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Aula 3º
Caros(as) alunos(as), após estudarmos o ensino, considerando serem pessoas adultas, que já
contexto histórico da Educação de Jovens e Adultos possuem um conhecimento e experiência de vida,
e suas respectivas legislações, vamos conhecer mas faltam-lhe o conhecimento das palavras por
um pouco sobre a história de Paulo Freire como meio do acesso ao código linguístico, da escrita e
sendo um dos maiores propulsores da Educação da leitura.
de Jovens e Adultos, pois com seus métodos de Lembrem-se de que esta aula foi preparada
alfabetização diferenciado pode colaborar para que para que você não encontre grandes diÀculdades.
muitas pessoas tivessem acesso ao conhecimento Contudo, podem surgir dúvidas no decorrer dos
relacionado a leitura e a escrita, ou seja, ao estudos! Quando isso acontecer, anote, acesse a
conhecimento linguístico como forma de conhecer plataforma e utilize as ferramentas “quadro de
o mundo através das palavras. avisos” ou “fórum” para interagir com seus colegas
Esta aula será acerca das reflexões teóricas de curso ou com seu tutor. Sua participação é muito
e práticas do método proposto por Paulo Freire importante e estamos preparados para ensinar e
para ser desenvolvido com as pessoas jovens ou aprender com seus avanços.
adultas que não puderem, por algum motivo, Ah, é importante ainda que leia e posicione-
se escolarizarem em idade própria. O teórico se criticamente em relação aos objetivos de
apresenta indicativos importantes e necessários ao aprendizagem e as Seções de estudo da Aula 06.
educador que atua ou atuará nessa modalidade de
Boa aula!
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significação de sua experiência existencial e não da A questão da coerência entre a opção proclamada
experiência do educador. e a prática é uma das exigências que educadores críticos
A alfabetização é a criação ou a montagem se fazem a si mesmos. É que sabe muito bem que não
da expressão escrita da expressão oral. Assim, as é o discurso o que ajuíza a prática, mas a prática que
palavras do povo, vinham através da leitura do ajuíza o discurso. Quem apenas fala e jamais ouve; quem
mundo. Depois voltavam a eles, inseridas no que se “imobiliza” o conhecimento e o transfere a estudantes,
chamou de codificações, que são representações da quem ouve o eco, apenas de suas próprias palavras,
realidade. No fundo esse conjunto de representações quem considera petulância a classe trabalhadora
de situações concretas possibilitava aos grupos reivindicar seus direitos, não tem realmente nada que
populares uma “leitura da leitura” anterior do mundo, ver com a libertação nem democracia.
antes da leitura da palavra. O ato de ler implica na Pelo contrário, quem assim atua e assim pensa,
percepção crítica, interpretação e “reescrita” do lido. consciente ou inconsciente, ajuda a preservação das
estruturas autoritárias. Só educadoras e educadores
autoritários negam a solidariedade entre o ato de
1RVVDTXHLQWHUHVVDQWH educar e o ato de ser educado pelos educandos.
&RPRSHQVDUHPELEOLRWHFDSDUDSHVVRDVTXHQ¥RWHPR Uma visão da educação é na intimidade das
conhecimento do código linguístico??? consciências, movida pela bondade dos corações,
que o mundo se refaz. É, já que a educação modela
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as almas e recria corações ela é a alavanca das
mudanças sociais. Se antes a transformação social
Vamos estudar sobre isso na seção abaixo?
era entendida de forma simplista, fazendo-se com a
mudança, primeiro das consciências, como se fosse à
consciência de fato, a transformadora do real, agora a
1.2 - Alfabetização de Adultos e transformação social é percebida como um processo
%LEOLRWHFD3RSXODUHV8PDLQWURGX©¥R histórico. Se antes a alfabetização de adultos era
Para Paulo Freire, falar de alfabetização de tratada e realizada de forma autoritária, centrada na
adultos e de biblioteca populares é falar, entre muitos compreensão mágica da palavra doada pelo educador
outros, do problema da leitura e da escrita. Não da aos analfabetos; se antes os textos geralmente
leitura de palavras e de sua escrita em si próprias, oferecidos como leitura aos alunos escondiam a
como se lê-las e escrevê-las, não implicasse uma outra realidade, agora pelo contrário, alfabetização como
leitura da realidade mesma, para aclarar o que chama ato de conhecimento, como um ato criador e como
de prática e compreensão crítica da alfabetização. ato político é um esforço de leitura do mundo e da
Do ponto de vista crítico é tão impossível negar palavra. Agora já não é possível textos sem contexto.
a natureza política do processo educativo quanto A alfabetização de adultos e pós-alfabetização
negar o caráter educativo do ato político. Quanto implica esforços no sentido de uma correta
mais ganhamos esta clareza através da prática, mais compreensão do que é a palavra escrita, a linguagem,
percebemos a impossibilidade de separar a educação as relações com o contexto de quem fala, de quem
da política e do poder. lê e escreve, compressão, portanto, da relação
A relação entre a educação enquanto entre “leitura” do mundo e leitura da palavra. Daí
subsistema e o sistema maior são relações dinâmicas a necessidade que tem uma de biblioteca popular,
contraditórias. As contradições que caracterizam a buscando o adentramento crítico no texto, procurando
sociedade como está sendo, penetram a intimidade aprender a sua significação mais profunda, propondo
das instituições pedagógicas em que a educação aos leitores uma experiência estética, de que a
sistemática se está dando e alterando o seu papel ou linguagem popular é inteiramente rica.
o seu esforço reprodutor da ideologia dominante. A forma com que atua uma biblioteca popular, a
O que temos de fazer então, enquanto constituição do seu acervo, as atividades que podem
educadoras ou educadores, é aclarar assumindo a ser desenvolvidas no seu interior, tudo isso tem que
nossa opção que é política, e ser coerentes com ela ser como certa política cultural.
na prática. Se antes raramente os grupos populares
eram estimulados a escrever seus textos, agora é
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sabe tudo e que ninguém tudo ignora”. (FREIRE, escrever seus textos desde o início da alfabetização;
1991, p.32). assim iríamos aos poucos formando acervos
É essencial que saibamos valorizar a cultura históricos escritos pelos próprios educandos.
popular em que nosso aluno está inserido, partindo É através da cultura popular, que pretende
desta cultura, e procurando aprofundar seus se obter a efetiva participação do povo enquanto
conhecimentos, para que participe do processo sujeito na construção do país, pois quanto mais
permanente da sua libertação. “A biblioteca consciente o povo fizer a sua história, tanto mais o
popular como centro cultural e não como um povo perceberá com lucidez as dificuldades que tem
depósito silencioso de livros, é vista como um a enfrentar, no domínio econômico, social e cultural,
fator fundamental para o aperfeiçoamento e a no processo permanente de sua libertação.
intensificação de uma forma correta de ler o texto
em relação com o contexto” (FREIRE, 1991, p.38).
Nesse sentido a atuação da biblioteca popular, Retomando a aula
tem algo a ver com uma política cultural, pois
incentiva a compressão crítica do que é a palavra
escrita, a linguagem, as suas relações com o contexto, &KHJDPRV DVVLP DR ȴQDO GD WHUFHLUD DXOD
para que o povo participe ativamente das mudanças (VSHUDVHTXHDJRUDWHQKDȴFDGRPDLVFODURR
constantes da sociedade. HQWHQGLPHQWRGHYRF¬VVREUHDLPSRUW¤QFLDGR
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Jovens e Adultos. Vamos, então, recordar:
O processo de aprendizagem na alfabetização de adultos
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de escrever, de contar, de aumentar os conhecimentos 1 – Paulo Freire: reflexões sobre sua vida
TXHM£W¬PHGHFRQKHFHURTXHDLQGDQ¥RFRQKHFHPSDUD dedicada à EJA
PHOKRU LQWHUSUHWDU R TXH DFRQWHFH QD QRVVD UHDOLGDGH Nesta seção foi argumentado sobre as a vida
)5(Ζ5(S de Paulo Freire quanto a sua dedicação para com
a Educação de Jovens e Adultos, visando relatar
a importância de trabalhar com amor, dedicação,
Isso só é possível por meio de uma educação que diálogo e respeito no âmbito educacional, pois
estimule a colaboração, que dê valor à ajuda mútua, estamos atuando com pessoas adultas que já possui
que desenvolva o espírito crítico e a criatividade: uma uma experiência de vida. Esta aula está baseada no
educação que incentive o educando unindo a prática livro de Paulo Freire denominado A importância do ato
e a teoria, com uma política educacional condizente de ler, que visa relatar experiências vivenciadas por esse
com os interesses do nosso povo. autor quanto à alfabetização de Adultos mediante as
Concluímos com a percepção do contexto bibliotecas populares e também quanto à contribuição
desse livro, que para melhorar a prática pedagógica do Governador de São Tomé e Príncipe relacionado
devemos começar analisar que, a importância do ato ao povo e sua cultura popular direcionado a dinâmica
de ler, não está na compreensão errônea de que ler da palavra escrita e vivenciada.
é devorar bibliografias, sem realmente serem lidas
ou estudadas, ou seja, sem ter a compreensão do 2 - Análise das ideias do autor
que está sendo lido. Mas é necessário ler sempre e Pode-se mencionar nessa seção, quanto às ideias
seriamente livros que nos interessem que favoreçam principais de Paulo Freire para com a educação de
a mudança da nossa prática, procurando adentrar nos jovens e adultos, uma vez que, essa modalidade de
textos, criando aos poucos uma disciplina intelectual ensino, ao longo de muitos anos, foi deixada de
que nos levará enquanto professores e estudantes lado perante os interesses políticos, econômicos e
não somente fazermos uma leitura do mundo, mas sociais, considerando que, o autor mencionava que
escrevê-lo o reescrevê-lo, ou seja, transformá-lo a educação poderia proporcionar autonomia as
através de uma prática consciente. pessoas para terem conhecimento de seus direitos
Sabemos que, se mudar a disciplina sobre o e deveres não ficando alienados a uma prática social
ato de ler, se terá condições de formar bibliotecas movida por interesses, mas sim por saberes culturais
populares, incentivando os grupos populares e a e/ou científicos.
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Vale a pena
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