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M. Helena REBELO
Farmacêutica, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Av. Padre Cruz, 1649-016, Lisboa, 351.1.7519299, helena.rebelo@insa.min-saude.pt
A. Alexandra LOPES
Q u í m i ca A p l i ca d a , I n s t i t u t o N a c io n a l d e S a ú d e D r . R i c a r d o Jo r g e , A v . P a d r e C r u z , 1 6 4 9 - 0 1 6 , L i s b o a , 3 5 1 . 1 . 7 5 1 9 2 9 9 ,
a l e x a n d r a . l o p e s @ i n s a . m i n - s a u d e .p t
Ana M. ALVES
Técnica de Análises Clínicas e Saúde Pública, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Av. Padre Cruz, 1649-016, Lisboa, 351.1.7519259,
lqa.cqh@insa.min-saude.pt
M. Conceição LOPES
Técnica de Análises Clínicas e Saúde Pública, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Av. Padre Cruz, 1649-016, Lisboa, 351.1.7519259,
lqa.cqh@insa.min-saude.pt
RESUMO
Os trihalometanos (THM) são compostos orgânicos halogenados produzidos
durante a c lo ragem de águas natu rais c ontendo teores elevados de substânc ias
orgânicas oxidáveis. Es tes c ompos tos possuem potenc ial tox ic ológico elevado e são
indicadores da pres ença de out ros sub-produtos da cloragem c uja ident idade e
toxicidade s e desconhecem. Por es tes motivos , a monitoriz ação de THM na água
c lorada para c ons umo humano é fundamental.
Es te trabalho pretende c ont ribuir para o c onhecimento 1) dos T HM produzidos na
desinfecç ão de águas subterrâneas des tinadas ao consumo humano e 2) da importância
dos teores de cloro e matéria orgânica presente na água bruta na formação des tes
c ompos tos.
Para o efei to, fo ram selec cionados 3 sistemas de abastecimento público de
pequena dimensão (população servida inferior a 2500 habitantes) pertenc entes ao
Distrito de Lis boa. A es colha destes sis temas justif ica-se pelo fac to de ap res entarem
habitualmente problemas específicos relac ionados com defic iências a nív el do
tra tamento ins talado e a nív el da moni torizaç ão da qualidade da água dis tribuída.
Quanto aos res ultados obtidos , fo ram registados alguns v alores de
trihalometanos totais (THMT) que ul t rapass am as recomendações da OMS e o valo r
paramétrico definido no Decreto-lei Nº 243 /2001 de 5 de Setembro. Os teores de cloro
livre foram mui to variáveis ao longo do p eríodo de colheitas registando -s e mui tos
v alores inferiores ao mínimo recomendado pela OMS (0,5 mg/L). Os es tudos de
c orrelaç ão efectuados entre as variáveis cloro liv re / THMT e ox idabilidade / THMT
indicam que a formação de THM depende da presença simul tânea de matéria orgânica
e cloro.
1. INTRODUÇÃO
A cloragem é uma operação c omum no p roc ess o de tratamento da água para
c ons umo humano, sendo efec tuada com o objectiv o de reduzi r os valores de
oxidabilidade e/ou de dest ruir os microo rgani smos por ela veiculados.
Contudo, o c loro é u m poderoso oxidante, c onduzindo à formaç ão de derivados
halogenados , por reac ção com divers os perc ursores orgânic os, nomeadamen te ácidos
húmic os e fúlvicos , p res entes na água bruta ut ilizada na produção de água para
c ons umo humano. E stes c ompostos, em que os T HM são os mais frequentemente
identi fic ados , possuem propriedades toxic ológicas div ersas e ocupam um papel
importante em S aúde Públic a.
As águas de origem sub terrânea poss uem, duma forma geral, me lhor qualidade
bacteriológ ic a e baix o teo r em ma téria o rgânica pelo que a c loragem des tas águas é
efec tuada, fundamentalmente, pa ra ga ran ti r a inocuidade microbiológica.
O Decreto-le i Nº 243/2001, de 5 de Setembro, é o documento normativo mais
recente e fix a v alores paramét ricos para os T HMT - dados pela s oma dos valores das
c onc entraç ões de c lorofórmio (CHCl 3 ), de bromodiclorometano (BDCM), de
dibromoclorometano (DBCM) e de bromofórmio (CHBr 3 ) - embo ra não estabeleç a
v alores parc iais para cada um des tes compos tos . A OMS estabelece, com base no
princípio da ac ção preventiva, v alores guia para c ada um dos TH M e um valor
ponderado (Eq.1) tendo em conta a potencial toxic idade aditiva.
Qu adro 2: Resumo dos métodos analít icos seguidos e respectiv os limites de detecção
e quanti ficaç ão
Método analítico Referência Limite d e Limite de
bibliog ráfica detecção quantificação
(LD) (LQ)
CHC l 3 GC-HS-SPME (1) Método 7 21
interno (2) (µg/L) (µg/L)
BDC M GC-HS-SPME (1) Método 2 7
interno (2) (µg/L) (µg/L)
DBC M GC-HS-SPME (1) Método 2 5
interno (2) (µg/L) (µg/L)
CHB r 3 GC-HS-SPME (1) Método 2 7
interno (2) (µg/L) (µg/L)
T HMT GC-HS-SPME (3) Método 13 (3) 40 (3)
interno (2) (µg/L) (µg/L)
C lo ro Re s idua l liv re Espectrofotomet ria de NP 4307-2 --- 0,05
absorç ão molecular 1994 (mg/L)
Oxidabilidade Oxidaçã o c om KMn O 4 e ISO 8467 --- 0,2
titu lação 1986 (mg/L)
3. Resultados e Discussão
3.1. Análise estatística dos resultados obtidos
Devido ao elev ado número de ensaios efec tuados não são apresentados os
resultados individuais. Apresenta m-s e apenas os res ultados da anális e esta tís tic a
aplicada aos parâmet ros analis ados nas amo stras c olhidas nos S is temas A, B e C .
Quadro 3: Res ultados da anális e estatís tica aplicada aos parâmet ros analisados nas
amos tras colhidas no Siste ma A
Cloro
Ponto Nº Resultados Oxidab. CHCl3 BDCM DBCM CHBr3 THMT
livre
de Colheita Colh. estatísticos
mg/L mg/L µg/L µg/L µg/L µg/L µg/L
Mediana 0.16 0.8 <LD <LD <LD 15 <LQ
Média 0.36 1.1 <LD <LD <LQ 14 <LQ
Reservató rio 11 Desv.Pad. 0.53 0.8 0 0 6 11 13
Mínimo < LQ 0,5 < LD < LD < LD LD < LD
Máximo 1,69 3,1 < LD < LD 17 38 43
Mediana <LD 1.0 <LD <LD <LD 9 <LD
Média 0.22 1.1 <LD <LD <LQ 8 <LD
“C hafariz” 14 Desv.Pad. 0.82 0.4 0 0 5 6 8
Mínimo < LQ 0.6 < LD < LD < LD LD < LD
Máximo 3.07 2.0 < LD < LD 14 15 < LD
Mediana 0.06 1.0 <LD <LD <LD 8 <LD
Média 0.36 1.3 <LD <LD <LQ 9 <LD
“Boca de
12 Desv.Pad. 0.84 0.8 0 0 6 9 12
Incênd io”
Mínimo < LQ 0.6 < LD < LD < LD LD < LD
Máximo 2.98 3.3 < LD < LD 15 26 < LD
Quadro 4: Res ultados da anális e estatís tica aplicada aos parâmet ros analisados nas
amos tras colhidas no Siste ma B
Cloro
Ponto Nº Resultados Oxidab. CHCl3 BDCM DBCM CHBr3 THMT
livre
de Colheita Colh. estatísticos
mg/L mg/L µg/L µg/L µg/L µg/L µg/L
Mediana 0.22 1.6 <LD <LD 14 32 46
Média 0.27 1.9 <LD <LQ 21 31 42
Reservató rio 6 Desv.Pad. 0.14 1.2 0 7 15 5 24
Mínimo 0.11 0.8 < LD < LD 10 23 < LD
Máximo 0.47 4.1 < LD 18 50 36 101
Mediana 0.09 0.9 <LD <LD 14 28 46
Média 0.46 1.0 <LD <LQ 15 27 37
“Chafariz 1” 17 Desv.Pad. 0.86 0.6 0 6 9 14 28
Mínimo < LQ 0.2 < LD < LD < LD < LD < LD
Máximo 3.20 2.2 < LD 19 37 51 77
“Chafariz 2” 17 Mediana 0.22 0.8 <LD <LD 15 31 64
Média 0.45 1.1 <LD 7 18 33 61
Desv.Pad. 0.70 0.9 12 8 12 19 29
Mínimo < LQ 0.2 < LD < LD < LD < LD < LD
Qu adro 5: Resultados da análise estatís tica aplicada aos parâmet ros ana lisados nas
amos tras colhidas no Siste ma C
Cloro
Ponto Nº Resultados Oxidab. CHCl3 BDCM DBCM CHBr3 THMT
livre
de Colheita Colh. estatísticos
mg/L mg/L µg/L µg/L µg/L µg/L µg/L
Mediana 0.68 0.5 <LD 11 24 32 67
Média 0.85 0.7 <LD 13 25 30 74
Reservató rio 11 Desv.Pad. 0.60 0.5 13 14 15 12 24
Mínimo 0.05 0.2 < LD < LD 5 13 48
Máximo 1.97 2.2 39 44 60 50 136
Mediana <LQ 0.8 <LD 12 24 27 72
Média 0.56 1.2 <LD 14 26 29 75
“Chafariz 1” 12 Desv.Pad. 1.08 0.8 13 11 14 15 26
Mínimo < LQ 0.4 < LD < LD 10 < LD < LD
Máximo 3.70 3.4 36 36 58 58 118
Mediana <LQ 0.7 <LD 11 15 25 75
Média 0.30 0.8 <LD 13 20 27 69
“Chafariz 2” 11 Desv.Pad. 0.66 0.4 13 10 13 11 22
Mínimo < LQ 0.5 < LD < LD 5 12 < LD
Máximo 2.15 1.8 27 36 40 43 95
Mediana 0.63 1.0 <LD 12 23 19 75
Média 0.98 1.4 <LD 13 24 26 68
“Boca de
13 Desv.Pad. 1.12 1.1 13 11 14 18 33
Incênd io”
Mínimo < LQ < LQ 0.5 < LD < LD < LD < LD
Máximo 3.70 3.8 39 35 60 56 126
Trihalometanos
• Nos 3 sistemas estudados, o teor de T HM é muito v ariáv el ao longo do período
de c olheitas, c om valores de des vio padrão el ev ados.
• As medianas amos trais para o C HCl 3 s ão inferiores ao LD do método de anális e
para este c ompos to em todos ao pontos de a mostragem.
• O C HBr 3 é o composto que s e forma em maior extens ão em todos os pontos de
amostragem, apresentando medianas amos trais s uperiores ao LQ do método de
anális e.
30
Concentração mediana
20
de THM (ug/L)
10
0
"À saída do reserv." Chafariz Boca Incêndio
40
Concentração mediana de
30
THM (ug/L)
20
10
0
Reserv "Chafariz 1" "Chafariz 2" "Utente X"
CHCl3 BDCM DBCM CHBr3
40
Concentração mediana de THM
30
(ug/L)
20
10
0
Reserv "Chafariz 1" "Chafariz 2" Boca
incêndio
CHCl3 BDCM DBCM CHBr3
Ox idabilidade
Os valores de ox idabilidade regis tados foram s is tematicamente inferio res a 5,0 mg
O 2 /L (valor-guia do Decreto-lei Nº 243 /2001).
Qu adro 7: Pe rc entagem de amost ras que nã o res pei tam as rec omendações da OMS
e/ou o Decreto-le i 243 /2001 de 5 de Setemb ro
Pontos de THMT
Clo ro residual l ivre T HMT (Decreto-le i
colheita Nº de colheitas (OMS )
(OMS ) (%) 243/2001) (%)
(%)
S I ST EMA A
“Chafariz” 14 92.8 0.0 0.0
Boca de
12 91.7 0.0 0.0
Incêndio
Total 26 92.3 0.0 0.0
S I ST EMA B
“Chafariz 1” 17 76.5 0.0 0.0
“Chafariz 2” 17 76.5 0.0 5.9
“Utente X” 17 47.1 35.3 47.1
Total 51 66.7 11.8 17.7
S I ST EMA C
“Chafariz 1” 13 69.2 15.4 25.0
“Chafariz 2” 11 81.8 0.0 18.2
“Boca de
13 46.2 7.7 23.1
Incêndio”
Total 36 65.3 7.7 22.1
4. Conclusões
É fundamental minimizar o risc o pa ra a s aúde dos c onsumidores derivado da
pres enç a na água de s ub-produtos da c loragem, embora s e deva mante r uma adequada
desinfecç ão. Por is so, a monitoriz ação da qualidade da água na origem, a adequaç ão
do tratamento e o estado de conservação da rede, é da maior i mportância para garanti r
Bibliografia
CANT OR, J.-“Drink ing wate r and cancer”. C ancer c auses c ontrol, 8 , 1997, 292 -
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