Você está na página 1de 5

Escultura românica

A escultura românica está diretamente ligada à arquitetura, o principal género


escultórico românico é o relevo escultórico.
Escultura figurativa e decorativa, de carácter conceptual e simbólico, em articulação
com os espaços e elementos arquitetónicos.

Elementos/espaços:
● a portais (tímpanos, mainel, lintel),
● capitéis,
● nas arcadas,
● cornijas,
● claustros.

Temáticas:
● Juízo final,
● Cristo Pantocrator,
● Personagens Bíblicas,
● Histórias sagradas,
● vida dos Santos.

Função primordial:
● função decorativa
● função didático pedagógica na difusão da mensagem cristã:
● a escultura tem uma clara função didática, a de ensinar aos fiéis – em geral,
iletrados – os dogmas e os princípios do Cristianismo.
● As imagens, idealizadas e concebidas como se existissem num mundo
etéreo e imaterial, deviam instruir e estimular os fiéis para o culto da piedade,
ensinando-lhes o caminho da salvação, e imitando a vida de Cristo e dos
santos.
Inspiração:
nos Evangelhos tendo uma clara intenção doutrinal e pedagógicas, concretamente:
a Salvação - o tímpano mostra uma Maiestas Domini, ou seja, Cristo na Glória do
Céu, dentro de mandorla segura por dois personagens/anjos; o Cristo Pantocrator;
a Anunciação -
● o colunelo esquerdo, Nossa Senhora do Ó e
● colunelo direito, o anjo Gabriel.
● No fuste da esquerda está representada a Nossa Senhora com a mão
esquerda sobre o ventre o que, iconograficamente, se reporta a Nossa
Senhora do Ó (ou Santa Maria de Antenatal), motivo muito glosado na
escultura medieval hispânica.
● No fuste que fica à direita do observador está representado o Anjo São, mas
que Lourenco Alves interpreta como dois monges.
a Redenção –
● a terceira arquivolta aponta para a universalidade da redenção do homem ou
os Apóstolos; história da Igreja as angústias maniqueístas do homem
medieval
● nos colunelos enroscam-se serpentes (pecado original ou a volúpia), outros
por onde sobem quadrúpedes como macacos (astúcia) e ainda outros com
aves tratadas à maneira de aduelas - águias com bicos numa cornucópia de
flores simbolizam a graça inesgotável.), constituindo todo este conjunto uma
Porta da Salvação simbolizada pela Anunciação. Podemos, assim, afirmar
que o portal de Bravães é, no contexto da arte românica portuguesa, o mais
eloquente testemunho de portal como Porta do Céu ou como Porta da
Salvação. Inscrito numa estrutura quadrangular ressaltada, compõem o
portal cinco arquivoltas de arco pleno, sustentadas por quatro pares de
colunelos, alternados com pilastras.
● A 1a arquivolta tem rosetas e anéis,
● a 2a macacos (astucia),
● a 3a misólitos e figuras humanas (a universalidade da redenção do homem
ou os Apostolos),
● a 4a torsa e
● a 5a enxaquetado e boleado. A estes elementos associam-se colunelos onde
se enroscam serpentes (pecado origina ou a volúpia), outros por onde sobem
quadrúpedes (macacos – astúcia) e ainda outros com aves tratadas à
maneira de aduelas (e águias com bicos numa cornucópia de flores
simbolizam a graça inesgotável.), constituindo todo este conjunto uma Porta
da Salvação simbolizada pela Anunciação.
● Os capitéis são vegetalistas ou zoomórficos Nos panos laterais sobressaem
as cornijas, suportadas por mísulas e ornadas por motivos geométricos,
denticulados e quatro frestas. O nível escultórico revela-nos todo um
conjunto de aspetos formais, dos quais se destacam:
1 - a articulação de toda a escultura figurativa e decorativa, de carácter conceptual e
simbólico com os espaços e elementos arquitetónicos:
● tímpano,
● mandorla,
● arquivoltas,
● capiteis,
● cornijas:
2 – hieratismo da representaçao;
3 - a estilização das figuras (acentua a sua espiritualidade e expressividade ); Apostolos,
Santa Maria, São Gabriel, Cristo, Anjos;
3 – antinaturalismo – postura dos pés: Cristo, anjos, as duas figuras humanas dos
colunelos:
4 – expressividade (olhos) e movimento;
5 – isocefalia apenas no Cristo e nos dois anjos
Pintura românica:
A pintura românica traduziu-se numa plástica retórica e iconográfica, ao serviço de
Deus.
A função pedagógica” da imagem no contexto da cultura românica era:
● ensinar aos crentes as verdades da Fé cristã;
● instruir os fiéis nas verdades da Fé, dos Evangelhos e da doutrina cristã, ou
seja, a de doutriná-los.
A(s) imagen(s), cheias de originalidade e riqueza plástica, permitiram:
● doutrinar,
● idealizar, e
● expandir a fé cristã ao afastarem-se do real e criar uma relação visual com os temas
do divino liberto do peso do mundo real.

A imagem era uma forma de escrita com o objetivo de divulgar a mensagem de Cristo. Por
isso, a imagem representava ideias e conceitos cristãos, relacionados com a Fé e a doutrina
cristã, e até a história da Igreja. De salientar que, como as ideias e os conceitos são
essencialmente de natureza abstrata, a representação/imagem não era naturalista.
O Significado da representação de Cristo Pantocrator é o:
● da intemporalidade de Deus;
● símbolo do poder intemporal de Deus;
● Deus Todo Poderoso (de origem grega, pan _tudo ou todo e krátos _alto,em
cima e daí poder);
● a omnipotencia (poder absoluto e supremo) de Deus;
● Deus rei espiritual e juiz supremo do Céu e da Terra.

Inserida num contexto de divulgação e explanação da doutrina cristã a uma


população analfabeta.
➔ A pintura românica traduz-se numa plástica predominantemente retórica e
iconográfica colocada ao serviço de Deus, destinada a ser interpretada pelos
crentes.
➔ não representa o real ou a aparência das coisas,
➔ representa antes, aquilo que transcende o Homem e que não depende da
sua vontade, ou seja, a emanação de Deus. Pictoricamente, as figuras
concebidas, devem permanecer estáticas, eternas e imutáveis, como obras
do Criador que eram,
Não podendo haver:
● perspetivas,
● espaços tridimensionais,
● formas volumétricas,
● ilusões de ótica,
● profundidade,
● converter o caráter superfícial da parede.
As figuras eram portanto estilizadas, para:
● respeitar o plano e a bidimensionalidade e
● havia uma grande policromia resplandecente que enchia as igrejas de luz e cor,
● habilitados a receber os fiéis num ambiente de grande esplendor e deslumbramento.
Quatro das características plásticas e pictóricas da pintura românica, as quais
privilegiam o valor simbólico(Cristo Pantocrator) e o carácter espiritual do tema
representado – a intemporalidade do poder de Deus São:
1) A composição, no todo, divide-se eM:
● frisos horizontais, como se fosse uma banda desenhada;
● respeita a simetria: sete santos de cada lado do portal;
● a hierarquia - Cristo Pantocrator As composições elaboradas segundo
esquemas geométricos onde prevalecem retângulos e círculos com
sentido rítmico (repetição de figuras): acom posição subordinada a
um emolduramento decorativo (com motivos geométricos e
vegetalistas)
2) a composição não apresenta ilusões oticas nem efeitos de profundidade,
fundo monocromático azul,
● O espaço é abstrato e representado sem perspectiva;
● as figuras (apóstolos, santos da Igreja, Cristo Pantocrator , anjos)
estão representadas de frente numa superfície planimétrica, não há
volume nem perspetiva, levitando no espaço, valorizando sobretudo o
seu carácter simbólico e espiritual. A composição é bidimensional -
fundo monocromático azul e figura de Cristo Pantocrator e anjo
3) falta de rigor anatómico das figuras: apóstolos, santos da Igreja, anjos, Cristo
Pantocrator, cujos pés desproporcionais estão em “v” sobre o mundo;
● as figuras são estilizadas;
● não têm volume;
● rostos e mãos acentuadas, como por exemplo as de Cristo (a
esquerda - a benção; a direita aponta para o Novo Testamento, onde
se lê “Eu sou a luz do mundo”); o tratamento do rosto revela
preocupação pela representação volumétrica;
4) a perspetiva hierárquica de Cristo Pantocrator
5) a cor assume um papel relevante, desenvolvendo:
● num fundo monocromático branco, programas policromaticos
resplandecendentes,
● a cor é aplicada a cheio quase sem matizes;
● os contornos são feitos com traços negros e grossos;
6) não existia preocupação com o jogo de luz e sombras, se bem que nas
roupagens do Cristo trabalhem o claro e o escuro.

Pintura românica Europa Ocidental:


● atingiu uma uniformidade plástica e estilística, fruto dos contactos
mantidos entre mosteiros, os seus scriptoria, e as “escolas regionais”,
trocando experiências artísticas e definindo programas estilísticos
comuns.
● Os artistas eram monges “anónimos” que trabalhavam coletivamente
ao “serviço de Deus”, especializando-se nas artes da cor.
No contexto da cultura medieval cristã, o trabalho artístico era considerado como:
● uma tarefa idêntica às demais a que os monges estavam obrigados na vida
comunitária do mosteiro, cumprindo as regras.
A pintura parietal, era um trabalho coletivo que respeitava técnicas e
programas temáticos definidos pela hierarquia clerical, por isso, é possível observar
uma grande uniformidade estilística e estética entre mosteiros por toda a Europa
Ocidental, graças ao contacto e à troca de experiências artísticas que as oficinas
estabeleciam entre si.
ou
A pintura românica possuía uma grande uniformidade na Europa Ocidental porque:
● as suas regras eram ditadas por um poder hierárquico superior na Igreja. Dito
isto,
● o trabalho coletivo feito por monges “anónimos” ou outros elementos do
clero, ao “serviço de Deus”, seguia sempre os mesmos temas religiosos (ou,
por vezes, profanos – representações do quotidiano do campo, entre outros),
● as mesmas características, e a mesma finalidade.
● Estas regras impossibilitaram a criatividade por parte dos monges,
limitando-se eles a seguirem-nas.
Por outro lado, esta uniformidade foi facilitada pelo contato e troca de experiências
artísticas entre as várias oficinas dos diferentes mosteiros da Europa Ocidental.

Você também pode gostar