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FICHAMENTO LIVRO VITRÚVIO I; III e IV

AT7AU | TEORIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO: DO CLÁSSICO AO


CONTEMPORÂNEO

ARTUR MANFREDI

GIULIA MOREIRA DUARTE

GABRIEL MATTOS

PEDRO SCARME

Marco Vitrúvio Pollio, século I a.C, foi arquiteto, pesquisador, teórico romano,
soldado e engenheiro que há 2 mil anos escreveu um dos livros mais influentes
na arquitetura, o Tratado de Arquitetura, traduzido por Martins Fontes.

O livro se torna uma espécie de diário do Vitrúvio, onde ele escreve sobre seu
conhecimento da arquitetura, descreve pesquisas e estudos. O livro I se trata da
figura do arquiteto, o livro III aos templos dedicados aos deuses e o livro IV
discute sobre as 3 ordens de colunas.

LIVRO I

(página 62) O significado e o significante

Para Vitrúvio, é necessário que o arquiteto tenha o conhecimento em diversas


áreas, a junção de várias disciplinas é essencial, a integração da música com a
geometria e a filosofia, por exemplo, traz experiências ricas para a profissão.

O que é significado é a coisa proposta, da qual se fala; o que significa é a


evidência baseada na lógica dos conceitos. E, assim, parece que aquele que
pretende ser arquiteto deverá se exercitar numa e noutra parte.
Ouvir diligentemente os filósofos, saber de música, não ser ignorante de
medicina, conhecer as decisões dos jurisconsultos, ter conhecimento da
astronomia e das orientações da abóbada celeste. (VITRÚVIO, Tratado de
Arquitetura, I a. C, p. 62).
(página 63)

A geometria, sendo uma parte mais técnica da arquitetura, auxilia em 3 ramos


distintos, como as questões de representações gráficas; questões ópticas e
aritméticas.

A geometria, por sua vez, proporciona à arquitetura muitos recursos. Em


primeiro lugar, logo a seguir às linhas retas, ensina o uso do compasso, com o
qual se efetuam muito mais facilmente as representações gráficas dos edifícios.
Em segundo lugar, porque, através da óptica, se orientam corretamente os vãos
de iluminação nas construções. E, por último, porque através da aritmética, se
calculam as despesas dos edifícios. (VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C,
p. 63).

(página 64)

Cariátides, elementos decorativos nos templos em forma feminina que para


Vitrúvio, surgiu a partir da população de Cariés, que após uma traição, a qual os
homens foram massacrados, as mulheres foram obrigadas a carregar pesos
para seus donos.

Por exemplo, se algum em determinada obra erguer, em lugar de colunas,


estátuas marmóreas femininas com sobrevestes, que se chamam Cariátides, e
em cima dispuser mútulos e cornijas, assim dará a explicação àqueles que o
interrogarem: Cária, cidade do Peloponeso, tomou o partido dos inimigos persas
contra a Grécia. (VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C, p. 64).

(página 67) Conhecimentos Musicais

Sabe se que as construções arquitetônicas necessitam de um bom conforto


acústico, principalmente teatros, cinemas e locais para shows; há 2 mil anos
esse assunto já havia sido pensado e posto em pauta por Vitrúvio; “Igualmente
convém que saiba música para dominar as suas leis harmônicas e matemáticas
e, além disso, possa corretamente efetuar os cálculos de direcionamento das
balistas, catapultas e escorpiões.” (VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C, p.
67).
(página 68) A medicina, o direito e a astronomia

A medicina e a arquitetura devem ser interligadas, sabe se que quando um


quarto construído não possui ventilação e luz natural, ele está propício a
proliferar germes e bactérias, como na época, muitas pessoas contraíram a
tuberculose.

“Por outro lado, é conveniente conhecer a disciplina de medicina, por causa da


inclinação do céu, que os gregos dizem climata... sem esses conhecimentos,
nenhuma habitação saudável poderá ser construída.” (VITRÚVIO, Tratado de
Arquitetura, I a. C, p. 68).

(página 68-69)

As regras e leis do direito eram importantes aos arquitetos, pois evitariam


conflitos entre proprietário e comprador, fazendo um bom contrato.

“Igualmente, é preciso que conheça aquelas regras do direito.”

“... evitem deixar controvérsias entre proprietários.” (VITRÚVIO, Tratado de


Arquitetura, I a. C, p. 69).

(página 74) Definições da Arquitetura

“Na realidade, a arquitetura consta de: ordenação, disposição, euritmia,


comensurabilidade, decoro e distribuição.”

Em relação a ordem, Vitrúvio diz a respeito de proporção em cada parte e


não só como um todo, por exemplo, não recomenda se construir um cômodo
extremamente grande e em controvérsia, um pequeno em uma mesma obra.

Diz Vitrúvio: “A ordem define-se como a justa proporção na medida das partes
da obra consideradas separadamente e numa visão de totalidade, a comparação
proporcional tendo em vista a comensurabilidade. “ (VITRÚVIO, Tratado de
Arquitetura, I a. C, p. 74).
Fig 1. Os elementos da arquitetura

Fonte: Vitrúvio Ilustrado

(página 76)

A combinação de forma e função da obra ou até mesmo a função e a


localização; são modos de alcance do decoro, que para uma obra ser bela, deve
ter a junção da sua própria natureza e função. Para Vitrúvio, “O decoro é o
aspecto irrepreensível das obras, dispostas com autoridade através de coisas
provadas.” foi posto em prática nos templos dedicados aos deuses que pelas
suas medicinas curaram muitos doentes, ou seja, a orientação desses templos
era essencial.

Além do decoro, a comensurabilidade é um conceito importante para Vitrúvio,


para ele, a beleza só pode ser atingida quando a obra for proporcional,
equilibrada a cada seção ou parte, quando ela estiver em um equilíbrio
agradável.

“Por sua vez, a comensurabilidade consiste no conveniente equilíbrio dos


membros da própria obra e na correspondência de uma determinada parte,
dentre as partes separadas, com a harmonia do conjunto da figura.”
(VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C, p. 76).
(página 79)

Sustentabilidade é um tema que muitos acreditam ser recente, porém desde


o Vitrúvio, ele falava a respeito do assunto.

“A distribuição é a repartição dos meios e do solo, assim como um equilíbrio


econômico nas contas de despesas de obras.” (VITRÚVIO, Tratado de
Arquitetura, I a. C, p. 79)

(página 82) Solidez, funcionalidade e beleza

“O princípio da solidez estará presente quando for feita a escavação dos


fundamentos até o chão firme.”

“O da funcionalidade, por sua vez, será conseguido se for bem realizada e sem
qualquer impedimento a adequação dos usos dos solos.”

“Finalmente, o princípio da beleza será atingido quando o aspecto da obra for


agradável e elegante e a medidas das partes correspondem a uma equilibrada
lógica de comensurabilidade.” (VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C, p.
82).

(página 83) Escolha dos lugares para as cidades

“Primeiro, a eleição de um lugar o mais saudável possível. Depois, a vizinhança


de pântanos será evitada.” (VITRÚVIO, I a.C)

Fig 2. Localização das cidades

Fonte: Vitrúvio Ilustrado


Fig 3. Cidades Gregas e romanas

Fonte: Vitrúvio Ilustrado

(página 84) 3. O exemplo das alterações físicas do ferro

O sol, elemento da natureza, é capaz de promover alterações em


determinados materiais expostos à ele, como por exemplo o ferro:

Verificamos isso no ferro, o qual, apesar de ser duro por natureza, de tal modo
se torna mole pelo calor do fogo, uma vez aquecido nos fornos, que facilmente
se molda em todo o gênero de forma; e quando o mesmo, mole e incandescente,
é arrefecido imerso em água fria, endurece e é restituído ao primitivo estado.
(VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C, p. 84).

(página 86) Comparação com as aves, os peixes e os animais terrestres

“Mas, se alguém quiser mais diligentemente entender essas coisas, observe e


esteja atento à natureza das aves, dos peixes e dos seres vivos terrestres; assim,
observará diferenças de composição.” (VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a.
C, p. 86).

(página 87)

O conhecimento da medicina para os arquitetos é de extrema importância, na


época os arquitetos examinavam o fígado para saber se havia alguma doença
devido a pastagem, logo saberiam se o solo para a construção era bom ou não.

“Eis a razão pela qual julgo deverem ser recordadas com insistência as
disposições antigas. Pois os nossos maiores, imo•lados animais que pastavam
naqueles lugares onde se estabe•leceriam ópidos ou acampamentos fortificados
permanentes, examinavam lhes os fígados e, se à primeira vista surgiam lí•vidos
e adulterados, imolavam outros para tirar dúvidas se es•tavam contaminados por
doença ou por causa da pastagem.” (VITRÚVIO, I a.C, p.87)

(página 96) Natureza dos ventos

Como já citado a cima; um ambiente construído sem ventilação não é


agradável e não é saudável.

“ Se eles não forem deixados entrar, não só o lugar ficará saudável para os
corpos sãos, como também, se eventualmente se originarem doenças a partir de
outros condicionalismos.” (VITRÚVIO, I a.C)

(página 104) Os lugares do foro e dos templos

“Se o recinto fortificado se encontrar junto ao mar, a zona onde se implantará o


foro deverá ser escolhida próximo do porto, mas se estiver no meio das terras,
deverá ser implantado no meio do ópido.”

“Quanto aos templos sagrados dos deuses... devem lhes ser distribuídas zonas
no lugar mais elevado.” (VITRÚVIO, I a.C)

LIVRO III

(página 168) Paralelo com as proporções do corpo humano

Vitrúvio faz uma ligação com as proporções humanas, pois para ele, um
homem bem configurado tem equilíbrio, assim devem ser os edifícios então.

“ ... desde o queixo até o alto da testa e a raiz dos cabelos, corresponde à sua
décima parte...” (VITRÚVIO, I a.C)
(página 169) Relação da circunferência e do quadrado com o corpo humano

Relacionando a circunferência ao corpo humano, temos o umbigo como parte


central, e para a época se a natureza fez o corpo humano “proporcional” a uma
figura global, os antigos estabeleceram que a mesma proporcionalidade e
perfeição fosse executada nas obras.

“De modo semelhante, sem dúvida, os membros dos edifícios sagrados devem
ter em cada uma das partes uma correspondência de medida muito
conformemente, na globalidade, ao conjunto da magnitude total. (VITRÚVIO, I
a.C)
Fig 4. Relação com corpo humano

Fonte: Vitruvius Ilustrado


(página 170) A idéia de um número perfeito

“E também retiraram dos membros do corpo humano o sistema de medidas que


parece necessário em todas as obras, como o dedo, o palmo, o pé, o côvado,
que dividiram com relação a um número perfeito, que os gregos dizem teleon.”

“Se, todavia, nas articulações de qualquer das palmas da mão o número dez
surge perfeito, por natureza, também agradou a Platão considerar esse número
perfeito porque se obtém a dezena a partir das coisas singulares que entre os
gregos se dizem monades.”

Fig 5. Proporção ao corpo humano

Fonte: Vitruvio ilustrado

O templo in antis, que significa “com pilastras” de acordo com as definições


vitruvianas, tem paredes laterais que formam uma varanda, como por exemplo
o templo Porta da Colina.
Fig 6. Porta da colina

Fonte: https://www.romanoimpero.com/2018/04/porta-collina-porte-severiane.html?m=0

O templo Prostilo, igual o in antis, “mas com duas colunas face às pilastras
angulares e sobre elas epistílios...” (VITRÚVIO, I a.C, p. 174)

O templo anfiprostilo, igual ao prostilo, acrescentado com colunas e fastígio


na parte de trás.

Fig 7. Tipos de templos

Fonte: https://www.hisour.com/pt/antae-temple-28523/
(página 177) Classificação dos templos de acordo com os intercolúnios

“São cinco as espécies de templos, que têm as seguintes designações:


picnostilo, ou seja, de colunas cerradas; sistilo, um pouco bastas; diastilo, mais
amplamente abertas; areostilo, com as colunas mais distanciadas entre si do que
convém, e eustilo, com uma justa distribuição de intervalos.” (VITRÚVIO, I a.C)

Fig. 8 Classificação dos templos

Fonte: Vitrúvio Ilustrado


Tempo picnostilo e sistilo, respectivamente um apenas preenche o
intercolúnio com 1 diâmetro e meio de coluna e outro com 2 diâmetros.

Templo diastilo, é possível colocar 3 diâmetros de coluna, já no templo


areostilo, não se pode utilizar epistílios de dois matérias, sendo eles a pedra e o
mármore.

(página 181) Relação entre o diâmetro e a altura das colunas

“As colunas dos templos areostilos deverão ser feitas de tal modo que seus
diâmetros correspondam à oitava parte da sua altura.”

“No que diz respeito ao diastilo, a altura da coluna deverá ser dividida em oito
partes e meia.”

“No sistilo, divide se a altura em nove partes e meia...”

“Quanto ao picnostilo, deverá a altura ser dividida em dez.” (VITRÚVIO, I a.C)

(página 182) Relação entre os intercolúnios e as espessuras dos fustes

“Pois, se no areostilo essa espessura for a nona ou a décima parte, o fuste


aparecerá delgado e esguio, porque, devido a largueza dos intercolúnios, o ar
consome e diminui, pelo relance dos olhos, a espessura das colunas.”
(VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C, p. 182).

(página 184) A estereóbata dos templos

Os templos eram construídos sobre uma base elevada, composta por três
degraus, o que chama se de estereóbata, para os templos romanos, chama se
pódio.

“Acima da superfície do solo, devem ser construídas paredes com a mesma


largura mais metade da espessura das colunas que hão de ser erguidas em
cima, de modo que as estruturas inferiores sejam mais firmes do que as
superiores; esses muros são chamados de estereóbatas, pois suportam as
cargas. (VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C, p. 184).
(pág 185) Os degraus dos templos

“No frontispício, os degraus deverão ser dispostos de tal modo que sejam
sempre ímpares, pois, como se sobe o primeiro degrau com o pé direito, também
este será o primeiro a atingir a parte superior do templo.” (VITRÚVIO, Tratado
de Arquitetura, I a. C, p. 185).

LIVRO IV

(página 213) Aplicação do módulo

“O diâmetro das colunas será igual a dois módulos, e a altura, incluindo o capitel,
a catorze. “

“Alargados assim os intervalos centrais, a entrada ficará desafogada para os que


se dirigirem às estátuas dos deuses.” (VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C,
p. 213).

(página 218) A correção óptica proporcionada pelas estrias

Se a largura do templo for maior que quarenta pés, as colunas interiores


deverão ter a mesma altura das que estão na frente e tendo seu diâmetro
reduzido.

“Com efeito, se as colunas ficarem mais delgadas num espaço fechado, não se
notará. Parecendo, todavia, muito estreitas, se as colunas exteriores tiverem
vinte e oito ou trinta e duas.”

Método que resulta, porque o olho, tocando figurações variadas e mais


espessas, faz errar a visão, por um maior horizonte... Se isso é verdade, não é
de excluir que nos lugares apertados ou num espaço fechado se disponham num
edifício colunas com um sistema proporcional de medidas mais apertado, uma
vez que podemos socorrer-nos do reajustamento suplementar das estrias.
(VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C, p. 218).
Fig 9. Ajustamentos Ópticos

Fonte: Vitrúvio Ilustrado

Fig.10 Edifícios com mais de 40 pés

Fonte: Vitruvio ilustrado

(página 220) Construção das paredes da cela

“... convém que a espessura das suas paredes corresponda proporcionalmente


à magnitude do templo, e que as suas pilastras apresentem a mesma espessura
que as colunas.” (VITRÚVIO, I a.C)
(página 235) Os altares

“As aras devem estar voltadas para o oriente e colocadas sempre numa cota
inferior à das estátuas que estiverem no templo, a fim de que, levantando os
olhos para a divindade, os que suplicam e oferecem sacrifício se possam dispor
em diferentes níveis, cada um respeitando o que convém ao seu deus.”
(VITRÚVIO, Tratado de Arquitetura, I a. C, p. 235).

REFERÊNCIAS

Anotações ditas em aula pelo professor: Prof. Ademir Pereira

LEÃO, Vitrúvio: a escrita de um arquiteto antigo – Século I a.C., Porto Alegre,


2018.

PORTA COLLINA (Porte Serviane). Disponível em:


<https://www.romanoimpero.com/2018/04/porta-collina-porte-severiane.html?m=0>.
Acesso em: 22 mar. 2023.

VITRÚVIO. Tratado de Arquitetura. Tradução de M. Justino Maciel. São Paulo:


Martins Fontes, 2007.

VITRUVIO ILUSTRADO dado em aula.

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