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Nessa parte do livro o autor fala muito sobre como os homens primitivos se

comunicavam, e conseguimos entender que eles ouviam os sons e tentavam

reproduzi-los, para avisar que vinha chuva, por exemplo, eles tentavam imitar

seu ruído b-r-r-r-r ou t-r-r-r-r e quando passava ele informava imitando o som

da calmaria ch-ch-ch-ch ou ss-s-s-s-s. E assim as palavras seguiram até o que

são hoje, naturalmente conservaram os mesmos sons onomatopaicos, como

por exemplo, "trovão" e "silêncio". Além disso, na mudanca de um idioma para

o outro as palavras normalmente mudavam a sua estrutura mas conservavam

o onomatopaico, trovão, donner (alemão), thunder (inglês), grom (russo),

percebemos que a letra "r" está presente em todas elas.

É claro que nem todas as palavras tem essa expressividade sonora, então

cabe a nós saber a importância desse valor específico da sonoridade da

palavra e que isso é de muita utilidade na nossa arte.

Mas temos que lembrar que as falas representam uma das formas de ação e,

como tal, devem obedecer às normas que regem a ação humana na vida real.

Lembrem-se de que uma das mais importantes características da ação é a

lógica. Portanto, a inflexão, a ênfase que se dá a uma ou a várias palavras

numa frase, deve obedecer à lógica das intenções, dos objetivos da pessoa
que a diz. Entretanto, essas inflexões às vezes, são dadas mecanicamente,

alterando dessa maneira, até o próprio sentido da frase.

E como fazemos para saber se essa intenção está correta?

Para isso podemos praticar a leitura lógica, ou seja, basta que antes de ler uma

determinada frase, você se pergunte: "O que é que o autor quis dizer com

isso? " Responda e na base da lógica da resposta, aceite a intenção, o objetivo

do autor, e leia. É claro que muitos erros são possíveis, quando esse exercício

é feito sozinho, sem um controle alheio. Você pode fazer com um colega.

Troque ideias com ele, discuta, comente e tome nota desses comentários e

assim fica mais fácil de entender os erros e acertos.


Agora vamos fazer uma dinâmica sobre o assunto de inflexões.

A frase é: "O ensaio de hoje foi marcado para as oito da noite".

Comecemos por acentuar a primeira palavra, depois a segunda, etc.

1) O ensaio de hoje foi marcado para as oito da noite.

A razão dessa inflexão pode ser, por exemplo, a vontade de explicar um

erro: "Você está enganado, nao se trata da aula. O ensaio de hoje foi

marcado para as oito da noite".

2) O ensaio de hoje foi marcado para as oito da noite.

Acentuando a palavra "hoje" a pessoa provavelmente quer corrigir um

outro erro: "Você pensou que se tratasse do ensaio de amanhar Não, o

ensaio de hoje foi marcado para as oito da noite".

3) O ensaio de hoje foi marcado para as oito da noite.

A provável razão dessa inflexão seria, por exemplo: "Você quer dizer
que o ensaio não apareceu na ordem do dia? Não senhor, o ensaio foi

marcado para as oito da noite".

Assim com essa dinâmica que fizemos agora podemos ver claramente como a
mudança de inflexão pode alterar o sentido da frase, por isso precisamos pensar e
estudar bastante o texto antes de decora-lo e apenas joga-lo na cena.

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