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Selma Freitas

Direito Ambiental

Direito Agrario
Capítulo 5
CONTRATOS AGRÁRIOS

O
DIREITO CIVIL tem um relacionamen-
to distante com o Direito Agrário, tendo
em vista os enfoques ontologicamente di-
ferentes, no que toca ao direito de propriedade.
É público e notório que a função social da
propriedade é um dos dogmas do Direito Agrário, e
o Direito Civil se limita a um tratamento liberal da
propriedade, acolhendo a teoria de que a propriedade
é um direito subjetivo de usar, fruir da coisa. Esta po-
sição não é totalmente acolhida pelo Direito Agrário.
Além do Direito de Propriedade, há certos
institutos regulamentados pelo Direito Civil que in-
terferem na ordem rural. Como o da servidão, o da
hipoteca, o do condomínio e outros tantos.
Sobre o Direito de Propriedade, afirma o
professor Paulo Torminn Borges:

Também no direito brasileiro (...) houve uma ní-


tida evolução do conceito de propriedade: evolução porque

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a fórmula jurídica original cristianizou-se, humanizan-
do-se e pondo-se, simultaneamente, a serviço do homem e
da comunidade.
O direito agrário, quanto ao imóvel rural, senti-
mos ser o direito de propriedade a faculdade que a pes-
soa tem de possuí-lo como próprio, com deve correto de
utilizá-lo conforme o exigir o bem-estar da comunidade.

Com o Estatuto da Terra Lei n.º 4504/64 e


o Decreto n.º 59.566/66 o avanço das práticas ru-
rais ficaram evidentes e nossa legislação tornou-se
insuficiente para regular as complexas relações so-
ciais modernas e os diversos contratos agrários que
se faziam necessários nessas relações.
A ausência de regulamentação específica, no
que diz respeito a uma multiplicidade de negócios
jurídicos agrários atípicos e a inadequação da legisla-
ção agrária à conjuntura atual, traz à tona uma plu-
ralidade de dúvidas às partes nestes contratos sob a
ótica do direito.

5.1. DA ESSÊNCIA DO CONTRATO

Conforme cita Álvaro Villaça Azevedo, a


utilização da nomenclatura de contratos atípicos pa-

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rece ser mais adequada do que contratos inomina-
dos, uma vez que se referem a contratos que não
possuem referência na lei, mas possuem, de fato,
nomes próprios.
O Direito Agrário, por ser um ramo autônomo
da ciência jurídica, possui características próprias que se
distinguem do Direito Civil comum. Enquanto este tem
por base o liberalismo e o individualismo nas relações,
com ampla autonomia de vontade, aquele possui um ca-
ráter público, com normas obrigatórias e irrenunciáveis.
Os contratos agrários podem ser expressos
ou tácitos, escritos ou verbais, sendo admitidas teste-
munhas como prova do contrato, qualquer que seja
seu valor, no Estatuto da Terra, artigo 92.º, caput, pa-
rágrafo 8.º e no Decreto n.º 59.566/66, nos artigos
11.º e 14.º, conforme seguem:

Artigo 92.º, E.T.- A posse ou uso temporário


da terra serão exercidos em virtude de contrato expresso
ou tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela
exercem atividade agrícola ou pecuária, sob forma de ar-
rendamento rural, de parceria agrícola, pecuária, agro-
-industrial e extrativa, nos termos desta Lei.
...§ 8.º Para prova dos contratos previstos
neste artigo, será permitida a produção de testemu-
nhas. A ausência de contrato não poderá elidir a
aplicação dos princípios estabelecidos neste Capítulo
e nas normas regulamentares.

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Artigo 11.º, Decreto 59.566/66 - Os contratos de
arrendamento e de parceria poderão ser escritos ou verbais.
Nos contratos verbais presumem-se como ajustadas as cláu-
sulas obrigatórias estabelecidas no artigo deste Regulamento.
§ 1.º O arrendador ou o parceiro-outorgante de-
verá encontrar-se na posse do imóvel rural e dos bens, a
qualquer título que lhes dê o direito de exploração e de
destinação aos fins contratuais.
§ 2.º Cada parte contratante poderá exigir da
outra a celebração do ajuste por escrito, correndo as des-
pesas pelo modo que convencionarem.
Artigo 14.º, Decreto 59.566/66 - Os contratos
agrários, qualquer que seja o seu valor e sua forma, po-
derão ser provados por testemunhas (Art. 92, § 8.º, do
Estatuto da Terra).

Assim, a própria lei traz que a prova teste-


munhal tem valor especial, e de ordem material, para
os contratos agrários. E que supera os requisitos
mínimos de ordem procedimental, assimilados no
artigo 401.º do Código de Processo Civil, em que o
valor da causa assume uma relevante condição. Na
espécie, é determinante a relação de ordem material
e decorrente da natureza da relação.
Não há que cogitar um conflito aparente de
normas, uma vez que a seara é diversa da outra. Uma
relação é substantiva e outra adjetiva, sendo prepon-

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derante inclusive a especialidade da norma agrária em
face da regra procedimental comum.

5.2. OS OBJETIVOS E AS PARTES NO


CONTRATO AGRÁRIO

Os contratos agrários têm por objetivo o uso


e a posse da terra, fixando obrigatoriamente regras do
Regulamento estabelecido pelo Decreto n.º 59.566/66,
sob pena de nulidade das cláusulas que as contrariem.
Os outorgantes podem ser o proprietário do
imóvel rural, o detentor da posse com justo título e
de boa-fé e o administrador com poderes para tanto,
e ainda, de outro lado, os outorgados que são todos
aqueles que na terra exercem atividade agrícola, pe-
cuária, agroindustrial, extrativa ou mista. É proibida
a renúncia de direitos.

5.3. REQUISITOS DO CONTRATO


AGRÁRIO

Na doutrina, observa-se claramente a di-


vergência acentuada entre os princípios do Direito
Civil e os de Direito Agrário. A legislação agrária

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possui, ao mesmo tempo, normas de caráter públi-
co e privado.
A legislação acerca do Direito Agrário está
assentada sobre três grandes princípios, quais sejam:
Função Social da Propriedade, Justiça Social e Preva-
lência do Interesse Público, fundamentadas nos ar-
tigos 186.º da Constituição Federal de 1988 e artigo
2.º do Estatuto da Terra, como seguem:

Art. 186.º C.F- A função social é cumprida


quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais
disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as
relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos
proprietários e dos trabalhadores.
Art. 2° E.T.- É assegurada a todos a oportuni-
dade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela
sua função social, na forma prevista nesta Lei

Para o direito agrário, a agricultura como


uma atividade econômica, não pode ser analisada
sem que estejam inseridos ao seu conceito os aspec-

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tos sociais que a circundam. Haja vista que há nor-
mas que protegem o interesse social em detrimento
do individual.
O Decreto n.º 59.566/66, consi-
derando as especificações contidas, vem recomen-
dando em seu artigo 12.º os requisitos mínimos dos
contratos agrários, como segue:

Artigo 12.º E.T.- Os contratos escritos deverão


conter as seguintes indicações:
I - lugar e data da assinatura do contrato;
II - nome completo e endereço dos contratantes;
II - características do arrendador ou do parceiro-
-outorgante (espécie, capital registrado e data da consti-
tuição, se pessoa jurídica, e, tipo e número de registro do
documento de identidade, nacionalidade e estado civil, se
pessoa física e sua qualidade (proprietário, usufrutuário,
usuário ou possuidor);
IV - característica do arrendatário ou do parcei-
ro-outorgado (pessoa física ou conjunto familiar);
V - objeto do contrato (arrendamento ou par-
ceria), tipo de atividade de exploração e destinação do
imóvel ou dos bens;
VI - identificação do imóvel e número do seu
registro no Cadastro de imóveis rurais do IBRA (cons-
tante do Recibo de Entrega da Declaração do Certificado
de Cadastro e do Recibo do Imposto Territorial Rural);
VII - descrição da gleba (localização no imóvel, li-

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mites e confrontações e área em hectares e fração),
enumeração das benfeitorias (inclusive edificações
e instalações), dos equipamentos especiais, dos veí-
culos, máquinas, implementos e animais de traba-
lho e, ainda, dos demais bens e ou facilidades com
que concorre o arrendador ou o parceiro-outorgante;
VIII - prazo de duração, preço do arrendamento ou con-
dições de partilha dos frutos, produtos ou lucros havidos,
com expressa menção dos modos, formas e épocas desse
pagamento ou partilha;
IX - cláusulas obrigatórias com as condições enu-
meradas no art. 13 do presente Regulamento, nos artigos
93 a 96 do Estatuto da Terra e no art. 13 da Lei n.º
4.947, de 6 de abril de 1966;
X - foro do contrato;
XI - assinatura dos contratantes ou de pessoa a
seu rogo e de 4 (quatro) testemunhas idôneas, se analfa-
betos ou não puderem assinar.
Parágrafo único. As partes poderão ajustar ou-
tras estipulações que julguem convenientes aos seus in-
teresses, desde que não infrinjam o Estatuto da Terra,
a Lei n.º 4.947, de 6 de abril de 1966, e o presente
Regulamento.

No artigo 2.º, e seu parágrafo único do De-


creto n.º 59.566/66, fica bem clara a restrição da au-
tonomia de vontade entre as partes, vejamos:

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Art. 2.º - Todos os contratos agrários reger-se-ão
pelas normas do presente Regulamento, as quais serão
de obrigatória aplicação em todo o território nacional e
irrenunciáveis os direitos e vantagens nelas instituídos
(art.13, inciso IV da Lei n.º 4.947-66).
Parágrafo único. Qualquer estipulação contratual
que contrarie as normas estabelecidas neste artigo, será
nula de pleno direito e de nenhum efeito.

Desta forma, uma vez constatada a aplicação


da legislação agrária ao contrato, as partes não pode-
rão estipular a renúncia de qualquer dos direitos ali
garantidos, como indenização de benfeitorias, pra-
zos mínimos de cumprimento dos contratos, direito
de preferência na aquisição do imóvel, entre outros.
Outra característica importante dos con-
tratos agrários é referente ao meio de prova usado
para a comprovação de sua existência. O contrato
agrário pode ser provado exclusivamente com tes-
temunhas, independentemente do valor alcança-
do, como trata o artigo 14.º do Estatuto da Terra:
“Art. 14- Os contratos agrários, qualquer que seja o seu
valor e sua forma poderão ser provados por testemunhas
(artigo 92 § 8.º, do Estatuto da Terra).”
Nos contratos de natureza civil, a prova tes-
temunhal só será admitida se o contrato não ultra-
passar o valor do décuplo do maior salário mínimo

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vigente no país conforme versa no nosso Código de
Processo Civil: “Art. 401- A prova exclusivamente tes-
temunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o
décuplo do maior salário mínimo vigente no país, ao tempo em
que foram celebrados.”
Diante dessas diferenças, é de fundamental
importância saber definir quando um contrato, em
um eventual conflito entre as partes, será regulado
pelo Estatuto da Terra e o Decreto n.º 59.566/66
ou exclusivamente pelo Código Civil, pois as normas
e princípios aplicados não só serão diferentes, mas
também serão, muitas vezes, opostos.
O Estatuto da Terra e o regulamento trazido
pelo Decreto silenciam a respeito do tema, não há uma
clara definição do que seja contrato agrário e, consequen-
temente, quando serão aplicados os princípios exclusivos
do Direito Agrário e suas normas de ordem pública.
Importante salientar que não se pode levar
em conta a localização como fator diferenciador,
pois é possível que se tenha um contrato de loca-
ção regido pela Lei n.º 8.245/91 em uma área não
urbana, e, de mesma forma, não será impossível um
Contrato Agrário em meio à cidade. Tal recurso é
usado apenas para fins de tributação, como dita o
artigo 29.º do Código Tributário Nacional:

Art. 29. O imposto, de competência da União,


sobre a propriedade territorial rural tem como fato gera-

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dor a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por
natureza, como definido na lei civil, localização fora da
zona urbana do Município.

Nossa Jurisprudência se debate entre as inú-


meras lides que lhe são apresentadas envolvendo
este tema. A solução adequada no caso concreto é
decorrência direta da aplicação das normas agrárias
ou do Código Civil.
Existem diversas demandas em que uma
parte procura munir-se da legislação agrarista, afir-
mando que esta seria aplicável ao contrato em litígio.
A outra parte, todavia, defende-se argumentando
que o contrato celebrado teria natureza civil. Esta
situação é ainda mais recorrente nos contratos agrá-
rios atípicos, pois não há nenhuma regulamentação
específica sobre os mesmos, como vemos no Códi-
go Civil: “Art. 425. É lícito às partes estipular contratos
atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.”
O contrato de pastoreio ou invernagem ilustra
bem a questão dessa natureza, é quando o objeto do
contrato atípico pode não se coadunar com as normas
aplicáveis ao arrendamento ou a parceria. Trata-se de
pacto onde o proprietário ou possuidor recebe animais
para engorda em troca de um pagamento mensal.
Utilizado normalmente nos períodos entre
safras, como característica próprias de sua exígua du-

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ração, não ultrapassando o período de 1 ano. Deste
modo, nota-se que os prazos mínimos de 3, 5 ou 7
anos, obrigatórios nos contratos agrários, são inaplicá-
veis na realidade dos negócios jurídicos de pastoreio.
Observemos o Decreto n.º 59.566/66, como segue:

Art. 38. A exploração da terra, nas formas e


tipos regulamentados por este Decreto, somente é consi-
derada como adequada a permitir ao arrendatário e ao
parceiro-outorgado gozar dos benefícios aqui estabeleci-
dos, quando for realizada de maneira:
I - eficiente, quando satisfizer as seguintes condi-
ções, especificadas no art. 25 do Decreto n.º 55.891, de
1965 e as contidas nos parágrafos daquele artigo:
a) que a área utilizada nas várias explotações re-
presente porcentagem igual ou superior a 50% (cinqüenta
por cento) de sua área agricultável, equiparando-se, para
esse fim, as áreas cultivadas, as pastagens, as matas na-
turais e artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias;
b) que obtenha rendimento médio, nas várias
atividades de exploração, igual ou superior aos mínimos
fixados em tabela própria, periodicamente.
II - Direta e pessoal, nos termos do art. 8.º deste
Regulamento estendido o conceito ao parceiro-outorgado;
III - correta, quando atender às seguintes disposi-
ções estaduais no mencionado art. 25 do Decreto número
55.891, de 1965:
a) adote práticas conservacionistas e empregue

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no mínimo, a tecnologia de uso corrente nas zonas em
que se situe;
b) mantenha as condições de administração e as
formas de exploração social estabelecidas como mínimas
para cada região.
Art. 39- Quando o uso ou posse temporária da
terra for exercido por qualquer outra modalidade contra-
tual, diversa dos contratos de Arrendamento e Parceria,
serão observadas pelo proprietário do imóvel as mesmas
regras aplicáveis a arrendatários e parceiros, e, em espe-
cial a condição estabelecida no art. 38 supra.

Assim, está demonstrado que os contratos


agrários atípicos representam um todo uno e indivi-
sível de obrigações que necessitam de um tratamen-
to específico na legislação agrária, na busca de um
ordenamento jurídico que satisfaça as necessidades
das sociedades regionalizadas e complexas.
A confusão existente na legislação aplicá-
vel aos contratos agrários atípicos é perceptível no
Agravo de Instrumento n.º 70001937853, julgado
na 18.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul. A decisão manteve liminar que con-
cedeu reintegração de posse em virtude de esbulho
em imóvel objeto de comodato rural. No caso con-
creto, o desembargador afirmou que não se tratava
de contrato agrário:

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Não se está em sede de contrato agrário e por isto
não aplicáveis, salvo melhor juízo, seus princípios, a não
ser os gerais aplicáveis a todos os contratos, pois a pre-
ocupação do legislador, segundo Paulo Torminn Borges,
foi a de: 1. “Delinear cada um dos principais institutos
de direito agrário, precisamente, evitando perda de tempo
futuro nas construções doutrinárias e jurisprudenciais.

O eminente desembargador entendeu não ser


aplicável o prazo de 6 meses do artigo 95, inciso V, do
Estatuto da Terra após a notificação para o comoda-
tário retirar-se do imóvel, pois não seriam aplicáveis as
normas agrárias no negócio jurídico em análise.
O julgado também declara que o fato de
o comodatário ter colheitas pendentes no imóvel
não é motivo suficiente para impedir a reintegração
liminar, desconsiderando o artigo 95, inciso I da
Lei n.º 4504/64.
O referido recurso considera um contrato
de comodato rural como sendo regulado exclusiva-
mente pelo Código Civil. O referido entendimento
não pertence à corrente majoritária.
Destacamos ser a jurisprudência um elemen-
to preponderante nesse sentido, através dos arestos
emanados dos Tribunais, que vem dando certos con-
tornos nas interpretações dos contratos de arrenda-
mento, parceria rural, e aos atípicos, pois, se o legis-

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lativo não institui o novo Estatuto da Terra, pelos
inúmeros entraves políticos, cabe ao judiciário “não
legislar”, mas efetivamente estabelecer procedimen-
tos e soluções equitativas nas composições das lides
agrárias, principalmente na relação contratual.
Vemos que o fator determinante para a ca-
racterização do contrato agrário é a sua finalidade.
A destinação do pacto feito em contrato é o critério
adequado para determinar se a relação se insere en-
tre os contratos agrários ou outro ramo do Direito
Civil, independente da localização do imóvel situado
no negócio jurídico, percebe-se então que é perfeita-
mente possível existirem contratos agrários no meio
urbano e contratos civis ou de locação (regidos pela
Lei do Inquilinato) no meio rural.
O Estatuto da Terra e o Decreto n.º
59.566/66, ambos com mais de quarenta anos, re-
presentam grande avanço na legislação brasileira; e
sem pretensão de esgotar o tema, finalizamos com
as considerações de que a regulamentação do Direi-
to Agrário, de forma inadequada, só pode ser alte-
rada por Lei Federal, no entanto, evidenciamos que
as relações no meio rural são norteadas por usos e
costumes regionais, normalmente no caso dos con-
tratos agrários atípicos ou inominados, de forma
que, ante a extensão do território brasileiro, torna-se
impossível o devido tratamento.

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5.4. CONTRATOS NOMINADOS OU
TÍPICOS

São contratos cujas características e requisi-


tos estão definidos e justificados em lei.

5.4.1. DA PARCERIA RURAL

Antes de comentarmos a respeito da par-


ceria rural, importante se faz relatar que o contrato
agrário e o arrendamento rural, anterior ao advento
do Estatuto da Terra, foram regrados pelo Código
Civil brasileiro, tendo havido derrogação de algumas
de suas normas, em face da disposição contida no
artigo 92.º caput, § 9.º do próprio Estatuto da Terra
como segue:

Artigo 92.º - A posse ou uso temporário da terra


serão exercidos em virtude de contrato expresso ou tácito,
estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem
atividade agrícola ou pecuária, sob forma de arrendamen-
to rural, de parceria agrícola, pecuária, agro-industrial e
extrativa, nos termos desta Lei.
...§ 9.º Para solução dos casos omissos na presen-
te Lei, prevalecerá o disposto no Código Civil.

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Diferentemente do arrendamento, a parceria
rural é a modalidade contratual pela qual o parceiro
proprietário cede ao parceiro produtor o uso da ter-
ra, partilhando com este os riscos do caso fortuito
e da força maior e os frutos do produto da colheita
ou da venda dos animais, conforme artigo 4.º e 5.º
do Decreto n.º 59.566/66 e § 1.º do artigo 96.º do
Estatuto da Terra, com a nova redação dada pela Lei
11.443/07), como segue:

Art. 4.º - Parceria rural é o contrato agrário pelo


qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo
determinado ou não, o uso especifico de imóvel rural, de
parte ou partes do mesmo, incluindo, ou não, benfeito-
rias, outros bens e ou facilidades, com o objetivo de nele
ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária,
agro-industrial, extrativa vegetal ou mista; e ou lhe en-
trega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou
extração de matérias primas de origem animal, mediante
partilha de riscos do caso fortuito e da força maior do em-
preendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havi-
dos nas proporções que estipularem, observados os limites
percentuais da lei (artigo 96, VI do Estatuto da Terra).
Parágrafo único. para os fins deste Regulamento deno-
mina-se parceiro outorgante, o cedente, proprietário ou não, que
entrega os bens; e parceiro-outorgado, a pessoa ou o conjunto
familiar, representado pelo seu chefe, que os recebe para os fins
próprios das modalidades de parcerias definidas no art. 5.º.

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Art. 5.º Dá-se a parceria:
I - agrícola, quando o objeto da cessão for o uso de
imóvel rural, de parte ou partes do mesmo, com o objetivo
de nele ser exercida a atividade de produção vegetal;
II - pecuária, quando o objetivo da cessão forem
animais para cria, recria, invernagem ou engorda;
III - agro-industrial, quando o objeto da ses-
são for o uso do imóvel rural, de parte ou partes do
mesmo, ou maquinaria e implementos, com o objetivo
de ser exercida atividade de transformação de produto
agrícola, pecuário ou florestal;
IV - extrativa, quando o objeto da cessão for
o uso de imóvel rural, de parte ou partes do mesmo,
e ou animais de qualquer espécie, com o objetivo de
ser exercida atividade extrativa de produto agrícola,
animal ou florestal;
V - mista, quando o objeto da cessão abranger
mais de uma das modalidades de parceria definidas nos
incisos anteriores.

E no Estatuto da Terra, como segue:

Art. 96. Na parceria agrícola, pecuária, agro-


-industrial e extrativa, observar-se-ão os seguintes prin-
cípios:
§ 1o Parceria rural é o contrato agrário pelo qual
uma pessoa se obriga a ceder à outra, por tempo determi-

120
nado ou não, o uso específico de imóvel rural, de parte ou
partes dele, incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens
e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida ati-
vidade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial,
extrativa vegetal ou mista; e/ou lhe entrega animais para
cria, recria, invernagem, engorda ou extração de maté-
rias-primas de origem animal, mediante partilha, isolada
ou cumulativamente, dos seguintes riscos: (Incluído pela
Lei n.º 11.443, de 2007).
I - caso fortuito e de força maior do empreendi-
mento rural; (Incluído pela Lei n.º 11.443, de 2007).
II - dos frutos, produtos ou lucros havidos nas
proporções que estipularem, observados os limites percen-
tuais estabelecidos no inciso VI do caput deste artigo;
(Incluído pela Lei n.º 11.443, de 2007).
III - variações de preço dos frutos obtidos na ex-
ploração do empreendimento rural. (Incluído pela Lei n.º
11.443, de 2007).

É preponderante, nesse tipo de relação, a


comunhão das forças e dos resultados, sendo que
a partilha dos frutos deve obedecer a proporções
compatíveis com os meios de produção disponibili-
zados por cada um dos parceiros.
O Estatuto da Terra prevê, ainda, sem que
fique descaracterizada a parceria, que o parceiro pro-
prietário poderá concorrer com a terra nua, com a

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terra preparada, com benfeitorias, máquinas e até
com animais, variando em função disso o limite má-
ximo da sua participação nos frutos.
É oportuno ressaltar que nas parcerias, além
das normas do Decreto em referência, aplicam-se as
regras do contrato de sociedade, desde que não haja
regulação diversa ou específica no Estatuto da Terra.
A exploração da terra, por meio de parcerias
e arrendamentos, demonstra um fenômeno antigo
e que constantemente se atualiza de acordo com as
novas realidades. Atualmente, a cessão do uso da ter-
ra é importante ferramenta para o aumento da efici-
ência dos produtores rurais.
O parceiro e o arrendatário deixaram de de-
pender da terra alheia para a subsistência. São, na
atualidade, os empreendedores do agronegócio que
investem na produção profissional e na adequada
utilização do solo, pois os proprietários não têm,
muitas vezes, capacitação ou recursos.
A cessão do uso da propriedade rural para
exploração de atividades agrícolas ou pastoris é re-
gulada pelo Estatuto da Terra e pode receber a for-
ma jurídica de Arrendamento ou de Parceria Rural.
Há diferença entre o arrendamento e a parce-
ria rural e essa diferença estrutural implica em impor-
tantes consequências jurídicas, no âmbito civil e fiscal.

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5.4.2. DOS ARRENDAMENTOS RURAIS

O Contrato de Arrendamento Rural é uma


forma de locação de imóvel rural, para cultivo de de-
terminada cultura, por exemplo, a de cana de açúcar,
soja, entre outros, fica destacado que o proprietá-
rio cede ao arrendatário, por tempo determinado ou
não, o uso e gozo de seu imóvel rural, no todo ou em
parte, com ou sem benfeitorias e outros bens, para
que o arrendatário exerça atividade extrativa, agro-
pecuária, agroindustrial ou mista, mediante retribui-
ção certa ou aluguel conforme trata o artigo 3.º, caput
do Decreto n.º 59.566/66 como segue:

Artigo 3.º Decreto 59.566/66 - Arrendamento


rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga
a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e
gozo de imóvel rural, parte ou partes do mesmo, incluin-
do, ou não, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com
o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração
agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa ou mista,
mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limi-
tes percentuais da Lei.

Característica importante a ressaltar é que o


arrendatário cobre todos os riscos da atividade agrí-
cola e se obriga a pagar quantia líquida e certa para o

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arrendador. Este, por sua vez, tem segurada em con-
trapartida, uma obrigação de pagar do arrendatário,
independentemente da produção.
Fica evidenciado o isolamento dos riscos
em um dos polos da relação jurídica, e isso sempre
distanciou a interpretação dos contratos de arrenda-
mento de uma postura imparcial.
Nesse tipo de contrato não se considera a
totalidade de igualdade no sentido “paritário”. Pelo
contrário, sempre preponderou a percepção de que
o arrendatário teria que ser protegido como a parte
mais fraca do negócio e de que a liberdade contratu-
al seria submetida aos princípios da “função social”
que o arrendamento exerce.
O Estatuto da Terra traz em seu escopo uma
forma de fazer equivaler o jogo de forças no contra-
to, concedendo proteção ao arrendatário por meio
de normas cogentes, capazes de amenizar o império
do proprietário sobre a fraqueza do produtor.
Ressalta-se que, por serem normas de direi-
to público, as condições do arrendamento rural não
podem deixar de ser observadas, nem ser afastadas,
por disposição contratual.
As partes interessadas em contratar mere-
cem dar bastante atenção as principais limitações
impostas pela legislação agrária, tais como:
a) prazo mínimo de 3 anos para a vigência
do contrato;

124
b) direito de preferência na aquisição do imóvel;
c) direito a indenização das benfeitorias ne-
cessárias e úteis feitas no imóvel;
d) limitação do preço do aluguel em função
do valor cadastral do imóvel e
e) direito à renovação do contrato de ar-
rendamento.
Temas esses elencados no artigo 95.º do
Estatuto da Terra e artigo 13.º do Decreto n.º
59.566/66, como segue:

Artigo 95. Quanto ao arrendamento rural, ob-


servar-se-ão os seguintes princípios:
I - os prazos de arrendamento terminarão sempre
depois de ultimada a colheita, inclusive a de plantas for-
rageiras temporárias cultiváveis. No caso de retardamen-
to da colheita por motivo de força maior, considerar-se-ão
esses prazos prorrogados nas mesmas condições, até sua
ultimação;
II - presume-se feito, no prazo mínimo de três
anos, o arrendamento por tempo indeterminado, observa-
da a regra do item anterior;
III - o arrendatário, para iniciar qualquer cultu-
ra cujos frutos não possam ser recolhidos antes de termi-
nado o prazo de arrendamento, deverá ajustar, previa-
mente, com o arrendador a forma de pagamento do uso da
terra por esse prazo excedente; (Redação dada pela Lei
n.º 011.443, de 2007).

125
O direito de renovação que trata o artigo
95.º inciso IV estabelecia a redação do Estatuto da
Terra que o proprietário arrendador deveria notificar
o arrendatário, com antecedência de 6 meses do fim
do contrato, das propostas de arrendamento exis-
tentes, oferecendo-lhe a oportunidade de exercer o
direito de preferência.
Após esse prazo, deferia-se a oportunidade
do arrendatário “locatário” declinar do arrendamen-
to ou fazer outra proposta; se não houvesse novo
ajuste, o contrato restaria prorrogado automatica-
mente por tempo indeterminado. Pela letra da lei, o
arrendador quase não tinha, por conseguinte, opção
para desvencilhar-se do arrendatário.
Com a nova redação do inciso IV do Artigo
95.º, no entanto, restabeleceu-se o domínio do ar-
rendador sobre o contrato.
Com efeito, é este agora que tem a faculdade
de desistir do arrendamento ou fazer nova propos-
ta, afastando a prorrogação automática do contrato.
Veja-se, o texto da lei:

IV - em igualdade de condições com estranhos,


o arrendatário terá preferência à renovação do arrenda-
mento, devendo o proprietário, até 6 (seis) meses antes do
vencimento do contrato, fazer-lhe a competente notificação
extrajudicial das propostas existentes. Não se verificando a
notificação extrajudicial, o contrato considera-se automati-

126
camente renovado, desde que o arrendador, nos 30 (trinta)
dias seguintes, não manifeste sua desistência ou formule
nova proposta, tudo mediante simples registro de suas de-
clarações no competente Registro de Títulos e Documentos;
(Redação dada pela Lei n.º 11.443, de 2007).

Além disso, continua valendo o inciso V do


mesmo Artigo 95.º, cuja redação foi alterada somen-
te na forma, no sentido de que pode o arrendador
retomar, mediante notificação prévia de 6 meses,
o imóvel para uso próprio ou de descendente seu,
afastando completamente o direito de preferência
do arrendatário.

V - os direitos assegurados no inciso IV do


caput deste artigo não prevalecerão se, no prazo de 6
(seis) meses antes do vencimento do contrato, o proprie-
tário, por via de notificação extrajudicial, declarar sua
intenção de retomar o imóvel para explorá-lo direta-
mente ou por intermédio de descendente seu; (Redação
dada pela Lei n.º 11.443, de 2007).

E como seguem os demais incisos do artigo 95.º:

...VI - sem expresso consentimento do proprietá-


rio é vedado o subarrendamento;

127
VII - poderá ser acertada, entre o proprietário e
arrendatário, cláusula que permita a substituição de área
arrendada por outra equivalente no mesmo imóvel rural,
desde que respeitadas as condições de arrendamento e os
direitos do arrendatário.

Na retenção por benfeitorias que trata o in-


ciso VIII do artigo 95.º, continua o arrendatário a ter
o direito à indenização das benfeitorias úteis e ne-
cessárias que fizer no imóvel arrendado, bem como
das voluptuárias, se estas forem autorizadas pelo
arrendador-proprietário, como demonstra o inciso:

VIII - o arrendatário, ao termo do contrato, tem


direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis;
será indenizado das benfeitorias voluptuárias quando au-
torizadas pelo proprietário do solo; e, enquanto o arren-
datário não for indenizado das benfeitorias necessárias
e úteis, poderá permanecer no imóvel, no uso e gozo das
vantagens por ele oferecidas, nos termos do contrato de
arrendamento e das disposições do inciso I deste artigo;
(Redação dada pela Lei n.º 11.443, de 2007).

Na hipótese do não pagamento dessas ben-


feitorias, o arrendatário poderá permanecer na posse
e no gozo da terra até que lhe sejam indenizados os

128
investimentos, na forma de uma prorrogação obri-
gatória do Contrato de Arrendamento, que conti-
nua, portanto, sendo devido o “aluguel”.
Essa permanência depende da impetração
de medida judicial adequada, qual seja, embargos
de retenção por benfeitorias com evidentemente da
boa-fé do arrendatário, regida pelo artigo 744.º do
Código de Processo Civil, como segue:

Artigo 744..º C.P.C.- (Impugnação, pelo deve-


dor, da existência do crédito)
1. Se o devedor impugnar a existência do crédito,
são notificados o exequente, o executado e o devedor para
comparecerem no tribunal em dia designado, a fim de
serem ouvidos.
2. Insistindo o devedor na impugnação, deve o
exequente declarar se mantém a penhora ou desiste dela.
3. Se o exequente mantiver a penhora, o crédito
passa a considerar-se litigioso e como tal será adjudicado
ou transmitido.

Deve-se salientar que, para que se possa funda-


mentar o pedido de retenção, as benfeitorias feitas pelo
arrendatário devem ter ligação com a função social do
contrato. Os melhoramentos devem, portanto, estar di-
retamente relacionados com a atividade agropecuária.
E como seguem os demais incisos do artigo 95.º:

129
...IX - constando do contrato de arrenda-
mento animais de cria, de corte ou de trabalho, cuja
forma de restituição não tenha sido expressamente
regulada, o arrendatário é obrigado, findo ou res-
cindido o contrato, a restituí-los em igual número,
espécie e valor;
X - o arrendatário não responderá por qualquer
deterioração ou prejuízo a que não tiver dado causa;
XI - na regulamentação desta Lei, serão com-
plementadas as seguintes condições que, obrigatoriamente,
constarão dos contratos de arrendamento:
a) limites da remuneração e formas de pagamento
em dinheiro ou no seu equivalente em produtos; (Redação
dada pela Lei n.º 11.443, de 2007).
b) prazos mínimos de arrendamento e limites de
vigência para os vários tipos de atividades agrícolas; (Re-
dação dada pela Lei n.º 11.443, de 2007).
c) bases para as renovações convencionadas;
d) formas de extinção ou rescisão;
e) direito e formas de indenização ajustadas
quanto às benfeitorias realizadas;...

No limite máximo do valor do arrendamen-


to que trata o artigo 95.º inciso XII, o valor do alu-
guel pago ao arrendador pelo arrendatário, não pode
ultrapassar 15% do valor cadastral do imóvel, a me-
nos que a cessão seja parcial, em glebas selecionadas

130
exclusivamente para exploração de alta rentabilida-
de, caso em que o limite é aumentado para 30%.
O valor cadastral considerado para o limite
estipulado por esse dispositivo, consoante a juris-
prudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça,
é aquele constante da declaração do Imposto Terri-
torial Rural (ITR), incluídos os valores referentes à
Terra Nua e às suas benfeitorias, como segue:

...XII - a remuneração do arrendamento, sob


qualquer forma de pagamento, não poderá ser superior
a 15% (quinze por cento) do valor cadastral do imó-
vel, incluídas as benfeitorias que entrarem na composição
do contrato, salvo se o arrendamento for parcial e recair
apenas em glebas selecionadas para fins de exploração in-
tensiva de alta rentabilidade, caso em que a remuneração
poderá ir até o limite de 30% (trinta por cento) (Redação
dada pela Lei n.º 11.443, de 2007).
XIII - a todo aquele que ocupar, sob qualquer
forma de arrendamento, por mais de cinco anos, um imó-
vel rural desapropriado, em área prioritária de Reforma
Agrária, é assegurado o direito preferencial de acesso à
terra..Vetado...
Art. 95-A. Fica instituído o Programa de
Arrendamento Rural, destinado ao atendimento com-
plementar de acesso à terra por parte dos trabalhadores
rurais qualificados para participar do Programa Nacio-
nal de Reforma Agrária, na forma estabelecida em regu-

131
lamento.(Incluído pela Medida Provisória n.º 2.183-56,
de 2001) (Regulamento)
Parágrafo único. Os imóveis que integrarem o
Programa de Arrendamento Rural não serão objeto de
desapropriação para fins de reforma agrária enquanto se
mantiverem arrendados, desde que atendam aos requisi-
tos estabelecidos em regulamento. (Incluído pela Medida
Provisória n.º 2.183-56, de 2001).

Constando no referido artigo do Decreto


supracitado, vejamos como segue:

Artigo 13. Nos contratos agrários, qualquer que


seja a sua forma, contarão obrigatoriamente, clausulas que
assegurem a conservação dos recursos naturais e a proteção
social e econômica dos arrendatários e dos parceiros-outorga-
dos a saber (Art. 13, incisos III e V da Lei n.º 4.947-66);
I - Proibição de renúncia dos direitos ou vanta-
gens estabelecidas em Leis ou Regulamentos, por parte
dos arrendatários e parceiros-outorgados (art.13, inciso
IV da Lei número 4.947-66);
II - Observância das seguintes normas, visando a
conservação dos recursos naturais:
a) prazos mínimos, na forma da alínea “ b “, do
inciso XI, do art. 95 e da alínea “ b “, do inciso V, do
art. 96 do Estatuto da Terra:
- de 3 (três), anos nos casos de arrendamento em

132
que ocorra atividade de exploração de lavoura temporária
e ou de pecuária de pequeno e médio porte; ou em todos
os casos de parceria;
- de 5 (cinco), anos nos casos de arrendamento em
que ocorra atividade de exploração de lavoura permanen-
te e ou de pecuária de grande porte para cria, recria, en-
gorda ou extração de matérias primas de origem animal;
- de 7 (sete), anos nos casos em que ocorra ativi-
dade de exploração florestal;
b) observância, quando couberem, das normas es-
tabelecidas pela Lei número 4.771, de 15 de setembro de
1965, Código Florestal, e de seu Regulamento constante
do Decreto 58.016 de 18 de março de 1966;
c) observância de práticas agrícolas admitidas
para os vários tipos de exportação intensiva e extensiva
para as diversas zonas típicas do país, fixados nos Decre-
tos número 55.891, de 31 de março de 1965 e 56.792
de 26 de agosto de 1965.
III - Fixação, em quantia certa, do preço do ar-
rendamento, a ser pago em dinheiro ou no seu equivalente
em frutos ou produtos, na forma do art. 95, inciso XII,
do Estatuto da Terra e do art. 17 deste Regulamento, e
das condições de partilha dos frutos, produtos ou lucros
havidos na parceria, conforme preceitua o art.96 do Es-
tatuto da Terra e o art. 39 deste Regulamento.
IV - Bases para as renovações convencionadas
seguido o disposto no artigo 95, incisos IV e V do Esta-
tuto da Terra e art. 22 deste Regulamento.

133
V - Causas de extinção e rescisão, de acordo com
o determinado nos artigos 26 a 34 deste Regulamento;
VI - Direito e formas de indenização quanto às
benfeitorias realizadas, ajustadas no contrato de arren-
damento; e, direitos e obrigações quanto às benfeitorias
realizadas, com consentimento do parceiro-outorgante, e
quanto aos danos substanciais causados pelo parceiro-ou-
torgado por práticas predatórias na área de exploração
ou nas benfeitorias, instalações e equipamentos especiais,
veículos, máquinas, implementos ou ferramentas a ele ce-
didos (art. 95, inciso XI, letra “ c “ e art.96, inciso V,
letra “ e “ do Estatuto da Terra);
VII - observância das seguintes normas, visando
à proteção social e econômica dos arrendatários e parcei-
ros-outorgados (art.13, inciso V, da Lei n.º 4.974-66):
a) concordância do arrendador ou do parceiro-
-outorgante, à solicitação de crédito rural feita pelos ar-
rendatários ou parceiros-outorgados (artigo 13, inciso V
da Lei n.º 4.947-66);
b) cumprimento das proibições fixadas no art. 93
do Estatuto da Terra, a saber:
- prestação do serviço gratuito pelo arrendatário
ou parceiro-outorgado;
- exclusividade da venda dos frutos ou produtos
ao arrendador ou ao parceiro-outorgante;
- obrigatoriedade do beneficiamento da produção
em estabelecimento determinado pelo arrendador ou pelo
parceiro-outorgante:

134
- obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utili-
dades em armazéns ou barracões determinados pelo ar-
rendador ou pelo parceiro-outorgante;
- aceitação pelo parceiro-outorgado, do pagamento
de sua parte em ordens, vales, borós, ou qualquer outra
forma regional substitutiva da moeda;
c) direito e oportunidade de dispor dos frutos ou
produtos repartidos da seguinte forma (art.96, inciso V,
letra “ f “ do Estatuto da Terra):
- nenhuma das partes poderá dispor dos frutos ou
dos frutos ou produtos havidos antes de efetuada a par-
tilha, devendo o parceiro-outorgado avisar o parceiro-ou-
torgante, com a necessária antecedência, da data em que
iniciará a colheita ou repartição dos produtos pecuários;
- ao parceiro-outorgado será garantido o direito
de dispor livremente dos frutos e produtos que lhe cabem
por força do contrato;
- em nenhum caso será dado em pagamento ao
credor do cedente ou do parceiro-outorgado, o produto da
parceria, antes de efetuada a partilha.

Esses direitos, já amplamente conhecidos,


sofreram recentemente, com a Lei n.º 11.443, de 5
de Janeiro de 2.007, leves modificações, que também
merecem ser objeto de atenção.
No direito de preferência da aquisição do
imóvel, conforme artigo 92.º, §§ 2.º e 3.º, como já é

135
bastante difundido, o arrendatário, no caso de alie-
nação do imóvel, terá direito a adquiri-lo, em igual-
dade de condições, devendo o proprietário notificá-
-lo das propostas recebidas para que, no prazo de 30
dias, exerça ou não essa opção.
Quando não ocorrer a notificação do arren-
datário, impossibilitando a parte de cobrir a oferta
de terceiro, a lei lhe dá, ainda, o prazo de 6 meses, a
contar do registro da alienação no Registro de Imó-
veis, para depositar o valor da venda e pedir a adju-
dicação do imóvel arrendado.
Importante ressaltar que, embora não seja
pacífico o entendimento, existem julgados determi-
nando que o direito de preferência valha em relação
à totalidade do imóvel, ainda que só uma parte seja
objeto do arrendamento.

5.5. CONTRATOS AGRÁRIOS INOMI-


NADOS OU ATÍPICOS

São contratos que resultam de um acordo de


vontades entre as partes, não tendo suas caracterís-
ticas e requisitos definidos e, para que sejam válidos,
basta o consenso, que as partes sejam livres e capa-
zes, que seu objeto seja lícito, possível, determiná-
vel e suscetível de valoração econômica. Além disso,

136
exige-se que este contrato especifique minuciosa-
mente os direitos e obrigações de cada parte. Acerca
dos contratos atípicos, o artigo 39.º do Decreto n.º
59.566/66, assim dispõe:
Art. 39. Quando o uso ou posse temporário da
terra for exercido por qualquer outra modalidade contra-
tual, diversa dos contratos de arrendamento e parceria,
serão observadas pelo proprietário do imóvel as mesmas
regras aplicáveis a arrendatários e parceiros, e, em espe-
cial a condição estabelecida no art. 38, supra.”A doutri-
na entende que são exemplos de contratos agrários atípi-
cos os contratos de comodato, de empreitada.

A doutrina entende que são exemplos de


contratos atípicos, os Contratos de Comodato e o
Contrato de Empreitada.

5.6. COMODATO

Segundo Washington de Barros (2008),


“comodato é contrato unilateral, gratuito, pelo qual alguém
entrega a outrem coisa infungível, para ser usada tempora-
riamente e depois restituída”, portanto, é um contrato
unilateral porque obriga tão somente o comodatá-
rio; gratuito, porque somente o comodatário é fa-

137
vorecido; real porque se realiza pela tradição, ou
seja, entrega da coisa; e não solene, pois a lei não
exige forma especial para sua validade, podendo ser
utilizada até a forma verbal.
Quem entrega a coisa infungível é o como-
dante, quem a usa é o comodatário. Assim, o como-
datário rural poderá ser um pequeno agricultor ou
pecuarista, um agregado, ex-trabalhador rural que,
embora gratuitamente, exerce uma atividade labo-
rativa, com o plantio de certas culturas, criação de
gado, até mesmo para o sustento próprio e de sua
família, onde o prazo de restituição do bem imóvel
rural deverá pelas circunstâncias, obedecer a prazos
mínimos, ou, até mesmo,quando for o caso, a ulti-
mação e término da colheita.
Desta forma, o comodato rural deve ser
visto como uma alternativa de evitar a ociosida-
de da terra, em caso de ausência de arrendamento
ou parceria rural, evitando até mesmo invasões e a
própria desapropriação por interesse social para fins
de reforma agrária, pois o comodatário poderá, em
um campo degradado, realizar o plantio de milho, e,
após devolvê-lo semeado, ou até mesmo, receber um
campo sujo para pecuária, e o restituir roçado. Dessa
forma, está caracterizado um comodato rural e vem
a ser um contrato atípico.

138
5.7. EMPREITADA

Empreitada é o contrato mediante o qual


uma das partes “o empreiteiro” se obriga a realizar
uma obra específica, pessoalmente ou por intermé-
dio de terceiros, cobrando uma remuneração a ser
paga pela outra parte “proprietária da obra”, sem
vínculo de subordinação.
A direção do trabalho é do próprio empreitei-
ro, assumindo este os riscos da obra. Na empreitada
não importa o rigor do tempo de duração da obra, o
objeto não é a simples prestação de serviços, mas a
obra em si. Assim, neste tipo de contrato, a remune-
ração não está vinculada ao tempo, mas à conclusão
da obra. São exemplos de empreitada agrícola o des-
matamento de determinada área, a construção de um
açude, a gramagem ou revitalização de um pasto.

5.8. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS


AGRÁRIOS

A extinção do contrato agrário se dá pelo


término do prazo contratual. Onde a lei não distin-
gue, ao intérprete não cabe distinguir.
O artigo 22 do Estatuto da Terra prevê a
exigência de prévia notificação nos casos de arren-

139
damento rural, posto que o artigo 95 do Decreto n.º
59.566/66, disciplina o arrendamento rural, e ainda
trata da não exigibilidade preliminar de notificação
em parceria agrícola, conforme segue:

Art. 22. Em igualdade de condições com tercei-


ros, o arrendatário terá preferência à renovação do arren-
damento, devendo o arrendador até 6 (seis) meses antes
do vencimento do contrato, notificá-lo das propostas rece-
bidas, instruindo a respectiva notificação com cópia au-
têntica das mesmas (art. 95, IV do Estatuto da Terra).
§ 1.º Na ausência de notificação, o contrato
considera-se automaticamente renovado, salvo se o
arrendatário, nos 30 (trinta) dias seguintes ao do
término do prazo para a notificação manifestar sua
desistência ou formular nova proposta (art. 95, IV,
do Estatuto da Terra).
§ 2.º Os direitos assegurados neste artigo, não
prevalecerão se, até o prazo 6 (seis meses antes do ven-
cimento do contrato, o arrendador por via de notificação,
declarar sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo
diretamente, ou para cultivo direto e pessoal, na forma
dos artigos 7.º e 8.º deste Regulamento, ou através de
descendente seu (art. 95, V, do Estatuto da Terra).
§ 3.º As notificações, desistência ou proposta, de-
verão ser feitas por carta através do Cartório de Registro
de Títulos e documentos da comarca da situação do imó-
vel, ou por requerimento judicial.

140
§ 4.º A insinceridade do arrendador eu poderá
ser provada por qualquer meio em direito permitido, im-
portará na obrigação de responder pelas perdas e danos
causados ao arrendatário.

141
Capítulo 6
TÍTULO DE CRÉDITO RURAL

C
OM AS INOVAÇÕES trazidas pelo Estatuto
da Terra, uma nova conformação rural se apre-
sentou no Brasil. Criou-se uma reestruturação
em quase todos os campos da atividade rural, segundo
a nova política agrária introduzida pelo governo federal.
Os instrumentos utilizados para a formali-
zação do crédito rural, de acordo com o Decreto n.º
167, de 14.02.67, podem ser realizados por meio dos
seguintes títulos:
• Cédula Rural Pignoratícia (CRP), compro-
va a existência de um penhor rural;
• Cédula Rural Hipotecária (CRH), repre-
senta o crédito e a garantia hipotecária;
• Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária (CRPH);
• Cédula de produto rural é uma promessa
de entrega de produtos rurais, com ou sem garantia.
Tem previsão na Lei n.º 8.929/94. É título líquido e
certo, exigível pela qualidade e quantidade do produ-
to nela previsto;

143
• Nota de Crédito Rural contém financia-
mento, gozando de privilégio especial, representa
empréstimo em dinheiro.

Faculta-se a formalização do crédito rural


por meio de contrato, no caso de peculiaridades in-
suscetíveis de adequação aos títulos mencionados.
Esses títulos de crédito são promessas de
pagamento “sem” ou “com” garantia real, cedular-
mente constituída, isto é, feita no próprio título, dis-
pensando documento à parte.
A garantia pode ser ofertada pelo próprio fi-
nanciado, ou por um terceiro. Embora seja conside-
rada um título civil, é evidente sua comerciabilidade,
por sujeitar-se à disciplina do direito cambiário.
Segundo a natureza das garantias, os títulos
de crédito rural devem ser utilizados “com garantia
real”, das seguintes formas:
• penhor: Cédula Rural Pignoratícia;
• hipoteca: Cédula Rural Hipotecária;
• penhor e hipoteca: Cédula Rural Pignoratí-
cia e Hipotecária.

E ainda, “sem garantia real” da seguinte forma:


• Nota de Crédito Rural.

As garantias são livremente acertadas entre


o financiado e o financiador, que devem ajustar de

144
acordo com a natureza e o prazo do crédito e podem
se constituir de:
• penhor agrícola, pecuário, mercantil ou cedular;
• alienação fiduciária;
• hipoteca comum ou cedular;
• aval ou fiança;
• outros bens que o Conselho Monetário
Nacional admitir.

Quanto à eficácia contra terceiros o título de


crédito rural é valido entre as partes desde a emissão,
mas só adquire eficácia contra terceiros depois de regis-
trada no Cartório de Registro de Imóveis competente.

6.1. DEFINIÇÕES DOS TÍTULOS

Como já vimos, a cédula de Crédito Rural é


promessa de pagamento em dinheiro, com ou sem
garantia real cedularmente constituída.
A Nota Promissória Rural é um título de
crédito, utilizado nas vendas a prazo de bens de na-
tureza agrícola, extrativa ou pastoril, quando efetu-
adas diretamente por produtores rurais ou por suas
cooperativas; nos recebimentos, pelas cooperativas,
de produtos da mesma natureza entregues pelos seus
cooperados, e nas entregas de bens de produção ou

145
de consumo, feitas pelas cooperativas aos seus asso-
ciados. O devedor é, geralmente, pessoa física.
A Duplicata Rural é utilizada nas vendas a
prazo de quaisquer bens de natureza agrícola, extra-
tiva ou pastoril, quando efetuadas diretamente por
produtores rurais ou por suas cooperativas, poderá
ser utilizada também, como título do crédito. Emitida
pelo vendedor, este ficará obrigado a entregá-la ou a
remetê-la ao comprador, que a devolverá depois de
assiná-la. O devedor é, geralmente, pessoa jurídica.

6.2. OBJETIVOS DOS TÍTULOS

Os objetivos do crédito rural são, em con-


formidade legal, uma forma de estimular os inves-
timentos rurais feitos pelos produtores ou por suas
associações (cooperativas, condomínios, parcerias
etc.), tais como:
• favorecer o oportuno e adequado cus-
teio da produção e a comercialização de produ-
tos agropecuários;
• fortalecer o setor rural;
• incentivar a introdução de métodos racionais
no sistema de produção, visando ao aumento de produ-
tividade, à melhoria do padrão de vida das populações
rurais e à utilização adequada dos recursos naturais.

146
As atividades que podem ser financiadas
pelo crédito rural são:
• custeio das despesas normais de cada
ciclo produtivo;
• investimento em bens ou serviços cujo apro-
veitamento se estenda por vários ciclos produtivos;
• comercialização da produção.

As exigências essenciais para concessão de


crédito rural são:
• idoneidade do tomador;
• apresentação de orçamento, plano ou pro-
jeto, exceto em operações de desconto de Nota Pro-
missória Rural ou de Duplicata Rural;
• oportunidade, suficiência e adequação
de recursos;
• observância de cronograma de utilização e
de reembolso;
• fiscalização pelo financiador.

O Crédito de custeio se classifica em: custeio


agrícola, custeio pecuário, custeio de beneficiamento
ou industrialização, e pode se destinar às despesas
normais, tais como:
• do ciclo produtivo de lavouras periódi-
cas, de entressafra de lavouras permanentes ou
da extração de produtos vegetais espontâneos,
incluindo o beneficiamento primário da produ-

147
ção obtida e seu armazenamento no imóvel rural
ou em cooperativa;
• de exploração pecuária;
• de beneficiamento ou industrialização de
produtos agropecuários.

Na constatação legal de quem pode se utili-


zar do crédito rural, temos o produtor rural (pessoa
física ou jurídica) e suas associações (cooperativas,
condomínios, parcerias), que se dedique a uma das
seguintes atividades:
a) pesquisa ou produção de mudas ou se-
mentes fiscalizadas ou certificadas;
b) pesquisa ou produção de sêmen para in-
seminação artificial;
c) prestação de serviços mecanizados de
natureza agropecuária, em imóveis rurais, inclusive
para a proteção do solo;
d) prestação de serviços de inseminação ar-
tificial, em imóveis rurais;
e) exploração de pesca, com fins comerciais.

A instituição financeira deve, obrigatoria-


mente, fiscalizar toda operação, sendo facultada a re-
alização de fiscalização por amostragem em créditos
de até R$ 60 mil. Essa amostragem consiste na obri-
gatoriedade de fiscalizar diretamente até 10% desses
créditos, e deve ser efetuada da seguinte forma:

148
• crédito de custeio agrícola: pelo menos
uma vez no curso da operação antes da época pre-
vista para liberação da última parcela ou até sessenta
dias após a utilização do crédito, no caso de libera-
ção em parcela única;
• Empréstimo do Governo Federal (EGF),
conforme previsto no Manual de Operações de Pre-
ços Mínimos; demais financiamentos: até sessenta
dias após cada utilização, para comprovar a realiza-
ção das obras, serviços ou aquisições. Essa fiscaliza-
ção é para verificar a correta aplicação dos recursos
orçamentários, o desenvolvimento das atividades fi-
nanciadas e a situação das garantias, se houver.

6.3. REFORMA AGRÁRIA

Alguns doutrinadores defendem que a ques-


tão fundiária está para a República, assim como a
escravidão estava para a Monarquia, de tamanha re-
levância a questão fundiária no Brasil.
Para elaborar o conceito de Reforma Agrá-
ria, é necessário, em primeiro lugar, nos remetermos
no contexto dos Direitos Reais, como Função Social
e Econômica e, ainda, como um meio hábil para al-
cançar a almejada Justiça Social, que é um dos obje-
tivos fundamentais do Estado, que se encontra no

149
bojo do artigo 3.º da Constituição Federal de 1988,
como segue:

Art. 3.º Constituem objetivos fundamentais da


República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for-
mas de discriminação.

No Brasil, o conceito de Reforma Agrária


foi estabelecido no artigo 1.º, parágrafo 1.º, da Lei n.º
4.504/64, o Estatuto da Terra, que traz como segue:

Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações


concernentes aos bens imóveis rurais, para os fins de execu-
ção da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto
de medidas que visem a promover melhor distribuição da
terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso,
a fim de atender aos princípios de justiça social e ao au-
mento de produtividade.
§ 2.º Entende-se por Política Agrícola o conjunto
de providências de amparo à propriedade da terra, que

150
se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as
atividades agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes
o pleno emprego, seja no de harmonizá-las com o processo
de industrialização do país.

Para COUTINHO CAVALCANTI, refor-


ma agrária se define como segue:

Reforma agrária é a revisão e o reajustamento


das normas jurídico-sociais e econômico-financeiras que
regem a estrutura agrária do País, visando à valorização
do trabalhador do campo e ao incremento da produção,
mediante a distribuição, utilização, exploração sociais e
racionais da propriedade agrícola e ao melhoramento das
condições de vida da população rural.

Os objetivos traçados pelo legislador, ao tra-


çar a política de reforma do campo, foi a promoção
da justiça social, o progresso e o bem-estar do rurí-
cola e o incentivo à produção de riqueza, por meio
da redistribuição de terras.
A luta pela terra tem origem longínqua. A
violência no campo é um fato de presença constante
em nossa história.
A História registra movimentos populares,
liderados por pessoas do povo, como a reação indí-

151
gena, os quilombos negros, as revoltas nos períodos
regencial e imperial.
Em 1835, a “Cabanagem”, no Pará, fez com
que cerca de quarenta por cento da população fosse
dizimada pelo governo imperial.
A “Revolta de Canudos”, ocorrida na Bahia,
em 1896, e a “Campanha do Contestado”, empreen-
dida entre o Paraná e Santa Catarina, em 1912, tam-
bém têm sua origem na posse da terra.
Nos tempos atuais, o conflito de Eldorado
dos Carajás (1996), é um exemplo gritante da tragé-
dia gerada na luta pela terra.
A Reforma Agrária é uma necessidade, já
que contribui decisivamente para a consecução dos
Objetivos Fundamentais, inseridos no artigo 3.º, da
nossa Constituição Federal.
O Direito Agrário, consolidado na Constitui-
ção da República, no Estatuto da Terra e na Lei Agrá-
ria, contém mecanismos suficientes para promover a
Reforma Agrária, através da desconcentração fundiá-
ria, do incremento da produção e a justiça social.
Na prática não é o que acontece. O Brasil é
conhecido como um dos países de maiores contras-
tes sociais do planeta. E estes contrastes aparecem de
um modo mais que evidente na estrutura fundiária:
2,8% das propriedades rurais ocupam 56,7% de todas
as terras cadastradas, enquanto que 62,2% das pro-
priedades ocupam 7,9% das terras. Além disso, um

152
número em torno a 4 milhões de famílias ainda é sem
terra - são parceiros, meeiros, arrendatários, assalaria-
dos rurais, ou possuem uma terra tão insignificante
da qual não conseguem tirar o sustento para a família.
São também pessoas que hoje estão na ci-
dade, mas desejariam voltar ao campo caso tivessem
um pedaço de terra para cultivar. Estes dados dos
possíveis clientes para assentamento, que varia entre
4 e 6 milhões, são de um estudo feito pelo IPEA,
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão li-
gado ao governo federal.
FERREIRA resume fielmente a situação vi-
gente, merecendo a transcrição:

A toda evidência, a Reforma Agrária no Brasil


ainda caminha a passos lentos, não obstante a evolução
no pensamento, refletida na legislação, principalmente a
partir de 1964. De um lado, existem vastidões de áreas
improdutivas, ou mal exploradas, sem cumprir sua Fun-
ção Social; de outro, um enorme contingente de pessoas
que querem e necessitam nelas trabalhar, a fim de garan-
tir o seu sustento e crescer econômica e socialmente. Am-
bas esperam por iniciativa do Governo Federal, sempre
às voltas com os problemas econômicos, com os superávites
primários, com o déficit fiscal, com os saldos comerciais,
enfim, com a mais variada gama de argumentos e razões
que estariam a impedir a realização da Reforma Agrá-
ria em sua plenitude.

153
Como visto, muito há de se fazer no Brasil
para que essa história tenha um final feliz.
Muito embora seja uma questão extrema-
mente polêmica, cumpre destacarem-se três posições
ideológicas dominantes a respeito da questão fundiá-
ria no Brasil: o Assistencialismo Agrário, o Radicalis-
mo Agrário e a Reforma Agrária Gradualista.
Para aqueles estudiosos que defendem o As-
sistencialismo Agrário, uma política de simples as-
sistência agrária deve ser implementada. Essa visão
parece falha, na medida em que a mera divisão de
terras não resolve o problema agrário no país.
Além de uma reorganização da agricultura na-
cional, deve existir maior equipe de técnicos, agrôno-
mos, veterinários, meios de comercialização de produ-
tos e educação voltada a preparar o homem do campo.
Pelo Radicalismo Agrário, pretende-se rom-
per a situação atual, que é a de grande concentração
de terras nas mãos de poucos, eis que a posse da
terra é o elemento decisivo para resolver o problema
agrário no País.
O centro do problema está na posse da terra e
o essencial é a distribuição, imediata e a qualquer custo,
de terras rurais. Essa é a ideia defendida pelo MST –
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras.
Se de um lado traz a intranquilidade e a inse-
gurança à sociedade, de outro, são inegáveis os avan-
ços conquistados através da pressão ao poder público.

154
A Reforma Agrária Gradualista é a que de-
veria ser feita, por meio de lenta e objetiva trans-
formação na estrutura agrária. Tem como objetivo,
além da descentralização da propriedade agrária,
medidas concretas de consolidação da reforma na
estrutura agrária.
O planejamento da Reforma Agrária deve
ser efetivado de modo experimental, para unir a
tradição com o progresso. Objetiva-se atingir uma
reforma agrária cientificamente planejada, que distri-
bua as terras e aumente a produtividade pela técnica
e pela ciência.
Embora não seja a única solução, ou tal-
vez nem a mais acertada, para o abrandamento das
questões sociais no país, a transformação gradativa
da estrutura agrária brasileira não pode dispensar a
utilização das terras públicas, diminuindo-se, conse-
quentemente, a tensão agrária.
Em nosso país, grande parte das terras na-
cionais é pública e está desocupada. O povo brasilei-
ro precisa sair da costa do Atlântico e rumar para o
interior. Grandes são as extensões de terras desocu-
padas e o nosso Oeste deve ser ocupado.

155
EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1 - A alternativa INCORRETA:
Compõe o sujeito passivo do ITR:

a) o proprietário do imóvel.
b) o possuidor a qualquer título.
c) a União.
d) o titular do domínio útil.
e) todas as alternativas estão corretas.

2 - A base de cálculo do Imposto sobre a Pro-


priedade Territorial Rural é:

a) valor mercado, ou seja, valor da terra nua.


b) valor venal, ou seja, valor da terra nua.
c) valor fundiário, ou seja, valor da terra nua.
d) valor venal, ou seja, valor do imóvel por natureza.
e) nenhuma das alternativas anteriores.

157
3- Considera-se pequena gleba rural aquela
não excedente a:

a) 50 hectares.
b) 100 hectares.
c) 30 hectares.
d) 130 hectares.
e) 70 hectares.

4 - Analise e assinale a assertiva correta.

I - A produção e distribuição de sementes e mu-


das, inclusive de novas variedades, poderão também
ser feitas por organizações particulares, dentro do
sistema de certificação de material de plantio, sob
a fiscalização, controle e amparo do Poder Público.
II - A melhoria dos rebanhos e plantéis será feita
através de criação, venda de reprodutores e uso da
inseminação artificial, devendo os órgãos competen-
tes, ampliar para esse fim, a sua rede de postos es-
pecializados. A criação de reprodutores e o emprego
da inseminação artificial poderão ser feitos por en-
tidades privadas, sob fiscalização, controle e amparo
do Poder Público.
III - Os planos de mecanização agrícola, elabo-
rados pelos órgãos competentes, levarão em conta o
mercado de mão de obra regional, as necessidades

158
de preparação e capacitação de pessoal, para utiliza-
ção e manutenção de maquinaria. Esses planos serão
dimensionados em função do grau de produtivida-
de que se pretende alcançar em cada uma das áreas
geoeconômica do país, e deverão ser condicionados
ao nível tecnológico já existente e à composição da
força de trabalho ocorrente. Nos mesmos planos
poderão ser incluídos serviços adequados de manu-
tenção e de orientação técnica para o uso econômico
das máquinas e implementos, os quais, sempre que
possível deverão ser realizados por entidades priva-
das especializadas.

a) Apenas a afirmação III está correta.


b) As afirmações I, II e III estão corretas.
c) As afirmações I e II estão corretas.
d) As afirmações I, II e III estão incorretas.
e) Apenas a afirmação I está correta.

5 - Assinale a assertiva INCORRETA.

a) A Cooperativa Integral de Reforma Agrária


(CIRA) contará com a contribuição financeira do
Poder Público, através do Instituto Brasileiro de Re-
forma Agrária, durante o período de implantação
dos respectivos projetos.
b) A Cooperativa Integral de Reforma Agrária terá

159
um Delegado indicado pelo Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária, integrante do Conselho de Admi-
nistração, sem direito a voto, com a função de pres-
tar assistência técnico-administrativa à Diretoria e
de orientar e fiscalizar a aplicação de recursos que o
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária tiver desti-
nado à entidade cooperativa.
c) A participação direta do Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária na constituição, instalação e de-
senvolvimento da Cooperativa Integral de Reforma
Agrária, quando constituir contribuição financeira,
será feita com recursos do Banco Nacional de Crédi-
to, na forma de investimentos sem recuperação dire-
ta, considerada a finalidade social e econômica des-
ses investimentos. Quando se tratar de assistência
creditícia, tal participação será feita por intermédio
do Fundo Nacional de Reforma Agrária, de acordo
com normas traçadas pela entidade coordenadora
do crédito rural.
d) A Contribuição do Estado será feita pela Coope-
rativa Integral de Reforma Agrária, levada à conta de
um Fundo de Implantação da própria cooperativa.
e) O Estatuto da Cooperativa integral de Reforma
Agrária deverá determinar a incorporação ao Banco
Nacional de Crédito Cooperativo do remanescente
patrimonial, no caso de dissolução da sociedade.

160
6 - Assinale a assertiva INCORRETA.

a) A posse ou uso temporário da terra serão exerci-


dos em virtude de contrato expresso ou tácito, esta-
belecido entre o proprietário e os que nela exercem
atividade agrícola ou pecuária, sob forma de arren-
damento rural, de parceria agrícola, pecuária, agroin-
dustrial e extrativa, nos termos do Estatuto da Terra.
b) No caso de alienação do imóvel arrendado, o ar-
rendatário terá preferência para adquiri-lo em igual-
dade de condições, devendo o proprietário dar-lhe
conhecimento da venda, a fim de que possa exerci-
tar o direito de perempção dentro de trinta dias, a
contar da notificação judicial ou comprovadamente
efetuada, mediante recibo.
c) O arrendatário a quem não se notificar a ven-
da poderá, depositando o preço, haver para si o
imóvel arrendado, se o requerer no prazo de seis
meses, a contar da transcrição do ato de alienação
no Registro de Imóveis.
d) A alienação ou a imposição de ônus real ao imó-
vel interrompe a vigência dos contratos de arrenda-
mento ou de parceria.
e) A ausência de contrato não poderá elidir a apli-
cação dos princípios estabelecidos no Estatuto da
Terra e nas normas regulamentares.

161
7 - Assinale a assertiva

É vedado contrato de arrendamento ou parceria na


exploração de terras de propriedade pública. Contu-
do, excepcionalmente, poderão ser arrendadas ou da-
das em parceria terras de propriedade púbica, quando:

I - razões de segurança nacional o determinarem.


II - áreas de núcleos de colonização pioneira, na
sua fase de implantação, forem organizadas para fins
de demonstração
III - forem motivo de posse pacífica e a justo
título, reconhecida pelo Poder Público, antes da vi-
gência do Estatuto da Terra .

a) I.
b) II e III.
c) I, II e III.
d) I e III.
e) I e II.

8 - Complete a lacuna.

_____________________ foi criado (a) para o


atendimento complementar de acesso à terra por
parte dos trabalhadores rurais qualificados para par-
ticipar do Programa Nacional de Reforma Agrária,

162
na forma estabelecida em regulamento.

a) O Serviço Social Rural (S.S.R.).


b) O Programa de Arrendamento Rural.
c) O Fundo Nacional de Reforma Agrária.
d) O Fundo Agroindustrial de Reconversão.

9 - Complete corretamente a lacuna.

_____________________ foi criado (a) para fornecer


os meios necessários para o financiamento da Reforma
Agrária e dos órgãos incumbidos da sua execução

a) A Cooperativa Integral de Reforma Agrária (C.I.R.A.).


b) O Fundo Nacional de Reforma Agrária.
c) A Superintendência do Desenvolvimento Econô-
mico do Nordeste (SUDENE).
d) O Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária – INCRA.
e) A Superintendência de Política Agrária (SUPRA).

10 - Assinale a alternativa correta.

I - O imóvel rural não é divisível em áreas de di-


mensão inferior à constitutiva do módulo de pro-
priedade rural.

163
II - Em caso de sucessão causa mortis e nas par-
tilhas judiciais ou amigáveis, não se poderão dividir
imóveis em áreas inferiores às da dimensão do mó-
dulo de propriedade rural.
III - Os herdeiros ou os legatários, que adquiri-
rem por sucessão o domínio de imóveis rurais, não
poderão dividi-los em outros de dimensão inferior
ao módulo de propriedade rural.
IV - No caso de um ou mais herdeiros ou legatá-
rios desejar explorar as terras assim havidas, o Ins-
tituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá prover
no sentido de o requerente ou requerentes obterem
financiamentos que lhes facultem o numerário para
indenizar os demais condôminos.

a) Apenas a afirmação IV está correta.


b) As afirmações I e IV estão corretas.
c) As afirmações I, II e III estão corretas.
d) Apenas a afirmação I está correta.
e) Todas as afirmações estão corretas.

164
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