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A Importância do ato de ler

Protocolo de Leitura

No texto de Paulo Freire, o tema central é a abordagem do ato de ler como ação continuada da
interpretação do mundo e, portanto, fundamental no ensino básico da alfabetização. Freire aborda esse tema a
partir de uma reflexão sobre sua própria experiência de aprendizagem e como esta, orgânica e inteligível, foi
fundamental para sua formação enquanto pessoa e, posteriormente, educador. Nesse experimento, Freire faz uma
retomada de suas memórias de infância e elementos principais da casa na qual nasceu em Recife como exemplo de
interação e leitura de seu mundo imediato. Com esses exemplos, ele explicita como mesmo ainda analfabeto era
capaz de interpretar e explorar o mundo no qual se movia.

Freire utiliza toda sua experiência no campo da educação, como aluno e professor, para argumentar o
quão fundamental a leitura do contexto e do ambiente é para a alfabetização e aprendizagem, tanto de adultos, que
são seu foco de trabalho no momento do texto, quanto de crianças. Ele enfatiza o ensino como um ato político, de
forma que o educador influi no processo tanto quanto o educando, contrariando a visão do aluno como um receptor
vazio de informações. É retomada, então, a relação do mundo com a linguagem, cuja conexão é tanto descritiva (da
linguagem para o mundo) quanto modificadora (do mundo para a língua) e cuja continuidade nos dá poder de
interferência sobre ele por meio do ensino. Seu argumento final é em favor da organização de programas
educacionais que priorizem a vivência e o mundo do educando, não do educador, e valorizem o universo vocabular
do grupo de alunos em questão, explorando as significâncias relevantes a eles por meio de interpretações críticas de
sua realidade.

Durante a primeira leitura, o texto me pareceu de difícil interpretação e sem nexo entre os parágrafos, pois
a ideia inicial, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, não tinha continuidade com a apresentação das
memórias de infância do autor, em minha percepção. Contudo, na segunda leitura, a conexão entre ideias ficou clara
e o texto, coeso. Nessa última, o argumento utilizado por ele para suportar seu modo de ensino tornou-se claro e
bem explicado, e mais válido por ser precedido por experiências pessoais e profissionais. O parágrafo que mais tive
dificuldade foi o 23º, pois a contraposição de ideias só ficou clara depois de reler o anterior e relacionar um ao outro
em oposição em vez de continuidade.

Ao ler o texto, as estruturas que mais dificultaram meu entendimento foram frases com múltiplos apostos,
que prejudicam a continuidade de minha leitura da sentença. Além disso, estruturas anafóricas sempre requerem
que eu releia a fase anterior para que eu compreenda o todo do parágrafo.

As descrições de cenas da infância do autor assemelham-se às minhas próprias de quando visitava meus
avós no interior de minas. A ideia de um mundo imediato exclusivo da infância, composto por elementos básicos da
natureza, contrapondo-se ao complexo mundo adulto foi quase imediatamente familiar para mim. Ademais, a ideia
de um universo vocabular exclusivo de certo grupo assemelha-se muito às palavras regionais com as quais tive
contato em Minas.

Como expliquei antes, à primeira leitura, o texto pareceu-me complicado, apesar de seu tema central ser
relativamente simples, alfabetização e leitura. Porém, após uma leitura mais cuidadosa, o texto pareceu-me ao
mesmo tempo mais simples e mais complexo, este em seu tema e aquele em sua linguagem. A ideia final toca um
assunto não muito observado: a metodologia de alfabetização de adultos. Desse assunto, o que mais me chamou
atenção foi o cuidado na estruturação do texto de forma a incluir as vivências pessoais de um educador para
argumentar sua maneira de ensinar. Achei a aproximação dessa questão interessante e relevante para melhor
compreender o fenômeno ainda persistente do analfabetismo no Brasil.

Luciana Santos Pereira

Curso: LEA-MSI

Turma: E

Profª: Ana Mattos

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