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Aula 09

PGE-SP
(Procurador)
Direito
Processual Civil
2023 (Pré-Edital)

Autor
Rodrigo Vaslin 11 de dezembro 2022
Estratégia Carreira Jurídica
PGE-SP (Procurador) Direito Processual Civil - Prof.: Rodrigo Vaslin

Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 6

Conceito e Princípios dos Atos Processuais ....................................................................................................... 7

1 – Conceito .................................................................................................................................................... 7

2 - Princípios dos Atos Processuais ............................................................................................................... 12

2.1 – Liberdade das Formas (art. 188) e Instrumentalidade das Formas (art. 277) ....................................................... 12

2.2 – Publicidade (art. 189, CPC) .................................................................................................................................... 15

2.3 – Uso da Língua Portuguesa ..................................................................................................................................... 24

2.4 – Flexibilização Procedimental ................................................................................................................................. 26

Negócio Jurídico Processual ............................................................................................................................. 27

1 - Classificações........................................................................................................................................... 28

2 - Objeto do Negócio Jurídico Processual ................................................................................................... 31

3 - Momento................................................................................................................................................. 37

4 – Requisitos de Validade ........................................................................................................................... 39

4.1 - Capacidade do Agente ............................................................................................................................................ 40

4.2 – Vontade ou Consentimento Livre .......................................................................................................................... 48

4.3 – Objeto Lícito, Possível e Determinável .................................................................................................................. 51

4.4 – Forma prescrita ou não defesa (não proibida) em lei ........................................................................................... 52

5 - Vícios ....................................................................................................................................................... 53

6 - Eficácia .................................................................................................................................................... 58

7 - Calendarização Processual ...................................................................................................................... 61

Ato Ilícito Processual ........................................................................................................................................ 63

1 - 1ª classificação: Ato Ilícito Típico e Atípico ............................................................................................. 63

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2 - 2ª classificação: Ilícitos Culposos e Não Culposos .................................................................................. 64

3 - 3ª classificação: Conforme os Efeitos ..................................................................................................... 64

Da Prática Eletrônica dos Atos Processuais ..................................................................................................... 66

Atos das Partes e do Juiz .................................................................................................................................. 72

1 - Atos das Partes........................................................................................................................................ 72

2 - Pronunciamentos do Juiz......................................................................................................................... 75

Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria .................................................................................................... 84

Do Tempo dos Atos Processuais ...................................................................................................................... 89

1 – Conceito e Regra..................................................................................................................................... 89

2 - Duas exceções no tocante à regra dos dias úteis (art. 214, CPC) ........................................................... 92

2.1 - 1ª exceção .............................................................................................................................................................. 92

2.2 - 2ª exceção .............................................................................................................................................................. 95

3 - Duas exceções no tocante ao horário (6h às 20h) .................................................................................. 97

3.1 - 1ª exceção .............................................................................................................................................................. 97

3.2 - 2ª exceção .............................................................................................................................................................. 97

4 - Sanções para o ato praticado fora dessas regras ................................................................................... 99

5 - Férias Forenses x Prazos .......................................................................................................................... 99

Lugar da Prática dos Atos Processuais ........................................................................................................... 101

1 - Regra ..................................................................................................................................................... 101

2 - Exceções ................................................................................................................................................ 102

Dos Prazos ...................................................................................................................................................... 104

1 - Conceito................................................................................................................................................. 104

2 - Classificações......................................................................................................................................... 105

2.1 - 1ª classificação: pela sua origem. ......................................................................................................................... 105

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2.2 - 2ª classificação: quanto às consequências de seu descumprimento ................................................................... 105

2.3 - 3ª classificação: quanto à exclusividade do destinatário ..................................................................................... 106

2.4 - 4ª classificação: pela possibilidade de flexibilização ............................................................................................ 107

3 - Prazo Subsidiário e Prazo para Comparecimento ................................................................................. 108

4 - Ato Processual Prematuro..................................................................................................................... 108

5 - Contagem dos Prazos em Dias Úteis ..................................................................................................... 109

5 - Direito Intertemporal ............................................................................................................................ 113

6 - Suspensão dos Prazos Processuais ........................................................................................................ 114

6.1 - 1ª regra ................................................................................................................................................................. 115

6.2 - 2ª regra ................................................................................................................................................................. 117

6.3 - 3ª regra ................................................................................................................................................................. 118

7 - Afinal, como é feita a contagem dos prazos? ....................................................................................... 119

8 - Renúncia do Prazo ................................................................................................................................. 130

9 - Prazos do Juiz ........................................................................................................................................ 131

10 - Prazos dos Servidores .......................................................................................................................... 132

11 - Prazos em caso de Litisconsórcio ........................................................................................................ 132

12 - Penalidades pelo Descumprimento dos Prazos .................................................................................. 137

Preclusão ........................................................................................................................................................ 140

1 - Conceito................................................................................................................................................. 140

2 - Fundamentos......................................................................................................................................... 140

3 - Espécies ................................................................................................................................................. 141

3.1 - Preclusão temporal............................................................................................................................................... 141

3.2 - Preclusão lógica .................................................................................................................................................... 142

3.3 - Preclusão consumativa ......................................................................................................................................... 143

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3.4 - Preclusão sanção .................................................................................................................................................. 143

3.5 - Preclusão ordinatória ........................................................................................................................................... 144

3.6 - Preclusão máxima................................................................................................................................................. 145

7 - Preclusão pro iudicato ............................................................................................................................................. 145

3.8 - Controvérsias ........................................................................................................................................................ 145

Destaques da Legislação e da Jurisprudência ................................................................................................ 147

Resumo........................................................................................................................................................... 157

Considerações Finais ...................................................................................................................................... 165

Questões Comentadas ................................................................................................................................... 166

Lista de Questões ........................................................................................................................................... 203

Gabarito.......................................................................................................................................................... 213

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ATOS PROCESSUAIS
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá pessoal, como vão os estudos do Direito Processual Civil?

Nesta aula, finalmente, mudaremos de Livro. Entraremos no Livro IV – Dos Atos Processuais.

Lembrem-se de que estou sempre à disposição no fórum de dúvidas, pelo instagram e por e-mail.

E-mail: rodrigovaslin@gmail.com

Instagram: rodrigovaslin

Vamos continuar?

A matéria da aula de hoje é Sujeitos do Processo, envolvendo, como sempre destacamos, legislação,
doutrina, jurisprudência e questões de concursos públicos.

Como disse nas aulas anteriores, ao iniciar os estudos de certa matéria no Processo Civil, é interessante,
primeiro, localizar onde o referido assunto se enquadra dentro da divisão do próprio código, comparado
com o Código de 1973.

Vamos visualizar onde o tema da aula 09 se encontra?

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CPC 1973 CPC 2015 (entrou em vigor 18/03/2016 – Enunciado


Administrativo n. 1, STJ)
Livro I: Do Processo de Conhecimento (arts. 1º ao Parte geral:
565); Livro I – Das Normas Processuais (arts. 1º ao 15);
Livro II – Do Processo de Execução (arts. 566 ao 795); Livro II – Da Função Jurisdicional (arts. 16 ao 69);
Livro III – Do Processo Cautelar (arts. 796 ao 889); Livro III – Dos Sujeitos do Processo (arts. 70 ao 187);
Livro IV – Procedimentos Especiais (arts. 890 ao Livro IV – Dos Atos Processuais (arts. 188 ao 293)
1.210); Livro V – Da Tutela Provisória (arts. 294 ao 311)
Livro V – Das Disposições Finais e Transitórias (arts. Livro VI – Da Formação, Suspensão e Extinção do
1.211 ao 1.220). Processo (arts. 312 ao 317);
Parte Especial:
Livro I: Do Processo de Conhecimento e do
Cumprimento de Sentença (arts. 318 ao 770);
Livro II: Do Processo de Execução (arts. 771 ao 925);
Livro III: Do Processo nos Tribunais e dos Meios de
Impugnação das Decisões Judiciais (arts. 926 ao
1.044);
Livro Complementar: Disposições Finais e Transitórias
(arts. 1.045 a 1.072).

A aula abordará não só os artigos 188 a 235, mas também toda a teoria por trás dos atos processuais.

Em termos de estrutura, a aula será composta dos seguintes capítulos:

Conceito e
Negócio Prática
Princípios dos Ato Ilícito Atos das Partes
Jurídico Eletrônica dos
Atos Processual e do Juiz
Processual Atos
Processuais
Atos do
Tempo dos
Escrivão ou Lugar dos Atos
Atos Dos Prazos Preclusão
Chefe de Processuais
Processuais
Secretaria

Mas Professor, esses temas caem em prova? Sim. Veremos diversas questões ao longo da aula.

CONCEITO E PRINCÍPIOS DOS ATOS PROCESSUAIS

1 – CONCEITO
Sabemos que a classificação dos fatos jurídicos é a seguinte:

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Ordinário
Fato natural (fato
jurídico em sentido
estrito)
Extraordinário

Ato-Fato Jurídico
Fato jurídico (em
sentido amplo) Ato Jurídico em
sentido estrito
Lícito
Fato humano ou
Fato não jurídico Ato jurídico em Negócio jurídico
sentido amplo
Ilícito

Fato não jurídico seria aquele que não interessa ao direito, a exemplo do raio que cai no meio do oceano.

Todavia, se o raio cair numa embarcação, poderá ter consequências jurídicas e, assim, seria enquadrado
como fato jurídico (em sentido amplo).

Fato Jurídico em sentido amplo (lato sensu) é, segundo Tartuce1, toda ocorrência que interessa ao Direito,
ou seja, que tenha relevância jurídica, a exemplo do nascimento, contrato, casamento, morte.

Fato Jurídico em sentido estrito (stricto sensu) é aquele que decorre de fatos da natureza, sem participação
da vontade humana. Ele se divide em:

i- ordinário: são aqueles que ocorrem frequentemente na vida real, como, por exemplo, nascimento, morte,
decurso do tempo - que gera efeitos como prescrição, decadência;

ii- extraordinário: são eventos raros, extraordinários, decorrendo normalmente de caso fortuito ou força
maior. Ex: catástrofes naturais não esperadas (tsunami, terremotos, inundações).

Ato-fato é, segundo Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona2, aquele em que o ato humano é da substância do fato
jurídico, mas não importa para a norma se houve, ou não, intenção de praticá-lo.

1
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, Volume Único, 6ª ed., São Paulo: Método, 2016, p. 221.
2
Novo Curso de Direito Civil. Parte Geral. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005. V. I, p. 324.

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O maior exemplo é a compra e venda feita por criança. Ao comprar o lanche na escola, se fôssemos
enquadrar esse fato dentro do negócio jurídico, ele seria nulo, por ausência de capacidade do agente (art.
104, I, CC c/c art. 166, I, CC).

Portanto, melhor enquadrar na categoria do ato-fato a fim de preservar sua validade.

Ato jurídico em sentido amplo (lato sensu), ao contrário do fato jurídico em sentido estrito, é ato dotado de
vontade humana e apto a produzir efeitos jurídicos regulares.

Há duas correntes que debatem se o ato ilícito é jurídico ou não é jurídico.

1ª corrente (Tartuce, Zeno Veloso, Pablo Stolze, Orosimbo Nonato): ato jurídico em sentido amplo é formado
apenas por fato jurídico (em sentido amplo) com elemento volitivo e conteúdo lícito.

2ª corrente (Pontes de Miranda, Moreira Alves3 – autor da Parte Geral do CC/02): o ato jurídico em sentido
amplo pode ser realizado de acordo com o ordenamento jurídico (ato lícito), ou infringindo as normas do
ordenamento (ato ilícito).

Dentro dos atos lícitos, temos os atos jurídicos (em sentido estrito ou stricto sensu) e os negócios jurídicos.

Ato jurídico em sentido estrito é o ato cujo efeito não é escolhido pelas partes; ao revés, o efeito é
determinado previamente por lei. Por exemplo, uma vez casado, os efeitos do casamento - mútua
assistência, fidelidade, regime de bens legal4 - não são escolhidos pelo casal, sendo efeito previsto já em lei.

Negócio jurídico, por sua vez, consubstancia-se na composição de interesses entre as partes5 em que se
escolhem os efeitos jurídicos, sejam eles a modificação, extinção ou criação de direitos.

Álvaro Villaça de Azevedo diz que “no negócio jurídico, as partes interessadas, ao manifestarem sua vontade,
vinculam-se, estabelecem, por si mesmas, normas regulamentadoras de seus próprios interesses”.

Os exemplos são os contratos (art. 421 e seguintes, CC), negócio jurídico processual (art. 190, CPC),
testamento (negócio jurídico unilateral).

Pois bem.

Onde estaria enquadrada a nossa matéria: o ato processual?

3
MOREIRA ALVES, José Carlos. A parte geral do Projeto de Código Civil Brasileiro, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
4
Se não houver vontade expressa por algum regime, vigora o regime da comunhão parcial de bens (art. 1.640, CC).
5
Lembrando que nem sempre o negócio jurídico é entabulado entre duas partes. É possível o negócio jurídico unilateral, no qual
se perfectibiliza com a manifestação de vontade de uma parte (ex: testador).

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Estaria, em regra, dentro dos atos jurídicos em sentido estrito.

Lembrem-se da lição de Didier de que o processo é um ato jurídico complexo, formado por vários atos
processuais (em regra, atos jurídicos em sentido estrito).

Professor, parece que há ato processual só dentro do processo. É verdade?

Não é verdade. Conforme salienta Didier6, os atos processuais podem ser divididos em:

i- atos do processo, sendo aquele que compõe a cadeia dos atos do procedimento (ato processual
propriamente dito);

ii- atos processuais que não fazem parte do processo, que é realizado fora do processo, mas nele gera
repercussão, a exemplo da escolha convencional do foro (arts. 25 e 63, CPC); consentimento do cônjuge,
para fins dos arts. 73, CPC e 1.647, CC; outorga de uma procuração; transação extrajudicial que ocasiona
extinção do processo.

Professor, existem hipóteses de fato jurídico processual?

Sim. No processo, é possível dar exemplos das várias espécies de fatos e atos jurídicos.

Fato jurídico processual em sentido amplo

Didier7 diz que quando uma norma processual colore um fato jurídico, podendo gerar efeitos num processo
atual ou futuro, esse fato pode ser chamado de fato jurídico processual.

Exemplos de fato jurídico processual em sentido estrito (fato jurídico não-humano)

Ex1: força maior (art. 313, I e VI, CPC) - fato jurídico extraordinário.

Art. 313. Suspende-se o processo: VI - por motivo de força maior;

Ex2: incêndio que destruiu os autos – tem de ser restaurados (art. 712ss, CPC) - fato jurídico extraordinário.

Art. 712. Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não, pode o juiz, de ofício,
qualquer das partes ou o Ministério Público, se for o caso, promover-lhes a restauração.

Ex2: morte (art. 110, CPC) – fato jurídico ordinário.

6
DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, vol. 1, 20ª edição, Salvador: Juspodivm, 2018, p. 434.
7
DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil, vol. 1, 20ª ed. Salvador: Juspodivm, 2018, p. 435.

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Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou
pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.

Ex4: calamidade pública (art. 222, §2º, CPC) – fato jurídico extraordinário.

Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá
prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.

§ 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para prorrogação de prazos poderá
ser excedido.

Exemplos de ato-fato processual

Didier cita os seguintes:

Ex1: revelia (art. 344, CPC), admissão (art. 374, III, CPC).

Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as
alegações de fato formuladas pelo autor.

Ex2: execução provisória que causa prejuízo ao executado, com superveniente reforma ou anulação do título
judicial (art. 520, I, CPC).

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao
seguinte regime:

I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a sentença for


reformada, a reparar os danos que o executado haja sofrido; (responsabilidade objetiva)

Pode ter havido uma vontade humana nesses casos, mas ela é desimportante para a geração de efeitos da
norma.

Exemplos de ato jurídico em sentido estrito

Ex1: atribuição do valor da causa;

Art. 319. A petição inicial indicará: V - o valor da causa;

Ex2: confissão;

Art. 389. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a verdade de fato
contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.

Ex3: juntada de documentos;

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O ato é dotado de vontade humana, mas os efeitos já são predeterminados em lei.

Exemplos de negócio jurídico processual

Ex1: calendarização (art. 191, CPC);

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

Ex2: art. 190, CPC

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

O ato jurídico é dotado de vontade humana e as partes compõem seus interesses e determinam os efeitos
que aquele negócio gerará sobre o procedimento, ônus, poderes, faculdades e deveres processuais.

Atenção! Há ainda os atos jurídicos (processuais) em sentido amplo ILÍCITOS, a exemplo do ato atentatório
à dignidade da justiça (arts. 77, §1º, 161, parágrafo único, 334, §8º e 774, todos do CPC); emprego de
expressões ofensivas (art. 78, CPC) e litigância de má-fé (art. 80, CPC).

2 - PRINCÍPIOS DOS ATOS PROCESSUAIS

2.1 – Liberdade das Formas (art. 188) e Instrumentalidade das Formas (art. 277)

Art. 188. Os atos e os termos8 processuais independem de forma determinada, salvo quando a
lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe
preencham a finalidade essencial.

Se não houver previsão legal a respeito, ele pode ser praticado na forma livre. É o que impera também no
Código Civil (art. 107, CC), em sintonia com o princípio da operabilidade, um dos três princípios que norteiam
o Código Civil, segundo Miguel Reale9.

8
NOGUEIRA, Pedro Henrique in Breves Comentários ao novo Código de Processo Civil, org. Fredie Didier, Teresa Arruda Alvim,
Bruno Dantas e Eduardo Talamini. Termo é a denominação que pode ser dada à formalização escrita de atos processuais praticados
pelo escrivão ou chefe de secretaria. Ex: termo de juntada de petição, termo de recebimento de documentos. Para uma corrente,
a acepção estrita de “termo” deveria envolver o escrivão ou chefe de secretaria como sujeito exclusivo da execução do ato. Para
outra corrente, termo poderia ser compreendido num sentido mais amplo, para designar o escrito público e autêntico lavrado por
oficial ou serventuário do juízo para comprovar um ato processual e documenta-lo no procedimento.
9
Os três seriam: a) sociabilidade; b) eticidade; c) operabilidade.

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Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando
a lei expressamente a exigir.

Ex: requerimento de juntada de documento. A forma é livre.

Todavia, há atos em que há previsão legal de forma, a exemplo da petição inicial, citação, confecção do
mandado, sentença - relatório, fundamentação e dispositivo.

Em alguns casos, a lei exige a forma e já prevê a sanção de nulidade pelo desrespeito (ex: art. 279, CPC).

Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a
acompanhar o feito em que deva intervir.

§ 1o Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz


invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado.

§ 2o A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará
sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.

Em outros, o CPC exige a forma, sem estabelecer sanção (art. 358, CPC)

Art. 358. No dia e na hora designados, o juiz declarará aberta a audiência de instrução e
julgamento e mandará apregoar as partes e os respectivos advogados, bem como outras pessoas
que dela devam participar.

Mesmo que haja previsão legal, se ela for desrespeitada, o ato será sempre anulado?

Se descumprida a forma, haverá, em regra, a sanção de nulidade. E disse “em regra”, pois os artigos 188 e
277, ambos do CPC vêm dizer que se houver descumprimento da forma legal exigida, não haverá
automaticamente a sanção de nulidade.

Descumprida a forma, temos de partir para um 2º passo, qual seja, verificar se houve ou não prejuízo; se o
ato cumpriu ou não sua finalidade.

Assim, temos de seguir o princípio da transcendência ou do prejuízo, segundo o qual não há nulidade sem
prejuízo (pas de nullité sans grief). Ora, se o ato atingiu a finalidade, não haverá a sanção de nulidade. Nesse
passo, o art. 188, em conjunto com o art. 277 também representam a consagração do princípio da
instrumentalidade das formas.

Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado
de outro modo, lhe alcançar a finalidade.

Seria apego excessivo ao formalismo invalidar um ato que cumpriu sua finalidade, apenas porque
desrespeitou formas prescritas em lei. Essa seria uma atitude da 2ª fase do Processo Civil (autonomismo),

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em que o Processo era estudado de forma tão detida e divorciada do direito material que gerava extremos
formalismos. Atualmente, já estamos na 4ª fase (neoprocessualismo).

MPDFT/MPDFT – Promotor de Justiça Substituto/2021 - II. No campo das nulidades, não será
decretada na hipótese de não tiver transcendência acerca das garantias de defesa da parte, em juízo.

O item II está correto. O princípio da transcendência ou do prejuízo salientam que não será decretada
uma nulidade se não tiver havido prejuízo à parte. Arts. 277, 279, §2º, 281, §1º, 283, parágrafo único.

Então, se o direito material está devidamente protegido, se o ato processual atingiu sua finalidade e não
houve qualquer prejuízo, não deverá ser decretada sua nulidade.

Essa instrumentalidade das formas serve para nulidades relativas e nulidades absolutas?

Sim.
A não intimação do MP, por exemplo, gera nulidade absoluta.

Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a
acompanhar o feito em que deva intervir.

§ 1o Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério Público, o juiz


invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria ter sido intimado.

Entretanto, o próprio art. 279, §2º, CPC diz que o membro do MP pode perceber que não houve prejuízo,
atingindo o ato a sua finalidade, e manifestar pela não decretação da nulidade e prosseguimento do
processo.

§ 2o A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se manifestará
sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.

Se ele se manifestar pela inexistência de prejuízo, a higidez do ato será mantida.

No Processo Penal, em que a formalidade é ainda mais valiosa, o STF já asseverou que mesmo nulidade
absoluta pode ser superada se, no caso concreto, perceber-se que não houve prejuízo (art. 563, CPP).

Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação
ou para a defesa.

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(...) I – Não é de se acolher a alegação de nulidade em razão da não observância da ordem de


formulação de perguntas às testemunhas, estabelecida pelo art. 212 do CPP10, com redação
conferida pela Lei 11.690/2008. Isso porque a defesa não se desincumbiu do ônus de demonstrar
o prejuízo decorrente da inversão da ordem de inquirição das testemunhas. II – Esta Corte vem
assentando que a demonstração de prejuízo, a teor do art. 563 do CPP, é essencial à alegação
de nulidade, seja ela relativa ou absoluta, eis que “(...) o âmbito normativo do dogma
fundamental da disciplina das nulidades pas de nullité sans grief compreende as nulidades
absolutas” (HC 85.155/SP, Rel. Min. Ellen Gracie). Precedentes. III – A decisão ora questionada
está em perfeita consonância com o que decidido pela Primeira Turma desta Corte, ao apreciar
o HC 103.525/PE, Rel. Min. Cármen Lúcia, no sentido de que a inobservância do procedimento
previsto no art. 212 do CPP pode gerar, quando muito, nulidade relativa, cujo reconhecimento
não prescinde da demonstração do prejuízo para a parte que a suscita. IV – Recurso improvido.
(STF, RHC 110623, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2ª Turma, d.j. 13/03/12)

Isso é muito contestado pela doutrina de Processo Penal, mas é tema para consultarem o Professor da
respectiva matéria.

2.2 – Publicidade (art. 189, CPC)

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:

I - em que o exija o interesse público ou social;

II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;

III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;

IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.

§ 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir


certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.

§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo
da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.

10
Sobre o art. 212 do CPP, sugiro leituras complementares, pois, embora a corrente majoritária entenda que o descumprimento
do citado artigo configure apenas nulidade relativa (STF. 1ª Turma. HC 177530 AgR, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em
20/12/2019 e jurisprudência em tese n. 69, tese 12, do STJ), a 1ª Turma do STF já reconheceu a nulidade e anulou o processo. STF.
1ª Turma. HC 161658/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2020 (Info 980). STF. 1ª Turma. HC 187035/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 6/4/2021 (Info 1012).

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CESPE/DPE-DF – Defensor Público/2019 – A respeito da função jurisdicional, dos sujeitos do processo,


dos atos processuais e da preclusão, julgue o item seguinte.

Contraria o ordenamento jurídico o juiz que negar a defensor público o fornecimento de certidão do
dispositivo de sentença proferida em processo tramitado em segredo de justiça, sob o fundamento de
ausência de interesse jurídico.

Comentários: A assertiva está incorreta. Quando o defensor público não atua como parte, o acesso ao
processo ocorrerá na condição de terceiro. Assim, caso esse processo corra em segredo de justiça, ele
só poderá obter o dispositivo da sentença caso demonstre interesse jurídico. Isso é o que dispõe o art.
189, §1º e 2º do CPC:

Art. 189, § 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir
certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.

§ 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.

O princípio da publicidade está previsto no art. 5º, LX, art. 93, IX, ambos da CRFB e nos arts. 8º e 11, do CPC,
além do art. 189, CPC acima transcrito.

Art. 5º, LX a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem.

Art. 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos os quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.

Art. 93, X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo
as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
todas as decisões, sob pena de nulidade.

Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das
partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.

A publicidade processual tem duas dimensões:

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i. Dimensão interna: o processo tem de ser público para as partes, publicidade interna esta que deve ocorrer
sem restrição alguma.

ii. Dimensão externa: o processo tem que ser público para quem não faz parte dele, possibilitando um
controle público do exercício da jurisdição. A publicidade externa, contudo, pode sofrer restrições
autorizadas pela própria Constituição (arts. 5º, LX, 93, IX) e pela lei (art. 189, CPC).

Restrições

O art. 5º, LX e o art. 93, IX da CRFB já autorizam a restrição da publicidade às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, quando for necessário para a defesa da intimidade e do interesse social.

Já os arts. 155, CPC/73 e 189, CPC/15 são bem mais detalhistas.

CPC/73 CPC/15

Art. 189. Os atos processuais são públicos,


todavia tramitam em segredo de justiça os
processos:
Art. 155. Os atos processuais são públicos. I - em que o exija o interesse público ou social;
Correm, todavia, em segredo de justiça os II - que versem sobre casamento, separação de
processos: corpos, divórcio, separação, união estável,
I - em que o exigir o interesse público; filiação, alimentos e guarda de crianças e
Il - que dizem respeito a casamento, filiação, adolescentes;
separação dos cônjuges, conversão desta em III - em que constem dados protegidos pelo
divórcio, alimentos e guarda de direito constitucional à intimidade;
menores. (Redação dada pela Lei nº 6.515, IV - que versem sobre arbitragem, inclusive
de 26.12.1977)
sobre cumprimento de carta arbitral, desde que
Parágrafo único. O direito de consultar os autos a confidencialidade estipulada na arbitragem
e de pedir certidões de seus atos é restrito às seja comprovada perante o juízo.
partes e a seus procuradores. O terceiro, que § 1o O direito de consultar os autos de processo
demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao que tramite em segredo de justiça e de pedir
juiz certidão do dispositivo da sentença, bem
certidões de seus atos é restrito às partes e aos
como de inventário e partilha resultante do seus procuradores.
desquite.
§ 2o O terceiro que demonstrar interesse
jurídico pode requerer ao juiz certidão do
dispositivo da sentença, bem como de
inventário e de partilha resultantes de divórcio
ou separação.

Inciso I:

I - em que o exija o interesse público ou social;

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Na teoria geral do direito, diz-se que interesses são situações jurídicas não necessariamente tuteladas, sendo
o gênero, enquanto os direitos são pretensões tuteladas pelas normas jurídicas, razão pela qual se afirma
que os direitos são mais consolidados que os interesses.

Contudo, a legislação e a jurisprudência não fazem essa diferenciação. Tanto é verdade que o CDC menciona
interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, quando, em verdade, seriam interesses já tutelados
(direitos).

Por isso, alguns11 dizem que não há qualquer diferença entre esses dois termos.

Dito isso, cabe-nos tentar diferenciar as expressões “interesse público” e “interesse social”.

Sobre o tema, Mazzilli12 explana bem a dificuldade de conceituação.

Hoje a expressão interesse público tornou-se equívoca, quando passou a ser utilizada para
alcançar também os chamados interesses sociais, os interesses indisponíveis do indivíduo e da
coletividade e até os interesses coletivos, os interesses difusos etc.

Sem pretender esgotar a discussão, interessante pontuar que a CRFB/88 destaca, em diversos dispositivos,
as duas expressões. E, dessas menções, Rodolfo Camargo Mancuso13 salienta que:

Quando se lê ou se ouve a expressão "interesse público", a presença do Estado se afigura em


primeiro plano. É como se ao Estado coubesse não só a ordenação normativa do "interesse
público", mas também a soberana indicação de seu conteúdo.

(...) De resto, normalmente o legislador não se contenta em indicar os fins de interesse público
mas estabelece já as regras para a consecução desses fins, indicando a Autoridade competente
e os meios de que esta se poderá utilizar".

"Quanto à Administração, ela é competente para definir o interesse público naquilo que não
constitui domínio reservado do legislador."

(...) Vê-se assim, que a expressão ‘interesse público’ invoca a presença do Estado-legislador, ou
do Estado-administrador."

Vemos essa diferenciação sendo feita pela própria Constituição. No art. 37, XI, refere-se à AP direta e
indireta, de qualquer dos poderes da U, E, DF e M.

11
MASSON, Cleber; ANDRADE, Landolfo e ANDRADE, Adriano. Interesses Difusos e Coletivos, São Paulo: Método, 2015.
12
MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo: meio ambiente, consumidor, patrimônio cultural, patrimônio
público e outros interesses. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 46.
13
MANCUSO, Rodolfo Camargo. Interesses Difusos: conceito e legitimação para agir, p. 28.

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Art. 37, IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional interesse público;

Nos arts. 19, I, 57, § 6º, II, ou 66, § 1º, segundo Mancuso, há referência ao interesse público delegando ao
Poder Público a interpretação se ele está ou não presente.

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou


manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na
forma da lei, a colaboração de interesse público;

Art. 56, § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-se-á: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 50, de 2006)

II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado


Federal ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou
interesse público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria
absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 50, de 2006)

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da
República, que, aquiescendo, o sancionará.

§ 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional


ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis,
contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente
do Senado Federal os motivos do veto.

O art. 231, § 6º, menciona expressamente o ˝relevante interesse público da União˝.

Art. 231, § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por
objeto a ocupação, o domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração
das riquezas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante
interesse público da União, segundo o que dispuser lei complementar, não gerando a nulidade
e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé.

O art. 51 do ADCT diz respeito às revisões de doações, vendas e concessões de terras públicas no ˝interesse
público˝ dos entes da Administração.

Art. 51. Serão revistos pelo Congresso Nacional, através de Comissão mista, nos três anos a
contar da data da promulgação da Constituição, todas as doações, vendas e concessões de terras
públicas com área superior a três mil hectares, realizadas no período de 1º de janeiro de 1962 a
31 de dezembro de 1987.

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§ 2º No caso de concessões e doações, a revisão obedecerá aos critérios de legalidade e de


conveniência do interesse público.

No que tange ao interesse social, a CRFB faz menção nos seguintes artigos:

Art. 5º, XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro,
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o
imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em
títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até
vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

Art. 5º, XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País;

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade
ou o interesse social o exigirem;

ADCT, Art. 79. É instituído, para vigorar até o ano de 2010, no âmbito do Poder Executivo Federal,
o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, a ser regulado por lei complementar com o
objetivo de viabilizar a todos os brasileiros acesso a níveis dignos de subsistência, cujos recursos
serão aplicados em ações suplementares de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de
renda familiar e outros programas de relevante interesse social voltados para melhoria da
qualidade de vida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 31, de 2000) (Vide Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) (Vide Emenda Constitucional nº 67, de 2010)

Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do


Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis.

A disposição acerca do Ministério Público (art. 127, CRFB) já denota que o interesse social, ao contrário do
interesse público, não se liga à noção de Estado, pois já se sabe que ao MP não incumbe a defesa do Estado,
mormente do Executivo. Cabe a ele zelar pelo ordenamento jurídico e pelos interesses da sociedade como
um todo. O interesse social, pois, se liga mais a essa noção de interesse da coletividade.

Finalizando, é importante destacarmos aquele conceito que cai em prova.

Renato Alessi, doutrinador italiano, diante da dificuldade de diferenciar interesse público estatal e interesse
social, propôs a divisão do interesse público em:

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i- interesse público primário: englobando o bem geral, o interesse da coletividade. Esse interesse que teria
aquela prerrogativa de supremacia do interesse público sobre o particular 14.

ii- interesse público secundário: interesse da Administração, ligado ao interesse patrimonial.

Inciso II:

II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;

Segundo Assumpção15, o juiz não teria liberdade, sendo obrigado a decretar o sigilo.

Nesse inciso II é ainda importante pontuar que o STJ16 entende que o o rol é exemplificativo.

Tal entendimento (rol exemplificativo), contudo, não autoriza que norma infraconstitucional estabeleça
genericamente o segredo de justiça.

Ex1: Lei de Alagoas determinava o segredo de justiça, abstratamente, em todos os processos que tramitam
em um determinado juízo.

Art. 5º Todos os inquéritos e processos em trâmite relativos aos feitos de competência da 17a
Vara Criminal da Capital observarão, com especial atenção, as cautelas de sigilo, o princípio do
devido processo legal e a garantia da ampla defesa, vedando-se aos servidores lotados na Vara a
divulgação de informações oriundas de processo ou inquérito policial, respeitado o que disciplina
a Lei Federal nº 8.906, de 5 de julho de 1994, que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem
dos Advogados do Brasil - OAB.

Na ADI 4.41417, esse dispositivo, dentre vários outros, foi julgado inconstitucional.

14
Lembrem-se da aula 00 na qual já disse que é uma prerrogativa bem contestada atualmente. Vide críticas de Daniel Sarmento,
Gustavo Binenbojm etc.
15
NEVES, Daniel Assumpção. Manual de Direito Processual Civil: Volume Único, 9ª edição, Salvador: Juspodivm, 2017.
16
STJ AgRg na MC 14.949/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 19/05/2009.

17
No processo penal, essa ADI é bem interessante. Na oportunidade, entendeu-se também que não poderia ser criada a figura do
“juiz sem rosto”, em que os julgamentos seriam realizados por um colegiado, por maioria de votos, os quais seriam coletados
sigilosamente.

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18. A publicidade assegurada constitucionalmente (art. 5º, LX, e 93, IX, da CRFB) alcança os autos
do processo, e não somente as sessões e audiências, razão pela qual padece de
inconstitucionalidade disposição normativa que determine abstratamente segredo de justiça em
todos os processos em curso perante Vara Criminal. Doutrina (GRECO, Leonardo. Instituições de
Processo Civil. Vol. I. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p. 558; TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e
garantias individuais no processo penal brasileiro. 3ª ed. São Paulo: RT, 2009. p. 184; TOURINHO
FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 11ª ed. São Paulo: 2009. p. 20;
CAPPELLETTI, Mauro. Fundamental guarantees of the parties in civil litigation. Milano: A. Giuffre,
1973. p. 756-758).

Inciso III:

III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;

Com assento constitucional (art. 5º, X, LX, CRFB), a proteção da intimidade é justificativa, por vezes, razoável
de decretação de sigilo dos autos ou de algum documento, a exemplo de fotos e filmagens de pessoas nuas;
dados bancários / imposto de renda etc.; preservação de segredos industriais de certa empresa.

Inciso IV:

IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.

Conforme salienta Gajardoni18:

A lei n. 9.307/96, que trata da arbitragem no Brasil, não impõe a confidencialidade como
característica ou condição do processo arbitral. No entanto, sendo o sigilo uma das vantagens
ordinariamente apontadas do uso da arbitragem, é absolutamente comum que as partes, na
convenção (cláusula compromissória ou compromisso arbitral) estabeleçam ou aceitem a
confidencialidade. A fim de preservar a vontade das partes e a discrição por elas desejada,
corretamente o CPC/15 estabelece o segredo de justiça nas causas que versem sobre arbitragem,
inclusive sobre cumprimento de carta arbitral.

Nesses casos, a parte deverá comprovar que houve a pactuação da confidencialidade.

Enunciado 13, FPPC: (art. 189, IV) O disposto no inciso IV do art. 189 abrange todo e qualquer
ato judicial relacionado à arbitragem, desde que a confidencialidade seja comprovada perante o
Poder Judiciário, ressalvada em qualquer caso a divulgação das decisões, preservada a identidade
das partes e os fatos da causa que as identifiquem.

18
GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Teoria Geral do Processo: Comentários ao CPC de 2015 – parte geral. São Paulo: Editora
Forense: 2015, p. 1801.

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Nessa mesma linha, temos o art. 22-C, Lei n. 9.307/96, que regula a carta arbitral, salientando que ela deverá
observar o segredo de justiça, se comprovada que foi pactuada a confidencialidade.

Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para que o órgão
jurisdicional nacional pratique ou determine o cumprimento, na área de sua competência
territorial, de ato solicitado pelo árbitro. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015)

Parágrafo único. No cumprimento da carta arbitral será observado o segredo de justiça, desde
que comprovada a confidencialidade estipulada na arbitragem. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015)

O segredo de justiça persiste nos casos de arbitragem envolvendo a Administração Pública?

Não, pois o art. 2º, §3º, Lei n. 9.307/96 destaca que a arbitragem que envolve a AP será sempre de direito e
respeitará o princípio da publicidade.

Art. 2º, § 3o A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e respeitará
o princípio da publicidade. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015)

Enunciado 15, FPPC: (art. 189) As arbitragens que envolvem a Administração Pública respeitarão
o princípio da publicidade, observadas as exceções legais (vide art. 2º, § 3º, da Lei n. 9.307/1996,
com a redação da Lei n. 13.129/2015).

Dica mnemônica para os casos de segredo de Justiça: C-A-I-I → Casamento19; Arbitragem; Intimidade; Interesse público ou
social.

Uma vez definido que o feito tramitará em segredo de justiça, apenas as partes e procuradores poderão
acessar informações nos autos e requerer certidões.

Art. 189, § 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de
pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.

19
Incluindo os institutos intrinsecamente ligados a ele: separação de corpos, divórcio, separação, filiação, alimentos, guarda.
Equipara-se também casamento à união estável.

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Todavia, o terceiro juridicamente interessado pode também ter acesso, mas conseguirá apenas certidão do
dispositivo da sentença, bem como certidão do inventário e da partilha, se for o caso.

Art. 189, § 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do
dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou
separação.

Uma vez decretado o sigilo de um documento, o STJ20 decidiu, em repetitivo, que ele não pode ser arquivado
em apartado, criando “pasta própria” para os documentos sigilosos.

2.3 – Uso da Língua Portuguesa

Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa.

O art. 13 da CRFB/88 diz que a língua portuguesa é o nosso idioma oficial.

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.

§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo


nacionais.

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

Claro que essa exigência não deve ser levada ao extremo. Algumas expressões em língua estrangeira, a
exemplo do latim, francês, alemão, italiano, inglês, são plenamente permitidas, até porque já incorporadas
em nosso dia a dia.

Ex1: fumus boni iuris; periculum in mora; erga omnes; inter partes; venire contra factum proprium, tu quoque,
supressio; surrectio.

Ex2: pas de nullité sans grief, référé (instituto similar à estabilização da tutela antecipada antecedente) etc.

Ex3: drittwirkung (eficácia horizontal dos direitos fundamentais); Ubermassverbot (princípio da proibição do
excesso); Untermassverbot (princípio da proibição da proteção insuficiente); Treu und Glauber (lealdade e
confiança – boa-fé objetiva).

Ex4: teoria della prospettazione (teoria da asserção – para verificar as condições da ação);

Ex5: duty to mitigate the loss; fruit of the poisonous tree (teoria dos frutos da árvore envenenada)

20
STJ, REsp 1349363/SP, Rel. Ministro Mauro Campbell marques, 1ª Seção, julgado em 22/05/2013, DJe 31/05/2013.

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Doutro lado, se a petição inteira ou a sentença/acórdão estiverem integralmente fundamentados em língua


estrangeira, serão considerados atos processuais nulos.

Art. 192, Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser
juntado aos autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via
diplomática OU pela autoridade central, OU firmada por tradutor juramentado.

O STJ21 tem julgado permitindo juntada de documento em língua estrangeira, sem tradução, quando o
idioma não for empecilho à compreensão do documento e a validade do documento não tiver sido
impugnada tempestivamente pela parte interessada.

Mas cuidado. Se cair em prova a redação literal, marquem aquela alternativa que diz que, para ser juntado,
o documento deve estar acompanhado de versão para a língua portuguesa.

Art. 192. Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser
juntado aos autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via
diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.

FMP Concursos/PGE-AC – Procurador do Estado/2017: Considere as seguintes afirmativas sobre o


tema dos atos processuais no âmbito do Código de Processo Civil. Assinale a alternativa CORRETA.

a) O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões
de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.

b) O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, exceto dos casos de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.

c) O documento redigido em língua estrangeira poderá ser juntado aos autos ainda que
desacompanhado de versão para a língua portuguesa.

d) É permitido lançar nos autos cotas marginais ou interlineares.

e) Os atos processuais realizar-se-ão exclusivamente na sede do juízo.

Comentários: A alternativa A está correta. Art. 189. § 1º O direito de consultar os autos de processo
que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus
procuradores.

21
STJ, AgRg no REsp 1.316.392/SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, j. 22/05/2012.

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A alternativa B está incorreta. Art. 189. § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode
requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes
de divórcio ou separação.

A alternativa C está incorreta. Art. 192. Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira
somente poderá ser juntado aos autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa
tramitada por via diplomática ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.

A alternativa D está incorreta. Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou interlineares,
as quais o juiz mandará riscar, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário-
mínimo.

A alternativa E está incorreta. Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do
juízo, ou, excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da justiça, da
natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

A proibição de idioma estrangeiro se estende aos depoimentos das partes e testemunhas. Havendo
necessidade, o juiz deve nomear um intérprete (art. 162, II, CPC) para o ato.

Art. 162. O juiz nomeará intérprete ou tradutor quando necessário para: I - traduzir documento
redigido em língua estrangeira; II - verter para o português as declarações das partes e das
testemunhas que não conhecerem o idioma nacional;

2.4 – Flexibilização Procedimental

A flexibilização procedimental, segundo Montans22, é caracterizada pelos artigos 190 (negócio jurídico
processual) e 191 (calendarização).

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções


previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção
abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de
vulnerabilidade.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

22
MONTANS, Renato. Manual de Direito Processual Civil, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 90.

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§ 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados
em casos excepcionais, devidamente justificados.

§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de


audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

Não há convenção processual sobre o direito litigioso. Se houvesse, isso seria autocomposição. Negocia-se
sobre o procedimento e sobre os poderes, deveres, ônus e faculdades das partes, alterando suas regras.

A doutrina salienta que o art. 190 veio consagrar o respeito ao autorregramento da vontade no processo
civil. Montans ainda frisa a expressão neoprivatismo processual.

Falaremos detidamente desse assunto que, por sua discussão doutrinária, merece um capítulo à parte.

NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL


Negócio jurídico consubstancia-se no ato voluntário em que se escolhe os efeitos, sejam eles a modificação,
extinção ou criação de direitos. Há a escolha do regramento jurídico para a situação23.

No Direito Civil, existem diversas classificações para o negócio jurídico.

a) Quanto às manifestações de vontade dos envolvidos: NJ unilateral; bilateral e plurilateral;


b) Quanto às vantagens patrimoniais para os envolvidos: NJ gratuito; oneroso;
c) Quanto aos efeitos, no aspecto temporal: NJ inter vivos e mortis causa;
d) Quanto à necessidade ou não de solenidades e formalidades: NJ formais ou solenes e NJ informais e não
solenes;
e) Quanto à independência e autônoma: NJ principais ou independentes e NJ acessórios ou dependentes;
f) Quanto às condições especiais dos negociantes: NJ impessoais e NJ personalíssimos ou intuiutu personae;
g) Quanto à sua causa determinante: NJ causais ou materiais e NJ abstratos ou formais;
h) Quanto ao momento de aperfeiçoamento: NJ consensuais e NJ reais;
i) Quanto à extensão dos efeitos: NJ constitutivos e NJ declarativos.
Contudo, para o Processo Civil nos interessa apenas algumas. Tomaremos como base aquela já realizada por
Fredie Didier em seu curso.

23
MELLO, Marcos Bernardes de. Teoria do Fato Jurídico (Plano da Existência), 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 166.

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1 - CLASSIFICAÇÕES

Negócio Jurídico
(classificações)

Unilateral,
bilateral e Expresso e Tácito Típico e Atípico
plurilateral

i- negócios unilaterais: se perfazem com a manifestação de apenas uma vontade, a exemplo do testamento.

No processo civil, temos a desistência do recurso (art. 998, CPC), renúncia do prazo (art. 225, CPC),
desistência da execução (art. 775, CPC) etc.

ii- negócios bilaterais: se perfazem com a manifestação de duas vontades, a exemplo do contrato (interesses
contrapostos) ou acordo/convenção (interesses comuns).

No processo civil, temos a eleição negocial do foro (art. 63, CPC), suspensão convencional do andamento do
processo (art. 313, II, CPC).

iii- negócios plurilaterais: se perfazem pela vontade de mais de dois sujeitos, como um contrato social com
vários sócios.

No processo civil, podemos citar a hipótese de sucessão processual voluntária (art. 109, CPC), calendário
processual (art. 191, CPC), organização compartilhada do processo (art. 357, §3º, CPC).

Didier ainda divide:

i- negócio jurídico expresso, a exemplo do foro de eleição (art. 63, CPC);

ii- negócio jurídico tácito, a exemplo do consentimento tácito do cônjuge para propositura de ação real
imobiliária; consentimento tácito para sucessão processual voluntária (art. 109, §1º, CPC); renúncia tácita à
convenção de arbitragem (art. 337, §6º, CPC).

Esses negócios tácitos podem ser comissivos (ex: prática de ato incompatível com o desejo de recorrer) ou
omissivos (ex: não alegação da convenção de arbitragem – art. 337, §6º, CPC).

Percebam, portanto, que é possível omissão processual negocial, sendo similar ao art. 111, CC, que
possibilita que o silêncio tenha eficácia negocial.

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for
necessária a declaração de vontade expressa.

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Essa diferença entre omissão processual negocial e omissão como ato-fato processual é fundamental para
verificar os poderes do assistente simples, já que este só pode atuar na ausência de manifestação de vontade
do assistido. Então, se houver uma omissão processual negocial, o assistente não poderia se manifestar.

A exemplo, se o assistido não se manifestar acerca da convenção de arbitragem (art. 337, §6º, CPC), haverá
renúncia tácita. O assistente não poderá suscitá-la, pois houve uma omissão negocial.

Pois bem.

Como se percebe, é equivocado entender o negócio jurídico processual como novidade. Havia no CPC/73
(repetido no CPC/15) diversos dispositivos que o consagravam.

Ex1: cláusula de eleição de foro (arts. 111 e 112, CPC/73, atual art. 63, CPC/15);

Ex2: negócio tácito para que a causa tramite em foro incompetente (art. 114, CPC/73, atual art. 65, CPC –
prorrogação da competência);

Ex3: desistência do processo (art. 158, parágrafo único, CPC/73, atual art. 200, parágrafo único, CPC – precisa
de homologação judicial24)

Ex4: renúncia do prazo (art. 186, CPC/73, atual art. 225, CPC);

Ex5: acordo para suspensão do processo (art. 265, II, CPC/73, atual art. 313, II, CPC)

Ex6: convenção sobre ônus da prova (art. 333, parágrafo único, CPC/73, atual art. 373, §§3º e 4º, CPC)

Ex7: desistência do recursal (art. 502, CPC/73, atual art. 999, CPC);

Com o CPC/15, ocorreram dois fenômenos:

i- foram criados outros negócios jurídicos processuais, a exemplo da escolha consensual do


mediador/conciliador (art. 168, CPC) ou do perito (471, CPC), pacto de mediação prévia obrigatória (art. 2º,

24
A necessidade de homologação não retira a natureza de negócio jurídico processual. Aliás, como pontuou Barbosa Moreira,
“não se poderia reconhecer à autonomia da vontade, no campo processual, atuação tão ampla como a que se lhe abre o terreno
privatístico”.

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§1º, Lei n. 13.140/15), saneamento cooperativo (art. 357, §2º, CPC); calendário processual (art. 191, CPC),
acordo de escolha do arbitramento como técnica de liquidação (art. 509, I, CPC); adiamento negociado de
audiência (art. 362, I, CPC);

ii- O art. 190 consagrou uma cláusula geral do negócio jurídico processual atípico.

Essa cláusula geral daria permissão para vários negócios jurídicos atípicos, a exemplo dos elencados em
enunciados da I Jornada de Direito Processual Civil do CJF e do FPPC.

ENUNCIADO 18, I Jornada CJF: A convenção processual pode ser celebrada em pacto antenupcial
ou em contrato de convivência, nos termos do art. 190 do CPC.

Enunciado 113, II Jornada CJF: As disposições previstas nos arts. 190 e 191 do CPC poderão ser
aplicadas ao procedimento de recuperação judicial.

Enunciado 152, II Jornada CJF: O pacto de impenhorabilidade (arts. 190, 200 e 833, I) produz
efeitos entre as partes, não alcançando terceiros.

Enunciado 153, II Jornada CJF: A penhorabilidade dos bens, observados os critérios do art. 190
do CPC, pode ser objeto de convenção processual das partes.

Enunciado 128, II Jornada CJF: Exceto quando reconhecida sua nulidade, a convenção das partes
sobre o ônus da prova afasta a redistribuição por parte do juiz.

Enunciado 492, FPPC: (art. 190) O pacto antenupcial e o contrato de convivência podem conter
negócios processuais.

Enunciado 21, FPPC: (art. 190) São admissíveis os seguintes negócios, dentre outros: acordo para
realização de sustentação oral, acordo para ampliação do tempo de sustentação oral, julgamento
antecipado do mérito convencional, convenção sobre prova, redução de prazos processuais.

Enunciado 19, FPPC: (art. 190) São admissíveis os seguintes negócios processuais, dentre outros:
pacto de impenhorabilidade, acordo de ampliação de prazos das partes de qualquer natureza,
acordo de rateio de despesas processuais, dispensa consensual de assistente técnico, acordo
para retirar o efeito suspensivo de recurso, acordo para não promover execução provisória; pacto
de mediação ou conciliação extrajudicial prévia obrigatória, inclusive com a correlata previsão de
exclusão da audiência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto de exclusão
contratual da audiência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto de
disponibilização prévia de documentação (pacto de disclosure), inclusive com estipulação de
sanção negocial, sem prejuízo de medidas coercitivas, mandamentais, sub-rogatórias ou
indutivas; previsão de meios alternativos de comunicação das partes entre si; acordo de
produção antecipada de prova; a escolha consensual de depositário-administrador no caso do
art. 866; convenção que permita a presença da parte contrária no decorrer da colheita de
depoimento pessoal.

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Enunciado 262, FPPC: (arts. 190, 520, IV, 521). É admissível negócio processual para dispensar
caução no cumprimento provisório de sentença.

Enunciado 490, FPPC: (art. 190; art. 81, §3º; art. 297, parágrafo único; art. 329, inc. II; art. 520,
inc.I; art. 848, inc. II). São admissíveis os seguintes negócios processuais, entre outros: pacto de
inexecução parcial ou total de multa coercitiva; pacto de alteração de ordem de penhora; pré-
indicação de bem penhorável preferencial (art. 848, II); pré-fixação de indenização por dano
processual prevista nos arts. 81, §3º, 520, inc. I, 297, parágrafo único (cláusula penal processual);
negócio de anuência prévia para aditamento ou alteração do pedido ou da causa de pedir até o
saneamento (art. 329, inc. II).

Enunciado 580, FPPC: (arts. 190; 337, X; 313, II) É admissível o negócio processual estabelecendo
que a alegação de existência de convenção de arbitragem será feita por simples petição, com a
interrupção ou suspensão do prazo para contestação.

Para saber se é possível ou não um NJ processual, temos de saber qual é seu objeto, isto é, sobre o que o
NJ processual pode versar.

2 - OBJETO DO NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL


O art. 190 permite que as partes:

i- estipulem mudanças no procedimento;

ii- convencionem sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.

Enunciado 257, FPPC: (art. 190) O art. 190 autoriza que as partes tanto estipulem mudanças do
procedimento quanto convencionem sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres
processuais.

Como se sabe, o processo é um procedimento animado por relação jurídica em contraditório. Portanto, dois
dos três conceitos do processo podem ser objeto de pactuação (procedimento e relação jurídica). É uma
autorização, de fato, bem significativa.

Sobre as mudanças do procedimento, existem duas correntes quanto à extensão:

1ª corrente: Daniel Assumpção defende que o art. 190 é bem claro ao vincular a possibilidade de NJ
processual sobre procedimento, desde que essa mudança se dê para ajustar o procedimento às
especificidades da causa.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

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Ex1: em ação de despejo por falta de pagamento, não podem as partes convencionar que o prazo será
contado em quádruplo, pois inexiste especificidade da causa que justifique a estipulação.

Ex2: em causa complexa, a exemplo de uma dissolução parcial de sociedade, com apuração de haveres,
poder-se-ia estipular nesse sentido.

2ª corrente (Didier): a mudança do procedimento pode se dar ainda que o acordo não seja para se ajustar
às especificidades da causa. O art. 190, CPC consagra o respeito ao autorregramento da vontade, que
permite uma negociação ampla quanto ao procedimento.

Didier, por exemplo, acredita ser possível acordo para dispensar caução em execução provisória; para limitar
número de testemunha; para autorizar intervenção de terceiro fora das hipóteses legais, dentre várias
outras.

Se cair em prova de 1ª fase, sugiro adotar a 1ª corrente, pois se trata de interpretação literal do CPC. Se cair
em 2ª fase, discorra a respeito.

Passemos agora, ao negócio processual sobre ônus, faculdades, poderes e deveres processuais. De
antemão, vale relembrarmos os conceitos de ônus, deveres, poderes e faculdades.

Primeiro, colaciono uma questão que já comentamos sobre a diferença entre ônus e dever.

TJMS – Juiz de Direito Substituto/2010: Tendo em vista as posições jurídicas que as partes assumem
no processo, diferencie, em relação a elas, ônus processual de dever processual, e aponte as
consequências processuais para o descumprimento de um e de outro.

Comentários: Eros Roberto Grau, em artigo “Notas sobre a distinção entre Obrigação, Dever e Ônus”,
destaca que coube a Brunetti, autor italiano, a primeira teorização a respeito do ônus. Depois, Von
Thur e Carnelutti discorreram sobre o assunto.

Em linhas gerais, vale dizer que nem todas as normas jurídicas tem caráter imperativo, inserindo-se o
ônus nesse quadrante. Ao seu descumprimento é consequente não a aplicação de uma sanção jurídica
ao sujeito, mas o não alcance de um determinado fim pretendido pelo sujeito. Carnelutti conceitua o
ônus como faculdade cujo exercício é necessário para a realização de um interesse próprio.

Como exemplo, poderíamos citar o ônus do réu de contestar, sob pena de serem consideradas
verdadeiras as alegações feitas na inicial (art. 344, CPC), bem como de, em sua defesa, fazer a
impugnação específica dos fatos aduzidos na petição inicial, sob pena de se tornarem incontroversos
(ônus este não aplicável ao curador especial, advogado dativo, defensor público – art. 341, parágrafo
único). Além disso, tem-se o ônus da prova, isto é, cabe ao autor provar os fatos constitutivos e ao réu
a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 373, CPC).

Em suma, o sujeito tem o ônus de praticar certa conduta. Mas, se não o fizer, não estará incorrendo
em ilícito. Apenas estará prejudicando interesse próprio.

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O dever, por sua vez, está inserido dentro das normas de caráter imperativo. O dever consubstancia
vínculo imposto a um sujeito tendo em vista um interesse alheio. O dever, pois, há de ser
compulsoriamente cumprido, sob pena de sanção jurídica. O seu não atendimento configura
comportamento ilícito.

Como exemplo, citemos os deveres das partes (art. 77, CPC). O não cumprimento do art. 77, IV e VI,
por exemplo, gerará a sanção do ato atentatório à dignidade da justiça, aplicando-se-lhe multa de até
20% do valor da causa.

Por sua vez, a faculdade (facultas agendi) é o direito subjetivo que confere à parte a faculdade de exigir ou
pretender de outrem um determinado comportamento.

A ação, pois, dependerá de sua vontade. Para Caio Mário, faculdade é o poder de vontade.

Pontes de Miranda advertia que o direito subjetivo não é faculdade. É o direito subjetivo que contém a
faculdade. Porque o direito subjetivo é o poder jurídico de ter a faculdade. A faculdade é fática, é meio fático
para a satisfação desse interesse.

Nessa linha, pode-se perceber que a faculdade é a liberdade fática de a parte exercer uma conduta
processual ou não. Quando agir, a parte estará exercendo um poder que lhe foi dado, cujo uso é uma
faculdade.

Quando não agir, a parte poderá sofrer consequências negativas pela sua omissão (ônus) OU não sofrer
nenhuma consequência.

O ônus, portanto, é uma espécie do não exercício de uma faculdade. É a faculdade que, não exercida, enseja
consequências processuais negativas.

Dinamarco25 resume bem essas diferenças:

A liberdade de uma conduta processual é sempre uma faculdade (pura ou não, conforme o caso),
que a parte exercerá conforme queira, caracterizando-se como situação redobradamente ativa
quando seu exercício lhe trouxer direito a uma providência do juiz (poder) e não deixando de ser
o que é ainda quando haja a ameaça de consequências negativas pela omissão”. Nesse contexto,
ônus é o reverso de certas faculdades e se caracteriza pelas consequências desfavoráveis que a
lei associa a algumas delas, tendo a parte “plena liberdade de optar pela conduta ou pela omissão
(daí ser o cumprimento ou descumprimento do ônus uma faculdade), sabendo no entanto que,
omitindo-se, agravará sua situação no processo (daí tratar-se de um ônus).

25
Instituições de Direito Processual Civil. Vol. II. 4ª ed. São Paulo: Malheiros, 2004, p. 203/204.

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Ex: As partes têm a faculdade de recorrer. Não é um ônus, pois se a parte não recorrer, não há nenhum efeito
processual imediato que lhe seja prejudicial.

Isso cai em prova? Sim, claro.

Prova Oral do TJSP: Qual a diferença entre poder, dever, faculdade e ônus? O recurso se enquadra em
qual destes?

A interposição de recurso é uma faculdade. Vide comentários acima.

Voltando ao art. 190, CPC...

Em relação ao NJ processual quanto ao ônus, faculdades, poderes e deveres, não vige a discussão relatada a
respeito do NJ sobre procedimento. A doutrina entende que as convenções sobre ônus, poderes, faculdades
e deveres processuais podem ocorrer, ainda que não seja para se ajustar às especificidades da causa.

Enunciado 258, FPPC: (art. 190) As partes podem convencionar sobre seus ônus, poderes,
faculdades e deveres processuais, ainda que essa convenção não importe ajustes às
especificidades da causa.

A discussão aqui se dá em outro campo, qual seja, a respeito da possibilidade ou não de convenção
processual acerca dos poderes-deveres do juiz e participação do magistrado no negócio jurídico processual.

Parece haver um consenso de que as partes não podem dispensar a exigência do juiz de observar a boa-fé
processual (art. 5º, CPC); o dever de cooperação (art. 6º, CPC – enunciado 6, FPPC); o dever de decidir com
fundamento na legalidade (art. 8º, CPC); o dever de fundamentação (art. 489, §1º, CPC); dever de observar
os precedentes vinculantes (art. 927, CPC26). Nessa linha, o NJ processual também não pode impedir que um
processo possa vir a se tornar um precedente (enunciado 412, FPPC).

Enunciado 37, Enfam: São nulas, por ilicitude do objeto, as convenções processuais que violem
as garantias constitucionais do processo, tais como as que: a) autorizem o uso de prova ilícita; b)
limitem a publicidade do processo para além das hipóteses expressamente previstas em lei; c)
modifiquem o regime de competência absoluta; e d) dispensem o dever de motivação.

Enunciado 6, FPPC: (arts. 5º, 6º e 190) O negócio jurídico processual não pode afastar os deveres
inerentes à boa-fé e à cooperação.

26
Sobre esse artigo, a ENFAM criou um link (corpus 927) em que vocês podem verificar todo o rol de precedentes vinculantes do
art. 927. A consulta é pública, aberta a todos.
http://corpus927.enfam.jus.br/

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Enunciado 412, FPPC: (art. 190) A aplicação de negócio processual em determinado processo
judicial não impede, necessariamente, que da decisão do caso possa vir a ser formado
precedente.

Até aqui tudo bem. Aí que vêm algumas perguntas difíceis.

1ª pergunta: Haveria possibilidade de as partes proibirem o juiz de produzir provas de ofício,


como autoriza o art. 370, CPC?

1ª corrente: As partes não podem dispor de nenhum dos poderes-deveres do juiz, não podendo transigir
quanto ao art. 370, CPC.

Ora, as partes não podem dispor da posição processual da qual não são titulares. Ademais, se as partes
proibirem o juiz de produzir prova de ofício, ele terá de julgar o caso conforme a regra do ônus da prova (art.
373, CPC), podendo prejudicar sobremaneira o princípio da solução justa e integral do mérito (art. 4º, CPC).

Enunciado 36, Enfam: A regra do art. 190 do CPC/2015 não autoriza às partes a celebração de
negócios jurídicos processuais atípicos que afetem poderes e deveres do juiz, tais como os que:
a) limitem seus poderes de instrução ou de sanção à litigância ímproba; b) subtraiam do
Estado/juiz o controle da legitimidade das partes ou do ingresso de amicus curiae; c) introduzam
novas hipóteses de recorribilidade, de rescisória ou de sustentação oral não previstas em lei; d)
estipulem o julgamento do conflito com base em lei diversa da nacional vigente; e e) estabeleçam
prioridade de julgamento não prevista em lei.

2ª corrente (Alexandre Câmara): Entende que é possível, sob o argumento e que há procedimentos que
limitam a cognição judicial, como ocorre no MS e no processo de inventário e partilha.

Em prova, sugiro optar pela 1ª corrente, pois está expressa em enunciado da Enfam27.

2ª pergunta: De alguma forma, o juiz pode participar da convenção processual, mesmo que ela não seja para
dispor sobre algum de seus poderes/deveres?

1ª corrente (Didier): Juiz pode ser sujeito de convenção processual, pois não haveria qualquer prejuízo. Ao
revés, é mais benéfico, pois ele pode fiscalizar imediatamente a validade do negócio. Ademais, existem NJ
plurilaterais típicos com a participação do juiz, a exemplo da execução negociada de sentença que determina
a implantação de política pública.

2ª corrente (Antônio do Passo cabral e Flávio Luiz Yarshell): Juiz não pode ser considerado sujeito de
convenção processual. O STJ, no REsp. 1.738.656/RJ, em obiter dictum, rechaçou tal hipótese, ao dizer que

27
Os alunos perceberão que, muitas vezes, os enunciados da Enfam (criados por Magistrados) restringe mais o âmbito dos NJ
processuais, enquanto os enunciados do FPPC, muitas vezes elaborados por advogados, é mais permissivo e abrangente.

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“(...)os negócios jurídicos processuais atípicos autorizados pelo novo CPC são apenas os bilaterais, isto é,
àqueles celebrados entre os sujeitos processuais parciais”.

Questões interessantes

1ª questão: Se a parte realizar um NJ processual e falecer, o negócio obriga os herdeiros e sucessores?


1ª corrente (Tartuce): Não, pois o art. 426, CC proíbe que um contrato verse sobre herança de pessoa viva
(pacto corvina).

Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.

2ª corrente (doutrina majoritária): sim. As regras a serem aplicadas devem ser de sucessão processual e não
referente ao direito material.

Enunciado 115, FPPC: (arts. 190, 109 e 110) O negócio jurídico celebrado nos termos do art. 190
obriga herdeiros e sucessores.

2ª questão: caso interessante envolvendo herdeiros.

A fixação de determinado valor a ser recebido mensalmente pelo herdeiro a título de


adiantamento de herança não configura negócio jurídico processual atípico na forma do art. 190,
caput, do CPC/2015.

(...) Na hipótese, convencionaram os herdeiros que todos eles fariam jus a uma retirada mensal
para custear as suas despesas ordinárias, a ser antecipada com os frutos e os rendimentos dos
bens pertencentes ao espólio, até que fosse ultimada a partilha, não tendo havido consenso,
contudo, quanto ao exato valor da retirada mensal de um dos herdeiros, de modo que coube ao
magistrado arbitrá-lo.

A conclusão do acórdão proferido por ocasião do julgamento dos embargos de declaração foi de
que a modificação do valor arbitrado judicialmente não seria possível em virtude da convenção
processual que havia sido celebrada entre as partes. Ocorre que a superveniente pretensão do
herdeiro, que busca a majoração do valor que havia sido arbitrado judicialmente em momento
anterior, fundada na possibilidade de aumento sem prejuízo ao espólio e na necessidade de
fixação de um novo valor em razão de modificação de suas condições não está abrangida pela
convenção anteriormente firmada.

Admitir que o referido acordo, que sequer se pode conceituar como um negócio processual puro,
pois o seu objeto é o próprio direito material que se discute e que se pretende obter na ação de
inventário, impediria novo exame do valor a ser destinado ao herdeiro pelo Poder Judiciário,
resultaria na conclusão de que o juiz teria se tornado igualmente sujeito do negócio avençado
entre as partes e, como é cediço, o juiz nunca foi, não é e nem tampouco poderá ser sujeito de
negócio jurídico material ou processual que lhe seja dado conhecer no exercício da judicatura,
especialmente porque os negócios jurídicos processuais atípicos autorizados pelo novo CPC são
apenas os bilaterais, isto é, àqueles celebrados entre os sujeitos processuais parciais.

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Desse modo, a interpretação acerca do objeto e da abrangência do negócio deve ser restritiva,
de modo a não subtrair do Poder Judiciário o exame de questões relacionadas ao direito material
ou processual que obviamente desbordem do objeto convencionado entre os litigantes, sob pena
de ferir de morte o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal e do art. 3º, caput, do novo CPC. REsp
1.738.656-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
03/12/2019, DJe 05/12/2019 (info 663).

3ª questão: É cabível NJ processual em procedimento sumaríssimo (juizados especiais)?

1ª corrente: é autorizado, desde que não ofendam os princípios dos Juizados.

ENUNCIADO 16, I Jornada do CJF: As disposições previstas nos arts. 190 e 191 do CPC poderão
aplicar-se aos procedimentos previstos nas leis que tratam dos juizados especiais, desde que
não ofendam os princípios e regras previstos nas Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009.

Enunciado 413, FPPC: (arts. 190 e 191; Leis 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009). O negócio
jurídico processual pode ser celebrado no sistema dos juizados especiais, desde que observado
o conjunto dos princípios que o orienta, ficando sujeito a controle judicial na forma do parágrafo
único do art. 190 do CPC.

2ª corrente: enunciado 123, Fonaje, que diz ser incabível a calendarização processual (art. 191), podendo
levar à conclusão de que inadmite também negócio jurídico processual (art. 190).

Enunciado 123, Fonaje: O art. 191 do CPC não se aplica aos processos cíveis que tramitam
perante o Juizado Especial.

3 - MOMENTO
Segundo a doutrina, o NJ processual pode ser realizada antes ou durante o processo.

Antes do processo, as partes podem celebrar, por exemplo, o pacto de mediação obrigatória. Antes de irem
ao judiciário, terão de se submeter a uma câmara de mediação. Segundo Gajardoni, a convenção pode ser
elaborada por meio de cláusula contratual ou por meio de instrumento em separado, celebrado
concomitantemente ou posteriormente ao contrato principal.

As partes podem também fazer esse NJ processual durante o processo, ou celebrando o pacto
extrajudicialmente e trazendo em juízo ou formalizando o acordo em audiência mesmo, na presença do juiz
(ex: audiência de instrução e julgamento, audiência de mediação e conciliação etc.).

Ex1: art. 357, §2º, CPC.

Art. 357, § 2o As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual
das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula
as partes e o juiz.

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Ex2: parcela doutrinária defende a possibilidade de as partes, pouco antes do julgamento no tribunal,
negociarem a partilha ou extensão do tempo da sustentação oral.

Corrente contrária, porém, diz que a sustentação oral faz parte da estrutura do julgamento e, portanto, não
pode ter seu prazo ampliado.

Enunciado 41, Enfam: Por compor a estrutura do julgamento, a ampliação do prazo de


sustentação oral não pode ser objeto de negócio jurídico entre as partes.

Sugere-se, em prova seguir esse enunciado. Percebe-se que o enunciado veda a ampliação do prazo, mas
nada diz a respeito de eventual partilha ou diminuição do tempo de sustentação oral.

Poderá haver NJ processual após a publicação da sentença ou acórdão que decide a lide?

Primeiro, é preciso salientar que, no campo do direito material, o STJ28 permite a transação judicial do objeto
litigioso após a publicação da sentença ou do acórdão e submetê-lo à homologação judicial.

E NJ processual, seria possível?

Sim. Há possibilidade de acordo sobre sustentação oral em eventual recurso especial ou extraordinário;
acordo para ambos renunciarem ao prazo recursal, dentre outros. Fredie Didier Jr., Paula e Rafael vão além
e dizem ser possível NJ processual até depois da coisa julgada, dando 5 possibilidades.

1ª possibilidade: negócio jurídico sobre os efeitos da decisão. Por exemplo, é possível renúncia do credor ao
crédito reconhecido judicialmente; é possível que duas pessoas divorciadas se casem novamente.

2ª possibilidade: negócio jurídico sobre exceptio rei judicatae, um pacto para que a parte não alegue a
objeção de coisa julgada.

3ª possibilidade: negócio jurídico sobre direito à rescisão, isto é, as partes acordam sobre a renúncia ao
direito à rescisão da decisão, à semelhança do que podem fazer com o direito ao recurso.

4ª possibilidade: negócio jurídico para afastar a coisa julgada.

1ª corrente: As partes poderiam acordar que determinada questão pudesse ser novamente decidida,
ignorando a coisa julgada anterior e impedindo que o juiz reconheça a coisa julgada de ofício.

28
STJ, REsp. 1.267.525/DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 20/10/2015, info 572.

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2ª corrente (Eduardo José da Fonseca Costa, Andrea Giussani): Não seria possível dispor de um poder do juiz
- poder de reconhecer de ofício a existência da coisa julgada.

Claro que essas possibilidades acima elencadas não são unânimes. Mas, sem dúvida, o NJ processual é o
tema da vez, que está sendo debatido em todos congressos e fóruns.

Portanto, fiquem atentos apenas a essas possibilidades aventadas.

4 – REQUISITOS DE VALIDADE
No Direito Civil (direito material), é famosa a Escada Ponteana construída por Pontes de Miranda, em seu
Tratado de Direito Privado (volumes 3 e 4), no qual descreve quais elementos são imprescindíveis para
existência, validade ou eficácia de um negócio jurídico.

Os civilistas dizem que o art. 104, CC simboliza bem esses três passos:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível,
determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Para a existência do negócio jurídico, necessitaríamos de agente; objeto e forma. Numa 2ª etapa, como
requisitos de validade, teríamos agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e forma
prescrita ou não defesa em lei. No terceiro degrau da escada (3ª etapa), no plano da eficácia, verifica-se se
o negócio jurídico possui alguma condição, termo, encargo; se o inadimplemento gerou juros, multas, perdas
e danos etc.

Vejamos o quadro exposto por Flávio Tartuce29:

Plano da Eficácia
- condição
- termo
- encargo
- consequências do
inadimplemento negocial
(juros, multas, perdas e danos);
- outros elementos

Plano da Validade

29
TARTUCE, Flávio. Teoria Geral dos Contratos e Contratos em Espécie, 8ª Ed. São Paulo: Método, 2013, p. 15.

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- capacidade do agente
- liberdade (da vontade ou
consentimento)
- licitude, possibilidade,
determinabilidade (do objeto)
- adequação das formas

Plano da Existência
- agente
- vontade
- objeto
- forma

São possíveis várias combinações com os requisitos.

É possível haver negócio jurídico existente, inválido e eficaz, a exemplo do NJ anulável (art. 171, CC), que
gera efeitos até ser anulado, a exemplo do casamento anulável celebrado de boa-fé (gera efeitos como
casamento putativo – art. 1.561, CC), bem como do NJ anulável por lesão. Se não for proposta ação anulatória
no prazo decadencial de 2 anos, o negócio será convalidado.

É possível haver negócio existente, válido e ineficaz, a exemplo do contrato celebrado sob condição
suspensiva, que ainda não se implementou (art. 125, CC).

Com o negócio jurídico processual não é diferente. Ele também tem seus pressupostos de existência,
requisitos de validade e condições de eficácia.

Assim, devemos também observar a capacidade do agente/licitude, possibilidade e determinabilidade do


objeto; adequação à forma prescrita em lei e liberdade da manifestação de vontade.

Enunciado 403, FPPC: (art. 190; art. 104, Código Civil) A validade do negócio jurídico processual,
requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou
não defesa em lei.

Vamos por partes!

4.1 - Capacidade do Agente

O art. 190, CPC exige que as partes sejam plenamente capazes para que possam celebrar os NJ processuais
atípicos, mas não diz qual é a capacidade exigida.

Diante disso, como sempre, surgiram correntes divergentes.

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1ª corrente (Didier, Talamini): A capacidade exigida é a capacidade processual, isto é, a capacidade de estar
em juízo independentemente de representação ou assistência. O incapaz, sozinho, não tem capacidade
processual. Contudo, havendo representação processual dos incapazes, estes poderiam sim celebrar negócio
jurídico processual.

Didier ainda destaca que essa capacidade processual para negócio jurídico não se limita apenas ao conceito
de capacidade processual. É possível que o consumidor tenha capacidade processual plena para o processo,
mas incapacidade processual negocial, porquanto é vulnerável na relação jurídica (art. 190, parágrafo único,
CPC).

2ª corrente (Gajardoni, Yarshell, Wambier, Enunciado 38, Enfam): A capacidade exigida é a material. Assim,
os absoluta e relativamente incapazes, mesmo que assistidos ou representados, não poderiam celebrar
negócios jurídicos processuais. Se o fizerem, o NJ processual será nulo.

Enunciado 38, Enfam: Somente partes absolutamente capazes podem celebrar convenção pré-
processual atípica (arts. 190 e 191 do CPC/2015).

CC, Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

Ademais, como diz Assumpção, se a capacidade fosse apenas processual (1ª corrente), essa exigência legal
do art. 190 cairia no vazio, pois todo e qualquer sujeito processual poderia celebrar NJ. E não é assim.

De todo modo, mesmo se o sujeito desse NJ processual for capaz materialmente, mas ocorrer qualquer das
três hipóteses do art. 190, parágrafo único, CPC (nulidade, manifesta vulnerabilidade e inserção abusiva em
contrato de adesão), pode o juiz recusar a aplicação dessa convenção.

Art. 190, Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou
de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta
situação de vulnerabilidade.f

Como se constata a manifesta vulnerabilidade no caso concreto?

Segundo Claudia Lima Marques30, vulnerabilidade significa “uma situação permanente ou provisória,
individual ou coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos, desequilibrando a relação de consumo.
Vulnerabilidade é uma característica, um estado do sujeito mais fraco, um sinal de necessidade de proteção”.

30
MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antônio Herman V.; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. 3. ed.
rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 87.

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No Direito do Consumidor, a vulnerabilidade é norma fundante, constituindo presunção absoluta nas


relações entre consumidor e fornecedor (art. 4º, I, CDC).

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de
seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e
harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº
9.008, de 21.3.1995)

I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;

Cláudia Lima Marques elenca quatro espécies de vulnerabilidade:

i- Vulnerabilidade Informacional: o que caracteriza o consumidor é justamente seu déficit informacional. Às


vezes não é propriamente a falta de informação, mas o fato de que ela ser “abundante, manipulada,
controlada e, quando fornecida, nos mais das vezes, desnecessária”.

ii- Vulnerabilidade Técnica: ausência de conhecimentos específicos sobre o produto ou serviço que o
consumidor adquire ou utiliza. Será presumida para o consumidor não profissional, podendo “atingir
excepcionalmente o profissional destinatário final fático do bem”.

iii- Vulnerabilidade Jurídica ou Científica: consiste na falta de conhecimentos jurídicos acerca dos direitos e
deveres inerentes à relação de consumo. Ela também deve ser “presumida para o consumidor não
profissional e para o consumidor pessoa física”, enquanto que, “quanto aos profissionais e às pessoas
jurídicas, deve-se aceitar apenas excepcionalmente”.

iv- Vulnerabilidade Fática ou Socioeconômica: aquela na qual se vislumbra grande poderio econômico do
fornecedor, em virtude do qual pode exercer superioridade, prejudicando os consumidores.

No CDC, a doutrina diferencia vulnerabilidade e hipossuficiência. Esta estaria ligada ao direito processual,
permitindo a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, CDC).

Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;

Doutro lado, vulnerabilidade se ligaria ao direito material, sendo presumida nas relações de consumo (art.
4º, I, CDC).

Em nossa matéria, no art. 190, CPC, deve-se constatar a vulnerabilidade in concreto, isto é, aquela que
atingiu a formação do NJ.

Ex1: a ausência de assessoramento jurídico é um indício de vulnerabilidade.

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Enunciado 18, FPPC: (art. 190, parágrafo único) Há indício de vulnerabilidade quando a parte
celebra acordo de procedimento sem assistência técnico-jurídica.

Ex2: Segundo Didier, nem sempre o processo consumerista ou trabalhista irão proibir o NJ processual. Deve
o juiz analisar, no caso concreto, se houve essa vulnerabilidade, objetivando sempre manter a paridade de
armas e a igualdade (art. 7º e 139, I, CPC).

Enunciado 131, FPPC: (art. 190; art. 15) Aplica-se ao processo do trabalho o disposto no art. 190
no que se refere à flexibilidade do procedimento por proposta das partes, inclusive quanto aos
prazos.

Advirto que o TST não concorda com esse entendimento. A instrução normativa 39/2016, do TST veda
expressamente a aplicação do art. 190 ao Processo Trabalhista.

Art. 2° Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Trabalho, em razão de inexistência
de omissão ou por incompatibilidade, os seguintes preceitos do Código de Processo Civil: II - art.
190 e parágrafo único (negociação processual).

FCC/DPE-PR – Defensor Público/2017: Vulnerabilidade processual é a suscetibilidade do litigante que


o impede de praticar atos processuais em razão de uma limitação pessoal involuntária. Deste modo,

a) para dirimir a suscetibilidade daquele que foi vulnerável na relação de direito material, o magistrado
poderá em qualquer momento processual afastar de ofício a cláusula de eleição de foro.

b) reconhecendo a vulnerabilidade da mulher em face do homem na relação conjugal, sendo ainda


uma realidade brasileira a sua submissão a práticas familiares patriarcais, o novo CPC manteve a
prerrogativa do foro da esposa para ações de divórcio.

c) apesar de o novo CPC não conceituar o termo vulnerabilidade, tal vocábulo aparece no diploma em
dispositivo que versa sobre a possibilidade de o juiz controlar a convenção das partes acerca de
alteração em procedimento.

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d) verificada a suscetibilidade de umas das partes em face da outra, não poderá o magistrado dilatar
os prazos processuais em benefício dela, pois deve assegurar às partes igualdade de tratamento.

e) há regra específica para a superação da vulnerabilidade geográfica a qual prevê que na comarca,
seção ou subseção judiciária, onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até um
mês.

Comentários: A alternativa A está incorreta. Não é a qualquer tempo, há preclusão. Art. 63. As partes
podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta
ação oriunda de direitos e obrigações. § 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva,
pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro
de domicílio do réu. § 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro
na contestação, sob pena de preclusão.

A alternativa B está incorreta. NCPC aboliu essa prerrogativa. Art. 53. É competente o foro: I - para a
ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;

A alternativa C está correta. Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam
autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para
ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres
processuais, antes ou durante o processo. Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz
controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos
casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre
em manifesta situação de vulnerabilidade.

A alternativa D está incorreta. O magistrado pode sim dilatar os prazos em favor da parte vulnerável.
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) VI -
dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às
necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;

A alternativa E está incorreta. Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o
transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses. § 1o Ao juiz é vedado reduzir
prazos peremptórios sem anuência das partes. § 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto
no caput para prorrogação de prazos poderá ser excedido.

A Fazenda Pública pode celebrar NJ processual?

Sim.

Enunciado 17, I Jornada, CJF: A Fazenda Pública pode celebrar convenção processual, nos termos
do art. 190 do CPC.

Enunciado 256, FPPC: A Fazenda Pública pode celebrar negócio jurídico processual.

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Poder-se-ia questionar dizendo que os interesses da Fazenda Pública são públicos e, portanto, indisponíveis.

Mas isso é uma inverdade. Já vimos que há interesse público primário (sobre o qual não cabe qualquer
disposição) e interesse público secundário (sobre o qual poderia haver algum poder de disposição).

Assim, parcela da doutrina tem sustentado a inexistência de supremacia abstrata do interesse público sobre
o privado, exigindo a ponderação de interesses para resolver eventual conflito, especialmente pelos
seguintes argumentos:

a) o texto constitucional, em diversas passagens, partindo da dignidade da pessoa humana, protege a esfera
individual (ex.: arts. 1.º, 5.º etc.), não sendo lícito afirmar, a partir da interpretação sistemática das normas
constitucionais, a existência de uma prevalência em favor do interesse público;

b) indeterminabilidade abstrata e objetiva do “interesse público”, o que contraria premissas decorrentes da


ideia de segurança jurídica;

c) o interesse público é indissociável do interesse privado, uma vez que ambos são consagrados na
Constituição e os elementos privados estariam incluídos nas finalidades do Estado, como se percebe, v.g., a
partir da leitura do preâmbulo e dos direitos fundamentais; e

d) incompatibilidade da supremacia do interesse público com postulados normativos consagrados no texto


constitucional, notadamente os postulados da proporcionalidade e da concordância prática.

Ademais, mesmo que o direito seja indisponível, a Fazenda ainda assim poderia negociar sobre o
procedimento ou sobre ônus, poderes, deveres, faculdades.

Enunciado 135, FPPC: A indisponibilidade do direito material não impede, por si só, a celebração
de negócio jurídico processual.

Em arremate, vale dizer que, nessa linha, já existem permissões legais de a Administração participar de
arbitragem, o que denota uma possibilidade de a Fazenda Pública negociar sobre alguns aspectos do
processo.

Também é interessante mencionar que a Lei 10.522, de 2002, que trata sobre o cadastro Informativo dos
créditos não quitados de órgãos e entidades federais, foi alterada em 2019 para passar a prever
expressamente a possibilidade de negócio jurídico pelo Poder Público, conforme se observa dos §§ 12 e 13
do art. 19 dessa lei:

Art. 19, § 12. Os órgãos do Poder Judiciário e as unidades da Procuradoria-Geral da Fazenda


Nacional poderão, de comum acordo, realizar mutirões para análise do enquadramento de
processos ou de recursos nas hipóteses previstas neste artigo e celebrar negócios processuais
com fundamento no disposto no art. 190 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) (Vide Lei nº 14.057, de 2020)

§ 13. Sem prejuízo do disposto no § 12 deste artigo, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional


regulamentará a celebração de negócios jurídicos processuais em seu âmbito de atuação,

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inclusive na cobrança administrativa ou judicial da dívida ativa da União. (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)

Outros exemplos:
i- Um Estado pode celebrar NJ processual com outro Estado para cooperação entre procuradorias jurídicas
(art. 75, §4º, CPC).

Enunciado 383, FPPC: (art. 75, §4º) As autarquias e fundações de direito público estaduais e
distritais também poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato processual por
seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante convênio firmado pelas
respectivas procuradorias.

ii- É possível celebração de acordo ou tratado internacional para dispensar caução (art. 83, §1º, I, CPC).

Art. 83. O autor, brasileiro ou estrangeiro, que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país
ao longo da tramitação de processo prestará caução suficiente ao pagamento das custas e dos
honorários de advogado da parte contrária nas ações que propuser, se não tiver no Brasil bens
imóveis que lhes assegurem o pagamento.

§ 1o Não se exigirá a caução de que trata o caput:

I - quando houver dispensa prevista em acordo ou tratado internacional de que o Brasil faz parte;

iii- o MP pode celebrar NJ processual dentro de uma demanda em que atua como parte, a exemplo do termo
de ajustamento de conduta (TAC) em uma demanda coletiva.

Enunciado 253, FPPC: (art. 190; Resolução n. 118/CNMP) O Ministério Público pode celebrar
negócio processual quando atua como parte.

Ainda, a intervenção do MP como fiscal da ordem jurídica não impede a celebração de NJ processuais.

Enunciado 112, II Jornada CJF: A intervenção do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica
não inviabiliza a celebração de negócios processuais.

iv- Enunciados:

Enunciado 30, FNPP (art. 190, do CPC/15) É cabível a celebração de negócio jurídico processual
pela Fazenda Pública que disponha sobre formas de intimação pessoal.

Enunciado 100 do Fórum Nacional do Poder Público: É possível a celebração de negócio jurídico
processual versando sobre os meios de efetivação de políticas públicas em juízo.

Enunciado 579, FPPC: Admite-se o negócio processual que estabeleça a contagem dos prazos
processuais dos negociantes em dias corridos.

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Enunciado 9, FNPP: A cláusula geral de negócio processual é aplicável à execução fiscal.

Enunciado 10, FNPP: É possível a calendarização dos atos processuais em sede de execução fiscal
e embargos.

Enunciado 52 FNPP: O órgão de direção da advocacia pública pode estabelecer parâmetros para
a fixação de calendário processual.

Em sentido oposto, Leonardo da Cunha entende incabível a celebração de NJP nos casos:

i- que imponha remessa necessária, porque a remessa necessária está sujeita à reserva legal, estando
afastada do âmbito de disponibilidade das partes;

ii- que afaste a exigência de precatório ou a sua submissão à observância da ordem cronológica de
pagamentos prevista no art. 100 da Constituição Federal;

iii- que afaste o pagamento de RPV;

Enunciado 102, FNPP: É inválido negócio processual para afastar o pagamento das dívidas
judiciais por precatório ou requisição de pequeno valor.

Nesses casos, a invalidade decorre da ilicitude do objeto do negócio.

Em complemento, Alexandre Freitas Câmara31 também traça limites à entabulação dos negócios jurídicos no
seguinte sentido:

O negócio jurídico processual também não pode afastar posições jurídicas que sejam inerentes
ao modelo processual adotado no Brasil, como se daria, por exemplo, com um negócio jurídico
processual que dispensasse o contraditório ou a boa-fé (FPPC, enunciado 6: “O negócio
processual não pode afastar posições jurídicas que sejam inerentes àboa-fé e cooperação”). Do
mesmo modo, não se admite negócio jurídico processual destinado a excluir a intervenção
obrigatória do Ministério Público no processo (FPPC, enunciado 254), ou a intervenção do amicus
curiae (FPPC, enunciado 392).

O advogado precisa de poderes especiais para celebrar NJ processual?

O enunciado 114, FPPC, previa a exigência de poder especial para celebração do NJ processual
genericamente.

31
CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. 3.ed.- São Paulo: Atlas, 2017.

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Enunciado 114, FPPC: A celebração de negócio jurídico processual, pelo advogado em nome da
parte, exige a outorga de poder especial.

Todavia, esse enunciado foi cancelado. Desse modo, tem-se que, atualmente, o advogado apenas precisará
de poderes especiais naqueles casos do art. 105, CPC. Ora, se o NJ processual acarretar em alguma dessas
situações do art. 105, aí sim necessitará de tal documento.

Art. 105. A procuração geral para o foro, outorgada por instrumento público ou particular
assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, exceto receber
citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito
sobre o qual se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de
hipossuficiência econômica, que devem constar de cláusula específica.

4.2 – Vontade ou Consentimento Livre

A manifestação de vontade livre é requisito fundamental dos negócios jurídicos.

O consentimento pode ser:

a) expresso: verbal ou escrito (forma pública ou particular);

b) tácito: resultante do comportamento implícito do sujeito que denote concordância.

O silêncio pode ser esse comportamento implícito que importe consentimento?

Para responder, devemos aplicar o art. 111, CC.

Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não
for necessária a declaração de vontade expressa.

Desse dispositivo, conclui-se que não vale aquele ditado “quem cala, consente”. O silêncio só importa em
anuência quando as circunstâncias ou usos permitirem. Assim, devem ser cumpridos esses requisitos para
que o simples silêncio seja interpretado como consentimento.
Ademais, devemos destacar ainda os artigos 112, 113 e 114, CC, aplicáveis ao Processo Civil.

Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que
ao sentido literal da linguagem.

Enunciado 404, FPPC: (art. 190; art. 112, Código Civil) Nos negócios processuais, atender-se-á
mais à intenção consubstanciada na manifestação de vontade do que ao sentido literal da
linguagem.

O artigo, seguido pelo enunciado, consagra a teoria subjetiva da interpretação dos contratos, já que há
sempre a busca da real intenção das partes no negócio celebrado.

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Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de
sua celebração.

Enunciado 405, FPPC: (art. 190; art. 113, Código Civil) Os negócios jurídicos processuais devem
ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

Esse comando, segundo Tartuce, vai ao encontro dos princípios eticidade e sociabilidade, dois dos três
fundamentais na construção do novo Código Civil.

Primeiro, a interpretação deve favorecer aquele que se portou com base na ética da colaboração e lealdade
(boa-fé objetiva).

O segundo princípio exige que a interpretação do NJ seja feita de acordo com o meio social e as práticas
habituais naquele ambiente, bem como a prática habitual entre as partes.

Enunciado 409, V Jornada de Direito Civil CJF: Os negócios jurídicos devem ser interpretados não
só conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração, mas também de acordo com as
práticas habitualmente adotadas entre as partes.

A lei, às vezes, já opta quem será beneficiado com a interpretação mais favorável, presumindo que aquela
parte está com maior boa-fé objetiva.

CDC, Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao
consumidor.

CC, Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-
se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.

Enunciado 408, FPPC: (art. 190; art. 423, Código Civil) Quando houver no contrato de adesão
negócio jurídico processual com previsões ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a
interpretação mais favorável ao aderente.

Vale destacar que o art. 113 é importantíssimo na consagração da boa-fé objetiva. Civilistas dizem que a boa-
fé objetiva possui três funções: integrativa (art. 424, CC); limitadora (art. 187, CC) e interpretativa (art. 113,
CC).

Aproveitando a menção à boa-fé objetiva, imprescindível destacar que, da mesma forma que no Direito Civil,
nos NJ processuais, as partes devem agir de acordo com a boa-fé objetiva antes, durante e depois das
tratativas.

Enunciado 407, FPPC: (art. 190; art. 5º; art. 422, Código Civil) Nos negócios processuais, as partes
e o juiz são obrigados a guardar nas tratativas, na conclusão e na execução do negócio o princípio
da boa-fé.

Por fim, vale transcrever o art. 114, CC que, certamente, poderá ser aplicado aos negócios jurídicos
processuais.

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Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.

Enunciado 406, FPPC: (art. 190; art. 114, Código Civil) Os negócios jurídicos processuais benéficos
e a renúncia a direitos processuais interpretam-se estritamente.

Não havendo consentimento nenhum, aqueles que são adeptos da teoria da inexistência do negócio jurídico
defendem a possibilidade de manejar ação declaratória de inexistência do negócio jurídico. Outra corrente
(majoritária) entende que seria melhor manejar ação constitutiva negativa, alegando nulidade absoluta ou
relativa.

Havendo manifestação de vontade, mas viciada, teremos os vícios do consentimento que, em regra, geram
nulidade relativa.

A doutrina divide os vícios ou defeitos do negócio jurídico em vícios da vontade (atingem o consentimento)
e vícios sociais (possuem repercussão social relevante).

Vícios da vontade ou do consentimento:


- Erro (arts. 138 a 144, CC)
-Dolo (arts. 145 a 150, CC)
- Coação (arts. 151 a 155, CC)
- Estado de perigo (art. 156, CC) - novidade
- Lesão (art. 157, CC) - novidade

Vícios ou Defeitos dos NJ

Vícios sociais
- Simulação (art. 167, CC) - existe debate se
ainda constitui vício social
- Fraude contra credores (art. 158 a 165, CC)

Enunciado 132, FPPC: (art. 190) Além dos defeitos processuais, os vícios da vontade e os vícios
sociais podem dar ensejo à invalidação dos negócios jurídicos atípicos do art. 190.

Os vícios de consentimento são, em regra, anuláveis. São anuláveis os NJ viciados por erro, dolo, coação
moral/psicológica, estado de perigo, lesão.

São nulos os NJ viciados pela coação física.

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Os vícios sociais, por sua vez, geram nulidade, quando existente a simulação. Ao revés, quando incidente a
fraude contra credores, temos anulabilidade.

4.3 – Objeto Lícito, Possível e Determinável

Já dissemos que o objeto do negócio jurídico processual versará, consoante art. 190, CPC, sobre
procedimento e posições processuais das partes (poderes, deveres, ônus e faculdade).

E, conforme art. 104, II, CC, o objeto do negócio jurídico deve ser lícito, possível e determinado ou
determinável. Se não houver cumprimento desse requisito, o negócio jurídico será viciado, inquinado de
nulidade.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu
objeto;

Enunciado 403, FPPC: (art. 190; art. 104, Código Civil) A validade do negócio jurídico processual,
requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou
não defesa em lei.

Objeto lícito: a composição acerca do procedimento e das posições jurídicas das partes deverá versar sobre
algo permitido pelo ordenamento OU não vedado pelo ordenamento, já que no direito privado, tudo que
não é proibido é permitido – art. 5º, II, CRFB32.

Ex1: são nulos NJ que permitem a tortura no depoimento; a utilização de prova ilícita;

Ex2: são nulos NJ que pactuem que o processo correrá em segredo de justiça. A publicidade é exigência
constitucional (art. 5o, X e art. 93, IX, CRFB c/c art. 8o, 11 e 189, CPC).

Ex3: Enunciado 254, FPPC.

Enunciado 254, FPPC: (art. 190) É inválida a convenção para excluir a intervenção do Ministério
Público como fiscal da ordem jurídica.

Ex4: Enunciado 20, FPPC.

Enunciado 20, FPPC: (art. 190) Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre
outros: acordo para modificação da competência absoluta, acordo para supressão da primeira

32
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Certo é que tal liberdade pode ser
restringida, tendo em vista que o Processo Civil é ramo do direito público, que regulamenta o exercício de um dos poderes do
Estado (Jurisdicional). Portanto, sendo regido pelo interesse público na solução justa e efetiva das lides. Aliás, como pontuou
Barbosa Moreira, “não se poderia reconhecer à autonomia da vontade, no campo processual, atuação tão ampla como a que se
lhe abre o terreno privatístico”.

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instância, acordo para afastar motivos de impedimento do juiz, acordo para criação de novas
espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de cabimento de recursos.

Objeto possível: O NJ processual deve ser possível faticamente e juridicamente.

Ex1: impossibilidade fática → No Direito Civil, diz que um NJ é impossível quando o objeto não pode ser
apropriado por alguém (ex: compra e venda da lua) ou não pode ser satisfeita por alguma razão (obrigação
de cruzar o oceano atlântico a nado). No Processo Civil, pode-se pensar em qualquer coisa teratológica, a
exemplo de NJ processual para que o processo dure apenas 3 dias.

Ex2: impossibilidade jurídica → No Direito Civil, são aqueles cujo objeto é vedado pelo ordenamento jurídico.
No Processo Civil, pode-se pensar no NJ processual que exclua o dever de boa-fé das partes (art. 5º, CPC).

Enunciado 6, FPPC: (arts. 5º, 6º e 190) O negócio jurídico processual não pode afastar os deveres
inerentes à boa-fé e à cooperação.

Objeto determinado ou determinável: Deve-se ter em vista um processo atual ou futuro, isto é, um processo
determinado ou, ao menos, determinável.

Ex: um NJ processual que diga que qualquer conflito que surgir entre as partes se regerá por esse ou aquele
procedimento, com essas e aquelas peculiaridades.

4.4 – Forma prescrita ou não defesa (não proibida) em lei

Em regra, a forma é livre (art. 188, CPC e art. 107, CC).

CPC, Art. 188. Os atos e os termos33 processuais independem de forma determinada, salvo
quando a lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo,
lhe preencham a finalidade essencial.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando
a lei expressamente a exigir.

Assim, segundo parcela doutrinária, seria possível negócio jurídico processual oral, escrito, expresso, tácito
etc., pois não há exigência legal em várias hipóteses. Contudo, vale salientar que enunciado n. 39 da Enfam
é contra o NJ pactuado na forma oral.

33
Termo, segundo Pedro Henrique Nogueira (CPC Comentado, organizado por Didier, Teresa Arruda Alvim, Bruno Dantas e
Eduardo Talamini), é a denominação que pode ser dada à formalização escrita de atos processuais praticados pelo escrivão ou
chefe de secretaria. Ex: termo de juntada de petição, termo de recebimento de documentos.
Para uma corrente, a acepção estrita de “termo” deveria envolver o escrivão ou chefe de secretaria como sujeito exclusivo da
execução do ato.
Para outra corrente, termo poderia ser compreendido num sentido mais amplo, para designar o escrito público e autêntico lavrado
por oficial ou serventuário do juízo para comprovar um ato processual e documenta-lo no procedimento.

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Enunciado 39, Enfam: Não é válida convenção pré-processual oral (art. 4º, § 1º, da Lei n.
9.307/1996 e 63, § 1º, do CPC/2015).

Se houver forma prevista em lei (ou proibida por lei) e essa norma for descumprida, o NJ será nulo.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for
preterida alguma solenidade34 que a lei considere essencial para a sua validade;

Para maiores considerações, remeto os leitores ao item sobre o princípio da liberdade das formas.

5 - VÍCIOS
Para verificar as situações de nulidade ou anulabilidade do NJ processual, Didier elabora algumas regras
gerais.

1 – In dúbio, pro libertate

Frisa-se que, na dúvida, deve-se optar pela preservação da manifestação de vontade das partes. Como já
dito, o art. 190, CPC consagrou o princípio do autorregramento da vontade. Ademais, esse in dubio pro
libertate iria ao encontro da defesa da preservação dos contratos, na linha do enunciado 22, I Jornada de
Direito Civil do CJF:

Enunciado 22, I Jornada de Direito Civil do CJF: a função social do contrato, prevista no art. 421,
CC, constitui cláusula geral, que reforça o princípio da conservação dos contratos, assegurando
trocas úteis e justas.

2 – Há possibilidade de negociação atípica apenas naqueles casos em que é possível a autocomposição

O art. 190 é expresso em reproduzir essa regra.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

34
Veja que o inciso IV fala em forma e o inciso V fala em solenidade. Os civilistas diferenciam os institutos, dizendo que solenidade
significa a necessidade de ato público (ex: escritura pública), enquando formalidade significa exigência de qualquer forma prevista
em lei. Assim, formalidade seria gênero, do qual seria espécie a solenidade.
De toda forma, não haverá diferença. O NJ será nulo do mesmo jeito.

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Assumpção elogia a redação, pois há casos de direitos indisponíveis, mas que, mesmo assim, admitem
autocomposição. Nesses casos, não haveria autocomposição sobre o direito material, mas sim sobre as
formas de exercício do direito, modos e momentos de cumprimento da obrigação.

Enunciado 135, FPPC: (art. 190) A indisponibilidade do direito material não impede, por si só, a
celebração de negócio jurídico processual.

A exemplo, na tutela coletiva, os direitos são indisponíveis, mas é possível autocomposição quanto à forma
de cumprimento da obrigação (ex: Termo de Ajustamento de Conduta).

Enunciado 255, FPPC: (art. 190) É admissível a celebração de convenção processual coletiva.

Enunciado 253, FPPC: (art. 190; Resolução n. 118/CNMP) O Ministério Público pode celebrar
negócio processual quando atua como parte.

A participação do MP nos processos que estiverem previstos no art. 178, CPC não está no âmbito da livre
disponibilidade entre as partes e o juiz. Ao MP incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático
e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127, CRFB), não podendo se escusar desse dever
constitucional.

Enunciado 254, FPPC: (art. 190) É inválida a convenção para excluir a intervenção do Ministério
Público como fiscal da ordem jurídica.

A possibilidade de autocomposição é requisito para os negócios processuais atípicos, com base no art. 190,
CPC. Contudo, para o calendário processual (NJ típico previsto no art. 191, CPC), não é necessária a
possibilidade de autocomposição.

Enunciado 494, FPPC: (art. 191) A admissibilidade de autocomposição não é requisito para o
calendário processual.

3 – Os dispositivos acerca da licitude ou não do NJ privado aplicam-se ao NJ processual

Se não atender aos requisitos gerais do art. 104, CC, bem como àqueles específicos do art. 190, CPC, o
negócio jurídico processual será nulo ou anulável. Nessa parte, a teoria que vocês aprendem no Direito Civil
serve para o Direito Processual Civil.

Inclusive, se houver alguma das hipóteses do art. 166 (NJ nulo), 167 (simulação), CC, o NJ será considerado
nulo (nulidade absoluta). E, se houver a incidência do art. 171, CPC, o NJ será anulável (nulidade relativa).

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II -
for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a
ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma
solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei
imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

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Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem
conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou
transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os
instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2o Ressalvam-se os direitos de
terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.

Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por
incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo,
lesão ou fraude contra credores.

Inclusive, o próprio art. 142, CPC coíbe a simulação, um dos vícios do negócio jurídico.

CPC, Art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo
para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça
os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé.

Enunciado 410, FPPC: (art. 190 e 142) Aplica-se o Art. 142 do CPC ao controle de validade dos
negócios jurídicos processuais.

nulidade absoluta
ou nulidade
Invalidade
nulidade relativa ou
anulabilidade

Flávio Tartuce faz o seguinte quadro:

NULIDADE ABSOLUTA NULIDADE RELATIVA

Hipóteses:
Hipóteses:
- negócio celebrado por absolutamente incapaz
(art. 3º, CC), sem a devida representação; - Negócio celebrado por relativamente incapaz
(art. 4º, CC), sem a devida assistência;
- objeto ilícito, impossível, indeterminado ou
indeterminável; - Quando houver vício acometendo o NJ: erro,
dolo, coação moral/psicológica, estado de
- motivo a ambas as partes for ilícito;
perigo, lesão e fraude contra credores.
- desrespeito à forma ou preterida solenidade;
- Lei prevê a anulabilidade.
- Objetivo do negócio de fraude à lei;

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- Lei prevê a nulidade absoluta (nulidade


textual) ou proíbe o ato sem cominar sanção
(nulidade virtual);
Negócio simulado, incluída a reserva mental;
- presença de coação física (vis absoluta)

Efeitos e Procedimentos Efeitos e Procedimentos


- Nulidade absoluta (nulidade); - Nulidade relativa (anulabilidade);
- Ação declaratória de nulidade, imprescritível; - Ação anulatória, com previsão de prazos
decadenciais;
- Não pode ser suprida nem sanada, inclusive
pelo juiz. Exceção: conversão do negócio - Pode ser suprida, sanada, inclusive pelas
jurídico (art. 170, CC); partes (convalidação livre);
- O MP pode intervir na ação de nulidade - O MP não pode intervir ou propor ação
absoluta, inclusive promovendo a demanda; anulatória, somente os interessados;
- Cabe decretação de ofício pelo juiz; - Não cabe decretação de ofício pelo juiz;
- Sentença de ação declaratória tem efeitos - Sentença da ação anulatória tem efeitos inter
erga omnes (contra todos) e ex tunc partes (entre partes) e ex nunc (não retroativos)
(retroativos). – segundo a maioria da doutrina.

Assim, percebe-se que somente é possível negociar comportamentos lícitos.

Ex1: são nulos NJ que permitem a tortura no depoimento; a utilização de prova ilícita.

Ex2: podem ser invalidados os NJ processuais celebrados com vícios da vontade e vícios sociais.

Enunciado 132, FPPC: (art. 190) Além dos defeitos processuais, os vícios da vontade e os vícios
sociais podem dar ensejo à invalidação dos negócios jurídicos atípicos do art. 190.

Obs1: É possível que haja invalidade total (atingindo todo o negócio jurídico) e invalidade parcial.

Enunciado 134, FPPC: (Art. 190, parágrafo único) Negócio jurídico processual pode ser invalidado
parcialmente.

Se houver invalidade parcial, podemos aplicar o art. 184, CC:

Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o
prejudicará.

Obs2: Se houver a constatação de nulidade absoluta ou relativa, deve o juiz efetivar o contraditório prévio
antes de decidir.

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Enunciado 259, FPPC: (arts. 190 e 10). A decisão referida no parágrafo único do art. 190 depende
de contraditório prévio.

E, na análise da necessidade de se decretar a nulidade (absoluta ou relativa), o juiz necessariamente deve se


valer daquele famoso adágio “pas de nullitté sans grief”, isto é, não decretará a nulidade se perceber que
não houve prejuízo.

Enunciado 16, FPPC: (art. 190, parágrafo único) O controle dos requisitos objetivos e subjetivos
de validade da convenção de procedimento deve ser conjugado com a regra segundo a qual não
há invalidade do ato sem prejuízo.

Enunciado 42, Enfam: Não será declarada a nulidade sem que tenha sido demonstrado o efetivo
prejuízo por ausência de análise de argumento deduzido pela parte.

4 – Quando a lei regular um NJ, ela deve delimitar os seus contornos

É ilícito um NJ processual que estipule um foro de eleição versando sobre competência absoluta (MPF –
matéria, pessoa e função), já que o art. 63 permite apenas para competência relativa.

Ainda, as partes não podem acordar a supressão do juízo de 1o grau.

Enunciado 20, FPPC: (art. 190) Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre
outros: acordo para modificação da competência absoluta, acordo para supressão da primeira
instância, acordo para afastar motivos de impedimento do juiz, acordo para criação de novas
espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de cabimento de recursos.

5 – Quando a matéria for de reserva legal, NJ processual sobre essa matéria é ilícito
Didier dá o exemplo do recurso, que segue o princípio da taxatividade (art. 994, CPC). Não se pode, portanto,
criar recurso por NJ processual, tampouco alterar as regras de cabimento.
6 - Não é possível NJ processual que visa a afastar regra processual que sirva à proteção de direito indisponível

Não é possível NJ, por exemplo, para afastar a intimação obrigatória do MP, nos casos em que a lei reputa
obrigatória (art. 178, CPC).

Ademais, não se admite pactuação para que o processo corra em segredo de justiça. A publicidade é
exigência constitucional (art. 5o, X e art. 93, IX, CRFB c/c art. 8o, 11 e 189, CPC).

7 – É possível NJ processual em contrato de adesão, desde que não seja abusivo


Tanto é possível que o art. 190, parágrafo único, CPC diz que o juiz controlará a validade em contratos de
adesão apenas quando houver inserção abusiva. Portanto, a regra é que pode em contratos de adesão, salvo
se essa previsão for abusiva, se onerar excessivamente o aderente.

8 – No NJ processual, as partes podem prever outros deveres e sanções, distintos do rol legal, para o caso de
descumprimento

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Enunciado 17, FPPC: (art. 190) As partes podem, no negócio processual, estabelecer outros
deveres e sanções para o caso do descumprimento da convenção.

Isso comprova a autonomia do NJ processual em relação ao eventual negócio jurídico em que essa
convenção processual estiver inserta.

Enunciado 409, FPPC: (art. 190; art. 8º, caput, Lei 9.307/1996) A convenção processual é
autônoma em relação ao negócio em que estiver inserta, de tal sorte que a invalidade deste não
implica necessariamente a invalidade da convenção processual.

6 - EFICÁCIA
Em regra, os negócios jurídicos processuais produzem efeitos imediatamente, seguindo o disposto no art.
200, CPC.

Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade
produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.

Enunciado 261, FPPC: (arts. 190 e 200) O art. 200 aplica-se tanto aos negócios unilaterais quanto
aos bilaterais, incluindo as convenções processuais do art. 190.

Assim, em regra, o negócio jurídico processual não precisará passar pela homologação judicial para produzir
efeitos.

Enunciado 133, FPPC: (art. 190; art. 200, parágrafo único) Salvo nos casos expressamente
previstos em lei, os negócios processuais do art. 190 não dependem de homologação judicial.

Porém, há casos em que a lei exige a homologação judicial para a produção de efeitos.

Enunciado 115: O negócio jurídico processual somente se submeterá à homologação quando


expressamente exigido em norma jurídica, admitindo-se, em todo caso, o controle de validade
da convenção.

Ex1: desistência da demanda (art. 200, parágrafo único);

Art. 200, Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.

Ex2: organização consensual do processo (art. 357,2º, CPC);

Art. 357, § 2o As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação consensual
das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e IV, a qual, se homologada,
vincula as partes e o juiz.

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Nesses casos, a produção de efeitos só ocorrerá depois da homologação do juízo, sendo esta uma condição
de eficácia do negócio.

Enunciado 260, FPPC: (arts. 190 e 200) A homologação, pelo juiz, da convenção processual,
quando prevista em lei, corresponde a uma condição de eficácia do negócio.

Por isso que o STJ35 já entendeu possível o autor se retratar do pedido de desistência antes da homologação
pelo juízo.
Ainda, vale lembrar que se já tiver sido oferecida a contestação, o autor não poderá, sem consentimento do
réu, desistir da ação (art. 485, §4º, CPC). E essa recusa do réu deve ser justificada, segundo STJ 36. Se for
injustificada, o juiz pode suprir sua concordância e homologar a desistência.
Atenção! Se é a lei que exige a homologação, os negócios jurídicos atípicos, com base no art. 190, CPC, não
precisarão de homologação judicial.
Como a liberdade é ampla no NJ processual, as partes também podem expressamente modular a eficácia do
negócio, com a inserção de uma condição ou de um termo. Leonardo Greco fornece o exemplo das partes
que dispensam a prova testemunhal, caso o perito esclareça o fato.

Qual o recurso cabível se o juiz não homologar ou recusar a aplicação de um NJ processual?

A doutrina tem defendido o cabimento do agravo de instrumento, por aplicação analógica do art. 1.015, III,
CPC.

Art. 1.015, III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem.

Como o NJ é formado pela conjunção de vontades entre as partes, se passarem a discordar, as partes podem
efetuar um distrato (art. 472, CC).

Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

Enunciado 411, FPPC: (art. 190) O negócio processual pode ser distratado.

Entretanto, se o NJ processual tiver sido homologado, para haver distrato, precisará de novo de uma
homologação.

35
STJ, AgRg no MS 18.448/DF, Rel. Min. Herman Benjamin, d.j. 27/06/2012.
36
No REsp. 1.318.558/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 4/6/2013, o STJ entendeu que houve justificativa razoável, pois o réu afirmou
que possuía interesse no julgamento de mérito da demanda. Afirmou-se “Nesse contexto, deve-se considerar que a sentença de
improcedência interessa muito mais ao réu do que a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito, haja vista que,
em decorrência da formação da coisa julgada material, o autor estará impedido de ajuizar outra ação com o mesmo fundamento
em face do mesmo réu”.

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Enunciado 495, FPPC: (art. 200) O distrato do negócio processual homologado por exigência legal
depende de homologação.

É possível aplicar a teoria da onerosidade excessiva, resolução e revisão no NJ processual?

A doutrina tem dito que sim (aplicação dos arts. 478 e 379, CC), mas é tema ainda incipiente, sem enunciados
e jurisprudência a respeito. Vamos aguardar.

Se houver o inadimplemento, como ele deverá ser reconhecido?

O juiz não pode reconhecer de ofício. Precisará de um pedido da parte.

Enunciado 252, FPPC: (art. 190) O descumprimento de uma convenção processual válida é
matéria cujo conhecimento depende de requerimento.

É o mesmo entendimento para a impossibilidade de o juiz reconhecer de ofício competência relativa (súmula
33, STJ) e existência de convenção de arbitragem.

Art. 337, § 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá


de ofício das matérias enumeradas neste artigo.

Se a parte não alegar, ocorre a prorrogação de competência relativa em razão da não alegação da parte (art.
65, CPC), bem como ocorrerá a adesão à jurisdição estatal pela não alegação da existência de convenção de
arbitragem (art. 337, 6º, CPC).

NJ firmado antes de 18/03/2016 já poderia produzir efeitos ainda na vigência do CPC/73?

1a corrente (Didier): defende que mesmo na vigência do CPC/73 era possível o NJ processual atípico, com
fulcro no art. 158, CPC/73.

CPC/73, Art. 158. Os atos das partes, consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de
vontade, produzem imediatamente a constituição, a modificação ou a extinção de direitos
processuais.

Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeito depois de homologada por sentença.

Desse modo, totalmente possível NJ firmado antes produzir efeitos naquela data e continuar produzindo
efeitos agora.

2a corrente (Doutrina majoritária): defende que o NJ firmados na vigência do CPC/73 deve produzir efeitos
apenas após o início da vigência do NCPC, pois se trata de novidade em nosso sistema.

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Enunciado 493, FPPC: (art. 190) O negócio processual celebrado ao tempo do CPC-1973 é
aplicável após o início da vigência do CPC-2015.

Sugiro adotar essa segunda corrente em provas, já que consolidada em enunciado que, embora não seja
vinculante, tem uma certa força persuasiva.

7 - CALENDARIZAÇÃO PROCESSUAL
Na esteira do direito francês, italiano e inglês, o CPC/15 previu a calendarização processual, cujo objetivo
principal é a dispensa de intimação das partes para a prática de ato processual ou realização de audiências.

Já se antecipa tudo e se prevê quem praticará tal ato em qual data, bem como quando acontecerão as
audiências. Com isso, ganha-se em efetividade, eficiência (art. 8º, CPC), segurança jurídica, e mata aquele
tempo morto do processo, em práticas cartoriais.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de


audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

Conforme classificação já explicada, trata-se de negócio jurídico plurilateral, pois a fixação do calendário
impõe acordo entre as partes e o juiz.

Qual a natureza da participação do juiz?

1ª corrente: tem natureza homologatória porque se trata de negócio bilateral, no qual são declarantes
apenas as partes, a homologação do juiz é um elemento integrativo de eficácia do negócio;

2ª corrente: tem natureza declarativa, assim como a participação das partes, pois para que a calendarização
se aperfeiçoe é necessária a concordância do juiz porque se trata de negócio plurilateral que, em razão da
particularidade do caso, da capacidade de funcionamento da unidade judicial e da disposição do juiz para o
estabelecimento do calendário, a lei lhe atribui certa discricionariedade judicial, fundada na conveniência e
oportunidade para a formação do negócio jurídico processual.

A quem cabe a iniciativa de propor a calendarização?

A qualquer das partes, bem como ao juízo.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

Enunciado 414, FPPC: (art. 191, §1º) O disposto no §1º do artigo 191 refere-se ao juízo.

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Havendo terceiros intervenientes, para que o calendário seja eficaz em relação a eles, também têm de fazer
parte do acordo.

Enunciado 402, FPPC: (art. 190) A eficácia dos negócios processuais para quem deles não fez
parte depende de sua anuência, quando lhe puder causar prejuízo.

Enunciado 491, FPPC: (art. 190) É possível negócio jurídico processual que estipule mudanças no
procedimento das intervenções de terceiros, observada a necessidade de anuência do terceiro
quando lhe puder causar prejuízo.

Quando ele pode ser firmado?

Pode haver NJ processual acerca da calendarização no momento pré-processual ou durante o processo. Um


momento possível de isso ocorra é na fase de saneamento e organização do processo ou em uma audiência
designada especificamente para tanto (enunciado 299, FPPC).

Enunciado 299, FPPC: (arts. 357, §3º, e 191) O juiz pode designar audiência também (ou só) com
objetivo de ajustar com as partes a fixação de calendário para fase de instrução e decisão.

O juiz é obrigado a cumprir o calendário?

Sim.

Art. 191, § 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão
modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.

De todo modo, o calendário poderá ser alterado, desde que sob argumentação razoável.

Art. 191, § 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão
modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.

Caso a parte não cumpra o calendário previsto, haverá preclusão, isto é, a parte perderá o possibilidade de
praticar aquele ato.

(DPE-PB/Defensor Público-2014 – adaptada ao NCPC) - Quanto aos atos processuais, é correto


afirmar:

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Podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar quaisquer prazos processuais.

Comentários: Essa assertiva, à luz do CPC73 estaria incorreta, pois havia a distinção entre prazos
dilatórios e peremptórios. As partes poderiam reduzir ou prorrogar prazos processuais apenas se
fossem dilatórios. No NCPC, a assertiva torna-se correta, pois admite-se a flexibilização de quaisquer
prazos, conclusão a que se chega pelos arts. 190, 191 e 222, §1º, CPC.

Art. 222. § 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.

(TCM-RJ/Procurador/2015): Tendo sido proposta ação de despejo por falta de pagamento, o réu
procura o autor e o advogado deste concorda em requerer por petição a prorrogação do prazo para
oferecimento de defesa pelo réu, enquanto entabulam acordo. Diante disso, o juiz deferirá o pedido,
pois se trata de direitos disponíveis e ambas as partes estão de acordo, irrelevante a natureza do prazo
ou do ato a ser praticado.

Comentários: Está correta a assertiva, pois, conforme estabelece o NCPC, as partes podem dispor de
prazos (sendo irrelevante sua natureza), notadamente quando pretenderem fixar acordo

ATO ILÍCITO PROCESSUAL


Vamos apontar brevemente três classificações dos atos ilícitos.

1 - 1ª CLASSIFICAÇÃO: ATO ILÍCITO TÍPICO E ATÍPICO


O ato ilícito típico é aquele que está previsto em lei.

Ex: art. 80, CPC – litigância de má-fé.

Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;

IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

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VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

O ato ilícito atípico, por sua vez, é extraído do sistema como um todo, a partir de suas cláusulas gerais.

Ex: abuso do direito; violação à boa-fé objetiva processual (art. 5º, CPC).

O STJ37 já entendeu como violadora da boa-fé objetiva a conduta do magistrado que, durante o prazo de
suspensão deferido por ele, prolatou e determinou a publicação da sentença. E mais, considerou que a partir
da publicação já deveria dar início ao prazo para recorrer. Ao agir dessa forma (suspender e no mesmo tempo
prolatar sentença), o Estado-Juiz incidiu no venire contra factum proprium.

No informativo 511, definiu que também se aplica essa vedação ao venire contra factum proprium aos
serventuários.

2 - 2ª CLASSIFICAÇÃO: ILÍCITOS CULPOSOS E NÃO CULPOSOS


O primeiro se configura com a prática do ato ilícito com o elemento subjetivo (dolo ou culpa), a exemplo da
interposição de recurso com intuito protelatório (art. 80, VII); não atendimento pelo réu do dever do art.
339, CPC.

Art. 80, VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório.

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação
jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas
processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.

Enunciado 44, FPPC: (art. 339) A responsabilidade a que se refere o art. 339 é subjetiva.

O segundo se consubstancia na prática de ato ilícito sem o elemento subjetivo (dolo ou culpa).

Ex: Casos de venire contra factum proprium, a exemplo da interposição de recurso de decisão que já tenha
aceitado.

3 - 3ª CLASSIFICAÇÃO: CONFORME OS EFEITOS


Felipe Braga Peixoto Netto38, com supedâneo nas lições de Pontes de Miranda e Marcos Bernardes de Mello,
classifica os ilícitos conforme seus efeitos.

37
STJ, Resp. 1.306.463/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, d.j. 4/9/2012, info 503.
38
BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Teoria dos Ilícitos Civis. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.

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1 – Ilícito Indenizativo

Consubstancia-se no ato contrário ao ordenamento cujo efeito jurídico é o surgimento de um dever de


indenizar, a exemplo do ato de litigância de má-fé (art. 81, CPC).

2 – Ilícito Invalidante

É o ato afrontoso ao ordenamento jurídico que terá como efeito a invalidação (desfazimento) de um ato
jurídico, a exemplo da nulidade dos atos praticados sem a intervenção do MP como fiscal da lei (art. 279,
CPC).

3 – Ilícito Autorizante

Ato ilícito que gera para o ofendido ou outro sujeito processual uma situação jurídica ativa que lhe permite
praticar determinado ato.

Didier fornece o seguinte exemplo: quando o executado impede a entrada do oficial de justiça para efetuar
a penhora, cria-se uma situação jurídica ativa para o oficial, cria-se uma autorização para que ele, mediante
ordem judicial, possa arrombar cômodos e móveis.

Art. 846. Se o executado fechar as portas da casa a fim de obstar a penhora dos bens, o oficial
de justiça comunicará o fato ao juiz, solicitando-lhe ordem de arrombamento.

§ 1o Deferido o pedido, 2 (dois) oficiais de justiça cumprirão o mandado, arrombando cômodos


e móveis em que se presuma estarem os bens, e lavrarão de tudo auto circunstanciado, que será
assinado por 2 (duas) testemunhas presentes à diligência.

§ 2o Sempre que necessário, o juiz requisitará força policial, a fim de auxiliar os oficiais de justiça
na penhora dos bens.

§ 3o Os oficiais de justiça lavrarão em duplicata o auto da ocorrência, entregando uma via ao


escrivão ou ao chefe de secretaria, para ser juntada aos autos, e a outra à autoridade policial a
quem couber a apuração criminal dos eventuais delitos de desobediência ou de resistência.

§ 4o Do auto da ocorrência constará o rol de testemunhas, com a respectiva qualificação.

4 - Ilícito Caducificante

A consequência do ilícito é a perda de uma situação jurídica ativa por quem o praticou. Segundo Didier,
ocorrem nos casos de preclusão, item que veremos logo à frente.

Ex: Se o juiz incorrer em excesso do prazo para analisar o processo, pode perder a competência, conforme o
art. 235, §3º.

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DA PRÁTICA ELETRÔNICA DOS ATOS PROCESSUAIS


Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de modo a permitir que sejam produzidos,
comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico.

Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de forma a permitir que
sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei.

Para discipliná-los, há regras não só no CPC, mas também na Lei nº 11.419/2006. Válido mencionar que,
como o CPC é norma posterior, naquilo em que ambas conflitarem, prevalecerá o CPC/15.

O processo eletrônico constitui um avanço importante, pois elimina custos de labor humano, racionalizando
a prática de atos processuais.

Na secretaria do juízo, elimina a necessidade de autuações, juntadas etc. Pelas partes, facilita o protocolo39,
consulta dos autos (não necessitando de carga dos autos, problema enorme que existia quando havia
litisconsortes).

Por sua vez, o art. 193, parágrafo único, CPC estende essas regras à prática dos atos notariais e de registro.
Nesse ponto, Daniel Assumpção entende que esse dispositivo objetiva criar um ambiente virtual entre o PJ
e os Cartórios Extrajudiciais.

Art. 193, Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à prática de atos
notariais e de registro.

Daí já vem uma pergunta de prova: É possível um Tribunal impor às partes o dever de digitalização do
processo físico?

Não.

Não pode ato infralegal (resolução de Tribunal) impor à parte autora o dever de providenciar a
digitalização das peças dos autos, tampouco o dever de guarda pessoal de alguns dos
documentos físicos do processo, ainda que os autos sejam provenientes de outro juízo ou
instância. Dispõe o § 5º do art. 12 da Lei 11.419/2006 que "A digitalização de autos em mídia não
digital, em tramitação ou já arquivados, será precedida de publicação de editais de intimações
ou da intimação pessoal das partes e de seus procuradores, para que, no prazo preclusivo de 30
(trinta) dias, se manifestem sobre o desejo de manterem pessoalmente a guarda de algum dos
documentos originais." Ademais, o mesmo diploma legal estabelece em seu art. 18 que "Os
órgãos do Poder Judiciário regulamentarão esta Lei, no que couber, no âmbito de suas

39
Nos atos das partes, o advogado não precisa assinar o documento físico que será protocolado por meio eletrônico. Basta haver
o peticionamento por meio de seu certificado digital.

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respectivas competências." Por sua vez, o TRF-4ª Região regulamentou a matéria por meio da
Resolução 17/2010, art. 17, § 2º: "No juízo competente, a parte autora será intimada para retirar
os autos físicos em 30 (trinta) dias, e providenciar a digitalização, ficando responsável pela guarda
dos documentos." Conforme se verifica, a lei concede às partes e/ou aos seus procuradores a
faculdade de exercerem a opção pela guarda pessoal de algum dos documentos originais dos
autos físicos. O que a lei previu como faculdade, o ato infralegal do TRF transformou em dever
processual. A circunstância de o art. 18 da lei em tela delegar em favor do Judiciário o poder de
regulamentá-la naturalmente não consubstancia autorização para criar obrigações não previstas
na lei (que em momento algum impõe à parte autora o dever de providenciar a digitalização dos
autos remetidos por outro juízo e de conservar em sua guarda as peças originais). REsp
1.448.424-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/5/2014 (Informativo n. 524).

Vamos ao próximo dispositivo.

Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e a
participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de
julgamento, observadas as garantias da disponibilidade, independência da plataforma
computacional, acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações
que o Poder Judiciário administre no exercício de suas funções.

O processo eletrônico é, claro, processo e, por isso, deve respeitar todas as garantias processuais
fundamentais, dentre elas, a publicidade e o amplo acesso das partes e de seus procuradores.

A publicidade é estendida também para terceiros que não participem do processo, salvo nos casos de
segredo de justiça (art. 189, CPC).

Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que
atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio,
conservação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a
infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei.

O amplo acesso das partes e procuradores é irrestrito. Como já vimos, mesmo nos casos de segredo de
justiça, as partes e procuradores podem acessar irrestritamente os autos.

Se o sistema eletrônico estiver indisponível e ensejar a impossibilidade do desse acesso, a parte não pode
ser prejudicada por isso.

Ex1: art. 10, §2º, Lei n. 11.419/2006.

Art. 10, § 1o Quando o ato processual tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio
de petição eletrônica, serão considerados tempestivos os efetivados até as 24 (vinte e quatro)
horas do último dia.

§ 2o No caso do § 1o deste artigo, se o Sistema do Poder Judiciário se tornar indisponível por


motivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à
resolução do problema.

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Enunciado 263, FPPC: (art. 194) A mera juntada de decisão aos autos eletrônicos não
necessariamente lhe confere publicidade em relação a terceiros. (Grupo: Advogado e Sociedade
de Advogados. Prazos).

Enunciado 264, FPPC: (art. 194) Salvo hipóteses de segredo de justiça, nos processos em que se
realizam intimações exclusivamente por portal eletrônico, deve ser garantida ampla publicidade
aos autos eletrônicos, assegurado o acesso a qualquer um. (Grupo: Advogado e Sociedade de
Advogados. Prazos).

Enunciado 265, FPPC: (art. 194) É possível haver documentos transitoriamente confidenciais no
processo eletrônico. (Grupo: Advogado e Sociedade de Advogados. Prazos).

Ademais, o dispositivo confere algumas garantias.

i- Disponibilidade: diz respeito ao sistema que deve permanecer em constante funcionamento. Como dito
acima, comprovada a instabilidade operacional do serviço, o termo final do prazo (que em regra é próprio e
sujeito à preclusão temporal) deve ser adiado para o 1º dia útil subsequente (art. 10, §2º, Lei n. 11.419/2006
e STJ, AgRg no Rep 170.052/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, d.j. 23/04/2013).

ii- Independência da plataforma computacional: segundo Assumpção, garante-se que o sistema não fique
subordinado a um sistema operacional, o que democratiza a prática dos atos por meio eletrônico.

iii- Acessibilidade: Deve ser compatível para o uso também de pessoas com necessidades especiais (art. 199,
CPC).

Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pessoas com deficiência acessibilidade
aos seus sítios na rede mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais,
à comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica.

iii- Interoperabilidade dos sistemas, dados, serviços e informações: Ainda não foi efetivado, pois há dezenas
de sistemas, a exemplo do e-proc, Pje, Creta, Apolo, Jef Virtual, PJD, Juris, E-jur.

O CNJ, por meio da Resolução 185/2013 resolveu instituir o Sistema Processo Judicial Eletrônico - PJe como
sistema informatizado de processo judicial no âmbito do Poder Judiciário e estabelecer os parâmetros para
o seu funcionamento.

Contudo, sofreu enorme resistência40 e, atualmente, não está definida sua implantação uniforme no Poder
Judiciário Brasileiro.

Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que
atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio,

40
Até porque, pela pesquisa do CJF que citei acima, há vários outros sistemas com maior aceitação que p PJe.

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conservação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a


infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei.

“Padrões abertos” significa que o programa não tenha custo ou limitação de uso para o usuário.

Requisitos:

i- autenticidade: refere-se à identificação do ator do ato processual, à certeza da autoria e veracidade da


assinatura;

ii- integridade: impossibilidade de o ato ser alterado após ter sido praticado. Se o documento é íntegro,
significa que não foi adulterado;

iii- temporalidade: deve identificar o dia e horário da prática do ato;

iv- não repúdio: Segundo Assumpção, objetiva autenticar o recebimento e envio das mensagens,
comprovante efetivamente que a mensagem foi enviada do peticionante X e que também foi recebida pelo
destinatário y.

v- conservação: preservação dos atos, mantendo-os íntegros enquanto forem necessários.

vi- segredo de justiça: confidencialidade naqueles casos do art. 189, CPC.

Esse art. 195, CPC vai na linha do art. 14, Lei n. 11.419/09:

Art. 14. Os sistemas a serem desenvolvidos pelos órgãos do Poder Judiciário deverão usar,
preferencialmente, programas com código aberto, acessíveis ininterruptamente por meio da
rede mundial de computadores, priorizando-se a sua padronização.

Parágrafo único. Os sistemas devem buscar identificar os casos de ocorrência de prevenção,


litispendência e coisa julgada.

Segundo parcela doutrinária (Wambier, Marinoni etc.), esse dispositivo exige a utilização de infraestrutura
de chaves públicas unificada nacionalmente que seria o ICP-Brasil, disciplinado pela MP n. 2.200/2001, até
hoje em vigor (EC32/2001).

Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos tribunais,


regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar
pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de novos avanços
tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que forem necessários, respeitadas as normas
fundamentais deste Código.

Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes de seu sistema de automação em


página própria na rede mundial de computadores, gozando a divulgação de presunção de
veracidade e confiabilidade.

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Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e de erro ou omissão do auxiliar da
justiça responsável pelo registro dos andamentos, poderá ser configurada a justa causa prevista
no art. 223, caput e § 1o41.

Antes da Lei 11.419/06, o STJ entendia que as informações prestadas por meio eletrônico dos Tribunais eram
fonte de mera consulta, não havendo presunção de veracidade e confiabilidade das informações ali
constantes.

Assim, se um sujeito perdesse um prazo por conta dessa informação prestada erroneamente no site do
Tribunal, já era, pois o Tribunal negaria seguimento ao seu recurso pela intempestividade.

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. REABERTURA DE PRAZO. INFORMAÇÕES


PRESTADAS VIA INTERNET. NATUREZA MERAMENTE INFORMATIVA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
ART. 183, § 1°, DO CPC. As informações prestadas via internet têm natureza meramente
informativa, não possuindo, portanto, caráter oficial. Assim, eventual erro ocorrido na
divulgação destas informações não configura justa causa para efeito de reabertura de prazo nos
moldes do art. 183, § 1°, do CPC. Embargos de divergência rejeitados. EREsp 503.761-DF, DJ
14/11/2005.

Com a Lei 11.419/06, o STJ modificou seu entendimento, agora no sentido de que as informações veiculadas
nos sites oficiais teriam sim presunção de veracidade e confiabilidade.

INFORMAÇÕES PROCESSUAIS. MEIO ELETRÔNICO. A Lei n. 11.419/2006 disciplinou o uso de


meio eletrônico na tramitação dos processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de
peças processuais. Assim, a Turma entendeu que não deve prevalecer a jurisprudência que
afirmava terem as informações processuais fornecidas pelos tribunais de justiça e/ou tribunais
federais apenas cunho informativo, pois vige legislação necessária para que as informações
veiculadas pelos sites dos tribunais sejam consideradas oficiais. Daí, a disponibilização pelo
tribunal de serviço eletrônico de acompanhamento dos atos processuais para consulta das partes
e advogados deve realizar-se eficazmente, pois se presumem confiáveis as informações ali
divulgadas. Caso haja algum problema técnico, erro ou omissão do serventuário da Justiça
responsável pelo registro dos andamentos que traga prejuízo a uma das partes, poderá ser
configurada a justa causa prevista no art. 183, § 1º, do CPC, salvo impugnação fundamentada da
parte contrária. Logo, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 1.186.276-SP, Rel. Min.
Massami Uyeda, julgado em 16/12/2010, info 460.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRAZOS. POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DE JUSTA CAUSA


NO DESCUMPRIMENTO DE PRAZO RECURSAL. É possível reconhecer a existência de justa causa
no descumprimento de prazo recursal no caso em que o recorrente tenha considerado como

41
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de
declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa.
§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.

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termo inicial do prazo a data indicada equivocadamente pelo Tribunal em seu sistema de
acompanhamento processual disponibilizado na internet. O artigo 183, §§ 1º e 2º, do CPC
determina o afastamento do rigor na contagem dos prazos processuais quando o
descumprimento se der por justa causa. Nesse contexto, o equívoco nas informações processuais
prestadas na página eletrônica dos tribunais configura a justa causa prevista no referido artigo,
o que autoriza a prática posterior do ato sem prejuízo da parte, uma vez que, nesse caso, o
descumprimento do prazo decorre diretamente de erro do Judiciário. Ademais, a alegação de
que os dados disponibilizados pelos Tribunais na internet são meramente informativos e não
substituem a publicação oficial não impede o reconhecimento da justa causa no descumprimento
do prazo recursal pela parte. Além disso, a confiabilidade das informações prestadas por meio
eletrônico é essencial à preservação da boa-fé objetiva, que deve orientar a relação entre o poder
público e os cidadãos. Precedentes citados: REsp 960.280-RS, DJe 14/6/2011, e REsp 1.186.276-
RS, DJe 3/2/2011. REsp 1.324.432-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/12/2012, info
513.

É justamente nessa linha que o art. 197, parágrafo único salienta que se houver problemas técnicos ou de
registro do andamento, não poderá haver perda do prazo para a prática do ato processual. Vai também no
mesmo sentido do art. 10, §2º, Lei n. 11.419/06.

Por fim, cabe-nos destacar o art. 198, CPC.

Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratuitamente, à disposição dos
interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso
ao sistema e aos documentos dele constantes.

Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não eletrônico no local onde não
estiverem disponibilizados os equipamentos previstos no caput.

Lei n. 11.419/06, art. 10, § 3o Os órgãos do Poder Judiciário deverão manter equipamentos de
digitalização e de acesso à rede mundial de computadores à disposição dos interessados para
distribuição de peças processuais.

Embora a maioria daqueles que possuem capacidade postulatória (advogados, membros do MP,
Procuradores, Defensores Públicos etc.) tenham computadores com acesso à internet, os Tribunal deverão
disponibilizar, gratuitamente, equipamentos necessários para protocolos, consultas e acesso em geral ao
sistema.

Se não houver essa disponibilização, o sujeito terá autorização para praticar os atos por meio físico, em vez
do eletrônico.

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ATOS DAS PARTES E DO JUIZ

1 - ATOS DAS PARTES

Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade
produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.

Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.

As partes podem praticar os mais diversos atos, a exemplo de ajuizar uma demanda, contestá-la, confessar,
reconhecer a procedência do pedido, renunciar ao direito de recorrer, transacionar com a parte contrária
(ex: negócio jurídico processual) etc.

Como diz o art. 200, CPC, alguns desses atos são unilaterais (manifestação de vontade de apenas uma parte)
e bilaterais (perfaz-se com a manifestação de vontade de mais de um sujeito).

Ademais, assim que praticados, produzem imediatamente seus efeitos (constituição, modificação ou
extinção de direitos processuais), independentemente de homologação judicial, salvo exceções previstas em
lei.

Cespe/Procurador do Município de Salvador/2015: Embora haja divergência doutrinária no que diz


respeito à possibilidade da utilização da distinção entre atos jurídicos em sentido estrito e negócios
jurídicos processuais, a doutrina processual moderna reconhece a existência da categoria dos
denominados negócios jurídicos processuais. À luz dessas informações, e de acordo com essa doutrina
e com a legislação em vigor, assinale a opção correta.

a) As partes poderão realizar negócio jurídico processual referente à dilação do prazo para recorrer,
caso o processo judicial tenha como objeto direito disponível.

b) A desistência da ação, independentemente do momento em que ocorrer, deverá ser classificada


como negócio jurídico processual bilateral.

c) Qualquer negócio jurídico processual deverá ser homologado pelo juiz para que seja considerado
válido e produza seus efeitos regulares.

d) É vedada às partes, depois de iniciado o processo, a realização de negócio jurídico processual sobre
a distribuição do ônus da prova no processo civil.

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e) A modificação do polo passivo da demanda decorrente de nomeação à autoria é exemplo de negócio


jurídico processual típico e plurilateral.

Comentários: A alternativa A está incorreta. No CPC/73, havia a distinção entre prazos dilatórios e
peremptórios. As partes poderiam reduzir ou prorrogar prazos processuais apenas se fossem dilatórios.

CPC/73, Art. 181. Podem as partes, de comum acordo, reduzir ou prorrogar o prazo dilatório; a
convenção, porém, só tem eficácia se, requerida antes do vencimento do prazo, se fundar em motivo
legítimo.

Como o prazo para recorrer é prazo peremptório, na vigência do CPC/73, sua modificação não seria
cabível. Ademais, a alternativa também estaria incorreta pela ausência de motivo legítimo para o
aumento do prazo, exigência esta prevista no art. 181, CPC.

Doutro lado, no NCPC, já se admite a flexibilização de quaisquer prazos, conclusão a que se chega pelos
arts. 190, 191 e 222, §1º, CPC.

Art. 222, § 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.

Ora, deduz-se que, se houver anuência das partes, pode haver redução de prazo peremptório.

A alternativa A, à luz do CPC/15, porém, seria bem controversa.

Para alguns, ela ainda estaria incorreta. Isso porque a alternativa diz “dilatar” prazo peremptório. E o
art. 222, §1º, CPC/15 permite apenas a redução de prazo peremptório. Para outros, a alternativa A
estaria correta, pois o art. 190, CPC/15 consagra o autorregramento da vontade, permitindo as partes
modificarem os prazos, seja para aumentar ou para diminuir. Nesse sentido, enunciado n. 19, FPPC:

Enunciado 19 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: (art. 190) São admissíveis os seguintes
negócios processuais, dentre outros: pacto de impenhorabilidade, acordo de ampliação de prazos das
partes de qualquer natureza, acordo de rateio de despesas processuais, dispensa consensual de
assistente técnico, acordo para retirar o efeito suspensivo de recurso14, acordo para não promover
execução provisória; pacto de mediação ou conciliação extrajudicial prévia obrigatória, inclusive com
a correlata previsão de exclusão da audiência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto
de exclusão contratual da audiência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto de
disponibilização prévia de documentação (pacto de disclosure), inclusive com estipulação de sanção
negocial, sem prejuízo de medidas coercitivas, mandamentais, sub-rogatórias ou indutivas; previsão
de meios alternativos de comunicação das partes entre si.

A alternativa B está incorreta. Não é “independentemente do momento em que ocorrer”. Se a


desistência for requerida antes de oferecida a contestação, será um negócio jurídico unilateral,
precisando apenas da homologação do juiz (art. 158, CPC/73 e art. 200, parágrafo único, CPC/15).

Art. 200, Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.

Se já oferecida a contestação, necessitará do consentimento do réu, tornando-se um NJ bilateral.

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Art. 485, § 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da
ação.

A alternativa C está incorreta. Para que seja considerado válido, o NJ processual tem que respeitar
aqueles mesmos requisitos de validade do NJ do direito privado (art. 104, CC). Ali não consta nada a
respeito da homologação pelo juiz.

Quanto à eficácia do NJ processual, ela pode estar condicionada ou não à homologação judicial.
Contudo, em regra, temos que o NJ processual produz efeitos imediatamente, sem precisar de
homologação. Esta é necessária apenas quando expressamente prevista em lei.

Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade
produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.

A alternativa D está incorreta. Art. 333, parágrafo único, CPC/73 e art. 373, §4º, CPC/15. Art. 373, §
3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo
quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o
exercício do direito. § 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada antes ou durante o
processo.

A alternativa E está correta, à luz do CPC/73. Isso porque na antiga nomeação à autoria, poderia haver
a aceitação ou recusa da nomeação: a) pelo autor ou b) pelo próprio nomeado. Art. 67. Quando o autor
recusar o nomeado, OU quando este negar a qualidade que Ihe é atribuída, assinar-se-á ao nomeante
novo prazo para contestar. Vê-se, logo, tratar-se de negócio jurídico processual, pois as partes
concordam ou discordam quanto à composição do polo passivo. Ademais, é NJ processual típico, pois
previsto em lei. Por fim, é também plurilateral, por ser intervenção de terceiros e abranger várias
partes (autor, réu e nomeado) e não simplesmente a regra da bilateralidade (autor x réu).

Ano: 2017 Banca: IESES Órgão: TJ-RO Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros: Ainda acerca
dos Atos Processuais e sua disciplina no Código de Processo Civil:

I. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem


imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais, excetuada a
desistência da ação, que só produzirá efeitos após homologação judicial.

II. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem
imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais, inclusive a desistência
da ação, que produz efeitos independentemente de homologação judicial.

III. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.

É correto o que se afirma em: a) II e III. b) I e III. c) I e II. d) I, II e III.

Comentários: A alternativa B está correta. O item I está correto, conforme art. 200, CPC. O item II está
incorreto, pois a desistência não produz efeitos independentemente da homologação. Ela precisa da
homologação como condição de eficácia.

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Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade
produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Parágrafo
único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.

O item III está correto. Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20
(vinte) horas.

Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e documentos que
entregarem em cartório.

Segundo Assumpção, além das partes, os terceiros também têm direito de exigir recibo quando entregarem
no cartório petições, arrazoados, papeis e documentos, a exemplo do perito quando deposita seu laudo e da
testemunha que entrega documentos para comprovar seus gastos com a oitiva ou oficial de justiça ao
entregar mandado cumprido.

Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou interlineares, as quais o juiz mandará
riscar, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário-mínimo.

Há duas sanções: i- riscar dos autos o que foi escrito; ii- multa de metade do salário-mínimo.

O credor dessa multa é a parte contrária.

Tal multa é inaplicável naquelas manifestações das partes por cota nos autos.

2 - PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ
Os atos processuais que podem ser praticados pelo juiz variam em diversas espécies.

Dentre eles, os atos materiais de exercício da presidência da audiência, inspeção judicial, colheita de provas;
do poder de polícia e os atos processuais de pronunciamento.

É apenas dessa última espécie que tratam os artigos 203 a 205, CPC, abordando mais especificamente os
pronunciamentos do juízo de primeiro grau (sentença, decisão interlocutória e despacho) e do tribunal
(decisão monocrática e acórdão).

Juízo de primeiro grau

Sentença e Decisão Interlocutória

Sobre os conceitos de decisão interlocutória e sentença, é preciso salientar que o antigo CPC/73, em seu art.
162, dizia:

CPC/73: Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.

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Como já dissemos, os atos processuais que podem ser praticados pelo juiz variam em diversas espécies.
Dentre eles, os atos materiais de exercício da presidência da audiência, inspeção judicial, colheita de provas;
do poder de polícia e os atos processuais de pronunciamento.

Por isso que o NCPC, no seu art. 203, trocou o termo “atos” para o termo “pronunciamentos”.

CPC/2015: Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões


interlocutórias e despachos.

Dito isso, o grande desafio passa a ser a conceituação de sentença.

Sentença

Com efeito, havia muita discussão sobre o conceito de sentença, antes mesmo de 2005, quando o artigo 162,
§ 1º, dizia que seria o ato do juiz que colocava fim ao processo.

Art. 162, § 1o Sentença é o ato pelo qual o juiz põe termo ao processo, decidindo ou não o mérito
da causa.

A sentença, portanto, foi conceituada pelo legislador de 1973 como o ato que punha fim ao processo
(conceito finalístico), incluindo-se nessa conceituação tanto as sentenças que resolvem o mérito da
demanda (definitivas), como aquelas que apenas encerram o processo, sem manifestação sobre o mérito
(terminativas).

O CPC/73, portanto, conceituava a sentença não pela sua natureza, mas pelos seus efeitos (pela sua
finalidade). Era irrelevante o conteúdo para a configuração da decisão como sentença.

O advento das ações sincréticas, por não exigir mais a extinção do feito e o surgimento de um novo processo
de execução (fazendo-se tudo no mesmo processo, apenas por fases distintas – fase de conhecimento, fase
de execução), levou o legislador a repensar o conceito de sentença, substituindo o critério utilizado
anteriormente.

Um novo conceito de sentença surgiu, portanto, em 2005, que passou a ter como critério o conteúdo,
fazendo expressa remissão aos artigos 267 (que dizia que o processo seria extinto) e 269 (que não exigia a
extinção do processo, apenas dizia que “haverá resolução de mérito”).

Art. 162, § 1º Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e
269 desta Lei. (Redação dada pelo Lei nº 11.232, de 2005)

Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:(Redação dada pela Lei nº 11.232, de
2005)

Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)

Da conjugação dos arts. 162, § 1º e 267, a sentença terminativa passou a ser conceituada tomando-se por
base dois critérios distintos:

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i) conteúdo: uma das matérias previstas no art. 267, CPC e;

ii) efeito (finalidade): extinção do procedimento em primeiro grau de jurisdição.

Contudo, a hibridez do critério não se repetia na sentença definitiva, considerando-se que o art. 269, caput,
CPC/73 não fazia nenhuma menção à necessidade de extinção do processo para que o ato decisório fosse
considerado sentença.

Da conjugação dos arts. 162, § 1º e 269, a sentença definitiva passou a ser conceituada tomando-se por base
apenas um critério:

i) conteúdo: uma das matérias previstas no art. 269, CPC.

Dessa forma, a questão de colocar ou não fim ao procedimento em primeiro grau passava a ser irrelevante
na conceituação da sentença de mérito, bastando para que tivesse como conteúdo uma das matérias dos
incisos dos art. 269, CPC/73.

Essa conclusão a que se chegava a partir da interpretação literal do CPC não satisfazia a doutrina. Isso porque,
se se adotasse o conceito de sentença apenas pelo seu conteúdo (arts. 267 e 269), deveríamos concluir pela
existência de sentenças parciais de mérito, com a possibilidade de interposição de apelações em diferentes
momentos procedimentais.

Se adotássemos o conceito de sentença apenas pelo conteúdo, Renato Montans42 cita algumas decisões que
suscitariam dúvidas quanto à classificação:

Ex1: decisão que julga parcialmente a lide, em face de incontrovérsia de um dos pedidos (art. 273, §6º,
CPC/73);

Ex2: decisão que homologa desistência parcial da ação ou renúncia parcial do pedido pelo autor;

Ex3: decisão que concede ou nega antecipação de tutela;

Ex4: decisão que rejeita liminarmente a denunciação da lide;

Ex5: decisão que exclui um litisconsorte;

Ex6: decisão que indefere liminarmente reconvenção.

Diante dessa possibilidade de tumulto processual, a doutrina majoritária continuava a associar a sentença
definitiva ao efeito da extinção do processo ou de alguma fase procedimental, em especial do processo de

42
MONTANS, Renato. Manual de Direito Processual Civil, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 481.

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conhecimento. Assim, entendiam que aquelas decisões proferidas no curso do processo que tinham o
conteúdo do art. 267 ou 269 eram decisões interlocutórias, podendo estas versarem sobre o mérito ou não.

Vigia o entendimento, portanto, de que a sentença era conceituada não apenas pelo conteúdo, mas também
pelo efeito, seja nas sentenças terminativas (art. 267) quanto nas sentenças de mérito (art. 269). Tal
concepção se manteve majoritária na doutrina e na jurisprudência, mesmo com a modificação legislativa de
2005.

O CPC/73 adotava o conceito de sentença pelo critério dos efeitos (conceito finalístico),
verificando-se se a decisão punha ou não termo ao processo. Com a reforma de 2005, a legislação
passou a conceituar sentença pelo critério do conteúdo. Entretanto, a doutrina mantinha a
concepção de que o conceito mais correto deveria conciliar os dois critérios, não só os efeitos,
mas também o conteúdo.

Por conta dessa insistência doutrinária, esse mesmo entendimento foi consagrado no art. 203, § 1º, do
CPC/15.

Art. 203, § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o


pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 (conteúdo), põe
fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução (efeito, finalidade).

Deste modo, foi tomado um conceito de sentença que leva em conta o seu conteúdo E também seus efeitos.

Toda decisão que tem conteúdo dos artigos 485 e 487 do novo CPC, mas que não coloca fim à grande fase
cognitiva do procedimento comum (a sentença final) e não coloca fim à execução, será uma decisão
interlocutória.

O melhor exemplo de decisão interlocutória de mérito é o julgamento antecipado parcial do mérito previsto
no artigo 356 do novo CPC, impugnável por agravo de instrumento.

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições de imediato julgamento, nos
termos do art. 355. § 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de
instrumento.

Enunciado 103, FPPC: (arts. 1.015, II, 203, § 2º, 354, parágrafo único, 356, § 5º) A decisão parcial
proferida no curso do processo com fundamento no art. 487, I, sujeita-se a recurso de agravo de
instrumento.

Ex2: decisão que indefere parcialmente a petição inicial (art. 485, I c/c art. 354, p. único);

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Ex3: decisão que reconhece a decadência de um dos pedidos cumulados (art. 487, II c/c art. 354, p. único);

Ex4: decisão que exclui um litisconsorte por ilegitimidade (art 485, VI c/c art. 354, p. único);

Doutro lado, no artigo 355, que trata do julgamento antecipado total do mérito, fala-se em sentença,
impugnável por apelação.

Isso porque a decisão é fundamentada no art. 487, CPC (conteúdo), bem como põe fim à fase cognitiva do
procedimento comum.

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel,
ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349.

Atenção: Daniel Assumpção43, de modo minoritário na doutrina, faz uma crítica a esse conceito legal
de sentença no momento em que este faz menção ao encerramento da fase cognitiva do procedimento
comum.

Isso porque, sendo interposto recurso, a fase cognitiva do procedimento comum não se encerra; apenas
continua em grau jurisdicional superior ou no mesmo grau (caso dos embargos de declaração).

Nesse mesmo tom, salienta que a sentença ilíquida, embora excepcional, é admitida no ordenamento (art.
491, CPC). E, quando se prolata tal tipo de decisão, a fase de liquidação é também uma fase cognitiva.

Por isso Daniel Assumpção propõe que a decisão ilíquida seja considerada decisão interlocutória (julgamento
antecipado parcial de mérito – art. 356) e a decisão que fixa o quantum debeatur seja considerada sentença.

Todavia, o próprio autor reconhece tratar de posição minoritária na doutrina, já apontando que doutrina e
jurisprudência considerarão a decisão que fixa o an debeatur como sentença e a decisão que fixa o quantum
debeatur como decisão interlocutória de mérito recorrível por agravo de instrumento.

O art. 203, §1º ressalva as disposições expressas dos procedimentos especiais.

Art. 203, §1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 (conteúdo), põe
fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução (efeito, finalidade).

43
Op. Cit., p. 739.

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Consoante Didier, Paula Braga e Rafael Oliveira44, a ressalva objetiva chamar atenção de que alguns
processos que tramitam sob rito especial estão divididos em mais de uma fase.

De todo modo, os autores asseveram que não há mais de um conceito de sentença. Esta ainda será
caracterizada pelos requisitos do art. 203, §1º.

Independentemente de haver mais de uma fase em alguns procedimentos especiais, a sentença também
será aquela que cumprir os dois requisitos, quais sejam, conteúdo – matérias dos arts. 485 e 487 e finalidade
– encerra uma fase do processo.

Ex1: O procedimento de demarcação diz que o juiz poderá julgar procedente o pedido, proferindo sentença
determinando o traçado da linha demarcanda (art. 581).

Art. 581. A sentença que julgar procedente o pedido determinará o traçado da linha
demarcanda.

Parágrafo único. A sentença proferida na ação demarcatória determinará a restituição da área


invadida, se houver, declarando o domínio ou a posse do prejudicado, ou ambos.

Transitada em julgado, a linha será efetivamente demarcada. Após, será proferida nova sentença
homologatória da demarcação (art. 587).

Art. 582. Transitada em julgado a sentença, o perito efetuará a demarcação e colocará os marcos
necessários.

Parágrafo único. Todas as operações serão consignadas em planta e memorial descritivo com as
referências convenientes para a identificação, em qualquer tempo, dos pontos assinalados,
observada a legislação especial que dispõe sobre a identificação do imóvel rural.

Art. 586. Juntado aos autos o relatório dos peritos, o juiz determinará que as partes se
manifestem sobre ele no prazo comum de 15 (quinze) dias.

Parágrafo único. Executadas as correções e as retificações que o juiz determinar, lavrar-se-á, em


seguida, o auto de demarcação em que os limites demarcandos serão minuciosamente descritos
de acordo com o memorial e a planta.

Art. 587. Assinado o auto pelo juiz e pelos peritos, será proferida a sentença homologatória da
demarcação.

44
DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Op. Cit., p. 312.

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Ex2: No procedimento de exigir contas, há uma sentença que reconhece a existência do direito de exigir
contas (art. 550, §5º) e há outra sentença que delibera sobre as contas prestadas (art. 552).

Art. 550, § 5o A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a prestar as contas no
prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe ser lícito impugnar as que o autor apresentar.

Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo judicial.

Ex2: No procedimento de exigir contas, há uma sentença que reconhece a existência do direito de exigir
contas (art. 550, §5º) e há outra sentença que delibera sobre as contas prestadas (art. 552).

Vejam que haverá tantas sentenças quantas sejam as fases do procedimento que se encerram.

Decisão Interlocutória

Já no que tange às decisões interlocutórias, trata-se de todo pronunciamento judicial de conteúdo decisório
fora dos requisitos de sentença (conteúdo e efeitos).

Art. 203, § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que
não se enquadre no § 1º.

Por fim, os despachos não tiveram alteração em sua configuração, sendo os pronunciamentos sem conteúdo
decisório.

Art. 203, § 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo,
de ofício ou a requerimento da parte.

§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de


despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.

Como os dois pronunciamentos anteriores (sentença e decisão interlocutória) são atos com cunho decisório,
fica claro que despacho é ato praticado pelo juiz sem cunho decisório e, portanto, irrecorrível.

Sua finalidade é impulsionar o processo, sendo também chamados de atos de mero expediente.

Art. 93, XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de
mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Diferença entre despacho e decisão interlocutória

A diferença primordial é que, enquanto despacho não tem conteúdo decisório, a decisão interlocutória,
como o próprio nome diz, tem carga decisória.

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Juiz remete cópias ao MP para apuração de eventual crime (art. 40, CPP). Isso é decisão ou
despacho?

STJ decidiu que é despacho (AgRg no AREsp 555.142/RJ, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, d.j. 9/12/2014) e,
portanto, irrecorrível.

Atenção! Não confundir despachos com atos ordinatórios.

DESPACHOS (ART. 203, §3º, CPC) ATOS ORDINATÓRIOS (ART. 203, §4º, CPC)
o
§ 3o São despachos todos os demais Art. 203, § 4 Os atos meramente ordinatórios,
pronunciamentos do juiz praticados no como a juntada e a vista obrigatória,
processo, de ofício ou a requerimento da parte. independem de despacho, devendo ser
praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo
juiz quando necessário.

Ato sem caráter decisório, de mero


impulsionamento

Poderá ser delegada a prática ao servidor (se Praticado pelo servidor


delegada, é praticado como ato ordinatório)

Pronunciamentos do Tribunal

No Tribunal, há também três espécies de pronunciamentos:

a) despachos

b) decisões interlocutórias

c) decisão final.

Consoante aponta Daniel Assumpção, todos esses pronunciamentos são de competência do órgão colegiado,
funcionando o relator como “porta-voz avançado” desse órgão. Assim, em algumas situações, o relator
recebe a delegação de competência do órgão colegiado para proferir decisões.

Acórdão

É o pronunciamento proferido por um órgão colegiado.

Esse pronunciamento pode consistir em uma decisão interlocutória (que não põe fim ao procedimento) ou
mesmo em uma decisão final.

Requisitos Formais

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Todo pronunciamento judicial deve ser redigido, datado e assinado pelos juízes, podendo essa assinatura ser
feita eletronicamente.

Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados e


assinados pelos juízes.

§ 2o A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na
forma da lei.

O STJ45 já decidiu, porém, que a ausência de assinatura em decisão pode não gerar sequer nulidade, se ficar
concretamente demonstrado ter sido a decisão lavrada pelo juízo competente para tanto.

Art. 205, § 1o Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos oralmente, o


servidor os documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.

É o que ocorre em audiências, nas quais muitas vezes o juiz profere algumas decisões oralmente e o servidor
reduz a escrito, submetendo ao magistrado posteriormente para revisão e assinatura.

Art. 205, § 3o Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa


dos acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.

Despachos e decisões serão publicados na íntegra, enquanto apenas o dispositivo das sentenças e a ementa
dos acórdãos deverão ser publicados no Diário de Justiça Eletrônico.

Obs1: No NCPC, temos a decisão interlocutória de mérito (art. 356, CPC), que se assemelha à sentença em
termos de conteúdo. Nesses casos, poderá ser publicado apenas o dispositivo.

Obs2: Temos também decisões monocráticas finais de relator (ex: art. 932, CPC), que substitui o acórdão,
decidindo de modo definitivo o recurso, reexame necessário ou processo de competência originária do
Tribunal.

Nesses casos, Assumpção entende que as regras do acórdão devem ser aplicadas, isto é, publicando-se
apenas a ementa.

MPE-PR/MPE-PR – Promotor de Justiça Substituto/2016: Sobre a disciplina dos atos processuais no


Código de Processo Civil de 2015, assinale a alternativa correta:

a) Os atos processuais podem ser parcialmente digitais, de forma a permitir que sejam produzidos,
comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico;

45
STJ, Resp. 1.033.509/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, d.j. 04/06/2009.

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b) Os negócios jurídicos processuais e o calendário processual são faculdades que decorrem da


negociação exclusiva das partes, devendo o magistrado apenas controlar a validade das convenções
previstas;

c) Como a movimentação processual é exclusiva de advogado, não há no Código de Processo Civil


preocupação com a acessibilidade aos sítios das unidades do Poder Judiciário na rede mundial de
computadores;

d) A distinção entre sentença e decisão interlocutória é de conteúdo material, sendo irrelevante o


momento e a situação processual em que o ato do juiz foi praticado e seus efeitos para o andamento
do processo;

e) Toda decisão oriunda dos tribunais é considerada, pelo Código de Processo Civil, como um acórdão.

Comentários: A alternativa A está correta. Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou
parcialmente digitais, de forma a permitir que sejam produzidos, comunicados, armazenados e
validados por meio eletrônico, na forma da lei.

A alternativa B está incorreta. Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário
para a prática dos atos processuais, quando for o caso.

A alternativa C está incorreta. Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pessoas com
deficiência acessibilidade aos seus sítios na rede mundial de computadores, ao meio eletrônico de
prática de atos judiciais, à comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica.

A alternativa D está incorreta. Art. 203, § 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos
especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487,
põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. § 2o Decisão
interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o.

A alternativa E está incorreta. Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais.
As decisões monocráticas do relator (ex: art. 932, CPC) não têm natureza de acórdão.

ATOS DO ESCRIVÃO OU DO CHEFE DE SECRETARIA


Denomina-se escrivão aquele que atua na Justiça Estadual e chefe de secretaria aquele que atua na Justiça
Federal. No art. 152, temos seis atribuições que lhe são destinadas. Mas, lembrem-se, trata-se de rol
meramente exemplificativo.

I - redigir, na forma legal, os ofícios, os mandados, as cartas precatórias e os demais atos que
pertençam ao seu ofício;

Ofício é o instrumento formal de comunicação entre autoridades.

Mandados constituem instrumento formal das ordens do juiz.

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Carta precatória (arts. 260/268) é o documento por meio do qual um juiz pede ao outro, de foro distinto de
onde tramita o processo, a prática de ato processual, desde que ambos estejam dentro do território
brasileiro.

II - efetivar as ordens judiciais, realizar citações e intimações, bem como praticar todos os demais
atos que lhe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária;

O escrivão pode citar e intimar advogados e partes dos atos processuais, em cartório.

Contudo, no mais das vezes, para efetivar ordens judiciais, será necessária a atuação do oficial de justiça.
Nesses casos, o escrivão atuará de forma intermediária ao redigir o mandado contendo a ordem judicial.

III - comparecer às audiências ou, não podendo fazê-lo, designar servidor para substituí-lo;

No dia a dia forense, dificilmente se vê um escrivão ou chefe de secretaria em audiências. É designado outro
servidor da vara para tanto.

IV - manter sob sua guarda e responsabilidade os autos, não permitindo que saiam do cartório,
exceto:

a) quando tenham de seguir à conclusão do juiz;

b) com vista a procurador, à Defensoria Pública, ao Ministério Público ou à Fazenda Pública;

c) quando devam ser remetidos ao contabilista ou ao partidor;

d) quando forem remetidos a outro juízo em razão da modificação da competência (art. 64, §2º,
CPC);

É um inciso que tem tudo para se tornar letra morta, sobretudo com o processo eletrônico cada vez mais em
voga no País.

V - fornecer certidão de qualquer ato ou termo do processo, independentemente de despacho,


observadas as disposições referentes ao segredo de justiça;

Na oportunidade, vale salientar que qualquer do povo, em regra, pode ter acesso aos autos, em decorrência
do princípio da publicidade (art. 93, IX, CRFB).

Haverá restrição apenas nos casos de segredo de justiça (art. 189, CPC).

Essa certidão lavrada tem fé pública, conforme art. 405, CPC.

Art. 405. O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o
escrivão, o chefe de secretaria, o tabelião ou o servidor declarar que ocorreram em sua presença.

VI - praticar, de ofício, os atos meramente ordinatórios.

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§ 1o O juiz titular editará ato a fim de regulamentar a atribuição prevista no inciso VI.

Consoante esse §1º, cabe ao juiz titular da vara a edição de ato que regulamente quais são esses atribuições.
Isso se dá, normalmente, por portaria.

Ex1: juntada e vista obrigatória (art. 203, §4º, CPC).

Art. 203, § 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem
de despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando
necessário.

Se o escrivão ou chefe de secretaria for impedido ou suspeito; se ele não poder comparecer ao ato, enfim,
se houver qualquer impossibilidade de atuação, o juiz desginará substituto.

Art. 152, § 2o No impedimento do escrivão ou chefe de secretaria, o juiz convocará substituto e,


não o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato.

Além dessas atribuições do art. 152, CPC, os artigos 206 a 211 pontuam outros atos processuais praticados
pelo escrivão ou chefe de secretaria.

Vamos conferir?

Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão ou o chefe de secretaria a autuará,
mencionando o juízo, a natureza do processo, o número de seu registro, os nomes das partes e
a data de seu início, e procederá do mesmo modo em relação aos volumes em formação.

Como se sabe, a demanda se inicia com a propositura da ação, que se dá pelo protocolo da petição inicial.
Após esse protocolo, haverá o registro e, se houver mais de um juízo, a distribuição.

Depois desses atos, a petição inicial chega ao cartório judicial, sendo de incumbência do escrivão ou chefe
de secretaria a autuação da peça inicial.

Protocolo: marco da propositura da demanda

Registro: quando houver uma vara OU


Distribuição: quando houver dois juízos com competência idêntica

Autuação: colocação de capa, juntada de peças e documentos,


numeração e rubrica de folhas etc.

Essa autuação (que se dá apenas em autos físicos) consiste em colocação de uma capa nos autos, na qual
mencionará o juízo, natureza do processo, número de seu registro, nome das partes, data do início.

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O processo eletrônico não exige essa autuação.

Art. 10. A distribuição da petição inicial e a juntada da contestação, dos recursos e das petições
em geral, todos em formato digital, nos autos de processo eletrônico, podem ser feitas
diretamente pelos advogados públicos e privados, sem necessidade da intervenção do cartório
ou secretaria judicial, situação em que a autuação deverá se dar de forma automática,
fornecendo-se recibo eletrônico de protocolo.

Assim, no processo eletrônico, a função do escrivão ou chefe de secretaria é apenas fiscalizar os dados
indicados pelo advogado na distribuição eletrônica da petição inicial.

Cada Tribunal tem sua regulamentação, mas, normalmente, a cada 200 folhas, é necessário abrir um novo
volume, ficando todos apensados (ligados por uma corda).

Além disso, se surgirem ações incidentais ou acessórios, deve-se proceder a uma nova autuação, devendo
também todos tramitarem apensos ao processo principal.

Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubricará todas as folhas dos autos.

Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Ministério Público, ao defensor público


e aos auxiliares da justiça é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que
intervierem.

O escrivão ou chefe tem o dever de numerar e rubricar as folhas dos autos, enquanto as partes tem apenas
a faculdade de fazê-lo.

Quando se numera o verso da folha, coloca-se o “v” de verso. Ex: 13, 14, 15, 16, 16v, 17...

Art. 208. Os termos de juntada, vista (às partes), conclusão (passar os autos ao juiz para
deliberação) e outros semelhantes constarão de notas datadas e rubricadas pelo escrivão ou pelo
chefe de secretaria.

Como diz Assumpção, termo é o ato praticado pela serventia judiciária (servidores), que consiste num
documento padronizado (ou carimbo), com o preenchimento de alguns dados (ex: data) e rubricada pelo
escrivão ou chefe de secretaria.

A finalidade desses termos é conferir fé pública aos documentos e peças que constam dos autos, bem como
atestar a data exata em que houve a prática do ato.

Essa segunda finalidade é extremamente importante, mormente para contagem de prazos, a exemplo do
termo da juntada do mandado de citação (é o termo inicial do prazo – art. 231, CPC).

Por fim, necessário salientar que, como diz o artigo 208 “outros semelhantes”, o rol é exemplificativo.

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O STJ46 já decidiu que a juntada de mandado citatório por estagiário da serventia não gera efeito para
deflagrar o início do prazo para contestar, pois viola o art. 168, CPC/73 (correspondente ao art. 208, CPC/15).

Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados pelas pessoas que neles intervierem,
todavia, quando essas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de
secretaria certificará a ocorrência.

§ 1o Quando se tratar de processo total ou parcialmente documentado em autos eletrônicos, os


atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo
integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em
termo, que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como
pelos advogados das partes.

§ 2o Na hipótese do § 1o, eventuais contradições na transcrição deverão ser suscitadas oralmente


no momento de realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano e
ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão.

Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de outro método idôneo em qualquer
juízo ou tribunal.

Ambas são formas abreviadas de escrita utilizadas para registro de atos processuais.

A taquigrafia é a redução por escrito à mão, enquanto estenotipia é a escrita por meio de aparelho mecânico
chamado estenótipo, extremamente em desuso. O rol é exemplificativo. Um método adicional muito
utilizado atualmente é a gravação em vídeo das audiências.

Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais espaços em branco, salvo os que forem
inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou rasuras, exceto quando expressamente
ressalvadas.

A autenticidade e confiabilidade dos atos e termos processuais é essencial. Por isso, não se admitem:

i- espaços em branco. O servidor tem de inutiliza-los (fazendo um risco, por exemplo);

ii- entrelinhas, emendas ou rasuras, exceto quando expressamente ressalvadas.

Assumpção aponta dois julgados do STJ interessantes.

46
STJ, Resp 1020729/ES, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, d.j. 18/03/2008.

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1 – Decidiu-se pela imprestabilidade de documento rasurado para comprovar a tempestividade recursal (STJ,
REsp 1.056.803/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, d.j. 24/06/2008).

2 – Informação posta à mão em documento que deveria ser preenchido eletronicamente é considerada como
rasura (STJ, AgRg no REsp 972.503/MG, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, d.j. 22/05/2014).

DO TEMPO DOS ATOS PROCESSUAIS

1 – CONCEITO E REGRA
Trata-se do momento em que o ato processual é praticado.

Consoante art. 212, os atos processuais serão praticados em dias úteis, entre 6h e 20h.

Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.

Considera-se dia útil o lapso de segunda à sexta-feira. Consoante art. 216, CPC, são considerados feriados os
sábados, domingos e aqueles dias em que não houver expediente forense.
Assim, se houver um feriado local numa terça-feira, mas que não haja interrupção do expediente forense,
aquele dia não será considerado feriado para efeito forense. Por conseguinte, aquele dia será dia útil e
entrará na contagem dos prazos.

Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos
e os dias em que não haja expediente forense.

O feriado nacional não precisa ser comprovado, mas o feriado local precisa.

Art. 1.003, § 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do


recurso.

Dentro dessa observação, há duas questões interessantes:

i- Segunda-feira de Carnaval e Quarta-feira de Cinzas devem ser comprovados como feriados?

A Corte Especial do STJ, em 12/06/2018, entendeu que sim, já que não são feriados nacionais. Por isso, a
parte deve comprovar no ato de interposição do recurso que não houve expediente forense no Poder
Judiciário Estadual.

1. Nos termos do art. 1.003, § 6º, do CPC/2015, a ocorrência de feriado local deverá ser
comprovada, mediante documento idôneo, no ato da interposição do recurso. Assim,
inaplicável à hipótese o entendimento firmado por esta Corte, ainda sob a ótica do regramento
processual previsto no Código de Processo Civil de 1973, no sentido de admitir a comprovação,

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em agravo interno, da ocorrência de feriado local ou suspensão do expediente forense no


Tribunal de origem, como pretende o agravante. 2. De fato, "a intempestividade é tida pelo
Código atual como vício grave e, portanto, insanável. Daí porque não se aplica à espécie o
disposto no parágrafo único do art. 932 do CPC/15, reservado às hipóteses de vícios sanáveis"
(AgInt no AREsp 957.821/MS, Rel. Ministro Raul Araújo, Rel. p/ Acórdão Ministra Nancy Andrighi,
Corte Especial, julgado em 20/11/2017, DJe 19/12/2017). 3. Na contagem dos prazos dos
recursos endereçados ao Superior Tribunal de Justiça cuja interposição deva ser realizada
nos Tribunais estaduais, excluem-se os dias referentes à segunda-feira de carnaval e à quarta-
feira de cinzas, que não são feriados nacionais, desde que o recorrente comprove, no ato de
interposição, que em tais datas não houve expediente forense no Poder Judiciário estadual.
4. Agravo interno improvido. (STJ, AgInt no AREsp 1255609/AL, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze,
d.j. 12/06/2018).

Depois desse julgado, o STJ reafirmou o entendimento pela Corte Especial, no REsp 1.813.684 (02/10/2019)
e modulou seus efeitos.

Por maioria de votos, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que a
comprovação de feriado local na segunda-feira de Carnaval deve ser feita no ato da
interposição do recurso. Com a conclusão do julgamento na última quarta-feira (2), o colegiado
afastou a tese de que os feriados forenses não previstos em lei federal poderiam ser
considerados fatos notórios e, assim, dispensariam a necessidade de demonstração de
suspensão do expediente no tribunal local.

Entretanto, com base no artigo 927, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil de 2015, a corte
decidiu modular os efeitos da decisão para estabelecer que ela valerá para os recursos
interpostos após a publicação do acórdão no REsp 1.813.684. Para os recursos interpostos em
data anterior, será permitida a abertura de prazo para a demonstração da ocorrência da
suspensão de prazos em virtude do feriado local.

ii- Há necessidade mesmo de comprovar no ato de interposição ou pode comprovar depois?

1ª corrente (doutrina): A doutrina vem defendendo que é possível sim comprovar posteriormente, com base
no art. 932, parágrafo único.

Enunciado 66, I JDPC do CJF: Admite-se a correção da falta de comprovação do feriado local ou
da suspensão do expediente forense, posteriormente à interposição do recurso, com
fundamento no art. 932, parágrafo único, do CPC.

Ademais, era esse também o entendimento do STJ na vigência do CPC/73.

2ª corrente (STJ): Como viram no julgado acima sobre o Carnaval, o STJ assevera expressamente que não
pode comprovar depois.

Nos termos do art. 1.003, § 6º, do CPC/2015, a ocorrência de feriado local deverá ser
comprovada, mediante documento idôneo, no ato da interposição do recurso. Assim,

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inaplicável à hipótese o entendimento firmado por esta Corte, ainda sob a ótica do regramento
processual previsto no Código de Processo Civil de 1973, no sentido de admitir a comprovação,
em agravo interno, da ocorrência de feriado local ou suspensão do expediente forense no
Tribunal de origem, como pretende o agravante. (...)

Todavia, meses depois de decidir o REsp 1.813.684 (02/10/2019) sobre a necessidade de comprovação, no
ato de interposição de recurso, do feriado de Carnaval, a Corte Especial, em Fevereiro de 2020, decidiu que
a tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita ao feriado de segunda-feira de
carnaval e não se aplica aos demais feriados, entre eles os feriados locais.

A tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita ao feriado de segunda-
feira de carnaval.

O propósito da questão de ordem é definir, diante da contradição entre as notas taquigráficas e


o acórdão publicado no DJe de 18/11/2019, se a modulação de efeitos deliberada na sessão de
julgamento concluída em 02/10/2019, quando se permitiu a posterior comprovação da
tempestividade de recursos dirigidos ao STJ, abrange especificamente o feriado da segunda-feira
de carnaval, ou se diz respeito a todos e quaisquer feriados.

Havendo contradição entre as notas taquigráficas e o voto elaborado pelo relator, deverão
prevalecer as notas, pois refletem a convicção manifestada pelo órgão colegiado que apreciou a
controvérsia.

Consoante o que revelam as notas taquigráficas, os debates estabelecidos no âmbito da Corte


Especial, bem como a sua respectiva deliberação colegiada nas sessões de julgamento realizadas
em 21/08/2019 e 02/10/2019, limitaram-se exclusivamente à possibilidade, ou não, de
comprovação posterior do feriado da segunda-feira de carnaval, motivada por circunstâncias
excepcionais que modificariam a sua natureza jurídica de feriado local para feriado nacional
notório.

Nesse contexto, a tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita ao
feriado de segunda-feira de carnaval e não se aplica aos demais feriados, entre eles os feriados
locais. QO no REsp 1.813.684-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por maioria, julgado
em 03/02/2020, DJe 28/02/2020.

De toda forma, o STF tem o entendimento de que a comprovação do feriado local deve sim ser feito no ato
de interposição.

A tempestividade do recurso em virtude de feriado local ou de suspensão dos prazos processuais


pelo Tribunal a quo que não sejam de conhecimento obrigatório da instância ad quem deve ser
comprovada no momento de sua interposição. STF. 1ª Turma. ARE 1109500 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 20/04/2018.

Portanto, sugiro seguirem a 2ª corrente em prova, pois vai ao encontro do art. 1.003, §6º e dos recentes
entendimentos dos Tribunais Superiores.

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Ainda, segundo o STF:

A parte que junta, no ato de interposição do REsp, calendário disponível no site do Tribunal de
Justiça que mostra os feriados locais, cumpre a exigência prevista no § 6º do art. 1.003 do
CPC/2015 STF. 1ª Turma. RMS 36114/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2019 (Info
957).

Cuidado: O STJ possui precedentes em sentido contrário: A jurisprudência do STJ entende que
cópia de calendário editado pelo Tribunal de origem não é hábil a ensejar a comprovação da
existência de feriado local, pois é necessária a juntada de cópia de lei ou de ato administrativo
exarado pela Corte a quo, comprovando a ausência de expediente forense na data em questão.
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1829351/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 30/03/2020.

Maiores considerações faremos na aula de Recursos.

Caso não seja possível concluir o ato até às 20h, ele deverá ser continuado em outro dia útil, dentro do
horário previsto.

Já disse que em toda boa regra, há exceções. Quanto a esse tema, há exceções tanto quanto aos dias úteis,
como quanto ao horário (6h às 20).

2 - DUAS EXCEÇÕES NO TOCANTE À REGRA DOS DIAS ÚTEIS (ART.


214, CPC)

Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos processuais,
excetuando-se:

I - os atos previstos no art. 212, § 2o;

II - a tutela de urgência.

2.1 - 1ª exceção

Aquela colocada no art. 212, §2º, CPC. São possíveis as citações, intimações e penhoras fora do horário das
6h às 20h, bem como em dias não úteis. Ainda, poderão também ser praticados no período de férias
forenses.

Art. 212, § 2o Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão


realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do horário
estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso XI, da Constituição Federal.

Essa regra é muito benéfica, pois as pessoas, normalmente, estão trabalhando nos dias úteis, das 6h
às 20h e, portanto, não se encontram em suas residências. A citação, intimação, penhora e outros atos (rol
exemplificativo) serão mais efetivos se realizados em horário diverso e, sobretudo, nos finais de semana.

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CPC/73 CPC/15

Art. 172, § 2o A citação e a penhora poderão,


Art. 212, § 2o Independentemente de
em casos excepcionais, e mediante autorização
autorização judicial, as citações, intimações e
expressa do juiz, realizar-se em domingos e
penhoras poderão realizar-se no período de
feriados, ou nos dias úteis, fora do horário
férias forenses, onde as houver, e nos feriados
estabelecido neste artigo, observado o disposto
ou dias úteis fora do horário estabelecido neste
no art. 5o, inciso Xl, da Constituição
artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso XI,
Federal. (Redação dada pela Lei nº 8.952,
da Constituição Federal.
de 13.12.1994)

No CPC/73, para haver citação, intimação e penhora fora do horário e/ou em dias não úteis, era necessária
a autorização judicial.

No CPC/15, ao contrário, isso pode se dar independentemente de autorização judicial.

Além da diferença acima apontada, vale frisar o fato de que o oficial de justiça deverá observar a garantia
constitucional da inviolabilidade domiciliar (art. 5º, XI, CRFB).

Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;

Assim, o oficial de justiça poderá praticar seu ato: a) se a parte consentir; b) se houver determinação judicial.

Atenção! A CLT exige a autorização judicial nesses casos. Vejam a diferença:

CPC/15 CLT

CPC, Art. 212, §2º Independentemente de


autorização judicial, as citações, intimações e CLT, Art.770 Parágrafo único. A penhora poderá
penhoras poderão realizar-se no período de realizar-se em domingo ou dia feriado,
férias forenses, onde as houver, e nos feriados mediante autorização expressa do juiz ou
ou dias úteis fora do horário estabelecido neste presidente.
artigo.

Antes de falar sobre as férias forenses, é preciso, primeiro, diferenciar feriados, recesso forense e férias
forenses x férias individuais dos magistrados.

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Como feriados, temos os nacionais, estaduais e municipais.

Como nacionais, temos oito fixos, sendo sete declarados pela Lei n. 662/4947 e um pela Lei n. 6.802/8048.

Além desses feriados nacionais, a Lei da Justiça Federal (Lei n. 5.010/66), ainda prevê alguns feriados
adicionais.

Art. 62. Além dos fixados em lei, serão feriados na Justiça Federal, inclusive nos Tribunais
Superiores:

I - os dias compreendidos entre 20 de dezembro e 6 de janeiro, inclusive; (chamado de recesso


forense)

II - os dias da Semana Santa, compreendidos entre a quarta-feira e o Domingo de Páscoa;

III - os dias de segunda e terça-feira de Carnaval;

IV - os dias 11 de agôsto e 1° e 2 de novembro.

IV - os dias 11 de agosto49, 1º e 2 de novembro e 8 de dezembro50. (Redação dada pela Lei


nº 6.741, de 1979)

Os Estados-Membros, com sua autonomia para organizar sua justiça (art. 125, CRFB), seguem algumas dessas
previsões, adicionando também alguns feriados estaduais.

O recesso forense, segundo Vladimir Passos51, foi criado pelo artigo 383 do Decreto 848, de 11 de outubro
de 1890, que introduziu a Justiça Federal no país, após a proclamação da República. O referido dispositivo
estabelecia ser feriado o período compreendido entre o dia 21 de dezembro e 6 de janeiro.

47
Art. 1o São feriados nacionais os dias 1o de janeiro, 21 de abril, 1o de maio, 7 de setembro, 2 de novembro, 15 de novembro e
25 de dezembro. (Redação dada pela Lei nº 10.607, de 19.12.2002). Atenção: dia de Corpus Christi não é um feriado de âmbito
nacional. Trata-se, é importante registrar, de “uma data móvel celebrada pela Igreja Católica sempre 60 dias depois do domingo
de Páscoa ou na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade. Na tradição católica, esta quinta-feira é considerada o
dia no qual Jesus Cristo instituiu o sacramento da eucaristia” AgInt no AREsp 1.630.390/ES, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma,
julgado em 07/12/2020, DJe 12/12/2020 e AgInt no AREsp 1.736.898/GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em
07/12/2020, DJe 11/12/2020. Também o STF entende que o dia de Corpus Christi não é feriado forense previsto em lei federal –
ver ARE 1151067/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/08/2018.
48
Art. 1º É declarado feriado nacional o dia 12 de outubro, para culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do
Brasil.
49
Dia da criação dos cursos jurídicos no país (Olinda e São Paulo) e dia dos advogados.
50
Dia dedicado à justiça (Decreto-Lei n. 8.292/45).
51
https://www.conjur.com.br/2006-dez-14/ferias_recessos_feriados_judiciario_brasileiro

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A razão dessa criação era o de permitir aos juízes federais que passassem o período de festas com as suas
famílias. Muitos deles eram de ouros Estados e se submetiam a longas viagens. O dia 6 de janeiro era o Dia
de Reis, também comemorado à época.

Extinta a Justiça Federal, em 1938, e recriada por meio da Lei 5.010/66, o artigo 62, inciso I desta Lei
estabeleceu serem feriados os dias entre 20 de dezembro e 6 de janeiro.

Art. 62. Além dos fixados em lei, serão feriados na Justiça Federal, inclusive nos Tribunais
Superiores: I - os dias compreendidos entre 20 de dezembro e 6 de janeiro, inclusive;

Os Estados-Membros, com sua autonomia para organizar sua justiça (art. 125, CRFB), seguiram essas
previsões e estabeleceram também o recesso judiciário nesse período.

Por fim, as férias forenses seriam as férias coletivas que, antes da EC 45/2004, o art. 66, §1º, Loman previa
em janeiro e julho para os juízes.

Art. 66 - Os magistrados terão direito a férias anuais, por sessenta dias, coletivas ou individuais.

§ 1º - Os membros dos Tribunais, salvo os dos Tribunais Regionais do Trabalho, que terão férias
individuais, gozarão de férias coletivas, nos períodos de 2 a 31 de janeiro e de 2 a 31 de julho.
Os Juízes de primeiro grau gozarão de férias coletivas ou individuais, conforme dispuser a lei.

§ 2º - Os Tribunais iniciarão e encerrarão seus trabalhos, respectivamente, nos primeiro e último


dias úteis de cada período, com a realização de sessão.

A EC45/2004, dando nova redação ao art. 93, XII, CRFB, extinguiu as férias forenses nos juízos e Tribunais de
segundo grau.

Art. 93, XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e
tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense
normal, juízes em plantão permanente; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Como o art. 93, XII nada disse a respeito dos Tribunais Superiores, tem-se que permanece a possibilidade de
férias forenses nesses órgãos. Assim, STF, STJ, TST, TSE e STM gozam de tal prerrogativa.

Por fim, os juízes gozam de férias individuais por 60 dias ao ano (art. 66, Loman).

2.2 - 2ª exceção

Tutela de Urgência que, como já vimos, abrange tutela antecipada ou cautelar.

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Antecipada

TUTELA Urgência antecedente ou incidental

PROVISÓRIA (art. 300ss ) Cautelar

(art. 294 e ss.)

Evidência (art. 311)

Daniel Assumpção e Humberto Theodoro advogam uma interpretação ampliativa para essa exceção,
enquadrando-se não apenas aqueles provimentos dos arts. 294 a 310, CPC/15. Seria possível, por exemplo,
a produção antecipada de provas, que deixou de ser uma cautelar típica, mas ainda tem entre suas hipóteses
de cabimento o risco de a prova não poder ser produzida no momento adequado (art. 381, I, CPC).

Art. 381. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: I - haja fundado
receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na
pendência da ação;

Aqui entram a maior parte dos casos de plantão judiciário, destinado, principalmente, para analisar casos
urgentes.

Tempo dos Atos


Processuais

Exceções (rol
Regra
exemplificativo)

Praticado em Tutela de
Citações Intimações Penhoras
dias úteis urgência

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3 - DUAS EXCEÇÕES NO TOCANTE AO HORÁRIO (6H ÀS 20H)

3.1 - 1ª exceção

Há possibilidade de o ato processual ser concluído, excepcionalmente, no mesmo dia, após 20h, desde que
o adiamento possa: i- prejudicar a diligência OU ii- causar grave dano.

Art. 212, § 1o Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o
adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano.

Por exemplo, oitiva de várias testemunhas que começa dentro do horário legal, mas, ao ouvir a última
testemunha (que viajará nos próximos 2 meses), ultrapassa-se o marco das 20h.

3.2 - 2ª exceção

O art. 12, Lei n. 9.099/95 permite que os atos sejam praticados em horário noturno. Podem, pois, até iniciar
após às 20h, embora raramente isso ocorra.

Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário noturno, conforme
dispuserem as normas de organização judiciária.

O prazo das 6h às 20h não se confunde com o horário de expediente forense, que é aquele em que o fórum
se encontra aberto ao público para a prática de atos processuais que dependam de peticionamento ou de
requerimento em processos que tenham autos físicos.

O horário de funcionamento do fórum é regulado pela lei de organização judiciária, não devendo seguir
necessariamente esse período das 6h às 20h. Na maioria dos casos, o horário forense vai das 9h às 18h e não
das 6h às 20h.

Assim sendo, a parte deverá protocolar sua petição dentro do horário de expediente forense, sob pena de
preclusão temporal.

Art. 213, § 3o Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição em autos não eletrônicos,
essa deverá ser protocolada no horário de funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o
disposto na lei de organização judiciária local.

Nos autos eletrônicos, essa exigência de se respeitar o horário forense não existe. Conforme art. 3º,
parágrafo único, Lei n. 11.419/06 c/c art. 213, CPC, são consideradas tempestivas as manifestações
transmitidas até às 24h do último dia do prazo.

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Art. 3o Consideram-se realizados os atos processuais por meio eletrônico no dia e hora do seu
envio ao sistema do Poder Judiciário, do que deverá ser fornecido protocolo eletrônico.

Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo processual, serão
consideradas tempestivas as transmitidas até as 24 (vinte e quatro) horas do seu último dia.

Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24
(vinte e quatro) horas do último dia do prazo.

Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será
considerado para fins de atendimento do prazo.

O termo horário vigente no art. 213, parágrafo único, quer dizer que o fuso horário a ser considerado será
aquele fuso horário do foro em que tramita o processo e não o fuso horário do local da prática do ato. A
exemplo, escritório de advocacia em SP peticionando em processo de Manaus. O fuso horário para aferição
da tempestividade será o de Manaus.

CESPE/DPE-PE – Defensor Público/2018: Regra geral prevista no Código de Processo Civil determina
que os atos processuais sejam realizados em dias úteis, das seis às vinte horas. Com relação aos tempos
dos atos processuais, assinale a opção correta, conforme a legislação pertinente.

a) A prática eletrônica de ato processual poderá ocorrer até as vinte e quatro horas do último dia do
prazo.

b) Em se tratando de prática eletrônica de ato processual, o horário a ser considerado será aquele
vigente no juízo que emitiu o ato.

c) Durante as férias forenses, atos processuais de tutela de evidência podem ser praticados.

d) Ato processual iniciado antes das vinte horas não poderá ser concluído após esse horário,
independentemente de o adiamento causar grave dano aos envolvidos no processo.

e) Apenas com autorização judicial as citações poderão ser realizadas durante as férias forenses.

Comentários: A alternativa A está correta. Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode
ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte e quatro) horas do último dia do prazo.

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A alternativa B está incorreta. É o horário vigente do juízo em que corre o processo e não daquele na
qual houve a emissão do ato. Art. 213, Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o
ato deve ser praticado será considerado para fins de atendimento do prazo.

A alternativa C está incorreta. Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão
atos processuais, excetuando-se: I - os atos previstos no art. 212, § 2o; II - a tutela de urgência.

A alternativa D está incorreta. Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis)
às 20 (vinte) horas. § 1o Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o
adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano.

A alternativa E está incorreta. Art. 212, § 2º Independentemente de autorização judicial, as citações,


intimações e penhoras poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos
feriados ou dias úteis fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso
XI, da Constituição Federal.

4 - SANÇÕES PARA O ATO PRATICADO FORA DESSAS REGRAS


1ª corrente (Moniz de Aragão): O ato será considerado inexistente.

2ª corrente (Dall´Agnol): O ato será nulo, havendo ainda possibilidade de ser considerado válido se não
houver prejuízo (pas de nullité sans grief).

3ª corrente (Marinoni-Arenhart-Mitidiero, STJ): O ato será temporalmente ineficaz, só passando a gerar


efeitos a partir do fim das férias ou feriado forense, por exemplo.

1. Verifica-se a intempestividade do agravo de instrumento. O artigo 184, § 2°, dispõe que os


prazos iniciam-se a partir do primeiro dia útil após a intimação. 2. Segundo Nelson Nery Junior,
"o dies a quo do prazo é sempre o da intimação. Se esta ocorrer em sábado, domingo, véspera
de feriado, início de férias ou de recesso, ou, ainda, em dia em que tenha havido expediente
forense anormal, o início do prazo se dará no primeiro dia útil subsequente." (Código de Processo
Civil e Legislação Extravagante, 7ª ed. rev. atual., Revista dos Tribunais, 2003, SP, p. 580.) Agravo
regimental improvido. AgRg no Ag 1.170.112/MG, Rel. Min. Humberto Martins, d.j. 3/12/2009.

5 - FÉRIAS FORENSES X PRAZOS


O art. 215, caput, diz que, durante as férias forenses, em regra, os prazos serão suspensos.

Em seus três incisos, porém, são dispostas algumas exceções a essa regra, isto é, casos em que os processos
continuam a tramitar normalmente, não ocorrendo a suspensão de seus prazos.

Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não se suspendem pela
superveniência delas:

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I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação de direitos, quando


puderem ser prejudicados pelo adiamento;

II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador;

III - os processos que a lei determinar. (ex: processos locatícios – art. 58, I, Lei n. 8.245/91; art.
39, Decreto-Lei n. 3.365/41)

Obs1: Já salientamos que, atualmente, apenas os Tribunais Superiores gozam de férias forenses. Assim, em
tese, o art. 215, CPC seria aplicável apenas a esses Tribunais.

Contudo, válido frisar que o STJ equipara essa regra de férias forenses com o período de recesso forense,
que se estende de 20 de Dezembro a 6 de Janeiro (STJ, Resp. 1.446.608/RS, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, d.j. 21/10/2014).

Os prazos são
Regra
suspensos

Jurisdição
Férias Forenses voluntária
(incluindo
recesso) Atos necessários
à conservação
de direitos

Ação de
Exceções
alimentos

Nomeação ou
remoção de
tutor e curador

Quando a lei
previr

E nos feriados (sábado, domingo e dia em que não houver expediente forense)?

Não há que se falar em suspensão do prazo, pois só podemos suspender a contagem de um prazo que, em
regra, deveria ser computado. E o art. 219, CPC determina que a regra é a contabilização apenas dos dias
úteis, retirando desde já todos os feriados de qualquer contagem.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

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Portanto, embora o efeito seja o mesmo (não contabilizar sábado, domingo e voltar a contar o prazo a partir
de segunda), não se fala em suspensão do prazo nos feriados.

E no CPC/73, em que os prazos eram, em regra, corridos? Havia suspensão nos feriados?

Também não. Nos feriados, não havia suspensão de prazo. O que acontecia era a não contagem daquele dia
apenas se o prazo se findasse naquela data.

Ex1: Se o prazo terminava na quinta-feira e tivesse havido feriado na terça-feira, esta terça seria incluída na
contagem do prazo. Assim, o prazo continuará terminando na quinta-feira daquela semana.

Ex2: Se o prazo terminava na quinta-feira e tivesse havido feriado na quinta-feira, não haveria suspensão,
mas apenas a prorrogação do termo final do prazo até o primeiro dia útil seguinte.

Assim, os feriados (sábado, domingo e dias em que não houvesse expediente) eram sim computados nos
prazos. Apenas se o prazo terminasse no dia do feriado (ex: domingo), o termo final era prorrogado para o
1º dia útil seguinte (segunda).

LUGAR DA PRÁTICA DOS ATOS PROCESSUAIS

1 - REGRA
Em regra, os atos processuais serão praticados na sede do juízo, podendo, excepcionalmente, serem
praticados em outro lugar.

Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do juízo, ou,


excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza
do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

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Praticados na sede do
Regra
Juízo

Deferência
Lugar dos Atos
Processuais

Interesse da Justiça

Exceções

Natureza do ato

Obstáculo arguido
pelo interessado e
acolhido pelo
magistrado

2 - EXCEÇÕES
Como visto, excepcionalmente, o ato processual poderá ser praticado em outro lugar em quatro hipóteses:

1ª hipótese: em razão de deferência


Ex1: Algumas autoridades podem ser ouvidas como testemunhas em sua residência ou onde exercem sua
função (art. 454, CPC).

Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde exercem sua função:

I - o presidente e o vice-presidente da República; II - os ministros de Estado; III - os ministros do


Supremo Tribunal Federal, os conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e os ministros do
Superior Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do
Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da União; IV - o procurador-geral da
República e os conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público; V - o advogado-geral da
União, o procurador-geral do Estado, o procurador-geral do Município, o defensor público-geral
federal e o defensor público-geral do Estado; VI - os senadores e os deputados federais; VII - os
governadores dos Estados e do Distrito Federal;

VIII - o prefeito; IX - os deputados estaduais e distritais; X - os desembargadores dos Tribunais de


Justiça, dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais
Regionais Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal;
XI - o procurador-geral de justiça; XII - o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede

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idêntica prerrogativa a agente diplomático do Brasil. § 1o O juiz solicitará à autoridade que


indique dia, hora e local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da
defesa oferecida pela parte que a arrolou como testemunha. § 2o Passado 1 (um) mês sem
manifestação da autoridade, o juiz designará dia, hora e local para o depoimento,
preferencialmente na sede do juízo. § 3o O juiz também designará dia, hora e local para o
depoimento, quando a autoridade não comparecer, injustificadamente, à sessão agendada para
a colheita de seu testemunho no dia, hora e local por ela mesma indicados.

2ª hipótese: interesse da justiça


Ex1: em caso de conflito possessório, o juízo pode comparecer ao local, praticando alguns atos fora da sede
do juízo.

Art. 565, § 3o O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer
necessária à efetivação da tutela jurisdicional.

Ex2: O juiz pode realizar inspeção judicial, de ofício ou a requerimento da parte.

Art. 481. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo,
inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa.

Art. 483. O juiz irá ao local onde se encontre a pessoa ou a coisa quando: I - julgar necessário
para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar; II - a coisa não puder
ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves dificuldades; III - determinar a
reconstituição dos fatos. Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção,
prestando esclarecimentos e fazendo observações que considerem de interesse para a causa.

3ª hipótese: natureza do ato

Atos que, pela sua natureza, não podem ser praticados na sede do juízo.

Ex1: Atos de constrição (penhora, arresto, sequestro etc.), realizados por oficial de justiça fora da sede do
juízo. Isso quando não puder ser realizada por termo nos autos.

Ex2: Atos de comunicação de atos judiciais, que ocorrem por via postal ou por meio do oficial de justiça.

4ª hipótese: obstáculo arguido pelo interessado


Ex1: oitiva de testemunha que está gravemente enferma e não poderá comparecer à sede do juízo (art. 449,
parágrafo único, CPC);

Art. 449. Salvo disposição especial em contrário, as testemunhas devem ser ouvidas na sede do
juízo. Parágrafo único. Quando a parte ou a testemunha, por enfermidade ou por outro motivo
relevante, estiver impossibilitada de comparecer, mas não de prestar depoimento, o juiz
designará, conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar para inquiri-la.

Ex2: oitiva do interditado que não pode se locomover (art. 751, §1º, CPC)

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Art. 751. O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que o
entrevistará minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens, vontades, preferências e laços
familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para convencimento quanto à sua
capacidade para praticar atos da vida civil, devendo ser reduzidas a termo as perguntas e
respostas. § 1o Não podendo o interditando deslocar-se, o juiz o ouvirá no local onde estiver.

Renato Montans inclui nessas exceções as cartas precatórias, rogatórias ou de ordem.

Daniel Assumpção, doutro lado, não entende que carta precatória e rogatória seriam exemplos dessas
exceções, pois os atos continuam a ser praticados na sede do juízo, mas não do juízo da causa e sim do juízo
deprecado.

DOS PRAZOS

1 - CONCEITO
Como afirmam Marinoni, Mitidiero e Arenhart52, prazos são lapsos temporais que existem entre dois termos
(termo inicial – dies a quo e termo final – dies ad quem) dentro dos quais se prevê a oportunidade para uma
ação ou omissão.

Termo inicial (dies a quo) Termo Final (dies ad quem)

Prazo

52
MARINONI, Luiz Guilherme, ARENHART, Sérgio Cruz e MITIDIERO, Daniel. Código de Processo Civil Comentado, 2ª edição, rev.,
atual e ampl., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, p. 322

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A fim de que o procedimento seja composto por atos sucessivamente praticados, temos a fixação de diversos
prazos processuais, que são inseridos nas mais diversas classificações.

2 - CLASSIFICAÇÕES

2.1 - 1ª classificação: pela sua origem.

Legais

Pela sua Origem Judiciais

Convencionais

i- prazos legais: São aqueles que estão previstos na legislação, conforme art. 218, CPC.

Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei.

ii- prazos judiciais: São aqueles fixados pelo juiz, tendo em vista a omissão legal. Nessas ocasiões, o
magistrado fixa o prazo conforme a complexidade do ato.

Art. 218, § 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à
complexidade do ato.

iii- prazos convencionais: São aqueles fixados pelas partes, seja em razão de um negócio jurídico processual,
seja em face da calendarização do processo.

2.2 - 2ª classificação: quanto às consequências de seu descumprimento

Próprios
Pela
consequência do Ordinários
descumprimento
Impróprios

Anômalos

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Os prazos próprios geram a preclusão temporal, isto é, a perda da faculdade/poder processual de praticar o
ato pela perda do prazo.

Ex: prazo para recorrer, contestar. Se perder o prazo, eventual recurso não será admitido pela
intempestividade e a contestação deverá ser desentranhada do processo.

Já os prazos impróprios, se descumpridos, não geram a preclusão temporal, sendo ainda possível a sua
prática.

Ex: prazos para o juiz decidir. Se passar o prazo legal (art. 226, CPC), não haverá qualquer preclusão, podendo
o magistrado praticar aquele ato normalmente.

Os prazos impróprios podem ainda ser divididos em ordinários e anômalos.

i- ordinários: embora não gerem preclusão temporal, podem implicar em sanção disciplinar.

Ex: o servidor que não praticar um ato, não haverá preclusão, isto é, poderá praticar o ato mesmo em atraso.
Contudo, poderá se sujeitar à sanção disciplinar.

ii- anômalo: não há preclusão e também não há sanção disciplinar. Há apenas repercussão de natureza
processual.

Ex1: intimação do MP para se manifestar nos casos em que for fiscal da lei (art. 178, CPC). Se não se
manifestar no prazo legal, não haverá preclusão, pois o MP poderá se manifestar posteriormente no
processo. No entanto, como o feito deve ter andamento (duração razoável do processo), o juiz requisitará
os autos e impulsionará o processo.

Ex2: se o amicus curiae não se manifestar no prazo, não haverá preclusão, tampouco penalidade disciplinar.
Apenas haverá requisição dos autos e prosseguimento do processo.

2.3 - 3ª classificação: quanto à exclusividade do destinatário

Comum
Pela
exclusividade do
destinatário
Particular

Os prazos comuns são aqueles destinados a ambas as partes (autor e réu).

Já os prazos particulares são aqueles destinados apenas a uma das partes.

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2.4 - 4ª classificação: pela possibilidade de flexibilização

Peremptório
Pela possibilidade
de flexibilização
Dilatório

No CPC/73, os prazos peremptórios seriam aqueles que não poderiam ser alterados.

Já os prazos dilatórios seriam aqueles que permitem essa alterabilidade.

Essa diferenciação ainda existe no CPC/15?

A doutrina vem dizendo que não existe, a exemplo de Marinoni, Mitidiero e Arenhart.

Ora, o art. 139, IV, NCPC estabelece que o magistrado, na condução do processo, poderá “dilatar os prazos
processuais”, não fazendo qualquer restrição entre prazo dilatório e peremptório.

Além disso, o art. 190, NCPC permite que as partes fixem negócio jurídico processual adaptando os prazos
às especificidades do caso. Consagra, pois, o princípio do autorregramento da vontade.

Por fim, o art. 222, §1º, CPC, autoriza a modificação dos prazos peremptórios, caso as partes concordem.

Art. 222, § 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.

Dessa afirmativa se extrai que, se as partes concordarem, o juiz poderá reduzir inclusive prazos
peremptórios.

Numa interpretação literal, poderíamos dizer que o art. 222, §1º, CPC/15 permite apenas a redução de prazo
peremptório.

Contudo, doutrina majoritária afirma que as partes poderiam tanto aumentar quanto diminuir os prazos,
sejam dilatórios ou peremptórios.

Enunciado 19, FPPC: (art. 190) São admissíveis os seguintes negócios processuais, dentre outros:
pacto de impenhorabilidade, acordo de ampliação de prazos das partes de qualquer natureza,
acordo de rateio de despesas processuais, dispensa consensual de assistente técnico, acordo
para retirar o efeito suspensivo de recurso14, acordo para não promover execução provisória;
pacto de mediação ou conciliação extrajudicial prévia obrigatória, inclusive com a correlata
previsão de exclusão da audiência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto de
exclusão contratual da audiência de conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto de
disponibilização prévia de documentação (pacto de disclosure), inclusive com estipulação de

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sanção negocial, sem prejuízo de medidas coercitivas, mandamentais, sub-rogatórias ou


indutivas; previsão de meios alternativos de comunicação das partes entre si.

3 - PRAZO SUBSIDIÁRIO E PRAZO PARA COMPARECIMENTO


Em regra, as intimações destinadas às partes contêm prazos explicitamente fixados, seja pela lei, pelo
magistrado e, inclusive, pelas partes (ex: calendarização processual).

E quando não há qualquer fixação de prazo?

Há prazos subsidiários para essa hipótese. Se a intimação for para comparecimento, este será obrigatório
desde que a intimação tenha se dado com 48h de antecedência.

Art. 218, § 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a
comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.

Se a intimação for para a prática de um ato processual a cargo da parte, o prazo será de 5 dias.

Art. 218, § 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o
prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

4 - ATO PROCESSUAL PREMATURO


Na vigência do CPC/73, o entendimento assente do STJ era de que o ato processual prematuro era inválido,
porquanto intempestivo. Assim, se a parte interpusesse um recurso antes do termo inicial do prazo, esse
recurso era tido como intempestivo. Veja a súmula 418, STJ, já revogada.

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação.

Isso tudo fazia parte da famosa “jurisprudência defensiva”, que criava óbices, impedimentos para que os
recursos subissem ao Tribunal da Cidadania. Era um entendimento absurdo. Ora, a parte diligente, que se
antecipou e recorreu antes mesmo da publicação do acórdão era prejudicada. O CPC/15, felizmente, previu
em dois dispositivos um entendimento contrário.

Art. 1.024, § 5º: § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a


conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.

Art. 218,§4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

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Por conta dessa contrariedade, o STJ cancelou a súmula 418 e já aprovou um novo enunciado (579), revendo
posicionamento anterior e adotando a ideia do NCPC.

Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior.

Portanto, o ato processual prematuro é válido e tempestivo.

Art. 218, § 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Enunciado 266, FPPC: (arts. 218, § 4º, 15) Aplica-se o art. 218, §4º, ao processo do trabalho, não
se considerando extemporâneo ou intempestivo o ato realizado antes do termo inicial do prazo.

FCC/PGE-TO – Procurador do Estado/2018: Em relação aos prazos, é correto afirmar: a) Será


considerado intempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. b) Tanto os prazos
processuais como os de direito material são, no atual ordenamento jurídico, computados em dias úteis.
c) Quando houver suspensão do prazo processual, este será restituído a partir de seu início. d)
Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de cinco dias o prazo para a prática de
ato processual a cargo da parte. e) Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos de acordo
com a lei processual civil, ou seja, em quinze dias.

Comentários: A alternativa A está incorreta. Art. 218, §4º Será considerado tempestivo o ato praticado
antes do termo inicial do prazo.

A alternativa B está incorreta. Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo
juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente
aos prazos processuais.

A alternativa C está incorreta. Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em
detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído
por tempo igual ao que faltava para sua complementação.

A alternativa D está correta. Art. 218, §3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz,
será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

A alternativa E está incorreta. Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em
lei. § 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do ato.

5 - CONTAGEM DOS PRAZOS EM DIAS ÚTEIS


Sabemos que o prazo é o lapso entre dois marcos (termo inicial – dies a quo e o termo final – dies ad quem).

O termo inicial é o momento que marca a existência do prazo. Mas cuidado, pois isso não significa que o
prazo começará a contar a partir do termo inicial.

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O termo final, por sua vez, é o momento que marca o fim da existência do prazo. Aqui, ao contrário do termo
inicial, é exatamente o momento final também da contagem do prazo.

Para bem compreender essas particularidades, vamos caminhar passo a passo.

A primeira informação fundamental é saber que o NCPC, de forma inovadora, propôs que os prazos serão
contados apenas em dias úteis.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.

Essa contagem se aplica apenas aos prazos processuais, a exemplo do prazo para contestar, recorrer,
manifestar nos autos. Não se aplica, portanto, aos prazos materiais, a exemplo dos prazos prescricionais
(arts. 205 e 206, CC) e decadenciais (ex: prazo de 120 dias para impetrar MS).

Súmula 632, STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de
mandado de segurança.

Sabemos que, em regra, prazos decadenciais não se sujeitam à interrupção e suspensão. Assim, se o prazo
de 120 dias terminar em sábado, domingo, a parte deveria ter impetrado o MS até sexta. Todavia, o STJ53
excepciona essa situação e afirma que, se o marco final do prazo do MS terminar em sábado, domingo ou
feriado, deverá haver prorrogação para o primeiro dia útil seguinte.

Outro exemplo de prazo não computado em dias úteis é o prazo de cinco dias para pagamento da
integralidade da dívida, previsto no art. 3º, § 2º, do Decreto-Lei n. 911/1969, pois de direito material54.

Obs2: O art. 219 se aplica aos Juizados Especiais?

1ª corrente: Não se aplica.

Enunciado 165, Fonaje: Nos Juizados Especiais Cíveis, todos os prazos serão contados de forma
contínua.

Enunciado 13, Juizado Especial Fazenda Pública: A contagem dos prazos processuais nos Juizados
da Fazenda Pública será feita de forma contínua, observando-se, inclusive, a regra especial de
que não há prazo diferenciado para a Fazenda Pública - art. 7º da Lei 12.153/09.

53
STJ. 1ª Seção. MS 14.828/DF, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 08/09/2010.
54
REsp 1.770.863-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª T, d.j. 09/06/2020 - info 673.

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2ª corrente (doutrina majoritária): Aplica-se.

ENUNCIADO 19, I Jornada, CJF: O prazo em dias úteis previsto no art. 219 do CPC aplica-se
também aos procedimentos regidos pelas Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009.

Enunciado 415, FPPC: (arts. 212 e 219; Lei 9.099/1995, Lei 10.259/2001, Lei 12.153/2009) Os
prazos processuais no sistema dos Juizados Especiais são contados em dias úteis.

Enunciado 416, FPPC: (art. 219) A contagem do prazo processual em dias úteis prevista no art.
219 aplica-se aos Juizados Especiais Cíveis, Federais e da Fazenda Pública.

A discussão se encerrou com a inclusão do art. 12-A na Lei n. 9.099/95.

Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática de
qualquer ato processual, inclusive para a interposição de recursos, computar-se-ão somente os
dias úteis. (Incluído pela Lei nº 13.728, de 2018)

Nessa ideia de que o art. 219, CPC é uma regra geral que deve ser aplicada a quase todos os procedimentos,
veja os enunciados 20, I Jornada, CJF:

ENUNCIADO 20, I Jornada, CJF: Aplica-se o art. 219 do CPC na contagem do prazo para oposição
de embargos à execução fiscal previsto no art. 16 da Lei n. 6.830/1980.

O STJ já decidiu que os processos de recuperação judicial e falência (regidos pela Lei n. 11.101/05) não
correm em dias úteis.

1. O Código de Processo Civil, na qualidade de lei geral, é, ainda que de forma subsidiária, a
norma a espelhar o processo e o procedimento no direito pátrio, sendo normativo suplementar
aos demais institutos do ordenamento. O novel diploma, aliás, é categórico em afirmar que
"permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis, as
quais se aplicará supletivamente este Código" (art. 1046, § 2°). 2. A Lei de Recuperação e Falência
(Lei 11.101/2005), apesar de prever microssistema próprio, com específicos dispositivos sobre
processo e procedimento, acabou explicitando, em seu art. 189, que, "no que couber", haverá
incidência supletiva da lei adjetiva geral. 3. A aplicação do CPC/2015, no âmbito do
microssistema recuperacional e falimentar, deve ter cunho eminentemente excepcional,
incidindo tão somente de forma subsidiária e supletiva, desde que se constate evidente
compatibilidade com a natureza e o espírito do procedimento especial, dando-se sempre
prevalência às regras e aos princípios específicos da Lei de Recuperação e Falência e com vistas

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a atender o desígnio da norma-princípio disposta no art. 47. 4. A forma de contagem do prazo -


de 180 dias de suspensão das ações executivas e de 60 dias para a apresentação do plano de
recuperação judicial - em dias corridos é a que melhor preserva a unidade lógica da recuperação
judicial: alcançar, de forma célere, econômica e efetiva, o regime de crise empresarial, seja
pelo soerguimento econômico do devedor e alívio dos sacrifícios do credor, na recuperação,
seja pela liquidação dos ativos e satisfação dos credores, na falência. 5. O microssistema
recuperacional e falimentar foi pensado em espectro lógico e sistemático peculiar, com previsão
de uma sucessão de atos, em que a celeridade e a efetividade se impõem, com prazos próprios
e específicos, que, via de regra, devem ser breves, peremptórios, inadiáveis e, por conseguinte,
contínuos, sob pena de vulnerar a racionalidade e a unidade do sistema. 6. A adoção da forma
de contagem prevista no Novo Código de Processo Civil, em dias úteis, para o âmbito da Lei
11.101/05, com base na distinção entre prazos processuais e materiais, revelar-se-á árdua e
complexa, não existindo entendimento teórico satisfatório, com critério seguro e científico para
tais discriminações. Além disso, acabaria por trazer perplexidades ao regime especial, com riscos
a harmonia sistêmica da LRF, notadamente quando se pensar na velocidade exigida para a prática
de alguns atos e na morosidade de outros, inclusive colocando em xeque a isonomia dos seus
participantes, haja vista a dualidade de tratamento. 7. Na hipótese, diante do exame sistemático
dos mecanismos engendrados pela Lei de Recuperação e Falência, os prazos de 180 dias de
suspensão das ações executivas em face do devedor (art. 6, § 4°) e de 60 dias para a apresentação
do plano de recuperação judicial (art. 53, caput) deverão ser contados de forma contínua. 8.
Recurso especial não provido. REsp 1699528/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, d.j. 13/06/2018.

Ainda, o STJ definiu que:

Mesmo não havendo previsão expressa na Lei nº 11.101/2005, deve ser reconhecida a incidência
da norma do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015) para a prática de atos processuais
pelos credores habilitados no processo falimentar quando representados por diferentes
procuradores. Assim, se no processo de recuperação judicial uma decisão desagradar aos
credores e eles decidirem recorrer, terão prazo em dobro caso possuam diferentes procuradores,
de escritórios de advocacia distintos. Em outras palavras, aplica-se aos credores da sociedade
recuperanda o prazo em dobro do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015). STJ. 3ª Turma.
REsp 1634850/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/03/2018

Ademais, a instrução normativa n. 39, no art. 2º, III, do TST determina que esse art. 219 do CPC também não
se aplica ao processo do trabalho. Todavia, a Reforma Trabalhista contrariou a instrução normativa e previu
o prazo em dias úteis no art. 775, CLT. Vejamos:

Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do
dia do começo e inclusão do dia do vencimento. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

§ 1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes
hipóteses: (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

I - quando o juízo entender necessário; (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

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II - em virtude de força maior, devidamente comprovada. (Incluído dada pela Lei nº


13.467, de 2017)

§ 2o Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de
prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela
do direito. (Incluído dada pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 775-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de
dezembro e 20 de janeiro, inclusive. (Incluído dada pela Lei nº 13.545, de 2017)

§ 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do


Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça
exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput deste artigo. (Incluído dada
pela Lei nº 13.545, de 2017)

§ 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento.


(Incluído dada pela Lei nº 13.545, de 2017)

Os alunos devem lembrar também que, com espeque no art. 216, não são contados os sábados, domingos e
os dias em que não há expediente forense (ex: feriados que caem entre a segunda e sexta-feira), pois são
considerados feriados.

Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos
e os dias em que não haja expediente forense.

Além dos feriados, temos de ver as outras hipóteses em que, mesmo em dias úteis, os prazos não correm.
São aqueles casos em que há suspensão dos prazos processuais (tema que veremos logo a seguir – item
10.6).

Se as partes quiserem estipular que o prazo será em dias corridos, isso será possível?

Enunciado 579, FPPC: (arts. 190, 219 e 222, §1º) Admite-se o negócio processual que estabeleça
a contagem dos prazos processuais dos negociantes em dias corridos.

5 - DIREITO INTERTEMPORAL
Na vigência do CPC/73, os prazos eram em dias corridos. Com o CPC/15, os prazos processuais passaram a
serem contados em dias úteis.

Como ficam os prazos que começaram na vigência do CPC/73 e terminaram na vigência do


CPC/15?

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Temos de verificar o termo inicial do prazo. Se ele iniciou na vigência do CPC/73 (até dia 17/03/2016), será
regulado pelo CPC antigo.

Se ele iniciou na vigência do CPC/15 (18/03/2016), será regulado pelo CPC/15.

Enunciado 267, FPPC: (arts. 218, e 1.046). Os prazos processuais iniciados antes da vigência do
CPC serão integralmente regulados pelo regime revogado.

Enunciado 268, FPPC: (arts. 219 e 1.046). A regra de contagem de prazos em dias úteis só se
aplica aos prazos iniciados após a vigência do Novo Código.

6 - SUSPENSÃO DOS PRAZOS PROCESSUAIS


Além da inexistência de contagem dos prazos nos sábados, domingos e nos dias em que não há expediente
forense (art. 216, CPC), temos ainda 3 (três) regras de suspensão de prazos, isto é, casos em que a contagem
do prazo é suspensa e volta a correr depois do término da suspensão.

Antes de mencioná-las, vamos fazer apenas uma observação. Há diferença entre suspensão e interrupção:
ambos param a fluência do prazo. Na suspensão, o prazo volta a contar do dia que parou. Na interrupção, o
prazo volta a contar do zero.

A exemplo, se houver contagem de 5 dias começando numa quarta. Contam-se os dias de quinta e sexta,
suspendendo-se o prazo no final de semana, voltando a correr na segunda (3º dia), terça (4º dia), terminando
na quarta (5º dia). Se houvesse uma interrupção na segunda, o prazo zeraria e começaria a contar tudo de
novo a partir da terça (1º dia).

E se o prazo de suspensão terminar num feriado (sábado, domingo ou dias em que não há
expediente forense – art. 216, CPC)?

O STJ entende que o prazo é prorrogado para o primeiro dia útil seguinte.

Na hipótese em que o Tribunal suspenda, por força de ato normativo local55, os atos processuais
durante o recesso forense, o termo final do prazo prescricional que coincidir com data abrangida
pelo referido recesso prorroga-se para o primeiro dia útil posterior ao término deste. A Corte
Especial do STJ uniformizou o entendimento de que o prazo decadencial para o ajuizamento da
ação rescisória prorroga-se para o primeiro dia útil seguinte, caso venha a findar no recesso
forense, sendo irrelevante a controvérsia acerca da natureza do prazo para ajuizamento da ação,
se prescricional ou decadencial, pois, em ambos os casos, o termo ad quem seria prorrogado

55
Na vigência do CPC/73, como não tínhamos previsão legal expressa, os Tribunais publicavam atos normativos internos dispondo
acerca da suspensão dos prazos processuais durante o recesso.

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(EREsp 667.672-SP, DJe 26/6/2008). Desse modo, na linha do precedente da Corte Especial e
outros precedentes do STJ, deve-se entender cabível a prorrogação do termo ad quem do prazo
prescricional no caso. Precedentes citados: REsp 969.529-SC, Primeira Turma, DJe 17/3/2008; e
REsp 167.413-SP, Primeira Turma, DJ 24/8/1998. REsp 1.446.608-RS, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 21/10/2014.

Dito isso, vamos às três regras!

6.1 - 1ª regra

O art. 220 ainda diz que os prazos serão suspensos no período do dia 20 de dezembro a 20 de janeiro.

Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de
dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

Essa suspensão dos prazos se aplica a todos os processos e, obviamente, aos membros do MP, Defensoria,
Advocacia Pública e Privada.

ENUNCIADO 21, I Jornada, CJF: A suspensão dos prazos processuais prevista no caput do art. 220
do CPC estende-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública.

Enunciado 32 do Fórum Nacional do Poder Público – FNPP: A suspensão dos prazos processuais
do período de 20 de dezembro a 20 de janeiro aplica-se à advocacia pública, sem prejuízo das
demais atribuições administrativas do órgão.

Atenção: Não confunda suspensão dos prazos (20/Dez a 20/Jan) com recesso forense, que ocorrer entre 20
de Dezembro e 6 de Janeiro.

O recesso forense (20 Dezembro até 06 de Janeiro) é um feriado, no qual os membros do Poder Judiciário,
MP, Defensoria não trabalham, havendo apenas os plantonistas.

Nos dias 7 de Janeiro a 20 de Janeiro, os Juízes, membros do MP, Defensoria e advogados voltam a exercer
suas funções e podem tranquilamente praticar atos processuais (art. 220, §1º, CPC). Todavia, apenas não
haverá o decurso dos prazos processuais, pois eles estarão suspensos (art. 220, caput).

Art. 220, § 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os
membros do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da
Justiça exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput.

O único ato processual que não poderá ocorrer é audiência/sessões de julgamento.

Art. 220, § 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de
julgamento.

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Essa suspensão de prazos entre 20 de Dezembro e 20 de Janeiro constitui conquista da Advocacia, pois os
advogados poderão gozar de período de descanso nesse ínterim, já que os prazos estarão suspensos e não
haverá audiência.

Essa suspensão do art. 220 aplica-se aos Juizados Especiais?

Enunciado 269, FPPC: (art. 220) A suspensão de prazos de 20 de dezembro a 20 de janeiro é


aplicável aos Juizados Especiais.

Mera denunciação não suspende automaticamente prazos processuais (STJ, REsp 1637369/DF, Rel. Min.
Ricardo Villas Boas Cueva, d.j. 15/05/2018)

Na oportunidade, o STJ rejeitou recurso de um sindicato do Distrito Federal que buscava reabrir o prazo para
apresentar contestação em processo movido por servidores. O sindicato denunciou a lide a terceiros no
último dia do prazo previsto, e após o indeferimento dessa medida, apresentou a contestação no dia
seguinte – portanto, fora do prazo.

O STJ disse que ainda que não se exija a apresentação simultânea da denunciação e da contestação, esta
deve ser protocolada dentro do prazo para a resposta.

Para Humberto Theodoro Junior56, “sobrevindo férias coletivas ou recesso, terão eles efeito suspensivo sobre
o prazo ainda em marcha, sem distinguir entre prazo dilatório e peremptório. O efeito suspensivo das férias
e do recesso natalino não se verifica quando se trata de prazo decadencial, como o de propositura da ação
rescisória, nem tampouco em relação ao prazo do edital, já que este não se destina à prática do ato
processual, mas apenas ao aperfeiçoamento da citação ficta. O prazo decadencial continua fluindo durante
as férias, mas o vencimento ficará protelado para o primeiro dia útil subsequente ao término das férias
(CPC/2015, art. 975, § 1º).”

A suspensão dos prazos prevista no art. 220 do CPC/2015 não impede que publicações sejam realizadas57.
Sobre o tema, compreende o STJ que nas hipóteses em que a ciência da decisão judicial se dá durante o
recesso forense, o termo inicial para a contagem do prazo recursal é o primeiro dia útil subsequente ao fim
da suspensão dos prazos58.

Por fim, para o STJ59, a ocorrência do recesso forense nos tribunais locais deverá ser comprovada, mediante
documento idôneo, no ato da interposição do recurso, nos termos da disposição contida no § 6º do art. 1.003
do CPC de 2015.

56
Código de Processo Civil Anotado. Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 294.
57
AgInt nos EDcl no AREsp 1514807/SC, Rel. Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 04/05/2020, DJe 07/05/2020.
58
EDcl no AgInt no RMS 34.976/SE, Rel. Min. Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 16/10/2018, DJe 25/10/2018 e AgRg nos
EDcl no AgRg no AREsp 1617542/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 23/06/2020, DJe 04/08/2020.
59
AgInt no AREsp 1623838/RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 07/12/2020, DJe 11/12/2020.

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6.2 - 2ª regra

Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou
ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual
ao que faltava para sua complementação.

Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução de programa instituído pelo


Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com
antecedência, a duração dos trabalhos.

Dentro desse art. 221, temos 3 hipóteses de suspensão.

1ª hipótese: criação de obstáculo em detrimento de alguma parte. O STJ já definiu que o obstáculo não pode
ser criado pelo próprio corpo jurídico. Ora, é impossível a suspensão dos prazos processuais por greve dos
advogados públicos. Isso não é um motivo de força maior a ensejar a suspensão ou devolução dos prazos
processuais (STJ, REsp. 1.280.063/RJ; Rel. Min. Eliana Calmon, d.j. 4/6/2013 (info 524).

2ª hipótese: incidência do art. 313, CPC.

Art. 313. Suspende-se o processo:

I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu
representante legal ou de seu procurador;

II - pela convenção das partes;

III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;

IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;

V - quando a sentença de mérito:

a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de


relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente;

b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa
prova, requisitada a outro juízo;

VI - por motivo de força maior;

VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de


competência do Tribunal Marítimo;

VIII - nos demais casos que este Código regula.

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IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada responsável pelo processo
constituir a única patrona da causa; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

X - quando o advogado responsável pelo processo constituir o único patrono da causa e tornar-
se pai. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016)

O STJ60 já decidiu que a não suspensão do processo pela morte ou perda da capacidade processual das partes
(art. 265, CPC/73, atual 313, I, CPC/15) enseja apenas nulidade relativa, sendo válidos os atos praticados,
desde que não haja prejuízo aos interessados. A norma visa proteger os herdeiros do falecido. Se não gerou
prejuízo a eles, não há razão para decretação da nulidade.

3ª hipótese: Quando houver programas de promoção da autocomposição.

Ex1: semana da conciliação. Suspendem-se todos os processos e todos os atores são voltados à promoção
da mediação/conciliação.

6.3 - 3ª regra

Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá
prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.

§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.

§ 2o Havendo calamidade pública (ex: enchente), o limite previsto no caput para prorrogação de
prazos poderá ser excedido.

E se, mesmo assim, a parte perder o prazo. O que acontecerá?

Haverá a preclusão temporal, isto é, a perda (extinção) da faculdade/poder processual de praticar aquele
ato ou de emenda-lo.

Entretanto, se a parte comprovar que não praticou o ato por uma justa causa (evento alheio à vontade da
parte que impediu a prática do ato), o juiz fixará novamente um prazo para que a parte o pratique.

Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não
o realizou por justa causa.

60
REsp. 959.755/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, d.j. 17/05/2012 - info 497.

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§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o
ato por si ou por mandatário.

§ 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar.

Pois bem.

Já vimos que o prazo só é contado nos dias úteis, bem como entendemos em quais hipóteses esse prazo é
suspenso.

Agora, temos de adentrar no seguinte tema:

7 - AFINAL, COMO É FEITA A CONTAGEM DOS PRAZOS?


O caput do art. 224 dispõe que devemos excluir o dia do começo e incluir o dia do vencimento.

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.

Ex1: Se a pessoa foi intimada no dia 11 de junho de 2018 (segunda-feira) pelo escrivão ou chefe de secretaria
(art. 231, III, CPC), tendo o prazo 3 dias para a prática do ato, devemos excluir o dia do começo (11/06/2018
– segunda) computar o prazo a partir da terça (12/06/2018).

Sendo assim, temos o 1º dia (terça), 2º dia (quarta), 3º dia (quinta-feira). Como o art. 224, caput, CPC diz,
devemos incluir o dia do vencimento (quinta). Assim, quinta-feira será o último dia para a parte praticar o
ato que lhe incumbe.

JUNHO

S T Q Q S S D

1 2 3

4 5 6 7 8 9 10

11 (1º
dia do 12 13 14 15 16 17
prazo)

18 19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30

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Se o prazo for em dias corridos e terminar em um feriado (sábado, domingo ou dia em que não houver
expediente forense) a parte deverá realizar tal ato no primeiro dia útil posterior a essa data.

Assim, no calendário acima, se o prazo tivesse finalizado em 16 ou 17 de Junho, a parte poderia praticar o
ato processual até o dia 18 (1º dia útil seguinte).

Ademais, essa prorrogação também ocorrerá quando o expediente forense for encerrado antes (ex: previsto
para encerrar às 18h, mas encerra às 17h) OU quando for iniciado após o previsto (ex: abre às 9h, mas abriu
às 12h naquele dia) OU quando houver indisponibilidade do sistema eletrônico (é o que diz os arts. 3º e 10,
§2º, ambos da Lei n. 11.419/06).

Por fim, também se aplica o art. 224, §1º, CPC quando o começo do prazo se der em feriado.

Se a parte, por exemplo, tivesse sido intimada no sábado, esse dia não será considerado como começo do
prazo, sendo protraído, prorrogado para o 1º dia útil seguinte (segunda-feira). Assim, será considerada
intimada na segunda. Como o 1º dia é excluído (art. 224, caput), começamos a contar o prazo a partir de
terça.

É o que diz o art. 224, §1º, CPC.

§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil
seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado
depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica.

Enunciado 270, FPPC: (art. 224, § 1º; art.15) Aplica-se ao processo do trabalho o art. 224, § 1º.

Ok, sabemos que o dia de começo do prazo é excluído. Mas como sei que o dia X é o começo do prazo?

Terá de consultar o art. 231, CPC para saber o dia do começo do prazo (termo inicial61).

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:

I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo
correio;

61
Termo inicial do prazo e não da contagem. O 1º dia é excluído (art. 224, caput), começando a contagem apenas a partir do 2º
dia.

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II - a data de juntada62 aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por
oficial de justiça;

III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou
do chefe de secretaria;

IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for
por edital;

V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo


para que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;

VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de
juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação
se realizar em cumprimento de carta;

VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou
eletrônico;

VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do
cartório ou da secretaria.

§ 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.

FORMA COMEÇO DO PRAZO

Correios (aplica-se também para a citação


Juntada aos autos do aviso de recebimento
por hora certa – art. 231, §4º, CPC)

Oficial de Justiça Juntada aos autos do mandado cumprido

Ato do Escrivão ou do Chefe de Secretaria Data atestada

62
Após seu cumprimento, o oficial deve entregar o mandado em cartório ou, em processos eletrônicos, fazer a devida juntada.
Sabe-se que essa juntada é importante no Processo Civil, pois: a) dá ciência ao juízo do ocorrido; b) permite a ciência de quem não
participou do ato; c) possibilita a alegação de vícios formais; d) pode representar o termo inicial da contagem de prazo para a
prática de ato processual (ex: arts. 230 e 231, CPC).

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Dia útil seguinte ao fim da dilação assinada


Edital
pelo juiz

Via eletrônica Data da publicação

Retirada dos autos de cartório Dia da carga

Se o ato tiver de ser praticado pela parte ou outrem sem a intermediação de representante judicial, o termo
inicial será da comunicação.

Art. 231, § 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de
qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do
começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em que se
der a comunicação.

Nesse sentido, temos enunciado 271, FPPC.

Enunciado 271, FPPC: (art. 231) Quando for deferida tutela provisória a ser cumprida
diretamente pela parte, o prazo recursal conta a partir da juntada do mandado de intimação, do
aviso de recebimento ou da carta precatória; o prazo para o cumprimento da decisão inicia-se
a partir da intimação da parte.

MPDFT/MPDFT – Promotor de Justiça Substituto/2021 - I. Naquelas hipóteses em que o ato tiver de


ser praticado diretamente por quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação
de representante judicial, o dia do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial
corresponde ao dia útil posterior à data em que se der a comunicação.

O item I está errado. Art. 231, § 3º Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por
quem, de qualquer forma, participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia
do começo do prazo para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em que se der
a comunicação.

Ademais, vale dizer que, em regra, o prazo é contado individualmente.

Art. 231, § 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente.

Contudo, quando houver mais de um réu, o prazo para manifestação terá seu termo inicial correspondente
à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput. Assim, se o segundo réu for intimado por
correios, o prazo para os dois réus se manifestarem terá seu termo inicial a partir da última juntada do aviso
de recebimento.

Como o 1º dia é excluído, começará a contagem do prazo a partir do 1º dia útil seguinte à juntada do último
aviso de recebimento.

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Art. 231, § 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar
corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.

Enunciado 272, FPPC: (art. 231, § 2º) Não se aplica o § 2º do art. 231 ao prazo para contestar,
em vista da previsão do § 1º do mesmo artigo.

Obs1: Essa regra do art. 231, §1º, CPC será aplicável para aqueles casos em que não é cabível a audiência de
conciliação e mediação (art. 334, §4º ou §6º, CPC). Isso porque, se for cabível, o prazo para contestar segue
o art. 335, CPC.

Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo
termo inicial será a data:

I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando


qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;

II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação


apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;

III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.

§ 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial
previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido
de cancelamento da audiência.

§ 2o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor
desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de
intimação da decisão que homologar a desistência.

Na contagem do prazo, só se conta os dias úteis (art. 219), não contando feriados (art. 216). O
dia do termo inicial (art. 231) deve ser excluído (art. 224, caput).
Depois que se exclui o dia do termo inicial (art. 231), passamos a contar apenas os dias úteis (art.
219).

Obs2: Acerca do art. 231, VII, CPC, devemos fazer uma observação.

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:

VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou
eletrônico;

Considera-se que o dia da publicação é exatamente o termo inicial do prazo (a certidão de nascimento do
prazo). O prazo nasce naquele dia.

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Como devemos excluir o primeiro dia (dia da publicação), passamos a contar efetivamente o prazo a partir
do primeiro dia útil seguinte.

Art. 224, § 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.

Ex1: Então, se uma decisão foi publicada no dia 12 de junho (terça-feira), exclui-se o dia do início (dia 12 de
junho) e a contagem do prazo começa no dia 13 de junho (quarta-feira).

Até aqui tudo bem. Nada de diferente.

O ponto chave é saber detectar qual é o dia da publicação.

Segundo o art. 224, §2º, considera-se como data de publicação o dia útil seguinte ao da disponibilização
(art. 224, §2º, CPC).

Art. 224, § 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da
disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.

Vamos treinar?

Imagine que o juiz despachou em 5 de junho de 2018 (terça-feira) para que a parte se manifestasse no prazo
de 10 dias, com intimação por Diário Eletrônico de Justiça no dia 11/06/2018.

Qual o termo final do prazo? Dia 26 de junho.

JUNHO

S T Q Q S S D

1 2 3

4 5 6 7 8 9 10

12
(publicação
11(Dje) – 231, VII 13 14 15 16 17
c/c 224,
§2º)

18 19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30

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O art. 224, §2º63 diz que se considera o dia da publicação o primeiro dia útil seguinte à disponibilização no
diário de justiça eletrônico. Como a disponibilização no DJe se deu no dia 11/06/2018, considera-se dia da
publicação o dia 12/6/2018.

Este dia 12/06 é o termo inicial do prazo (art. 231, VII, CPC64).

Como diz o art. 224, caput65, o primeiro dia do prazo (12/06) é excluído, passando a contar a partir primeiro
dia útil seguinte (13 de junho).

Começando a contar efetivamente a partir do dia 13/06, e computando apenas os dias úteis (art. 21966), o
termo final do prazo de 10 dias é o dia 26/06/2018.

IBEG/IPREV – Procurador Previdenciário/2017: Em uma ação de conhecimento foi à sentença foi


publicada no dia 01 de março de 2017 (quarta-feira). Inconformada com a decisão, a Ré pretende
interpor o recurso de apelação. Qual o prazo final para a interposição do recurso? a) 16 de março de
2017. b) 15 de março de 2017. c) 21 de março de 2017. d) 22 de março de 2017. e) 23 de março de
2017.

Comentários: Na contagem do prazo, só se conta os dias úteis (art. 219), não contando feriados (art.
216). O dia do termo inicial (art. 231) deve ser excluído (art. 224, caput). Depois que se exclui o dia do
termo inicial (art. 231), passamos a contar apenas os dias úteis (art. 219).

No caso concreto, temos de excluir o dia da publicação, passando a contar apenas a partir do 1º dia
útil seguinte. Art. 224, § 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da
publicação.

Assim, a contagem do prazo começará no dia 02 de março de 2017 (quinta-feira).

Como a apelação é recurso a ser interposto no prazo de 15 dias úteis (art. 1.003, §5º c/c art. 219, CPC.
Art. 1.003, § 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os
dias úteis.

1º dia (quinta – 2/3/17); 2º dia (sexta - 3/3/17); 3º dia (segunda - 6/3/17); 4º dia (terça - 7/3/17); 5º
dia (quarta - 8/3/17); 6º dia (quinta - 9/3/17); 7º dia (sexta - 10/3/17); 8º dia (segunda - 13/3/17); 9º

63
Art. 224, § 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário
da Justiça eletrônico.
64
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: VII - a data de publicação, quando a
intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico;
65
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento.
66
Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.

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dia (terça - 14/3/17); 10º dia (quarta - 15/3/17); 11º dia (quinta - 16/3/17); 12º dia (sexta - 17/3/17);
13º dia (segunda - 20/3/17); 14º dia (terça - 21/3/17); 15º dia (quarta - 22/3/17).

Obs3: O prazo para o Procurador, Advocacia Pública, Defensoria e MP começará a contar quando forem
intimados, citados ou notificados.

Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o
Ministério Público será contado da citação, da intimação ou da notificação.

Ocorre que, como diz André Roque67, “esse dispositivo reproduz a confusão entre a fluência do prazo e a
contagem”.

O começo do prazo (termo inicial) será a citação, intimação ou notificação. Mas, como diz o art. 224, caput,
esse dia do começo deve ser excluído.

Assim, a contagem do prazo começará apenas no dia útil seguinte.

Nos casos da Advocacia Pública, Defensoria e MP, que têm a prerrogativa de intimação pessoal, o termo
inicial do prazo dependerá em qual meio tramita o processo.

Quando os autos são físicos, deve-se fazer a remessa à instituição, pois a intimação se dá com o ingresso
dos autos no setor administrativo responsável pelo recebimento dos processos.

Quando os autos são eletrônicos, a intimação se dará conforme os ditames da Lei n. 11.419/06.

Para tanto, vale transcrever o art. 270, parágrafo único e art. 246, §1º:

Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.

Parágrafo único. Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública o


disposto no § 1o do art. 246.

Art. 246. A citação será feita:

I - pelo correio;

II - por oficial de justiça;

III - pelo escrivão ou chefe de secretaria, se o citando comparecer em cartório;

67
Teoria Geral do Processo: Comentários ao CPC de 2015: Parte Geral, p. 712.

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IV - por edital;

V - por meio eletrônico, conforme regulado em lei.

§ 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as empresas públicas
e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos,
para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas
preferencialmente por esse meio.

Assim sendo, feita a intimação por meio eletrônico, o órgão tem 10 dias para abrir a intimação. Se
transcorrer esse prazo sem a abertura, há a presunção de intimação (art. 5º, §3º, Lei 11.419/06). Ademais, o
art. 5º, §6º dispõe que essa intimação será considerada pessoal para todos os efeitos.

Art. 5o As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que se cadastrarem
na forma do art. 2o desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial, inclusive eletrônico.

§ 1o Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o intimando efetivar a consulta


eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização.

§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, nos casos em que a consulta se dê em dia não útil, a
intimação será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte.

§ 3o A consulta referida nos §§ 1o e 2o deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias corridos
contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação
automaticamente realizada na data do término desse prazo.

§ 4o Em caráter informativo, poderá ser efetivada remessa de correspondência eletrônica,


comunicando o envio da intimação e a abertura automática do prazo processual nos termos do
§ 3o deste artigo, aos que manifestarem interesse por esse serviço.

§ 5o Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma deste artigo possa causar prejuízo a
quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de burla ao
sistema, o ato processual deverá ser realizado por outro meio que atinja a sua finalidade,
conforme determinado pelo juiz.

§ 6o As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda Pública, serão consideradas
pessoais para todos os efeitos legais.

Art. 6o Observadas as formas e as cautelas do art. 5o desta Lei, as citações, inclusive da Fazenda
Pública, excetuadas as dos Direitos Processuais Criminal e Infracional, poderão ser feitas por
meio eletrônico, desde que a íntegra dos autos seja acessível ao citando.

Art. 7o As cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de um modo geral, todas as comunicações


oficiais que transitem entre órgãos do Poder Judiciário, bem como entre os deste e os dos demais
Poderes, serão feitas preferentemente por meio eletrônico.

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Mas professor, e quando a decisão for dada em audiência, com a presença do Defensor Público
ou do membro do MP?

O art. 1.003, §1º, CPC, diz que ele já sairá intimado da audiência, começando a contar o prazo a partir dali:

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a
sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são
intimados da decisão. § 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em
audiência quando nesta for proferida a decisão.

Todavia, já citamos julgados do STJ na seara do Processo Penal que pode, futuramente, ser aplicável ao
Processo Civil. Remeto os alunos à parte do curso sobre sujeitos do processo.

PRAZOS
i- prazo subsidiário: 5 dias
ii- prazo a obrigar o comparecimento: 48 horas
iii- ato processual prematuro: válido
iv- suspensão do prazo:
- sábados, domingos, feriados e em dias sem expediente forense.
- entre os dias 20/dez a 20/jan;
- obstáculo criado pela parte ou pela suspensão do processo (art. 313, do CPC).
- instituição de programa de autocomposição pelo Poder Judiciário.
v- prorrogação do prazo:
- por até 2 meses, quando se tratar de unidade judiciária de difícil acesso.
- situação de calamidade, podendo ultrapassar os 2 meses a depender da situação concreta.
CONTAGEM DE PRAZO:
- Na contagem do prazo, só se conta os dias úteis (art. 219), não contando feriados (art. 216). O
dia do termo inicial (art. 231) deve ser excluído (art. 224, caput).
- Depois que se exclui o dia do termo inicial (art. 231), passamos a contar apenas os dias úteis
(art. 219).
MEIO DE PRÁTICA DO ATO PROCESSUAL
a) Eletrônico: qualquer horário até as 24h do último dia do prazo;
b) Não eletrônico: deverá observar o horário de funcionamento do tribunal/fórum
TEMPO PARA PRÁTICA DOS ATOS PROCESSUAIS
a) Regra geral: das 6h às 20h e em dias úteis.
b) Exceção: serão praticados depois das 20h se o seu adiamento:
- prejudicar a diligência;
- causar grave dano.

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- art. 12, Lei n. 9.099/95 (Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em
horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária).
c) Exceção quanto aos dias úteis:
- Tutela de urgência;
- art. 212, §2º, CPC - Citações; Intimações; Penhoras.
Obs: esses atos nos feriados e férias forenses são praticados independentemente de autorização
judicial (art. 212, §2º, CPC).

FCC/DPE-PR – Defensor Público/2017: Sobre os prazos no Código de Processo Civil, é correto afirmar:
a) O cumprimento definitivo da sentença, no caso de condenação em quantia certa, far-se-á mediante
requerimento do exequente, sendo o executado intimado a pagar o débito em quinze dias úteis.
b) Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, desde que de escritórios distintos, terão prazos
contados em dobro para todas as suas manifestações, tratando-se de autos físicos.
c) O prazo para resposta, em caso de citação por edital, inicia-se quando finda a dilação assinalada pelo juiz,
ainda que em dia não útil.
d) Considera-se dia do começo do prazo o dia subsequente à data em que efetivamente o oficial de justiça
realizou a citação com hora certa.
e) O prazo para cada um dos executados embargar, quando houver mais de um, conta-se a partir da juntada
do respectivo comprovante de citação, ainda que cônjuges ou companheiros.
Comentários: A alternativa A está incorreta. A primeira parte da assertiva está correta, mas a discussão vem
quanto à expressão “quinze dias úteis”.
Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de decisão sobre
parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo
o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.
Sabe-se que apenas os prazos processuais serão contados em dias úteis (art. 219, CPC).
A natureza do art. 523 é controversa:
1ª corrente: O art. 523 é prazo estabelecido para pagamento espontâneo de uma condenação. E pagamento
é instituto de direito material (art. 304ss, CC). Assim, o art. 523 contém instituto do direito material e não
sofre a dobra do prazo. Essa foi a corrente adotada pela FCC.
2ª corrente (André Roque68, Enunciado 89, I Jornada CJF): esse ato para o qual é intimado o devedor
(pagamento) se destina (ainda que não exclusivamente) a produzir efeitos no processo, inibindo as próximas
etapas do cumprimento de sentença, com a realização de atos constritivos sobre o patrimônio do executado

68
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/novo-cpc/stj-e-o-prazo-do-art-523-do-cpc-muita-calma-
nessa-hora-04122017

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(art. 523, § 3º) e a abertura de prazo para a impugnação (art. 525, caput), o prazo deve ser qualificado como
processual, computando-se apenas nos dias úteis.
Enunciado 89 – I Jornada CJF: Conta-se em dias úteis o prazo do caput do art. 523 do CPC.
No Informativo 619, o STJ publicou um julgado (REsp 1.693.784-DF, de 28/11/17) que indica que considerará
isso como um prazo processual (2ª corrente).
Isso porque salientou que o prazo de quinze dias para pagamento espontâneo do art. 523 do CPC deve ser
dobrado caso configurada a hipótese do art. 229 (litisconsórcio passivo no cumprimento de sentença em
autos físicos, com devedores patrocinados por escritórios de advocacia distintos). Teria considerado que tal
prazo, portanto, teria natureza processual.
Contudo, o tema ainda não está pacificado. Foi uma questão bem complicada, pois o tema é divergente.
A alternativa B está correta.
Art. 229, caput e §2º: Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia
distintidos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento. §2º: Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos
eletrônicos.
A alternativa C está incorreta.
Art. 231, IV. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo: o dia útil seguinte
ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou intimação for por edital.
A alternativa D está incorreta. Não é o dia em que o oficial de justiça realizou a citação, mas sim o dia de
juntada do mandado cumprido.
Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:
II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por oficial de
justiça;
§ 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.
A alternativa E está incorreta.
Art. 915, §1º Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir
da juntada do respectivo comprovante da citação, salvo no caso de cônjuges ou de companheiros, quando
será contado a partir da juntada do último.

8 - RENÚNCIA DO PRAZO

Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde
que o faça de maneira expressa.

As condições legais para a renúncia do prazo são:

a) o prazo deve ter sido estabelecido exclusivamente em seu favor;

b) a parte tem de renunciar expressamente.

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Daniel Assumpção e Moniz de Aragão entendem que mesmo que o prazo seja comum (para ambas as partes),
é possível a renúncia, desde que todas as partes se manifestem expressamente nesse sentido.

Se houver litisconsórcio simples (passível de decisão distinta para cada um), a renúncia será eficaz para
aquele que renunciou, não atingindo os outros (art. 117, CPC).

Se houver litisconsórcio unitário (decisão uniforme para todos), a eficácia do ato está condicionada à
manifestação expressa dos demais litisconsortes, pois o ato praticado por um não pode prejudicar os outros
(art. 117, CPC).

Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como
litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um
não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar.

9 - PRAZOS DO JUIZ

Art. 226. O juiz proferirá:

I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;

II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias;

III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.

Todos esses prazos são impróprios, o que significa dizer que seu descumprimento não gera qualquer
preclusão temporal. O juiz continuará apto a se pronunciar.

O art. 227, CPC confirma que o prazo é impróprio, estabelecendo a possibilidade de prorrogação dos prazos
por motivo justificado.

Art. 227. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por
igual tempo, os prazos a que está submetido.

Portanto, havendo motivo justificado, o juiz pode dobrar o prazo legal (10 dias para despacho; 20 dias para
decisões interlocutórias e 60 dias para sentenças).

Atentem-se que cumprir esse prazo é bastante recomendável ao juiz, pois, em havendo atraso injustificável
do magistrado, a parte poderá fazer reclamações perante a Corregedoria do Tribunal e perante o CNJ,
conforme art. 235, CPC.

Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao
corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que
injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.

Veremos o procedimento mais à frente.

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10 - PRAZOS DOS SERVIDORES

Art. 228. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e
executar os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data em que:

I - houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto pela lei;

II - tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.

§ 1o Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia e a hora em que teve ciência da ordem
referida no inciso II.

§ 2o Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de petições ou de manifestações em geral


ocorrerá de forma automática, independentemente de ato de serventuário da justiça.

Se os servidores descumprirem esse prazo legal, estarão sujeitos às sanções do art. 233, CPC.

Art. 233. Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os prazos
estabelecidos em lei.

§ 1o Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de processo administrativo, na forma da lei.

§ 2o Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao juiz
contra o serventuário que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei.

11 - PRAZOS EM CASO DE LITISCONSÓRCIO

CPC/73 CPC/15

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem


diferentes procuradores, de escritórios de
advocacia distintos, terão prazos contados em
dobro para todas as suas manifestações, em
Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem qualquer juízo ou tribunal, independentemente
diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados de requerimento.
em dobro os prazos para contestar, para
§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se,
recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.
havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida
defesa por apenas um deles.
§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos
processos em autos eletrônicos.

Houve duas mudanças mais significativas:

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1ª mudança: Tanto o CPC/73 quanto o CPC/15 exigem pluralidade de sujeitos (litisconsortes) e pluralidade
de patronos.

Contudo, a mudança no NCPC veio para estabelecer um requisito extra (terceiro requisito), qual seja, de que
os patronos, os advogados devem pertencer a escritórios de advocacia distintos.

Isso porque havia muita burla ao sistema. Ex: A e B contratavam apenas um escritório de advocacia para
defende-los numa demanda.

Mesmo que a defesa fosse similar para os dois réus, diferentes advogados daquele mesmo escritório
figuravam nas procurações dos litisconsortes apenas para ganharem prazo em dobro.

2ª mudança: não haverá duplicação de prazo se o processo for eletrônico e estiverem eletronicamente
acessíveis (já que se permite a consulta simultânea).

Nesse ponto, vale dizer que o STJ69 decidiu que havia o prazo em dobro tanto nos processos físicos quanto
eletrônicos, na vigência do CPC/73. Contudo, quando o CPC 2015 entrasse em vigor, os litisconsortes não
mais teriam o prazo em dobro no processo eletrônico, mesmo que possuíssem procuradores diferentes.

Obs1: Não precisa de requerimento para a concessão do prazo em dobro. Trata-se de concessão ex lege.

Obs2: O STJ admitia prazo em dobro para marido e mulher defendido por advogados distintos, com o
argumento de que o art. 191, CPC/73 apenas exigia a diversidade de patronos para a concessão da benesse
processual (STJ, REsp 973.465-SP).

Obs3: Não se aplica o prazo em dobro aos credores da sociedade em recuperação judicial, pois o STJ
entendeu que eles não seriam réus, mas apenas interessados (STJ. 3ª Turma. REsp 1324671-SP, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 3/3/2015 - Info 557).

Contudo, posteriormente, já em 2018, o STJ decidiu de forma diferente.

Mesmo não havendo previsão expressa na Lei nº 11.101/2005, deve ser reconhecida a incidência
da norma do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015) para a prática de atos processuais
pelos credores habilitados no processo falimentar quando representados por diferentes
procuradores. Assim, se no processo de recuperação judicial uma decisão desagradar aos
credores e eles decidirem recorrer, terão prazo em dobro caso possuam diferentes procuradores,
de escritórios de advocacia distintos. Em outras palavras, aplica-se aos credores da sociedade
recuperanda o prazo em dobro do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015). STJ. 3ª Turma.
REsp 1634850/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/03/2018.

69
STJ. 3ª Turma. REsp 1.488.590-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/4/2015 - Info 560.

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Obs4: A e B estão no polo passivo, mas apenas A apresenta defesa. O prazo em dobro é cessado para os atos
posteriores. É como se A estivesse, a partir dali, caminhando sozinho. Vejam o art. 229, §1º, CPC/15.

Art. 229, § 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida
defesa por apenas um deles.

É o mesmo raciocínio da súmula 641, STF.

Súmula 641, STF: Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes
haja sucumbido.

Obs5: Se os litisconsortes passam a ter procuradores diferentes durante o transcorrer do prazo recursal,
somente se aplica o benefício do prazo em dobro à parte cujo prazo recursal ainda não tiver transcorrido até
aquele momento. Então, se faltam mais 5 dias do prazo recursal, quando constituído o procurador, duplicar-
se-á o prazo de 5 dias restantes para 10 dias.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ANULAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
LITISCONSÓRCIO. CONSTITUIÇÃO DE ADVOGADOS DISTINTOS. MOMENTO DE INCIDÊNCIA DO
PRAZO EM DOBRO. ART. 191 DO CPC. MULTA AFASTADA.

Ausentes os vícios do art. 535, II, do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração.

Se os litisconsortes passam a ter procuradores distintos no curso do processo, a partir desse


momento é que têm o prazo em dobro à sua disposição. O momento processual da aplicação do
art. 191 do CPC, é, portanto, o de quando demonstrada a existência de litisconsórcio com
diferentes procuradores.

Afasta-se a multa do parágrafo único do art. 538 do CPC quando não se caracteriza o intento
protelatório na interposição dos embargos de declaração.

Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta extensão, provido. (REsp 1309510/AL, Rel.
Min. Nancy Andrighi, D.J 12/03/2013, Info 518, STJ).

Na ocasião, manteve-se o acórdão do Tribunal local no seguinte sentido:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRAZO PARA APELAÇÃO. LITISCONSORTES QUE PASSARAM A TER
ADVOGADOS DISTINTOS NO CURSO PROCESSUAL. INTEMPESTIVIDADE CONFIGURADA. 1. A
correta aplicação da previsão contida no artigo 191 do Código de Processo Civil, suscitado pelos
Apelantes, ao caso em testilha, depende da consideração prévia de uma peculiaridade, qual seja,
o fato de que os litisconsortes apenas passaram a ter advogados distintos em 7 de dezembro
de 2009 - 14º dia do prazo recursal -, data em que foi protocolado, pela segunda Apelante, o
requerimento de fls. 103/106, no qual é informada, por ela, a constituição de novo causídico e a
consequente revogação dos poderes conferidos aos anteriores. 2. Tem-se, pois, que os Apelantes
apenas passaram a ser patrocinados por advogados diferentes quando o prazo para a
interposição do recurso já se encontrava em andamento, devendo, pois, a regra do artigo 191 do

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CPC, apenas ser aplicada a partir do momento em que se deu a referida mudança de advogados.
3. Considerando que a diversidade de advogados apenas se operou no 14º dia do prazo recursal,
apenas o remanescente desse interregno, ou seja, um dia, deve ser dobrado, de modo que, aos
quatorze dias já transcorridos, devem ser somados dois, resultando num prazo final de
dezesseis dias para apelar, o que findaria em 09 de dezembro de 2009. 4. Dessa forma, resta
evidente a intempestividade de ambos os Apelos em questão, os quais somente foram
protocolados em 4 de janeiro do ano em curso, advindo, pois, a situação que torna premente a
aplicabilidade do artigo 557 do CPC. Embargos de declaração: interpostos pela recorrente, foram
rejeitados, com aplicação da multa prevista no parágrafo único do art. 538 do CPC.

Obs6: Não se pode cumular hipóteses de de contagem diferenciada de prazos. Ex: Se União e Município
litigam no polo passivo de uma demanda, eles não terão prazo em quádruplo (prazo em dobro do art. 183,
CPC + prazo em dobro do art. 229, CPC). Eles terão direito apenas a uma duplicação de prazo.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia


distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo
ou tribunal, independentemente de requerimento.

CESPE/TRT7 – Oficial de Justiça/2017 - Eduarda e Carolina, demandadas por Mário em ação que
tramita em autos eletrônicos, constituíram procuradores de escritórios distintos.

Nessa situação hipotética, as litisconsortes terão prazo: a) em dobro somente para contestar. b) em
dobro para todos os atos. c) em quádruplo para todos os atos. d) simples para contestar.

Comentários: Gab letra D

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos,
terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento. § 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas
2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2o Não se aplica o disposto no caput aos
processos em autos eletrônicos.

Obs7: No cumprimento voluntário de sentença, o executado tem 15 dias para pagar.

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de


decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de 15
(quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

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Esse prazo de 15 dias pode ser duplicado, pela aplicação do art. 229 (litisconsortes cujos advogados sejam
de escritórios distintos)?

Sim, foi o que entendeu o STJ, no REsp 1.693.784-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 28/11/2017
- Info 619.

1. O artigo 229 do CPC de 2015, aprimorando a norma disposta no artigo 191 do código
revogado, determina que, apenas nos processos físicos, os litisconsortes que tiverem diferentes
procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas
as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento.

2. A impossibilidade de acesso simultâneo aos autos físicos constitui a ratio essendi do prazo
diferenciado para litisconsortes com procuradores distintos, tratando-se de norma processual
que consagra o direito fundamental do acesso à justiça.

3. Tal regra de cômputo em dobro deve incidir, inclusive, no prazo de quinze dias úteis para
o cumprimento voluntário da sentença, previsto no artigo 523 do CPC de 2015, cuja natureza
é dúplice: cuida-se de ato a ser praticado pela própria parte, mas a fluência do lapso para
pagamento inicia-se com a intimação do advogado pela imprensa oficial (inciso I do § 2º do
artigo 513 do atual Codex), o que impõe ônus ao patrono, qual seja o dever de comunicar o
devedor do desfecho desfavorável da demanda, alertando-o das consequências jurídicas da
ausência do cumprimento voluntário.

4. Assim, uma vez constatada a hipótese de incidência da norma disposta no artigo 229 do
Novo CPC (litisconsortes com procuradores diferentes), o prazo comum para pagamento
espontâneo deverá ser computado em dobro, ou seja, trinta dias úteis.

5. No caso dos autos, o cumprimento de sentença tramita em autos físicos, revelando-se


incontroverso que as sociedades empresárias executadas são representadas por patronos de
escritórios de advocacia diversos, razão pela qual deveria ter sido computado em dobro o
prazo para o cumprimento voluntário da obrigação pecuniária certificada na sentença transitada
em julgado.

6. Ocorrido o pagamento tempestivo, porém parcial, da dívida executada, incide, à espécie,


o § 2º do artigo 523 do CPC de 2015, devendo incidir a multa de dez por cento e os
honorários advocatícios (no mesmo percentual) tão somente sobre o valor remanescente a
ser pago por qualquer dos litisconsortes.

7. Recurso especial provido para, considerando tempestivo o depósito judicial realizado a


menor por um dos litisconsortes passivos, determinar que a multa de dez por cento e os
honorários advocatícios incidam apenas sobre o valor remanescente a ser pago.

Obs1: Em havendo litisconsortes defendidos por advogados de escritórios distintos, haverá o prazo de 30
dias para pagamento voluntário.

São 30 dias úteis ou corridos?

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São dias úteis. Na própria ementa consta que serão 30 dias úteis. Ademais, temos Enunciado 89 – I Jornada
CJF nesse sentido:

89, CJF: Conta-se em dias úteis o prazo do caput do art. 523 do CPC.

12 - PENALIDADES PELO DESCUMPRIMENTO DOS PRAZOS


Se os servidores descumprirem esse prazo legal, estarão sujeitos às sanções do art. 233, CPC.

Art. 233. Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os prazos
estabelecidos em lei.

§ 1o Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de processo administrativo, na forma da lei.

§ 2o Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao juiz
contra o serventuário que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei.

Para as partes, a principal consequência é a preclusão temporal, isto é, a perda da faculdade processual de
fazê-lo.

O art. 234, em acréscimo, trata especificamente da hipótese em que o advogado público ou


privado/defensor/membro do MP da parte faz carga dos autos e não devolve no prazo estipulado.

Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do Ministério


Público devem restituir os autos no prazo do ato a ser praticado.

§ 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado que exceder prazo legal.

Se isso ocorrer, o juiz intimará o sujeito faltante para que os autos sejam devolvidos no prazo de 3 (três) dias.
Se não devolver os autos nesse prazo:

i- perderá o direito de vista fora do cartório, ou seja, não poderá retirar os autos físicos em carga durante o
processo;

ii- será multado no valor de metade do salário mínimo;

iii- o juiz comunicará o órgão de classe para instauração de procedimento disciplinar.

§ 2o Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito
à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do salário-mínimo.

§ 3o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dos Advogados do Brasil
para procedimento disciplinar e imposição de multa.

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§ 4o Se a situação envolver membro do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia


Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo ato.

§ 5o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão competente responsável pela


instauração de procedimento disciplinar contra o membro que atuou no feito.

Qual a interpretação do STJ quanto a essa sanção ao advogado?

Não é possível aplicar a sanção de proibição de vista dos autos fora do cartório (art. 196, caput,
do CPC) ao advogado que não tenha sido intimado pessoalmente para sua devolução, mas
apenas mediante publicação em Diário Oficial. Inicialmente, cumpre destacar que a configuração
da tipicidade infracional não decorre do período de tempo de retenção indevida dos autos, mas
do não atendimento à intimação pessoal para restituí-los no prazo de vinte e quatro horas
estabelecido pelo art. 196, caput, do CPC. Por isso, a referida sanção somente poderá ser imposta
após o término do mencionado prazo. AgRg no REsp 1.089.181-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 4/6/2013.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INAPLICABILIDADE DA PENA DE PROIBIÇÃO DE VISTA DOS AUTOS


FORA DO CARTÓRIO A ADVOGADOS E ESTAGIÁRIOS QUE NÃO TENHAM SIDO RESPONSÁVEIS
PELA RETENÇÃO INDEVIDA DOS AUTOS.

No caso em que advogado não tenha devolvido os autos ao cartório no prazo legal, não é possível
estender a sanção de proibição de vista dos autos fora do cartório (art. 196 do CPC), aplicada
àquele advogado, aos demais causídicos e estagiários que, apesar de representarem a mesma
parte, não tenham sido responsáveis pela retenção indevida. Isso porque, tratando-se de norma
de ordem pública de natureza punitiva, sua interpretação não pode ser ampliativa, sob pena de
subversão dos princípios básicos da hermenêutica jurídica. AgRg no REsp 1.089.181-DF, Rel. Min.
Luis Felipe Salomão, julgado em 4/6/2013.

Por sua vez, se o juiz não cumprir os prazos legais (arts. 226 e 227, CPC), poderá ter que responder
representações formuladas pelas partes, membros do MP, Defensoria, Advocacia Pública e Privada.

Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao
corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que
injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.

§ 1o Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido previamente o juiz, não sendo


caso de arquivamento liminar, será instaurado procedimento para apuração da
responsabilidade, com intimação do representado por meio eletrônico para, querendo,
apresentar justificativa no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 2o Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até 48 (quarenta e oito) horas após a
apresentação ou não da justificativa de que trata o § 1o, se for o caso, o corregedor do tribunal
ou o relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a intimação do representado por meio
eletrônico para que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.

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§ 3o Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do relator contra
o qual se representou para decisão em 10 (dez) dias.

Veja a representação gráfica do procedimento.

Representação

Oitiva prévia do Juiz

Instauração do
procedimento de
Arquivamento
apuração da
responsabilidade

Juiz irá se justificar em 15


dias

Em 48 horas, o
corregedor ou relator do
CNJ determinará a prática
do ato pelo juiz

Se o juiz não praticar o


ato em 10 dias, os autos
serão remetidos ao
substituto legal

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PRECLUSÃO

1 - CONCEITO
Preclusão é, segundo Didier, a perda de uma situação jurídica ativa processual; seja a perda do poder
processual das partes, seja a perda de poder do juiz.

Chiovenda, de início, afirmava que a preclusão significava apenas a perda de faculdades processuais das
partes. Contudo, posteriormente, o jurista reconheceu a possibilidade de preclusão de poderes do julgador
para examinar questões.

Por isso que Didier assevera que falar poder é melhor porque envolve um gênero. Se falássemos de direito,
faculdade, isso não abrangeria perda de competência do juiz, por exemplo (art. 235, CPC).

Obs1: A preclusão pode atingir todos os sujeitos do processo.

Assim, se a parte deixar de exercer a faculdade de recorrer no tempo devido, haverá preclusão temporal.

Se o juiz for desidioso e demorar para analisar o processo, poderá perder um poder processual (sua
competência, nos termos do art. 235, CPC).

Obs2: Didier frisa que a preclusão não é efeito do comportamento contraditório (ilícito). A preclusão incide
sobre o próprio comportamento contraditório, impedindo que ele produza qualquer efeito.

A preclusão, portanto, é consequência da prática do 1º ato (aceitação da decisão; suspensão do processo),


impedindo a prática de atos processuais posteriores que possam ser contraditórios.

A preclusão tem uma função preventiva.

De toda forma, se o ato for praticado, será inevitável a aplicação da sanção de invalidade daquele ato.

Ex: se o recurso for interposto depois do prazo (preclusão temporal), o recurso será inadmitido.

2 - FUNDAMENTOS
Como destacamos na aula 04, o processo é uma entidade complexa, dotado de dois aspectos:

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a) extrínseco, composto pelo procedimento (conjunto de atos concatenados) realizado em contraditório;

b) intrínseco, que seria a relação jurídica processual estabelecida entre as partes, gerando sucessivamente
direitos, deveres, faculdades, ônus.

O procedimento, aquele conjunto de atos concatenados objetivando uma tutela jurisdicional não pode se
eternizar no tempo.

A preclusão, pois, é um instituto que faz com que o processo vá andando, vá caminhando.

Didier salienta que a preclusão é uma técnica processual que serve a alguns princípios, quais sejam, proteção
da confiança (garantindo a estabilidade das relações e do processo); boa-fé (impedindo que se proceda de
forma desleal, contraditória no processo) e duração razoável do processo (pois permite que o processo seja
uma marcha para frente).

3 - ESPÉCIES
A doutrina, com base nas lições de Chiovenda, costuma identificar três espécies de preclusão:

3.1 - Preclusão temporal

É a perda de um poder processual em razão de seu não exercício no prazo devido. Não observado um prazo,
perde-se o poder a ele relacionado.

Ex1: não apelando no prazo de 15 dias, a parte perde a faculdade de recorrer daquela sentença. Se recorrer,
o recurso será inadmitido, por ausência de requisito de adminissibilidade.

Ex2: art. 223.

Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não
o realizou por justa causa.

Obs1: Nos casos de iminência do transcurso do prazo, o advogado pode agir até mesmo sem procuração
para impedir a preclusão temporal.

Art. 104. O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar
preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.

Obs2: É comum dizer que a preclusão temporal se aplica apenas às partes, já que os prazos para o juiz seriam
impróprios.

No entanto, Didier discorda desse posicionamento. Para tanto, fornece o exemplo de quando o STF vai
examinar se um RE tem repercussão geral, os Ministros têm vinte dias para se manifestar sobre isso. Se eles
não se manifestam em vinte dias, é como se tivessem admitido o recurso, perdem o poder de inadmiti-lo.

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Em provas, porém, sugiro afirmar ainda que os juízes possuem prazos impróprios. Em discursivas, pode até
se suscitar essa exceção do recurso extraordinário.

Obs3: Embora todos se relacionam aos conceitos de tempo e inércia, preclusão temporal é diferente de
prescrição e decadência.

A decadência é a perda do direito potestativo, em razão do seu não exercício dentro do prazo legal ou
convencional. Contudo, esse direito perdido é um direito não processual.

Já a preclusão temporal é a perda de faculdades/poderes processuais.

Didier ainda diz que enquanto a decadência apenas decorre de um ato-fato lícito, a preclusão temporal pode
decorrer de atos lícitos ou ilícitos.

Por fim, a prescrição é a perda da pretensão e não de direitos, faculdades/poderes.

Em arremate, prescrição e decadência são institutos de direito material (podendo até gerar efeitos no
processo), enquanto preclusão temporal é instituto apenas do direito processual.

3.2 - Preclusão lógica

Perda de faculdade/poder processual em razão da prática de um ato anterior que com ele é incompatível.

A preclusão lógica decorre essencialmente da proibição do venire contra factum proprium, decorrência do
princípio da boa-fé objetiva.

Ex1: se eu aceito a decisão (tácita ou expressamente), há a preclusão lógica do meu direito de recorrer (art.
1000, CPC).

Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato
incompatível com a vontade de recorrer.

Ex2: se eu desisto da ação, o juiz homologa minha desistência, não posso recorrer daquela decisão. Se
recorrer, será considerado inadmissível o recurso.

Ex3: o sujeito que confessa perde o direito de produzir a prova do fato confessado.

Didier pontua que essa preclusão lógica também se aplica ao magistrado.

Ex1: no julgamento antecipado do mérito (arts. 355/356, CPC), o juiz não pode julgar improcedente o pedido
sob o fundamento de que o autor não provou o alegado. Ora, são atos incompatíveis, pois o julgamento
antecipado pressupõe que não há necessidade de dilação probatória.

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Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando:

I - não houver necessidade de produção de outras provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na
forma do art. 349.

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles:

I - mostrar-se incontroverso;

II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.

3.3 - Preclusão consumativa

É a perda de uma faculdade/poder processual em razão do exercício desse poder/faculdade já ter sido
exercido.

A prática, consumação do exercício do poder/faculdade o extingue. Não poderá praticá-lo novamente.

Ex1: se tenho a faculdade de recorrer de uma decisão e recorro, não poderei recorrer dela novamente.

Ex2: se já contestei no 10º dia útil, não poderei mais complementar ou apresentar nova contestação, ainda
que dentro do prazo (até 15ª dia útil).

Obs1: Há discussão intensa se ao juiz se aplica a preclusão consumativa. Veremos a contenda daqui a pouco.

3.4 - Preclusão sanção

Parcela doutrinária entende possível se falar em preclusão sanção.

A classificação acima foi embasada em Chiovenda, que tomou por base o fato gerador (fato jurídico) da
preclusão (perda do prazo; ato incompatível e exercício do poder). Essa preclusão, pois, seria efeito jurídico
que decorreria da prática de atos lícitos. Por isso se diz que preclusão não se identifica com sanção.

Contudo, parcela doutrinária entende possível cogitar de preclusão decorrente da prática de um ato ilícito.

Ora, nada impede que o legislador atribua uma mesma eficácia a um ato lícito e a um ato ilícito. É o que
ocorre, por exemplo, com o dever de indenizar, que pode derivar de um ato lícito (art. 188, II c/c rt. 929,
ambos do CC), como também de um ato ilícito (art. 186, CC).

A preclusão pode se originar de atos ilícitos, conforme exemplos seguintes.

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Ex1: perda da situação jurídica de inventariante, em razão da ocorrência dos ilícitos apontados no art. 622,
CPC;

Ex2: confissão ficta decorrente do não comparecimento ao depoimento pessoal (art. 385, §1º, CPC), que é
considerado um dever da parte (art. 379, I, CPC)

Ex3: se o juiz excede de modo irrazoável os prazos para julgar, ele perde a competência para fazê-lo (art.
235, §2º, CPC);

Ex4: se houver a prática de atentado, a parte perde o direito de falar nos autos, até a purgação dos efeitos
do ilícito (art. 77, §7º, CPC).

Ex5: não devolução dos autos implica a perda do direito de vista fora do cartório (art. 234, §2º, CPC).

De toda forma, sempre se lembre em prova (sobretudo fechada) que o entendimento majoritário é pela
inadmissibilidade da ligação entre preclusão e sanção.

CESPE/TCE-PE – Analista de Gestão/2017: Com relação ao processo, seus princípios e seus procedimentos,
julgue o item subsequente. A preclusão constitui sanção processual para a parte que não é diligente na
condução dos seus interesses dentro do processo.
Comentários: A alternativa está incorreta. A preclusão, para a doutrina majoritária, não se caracteriza
como sanção.

Outros doutrinadores70 ainda incluem mais três espécies de preclusão71.

3.5 - Preclusão ordinatória

É a perda da faculdade de se praticar um ato processual se este é precedido do exercício de uma


irregularidade.

Ocorre naqueles casos em que a validade de um ato pressupõe a existência de um ato específico anterior.

Ex1: embargos à execução somente podem ser recebidos depois de garantido o juízo pela penhora.

70
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho, 11ª ed. São Paulo: LTr, 2013.
71
Em prova de analista para o TRT, foi perguntado: quais são as seis hipóteses de preclusão? Foram exigidas todas aquelas que
coloquei no tópico 10.3, salvo preclusão sanção.

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Ex2: O TST afirma que a preclusão ordinatória fulmina a admissibilidade do agravo de petição, pois, nesta
hipótese, o conhecimento deste apelo pressupõe a anterior e hígida oposição de embargos à execução.

EMENTA: AGRAVO DE PETIÇÃO. JUÍZO NEGATIVO DE ADMISSIBILIDADE. EMBARGOS À EXECUÇÃO


DESTITUÍDOS DE ASSINATURA. PRECLUSÃO ORDINATÓRIA. 1. Corolário de a assinatura das
peças acostadas aos autos consubstanciar-se em requisito essencial à higidez de qualquer ato
processual, sua ausência deságua na inexistência do ato praticado. 2. Aferida tal premissa,
reputam-se inexistentes os embargos à execução aviados pela ré. 3. A preclusão ordinatória
fulmina a admissibilidade do agravo de petição, pois, nesta hipótese, o conhecimento deste
apelo pressupõe a anterior e hígida oposição de embargos à execução. 3. O fato de o MM Juízo a
quo não ter detectado tal insanável vício processual em nada altera o presente juízo negativo de
admissibilidade recursal, posto competir a esta instância revisora sua aferição. 4. Não conhecido
o agravo de petição interposto pela executada, pois configurado fato impeditivo do seu poder de
recorrer, que se consubstancia em requisito intrínseco de admissibilidade recursal. TRT-3-
Processo n AP 878-43.2010.5.03.0105, Publicado em 07/05/2012.

3.6 - Preclusão máxima

Carlos Henrique Bezerra Leite salienta que a preclusão máxima é a famosa coisa julgada, consistindo na perda
do prazo para a interposição de recurso contra sentença que transitou em julgado.

7 - Preclusão pro iudicato

Doutrina significativa e as provas, normalmente, associam a preclusão pro iudicato à preclusão para o juiz.

Contudo Didier e Renato Montans repudiam tal ideia. Afirmam, com base em José Maria Tesheiner 72, que
preclusão pro iudicato não significa preclusão para o juiz. Em latim, judicato significa julgado. Juiz é iudex
(nominativo) ou iudicem (acusativo). Preclusão pro iudicato, portanto, significa “preclusão como se tivesse
sido julgado”. Portanto, se houver decisão e ocorreu preclusão, não há “preclusão pro iudicato”, porque esta
supõe a ausência de decisão.

Sanada a dúvida a respeito da expressão, deve-se adentrar em algumas controvérsias doutrinárias.

3.8 - Controvérsias

1ª controvérsia: Existe preclusão temporal para o juiz?

1ª corrente (majoritária): Não existe, pois os prazos para o juiz são impróprios, isto é, o seu descumprimento
não gera qualquer consequência processual.

72
TESHEINER, José Maria. Preclusão pro iudicato não significa preclusão para o juiz.

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2ª corrente: Existe, pois há inclusive previsões normativas de preclusão temporal para magistrados, a
exemplo do art. 324, §2º, Regimento Interno do STF.

Art. 324. Recebida a manifestação do(a) Relator(a), os demais Ministros encaminhar-lhe-ão,


também por meio eletrônico, no prazo comum de vinte dias, manifestação sobre a questão da
repercussão geral.

§ 1º Decorrido o prazo sem manifestações suficientes para recusa do recurso, reputar-se-á


existente a repercussão geral.

§ 2º Não incide o disposto no parágrafo anterior quando o Relator declare que a matéria é
infraconstitucional, caso em que a ausência de pronunciamento no prazo será considerada
como manifestação de inexistência de repercussão geral, autorizando a aplicação do art. 543-
A, § 5º, do Código de Processo Civil, se alcançada a maioria de dois terços de seus membros.

Em provas, porém, sugiro afirmar ainda que os juízes possuem prazos impróprios. Em discursivas, pode até
se suscitar essa exceção do recurso extraordinário.

2ª controvérsia: Há preclusão consumativa para o juiz?

1ª corrente (majoritária): Não existe. O juiz pode voltar atrás e rever sua decisão.

2ª corrente: Existe. Vejamos o caso do art. 494, CPC. Ora, quando a decisão é publicada, exaure-se o ofício
jurisdicional, não podendo o magistrado emendar, incrementar ou refazer a decisão, salvo nos casos
excepcionais.

Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para corrigir-lhe, de ofício ou a
requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo; II - por meio de embargos de
declaração.

Ok, tudo bem. Mas e durante o processo, há preclusão consumativa? E para o reexame de questões
apreciáveis de ofício e a qualquer tempo (questões de ordem pública)?

Segundo Didier, esse problema se divide em duas partes.

1ª parte: Existe preclusão para o exame de questões de ordem pública?

É pacificado o entendimento de que essas questões podem ser apreciadas a qualquer tempo (art. 267, § 3º,
CPC/73 e art. 485, §3º, CPC).

Art. 485, § 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em
qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

Didier salienta, porém, que “a qualquer tempo”, todavia, possui limitações, não querendo dizer para toda a
eternidade. Para ele, será possível examiná-las enquanto o processo estiver pendente.

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2ª parte: Existe preclusão para o REEXAME das questões de ordem pública? Uma questão de ordem pública
que já foi decidida pode ser reexaminada?

1ª corrente (majoritária): A maior parte da doutrina e os tribunais entendem que não há preclusão para o
reexame.

2ª corrente (minoritária - Fredie Didier, Barbosa Moreira, Calmon de Passos): entende que se a questão de
ofício foi decidida ela não pode mais ser novamente decidida. Isso por conta da elevação da importância do
princípio da boa-fé no CPC/15.

Ora, percebe-se que o CPC permite o exame, mas veda implicitamente o reexame.

Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo:

I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de


fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença;

II - nos demais casos prescritos em lei.

Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito
se operou a preclusão.

DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA


Neste ponto da aula, citamos, para fins de revisão, os principais dispositivos de lei que podem fazer a
diferença na hora da prova. Lembre-se de revisá-los!
--
 arts. 1º, 5º, XXI, XXXV e LXXVIII, todos da CF:

Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Art. 5º, LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

 arts. 188 a 233, CPC:

LIVROIV
DOS ATOS PROCESSUAIS

TÍTULOI
DA FORMA, DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

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CAPÍTULOI
DA FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS

SeçãoI
Dos Atos em Geral

Art. 188. Os atos e os termos processuais independem de forma determinada, salvo quando a
lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe
preencham a finalidade essencial.

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:

I - em que o exija o interesse público ou social;

II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;

III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;

IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.

§ 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir


certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.

§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo
da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções


previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção
abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de
vulnerabilidade.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

§ 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados
em casos excepcionais, devidamente justificados.

§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de


audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

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Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa.

Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser juntado aos
autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática
ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.

Seção II

Da Prática Eletrônica de Atos Processuais

Art. 193. Os atos processuais podem ser total ou parcialmente digitais, de forma a permitir que
sejam produzidos, comunicados, armazenados e validados por meio eletrônico, na forma da lei.

Parágrafo único. O disposto nesta Seção aplica-se, no que for cabível, à prática de atos notariais
e de registro.

Art. 194. Os sistemas de automação processual respeitarão a publicidade dos atos, o acesso e a
participação das partes e de seus procuradores, inclusive nas audiências e sessões de julgamento,
observadas as garantias da disponibilidade, independência da plataforma computacional,
acessibilidade e interoperabilidade dos sistemas, serviços, dados e informações que o Poder
Judiciário administre no exercício de suas funções.

Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que
atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio,
conservação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a
infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei.

Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos tribunais,


regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar
pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de novos avanços
tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que forem necessários, respeitadas as normas
fundamentais deste Código.

Art. 197. Os tribunais divulgarão as informações constantes de seu sistema de automação em


página própria na rede mundial de computadores, gozando a divulgação de presunção de
veracidade e confiabilidade.

Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e de erro ou omissão do auxiliar da
justiça responsável pelo registro dos andamentos, poderá ser configurada a justa causa prevista
no art. 223, caput e § 1o.

Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratuitamente, à disposição dos
interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso
ao sistema e aos documentos dele constantes.

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Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não eletrônico no local onde não
estiverem disponibilizados os equipamentos previstos no caput.

Art. 199. As unidades do Poder Judiciário assegurarão às pessoas com deficiência acessibilidade
aos seus sítios na rede mundial de computadores, ao meio eletrônico de prática de atos judiciais,
à comunicação eletrônica dos atos processuais e à assinatura eletrônica.

SeçãoIII
Dos Atos das Partes

Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade
produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.

Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.

Art. 201. As partes poderão exigir recibo de petições, arrazoados, papéis e documentos que
entregarem em cartório.

Art. 202. É vedado lançar nos autos cotas marginais ou interlineares, as quais o juiz mandará
riscar, impondo a quem as escrever multa correspondente à metade do salário-mínimo.

SeçãoIV
Dos Pronunciamentos do Juiz

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e


despachos.

§ 1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o


pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase
cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução.

§ 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se


enquadre no § 1o.

§ 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício


ou a requerimento da parte.

§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de


despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.

Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais.

Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados e


assinados pelos juízes.

§ 1o Quando os pronunciamentos previstos no caput forem proferidos oralmente, o servidor os


documentará, submetendo-os aos juízes para revisão e assinatura.

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§ 2o A assinatura dos juízes, em todos os graus de jurisdição, pode ser feita eletronicamente, na
forma da lei.

§ 3o Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa dos


acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.

SeçãoV
Dos Atos do Escrivão ou do Chefe de Secretaria

Art. 206. Ao receber a petição inicial de processo, o escrivão ou o chefe de secretaria a autuará,
mencionando o juízo, a natureza do processo, o número de seu registro, os nomes das partes e
a data de seu início, e procederá do mesmo modo em relação aos volumes em formação.

Art. 207. O escrivão ou o chefe de secretaria numerará e rubricará todas as folhas dos autos.

Parágrafo único. À parte, ao procurador, ao membro do Ministério Público, ao defensor público


e aos auxiliares da justiça é facultado rubricar as folhas correspondentes aos atos em que
intervierem.

Art. 208. Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de notas
datadas e rubricadas pelo escrivão ou pelo chefe de secretaria.

Art. 209. Os atos e os termos do processo serão assinados pelas pessoas que neles intervierem,
todavia, quando essas não puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão ou o chefe de
secretaria certificará a ocorrência.

§ 1o Quando se tratar de processo total ou parcialmente documentado em autos eletrônicos, os


atos processuais praticados na presença do juiz poderão ser produzidos e armazenados de modo
integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, na forma da lei, mediante registro em
termo, que será assinado digitalmente pelo juiz e pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como
pelos advogados das partes.

§ 2o Na hipótese do § 1o, eventuais contradições na transcrição deverão ser suscitadas oralmente


no momento de realização do ato, sob pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano e
ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão.

Art. 210. É lícito o uso da taquigrafia, da estenotipia ou de outro método idôneo em qualquer
juízo ou tribunal.

Art. 211. Não se admitem nos atos e termos processuais espaços em branco, salvo os que forem
inutilizados, assim como entrelinhas, emendas ou rasuras, exceto quando expressamente
ressalvadas.

CAPÍTULOII
DO TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

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SeçãoI
Do Tempo

Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.

§ 1o Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento
prejudicar a diligência ou causar grave dano.

§ 2o Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras poderão


realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis fora do
horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso XI, da Constituição
Federal.

§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado por meio de petição em autos não eletrônicos, essa
deverá ser protocolada no horário de funcionamento do fórum ou tribunal, conforme o disposto
na lei de organização judiciária local.

Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24
(vinte e quatro) horas do último dia do prazo.

Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será
considerado para fins de atendimento do prazo.

Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos processuais,
excetuando-se:

I - os atos previstos no art. 212, § 2o;

II - a tutela de urgência.

Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não se suspendem pela
superveniência delas:

I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação de direitos, quando


puderem ser prejudicados pelo adiamento;

II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador;

III - os processos que a lei determinar.

Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos
e os dias em que não haja expediente forense.

SeçãoII
Do Lugar

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Art. 217. Os atos processuais realizar-se-ão ordinariamente na sede do juízo, ou,


excepcionalmente, em outro lugar em razão de deferência, de interesse da justiça, da natureza
do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz.

CAPÍTULOIII
DOS PRAZOS

SeçãoI
Disposições Gerais

Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei.

§ 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do


ato.

§ 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a


comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.

§ 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para
a prática de ato processual a cargo da parte.

§ 4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.

Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de
dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

§ 1o Ressalvadas as férias individuais e os feriados instituídos por lei, os juízes, os membros do


Ministério Público, da Defensoria Pública e da Advocacia Pública e os auxiliares da Justiça
exercerão suas atribuições durante o período previsto no caput.

§ 2o Durante a suspensão do prazo, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento.

Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou
ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual
ao que faltava para sua complementação.

Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução de programa instituído pelo Poder
Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com
antecedência, a duração dos trabalhos.

Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá
prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.

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§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.

§ 2o Havendo calamidade pública, o limite previsto no caput para prorrogação de prazos poderá
ser excedido.

Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não
o realizou por justa causa.

§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o
ato por si ou por mandatário.

§ 2o Verificada a justa causa, o juiz permitirá à parte a prática do ato no prazo que lhe assinar.

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.

§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil
seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado
depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica.

§ 2o Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da


informação no Diário da Justiça eletrônico.

§ 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.

Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde
que o faça de maneira expressa.

Art. 226. O juiz proferirá:

I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;

II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias;

III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.

Art. 227. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por
igual tempo, os prazos a que está submetido.

Art. 228. Incumbirá ao serventuário remeter os autos conclusos no prazo de 1 (um) dia e
executar os atos processuais no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data em que:

I - houver concluído o ato processual anterior, se lhe foi imposto pela lei;

II - tiver ciência da ordem, quando determinada pelo juiz.

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§ 1o Ao receber os autos, o serventuário certificará o dia e a hora em que teve ciência da ordem
referida no inciso II.

§ 2o Nos processos em autos eletrônicos, a juntada de petições ou de manifestações em geral


ocorrerá de forma automática, independentemente de ato de serventuário da justiça.

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia


distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo
ou tribunal, independentemente de requerimento.

§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa
por apenas um deles.

§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.

Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o
Ministério Público será contado da citação, da intimação ou da notificação.

Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do começo do prazo:

I - a data de juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação ou a intimação for pelo
correio;

II - a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou a intimação for por
oficial de justiça;

III - a data de ocorrência da citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do
chefe de secretaria;

IV - o dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a citação ou a intimação for
por edital;

V - o dia útil seguinte à consulta ao teor da citação ou da intimação ou ao término do prazo para
que a consulta se dê, quando a citação ou a intimação for eletrônica;

VI - a data de juntada do comunicado de que trata o art. 232 ou, não havendo esse, a data de
juntada da carta aos autos de origem devidamente cumprida, quando a citação ou a intimação
se realizar em cumprimento de carta;

VII - a data de publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou
eletrônico;

VIII - o dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do
cartório ou da secretaria.

§ 1o Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à
última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput.

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§ 2o Havendo mais de um intimado, o prazo para cada um é contado individualmente.

§ 3o Quando o ato tiver de ser praticado diretamente pela parte ou por quem, de qualquer forma,
participe do processo, sem a intermediação de representante judicial, o dia do começo do prazo
para cumprimento da determinação judicial corresponderá à data em que se der a comunicação.

§ 4o Aplica-se o disposto no inciso II do caput à citação com hora certa.

Art. 232. Nos atos de comunicação por carta precatória, rogatória ou de ordem, a realização da
citação ou da intimação será imediatamente informada, por meio eletrônico, pelo juiz deprecado
ao juiz deprecante.

SeçãoII
Da Verificação dos Prazos e das Penalidades

Art. 233. Incumbe ao juiz verificar se o serventuário excedeu, sem motivo legítimo, os prazos
estabelecidos em lei.

§ 1o Constatada a falta, o juiz ordenará a instauração de processo administrativo, na forma da lei.

§ 2o Qualquer das partes, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao juiz
contra o serventuário que injustificadamente exceder os prazos previstos em lei.

Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do Ministério


Público devem restituir os autos no prazo do ato a ser praticado.

§ 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado que exceder prazo legal.

§ 2o Se, intimado, o advogado não devolver os autos no prazo de 3 (três) dias, perderá o direito
à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do salário-mínimo.

§ 3o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dos Advogados do Brasil
para procedimento disciplinar e imposição de multa.

§ 4o Se a situação envolver membro do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia


Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao agente público responsável pelo ato.

§ 5o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão competente responsável pela


instauração de procedimento disciplinar contra o membro que atuou no feito.

Art. 235. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao
corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que
injustificadamente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.

§ 1o Distribuída a representação ao órgão competente e ouvido previamente o juiz, não sendo


caso de arquivamento liminar, será instaurado procedimento para apuração da

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responsabilidade, com intimação do representado por meio eletrônico para, querendo,


apresentar justificativa no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 2o Sem prejuízo das sanções administrativas cabíveis, em até 48 (quarenta e oito) horas após a
apresentação ou não da justificativa de que trata o § 1o, se for o caso, o corregedor do tribunal
ou o relator no Conselho Nacional de Justiça determinará a intimação do representado por meio
eletrônico para que, em 10 (dez) dias, pratique o ato.

§ 3o Mantida a inércia, os autos serão remetidos ao substituto legal do juiz ou do relator contra
o qual se representou para decisão em 10 (dez) dias.

RESUMO
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo dos principais aspectos estudados ao longo da aula.
Sugerimos que esse resumo seja estudado sempre previamente ao início da aula seguinte, como forma de
“refrescar” a memória. Além disso, segundo a organização de estudos de vocês, a cada ciclo de estudos é
fundamental retomar esses resumos. Caso encontrem dificuldade em compreender alguma informação, não
deixem de retornar à aula.
--
CONCEITO

No processo, é possível dar exemplos das várias espécies de fatos e atos jurídicos.

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Ordinário
Fato natural (fato
jurídico em sentido
estrito)
Extraordinário

Ato-Fato Jurídico
Fato jurídico (em
sentido amplo) Ato Jurídico em
sentido estrito

Lícito
Fato humano ou Ato
Fato não jurídico jurídico em sentido Negócio jurídico
amplo
Ilícito

Onde estaria enquadrada a nossa matéria de hoje: o ato processual?

Estaria, em regra, dentro dos atos jurídicos em sentido estrito.

Exemplos de fato jurídico processual em sentido estrito (fato jurídico não-humano)

Ex1: força maior (art. 313, I e VI, CPC)

Exemplos de ato-fato processual

Didier cita os seguintes:

Ex1: revelia (art. 344, CPC), admissão (art. 374, III, CPC).

Exemplos de ato jurídico em sentido estrito

Ex1: atribuição do valor da causa;

Art. 319. A petição inicial indicará: V - o valor da causa;

Exemplos de negócio jurídico processual

Ex1: calendarização (art. 191, CPC); e NJ processual (art. 190, CPC).

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PRINCÍPIOS DOS ATOS PROCESSUAIS


✓ Liberdade das Formas (art. 188, CPC) e Instrumentalidade das Formas (art. 277, CPC)
✓ Publicidade (art. 189, CPC)
✓ Uso da Língua Portuguesa (art. 192, CPC)
✓ Flexibilização Procedimental (art. 190 e 191, CPC).

NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL

Negócio Jurídico
(classificações)

Unilateral, bilateral e
Expresso e Tácito Típico e Atípico
plurilateral

➢ Objeto do Negócio Jurídico

O art. 190 permite que as partes:

i- estipulem mudanças no procedimento;

ii- convencionem sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.

➢ Requisitos de Validade

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.

Enunciado 403, FPPC: (art. 190; art. 104, Código Civil) A validade do negócio jurídico processual, requer
agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei.

➢ Ato Ilícito Processual: típico e atípico; culposo e não culposo; indenizativo, invalidante, caducificante.

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PRÁTICA ELETRÔNICA DOS ATOS PROCESSUAIS


Para discipliná-los, há regras não só no CPC, mas também na Lei nº 11.419/2006. Válido mencionar que,
como o CPC é norma posterior, naquilo em que ambas conflitarem, prevalecerá o NCPC.

Obs1: Não é possível um Tribunal impor às partes o dever de digitalização do processo físico

ATOS DAS PARTES E DO JUIZ


Atos das partes (art. 200, CPC) – gera efeitos imediatamente, salvo em casos excepcionais. Ex: prevista a
homologação do juiz como condição de eficácia do ato.

Atos do Juiz (art. 203) e do Tribunal (art. 205).

Diferença entre sentença (composta pelo conteúdo e finalidade) e decisão interlocutória.

ATOS DO ESCRIVÃO OU CHEFE DE SECRETARIA (ARTS. 152, 206 A


211, CPC) - TEMPO DOS ATOS PROCESSUAIS
a) Regra geral: das 6h às 20h e em dias úteis.

b) Exceção: serão praticados depois das 20h se o seu adiamento:

- prejudicar a diligência;

- causar grave dano.

- art. 12, Lei n. 9.099/95 (Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em horário
noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária).

c) Exceção quanto aos dias úteis:

- Tutela de urgência;

- art. 212, §2º, CPC - Citações; Intimações; Penhoras.

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Tempo dos
Atos
Processuais

Exceções (rol
Regra
exemplificativo)

Praticado em Tutela de
Citações Intimações Penhoras
dias úteis urgência

Férias Forenses x Prazos

Os prazos são
Regra
suspensos

Jurisdição
Férias Forenses voluntária
(incluindo
recesso) Atos necessários
à conservação
de direitos

Ação de
Exceções
alimentos

Nomeação ou
remoção de
tutor e curador

Quando a lei
previr

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LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

Praticados na sede
Regra
do Juízo

Deferência
Lugar dos Atos
Processuais

Interesse da Justiça

Exceções

Natureza do ato

Obstáculo arguido
pelo interessado e
acolhido pelo
magistrado

DOS PRAZOS

Legais

Pela sua Origem Judiciais

Convencionais

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Próprios
Pela
consequência do Ordinários
descumprimento
Impróprios

Anômalos

Comum
Pela
exclusividade do
destinatário
Particular

Peremptório
Pela
possibilidade de
flexibilização
Dilatório

Na contagem do prazo, só se conta os dias úteis (art. 219), não contando feriados (art. 216). O dia do termo
inicial (art. 231) deve ser excluído (art. 224, caput).

Depois que se exclui o dia do termo inicial (art. 231), passamos a contar apenas os dias úteis (art. 219).

FORMA COMEÇO DO PRAZO

Correios (aplica-se também para a citação por


Juntada aos autos do aviso de recebimento
hora certa – art. 231, §4º, CPC)

Oficial de Justiça Juntada aos autos do mandado cumprido

Ato do Escrivão ou do Chefe de Secretaria Data atestada

Dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo


Edital
juiz

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Via eletrônica Data da publicação

Retirada dos autos de cartório Dia da carga

Resumo

PRAZOS

i- prazo subsidiário: 5 dias

ii- prazo a obrigar o comparecimento: 48 horas

iii- ato processual prematuro: válido

iv- suspensão do prazo:

- sábados, domingos, feriados e em dias sem expediente forense.

- entre os dias 20/dez a 20/jan;

- obstáculo criado pela parte ou pela suspensão do processo (art. 313, do CPC).

- instituição de programa de autocomposição pelo Poder Judiciário.

v- prorrogação do prazo:

- por até 2 meses, quando se tratar de unidade judiciária de difícil acesso.

- situação de calamidade, podendo ultrapassar os 2 meses a depender da situação concreta.

CONTAGEM DE PRAZO:

- Na contagem do prazo, só se conta os dias úteis (art. 219), não contando feriados (art. 216). O dia do termo
inicial (art. 231) deve ser excluído (art. 224, caput).

- Depois que se exclui o dia do termo inicial (art. 231), passamos a contar apenas os dias úteis (art. 219).

MEIO DE PRÁTICA DO ATO PROCESSUAL

a) Eletrônico: qualquer horário até as 24h do último dia do prazo;

b) Não eletrônico: deverá observar o horário de funcionamento do tribunal/fórum

TEMPO PARA PRÁTICA DOS ATOS PROCESSUAIS

a) Regra geral: das 6h às 20h e em dias úteis.

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b) Exceção: serão praticados depois das 20h se o seu adiamento:

- prejudicar a diligência;

- causar grave dano.

- art. 12, Lei n. 9.099/95 (Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se em
horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária).

c) Exceção quanto aos dias úteis:

- Tutela de urgência;

- art. 212, §2º, CPC - Citações; Intimações; Penhoras.

Obs: esses atos nos feriados e férias forenses são praticados independentemente de autorização judicial (art.
212, §2º, CPC).

PRECLUSÃO
Preclusão é, segundo Didier, a perda de uma situação jurídica ativa processual; seja a perda do poder
processual das partes, seja a perda de poder do juiz.

Preclusão temporal

Preclusão consumativa

Preclusão lógica

Preclusão sanção?

Preclusão ordinatória

Preclusão máxima

Preclusão pro iudicato

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula! Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco.
Estou disponível no fórum do Curso e por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.

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Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas, entrem em contato conosco.

Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Rodrigo Vaslin

rodrigovaslin@gmail.com
Instagram: @rodrigovaslin

Como não poderia deixar de ser, vamos fazer algumas questões objetivas e discursivas para fixar o
conhecimento?

QUESTÕES COMENTADAS
Procurador

1. (FEPESE/Prefeitura de Itajaí-PR – Assistente Jurídico/2020) É correto afirmar de acordo com o


Código de Processo Civil.
a) O ato processual que envolva a realização e participação em audiência deverá, obrigatoriamente, ser
precedida de intimação própria.
b) Os atos e os termos processuais serão considerados válidos somente quando preencherem a forma
determinada e a sua finalidade essencial.
c) Versando o processo sobre direitos que admitam auto composição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento, vedada a alteração sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres
processuais.
d) Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual cujas datas tiverem sido designadas
no calendário.
e) Os prazos processuais são próprios e formais, não podendo as partes e juiz fixarem calendário para a
prática dos atos processuais.
Comentários

A alternativa D está correta. O objetivo principal da calendarização processual é a dispensa de intimação das
partes para a prática de ato processual ou realização de audiências. Já se antecipa tudo e se prevê quem
praticará tal ato em qual data, bem como quando acontecerão as audiências.

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CPC, Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de


audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

A alternativa A está incorreta. Se houver calendário processual, não é necessária a intimação:

Art. 190, § 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização
de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

Ademais, devemos nos lembrar que não há intimação para o comparecimento à audiência inaugural de
conciliação ou mediação (CPC, art. 334), mas sim citação.

A alternativa B está incorreta. Em regra, os atos processuais são desprovidos de formalidade para sua prática.
Se não houver previsão legal a respeito, ele pode ser praticado na forma livre (princípio da liberdade das
formas).

Art. 188. Os atos e os termos9 processuais independem de forma determinada, salvo quando a
lei expressamente a exigir, considerando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe
preencham a finalidade essencial.

A alternativa C está incorreta.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

A alternativa E está incorreta.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

2. (VUNESP/Câmara de São Roque-SP - Procurador/2019) O sistema processual civil brasileiro


concede prerrogativas à Fazenda Pública e ao advogado público, com o intuito de preservar a integridade
do debate sobre o interesse público em juízo, de modo que
a) nas causas em que a Fazenda Pública for parte sucumbente, a fixação dos honorários advocatícios
observará o mínimo de 10 (dez) e máximo de 15 (quinze) por cento sobre o valor da condenação.
b) as perícias requeridas pela Fazenda Pública deverão ser realizadas por entidade pública.
c) a multa prevista para a não quitação voluntária do cumprimento de obrigação de pagar aplica-se à Fazenda
Pública, quando figurar como executada.

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d) o membro da advocacia pública será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude
no exercício de suas funções.
e) os advogados públicos gozam de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, exceto
para o manejo de recursos excepcionais.
Comentários

A alternativa D está correta.

CPC, Art. 184. O membro da Advocacia Pública será civil e regressivamente responsável quando
agir com dolo ou fraude no exercício de suas funções.

A alternativa A está incorreta. A fixação dos honorários nas causas em que a Fazenda Pública for parte
observará o seguinte:

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.

(...)

§ 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os
critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes percentuais:

I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos;

II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-
mínimos;

III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-
mínimos;

IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-
mínimos;

V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito


econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos.

A alternativa B está incorreta.

Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda Pública, do
Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao final pelo vencido.

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§ 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria
Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter os
valores adiantados por aquele que requerer a prova.

A alternativa C está incorreta.

Art. 534. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar quantia
certa, o exequente apresentará demonstrativo discriminado e atualizado do crédito contendo:

(...)

§ 2º A multa prevista no caput não se aplica à Fazenda Pública.

A alternativa E está incorreta.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

3. (FMP Concursos/PGE-AC – Procurador do Estado/2017) Considere as seguintes afirmativas sobre o


tema dos prazos no âmbito do Código do Processo Civil. Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de
ato processual a cargo da parte.
b) Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos
por até 3 (três) meses.
c) O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Ministério Público será
contado da citação, da intimação ou da notificação.
d) Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os
prazos a que está submetido.
e) E lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado que exceder o prazo legal.
Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 218. § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o
prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

A alternativa B está incorreta.

Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá
prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.

A alternativa C está correta.

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Art. 230. O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o
Ministério Público será contado da citação, da intimação ou da notificação.

A alternativa D está correta.

Art. 227. Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por
igual tempo, os prazos a que está submetido.

A alternativa E está correta.

Art. 234. § 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado que exceder prazo legal.

4. (CESPE/PGE-PE – Procurador do Estado/2018) A respeito da fazenda pública em juízo, julgue os


itens a seguir.
I A participação da fazenda pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do MP como fiscal da
ordem jurídica nos autos.
II Não se aplica a regra de contagem de prazos em dias úteis do novo diploma processual civil para a oposição
dos embargos à execução fiscal.
III A suspensão dos prazos processuais no período de 20 de dezembro a 20 de janeiro não se estende ao MP,
à Defensoria Pública e à Advocacia Pública.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
Comentários

A alternativa A está correta.

O item I está correto.

Art. 178. Parágrafo único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese
de intervenção do Ministério Público.

O item II está incorreto.

A LEF nada menciona sobre como se dará a contagem dos prazos processuais na execução fiscal, limitando-
se a esclarecer que o CPC deverá ser aplicado de forma subsidiária. Sendo silente, aplica-se o art. 219, CPC.

ENUNCIADO 20, I Jornada, CJF: Aplica-se o art. 219 do CPC na contagem do prazo para oposição
de embargos à execução fiscal previsto no art. 16 da Lei n. 6.830/1980.

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O item III está incorreto.

Enunciado 21, I Jornada de Direito Processual Civil do CJF: A suspensão dos prazos processuais
prevista no caput do art. 220 do CPC estende-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à
Advocacia Pública.

Enunciado 32 do Fórum Nacional do Poder Público – FNPP: A suspensão dos prazos processuais
do período de 20 de dezembro a 20 de janeiro aplica-se à advocacia pública, sem prejuízo das
demais atribuições administrativas do órgão.

5. (CESPE/PGM - Procurador do Município de BH/2017) Acerca de atos processuais e distribuição,


assinale a opção correta.
a) O recurso interposto antes da publicação da sentença ou do acórdão será considerado intempestivo e não
produzirá efeito jurídico, salvo se a parte ratificar as razões recursais dentro do prazo para a sua interposição
após a publicação do ato.
b) A citação de município e suas respectivas autarquias pode ser firmada pelo correio, com aviso de
recebimento, caso em que a correspondência deverá ser enviada para o órgão da advocacia pública
responsável pela representação judicial do referido ente público.
c) Havendo, na localidade, mais de um juízo competente e estando demonstrada a continência entre uma
ação em curso e nova ação a ser proposta, pode o demandante distribuir sua nova ação por dependência ao
juízo processante da ação em curso.
d) A legislação processual vigente não permite que as partes e o juiz estabeleçam calendário para a realização
de determinados atos processuais, tais como prazo para manifestações das partes e data de realização de
audiências, assim como a dispensa de intimação das partes para a prática de atos processuais estabelecidos.
Comentários

A alternativa A está incorreta. Esse era o entendimento da súmula 418, STJ, já revogada.

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação.

Isso tudo fazia parte da famosa “jurisprudência defensiva”, que criava óbices, impedimentos para que os
recursos subissem ao Tribunal da Cidadania.

Ocorre que essa súmula se tornou contrária a dois dispositivos do novo CPC.

Ao art. 1.024, § 5º: § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos
de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

Art. 218,§4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Por conta dessa contrariedade, o STJ aprovou nova súmula (579), revendo posicionamento anterior e
adotando a ideia do NCPC.

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Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior.

A alternativa B está incorreta.

Art. 247. A citação será feita pelo correio para qualquer comarca do país, exceto:

I - nas ações de estado, observado o disposto no art. 695, § 3o;

II - quando o citando for incapaz;

III - quando o citando for pessoa de direito público;

IV - quando o citando residir em local não atendido pela entrega domiciliar de correspondência;

V - quando o autor, justificadamente, a requerer de outra forma.

A alternativa C está correta.

Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:

I – quando se relacionarem, por conexão ou continência, com outra já ajuizada;

A alternativa D está incorreta.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções


previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção
abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de
vulnerabilidade.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

§ 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados
em casos excepcionais, devidamente justificados.

§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de


audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

6. ( CESPE/PGM – Procurador do Município de Fortaleza/2017) Julgue o item seguinte, com base no


que dispõe o CPC sobre atos processuais, deveres das partes e dos procuradores e tutela provisória.

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É dever do magistrado manifestar-se de ofício quanto ao inadimplemento de qualquer negócio jurídico


processual válido celebrado pelas partes, já que, conforme expressa determinação legal, as convenções
processuais devem ser objeto de controle pelo juiz.
Comentários

A alternativa está incorreta.

Enunciado 252 do FPPC: O descumprimento de uma convenção processual válida é matéria cujo
conhecimento depende de requerimento.

7. (CESPE/PGM – Procurador do Município de Fortaleza/2017) No que tange à fazenda pública em


juízo, julgue o item subsecutivo.
O benefício do prazo em dobro aplica-se à defesa do ente público em sede de ação popular porque as regras
referentes à contagem de prazo do CPC se aplicam também aos procedimentos previstos na legislação
extravagante.
Comentários

A alternativa está incorreta.

A ação popular tem prazo próprio para contestação, nos termos do art. 183, §2º, CPC.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

§ 1o A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.

§ 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma


expressa, prazo próprio para o ente público.

LAP, Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil,
observadas as seguintes normas modificativas:

IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a


requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será
comum a todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou,
quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital.

Leonardo Carneiro da Cunha (A Fazenda Pública em Juízo), em seu livro, diz que não se aplica o prazo em
dobro:

1. Prazo para contestar a ação popular;


2. Prazos nos Juizados Federais e nos Juizados da Fazenda Pública;
3. Depósito do rol de testemunha;

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4. Prazo para impugnação ao cumprimento de sentença e para embargos à execução pela


Fazenda Pública;
5. Prazo na ADIN, ADC e ADPF;
6. Prazos para Estado Estrangeiro;
7. Os prazos na suspensão de segurança;
8. Prazo para a Fazenda Pública responder à ação rescisória

8. (IBADE/Procurador Jurídico – Câmara de Santa Maria Madalena – RJ/2017) Prazos são intervalos
de tempo estabelecidos para que, dentro deles, sejam praticados atos jurídicos. Sendo processual a
natureza do ato, ter-se-á um prazo processual. (Câmara, Alexandre Freitas, O Novo Processo Civil
Brasileiro, São Paulo: Atlas, 2015, p. 137)
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
a) Prazos impróprios são aqueles cujo decurso não acarreta a perda da possibilidade de praticar o ato.
b) Os prazos fixados em meses não são contínuos, suspendendo-se nos dias em que não haja expediente
forense.
c) Não havendo prazo legal e não tendo o juiz assinado o prazo, deverá ser o ato praticado em quinze dias.
d) Contam-se os prazos incluindo o dia do começo e excluindo o do vencimento.
e) O prazo judicial é fixado em lei
Comentários

A alternativa A está correta.

Próprios
Pela
consequência do Ordinários
descumprimento
Impróprios

Anômalos

Os prazos próprios geram a preclusão temporal, isto é, a perda da faculdade/poder processual de praticar o
ato pela perda do prazo.

Ex: prazo para recorrer, contestar. Se perder o prazo, eventual recurso não será admitido pela
intempestividade e a contestação deverá ser desentranhada do processo.

Já os prazos impróprios, se descumpridos, não geram a preclusão temporal, sendo ainda possível a sua
prática.

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Ex: prazos para o juiz decidir. Se passar o prazo legal (art. 226, CPC), não haverá qualquer preclusão, podendo
o magistrado praticar aquele ato normalmente.

A alternativa C está incorreta.

Art. 218. § 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o
prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

A alternativa D está incorreta.

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.

A alternativa E está incorreta. A diferença abordada foi entre prazo legal e judicial.

É o prazo legal que é fixado em lei e não o judicial. O juiz pode fixar prazos para que as partes cumpram certa
determinação de uma forma bem livre, de acordo com a complexidade do ato. Por isso que o prazo judicial
não é fixado em lei.

Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei.

§ 1o Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do


ato.

§ 2o Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a


comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.

§ 3o Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para
a prática de ato processual a cargo da parte.

Tanto é de forma bem livre a fixação do prazo judicial que o magistrado pode até dilatar (art. 139, VI, CPC).

9. (RHS Consult/Procurador de Paraty – RJ/2016) Considerando a Lei nº 13.105/2015, no que tange


ao tempo dos atos processuais, assinale a alternativa correta.
a) Os atos processuais devem ser realizados em dias úteis, das 12 (doze) às 20 (vinte) horas.
b) Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras podem ser realizadas no
período de férias forenses.
c) A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 12 (doze) horas do último
dia do prazo.
d) O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado não é considerado para fins de
atendimento do prazo.
e) Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos processuais, inclusive a tutela de urgência.
Comentários

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A alternativa A está incorreta.

Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.

A alternativa B está correta.

Art. 212, § 2º Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras


poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis
fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso XI, da
Constituição Federal.

A alternativa C está incorreta.

Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24 (vinte
e quatro) horas do último dia do prazo.

A alternativa D está incorreta.

Parágrafo único do artigo 213 O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado
será considerado para fins de atendimento do prazo.

A alternativa E está incorreta.

Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos processuais,
excetuando-se:

I - os atos previstos no art. 212, § 2o;

II - a tutela de urgência.

Magistratura

10. (FCC/TJMS – Juiz de Direito/2020) Alberto Roberto tornou-se réu em uma ação de cobrança de nota
promissória. Ficou sabendo por um escrevente do Cartório, procurou um advogado e, antes mesmo de ser
citado, contestou o feito. Essa contestação
a) será tida por intempestiva, pois o que define a tempestividade é o início da contagem do prazo, ainda não
iniciado.
b) será considerada tempestiva, sem necessidade de reiteração do ato após a citação de Alberto Roberto.
c) será considerada um ato praticado condicionalmente, pois dependerá de ratificação por Alberto Roberto,
necessariamente dentro do prazo legal de oferecimento da defesa.
d) é intempestiva, porque praticado o ato fora do prazo, o que se dá tanto antes quanto depois de finalizada
sua contagem; no entanto, se o autor concordar, será a contestação tida por tempestiva, caracterizando a
anuência um negócio jurídico- processual.

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e) será tida por inexistente, devendo ser praticado o ato novamente no prazo legal da contestação.
Comentários

A alternativa B está correta.

CPC, Art. 218, § 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

11. (FCC/TJ-AL – Juiz de Direito Substituto/2019) Quanto aos prazos,


a) sendo a lei omissa, o prazo para a parte praticar o ato processual será sempre o de dez dias.
b) a parte pode renunciar àqueles estabelecidos exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira
expressa.
c) quando contados em dias, estabelecidos legal ou judicialmente, computar-se-ão os dias corridos.
d) se processuais, interrompem-se nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
e) será considerado intempestivo o ato praticado antes de seu termo inicial, por ainda não existir,
processualmente.
Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 218, §1º. Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à
complexidade do ato.

A alternativa B está correta.

Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde
que o faça de maneira expressa.

A alternativa C está incorreta.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

A alternativa D está incorreta.

Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de
dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

A alternativa E está incorreta.

Art. 218, § 4º. Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

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12. (FCC/TJAL – Juiz de Direito Substituto/2019) Manoel oferece no quinto dia contestação em uma
ação de cobrança contra ele proposta. Posteriormente, ainda dentro dos quinze dias para defesa,
apresenta petição complementando suas razões, com argumentos outros que havia esquecido de
exteriorizar. Essa conduta
a) não é possível, tendo ocorrido preclusão consumativa.
b) é possível por se ainda estar no prazo de defesa, não tendo ocorrido preclusão temporal.
c) não é possível, tendo ocorrido preclusão-sanção ou punitiva.
d) é possível pelo direito da parte ao contraditório amplo, não sujeito à preclusão.
e) não é possível, tendo ocorrido preclusão lógica.
Comentários

A alternativa A está correta.

A preclusão consumativa é a perda de uma faculdade/poder processual em razão do exercício desse


poder/faculdade já ter sido exercido. A prática, consumação do exercício do poder/faculdade o extingue.
Não poderá praticá-lo novamente.

Ex1: se tenho a faculdade de recorrer de uma decisão e recorro, não poderei recorrer dela novamente.

Ex2: se já contestei no 10º dia útil, não poderei mais complementar ou apresentar nova contestação, ainda
que dentro do prazo (até 15ª dia útil).

A alternativa B está incorreta. Não ocorreu, de fato, a preclusão temporal, que é a perda de um poder
processual em razão de seu não exercício no prazo devido. Não observado um prazo, perde-se o poder a ele
relacionado.

Todavia, não poderá complementar suas razões, pois já houve preclusão consumativa.

A alternativa C está incorreta. Parcela doutrinária entende possível se falar em preclusão sanção.

A classificação acima foi embasada em Chiovenda, que tomou por base o fato gerador (fato jurídico) da
preclusão (perda do prazo; ato incompatível e exercício do poder). Essa preclusão, pois, seria efeito jurídico
que decorreria da prática de atos lícitos. Por isso se diz que preclusão não se identifica com sanção.

Contudo, parcela doutrinária entende possível cogitar de preclusão decorrente da prática de um ato ilícito.

Ora, nada impede que o legislador atribua uma mesma eficácia a um ato lícito e a um ato ilícito. É o que
ocorre, por exemplo, com o dever de indenizar, que pode derivar de um ato lícito (art. 188, II c/c rt. 929,
ambos do CC), como também de um ato ilícito (art. 186, CC).

A preclusão pode se originar de atos ilícitos, conforme exemplos seguintes.

Ex1: perda da situação jurídica de inventariante, em razão da ocorrência dos ilícitos apontados no art. 622,
CPC;

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Ex2: confissão ficta decorrente do não comparecimento ao depoimento pessoal (art. 385, §1º, CPC), que é
considerado um dever da parte (art. 379, I, CPC)

Ex3: se o juiz excede de modo irrazoável os prazos para julgar, ele perde a competência para fazê-lo (art.
235, §2º, CPC);

Ex4: se houver a prática de atentado, a parte perde o direito de falar nos autos, até a purgação dos efeitos
do ilícito (art. 77, §7º, CPC).

Ex5: não devolução dos autos implica a perda do direito de vista fora do cartório (art. 234, §2º, CPC).

De toda forma, sempre se lembre em prova (sobretudo fechada) que o entendimento majoritário é pela
inadmissibilidade da ligação entre preclusão e sanção.

A alternativa D está incorreta. O contraditório não é ilimitado.

A alternativa E está incorreta. A preclusão lógica é a perda de faculdade/poder processual em razão da


prática de um ato anterior que com ele é incompatível.

A preclusão lógica decorre essencialmente da proibição do venire contra factum proprium, decorrência do
princípio da boa-fé objetiva.

Ex1: se eu aceito a decisão (tácita ou expressamente), há a preclusão lógica do meu direito de recorrer (art.
1000, CPC).

Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato
incompatível com a vontade de recorrer.

Ex2: se eu desisto da ação, o juiz homologa minha desistência, não posso recorrer daquela decisão. Se
recorrer, será considerado inadmissível o recurso.

Ex3: o sujeito que confessa perde o direito de produzir a prova do fato confessado.

Didier pontua que essa preclusão lógica também se aplica ao magistrado.

13. (VUNESP/TJRO – Juiz de Direito/2019) Com relação à forma, ao tempo e ao lugar dos atos
processuais, assinale a alternativa correta.
a) A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira
expressa.
b) Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade só podem modificar
ou extinguir direitos processuais após a homologação judicial.
c) Salvo autorização judicial, as citações, intimações e penhoras não poderão ser realizadas no período de
férias forenses e nos feriados.

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d) Em caso de obstáculo criado por uma das partes, superado o motivo que deu causa à suspensão do curso
do prazo, este será restituído integralmente à outra parte.
e) O documento redigido em língua estrangeira poderá ser juntado aos autos desacompanhado de versão
para a língua portuguesa se as partes assim acordarem.
Comentários

A alternativa A está correta.

CPC, Art. 225 A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor,
desde que o faça de maneira expressa.

A alternativa B está incorreta.

Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade
produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.

A alternativa C está incorreta.

Art. 212, § 2º Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras


poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis
fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5º, inciso XI, da
Constituição Federal.

A alternativa D está incorreta.

Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou
ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual
ao que faltava para sua complementação.

A alternativa E está incorreta.

Art. 192. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da língua portuguesa.

Parágrafo único. O documento redigido em língua estrangeira somente poderá ser juntado aos
autos quando acompanhado de versão para a língua portuguesa tramitada por via diplomática
ou pela autoridade central, ou firmada por tradutor juramentado.

14. (FCC/TJ-SC – Juiz de Direito Substituto/2017) Em relação à forma dos atos processuais, é correto
afirmar:
a) Compete privativamente aos tribunais regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais
por meio eletrônico, velando pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva
de novos avanços tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que forem necessários.
b) Os atos e termos processuais são em regra formais, considerando-se nulos os que tenham sido praticados
em desrespeito a essa premissa.

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c) A desistência da ação produzirá efeitos imediatos nos autos, embora seja possível discutir os ônus
sucumbenciais se não houver anuência da parte adversa ao ato.
d) Apenas decisões interlocutórias e sentenças devem ser publicadas no Diário de Justiça Eletrônico, já que
despachos, por não causarem gravames, não necessitam de publicação.
e) Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Comentários

A alternativa A está incorreta.

Parte inferior do formulário

Art. 196. Compete ao Conselho Nacional de Justiça e, supletivamente, aos tribunais,


regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais por meio eletrônico e velar
pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva de novos avanços
tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que forem necessários, respeitadas as normas
fundamentais deste Código.

A alternativa B está incorreta.

Art. 188. Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a
lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe
preencham a finalidade essencial.

A alternativa C está incorreta.

A desistência da ação não produz efeitos imediatos, ou seja, a mera manifestação de desistência
pela parte autora não culmina na extinção do processo sem resolução do mérito. É
indispensável a homologação da desistência pelo juiz.

A alternativa D está incorreta.

Art. 205. Os despachos, as decisões, as sentenças e os acórdãos serão redigidos, datados e


assinados pelos juízes.

§ 3o Os despachos, as decisões interlocutórias, o dispositivo das sentenças e a ementa dos


acórdãos serão publicados no Diário de Justiça Eletrônico.

A alternativa E está correta.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da

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causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

15. (TRF 2/TRF 2 – Juiz Federal Substituto/2017) Analise as assertivas e, após, marque a opção correta:
I- Em regra, as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportava
agravo de instrumento, serão cobertas pela preclusão caso não sejam suscitadas em preliminar da apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
II- É preclusivo o prazo para arguição de incompetência absoluta.
III- Das três hipóteses clássicas de preclusão, a temporal, a lógica e a consumativa, o Código de 2015
prestigiou as duas primeiras e aboliu a última.
a) Estão corretas apenas as assertivas I e II.
b) Estão corretas apenas as assertivas I e III.
c) São falsas apenas as assertivas II e III.
d) São falsas todas as assertivas.
e) São falsas apenas as assertivas I e II.
Comentários

A alternativa C está correta.

A assertiva I está correta.

Art. 1.009, § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas (sob
pena de preclusão) em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão
final, ou nas contrarrazões.

A assertiva II está incorreta.

Art. 64, § 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição
e deve ser declarada de ofício.

A assertiva III está incorreta. O NCPC não aboliu a preclusão consumativa, que é a perda de uma
faculdade/poder processual em razão do exercício desse poder/faculdade já ter sido exercido.

A prática, consumação do exercício do poder/faculdade o extingue. Não poderá praticá-lo novamente.

Ex1: se tenho a faculdade de recorrer de uma decisão e recorro, não poderei recorrer dela novamente.

Ex2: se já contestei no 10º dia útil, não poderei mais complementar ou apresentar nova contestação, ainda
que dentro do prazo (até 15ª dia útil).

Obs1: Há discussão intensa se ao juiz se aplica a preclusão consumativa. Vemos essa contenda no curso.

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Promotor

16. (MPE-SP/MPE-SP – Promotor de Justiça Substituto/2019) O prazo processual para o Ministério


Público será contado:
a) De forma singular quando houver disposição normativa expressa.
b) em dobro, em qualquer situação, a partir de sua intimação pessoal.
c) em quádruplo para apresentação de contestação, a partir de sua citação pessoal.
d) de forma singular, em igualdade com as partes, a partir de sua intimação pessoal.
e) em dobro apenas quando houver disposição normativa expressa.
Comentários

A alternativa A está correta.

Com o Novo CPC, acabou o prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (antigo art. 188,
CPC/73).

Agora, o MP possui prazo em dobro para as suas manifestações.

O art. 180, caput, prevê prazo em dobro para se manifestar nos autos, contados a partir de sua intimação
pessoal, que deverá se dar por carga, remessa ou meio eletrônico.

Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá
início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1o.

Já o art. 178, caput, prevê o prazo de 30 dias para o MP se manifestar quando for fiscal da ordem jurídica, o
que não deixa de ser um “prazo em dobro”, pois o prazo geral do CPC é de 15 dias.

Todavia, quando houver prazo específico, o prazo não será contado em dobro (art. 180, §2º), a exemplo
dos procedimentos da Justiça da Infância e Juventude e do prazo de 10 dias da Lei do Mandado de Segurança.

Art. 180, § 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma
expressa, prazo próprio para o Ministério Público.

Portanto, o prazo para o Ministério Público se contará de forma singular, específica, particular quando
houver disposição normativa expressa.

Por essa explicação já se observa o equívoco de todas as outras alternativas.

17. (FCC/MPE-MT – Promotor de Justiça/2019) Em relação aos prazos no atual CPC, é correto afirmar:
a) Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos ou não, terão
prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento.

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b) Será considerado intempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo, por não ter ainda existência
jurídica.
c) Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, desde que haja
declaração judicial nesse sentido, podendo a parte, porém, provar justa causa para sua não realização.
d) A parte poderá renunciar tácita ou expressamente ao prazo, desde que estabelecido exclusivamente em
seu favor.
e) Ao juiz é defeso reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.
Comentários

A alternativa E está correta.

CPC, Art. 221, § 1º Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.

A alternativa A está incorreta.

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia


distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo
ou tribunal, independentemente de requerimento.

A alternativa B está incorreta.

Art. 218, § 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

A alternativa C está incorreta.

Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual,
independentemente de declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não
o realizou por justa causa.

A alternativa D está incorreta.

Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde
que o faça de maneira expressa.

18. (PGR/MPF – Procurador da República/2017) SÃO INOVAÇÕES DO CPC/2015 EM RELAÇÃO AO


CÓDIGO DE 1973:
I. A previsão da figura do amicus curiae em todos os graus de jurisdição.
II. A inserção de disposições gerais sobre cooperação jurídica internacional.
III. A tempestividade do ato praticado antes do seu termo inicial.
VI. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
Das proposições acima:

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a) I e II estão corretas;
b) II e III estão corretas;
c) III e IV estão corretas;
d) Todas estão corretas.
Comentários

A alternativa D está correta.

O item I está correto. Vimos que o CPC/73 não previa a figura do amicus curiae (havia previsões esparsas em
legislação extravagante), ao passo que o NCPC a prevê, autorizando seu uso em todos os graus de jurisdição
(juiz ou relator).

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema


objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de
ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a
participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

O item II está correto. Os artigos 26 e 27, tratando "DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL". Seção I -
"Disposições Gerais" são novidades no sistema.

O item III está correto.

Art. 218, § 4ª. Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

O item IV está correto. A previsão da desconsideração como espécie de intervenção de terceiro é novidade,
assim como também é novidade a criação de um rito para ela ser aplicada.

19. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2017) Assinale a alternativa INCORRETA sobre


as normas processuais do CPC/2015:
a) Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
b) De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática de atos processuais, quando
for o caso.
c) O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos
excepcionais, devidamente justificados.
d) Mesmo com a calendarização dos atos processuais, é indispensável a intimação das partes, sob pena de
cerceamento de defesa.
Comentários

A alternativa A está correta.

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Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

A alternativa B está correta.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

A alternativa C está correta.

§ 1o O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados
em casos excepcionais, devidamente justificados.

A alternativa D está incorreta.

§ 2o Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de


audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

20. ( MPE-RS/MPE-RS – Promotor de Justiça Subsituto/2017) Assinale a alternativa INCORRETA sobre


o tema dos atos processuais, segundo disposto no Código de Processo Civil.
a) O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença,
bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
b) O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos
de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tramitem em
segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves públicas unificada
nacionalmente, nos termos da lei.
c) O juiz proferirá os despachos no prazo de 5 (cinco) dias, as decisões interlocutórias no prazo de 15 (quinze)
dias e as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
d) Salvo para evitar o perecimento do direito, não se fará a citação de noivos nos 3 (três) primeiros dias
seguintes ao casamento.
e) Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado,
no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou
correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.
Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 189, § 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do
dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou
separação.

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A alternativa B está correta.

Art. 195. O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que
atenderão aos requisitos de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio,
conservação e, nos casos que tramitem em segredo de justiça, confidencialidade, observada a
infraestrutura de chaves públicas unificada nacionalmente, nos termos da lei.

A alternativa C está incorreta.

Art. 226. O juiz proferirá:

I - os despachos no prazo de 5 (cinco) dias;

II - as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias;

III - as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.

A alternativa D está correta.

Art. 244. Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito:

I - de quem estiver participando de ato de culto religioso;

II - de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em


linha reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias
seguintes;

III - de noivos, nos 3 (três) primeiros dias seguintes ao casamento;

IV - de doente, enquanto grave o seu estado.

A alternativa E está correta.

Art. 254. Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu,
executado ou interessado, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado
aos autos, carta, telegrama ou correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.

21. (MPE-MS/MPE-MS - Promotor de Justiça Substituto/2018) A respeito dos atos processuais e da


comunicação dos atos processuais no direito processual civil, sob a perspectiva do advento do processo
judicial eletrônico, analise as afirmações que seguem.
I. As empresas públicas e privadas, inclusive as microempresas e as empresas de pequeno porte, estão
obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo judicial eletrônico para o recebimento de citações e
intimações.
II. As intimações eletrônicas realizadas por meio de portal próprio, na forma do art. 5º da Lei nº 11.419/2006,
serão consideradas pessoais para todos os efeitos legais

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III. Nos casos urgentes em que a intimação feita eletronicamente na forma do art. 5º da Lei nº 11.419/2006
possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de
burla ao sistema, a comunicação do ato processual deverá ser realizada, obrigatoriamente, mediante
diligência do oficial de justiça.
IV. Será admitida a prática de atos por meio não eletrônico nos locais onde o Poder Judiciário não mantiver
gratuitamente, à disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais e à
consulta e ao acesso ao sistema e aos documentos dele constantes.
De acordo com as regras positivadas na legislação processual vigente, assinale a alternativa correta.
a) Todas as afirmações estão corretas.
b) Apenas as afirmações I e III estão corretas.
c) Apenas as afirmações II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmações II e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão incorretas.
Comentários

A alternativa D está correta.

O item I está incorreto.

CPC, Art. 246. § 1º Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno porte, as
empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo em
autos eletrônicos, para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão efetuadas
preferencialmente por esse meio.

O item II está correto.

Lei n. 11.419, Art 4º, §6º As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda Pública,
serão consideradas pessoais para todos os efeitos legais.

O item III está incorreto. Não será obrigatoriamente mediante oficial de justiça.

Lei n. 11.419, Art 4º, § 5º Nos casos urgentes em que a intimação feita na forma deste artigo
possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qualquer
tentativa de burla ao sistema, o ato processual deverá ser realizado por outro meio que atinja
a sua finalidade, conforme determinado pelo juiz.

O item IV está correto.

CPC, Art. 198. As unidades do Poder Judiciário deverão manter gratuitamente, à disposição dos
interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais e à consulta e ao acesso
ao sistema e aos documentos dele constantes.

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Parágrafo único. Será admitida a prática de atos por meio não eletrônico no local onde não
estiverem disponibilizados os equipamentos previstos no caput.

22. (MPT/MPT – Procurador do Trabalho/2017) Relativamente à disciplina do negócio jurídico


processual, no regime do Código de Processo Civil, é CORRETO afirmar que:
a) O negócio jurídico processual não tem eficácia se convencionado antes do ajuizamento da demanda.
b) Como condição de validade desse negócio, é indispensável a prévia aquiescência do juiz da causa.
c) É lícita a convenção que estabeleça inversão do ônus da prova, mas o juiz recusará a sua aplicação nos
casos de nulidade, inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em
manifesta situação de vulnerabilidade.
d) Observados os requisitos de validade do negócio, é lícita a cláusula que estabeleça supressão do direito
de recorrer.
e) Não respondida.
Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

A alternativa B está incorreta. Não é necessária prévia aquiescência do juiz. O juiz controla a validade
posteriormente à realização o negócio jurídico processual.

Art. 190. Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou
de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta
situação de vulnerabilidade.

A alternativa C está correta.

Art. 190. Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou
de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta
situação de vulnerabilidade.

A alternativa D está incorreta. É controversa.

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1ª corrente (Alexandre Câmara73): É possível.

Têm as partes, então, autorização da lei para dispor sobre suas próprias posições processuais,
não podendo o negócio [jurídico] alcançar as posições processuais do juiz. Assim, por exemplo, é
lícito celebrar negócio processual que retire das partes a faculdade de recorrer(pacto de não
recorribilidade), mas não é lícito ás partes proibir o juiz de controlar de ofício o valor dado à causa
nos casos em que este esteja estabelecido por um critério prefixado em lei (art. 292).

2ª corrente (Enfam): O Enunciado 36 parece concluir pela impossibilidade.

Enunciado 36 da ENFAM. A regra do art. 190 do CPC/2015 não autoriza às partes a celebração
de negócios jurídicos processuais atípicos que afetem poderes e deveres do juiz, tais como os
que: a) limitem seus poderes de instrução ou de sanção à litigância ímproba; b) subtraiam do
Estado/juiz o controle da legitimidade das partes ou do ingresso de amicus curiae; c) introduzam
novas hipóteses de recorribilidade, de rescisória ou de sustentação oral não previstas em lei;
d) estipulem o julgamento do conflito com base em lei diversa da nacional vigente; e e)
estabeleçam prioridade de julgamento não prevista em lei.

Talvez por essa divergência a questão tenha sido anulada. Não consegui encontrar no site do MPT a razão
para a anulação, mas creio que tenha sido essa.

Defensor

23. (FUNDEP/DPE-MG – Defensor Público/2019) Acerca dos negócios jurídicos processuais, assinale a
alternativa correta.
a) Conforme expressa disposição legal, cabe ao juiz controlar a validade das convenções processuais,
inclusive de ofício, recusando-lhes aplicação sempre que elas não atenderem às exigências do bem comum.
b) A partir da entrada em vigor do CPC de 2015, lei que encampou os princípios da boa-fé processual e da
cooperação, tornou-se possível a realização de negócios jurídicos processuais unilaterais e bilaterais.
c) A distribuição diversa do ônus da prova pode ocorrer por convenção das partes, desde que não torne
excessivamente difícil a um dos litigantes o exercício do direito e seja celebrada no curso do processo.
d) A celebração de negócio processual por parte desprovida de assistência técnico-jurídica pode ensejar
situação de vulnerabilidade e, consequentemente, levar à recusa de aplicação da convenção pelo julgador.
Comentários
A alternativa D está correta. A ausência de assessoramento jurídico pode dar ensejo a uma situação de
vulnerabilidade. Nesse sentido é o enunciado 18 do FPPC:

73
CÂMARA, Alexandre. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2016. 2º ed. p. 125.

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Enunciado 18, FPPC: (art. 190, parágrafo único) Há indício de vulnerabilidade quando a parte
celebra acordo de procedimento sem assistência técnico-jurídica.

Constatada essa vulnerabilidade, pode o juiz recusar a aplicação dessa convenção:

Art. 190, Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou
de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta
situação de vulnerabilidade.

A alternativa A está incorreta. O controle das convenções pelo juiz pode se dar apenas no caso de nulidade,
abusividade em contrato de adesão ou manifesta situação de vulnerabilidade da parte.

Art. 190, Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou
de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta
situação de vulnerabilidade.

A alternativa B está incorreta. O negócio jurídico é um ato bilateral, pois envolve um acordo de, no mínimo,
2 partes.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

A alternativa C está incorreta.

Art. 373,§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das
partes, salvo quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;

II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.

24. (FCC/DPE-SP – Defensor Público/2019) Os negócios processuais


a) autorizam que as partes possam estabelecer consensualmente a proibição da intervenção de terceiro na
condição de amicus curiae e do Ministério Público na condição de fiscal da ordem jurídica, a fim de assegurar
a celeridade do processo.
b) somente são permitidos caso o direito material em discussão naquele processo seja disponível, de maneira
que são vedados quaisquer negócios processuais em processos que tenham por objeto algum direito
substancial indisponível.

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c) dependem somente da vontade das partes envolvidas, de modo que se mostra desnecessária a
participação ou a homologação judicial das convenções processuais estabelecidas pela livre manifestação
das partes.
d) são um instituto novo no sistema processual civil brasileiro, inaugurado com o advento do Código de
Processo Civil de 2015, razão pela qual ainda pairam diversas controvérsias na doutrina e jurisprudência a
seu respeito.
e) típicos são, por exemplo, a eleição do foro, a desistência da ação após a apresentação de resposta do réu,
a distribuição convencional do ônus da prova e a calendarização do processo.
Comentários

A alternativa E está correta. Os negócios jurídicos processuais típicos são aqueles que possuem previsão
expressa na lei. As situações apresentadas na alternativa constam dos seguintes artigos:

Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo
foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.

§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes,
salvo quando:

I - recair sobre direito indisponível da parte;

II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.

Art. 485, § 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir
da ação.

A alternativa A está incorreta. Vimos em aula que há corrente doutrinária que defende que as partes não
podem dispor sobre nenhum poder-dever do juiz. Inclusive, sugeri que fosse adotado esse entendimento em
provas, que é o que vem sendo adotado pelas bancas. Nesse sentido, temos:

Enunciado 392 FPPC: As partes não podem estabelecer, em convenção processual, a vedação da
participação do amicus curiae.

Enunciado 254, FPPC: (art. 190) É inválida a convenção para excluir a intervenção do Ministério
Público como fiscal da ordem jurídica.

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Enunciado 36, Enfam: A regra do art. 190 do CPC/2015 não autoriza às partes a celebração de
negócios jurídicos processuais atípicos que afetem poderes e deveres do juiz, tais como os que:
a) limitem seus poderes de instrução ou de sanção à litigância ímproba; b) subtraiam do
Estado/juiz o controle da legitimidade das partes ou do ingresso de amicus curiae; c) introduzam
novas hipóteses de recorribilidade, de rescisória ou de sustentação oral não previstas em lei; d)
estipulem o julgamento do conflito com base em lei diversa da nacional vigente; e e) estabeleçam
prioridade de julgamento não prevista em lei

A alternativa B está incorreta. O art. 190 CPC nos ensina que:

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

Assumpção elogia a redação, pois há casos de direitos indisponíveis, mas que, mesmo assim, admitem
autocomposição.

Nesses casos, não haveria autocomposição sobre o direito material, mas sim sobre as formas de exercício do
direito, modos e momentos de cumprimento da obrigação.

Enunciado 135, FPPC: (art. 190) A indisponibilidade do direito material não impede, por si só, a celebração
de negócio jurídico processual.

Ex: na tutela coletiva, os direitos são indisponíveis. Mas é possível autocomposição quanto à forma de
cumprimento da obrigação (ex: Termo de Ajustamento de Conduta).

Por isso, o enunciado 255, FPPC diz que é admissível a celebração de convenção processual coletiva, que
pode ser lido em conjunto com o já citado enunciado 253, FPPC.

Enunciado 255, FPPC: (art. 190) É admissível a celebração de convenção processual coletiva.

Enunciado 253, FPPC: (art. 190; Resolução n. 118/CNMP) O Ministério Público pode celebrar
negócio processual quando atua como parte.

A alternativa C está incorreta.

Art. 190, Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das
convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou
de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta
situação de vulnerabilidade.

A alternativa D está incorreta. Os negócios processuais não são instituto novo no sistema processual civil
brasileiro.

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25. (CESPE/DPE-PE – Defensor Público/2018) Regra geral prevista no Código de Processo Civil
determina que os atos processuais sejam realizados em dias úteis, das seis às vinte horas. Com relação aos
tempos dos atos processuais, assinale a opção correta, conforme a legislação pertinente.
a) A prática eletrônica de ato processual poderá ocorrer até as vinte e quatro horas do último dia do prazo.
b) Em se tratando de prática eletrônica de ato processual, o horário a ser considerado será aquele vigente
no juízo que emitiu o ato.
c) Durante as férias forenses, atos processuais de tutela de evidência podem ser praticados.
d) Ato processual iniciado antes das vinte horas não poderá ser concluído após esse horário,
independentemente de o adiamento causar grave dano aos envolvidos no processo.
e) Apenas com autorização judicial as citações poderão ser realizadas durante as férias forenses.
Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24
(vinte e quatro) horas do último dia do prazo.

A alternativa B está incorreta. É o horário vigente do juízo em que corre o processo e não daquele na qual
houve a emissão do ato.

Art. 213, Parágrafo único. O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado será
considerado para fins de atendimento do prazo.

A alternativa C está incorreta.

Art. 214. Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos processuais,
excetuando-se:

I - os atos previstos no art. 212, § 2o;

II - a tutela de urgência.

A alternativa D está incorreta.

Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.

§ 1o Serão concluídos após as 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento
prejudicar a diligência ou causar grave dano.

A alternativa E está incorreta.

Art. 212, § 2º Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras


poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis

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fora do horário estabelecido neste artigo, observado o disposto no art. 5o, inciso XI, da
Constituição Federal.

26. (FCC/DPE-SC – Defensor Público/2017) João Haroldo procura a defensoria pública com a finalidade
de deduzir pretensão de danos materiais e morais em face de uma empresa de cartões de crédito e do
banco que comercializa o cartão, em razão de cobranças indevidas. O defensor ajuíza, por meio eletrônico,
petição inicial que segue o procedimento comum. A empresa de cartões foi citada, sendo a carta com aviso
de recebimento juntada aos autos no dia 23 de janeiro de 2017 (segunda-feira). O banco, por seu turno,
foi citado e houve juntada do comprovante postal no dia 02 de fevereiro de 2017 (quinta-feira). No dia 1°
de março de 2017 (quarta-feira), a empresa de cartões protocolou petição manifestando desinteresse na
realização de audiência de tentativa de conciliação. Em 12 de maio de 2017 (sexta-feira), ocorreu a
audiência de tentativa de conciliação, que contou com a participação do autor e do banco, ausente a
administradora de cartões, sendo ao final infrutífera a tentativa de autocomposição. Os demandados
contam com advogados de escritórios distintos. Considerando os prazos previstos no atual CPC,
considerando a situação hipotética de inexistência de qualquer feriado (nacional ou local) no decurso do
prazo, é correto dizer que o último dia do prazo para a resposta da administradora de cartões foi
a) 22 de março de 2017.
b) 23 de junho de 2017.
c) 13 de fevereiro de 2017.
d) 2 de junho de 2017.
e) 23 de fevereiro de 2017.
Comentários
A alternativa D está correta.
O inciso aplicável é o inciso I do art. 335, CPC e não o inciso II.

Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo
termo inicial será a data:

I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando


qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;

II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação


apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;

Isso porque, para aplicar o inciso II, deve ocorrer a hipótese do art. 334, §4º, I, que exige que ambas as partes
manifestem desinteresse na audiência de conciliação e mediação.

Art. 334, § 4o A audiência não será realizada:

I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual;

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Como no caso apenas a administradora de cartão não queria a audiência de conciliação e mediação, o prazo
para contestação começará a contar do dia da audiência (art. 335, I, CPC).

Desse modo, como a audiência foi em 12 de maio de 2017 (sexta-feira), o começo do prazo é este.

Mais uma vez cuidado. Dia 12 de maio é o começo do prazo. Mas o começo da contagem do prazo é apenas
segunda-feira (15/05/17).

Isso porque, conforme art. 224, caput, CPC, exclui-se o dia de início (12/05/17) e começa a contar a partir do
1º dia útil seguinte (15/05/17 – segunda-feira).

No caso, o prazo para contestação é de 15 dias úteis.

Obs1: O prazo não é em dobro por conta do processo eletrônico.

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia


distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo
ou tribunal, independentemente de requerimento.

§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa
por apenas um deles.

§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.

Fazendo a contagem, excluindo os feriados (sábado e domingo – art. 216, CPC), o prazo se findará em
2/06/17.

Outros

27. (CS-UFG/TJ-GO – Juiz Leigo/2017) M.R ajuizou ação de indenização em face da companhia
telefônica “Live”, visando obter reparação pelos danos materiais e morais causados pela realização de
cobrança indevida. O processo foi sentenciado no dia 07/08/2017, segunda-feira, tendo o juiz condenado
a empresa ré ao pagamento de R$ 1.500,00 a título de danos materiais, nada tendo mencionado sobre os
danos morais. O autor, então, apresentou embargos declaratórios no dia 14/08/2017, segunda-feira
seguinte, sendo estes
a) intempestivos, suspendendo o prazo para interposição de outro recurso contra a sentença.
b) tempestivos, suspendendo o prazo para interposição de outro recurso contra a sentença.
c) tempestivos, interrompendo o prazo para a interposição de outro recurso contra a sentença.
d) intempestivos, interrompendo o prazo para a interposição de outro recurso contra a sentença.
e) incabíveis, eis que o juiz não é obrigado a manifestar-se sobre todos os pedidos da parte.
Comentários

A alternativa C está correta.

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Primeiro, os embargos declaratórios eram, de fato, o recurso cabível, pois a sentença foi omissa quanto aos
danos morais (art. 1.022, II, CPC).

Quanto à tempestividade, ela também foi cumprida. Isso porque o prazo para ED é de 5 dias (art. 49, Lei n.
9.099/95).

Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de
cinco dias, contados da ciência da decisão.

E esse prazo de 5 dias é contado conforme o art. 224, CPC, isto é, excluindo o dia do início e incluindo o dia
do vencimento. Assim, exclui-se o dia 7/08/17 e começa a contar a partir do dia 8/08/17.

8/08 – 1º dia; 9/08 – 2º dia; 10/08 – 3º dia; 11/08 (4º dia) – sexta-feira; 14/08 (5º dia) – segunda-feira.

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.

Como os prazos nos juizados também são contados em dias úteis, sábado e domingo não são contados,
voltando a correr apenas na segunda-feira, dia 14/08 (5º dia).

Portanto, os ED opostos são tempestivos.

Por fim, vale salientar que é caso de interrupção. Antes, o art. 50, Lei n. 9.099/95 dizia que a oposição de ED
suspendia o prazo, enquanto que o CPC/73 falava que a oposição de ED interrompia o prazo.

O NCPC, desejando uniformizar o tratamento, dispôs em seu art. 1.065, CPC/15 o seguinte:

Art. 1.065. O art. 50 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte
redação:

“Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.”

28. (CS-UFG/TJ-GO – Juiz Leigo/2017) Quando for celebrado negócio ou calendário processual,
a) os processos que versem sobre arbitragem, independentemente da existência de cláusula de
confidencialidade, devem tramitar em segredo de justiça.
b) as negociações que estabeleçam mudanças no procedimento são consideradas ilícitas.
c) as partes envolvidas ficarão vinculadas à sua observância, salvo o juiz, nos casos de calendarização.
d) a intimação das partes acerca dos atos agendados torna-se desnecessária nos casos de calendarização.
e) os atos processuais, inclusive os eletrônicos, devem ser realizados em dias úteis, das 06h às 20h.
Comentários

A alternativa A está incorreta.

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Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:

IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.

A alternativa B está incorreta.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

A alternativa C está incorreta.

Art. 191, § 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão
modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.

A alternativa D está correta.

ART. 191, § 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a
realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

A alternativa E está incorreta.

Art. 213. A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 24
(vinte e quatro) horas do último dia do prazo.

29. (CONSULPLAN/TJ-MG – Titular de Serviços de Notas e Registros/2017) Novidade no estatuto é a


expressa previsão de que o ato praticado antes do termo inicial do prazo, vencendo assim controvérsia
jurisprudencial sobre o ponto, é considerado tempestivo. Trata-se de disposição que vem ao encontro da
efetividade e tempestividade do processo, vetores do novo processo civil. Nessa esteira, todas as opções
correspondem à nova tendência do CPC/15, EXCETO:
a) Os prazos podem receber regras próprias de acordo com a fonte de sua origem (legais ou judiciais) ou
seus destinatários (juiz, órgãos auxiliares da justiça, partes) com consequências distintas sobre o ato
processual a ser praticado.
b) A modificação no trato dado aos prazos processuais estabelece nova forma de contagem do prazo em dias
(apenas em dias, não podendo ser considerado para prazos meses ou anos), computando-se os dias corridos.
Portanto, serão incluídos sábados, domingos e feriados.
c) Quanto à origem, os prazos ou são legais ou judiciais. Nesses últimos está presente a recomendação de
sua fixação de acordo com a complexidade do ato, permitindo, também, por via de consequência, sua
eventual dilação, a ser definida pelo juiz, desde que devidamente justificada a postulação de prorrogação.
d) Se houver omissão da lei na fixação de prazo e o juiz deixar de fazê-lo, o prazo para a prática do ato retoma
à condição de ser fixado por lei, hipótese em que será de 5 (cinco) dias. No que diz respeito, à exigência de

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comparecimento em juízo, em sendo omissos a lei e o juiz, a parte só se obriga a tanto, se a intimação for
antecedida de 48 (quarenta e oito) horas.
Comentários

A alternativa A está correta.

A alternativa B está incorreta.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos
e os dias em que não haja expediente forense.

A alternativa C está correta.


Art. 219 c/c art. 218,§1º e art. 227, todos do CPC.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

Art 218,§1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à
complexidade do ato.

Art. 227 - Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por
igual tempo, os prazos a que está submetido.

A alternativa D está correta.

Art. 218. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei.

§ 1º Quando a lei for omissa, o juiz determinará os prazos em consideração à complexidade do


ato.

§ 2º Quando a lei ou o juiz não determinar prazo, as intimações somente obrigarão a


comparecimento após decorridas 48 (quarenta e oito) horas.

§ 3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para
a prática de ato processual a cargo da parte.

30. (CONSULPLAN/TJ-MG – Titular de Serviços de Notas e Registros/2017) O art. 220 do CPC/15


estabelece no seu caput as chamadas férias forenses, que não se confundem com as férias individuais de
cada juiz, e os §§ 1º e 2º do dispositivo citado estabelecem que, durante o período entre 20 de dezembro
e 20 de janeiro não haja audiências ou sessões, sem prejuízo das demais atividades a serem exercidas pelos
juízes, membros do Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia Pública. Destinatários, portanto,

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da regra os advogados privados. Desta forma, todas as afirmações sobre prazos processuais estão corretas,
EXCETO:
a) O prazo processual em particular pode também restar suspenso ou por obstáculo criado em detrimento
da parte ou nos casos de suspensão do processo, quando então o prazo será restituído pelo tempo
remanescente, pois não se trata de interrupção, mas, sim, suspensão do prazo, caso em que o tempo já
decorrido computa.
b) A dilação do prazo peremptório, em havendo consenso, poderá ser deferida pelo juiz, tudo em favor de
um novo modelo de processo que estimula a autocomposição, o negócio jurídico processual, a intervenção
mais ativa dos interessados na composição do conflito. Um processo mais participativo e colaborativo em
substituição ao processo adversarial.
c) A regra geral para o início e o término da contagem dos prazos foi modificada incluindo-se o dia do começo
e excluindo-se o dia do vencimento, desde que dias úteis ou quando o expediente forense for reduzido,
hipóteses que autorizam a sua protração para o primeiro dia útil subsequente.
d) Mantém-se, também, a regra de que a parte pode renunciar ao prazo que lhe for exclusivo, mas o deverá
fazê-lo expressamente.
Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou
ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual
ao que faltava para sua complementação.

A alternativa B está correta.

Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá
prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.

§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.

Assim, se houver anuência das partes, o juiz poderá modificar os prazos peremptórios.

A alternativa C está incorreta.

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.

§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil
seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado
depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

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A alternativa D está correta.

Art. 225. A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde
que o faça de maneira expressa.

31. (CESPE/TRF1 – Oficial de Justiça/2017) Acerca dos atos processuais, julgue o item subsequente.
O oficial de justiça poderá realizar penhora durante as férias forenses, desde que esteja autorizado
judicialmente.
Comentários

A alternativa está incorreta.

Art. 212, § 2º Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras


poderão realizar-se no período de férias forenses, onde as houver, e nos feriados ou dias úteis
fora do horário estabelecido neste artigo

Cuidado para quem estuda para a área trabalhista, pois a CLT exige a autorização judicial nesses casos. Vejam
a diferença:

CPC/15 CLT

CPC, Art. 212, §2º Independentemente de


autorização judicial, as citações, intimações e CLT, Art.770 Parágrafo único. A penhora poderá
penhoras poderão realizar-se no período de realizar-se em domingo ou dia feriado,
férias forenses, onde as houver, e nos feriados mediante autorização expressa do juiz ou
ou dias úteis fora do horário estabelecido neste presidente.
artigo.

32. (CESPE/STJ – Oficial de Justiça/2018) À luz das disposições do Código de Processo Civil (CPC), julgue
o próximo item.
O juiz poderá adequar o procedimento ao caso concreto, podendo, por exemplo, dilatar os prazos
processuais, desde que o faça antes de encerrado o prazo regular.
Comentários

A alternativa está correta.

Art. 139, VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova,
adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do
direito;

Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes
de encerrado o prazo regular.

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33. (FCC/Analista Legislativo da Assembleia - SE/2018) Em relação aos prazos processuais, a legislação
vigente estabelece:
a) Se o ato processual for praticado antes do início do prazo, será considerado intempestivo.
b) Se não houver norma legal ou prazo determinado pelo juiz, será de dez dias o prazo para a prática de ato
processual a cargo da parte.
c) Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis,
preceito que se aplica somente aos prazos processuais.
d) Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados incluindo o dia do começo e excluindo o dia do
vencimento.
e) A contagem do prazo terá início no dia mesmo da publicação no Diário da Justiça eletrônico.
Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 218, §4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

O STJ tinha um entendimento diverso, na vigência do CPC/73, pois considerava intempestivo o recurso
interposto antes da publicação do acórdão recorrido. Até editou a súmula 418, STJ nesse sentido:

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação.

Isso tudo fazia parte da famosa “jurisprudência defensiva”, que criava óbices, impedimentos para que os
recursos subissem ao Tribunal da Cidadania.

Ocorre que essa súmula se tornou contrária a dois dispositivos do novo CPC.

Ao art. 1.024, § 5º: § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos
de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

Art. 218,§4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Por conta dessa contrariedade, o STJ aprovou nova súmula (579), revendo posicionamento anterior e
adotando a ideia do NCPC.

Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior.

A alternativa B está incorreta.

Art. 218, §3º Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o
prazo para a prática de ato processual a cargo da parte.

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A alternativa C está correta.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.

A alternativa D está incorreta.

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.

A alternativa E está incorreta.

Art. 224 - § 3o A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação.

LISTA DE QUESTÕES
Procurador

1. (FEPESE/Prefeitura de Itajaí-PR – Assistente Jurídico/2020) É correto afirmar de acordo com o


Código de Processo Civil.
a) O ato processual que envolva a realização e participação em audiência deverá, obrigatoriamente, ser
precedida de intimação própria.
b) Os atos e os termos processuais serão considerados válidos somente quando preencherem a forma
determinada e a sua finalidade essencial.
c) Versando o processo sobre direitos que admitam auto composição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento, vedada a alteração sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres
processuais.
d) Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual cujas datas tiverem sido designadas
no calendário.
e) Os prazos processuais são próprios e formais, não podendo as partes e juiz fixarem calendário para a
prática dos atos processuais.
2. (VUNESP/Câmara de São Roque-SP - Procurador/2019) O sistema processual civil brasileiro
concede prerrogativas à Fazenda Pública e ao advogado público, com o intuito de preservar a integridade
do debate sobre o interesse público em juízo, de modo que
a) nas causas em que a Fazenda Pública for parte sucumbente, a fixação dos honorários advocatícios
observará o mínimo de 10 (dez) e máximo de 15 (quinze) por cento sobre o valor da condenação.
b) as perícias requeridas pela Fazenda Pública deverão ser realizadas por entidade pública.
c) a multa prevista para a não quitação voluntária do cumprimento de obrigação de pagar aplica-se à Fazenda
Pública, quando figurar como executada.

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d) o membro da advocacia pública será civil e regressivamente responsável quando agir com dolo ou fraude
no exercício de suas funções.
e) os advogados públicos gozam de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, exceto
para o manejo de recursos excepcionais.
3. (FMP Concursos/PGE-AC – Procurador do Estado/2017) Considere as seguintes afirmativas sobre o
tema dos prazos no âmbito do Código do Processo Civil. Assinale a alternativa INCORRETA.
a) Inexistindo preceito legal ou prazo determinado pelo juiz, será de 5 (cinco) dias o prazo para a prática de
ato processual a cargo da parte.
b) Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá prorrogar os prazos
por até 3 (três) meses.
c) O prazo para a parte, o procurador, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública e o Ministério Público será
contado da citação, da intimação ou da notificação.
d) Em qualquer grau de jurisdição, havendo motivo justificado, pode o juiz exceder, por igual tempo, os
prazos a que está submetido.
e) E lícito a qualquer interessado exigir os autos do advogado que exceder o prazo legal.
4. (CESPE/PGE-PE – Procurador do Estado/2018) A respeito da fazenda pública em juízo, julgue os
itens a seguir.
I A participação da fazenda pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do MP como fiscal da
ordem jurídica nos autos.
II Não se aplica a regra de contagem de prazos em dias úteis do novo diploma processual civil para a oposição
dos embargos à execução fiscal.
III A suspensão dos prazos processuais no período de 20 de dezembro a 20 de janeiro não se estende ao MP,
à Defensoria Pública e à Advocacia Pública.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
5. (CESPE/PGM - Procurador do Município de BH/2017) Acerca de atos processuais e distribuição,
assinale a opção correta.
a) O recurso interposto antes da publicação da sentença ou do acórdão será considerado intempestivo e não
produzirá efeito jurídico, salvo se a parte ratificar as razões recursais dentro do prazo para a sua interposição
após a publicação do ato.
b) A citação de município e suas respectivas autarquias pode ser firmada pelo correio, com aviso de
recebimento, caso em que a correspondência deverá ser enviada para o órgão da advocacia pública
responsável pela representação judicial do referido ente público.

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c) Havendo, na localidade, mais de um juízo competente e estando demonstrada a continência entre uma
ação em curso e nova ação a ser proposta, pode o demandante distribuir sua nova ação por dependência ao
juízo processante da ação em curso.
d) A legislação processual vigente não permite que as partes e o juiz estabeleçam calendário para a realização
de determinados atos processuais, tais como prazo para manifestações das partes e data de realização de
audiências, assim como a dispensa de intimação das partes para a prática de atos processuais estabelecidos.
6. ( CESPE/PGM – Procurador do Município de Fortaleza/2017) Julgue o item seguinte, com base no
que dispõe o CPC sobre atos processuais, deveres das partes e dos procuradores e tutela provisória.
É dever do magistrado manifestar-se de ofício quanto ao inadimplemento de qualquer negócio jurídico
processual válido celebrado pelas partes, já que, conforme expressa determinação legal, as convenções
processuais devem ser objeto de controle pelo juiz.
7. (CESPE/PGM – Procurador do Município de Fortaleza/2017) No que tange à fazenda pública em
juízo, julgue o item subsecutivo.
O benefício do prazo em dobro aplica-se à defesa do ente público em sede de ação popular porque as regras
referentes à contagem de prazo do CPC se aplicam também aos procedimentos previstos na legislação
extravagante.
8. (IBADE/Procurador Jurídico – Câmara de Santa Maria Madalena – RJ/2017) Prazos são intervalos
de tempo estabelecidos para que, dentro deles, sejam praticados atos jurídicos. Sendo processual a
natureza do ato, ter-se-á um prazo processual. (Câmara, Alexandre Freitas, O Novo Processo Civil
Brasileiro, São Paulo: Atlas, 2015, p. 137)
Sobre o tema, assinale a alternativa correta.
a) Prazos impróprios são aqueles cujo decurso não acarreta a perda da possibilidade de praticar o ato.
b) Os prazos fixados em meses não são contínuos, suspendendo-se nos dias em que não haja expediente
forense.
c) Não havendo prazo legal e não tendo o juiz assinado o prazo, deverá ser o ato praticado em quinze dias.
d) Contam-se os prazos incluindo o dia do começo e excluindo o do vencimento.
e) O prazo judicial é fixado em lei
9. (RHS Consult/Procurador de Paraty – RJ/2016) Considerando a Lei nº 13.105/2015, no que tange
ao tempo dos atos processuais, assinale a alternativa correta.
a) Os atos processuais devem ser realizados em dias úteis, das 12 (doze) às 20 (vinte) horas.
b) Independentemente de autorização judicial, as citações, intimações e penhoras podem ser realizadas no
período de férias forenses.
c) A prática eletrônica de ato processual pode ocorrer em qualquer horário até as 12 (doze) horas do último
dia do prazo.
d) O horário vigente no juízo perante o qual o ato deve ser praticado não é considerado para fins de
atendimento do prazo.
e) Durante as férias forenses e nos feriados, não se praticarão atos processuais, inclusive a tutela de urgência.

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Magistratura

10. (FCC/TJMS – Juiz de Direito/2020) Alberto Roberto tornou-se réu em uma ação de cobrança de nota
promissória. Ficou sabendo por um escrevente do Cartório, procurou um advogado e, antes mesmo de ser
citado, contestou o feito. Essa contestação
a) será tida por intempestiva, pois o que define a tempestividade é o início da contagem do prazo, ainda não
iniciado.
b) será considerada tempestiva, sem necessidade de reiteração do ato após a citação de Alberto Roberto.
c) será considerada um ato praticado condicionalmente, pois dependerá de ratificação por Alberto Roberto,
necessariamente dentro do prazo legal de oferecimento da defesa.
d) é intempestiva, porque praticado o ato fora do prazo, o que se dá tanto antes quanto depois de finalizada
sua contagem; no entanto, se o autor concordar, será a contestação tida por tempestiva, caracterizando a
anuência um negócio jurídico- processual.
e) será tida por inexistente, devendo ser praticado o ato novamente no prazo legal da contestação.
11. (FCC/TJ-AL – Juiz de Direito Substituto/2019) Quanto aos prazos,
a) sendo a lei omissa, o prazo para a parte praticar o ato processual será sempre o de dez dias.
b) a parte pode renunciar àqueles estabelecidos exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira
expressa.
c) quando contados em dias, estabelecidos legal ou judicialmente, computar-se-ão os dias corridos.
d) se processuais, interrompem-se nos dias compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.
e) será considerado intempestivo o ato praticado antes de seu termo inicial, por ainda não existir,
processualmente.
12. (FCC/TJAL – Juiz de Direito Substituto/2019) Manoel oferece no quinto dia contestação em uma
ação de cobrança contra ele proposta. Posteriormente, ainda dentro dos quinze dias para defesa,
apresenta petição complementando suas razões, com argumentos outros que havia esquecido de
exteriorizar. Essa conduta
a) não é possível, tendo ocorrido preclusão consumativa.
b) é possível por se ainda estar no prazo de defesa, não tendo ocorrido preclusão temporal.
c) não é possível, tendo ocorrido preclusão-sanção ou punitiva.
d) é possível pelo direito da parte ao contraditório amplo, não sujeito à preclusão.
e) não é possível, tendo ocorrido preclusão lógica.
13. (VUNESP/TJRO – Juiz de Direito/2019) Com relação à forma, ao tempo e ao lugar dos atos
processuais, assinale a alternativa correta.
a) A parte poderá renunciar ao prazo estabelecido exclusivamente em seu favor, desde que o faça de maneira
expressa.
b) Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade só podem modificar
ou extinguir direitos processuais após a homologação judicial.

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c) Salvo autorização judicial, as citações, intimações e penhoras não poderão ser realizadas no período de
férias forenses e nos feriados.
d) Em caso de obstáculo criado por uma das partes, superado o motivo que deu causa à suspensão do curso
do prazo, este será restituído integralmente à outra parte.
e) O documento redigido em língua estrangeira poderá ser juntado aos autos desacompanhado de versão
para a língua portuguesa se as partes assim acordarem.
14. (FCC/TJ-SC – Juiz de Direito Substituto/2017) Em relação à forma dos atos processuais, é correto
afirmar:
a) Compete privativamente aos tribunais regulamentar a prática e a comunicação oficial de atos processuais
por meio eletrônico, velando pela compatibilidade dos sistemas, disciplinando a incorporação progressiva
de novos avanços tecnológicos e editando, para esse fim, os atos que forem necessários.
b) Os atos e termos processuais são em regra formais, considerando-se nulos os que tenham sido praticados
em desrespeito a essa premissa.
c) A desistência da ação produzirá efeitos imediatos nos autos, embora seja possível discutir os ônus
sucumbenciais se não houver anuência da parte adversa ao ato.
d) Apenas decisões interlocutórias e sentenças devem ser publicadas no Diário de Justiça Eletrônico, já que
despachos, por não causarem gravames, não necessitam de publicação.
e) Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
15. (TRF 2/TRF 2 – Juiz Federal Substituto/2017) Analise as assertivas e, após, marque a opção correta:
I- Em regra, as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportava
agravo de instrumento, serão cobertas pela preclusão caso não sejam suscitadas em preliminar da apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
II- É preclusivo o prazo para arguição de incompetência absoluta.
III- Das três hipóteses clássicas de preclusão, a temporal, a lógica e a consumativa, o Código de 2015
prestigiou as duas primeiras e aboliu a última.
a) Estão corretas apenas as assertivas I e II.
b) Estão corretas apenas as assertivas I e III.
c) São falsas apenas as assertivas II e III.
d) São falsas todas as assertivas.
e) São falsas apenas as assertivas I e II.

Promotor

16. (MPE-SP/MPE-SP – Promotor de Justiça Substituto/2019) O prazo processual para o Ministério


Público será contado:
a) De forma singular quando houver disposição normativa expressa.

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b) em dobro, em qualquer situação, a partir de sua intimação pessoal.


c) em quádruplo para apresentação de contestação, a partir de sua citação pessoal.
d) de forma singular, em igualdade com as partes, a partir de sua intimação pessoal.
e) em dobro apenas quando houver disposição normativa expressa.
17. (FCC/MPE-MT – Promotor de Justiça/2019) Em relação aos prazos no atual CPC, é correto afirmar:
a) Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos ou não, terão
prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal,
independentemente de requerimento.
b) Será considerado intempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo, por não ter ainda existência
jurídica.
c) Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, desde que haja
declaração judicial nesse sentido, podendo a parte, porém, provar justa causa para sua não realização.
d) A parte poderá renunciar tácita ou expressamente ao prazo, desde que estabelecido exclusivamente em
seu favor.
e) Ao juiz é defeso reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.
18. (PGR/MPF – Procurador da República/2017) SÃO INOVAÇÕES DO CPC/2015 EM RELAÇÃO AO
CÓDIGO DE 1973:
I. A previsão da figura do amicus curiae em todos os graus de jurisdição.
II. A inserção de disposições gerais sobre cooperação jurídica internacional.
III. A tempestividade do ato praticado antes do seu termo inicial.
VI. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
Das proposições acima:
a) I e II estão corretas;
b) II e III estão corretas;
c) III e IV estão corretas;
d) Todas estão corretas.
19. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2017) Assinale a alternativa INCORRETA sobre
as normas processuais do CPC/2015:
a) Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
b) De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática de atos processuais, quando
for o caso.
c) O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos
excepcionais, devidamente justificados.

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d) Mesmo com a calendarização dos atos processuais, é indispensável a intimação das partes, sob pena de
cerceamento de defesa.
20. ( MPE-RS/MPE-RS – Promotor de Justiça Subsituto/2017) Assinale a alternativa INCORRETA sobre
o tema dos atos processuais, segundo disposto no Código de Processo Civil.
a) O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença,
bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
b) O registro de ato processual eletrônico deverá ser feito em padrões abertos, que atenderão aos requisitos
de autenticidade, integridade, temporalidade, não repúdio, conservação e, nos casos que tramitem em
segredo de justiça, confidencialidade, observada a infraestrutura de chaves públicas unificada
nacionalmente, nos termos da lei.
c) O juiz proferirá os despachos no prazo de 5 (cinco) dias, as decisões interlocutórias no prazo de 15 (quinze)
dias e as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.
d) Salvo para evitar o perecimento do direito, não se fará a citação de noivos nos 3 (três) primeiros dias
seguintes ao casamento.
e) Feita a citação com hora certa, o escrivão ou chefe de secretaria enviará ao réu, executado ou interessado,
no prazo de 10 (dez) dias, contado da data da juntada do mandado aos autos, carta, telegrama ou
correspondência eletrônica, dando-lhe de tudo ciência.
21. (MPE-MS/MPE-MS - Promotor de Justiça Substituto/2018) A respeito dos atos processuais e da
comunicação dos atos processuais no direito processual civil, sob a perspectiva do advento do processo
judicial eletrônico, analise as afirmações que seguem.
I. As empresas públicas e privadas, inclusive as microempresas e as empresas de pequeno porte, estão
obrigadas a manter cadastro nos sistemas de processo judicial eletrônico para o recebimento de citações e
intimações.
II. As intimações eletrônicas realizadas por meio de portal próprio, na forma do art. 5º da Lei nº 11.419/2006,
serão consideradas pessoais para todos os efeitos legais
III. Nos casos urgentes em que a intimação feita eletronicamente na forma do art. 5º da Lei nº 11.419/2006
possa causar prejuízo a quaisquer das partes ou nos casos em que for evidenciada qualquer tentativa de
burla ao sistema, a comunicação do ato processual deverá ser realizada, obrigatoriamente, mediante
diligência do oficial de justiça.
IV. Será admitida a prática de atos por meio não eletrônico nos locais onde o Poder Judiciário não mantiver
gratuitamente, à disposição dos interessados, equipamentos necessários à prática de atos processuais e à
consulta e ao acesso ao sistema e aos documentos dele constantes.
De acordo com as regras positivadas na legislação processual vigente, assinale a alternativa correta.
a) Todas as afirmações estão corretas.
b) Apenas as afirmações I e III estão corretas.
c) Apenas as afirmações II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmações II e IV estão corretas.
e) Todas as afirmações estão incorretas.

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22. (MPT/MPT – Procurador do Trabalho/2017) Relativamente à disciplina do negócio jurídico


processual, no regime do Código de Processo Civil, é CORRETO afirmar que:
a) O negócio jurídico processual não tem eficácia se convencionado antes do ajuizamento da demanda.
b) Como condição de validade desse negócio, é indispensável a prévia aquiescência do juiz da causa.
c) É lícita a convenção que estabeleça inversão do ônus da prova, mas o juiz recusará a sua aplicação nos
casos de nulidade, inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em
manifesta situação de vulnerabilidade.
d) Observados os requisitos de validade do negócio, é lícita a cláusula que estabeleça supressão do direito
de recorrer.
e) Não respondida.

Defensor

23. (FUNDEP/DPE-MG – Defensor Público/2019) Acerca dos negócios jurídicos processuais, assinale a
alternativa correta.
a) Conforme expressa disposição legal, cabe ao juiz controlar a validade das convenções processuais,
inclusive de ofício, recusando-lhes aplicação sempre que elas não atenderem às exigências do bem comum.
b) A partir da entrada em vigor do CPC de 2015, lei que encampou os princípios da boa-fé processual e da
cooperação, tornou-se possível a realização de negócios jurídicos processuais unilaterais e bilaterais.
c) A distribuição diversa do ônus da prova pode ocorrer por convenção das partes, desde que não torne
excessivamente difícil a um dos litigantes o exercício do direito e seja celebrada no curso do processo.
d) A celebração de negócio processual por parte desprovida de assistência técnico-jurídica pode ensejar
situação de vulnerabilidade e, consequentemente, levar à recusa de aplicação da convenção pelo julgador.
24. (FCC/DPE-SP – Defensor Público/2019) Os negócios processuais
a) autorizam que as partes possam estabelecer consensualmente a proibição da intervenção de terceiro na
condição de amicus curiae e do Ministério Público na condição de fiscal da ordem jurídica, a fim de assegurar
a celeridade do processo.
b) somente são permitidos caso o direito material em discussão naquele processo seja disponível, de maneira
que são vedados quaisquer negócios processuais em processos que tenham por objeto algum direito
substancial indisponível.
c) dependem somente da vontade das partes envolvidas, de modo que se mostra desnecessária a
participação ou a homologação judicial das convenções processuais estabelecidas pela livre manifestação
das partes.
d) são um instituto novo no sistema processual civil brasileiro, inaugurado com o advento do Código de
Processo Civil de 2015, razão pela qual ainda pairam diversas controvérsias na doutrina e jurisprudência a
seu respeito.
e) típicos são, por exemplo, a eleição do foro, a desistência da ação após a apresentação de resposta do réu,
a distribuição convencional do ônus da prova e a calendarização do processo.

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25. (CESPE/DPE-PE – Defensor Público/2018) Regra geral prevista no Código de Processo Civil
determina que os atos processuais sejam realizados em dias úteis, das seis às vinte horas. Com relação aos
tempos dos atos processuais, assinale a opção correta, conforme a legislação pertinente.
a) A prática eletrônica de ato processual poderá ocorrer até as vinte e quatro horas do último dia do prazo.
b) Em se tratando de prática eletrônica de ato processual, o horário a ser considerado será aquele vigente
no juízo que emitiu o ato.
c) Durante as férias forenses, atos processuais de tutela de evidência podem ser praticados.
d) Ato processual iniciado antes das vinte horas não poderá ser concluído após esse horário,
independentemente de o adiamento causar grave dano aos envolvidos no processo.
e) Apenas com autorização judicial as citações poderão ser realizadas durante as férias forenses.
26. (FCC/DPE-SC – Defensor Público/2017) João Haroldo procura a defensoria pública com a finalidade
de deduzir pretensão de danos materiais e morais em face de uma empresa de cartões de crédito e do
banco que comercializa o cartão, em razão de cobranças indevidas. O defensor ajuíza, por meio eletrônico,
petição inicial que segue o procedimento comum. A empresa de cartões foi citada, sendo a carta com aviso
de recebimento juntada aos autos no dia 23 de janeiro de 2017 (segunda-feira). O banco, por seu turno,
foi citado e houve juntada do comprovante postal no dia 02 de fevereiro de 2017 (quinta-feira). No dia 1°
de março de 2017 (quarta-feira), a empresa de cartões protocolou petição manifestando desinteresse na
realização de audiência de tentativa de conciliação. Em 12 de maio de 2017 (sexta-feira), ocorreu a
audiência de tentativa de conciliação, que contou com a participação do autor e do banco, ausente a
administradora de cartões, sendo ao final infrutífera a tentativa de autocomposição. Os demandados
contam com advogados de escritórios distintos. Considerando os prazos previstos no atual CPC,
considerando a situação hipotética de inexistência de qualquer feriado (nacional ou local) no decurso do
prazo, é correto dizer que o último dia do prazo para a resposta da administradora de cartões foi
a) 22 de março de 2017.
b) 23 de junho de 2017.
c) 13 de fevereiro de 2017.
d) 2 de junho de 2017.
e) 23 de fevereiro de 2017.

Outros

27. (CS-UFG/TJ-GO – Juiz Leigo/2017) M.R ajuizou ação de indenização em face da companhia
telefônica “Live”, visando obter reparação pelos danos materiais e morais causados pela realização de
cobrança indevida. O processo foi sentenciado no dia 07/08/2017, segunda-feira, tendo o juiz condenado
a empresa ré ao pagamento de R$ 1.500,00 a título de danos materiais, nada tendo mencionado sobre os
danos morais. O autor, então, apresentou embargos declaratórios no dia 14/08/2017, segunda-feira
seguinte, sendo estes
a) intempestivos, suspendendo o prazo para interposição de outro recurso contra a sentença.
b) tempestivos, suspendendo o prazo para interposição de outro recurso contra a sentença.
c) tempestivos, interrompendo o prazo para a interposição de outro recurso contra a sentença.

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d) intempestivos, interrompendo o prazo para a interposição de outro recurso contra a sentença.


e) incabíveis, eis que o juiz não é obrigado a manifestar-se sobre todos os pedidos da parte.
28. (CS-UFG/TJ-GO – Juiz Leigo/2017) Quando for celebrado negócio ou calendário processual,
a) os processos que versem sobre arbitragem, independentemente da existência de cláusula de
confidencialidade, devem tramitar em segredo de justiça.
b) as negociações que estabeleçam mudanças no procedimento são consideradas ilícitas.
c) as partes envolvidas ficarão vinculadas à sua observância, salvo o juiz, nos casos de calendarização.
d) a intimação das partes acerca dos atos agendados torna-se desnecessária nos casos de calendarização.
e) os atos processuais, inclusive os eletrônicos, devem ser realizados em dias úteis, das 06h às 20h.
29. (CONSULPLAN/TJ-MG – Titular de Serviços de Notas e Registros/2017) Novidade no estatuto é a
expressa previsão de que o ato praticado antes do termo inicial do prazo, vencendo assim controvérsia
jurisprudencial sobre o ponto, é considerado tempestivo. Trata-se de disposição que vem ao encontro da
efetividade e tempestividade do processo, vetores do novo processo civil. Nessa esteira, todas as opções
correspondem à nova tendência do CPC/15, EXCETO:
a) Os prazos podem receber regras próprias de acordo com a fonte de sua origem (legais ou judiciais) ou
seus destinatários (juiz, órgãos auxiliares da justiça, partes) com consequências distintas sobre o ato
processual a ser praticado.
b) A modificação no trato dado aos prazos processuais estabelece nova forma de contagem do prazo em dias
(apenas em dias, não podendo ser considerado para prazos meses ou anos), computando-se os dias corridos.
Portanto, serão incluídos sábados, domingos e feriados.
c) Quanto à origem, os prazos ou são legais ou judiciais. Nesses últimos está presente a recomendação de
sua fixação de acordo com a complexidade do ato, permitindo, também, por via de consequência, sua
eventual dilação, a ser definida pelo juiz, desde que devidamente justificada a postulação de prorrogação.
d) Se houver omissão da lei na fixação de prazo e o juiz deixar de fazê-lo, o prazo para a prática do ato retoma
à condição de ser fixado por lei, hipótese em que será de 5 (cinco) dias. No que diz respeito, à exigência de
comparecimento em juízo, em sendo omissos a lei e o juiz, a parte só se obriga a tanto, se a intimação for
antecedida de 48 (quarenta e oito) horas.
30. (CONSULPLAN/TJ-MG – Titular de Serviços de Notas e Registros/2017) O art. 220 do CPC/15
estabelece no seu caput as chamadas férias forenses, que não se confundem com as férias individuais de
cada juiz, e os §§ 1º e 2º do dispositivo citado estabelecem que, durante o período entre 20 de dezembro
e 20 de janeiro não haja audiências ou sessões, sem prejuízo das demais atividades a serem exercidas pelos
juízes, membros do Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia Pública. Destinatários, portanto,
da regra os advogados privados. Desta forma, todas as afirmações sobre prazos processuais estão corretas,
EXCETO:
a) O prazo processual em particular pode também restar suspenso ou por obstáculo criado em detrimento
da parte ou nos casos de suspensão do processo, quando então o prazo será restituído pelo tempo
remanescente, pois não se trata de interrupção, mas, sim, suspensão do prazo, caso em que o tempo já
decorrido computa.
b) A dilação do prazo peremptório, em havendo consenso, poderá ser deferida pelo juiz, tudo em favor de
um novo modelo de processo que estimula a autocomposição, o negócio jurídico processual, a intervenção

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mais ativa dos interessados na composição do conflito. Um processo mais participativo e colaborativo em
substituição ao processo adversarial.
c) A regra geral para o início e o término da contagem dos prazos foi modificada incluindo-se o dia do começo
e excluindo-se o dia do vencimento, desde que dias úteis ou quando o expediente forense for reduzido,
hipóteses que autorizam a sua protração para o primeiro dia útil subsequente.
d) Mantém-se, também, a regra de que a parte pode renunciar ao prazo que lhe for exclusivo, mas o deverá
fazê-lo expressamente.
31. (CESPE/TRF1 – Oficial de Justiça/2017) Acerca dos atos processuais, julgue o item subsequente.
O oficial de justiça poderá realizar penhora durante as férias forenses, desde que esteja autorizado
judicialmente.
32. (CESPE/STJ – Oficial de Justiça/2018) À luz das disposições do Código de Processo Civil (CPC), julgue
o próximo item.
O juiz poderá adequar o procedimento ao caso concreto, podendo, por exemplo, dilatar os prazos
processuais, desde que o faça antes de encerrado o prazo regular.
Comentários
33. (FCC/Analista Legislativo da Assembleia - SE/2018) Em relação aos prazos processuais, a legislação
vigente estabelece:
a) Se o ato processual for praticado antes do início do prazo, será considerado intempestivo.
b) Se não houver norma legal ou prazo determinado pelo juiz, será de dez dias o prazo para a prática de ato
processual a cargo da parte.
c) Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis,
preceito que se aplica somente aos prazos processuais.
d) Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados incluindo o dia do começo e excluindo o dia do
vencimento.
e) A contagem do prazo terá início no dia mesmo da publicação no Diário da Justiça eletrônico.

GABARITO
Procurador
Magistratura Promotor
1. D
2. D 10. B 16. A
3. B 11. B 17. E
4. A 12. A 18. D
5. C 13. A 19. D
6. INCORRETA 14. E 20. C
7. INCORRETA 15. C 21. D
8. A 22. C
9. B

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Estratégia Carreira Jurídica
PGE-SP (Procurador) Direito Processual Civil - Prof.: Rodrigo Vaslin

Defensor 26. D 28. D


29. B
23. D Outros 30. C
24. E 31. INCORRETA
25. A 27. C 32. CORRETA
33. C

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