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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

Disciplina: Jornalismo Especializado

Docente: Marliva Vanti Gonçalves

Discente: Lucas Fermiano

JORNALISMO GENERALISTA X JORNALISMO ESPECIALIZADO

A expressão “o jornalista é um especialista em generalidades” é


amplamente difundida entre a comunidade jornalística, seja no âmbito
profissional, seja no ambiente acadêmico. Aparentemente simples e inofensiva,
é preciso estar atento e refletir para perceber que o conceito é muito mais amplo
do que pode parecer em um primeiro momento.

O jornalista, de fato, precisa conhecer um pouco de tudo do mundo que o


cerca. A amplitude de repertório é um dos fatores que pode facilitar a inserção
do profissional em oportunidades de trabalho, pois o torna versátil. Penso que
isso vale principalmente para o jornalista em início de carreira, cuja identidade
profissional e preferências de atuação ainda estão em formação. Professores de
graduação frequentemente frisam a importância de levar a sério todas as
disciplinas do curso, mesmo as que pareçam menos atrativas, justamente para
que haja uma preparação eficiente para eventuais experiências futuras. Tal
orientação diz respeito principalmente aos veículos (rádio, TV, web...), mas deve
ser considerada também em relação às diversas temáticas e segmentos
abordados pelo jornalismo.

Vem então o questionamento: o jornalista é superficial? Depende. Pode


ser, quando na qualidade de especialista em generalidades não teve a iniciativa
necessária para buscar mais informações sobre um tema que não lhe era tão
familiar, e acabou fazendo apenas o feijão com arroz. Ou ainda porque o veículo
onde trabalha tem por característica a produção de conteúdos menos
aprofundados. Trouxe propositalmente duas situações distintas para destacar
um ponto importantíssimo: o conteúdo pode ser mais ou menos aprofundado,
sempre de acordo com a demanda existente. O material produzido, ao menos
em teoria, não pode ser limitado pela incapacidade do jornalista em buscar uma
informação de melhor qualidade, de ir mais a fundo. A proatividade e a iniciativa
são companheiras inseparáveis de profissão do jornalista na busca por
conhecimento e crescimento pessoal.

Ao mesmo tempo que é indiscutível a importância de buscar informação


nas mais diversas áreas, é preciso que o jornalista eleja, ao longo do tempo,
certos segmentos de preferência para se especializar. Não é sustentável em
termos de carreira passar a vida fazendo um pouco de tudo e não sendo
realmente bom em nada. Tal foco evita ao profissional a fama de “quebra-galho”,
potencialmente depreciada no mercado de trabalho.

A especialização, por outro lado, tende a criar um estigma em torno do


profissional conforme esse ganha prestígio e reconhecimento em uma
determinada área. Por melhor profissional que seja, como imaginar um Galvão
Bueno, cuja imagem chega a ser folclórica dentro do esporte nacional, redigindo
uma coluna de economia, por exemplo? Dentro do meio jornalístico, é mais
comum que exista a consciência de que a consagração em uma especialidade
não necessariamente aprisiona o profissional nessa área pelo resto da vida. É
preciso considerar, entretanto, as grandes massas, por vezes providas de
preconceitos rasos e ignorantes. Como fica a credibilidade do profissional e do
veículo perante ao grande público? É sempre necessário refletir.

Como em tantas outras situações da vida, o equilíbrio e a prudência são


essenciais na trajetória do jornalista. Desde o ambiente acadêmico, é importante
garantir uma preparação que possibilite o aproveitamento das escassas e
valiosas oportunidades que surgirem. Entretanto, quanto mais cedo o
profissional puder identificar sua real vocação dentro da profissão, melhor: isso
significa ganhar tempo para buscar a excelência. Isso não isenta a
responsabilidade de buscar conhecimento tanto quanto possível, o que implica
na saída da zona de conforto. Todavia, é melhor ser muito bom em um conjunto
restrito de assuntos do que ter um amplo repertório de mediocridade.

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