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Normas do arrendamento rural

PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL, SEM AUTORIZAÇÃO.


Lei nº 9610/98 – Lei de Direitos Autorais

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Contratos Agrários: Conceito
Genericamente, define-se contrato agrário como um acordo de vontade celebrado
segundo normas próprias e específicas, com o propósito da aquisição, resguardo,
modificação ou extinção dos direitos vinculados à produtividade da terra.

Regulamentação Normativa dos Contratos Agrários

Os contratos agrários em geral são regidos pelas seguintes normativas:

Estatuto da Terra, em seus artigos 92 ao 96


Lei nº 4.947, em seus artigos 13 ao 15
Decreto nº 59.566/1966, em seus artigos 1º ao 50
Código Civil para todos os casos omissos no Estatuto da Terra

Princípios Específicos dos Contratos Agrários

É muito importante conhecer e entender os Princípios Específicos que regem os Contratos


Agrários juridicamente. São eles:

Princípio Relativo Ao Uso da Posse da Terra (art. 92 do Estatuto da Terra).


Princípios das Proibições ao Proprietário (art. 93 do Estatuto da Terra).
Princípio da Proibição de Contratos Agrários em Terras Púbicas (art. 94 do Estatuto
da Terra).
Princípio da Proibição de Renúncia de Diretos e Vantagens pelo Arrendatário ou
Parceiro.
Princípios da Proteção Social e Econômica aos Arrendatários e Cultivadores.

Arrendamento Rural: Conceito


Arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder a outra,
por tempo determinado ou não, o uso e gozo do imóvel rural, parte ou partes do mesmo,
incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias ou facilidades, com o objetivo de nele ser
exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa ou mista,
mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites percentuais da lei (art. 3º do
Decreto nº 59.566/66).

Diferenças entre Arrendamento Rural e Parceria Rural

As principais diferenças entre os contratos de Arrendamento Rural e Parceria Rural, é que


o primeiro consiste em um contrato através do qual uma pessoa (arrendador) se obriga a
ceder a outra (arrendatário), o uso e gozo de imóvel rural, com ou sem suas benfeitorias,
objetivando nele exercer atividade agrária (Decreto 59.566, Artigo 3º), enquanto o
segundo se refere a um documento que tem por base a transferência para uso específico
de imóvel rural, mediante partilha de riscos de caso fortuito e da força maior do
empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que
estipularem, observados os limites percentuais da lei (Decreto 59.566, Artigo 4º).

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Arrendamento Rural: Vantagens e Desvantagens

Como toda atividade comercial, o arrendamento rural também possui vantagens e


desvantagens, tanto para o arrendador quanto arrendatário, a saber:

Vantagens

Arrendatário: capacidade de produzir sem ter uma grande quantidade de capital


imobilizado.
Arrendador: tirar frutos de seu imóvel mesmo sem ter que explorá-lo diretamente.

Desvantagens

Arrendatário: custo elevado do arrendamento nos tempos atuais.


Arrendador: risco de uma lavoura mal conduzida não gerar receitas suficientes para
o pagamento.

Contrato de Arrendamento: Cláusulas Obrigatórias

Observam-se dez Cláusulas Obrigatórias em relação aos Contratos de Arrendamento. São


elas:

Conservar os recursos naturais.


Dever de proteção ao mais fraco na relação contratual (via de regra o arrendatário e
o parceiro outorgado).
Observância dos prazos mínimos estabelecidos por lei.
Fixação do preço do aluguel dentro dos limites legais.
Indenização, com direito de retenção das benfeitorias úteis e necessárias.
Proibição de prestação de serviços gratuitos pelo arrendatário e parceiro outorgado.
Proibição de obrigação do arrendatário beneficiar seus produtos na usina do
arrendador e de vender a este os seus produtos.
Obrigatoriedade de cláusulas que assegurem a conservação dos recursos naturais.
Proibição de usos e costumes predatórios da economia agrícola.
Irrenunciabilidade de direitos e vantagens legalmente definidos em prol do
arrendatário e parceiro-outorgado.

Fixação de Preços e Prazos no Contrato de Arrendamento Rural

Com relação à fixação de prazos no Contrato de Arrendamento Rural, segundo o Decreto


59.566/66, temos que este deverá ser de 3 anos, nos casos de arrendamento em que
ocorra atividade de exploração de lavoura temporária ou de pecuária de pequeno e médio
porte, ou em todos os casos de parceria; 5 anos, nos casos de arrendamento em que
ocorra atividade de exploração de lavoura permanente e/ou de pecuária de grande porte
para cria, recria, engorda ou extração de matérias-primas de origem animal, ou em todos
os casos de parceria e 7 anos nos casos em que ocorra atividade de exploração florestal.

Já no que diz respeito à fixação de preços, segundo o Decreto 59.566/66 em seu Artigo 18,
estabelece que o preço do arrendamento só pode ser ajustado em quantia fixa de
dinheiro, mas o seu pagamento pode ser ajustado que se faça em dinheiro ou em

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quantidade de frutos cujo preço corrente no mercado local, nunca inferior ao preço
mínimo oficial, equivalha ao do aluguel, à época da liquidação. Ainda, no Parágrafo Único
do Decreto em questão, fica vedado ajustar como preço de arrendamento, quantidade fixa
de frutos ou produtos, ou seu equivalente em dinheiro. Há interpretações jurídicas atuais
que divergem destas diretrizes do Decreto, ou seja, alguns juízes entendem que sim, é
possível que seja realizado o pagamento somente por meio dos frutos advindos da
atividade agrícola ou pecuária, não sendo obrigatório o pagamento em dinheiro.

Arrendamento na prática: o que é preciso fazer?

Deve-se confeccionar contrato de arrendamento cujas cláusulas estejam de acordo com o


Estatuto da Terra (Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964), com firma reconhecida de
arrendador e arrendatário. Este documento deve conter todos os acordos que devem ser
cumpridos entre as partes.

De modo opcional, recomenda-se que o contrato seja registrar cartório, para aumentar
sua validade jurídica.

Prática Recomendada aos Contratantes

Recomenda-se consultar assessoria especializada para a devida formalização do contrato


de arredamento rural, para que sejam observados e garantidos todos os direitos e
obrigações do arrendatário e arrendador nas cláusulas contratuais, em conformidade a
legislação vigente.

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Referências
ALMEIDA, Patrícia José de. ARRENDAMENTO E ACESSO À TERRA NO BRASIL. 2002.
278 f. Tese (Doutorado) - Curso de Economia, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 2002.

ALMEIDA, Patrícia José de; BUAINAIN, Antônio Márcio. Os contratos de arrendamento e


parceria no Brasil. Revista Direito FGV, [S.L.], v. 9, n. 1, p. 319-343, jun. 2013.

BARROS, Wellington Pacheco. Contrato de parceria rural. São Paulo: Livraria do


Advogado, 1999.

BIERWAGEN, Mônica Yoshizato. Princípios e regras de interpretação dos contratos


no Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003.

BORGES, Antônio Moura. Parceria e arrendamento rural. Campo Grande: Contemplar,


2013.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n°
4.504, de 30 de novembro de 1964. Dispõe sobre o Estatuto da Terra, e dá outras
providências. Portal da Legislação, Brasília, nov. 1964.

BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Decreto
n° 55.891, de 31 de março de 1965. Regulamenta o Capítulo I do Título I e a Seção
III do Capítulo IV do Título II da Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964 -
Estatuto da Terra. Portal da Legislação, Brasília, mar. 1965.

CAMARÇO, C. A. M. Contratos agrários: uma nova visão do sistema normativo. Revista de


Direito Agrário, Brasília, v. 17, n. 16, p. 79-85, 2001.

OLIVEIRA, L. M. Dos prazos mínimos nos contratos agrários típicos. Dissertação


(Mestrado) FD/USP, São Paulo, 1988.

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