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AUDITORIA - RESPONSABILIDADE LEGAL E ÉTICA POFISSIONAL

A responsabilidade do auditor independente está voltada aos usuários em geral, atendidos


pelas demonstrações contábeis divulgadas, devendo sobre elas emitir opinião baseada nos
Princípios de Contabilidade. 

Em face da especificidade de suas operações, as normas e regulamentos emanados dos órgãos


reguladores passam a integrar os princípios de contabilidade, desde que não sejam conflitantes
com os próprios objectivos da contabilidade.

Auditor é o profissional que, possuindo competência legal como contador e conhecimentos


em áreas correlatas, como tributos, modernas técnicas empresariais e outras aliadas aos
conhecimentos de normas e procedimentos de auditoria, procurará obter elementos de
satisfação que o levem a fundamentar e a emitir sua opinião sobre o objecto de estudo
(Sistema de Controles Internos, Demonstrações Contabilística. etc).

As funções do auditor, hoje, vão muito além do tradicional conceito de fiscalização. Além de
averiguar e detectar eventuais falhas nos sistemas de controlo e no plano de organização, o
auditor se preocupa também com a manutenção desses sistemas, de forma que as não
conformidades sejam minimizadas, actuando de maneira preventiva e apresentando sugestões
para eventuais desvios (aplicação do conceito de Qualidade Total).

No exercício da profissão os auditores, podem ser responsabilizados por erros, falhas,


omissões e/ou dolo quanto à veracidade e a forma com que realizam o trabalho e emitem a sua
opinião por intermédio do parecer de auditoria.

Essa responsabilidade pode ser assim caracterizada:

 Trabalhista: No caso da auditoria interna.


 Profissional: Nos casos de auditoria externa, no que diz respeito à contratação dos
serviços a serem prestados.
 Civil: No caso de informação incorrecta no parecer do auditor e que venham a
influenciar ou causar prejuízos a terceiros que se utilizem dessas informações.
 Criminal: No caso de omissão ou incorrecção de opinião expressa em parecer de
auditoria, configurada por dolo, e que venham a influenciar ou causar prejuízos a
terceiros que se utilizem dessas informações.

Ao planejar a auditoria, o auditor deve indagar da administração da entidade auditada sobre


qualquer fraude e/ou erro que tenham sido detectados.
Ao detectá-los, o auditor tem a obrigação de comunicá-los à administração da entidade e
sugerir medidas correctivas, informando sobre os possíveis efeitos no seu relatório, caso elas
não sejam adoptadas.

O auditor não é responsável e também não pode ser responsabilizado pela prevenção de
fraudes ou erros. Entretanto, deve planejar seu trabalho avaliando o risco de sua ocorrência,
de forma a ter grande probabilidade de detectar aqueles que impliquem efeitos relevantes nas
demonstrações contábeis.

Responsabilidade em Relação à Fraude

Sobre a questão da Responsabilidade do Auditor em Relação à Fraude, no Contexto da


Auditoria de Demonstrações Contabilística. Desta forma, a leitura deste normativo é
recomendável.

As distorções nas demonstrações contábeis podem originar-se de fraude ou erro. O factor


distintivo entre fraude e erro está no fato de ser intencional ou não intencional a acção
subjacente que resulta em distorção nas demonstrações contábeis.

Embora a fraude constitua um conceito jurídico amplo, para efeitos das normas de auditoria, o
auditor está preocupado com a fraude que causa distorção relevante nas demonstrações
contábeis. Dois tipos de distorções intencionais são pertinentes para o auditor – distorções
decorrentes de informações contábeis fraudulentas e da apropriação indébita de activos.
Apesar de o auditor poder suspeitar ou, em raros casos, identificar a ocorrência de fraude, ele
não estabelece juridicamente se realmente ocorreu fraude.

A principal responsabilidade pela prevenção e detecção da fraude é dos responsáveis pela


governança da entidade e da sua administração. É importante que a administração, com a
supervisão geral dos responsáveis pela governança, enfatize a prevenção da fraude, o que
pode reduzir as oportunidades de sua ocorrência, e a dissuasão da fraude, o que pode
persuadir os indivíduos a não perpetrar fraude por causa da probabilidade de detecção e
punição.

O auditor que realiza auditoria de acordo com as normas de auditoria é responsável por obter
segurança razoável de que as demonstrações contábeis, como um todo, não contém distorções
relevantes, causadas por fraude ou erro.

O risco de não ser detectada uma distorção relevante decorrente de fraude é mais alto do que o
risco de não ser detectada uma fraude decorrente de erro. Isso porque a fraude pode envolver
esquemas sofisticados e cuidadosamente organizados, destinados a ocultá-la, tais como
falsificação, omissão deliberada no registro de operações ou prestação intencional de falsas
representações ao auditor. Tais tentativas de ocultação podem ser ainda mais difíceis de
detectar quando associadas a um conluio. O conluio pode levar o auditor a acreditar que a
evidência é persuasiva, quando, na verdade, ela é falsa.

Além disso, o risco do auditor não detectar uma distorção relevante decorrente de fraude da
administração é maior do que no caso de fraude cometida por empregados, porque a
administração frequentemente tem condições de manipular, directa ou indirectamente, os
registros contábeis, apresentar informações contábeis fraudulentas ou burlar procedimentos de
controlo destinados a prevenir fraudes semelhantes, cometidas por outros empregados.

O texto normativo indica que, na obtenção de segurança razoável, o auditor tem a


responsabilidade de manter atitude de cepticismo profissional durante a auditoria,
considerando o potencial de burlar os controlos pela administração, e de reconhecer o fato de
que procedimentos de auditoria eficazes na detecção de erros podem não ser eficazes na
detecção de fraude.

Responsabilidade com Outras Informações

De acordo com a NBC TA 720, se ao ler as informações, o auditor identificar uma


inconsistência relevante, ele deve analisar se as demonstrações contábeis auditadas ou as
outras informações precisam ser rectificadas. Quando for necessário rectificar as outras
informações e a administração se recusa a fazer essa rectificação, o auditor deve comunicar
esse assunto aos responsáveis pela governança; e incluir no relatório do auditor independente
um parágrafo de outros assuntos descrevendo a inconsistência relevante; reter o seu relatório;
ou quando legalmente permitido, o auditor deve se retirar do trabalho.

Quando a administração concorda em rectificar as outras informações, os procedimentos do


auditor podem incluir revisão das providências tomadas pela administração para assegurar que
as pessoas que receberam as demonstrações contábeis emitidas anteriormente, o respectivo
relatório do auditor independente e as outras informações, sejam informadas sobre a
rectificação.

Ética Aplicada à Auditoria

A ética geral se constitui de normas pelas quais o indivíduo estabelece uma conduta pessoal
aceita. Normalmente, isso leva em conta as exigências impostas pela sociedade, pelos deveres
morais e pelas consequências dos actos da pessoa.

A ética profissional dos auditores nada mais é que uma divisão especial da ética geral e nela o
profissional recebe normas específicas de conduta em questões que reflectem
responsabilidades para com a sociedade, com a organização a que pertence e com outros
membros de sua profissão, assim como para com a própria pessoa.

O que um auditor faz, individualmente, sendo ou não uma atitude típica dos auditores em
geral, às vezes é a única coisa que chama a atenção da organização, do público ou mesmo de
comunidades inteiras. Assim a profissão de auditor, como um todo, pode ser julgada pelas
atitudes de um único profissional.

Desta forma, no desenvolvimento de seu trabalho o auditor, independentemente de sua


formação profissional, deve ter sempre presente que, se obriga a proteger os interesses da
sociedade, respeitar as normas de conduta que regem os profissionais de auditoria, não
podendo valer-se da função em benefício próprio ou de terceiros.

Fica, ainda, obrigado a guardar total confidencialidade das informações obtidas, não devendo
revelá-las a terceiros, sem autorização específica. Assim sendo, a profissão de auditoria exige
a obediência aos princípios éticos profissionais e qualificações pessoais que
fundamentalmente se apoiam em:

 Integridade;
 Idoneidade;
 Respeitabilidade;
 Carácter ilibado;
 Padrão moral elevado;
 Vida privada irrepreensível;
 Justiça e imparcialidade;
 Bom-senso no procedimento de revisão e sugestão;
 Autoconfiança;
 Capacidade prática;
 Meticulosidade e correcção;
 Perspicácia nos exames;
 Pertinácia nas acções;
 Pesquisa permanente;
 Finura de trato e humanidade.

É visível que de todas as profissões, o auditor é aquele que está mais sujeito a participar de
esquemas espúrios já que sua actividade esta intimamente ligada a apuração do registro de
cifras, apuração de resultados que geram montantes, entre outros, manter-se a margem com
equilíbrio é consequência da postura ética adoptada pelo profissional.
Amostragem

 Perante os exames o auditor poderá aplicar a técnica de amostragem para reduzir o


volume de trabalho quando se deparar com inúmeras operações, através da selecção de itens a
serem testados ou a extensão de um teste de auditoria.

 Amostragem é a utilização de um processo para obtenção de dados aplicáveis a um


conjunto, denominado universo ou população, por meio do exame de uma parte deste
conjunto denominado amostra.

 Amostragem de auditoria é a aplicação de procedimentos de auditoria sobre uma


parte da totalidade dos itens que compõem o saldo de uma conta, ou classe de transacções,
para permitir que o auditor obtenha e avalie a evidência de auditoria sobre algumas
características dos itens seleccionados, para formar, ou ajudar a formar, uma conclusão sobre
a população.

 A amostra pode ser definida da seguinte maneira: avaliação e análise dos controles
internos e sistemas contabilísticos e verificação da relevância (materialidade) das operações
(factos contabilísticos/financeiros) – Valor. Na realização do cálculo da amostra tem que dar
importância a relevância das operações realizadas.

Classificação

 Amostra estatística é aquela em que a amostra é seleccionada cientificamente com a


finalidade de que os resultados obtidos possam ser estendidos ao conjunto de acordo com a
teoria da probabilidade ou as regras estatísticas. O emprego de amostragem estatística é
recomendável quando os itens da população apresentam características homogéneas.

 Amostra não-estatística (por julgamento) é aquela em que a mostra é determinada


pelo auditor utilizando sua experiência, critério e conhecimento da entidade.

 Quando utilizar os métodos de amostragem estatística ou não estatística (por


julgamento), o auditor deve projectar e seleccionar uma amostra de auditoria, aplicar a essa
amostra procedimentos de auditoria e avaliar os resultados da amostra, de forma a
proporcionar evidência de auditoria suficiente e apropriada.

AMOSTRA, DIMENSÃO E O PLANEAMENTO

A amostra seleccionada pelo auditor deve ter relação directa com o volume de
transacções realizadas pela entidade na área ou na transacção objecto de exame, como
também com os efeitos nas posições patrimonial e financeira da entidade e o resultado por
ela obtido no período.
No entanto, o auditor deve levar em consideração os factores:

a. Objectivos da auditoria, sendo específicos a serem atingidos e os procedimentos de


auditoria mais prováveis a atingir esses objectivos;

b. População objecto da amostra;

c. Estratificação da amostra, é dividir a população em subpopulações, com


características homogéneas

d. Tamanho da amostra,(medir o risco da amostra, erros toleráveis/ esperados);

O auditor deve levar em consideração os seguintes factores:

a. Objectivos da auditoria, sendo específicos a serem atingidos e os procedimentos de


auditoria mais prováveis a atingir esses objectivos;

b. População objecto da amostra;

c. Estratificação da amostra, é dividir a população em subpopulações, com


características homogéneas

d. Tamanho da amostra,(medir o risco da amostra, erros toleráveis/ esperados);

e. Risco da amostragem, a conclusão do auditor, com base na amostra, seja diferente da


conclusão, se toda a população fosse sujeita ao mesmo procedimento de auditoria

f. Erro tolerável, é o erro máximo na população aceitável pelo auditor e, ainda sim;
Quanto menor o erro tolerável, maior deve ser o tamanho da amostra; e

g. Erro esperado, o auditor deverá considerar: os níveis de erros identificados em


auditorias anteriores, mudança nos procedimentos da entidade e evidência obtida na aplicação
de outros procedimentos de auditoria.

NB. Se achar que a população contenha erro ou maior risco, deve examinar amostra maior,
para concluir o erro real da população não excede o erro tolerável e deve ser o tamanho da
amostra;

TIPOS DE AMOSTRAGENS

Amostragem não estatística

• amostragem sistemática;

• amostragem sobre valores estratificados;

• a amostragem por números aleatórios;

• a amostragem por atributos.


Amostragem estatística

• a amostragem sobre valores acumulados;

• amostragem por unidades monetárias (MUST);

• amostragem numérica.

Amostragem não estatística

 Amostragem em blocos

 A amostragem por blocos consiste em seleccionar um determinado período,


analisando-se todos os documentos respeitantes a esse período ou todos os
documentos referentes a um processamento (folhas de remuneração, caixa, por
exemplo). Cada parte da população (bloco) deve ser sequencial e, tanto quanto
possível, ser representativa do universo.

Este método de selecção

 a detecção de situações ou erros de natureza repetitiva, pois, inclui todos os tipos de


operações de carácter regular incluídos em todos os ciclos contabilísticos.

 É ainda aconselhável sempre que o controlo interno seja pouco satisfatório

 É mais utilizado quando se têm universos de pequena dimensão por ser relativamente
fácil verificar se o “bloco” seleccionado é representativo do universo.

Amostragem não estatística

Amostragem em blocos

Cada parte da população (bloco), deve ser sequencial e, tanto quanto possível, ser
representativa do universo. Se pretender testar 200 facturas poder-se-á seleccionar 4 blocos de
50 facturas cada, devendo cada bloco ser um conjunto sequencial de 50 facturas e
representativas do universo. Assim os blocos poderiam ser, por exemplo, os seguintes:

Exemplo: Número do bloco Número das facturas

1.o 25 a 74

2.o 289 a 338

3.o 660 a 709

4.o 909 a 958

Outra hipótese, será a de considerar como bloco um período de tempo (uma semana, um mês,
etc.,) e testar todas as facturas emitidas nesse período.
Amostragem não estatística

Amostragem sistemática ou por intervalos

Nesta, escolhe-se de entre uma população determinada uma amostra objectiva, isto é,
seleccionam-se alguns itens de todos os períodos ou processamentos (por exemplo contas,
fichas, dossiers de cada um dos meses de Janeiro a Dezembro).

Na aplicação desta técnica há a considerar as seguintes fases:

i. Determinar a população (N);

ii. Determinar o tamanho da amostra (n);

iii. Calcular o intervalo (i), dividindo N por n ;

iv. Seleccionar o item de começo, a partir, por exemplo, de uma tabela de números aleatórios
(sendo este número obrigatoriamente ≤ que o do intervalo);

v. Determinar os itens da amostra adicionando o intervalo ao item de começo e assim


sucessivamente.

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