontando sua
origem à própria mortalha que
envolveu o Corpo do Senhor
Morto

Santa Verônica segurando o véu – Galeria de ícones Morsink ,


Alemanha
As catacumbas dos
primeiros cristãos
• Mesmo depois da aparição de
Cristo no mundo, os primeiros
cristãos continuaram a retratar
a Cristo, mas não de maneira
teológica e litúrgica, como
temos atualmente, mas apenas
catequética.
• O esboço do Pantocrator já se
encontra desde as antigas
catacumbas, através das artes
dos antigos fossores, da era
paleocristã.

Cristo e mártires, afresco. Catacumba dos Santos Marcelino e


Pedro, Roma – Itália (séc. IV)
Os cânones da
Iconografia
• As regras para a iconografia
cristã, começaram a se esboçar no
ano de 692, data do Concílio
Trulano (ou “Quinisesto”).
• Os cânones deste Concílio foram
assinados pelo Imperador e pelos
Patriarcas de Constatinopla,
Alexandria, Antioquia e
Jerusalém, por vários motivos não
foram aceitos pelo Papa romano
daquela época.
• A decisão recusa o simbolismo
das imagens cristãs e, no lugar,
prescreve a correspondência entre
imagem e realidade histórica.

Cordeiro de Deus, afresco. Catacumba dos Santos Marcelino e


Pedro, Roma – Itália (séc. IV)
Formação do rosto
de Cristo
• Desde testemunhos das
Sagradas Escrituras,
observamos aspectos
somáticos de uma retratação
do porte físico ou moral de
Jesus:
“És o mais belo dos filhos dos homens, a graça escorre
dos teus lábios, porque Deus te abençoa para sempre”.
(Sl 45,3)
“O menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de
sabedoria; e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40)
“Ele não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair
o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar. Era
desprezado e abandonado pelos homens, um homem
sujeito à dor, familiarizado com a enfermidade como
uma pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado,
não fazíamos caso nenhum dele” (Is 53, 2-3).

Busto de Jesus Cristo, afresco. Catacumba dos Santos Marcelino e


Pedro, Roma – Itália (séc. IV)
Formação do rosto
de Cristo
• Foti Kontoglou (séc. XX) – “Os ícones
do Senhor, pintados segundo a tradição
da iconografia oriental ortodoxa,
apresentam o aspecto do Senhor como o
propõem aquelas antigas descrições dos
santos Padres. Nos seus santos ícones o
Senhor é sempre representado
„ligeiramente inclinado, mostrando a
imagem da humildade‟, quer dizer,

Pantocrator Psichosostes, têmpera ovo, Fotis Kontoglou Grécia


ligeiramente curvado, com os ombros
ligeiramente erguidos. Seu rosto é da cor
do trigo, um pouco alongado, „não sendo
de forma redonda”, com olhos muito
vivos, sobrancelhas um pouco unida,
com cabelos longos e ligeiramente
crespa‟, o queixo coberto de barba cor
castanha, mas não longas demais, „os
cabelos da barba não muito caídos‟, nariz
longo. É este, em suma, o exato retrato
do Senhor como resulta dos seus ícones
pintados pelos pios hagiógrafos da

1962.
Ortodoxia”.
Tipologia dos
ícones de Cristo
A iconografia tradicional
bizantina aperfeiçoou três tipos
principais:
• O Emanuel, mostrando um
Cristo jovem;
• Sagrada Face ou Mandilion;
• O Pantocrator, considerado a
criação mais perfeita de toda
arte bizantina. É o Cristo
adulto.
O Emanuel
Refere-se a profecia de Isaías: Eis que
uma virgem conceberá e dará à luz um filho e
por-lhe-á o nome de Emanuel (Is. 7,14).
• Características básicas:
 Possui traços somáticos de um
adolescente quase adulto refulgente
de juventude;
 Usa as mesmas vestes de Cristo
adulto, dando mais ênfase com o
uso de assists no seu manto
salientando sua divindade;
 Sua fronte mais avolumada enfatiza
a simbologia da sua inteligência e
sabedoria, porém, diferente do
Cristo adulto, seu nariz é mais
curto.

O Emanuel (Escola de Vladimir), Galeria Tretyakov, Moskou


– Rússia (séc. XII)
O Emanuel
• Campo de aplicação:
 Em diversos ícones da
Theotokos (a presença da Mãe
é em função do Filho de quem
ela é Mãe);
 Nos Ícones festivos
(Nascimento de Jesus, Adoração
dos Magos, da Fuga para o
Egito, da Circuncisão, da
Apresentação do Templo, do
Menino Jesus entre os doutores,
dentre outros).
 Nos ícones da Sinaxe dos
Incorpóreos, aparecendo num
escudo e a meio busto, rodeado
de anjos).

Jesus entre os doutores, ícone russo (séc. XV)


O Mandillion
• Características básicas:
 Representada frontalmente e
sem pescoço;
 Em geral, possui bigode
fundido à barba bipartida;
 Sobre a testa escorre uma
mexa de cabelo em sinal de
pureza e elevação de espírito;
 A boca geralmente é
representada pequena e os
olhos grandes e acentuados.

Santo Keramion (escola russa de Novgorod), Galeria Tretyakov,


Moscou – Rússia (séc. XII).
O Pantocrator
• Traços de figura histórica:
Apresentado adulto (com +/-
trinta e três anos). Distingue-se
pela mesma estatura do corpo,
os mesmos traços somáticos
(em especial os do rosto), as
mesmas roupas.
• Traços de retrato espiritual:
as simbologias aplicadas, fundo
dourado e inscrições destacam
a realidade da pessoa
atualmente viva, transfigurada,
divina e salvífica.
O ícone do Pantocrator transmite o
dogma cristológico das duas naturezas,
humana e divina, unidas na única Pessoa
do Verbo: Filho de Deus e Deus ele
próprio, consubstancial ao Pai.
 O Pantocrator é representado em busto,  As roupas que cobrem o corpo de Cristo são
meio busto ou corpo inteiro. Neste constituídas de três peças: a túnica, o manto e
último caso, na maioria das vezes, estará sentado
no trono e, as vezes, rodeado pelas hierarquias as sandálias, presas ao tornozelo por tiras de
celestes, que sublinham sua majestade divina. couro.
 Caracteriza-se pela auréola crucífera, que se tornou  O corpo de Cristo se destaca no fundo
comum no decurso do séc. VI; pela mão direita dourado, para indicar que a pessoa
que abençoa “à maneira grega; e pela esquerda que representada se encontra agora na glória do
segura o livro aberto ou fechado, ou mesmo um céu.
rolo.
 O rosto é o do Mandilion, considerado impresso  Sobre os ícones estão presentes algumas
pelo Cristo na toalha enquanto ainda vivia. inscrições, algumas são facultativas (as
Alongado, sobrancelhas arqueadas, olhos grandes e nomenclaturas, as indicações que caracterizam
abertos, voltados para o espectador, nariz longo e o iconógrafo e as inscrições do livro aberto) e,
delicado, a barba bastante longa bipartida e outras, obrigatórias (os digramas do nome de
terminado em ponta arredondada, bigode caído, Cristo - IC XC e o sagrado trigrama do nome
cabelos ondulados que formam um capacete e
caem até os ombros. No alto da fronte descem de Deus - O WN.
dois, três ou mais cachos.
O Salvador das
Almas
• Apresenta Jesus com o livro
fechado;
• A Inscrição em grego,
Psychosostes, remete o
expectador a quem ele deve se
dirigir.
• Mão direita abençoando a
maneira grega.
• Na auréola crucífera está
ausente a inscrição O WN,
pois não é obrigatória.
O Salvador e
Doador da Vida
• Apresenta Jesus com o livro
fechado;
• A Inscrição em grego, Soter kai
Zoodotes, remete o expectador a
quem ele deve se dirigir.
• Mão direita abençoando a
maneira grega.
• Na auréola crucífera está a
inscrição O WN, referindo-se
a Cristo, o mesmo atributo de
Deus revelado a Moisés: “Eu
Sou” (Ex 3,14).
O Sumo Sacerdote
• A Inscrição em grego e Megas
Archiereus, remete o
expectador a quem ele deve se
dirigir;
• Mão direita abençoando a
maneira grega;
• Na auréola crucífera está a
inscrição O WN;
• Veste paramentos dos bispos,
conforme os costumes do
Oriente Bizantino;
• A inscrição no livro, em geral,
enfatiza seu tipo.
O Misericordioso
• A Inscrição em grego é O
Eleimon, referindo ao que o
Salmista diz: “Bom e
compassivo é o Senhor, lento
para a cólera e cheio de amor”
(Sl 103,8).
• Mão direita abençoando “à
maneira grega” apontando em
direção ao peito e ao livro
fechado.
• Na auréola crucífera está
ausente a inscrição O WN;
O Salvador
• A Inscrição em grego é O
Soter;
• Recebe especial atenção as
inscrições do livro:
Vinde benditos do meu Pai,
recebei em herança do reino preparado
para vós... (Mt 25,34)
Essa frase é aquela que Cristo
pronuncia na segunda Parusia. É
dirigida por Cristo aos benditos
da direita, e isto explica por que
os olhos de Cristo estão voltados
para essa direção.
O livro do
Pantocrator
O livro que o Cristo traz na mão
é o dos Evangelhos e, em geral, é
segurado na mão esquerda;
enquanto que a direita abençoa.
Em algumas representações o
livro está aberto para que possam
lê-lo. Essas passagens contribuem
para ilustrar o nome acrescentado
e para especificar o sentido da
representação quando falta o
nome.
Tipologia do
Pantocrator
em geral
“Eu sou a luz do mundo, quem
me segue não anda nas treva, mas
terá a luz da vida”. (Jo 8,12)
“As minhas ovelhas ouvem
minha voz e eu as conheço e elas
me seguem”. (João 10, 27)
“Venham a mim, todos os que
estais cansados e curvados pelos
pesos dos fardos, e eu lhes darei
descanso” (Mt 11, 28)
A mão que abençoa
Quando fazes uma mão que abençoa,
não una os três dedos juntos, mas une
o polegar com o anular apenas; o
dedo chamado indicador e o médio
formam o nome IC; com efeito, o
indicador forma o I; o dedo médio
curvado forma o C; o polegar e o
anular que se unem obliquamente e o
mínimo que está ao lado, formam o
Dionísio de Furná, Hermenêutica da Pintura, pp 305 - 306

nome XC; de fato a obliquidade do


mínimo, que tem forma curva, indica
justamente por isso o C; por meio dos
dedos, portanto formam o nome XC e
por esse motivo, pela divina
providência do Criador de todas as
coisas, os dedos da mão humana
foram modelados assim e não foram
demais ou de menos, mas em
quantidade suficiente para formar este
nome.
S. Lucas, o
iconógrafo
A tradição, ao referir-se a S.
Lucas, a quem primeiro pintou a
Santíssima Virgem, indica
também que ele tenha pintado
outros três ícones que são a base
dos três tipos fundamentais
sempre repetidos nos ícones:
Odhigítria, Eleusa e a Orante.
A Theotokos
• Assim como as de Cristo, as
primeiras imagens de Maria se
deram nas catacumbas dos
primeiros cristãos, no séc. III e
IV.
• A iconografia da Virgem
Santíssima se subordina e está
em relação ao mistério da
Encarnação do Verbo. Maria
está para Jesus.
• Ela é “A Portadora de Deus”,
daí o termo Theotokos. Ela é “A
Mãe de Deus” daí o digrama
MP QY – Muter Qeou.

A Aleitante, Catacumba de Santa Priscilla – Roma (séc. IV)


Classificação dos
ícones marianos
• Pelas cidades em que são
venerados – Mãe de Deus de
Jerusalém; Mãe de Deus de Kazan;
Mãe de Deus de Vladimir; Mãe de
Deus de Smolensk.
• Pelos célebres santuários que
foram guardados – Blachernitissa
(Santuário de Santa Maria de
Blachernes); Khalkopratia (Capela
de Khalkopratia), ambos em
Constantinopla.
• Por uma qualidade ou virtude de
Maria – a Eleusa (Virgem da
Ternura); a Hodhighítria (Aquela
que indica o Caminho); a Panaghía
(a Toda Santa).

Blachernitissa - Ícone slavo (séc XIII) conservado na Galeria


Tretyakov, Moscou – Rússia.
A Mãe de Deus
• Qualquer ícone da Mãe de Deus nos apresenta
com total ausência de sensualidade;
• O corpo é coberto de amplas vestes e a cabeça,
com o véu que, além de cobrir os cabelos, as
vezes desce até o joelho;
• No rosto, a boca pequena e olhos grandes
(expressivos, reflexo de profundidade espiritual
e de recolhida contemplação) cheios de
misericordiosa bondade.
• As mãos longas e afiladas com gestos
respeitosos, cheio de calma.
• O frontal habitual da imagem acentua o
sagrado e, sobre o manto, as três estrelas,
respectivamente sobre a fronte e os ombros,
significam que ela foi Virgem antes, durante e
depois do parto.
• O Menino que que carrega em seus braços tem
o rosto de uma pessoa madura: é o Eterno.
A Odighítria
“Aquela que indica (guia, conduz,
mostra) o Caminho”, mostra, com o
gesto que, Jesus é “o Caminho, a Verdade,
e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por
mim” (Jo 14, 6).

Principais Características:
• Posição ereta e atitude frontal ou
ligeiramente voltada para o lado;
• O Menino abençoa com a mão
direita e a esquerda segura o rolo
(pergaminho);
• O olhar da Mãe está voltado para o
espectador. É pelo olhar que este tipo
se distingue dos outros;
• A mão da Virgem que está
indicando pousa sobre o peito.

Mãe de Deus Odighitria (Escola Cretense) – Grécia (séc XVI)


Portaitissa
A Guardiã da Porta ou Mãe de
Deus Porta do Céu – Principal
característica desse ícone é o que
se parece com uma cicatriz na
bochecha direita ou no queixo,
do mesmo lado, da Virgem.
‫ ٭‬Outro famoso ícone que
obedece a essas mesmas
características é o da Virgem
de Czestochowa

Mãe de Deus Portaitissa – Monte Athos, Grécia (séc XVII)


Virgem da Paixão
Ou Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro.
A particularidade fica por conta
do Menino Jesus que agarra
firmemente com as duas mãos a
mão direita da Virgem, enquanto
olha, assustado, os instrumentos
de sua futura paixão.
Tricherousa
Virgem das Três Mãos – Em
geral, neste subtipo, a Virgem
segura o Menino Jesus com a
mão direita e aponta com a
esquerda, enquanto que uma
terceira mão aparece logo abaixo.
• Essa terceira mão fora posta
posteriormente a pedido de S.
João Damasceno, ainda
durante a luta iconoclasta,
como uma ação de graças
pela recuperação milagrosa de
sua mão amputada.
A Eleússa
É a “Virgem da Ternura”, título
iconográfico mariano mais
conhecido. É dado pelo afeto que
une Mãe e Filho e exalta a
humanidade de Cristo, em contraste
com o tipo Odighítria, que enfatiza a
Divindade.
Principais Características:
• A Virgem leva o Menino em seu
braço direito (Dexiocratoussa),
aperta-o contra si e, inclinado a
cabeça, toca, com sua face, a face
do Filho. Este, afetuosamente,
acaricia a Mãe com sua
mãozinha.
Glykophilousa
“A do Beijo Doce”, que, como
o nome indica é expressa
principalmente pelos carinhosos
beijos e afagos.
Pelagonitissa
De Pelagon (região da planície
da Grécia).
Esse subtipo é uma variante da
Glykophilousa que apresenta a Mãe
segurando o Menino nos braços,
enquanto este se encontra de
costas para o espectador, porém
seus olhos se direcionam para
quem o olha. A Virgem com uma
das mãos agarra firmemente
(com mão fechada) a perna do
Menino.
Galaktotrophoussa
Aquela que Amamenta ou
Madona do Leite. É um dos
ícones que mostra mais de perto
a Maternidade da Virgem e a
Humanidade de Deus.
‫ ٭‬É de se reparar que, mesmo
com o seio de fora, o ícone
não se mostra sensual.
“Feliz o ventre que te trouxe e os seios
que te amamentaram” (Lc 11, 27)
A Orante
Geralmente a Orante se encontra
de pé, em posição frontal, por
inteiro ou em busto, em três
variantes principais:

1. Ela se apresenta sozinha,


sem o Menino, com os
braços elevadas e palmas das
mãos para os céus;
2 Apresenta com o Menino
solto sobre o peito materno
(em eixo vertical com a Mãe)
em posição frontal
frequentemente circunscrito
em uma espécie de medalhão
ou escudo de forma circular
(clypeus) ou elíptica (mandorla)
3 Apresenta voltada para o lado
e com uma ou as duas mãos
em atitude de oração, súplica
ou intercessão.
* Em todas essas representações
da Virgem Orante, ela nos
aparece como o modelo de
oração ou a Suplicante.
Cálice de Inesgotável
Tesouro
Nesta variante, mostra a Virgem no
altar, onde nenhuma mulher pode
servir e oferta a Cristo Eucarístico.
A verdade é que a Virgem Maria
está presente na Santa Mesa. Deus
não pode fazer-se carne humana,
exceto por meio da Mãe de Deus.
O Menino aparece dentro de um
cálice de ouro no altar, abençoando
com as duas mãos, geralmente
representado a meio busto.
Enquanto a Virgem aparece
coroada ou, em casos raros, sem
coroa.
“As imagens da Virgem Maria têm um
lugar de honra nas igrejas e nas casas.
Maria é representada ou como Trono de
Deus, que sustenta o Senhor e o doa
aos homens (Theotokos); ou como
Caminho que leva a Cristo e o mosrta
(Odighitria); ou como Orante , em
atitude de intercessão e sinal de
presença divina nos caminhos dos fiéis,
até o dia do Senhor (Deésis), ou, enfim,
como a Virgem misericordiosa e cheia
de ternura (Eleusa). Ela é representada
com o seu Filho, o Menino Jesus, que tem
nos braços: é a relação com o Filho que
glorifica a Mãe. Algumas vezes , ela
abraça-o com ternura (Glykophilousa);
outras vezes está hierática e aparece
absorvida na contemplação daquele que é
o Senhor da História”
(São João Paulo II – Redemptoris Mater, 33)
Walter Welington
@santacruzicone

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