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DIREITO AGRÁRIO

RESUMÃO - SEGUNDA PROVA

Contratos Agrários - Posse e Uso Temporário

A Posse e Uso Temporário da Terra são exercidos em virtude de contrato


expresso ou tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem
atividade agrícola ou pecuária, sob a forma de arrendamento rural, parceria
agrícola, agroindustrial e extrativa, nos termos do art. 92 do Estatuto da Terra (ET).

Outros Contratos Agrários sem deixarem de ser atividades agrícola ou


pecuária, tais como o Pastoreiro, a Pastagem, das florestas entres outros.

Contratos Agrários Típicos no ET: Arrendamento Rural e Parceria Rural, não


são uma locação de prédio, mas o uso ou posse temporário da terra.

Como todo contrato, para sua celebração é necessário o Consentimento das


partes, que pode ser expresso ou tácito.

Portanto, na Forma Expressa, que se exteriorize pela linguagem, em suas


diversas maneiras, seja escrita ou verbal.

Na Forma Tácita, que seja resultado de todos os sinais ou atos externos, não
destinados a manifestar à vontade, mas que a manifestam, acidentalmente, por
incompatíveis com a vontade diversa. Assim, o silêncio como forma de declaração
da vontade de contratar.

O art. 92 do ET dispõe:

“Art. 92. A posse ou uso temporário da terra serão exercidos em virtude de


contrato expresso ou tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem
atividade agrícola ou pecuária, sob forma de arrendamento rural, de parceria
agrícola, pecuária, agroindustrial e extrativa, nos termos desta Lei.”

“§ 8º Para prova dos contratos (verbais e tácitos) previstos neste artigo, será
permitida a produção de testemunhas. A ausência de contrato não poderá elidir a
aplicação dos princípios estabelecidos neste Capítulo e nas normas regulamentares.”

2. CARACTERÍSTICAS

Art. 92, § 1° ET: O proprietário garantirá ao arrendatário ou parceiro o uso e


gozo do imóvel arrendado ou cedido em parceria.

O termo USO tem sentido de TEMPORÁRIO. A posse direta do arrendatário


ou parceiro é exercida por força de obrigação (pessoal).
O arrendatário que tem posse, não tem posse por ser locatário; tem-na por que
a adquiriu e a conserva, e não porque seja locatário”. Portanto, ter DIREITO À
POSSE não é ter POSSE; e a POSSE nada tem com esse DIREITO.

Assim, caso o proprietário não entregue o imóvel ao arrendatário após


assinatura do contrato, o arrendatário não tem ação possessória contra o proprietário
para imitir-se na sua posse, porque se trata de uma OBRIGAÇÃO DE FAZER e esta
não obriga o devedor a cumpri-la.

O contrato, portanto, não lhe dá direito à posse, mas, depois de possuir o


imóvel arrendado, ele tem direito a ser mantido na posse. O arrendatário é titular
de direito pessoal para obter e conservar a posse do imóvel rural arrendado.

Já estando na posse do imóvel, o arrendatário pode pleitear ação possessória


perante terceiros que turbem ou esbulhem sua posse . Contudo, o proprietário
(arrendador) é obrigado a lhe garantir o uso pacífico do imóvel pelo arrendatário,
assim, também poderá ajuizar a competente ação possessória ou praticar os atos de
defesa da posse do imóvel.

No Estatuto da Terra, não é o USO do direito real (art. 1.412, CC), mas é um
uso decorrente da relação ex locato (arrendamento rural) ou ex societate (parceria
rural), podendo dispor sobre essa fruição.

Assim, o arrendatário ou parceiro não pode tirar da coisa mais do que lhe
permite, não podendo cortar árvores, escavar terreno entre outros.

O uso tem natureza obrigacional (direito pessoal). CONTRATOS AGRÁRIOS


SÃO ATOS DE ADMINISTRAÇÃO, SENDO DISPENSADA A OUTORGA
UXÓRIA, EXCETO SE FOR POR PRAZO SUPERIOR A 10 ANOS.

TUTORES e CURADORES não precisam de autorização judicial, podendo


arrendar sem formalidade. Contudo, os que detém poder familiar sobre crianças e
adolescentes proprietários, se o arrendatário na ação de renovação tiver pedido um
prazo que exceda a vigência do poder familiar (considerando o prazo mínimo de 3
anos dos contratos agrários), o menor integrar a lide como litisconsórcio
necessário.

GOZO compreende a posse, ou seja, ação e efeito de gozar ou desfrutar,


enquanto se tem a posse dela. EXIGE-SE que a atividade do arrendatário ou
parceiro no imóvel tenha a finalidade especifica (servir da coisa alugada conforme a
natureza dela e as circunstâncias).

No Arrendamento não é a natureza do imóvel, mas o gozo concedido na


relação contratual, conforme a seu destino econômico e ao interesse da produção.
3. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CÓDIGO CIVIL (CC)

O Estatuto da Terra não conseguiu afastar alguns princípios gerais do Direito


Comum. Assim, os contratos agrários regulam-se pelos princípios gerais que regem
os contratos de Direito Comum, no que concerne ao acordo de vontade e ao objeto.

“Art. 92, ET § 9º Para solução dos casos omissos na presente Lei, prevalecerá
o disposto no Código Civil.”

4. DIREITO DE PREFERÊNCIA
Art. 92, ET § 3º No caso de alienação do imóvel arrendado, o arrendatário terá preferência
para adquiri-lo em igualdade de condições, devendo o proprietário dar-lhe conhecimento da venda,
a fim de que possa exercitar o direito de perempção dentro de 30 dias, a contar da notificação judicial
ou comprovadamente efetuada, mediante recibo.

§ 4° O arrendatário a quem não se notificar a venda poderá, depositando o preço, haver para
si o imóvel arrendado, se o requerer no prazo de 6 meses, a contar da transcrição do ato de alienação
no Registro de Imóveis.

§ 5º A alienação ou a imposição de ônus real ao imóvel não interrompe a vigência dos


contratos de arrendamento ou de parceria ficando o adquirente sub-rogado nos direitos e obrigações
do alienante.

5. OBJETO DOS CONTRATOS AGRÁRIOS

O rigorismo legal impõe normas obrigatórias que esses contratos devem ter
para gozar dos benefícios do ET.

5.1. OBJETO LÍCITO

5.2. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR

Caso ocorra Caso Fortuito ou Força Maior, que ocasione a perda total do
objeto do contrato agrário, este se resolve, sem qualquer ressarcimento de perdas e
danos, inclusive clausula penal ou multas. Exemplo: Destruição completa da colheita
de frutos, decorrentes de inundações, incêndios entre outros, o contrato fica sem objeto,
isto é, desaparecem os motivos do arrendamento ou da parceria.

NÃO VIGORA OU NÃO APLICA A CULPA DO DEVEDOR NO ET.

No caso de CULPABILIDADE DO DEVEDOR ou contratante-outorgante,


por destruição da lavoura por culpa, responde por perdas e danos.

5.3. PERDA PARCIAL equivale a TOTAL

Todavia, na PERDA PARCIAL por Caso Fortuito ou Força Maior


(facultativo): se a perda do objeto for parcial, por força maior ou caso fortuito, o que
equivale dizer, sem culpa do devedor, poderá o credor resolver a obrigação. Assim,
as partes nessa hipótese têm liberdade de modificar a convenção (contrato). O
contrato deve estar em vigor, ou seja, o contratante deve estar adimplente com suas
obrigações.

Caso esteja em MORA, o devedor responderá pelos prejuízos, ainda que se


verifique os motivos de força maior ou caso fortuito. EXCEÇÃO: salvo se provar isenção
de culpa, ou que o dano sobreviria, ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.

É a impossibilidade de evitar o próprio acontecimento ou seus efeitos, que


tanto podem acarretar impossibilidade da prestação, como uma dificuldade ou
onerosidade maior. DEPENDE DE PROVA E CONFORME CASO CONCRETO.

5.4. PERDA DO VALOR ECONOMICO DO IMÓVEL RURAL

Desapropriação do imóvel rural é um caso de perda do valor econômico do


imóvel. Se a desapropriação for parcial, contratante terá direito à redução
proporcional. Caso seja total, o contrato será rescindido.

6. IMPOSSIBILILDADE DE RENÚNCIA

REGRA: é proibido que o arrendatário ou parceiro agricultor renuncie a


direitos ou vantagens estabelecidos em leis (inclusive Estatuto da Terra) ou
regulamentos.

7. ALUGUEL DO ARRENDAMENTO

Fixação do aluguel em dinheiro. Pagamento em moeda ou pode ser in


natura (produtos colhidos).
Art. 92, § 2º ET: preços de arrendamento e de parceria fixados em contrato serão reajustados
periodicamente, de acordo com os índices aprovados pelo Conselho Nacional de Economia. Nos
casos em que ocorra exploração de produtos com preço oficialmente fixado, a relação entre os preços
reajustados e os iniciais não pode ultrapassar a relação entre o novo preço fixado para os produtos e o
respectivo preço na época do contrato, obedecidas as normas do Regulamento desta Lei.

Certo e determinado: não podendo ser fixado por vontade exclusiva e


unilateral de uma das partes.

Forma prescrita e não defesa em lei. Como nem todos cumprem a palavra
empenhada, as partes podem estabelecer normas que, infringidas, rescindam o
contrato, além das estabelecidas pelo ET. Contudo, NÃO PODE HAVER
CLAUSULA DE PERPETUIDADE. A TEMPORALIDADE é essencial dos contratos
agrários.

8. CLAUSULA PENAL
Em qualquer hipótese, o culpado pela rescisão poderá responder por perdas
e danos, mesmo sem estipulação expressa de cláusula penal no contrato. Todavia,
quando ocorrer, o valor da cominação na clausula penal não pode exceder o da
obrigação principal (renda do imóvel durante o prazo legal).

CONTRATO AGRÁRIO – RESCISÃO E RESOLUÇÃO

RESCISÃO: o contratante infringe uma norma legal ou comete uma infração grave
de obrigação contratual.

RESOLUÇÃO/DENÚNCIA: não há infringência de norma legal ou clausula


contratual, mas é quando desaparece o objeto do contrato, sem culpa de nenhum dos
contratantes, ou, quando o arrendador ou parceiro resolvem extinguir a obrigação de
comum acordo com o proprietário, denunciando o contrato antes de seu vencimento
(art. 95, V, Lei 4.504/64 e art. 92, § 6º, ET).

2. DIVISIBILIDADE OU INDIVISIBILIDADE DOS CONTRATOS AGRÁRIOS

Pode ocorrer que o imóvel seja divisível, mas o seu uso é indivisível.
Exemplo: propriedade destinada exclusivamente à agricultura, embora seja divisível a terra, o seu
uso não pode ter divisão para a exploração de atividade pecuária ou outra qualquer atividade de
exploração fora da agricultura.

A Cisão do Uso não se confunde com a Divisão do Imóvel. Do mesmo modo,


que a indivisão do uso não torna indivisível o imóvel divisível. Assim, em um
único instrumento (arrendamento ou parceria mista), pode ser estabelecido a
exploração agrícola e pecuária, se a isso não se opuser a destinação do imóvel.

A Divisibilidade ou Indivisibilidade, é referente ao seu Uso, ou seja, a


atividade agrícola que será explorada. Dentro de cada tipo de contrato, as partes são
livres na divisão do uso.

Contratos MISTOS e/ou HIBRIDOS. Assim, em um único instrumento


(arrendamento ou parceria mista) se pode estabelecer a exploração agrícola e
pecuária, se a isso não se opuser a destinação do imóvel. Portanto, sendo possível
existir um único imóvel os seguintes contratos agrários:

a) Arrendamento e parceria;

b) Parceria e arrendamento;

c) Arrendamento agrícola e arrendamento pecuário;

d) Arrendamento agrícola e arrendamento industrial;

e) Arrendamento pecuário e arrendamento agroindustrial;

f) Arrendamento agrícola e arrendamento extrativo;


g) Parceria agrícola e parceria pecuária;

h) Parceria agrícola e parceria agroindustrial;

i) Parceria agrícola e parceria extrativa;

j) Parceria pecuária e parceria agroindustrial ou extrativa;

Dentro de cada tipo de contrato, as partes são livres na divisão do uso.


Podendo existir 1 contrato para arrendamento misto e existir 1 contrato para parceria
mista.

Contudo, Parceria e Arrendamento em um mesmo imóvel, os contratos serão


celebrados distintos, ou seja, em 02 (dois) instrumentos diferentes, cada qual
regendo-se pelas normas específicas estabelecidas no ET.

A proibição de um arrendamento e parceria serem formalizados em único


documento, faz necessário para evitar a hipótese de não ficar bem clara a situação
contratual, dependendo de interpretação.

Na insignificância de um dos contratos em relação ao outro (arrendamento e


parceria), deve prevalecer o contrato mais importante, que foi visado pelos
contratantes. A importância será percebida na renovação do contrato.

CONTRATOS AGRÁRIOS – ARRENDAMENTO RURAL

Arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a


ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou
partes do mesmo, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com o
objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária,
agroindustrial, extrativa ou mista, mediante, certa retribuição ou aluguel, observados
os limites percentuais da Lei.

Arrendamento Rural é uma espécie de Locação de Prédio Rústico, que


guarda semelhanças com outros contratos do Direito Civil, contudo, distintos.

1.2.1. Comodato

Sob o aspecto econômico, evidencia-se logo a diferença. O arrendamento é um


contrato com fim de obter renda. Ninguém arrenda um prédio rural, sem visar
lucros.

Não havendo renda (remuneração) o arrendamento será na verdade um


Comodato, previsto no art. 579, CC. Comodatário não poderá exercer direito de
prorrogação concedido aos arrendamentos rurais pelo ET.
Se o comodatário não devolver o imóvel, o proprietário poderá pedir
reintegração de posse, enquanto que se for arrendamento, será de despejo.
Art. 32. Só será concedido o despejo nos seguintes casos:

I - Término do prazo contratual ou de sua renovação;

II - Se o arrendatário subarrendar, ceder ou emprestar o imóvel rural, no todo ou em parte, sem o


prévio e expresso consentimento do arrendador;

III - Se o arrendatário não pagar o aluguel ou renda no prazo convencionado;

IV - Dano causado à gleba arrendada ou ás colheitas, provado o dolo ou culpa do arrendatário;

V - se o arrendatário mudar a destinação do imóvel rural;

VI - Abandono total ou parcial do cultivo;

VII - Inobservância das normas obrigatórias fixadas no art. 13 deste Regulamento;

VIII - Nos casos de pedido de retomada, permitidos e previstos em lei e neste regulamento,
comprovada em Juízo a sinceridade do pedido;

IX - se o arrendatário infringir obrigado legal, ou cometer infração grave de obrigação contratual.

Parágrafo único. No caso do inciso III, poderá o arrendatário devedor evitar a rescisão do contrato e o
consequente despejo, requerendo no prazo da contestação da ação de despejo, seja-lhe admitido o
pagamento do aluguel ou renda e encargos devidos, as custas do processo e os honorários do
advogado do arrendador, fixados de plano pelo Juiz. O pagamento deverá ser realizado no prazo que
o Juiz determinar, não excedente de 30 (trinta) dias, contados da data da entrega em cartório do
mandado de citação devidamente cumprido, procedendo-se a depósito, em caso de recusa.

1.2.2. Depósito

O Contrato de Depósito é gratuito. No depósito, não é possível dar ao imóvel


depositado o uso que bem entender e, se for um prédio, não pode destiná-lo a
qualquer uso.

Enquanto que no arrendamento, o arrendatário dá ao imóvel o uso


convencionado, se outro não resultar do próprio prédio.

No deposito oneroso, quem paga é o depositante, enquanto que no


arrendamento quem para é o arrendatário.

1.2.3. Usufruto

No Arrendamento Rural é gerado lucro, bem como continua com os


sucessores do Arrendador ou mesmo após a venda do imóvel, enquanto que no
Usufruto não gera lucro (salvo os usufrutos onerosos) e termina com o falecimento
do usufrutuário.
Arrendamento é direito pessoal (obrigacional), enquanto que o usufruto é
direito real. O Usufrutuário pode arrendar ou emprestar sem consentimento do nu-
proprietário, enquanto que no arrendamento rural não é possível o arrendatário
subarrendar ou emprestar sem prévio consentimento do proprietário.

A função social da propriedade foi a responsável pela mudança da Autonomia


de Vontade ABSOLUTA nos contratos agrários, para uma Autonomia de Vontade
RELATIVA, efetivada através de leis restritivas da liberdade convencional,
configurando um DIRIGISMO ESTATAL.

Assim, o art. 95 do ET dispõe os princípios a serem observados no


Arrendamento Rural, fixando limites, restrições e NORMAS OBRIGATÓRIAS:
Art. 95. Quanto ao arrendamento rural, observar-se-ão os seguintes princípios:

I - os prazos de arrendamento terminarão sempre depois de ultimada a colheita, inclusive a de plantas


forrageiras temporárias cultiváveis. No caso de retardamento da colheita por motivo de força maior,
considerar-se-ão esses prazos prorrogados nas mesmas condições, até sua ultimação;

II - presume-se feito, no prazo mínimo de três anos, o arrendamento por tempo indeterminado,
observada a regra do item anterior;

III - o arrendatário, para iniciar qualquer cultura cujos frutos não possam ser recolhidos antes de
terminado o prazo de arrendamento, deverá ajustar, previamente, com o arrendador a forma de
pagamento do uso da terra por esse prazo excedente;

IV - em igualdade de condições com estranhos, o arrendatário terá preferência à renovação do


arrendamento, devendo o proprietário, até 6 (seis) meses antes do vencimento do contrato, fazer-lhe a
competente notificação extrajudicial das propostas existentes. Não se verificando a notificação
extrajudicial, o contrato considera-se automaticamente renovado, desde que o arrendador, nos 30
(trinta) dias seguintes, não manifeste sua desistência ou formule nova proposta, tudo mediante
simples registro de suas declarações no competente Registro de Títulos e Documentos;

V - os direitos assegurados no inciso IV do caput deste artigo não prevalecerão se, no prazo de 6 (seis)
meses antes do vencimento do contrato, o proprietário, por via de notificação extrajudicial, declarar
sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente ou por intermédio de descendente seu;

VI - sem expresso consentimento do proprietário é vedado o subarrendamento;

VII - poderá ser acertada, entre o proprietário e arrendatário, cláusula que permita a substituição de
área arrendada por outra equivalente no mesmo imóvel rural, desde que respeitadas as condições de
arrendamento e os direitos do arrendatário;

VIII - o arrendatário, ao termo do contrato, tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e
úteis; será indenizado das benfeitorias voluptuárias quando autorizadas pelo proprietário do solo; e,
enquanto o arrendatário não for indenizado das benfeitorias necessárias e úteis, poderá permanecer
no imóvel, no uso e gozo das vantagens por ele oferecidas, nos termos do contrato de arrendamento e
das disposições do inciso I deste artigo;
IX - constando do contrato de arrendamento animais de cria, de corte ou de trabalho, cuja forma de
restituição não tenha sido expressamente regulada, o arrendatário é obrigado, findo ou rescindido o
contrato, a restituí-los em igual número, espécie e valor;

X - o arrendatário não responderá por qualquer deterioração ou prejuízo a que não tiver dado causa;

XI - na regulamentação desta Lei, serão complementadas as seguintes condições que,


obrigatoriamente, constarão dos contratos de arrendamento:

a) limites da remuneração e formas de pagamento em dinheiro ou no seu equivalente em produtos;

b) prazos mínimos de arrendamento e limites de vigência para os vários tipos de atividades agrícolas;

c) bases para as renovações convencionadas;

d) formas de extinção ou rescisão;

e) direito e formas de indenização ajustadas quanto às benfeitorias realizadas;

XII - a remuneração do arrendamento, sob qualquer forma de pagamento, não poderá ser superior a
15% (quinze por cento) do valor cadastral do imóvel, incluídas as benfeitorias que entrarem na
composição do contrato, salvo se o arrendamento for parcial e recair apenas em glebas selecionadas
para fins de exploração intensiva de alta rentabilidade, caso em que a remuneração poderá ir até o
limite de 30% (trinta por cento).

XIII - a todo aquele que ocupar, sob qualquer forma de arrendamento, por mais de cinco anos, um
imóvel rural desapropriado, em área prioritária de Reforma Agrária, é assegurado o direito
preferencial de acesso à terra ..Vetado...

Como todos contrato, na inexistência de condições para o aperfeiçoamento do


Arrendamento Rural é possível a realização de Contrato Preliminar ou Pré-Contrato
e Contrato de Promessa.

Por fim, são causas para a EXTINÇÃO do Arrendamento Rural:

A) Término do prazo do contrato ou sua renovação;

B) Retomada (arrendador declarar sua intenção de ocupar o imóvel para explorar


diretamente ou por descendente seu);

C) Aquisição da gleba arrendada pelo arrendatário;

D) Distrato ou rescisão;

E) Motivo de força maior;

F) Sentença judicial irrecorrível;

G) Perda do imóvel rural;

H) Desapropriação parcial ou total do imóvel rural e;

I) Qualquer outra causa prevista em lei.


2. CONTRATO DE PARCERIA RURAL

No Contrato de Parceria Rural, a vantagem econômica do proprietário está


condicionada ao sucesso da produção. Enquanto que no Contrato de Arrendamento
a esterilidade ou o insucesso da colheita não autorizam o arrendatário a exigir
abatimento no preço do arrendamento.

No Arrendamento Rural existe uma troca de interesses. Na Parceria Rural


existe um vínculo entre os parceiros que implica o bom ou mal sucesso.

2.1. CONCEITO

DECRETO 59.566/66
Art. 3º Parceria Rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra,
por tempo determinado ou não, o uso especifico de imóvel rural, de parte ou partes do mesmo,
incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida
atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista; e ou lhe
entrega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias primas de origem
animal, mediante partilha de riscos do caso fortuito e da força maior do empreendimento rural, e
dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites
percentuais da lei (artigo 96, VI do Estatuto da Terra).

Parágrafo único. para os fins deste Regulamento denomina-se parceiro outorgante, o cedente,
proprietário ou não, que entrega os bens; e parceiro-outorgado, a pessoa ou o conjunto familiar,
representado pelo seu chefe, que os recebe para os fins próprios das modalidades de parcerias
definidas no art. 5º.

PARCEIRO OUTORGANTE – PROPRIETÁRIO

PARCEITO OUTORGADO – CHEFE DO CONJUNTO FAMILIAR

2.2. Artigo 96, inciso VII, Estatuto da Terra

Aplicação das NORMAS PERTINENTES AO ARRENDAMENTO RURAL,


NO QUE COUBER, bem como as REGRAS DO CONTRATO DE SOCIEDADE,
NO QUE NÃO ESTIVER REGULADO pela presente Lei.

Nem toda comunidade é sociedade; parceria não é sociedade, nem tão pouco o
parceiro é sócio.

SOCIEDADE – SÓCIO (Código Civil)

PARCERIA – PARCEIROS (Estatuto da Terra)

O Contrato de Parceria é oneroso e seu objetivo visa o gozo e usufruto do


imóvel rural, com todos os seus acessórios.
Os limites dos percentuais da divisão dos frutos e produtos da parceria estão
determinados no art. 96, inc. VI, ET e art. 35 do Decreto 59.566/66.

5. NORMAS OBRIGATÓRIAS DO CONTRATO DE PARCERIA

O Contrato de Parceria possui as mesmas garantias de prazo mínimo de 03


(três) anos, conclusão da colheita e o direito de preferência na renovação, entre
outros.

Segundo art. 96, inc. III, ET, salvo disposição contrário expressa no contrato, as
despesas de tratamento e criação de animais, correrão por conta do parceiro tratador
e criador. O mencionado artigo, em seu inciso V, contempla as disposições
contratuais OBRIGATÓRIAS:
Art. 96, ET - V - no Regulamento desta Lei, serão complementadas, conforme o caso, as
seguintes condições, que constarão, obrigatoriamente, dos contratos de parceria agrícola, pecuária,
agroindustrial ou extrativa:

a) quota-limite do proprietário na participação dos frutos, segundo a natureza de atividade


agropecuária e facilidades oferecidas ao parceiro;

b) prazos mínimos de duração e os limites de vigência segundo os vários tipos de atividade


agrícola;

c) bases para as renovações convencionadas;

d) formas de extinção ou rescisão;

e) direitos e obrigações quanto às indenizações por benfeitorias levantadas com consentimento


do proprietário e aos danos substanciais causados pelo parceiro, por práticas predatórias na área de
exploração ou nas benfeitorias, nos equipamentos, ferramentas e implementos agrícolas a ele cedidos;

f) direito e oportunidade de dispor sobre os frutos repartidos;

6. NORMAS COMUNS DO ARRENDAMENTO RURAL E PARCERIA RURAL

O art. 13 do Decreto 59.566/66 também dispõe sobre o dever de observância de


determinadas normas no Contrato de Parceria e de Arrendamento Rural.
Art. 13 - DECRETO 59.566/66 - VII - observância das seguintes normas, visando à proteção
social e econômica dos arrendatários e parceiros-outorgados (art. 13, inciso V, da Lei n. 4.974-66):

a) concordância do arrendador ou do parceiro-outorgante, à solicitação de crédito rural feita


pelos arrendatários ou parceiros-outorgados (artigo 13, inciso V da Lei n. 4.947-66);

b) cumprimento das proibições fixadas no art. 93 do Estatuto da Terra, a saber:

- prestação do serviço gratuito pelo arrendatário ou parceiro-outorgado;

- exclusividade da venda dos frutos ou produtos ao arrendador ou ao parceiro outorgante;

- obrigatoriedade do beneficiamento da produção em estabelecimento determinado pelo


arrendador ou pelo parceiro-outorgante:
- obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utilidades em armazéns ou barracões
determinados pelo arrendador ou pelo parceiro-outorgante; - aceitação pelo parceiro-outorgado, do
pagamento de sua parte em ordens, vales, borós, ou qualquer outra forma regional substitutiva da
moeda;

c) direito e oportunidade de dispor dos frutos ou produtos repartidos da seguinte forma (art.
96, inciso V, letra “f” do Estatuto da Terra):

- nenhuma das partes poderá dispor dos frutos ou dos frutos ou produtos havidos antes de
efetuada a partilha, devendo o parceiro-outorgado avisar o parceiro-outorgante, com a necessária
antecedência, da data em que iniciará a colheita ou repartição dos produtos pecuários;

- ao parceiro-outorgado será garantido o direito de dispor livremente dos frutos e produtos


que lhe cabem por força do contrato;

- em nenhum caso será dado em pagamento ao credor do cedente ou do parceiro-outorgado, o


produto da parceria, antes de efetuada a partilha.

Nos termos do dispositivo acima, antes da partilha os frutos e produtos são


COISA INCERTA, razão pela qual, ambos parceiros não podem dispor para
pagamento de débitos dos parceiros. Todavia, antes da partilha, é possível a
Penhora dos direitos sobre os frutos e produtos que couberem na partilha.

Como medida preventiva, a partilha feita dos frutos entre os parceiros deve
ter documentação.

Quanto as benfeitorias e eventual indenização, tanto no arrendamento quanto


na parceria, aplica-se as mesmas regras:

BENFEITORIAS UTEIS e NECESSÁRIAS: a indenização é a regra.

BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS

Quando houver consentimento do proprietário: tem direito a indenização,


contudo, não satisfeita, tem direito a retenção até ser indenizado.

Quando não houver consentimento do proprietário: tem direito a levantá-las


quando puder sem detrimento da coisa (cc, art. 1.219), sem direito a retenção, findo o
contrato de parceria. Exceto se o proprietário de forma voluntária pague a
indenização e fique com a benfeitoria.

7. FORNECIMENTO DE MORADIA OU PARCEIRO OUTORGADO

Art. 96, ET - IV - o proprietário assegurará ao parceiro que residir no imóvel


rural, e para atender ao uso exclusivo da família deste, casa de moradia higiênica e
área suficiente para horta e criação de animais de pequeno porte;

CONTRATOS AGRÁRIOS ATÍPICOS


Contrato Agrário é o gênero, e consiste no acordo de uma ou mais pessoas,
para a entrega ou cessão a outra ou outras, por tempo determinado ou não, do uso
ou posse temporária da terra, para nela ser exercida atividade de exploração
agrícola ou pecuária.

As espécies de contrato deverão conter os elementos do gênero, juntamente


com as peculiaridades que lhes são próprias, para que se diferenciem.

Por fazer parte da vida rural, não se pode fugir do exame os contratos não
previstos no Estatuto da Terra, ou seja, os contratos atípicos, considerando que o
Poder Judiciário é por inúmeras vezes chamado a solucionar, devendo aplicar o
direito civil (comum) no concernente a objeto e vontade.

1.1 PASTOREIO

O proprietário do campo (pasto) recebe nos mesmos animais de um terceiro,


para deixá-los permanecer nele durante um tempo mais ou menos breve e por um
preço fixado ordinariamente a tanto por cabeça.

Contrato em virtude dos quais se concede o uso e gozo de um prédio com


destino exclusivo para pastoreio, ou seja, fazer pastas animais e rebanhos, de forma
onerosa, celebrado por um prazo não maior de um ano.

A principal característica do Contrato de Pastoreio é a BREVIDADE, porque


nada mais é do que um arrendamento, assim, não possui aplicação e proteção do
ET, que determina o prazo mínimo de 03 (três) anos.

Todavia, quando o art. 3º do Decreto 59.566/66 conceitua Arrendamento


Rural, dispõe que seu prazo será “por tempo determinando ou não”. Portanto, não
deixa dúvida a respeito da inclusão do contrato de pastoreio, entre os contratos de
arrendamento, porque não se o desfigura o fato de ser breve, mesmo o ET prevendo
o prazo mínimo para o arrendamento rural.

O contrato de pastoreio é admitido também sob a forma de parceria, em que


se repartem as utilidades, numa percentagem determinada.

Portanto, o pastoreio se trata da cessão da posse de um imóvel com o fim


específico de pastagem ou pastoreio, seja pelo vínculo associativo (parceria) ou
dissociativo (arrendamento).

Ainda é importante destacar que o valor do aluguel no pastoreio é diferente


do arrendamento, pois é fixado pela quantidade de animal recebido no campo, por
isso não é de pastoreio o contrato em que se fixa o pagamento mensalmente pelo uso
e gozo do imóvel.

1.2. PASTAGEM OU INVERNAGEM


Contrato de invernagem ou de pastagem o proprietário ou arrendatário
recebe o gado para pastar, mediante o pagamento por cabeça introduzida no
campo, sob a responsabilidade e cuidados do dono do campo ou arrendatário
deste. Não há posse do imóvel, como se vê, por parte do tomador de pastagem.

O arrendamento de pastagem não tem amparo no ET, porque não há uso e


posse da terra. Mesmo que seja permitida a entrada do tomador de pastagem ou seus
prepostos no imóvel para cuidar dos animais (gado vacum), não há posse do imóvel
por parte do tomador de pastagem.

É aplicado as regras da locação comum no Código Civil (CC), bem como não
há limite de prazo e nem de aluguel. Também não cria direito à renovação ou
preferência com base no ET, por ser em razão de questões transitórias a celebração do
contrato de pastagem.

1.3. CAMBÃO

O Contrato de Cambão não é permitido pelo ET, pois é uma sobra direita da
escravidão, ainda em pleno vigor em determinados locais no Brasil.

Cambão (contrato inominado), pelo qual o proprietário cede uso de uma


fração de terra ao cultivador, mediante a contraprestação de um ou mais dias de
trabalho, por mês ou semana, a que este último fica obrigado, mas em área
diferente da que recebeu o uso.

2. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL - ITR

Para incentivar a política de desenvolvimento rural, o Poder Público utilizar-


se-á da tributação progressiva da terra, do Imposto de Renda, da Assistência e
proteção à economia rural, conforme art. 47 do ET.

A tributação progressiva da terra sempre foi usada para obrigar seus


proprietários a utilizarem-na economicamente e não enriquecerem com sua
valorização.

A tributação é considerada a única fonte de riqueza do Estado, assim, em uma


reforma agrária a política fiscal utilizará para se obter da terra o maior rendimento e
produtividade.

O modelo progressivo tem finalidade de desestimular o exercício da


propriedade sem observância de sua função social e econômica.

O ITR incide sobre a propriedade do imóvel rural, definida no art. 4º, I, do ET.
A exceção das pequenas glebas de terra, definidas em Lei, que são isentas quando as
explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel (art. 153,
§4º, CF/88).
Uma reforma agrária sem medidas de política agrária é quase impossível num
país em desenvolvimento, porque não basta distribuir a terra, se faz necessário que o
Estado dê as condições econômicas e financeiras aos colonos para garantia do pleno
emprego e o aumento da produtividade.

É um imposto federal, sendo recolhido, portanto, pela União, bem como


documento indispensável para obtenção de crédito rural, para realização de qualquer
espécie de transferência de titularidade da propriedade e englobamento
(incorporação) e extinção de condomínio, bem como cadastros ambientais e perante o
INCRA.

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