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TÓPICOS ESPECIAIS EM JORNALISMO II – RELEVÂNCIA

DAS TEORIAS DO JORNALISMO NA FORMAÇÃO DO


JORNALISTA.

Hanna Beatriz da Silva


Abimael Fortes da Silva

Introdução

Considerando que o jornalismo surgiu com a ideia principal de informar


através da oralidade, os gregos como precursores tinham o oficio que objetivava
relatar o que acontecia na cidade, e com o povo, cujo qual segue com a mesma
função até os dias de hoje, ou seja, informar.
Presentemente, no âmbito da formação acadêmica dos profissionais de
jornalismo, existe uma constante divisão entre teoria e prática, os adeptos da
prática têm o pensamento de que a experiência é suficiente para garantir uma
boa formação. Então, seria o jornalismo uma área completamente autônoma
sem necessidade de estudos críticos sobre a profissão?
Numa sociedade onde essa profissão passou a ser indispensável, é
imprescindível analisar quem é o mediador dessa informação, que nesse caso
é, principalmente, o jornalista. Nesse cenário estes profissionais precisam ser
mais especializados, devido a imensa quantidade de informações que correm,
que podem ou não ser verdades, então é de importância vital que esses
mediadores sejam qualificados e bem formados. (PENA, 2005).
Dado essa situação, as teorias do jornalismo são essenciais para que isso
ocorra, estudando principalmente as formas como as notícias são construídas e
o modo como elas podem afetar o público. Mas de que maneira essas teorias
influenciam na formação de um jornalista? Como analisar a estrutura da notícia
em si, seria útil para formação? Analisar o efeito que essas notícias geram na
sociedade seria útil para moldar o caráter ético do jornalista?
Partindo do ponto em que é necessário ter uma formação acadêmica
adequada, estudar apenas a parte prática e deixar a teoria de lado, seria
prejudicial para a boa qualificação de um jornalista, para que tal formação
aconteça de forma eficaz, é importante que o currículo do curso consiga mesclar
teoria e a prática, juntando experiência profissional com a reflexão acadêmica.
Isto que o presente artigo objetiva responder, por meio de uma breve
análise das teorias Newsmaking, Organizacional, Definidores primários e espiral
do silencio, será verificado o quão relevante elas são na formação de um bom
profissional da comunicação, para isso esse artigo embasou-se em autores
como Felipe Pena (2005), Nelson Traquina (2002) e Miguel Rodrigo Alsina
(2009).

1. Newsmaking e o ambiente jornalístico como uma indústria.

A teoria do newsmaking afirma que as notícias são fruto de uma rigorosa


rotina, que muito se assemelha a una rotina industrial, sendo gerada por uma
quantidade excessiva de fatos dentro do cotidiano. Também acrescenta que é
necessária uma organização do trabalho jornalístico para acelerar a produção das
notícias. Assim, o jornalista deve sempre se submeter a essa rotina de trabalho
para atender as expectativas. Conforme Felipe Pena (2005, p.128):
“Embora o jornalista seja participante ativo na construção da realidade,
não há uma autonomia incondicional em sua prática profissional, mas
sim a submissão a um planejamento produtivo. As normas
ocupacionais teriam maior importância do que às preferências pessoais
na seleção das notícias".

Agora, ao analisar-se isto no contexto da formação do jornalista, se um


estudante não tiver tido nenhum tipo de contato com esta teoria durante seus
anos de estudo, como poderia se preparar para a exaustiva rotina que é a
produção de uma notícia? Tal questionamento é simples de responder: é
imprescindível que o estudante tenha essa base para poder lidar com as
pressões de maneira adequada. Naturalmente, durante a graduação serão
estudados todos os processos de construção de uma notícia, porém, isso só se
aplica a parte prática, neste caso se faz útil o conhecimento da teoria, como
afirma traquina (2002, p.84-85):

“O jornalista sabe que seu trabalho vai passar por uma cadeia
organizacional em que os seus superiores hierárquicos e os seus
assistentes têm certos poderes e meios de controlo, pelo que tem de
se antecipar às expectativas desses superiores para evitar retoques no
seu texto e reprimendas."

Portanto, conhecendo a rotina jornalística da forma adequada, o


profissional recém-formado ainda evitará que sua individualidade presente em
seus textos seja suplantada por mudanças vindas de outros. Dessa forma, se o
estudante quiser manter suas opiniões e formas de agir diante de fatos, é
necessário conhecer essa teoria para compreender o que lhe aguarda no mundo
jornalístico.

2. O jornalismo como fonte de lucro

Partindo do princípio que o jornalista seria o mediador de informações, e


que as notícias geram um efeito na sociedade e o jornalismo possuindo seno de
um grande influente, como essa influência na sociedade afeta a formação ética
do jornalista em si?
Segundo a Teoria Organizacional que apresenta o jornal como um
comercio, que possui a publicidade como prioridade, um jornal onde os anúncios
e marketing se sobressaem sob as matérias, os jornalistas apenas preencheriam
o vazio com notícias que objetivam um maior número de audiência possível entre
um anuncio e outro, para que assim a receita publicitaria seja maior. O jornal
estaria organizado visando o lucro, não a transmissão da informação em si.
Conforme Pena afirma em seu livro:

“O jornalismo é um negócio. E, como tal, busca o lucro. Por isso, a


organização está fundamentalmente voltada para o balanço contábil.
As receitas devem superar as despesas. Do contrário, haverá a
falência da empresa e seus funcionários ficarão desempregados.”
(PENA, Felipe, 2005, p.135)

Portanto, seria ideal que o estudante conhecesse este aspecto


antecipadamente, podendo assim desenvolver seus métodos para se adequar a
um espaço diminuto onde encaixar sua notícia. Também é importante
compreender desde sempre que em algumas situações, o lucro do jornal falará
mais alto do que a própria comunicação da notícia, cabe ao jovem estudante
compreender essas situações e saber se posicionar na melhor maneira. Assim:
“O jornalista, então, acaba socializado na política editorial
da organização através da lógica de recompensas e
punições. Em outras palavras, ele se conforma com
normas editoriais, que passam a ser mais importantes do
que as crenças individuais.” (Pena, Felipe,2005,p.136)

3. Definidores primários e a ética jornalística.

Através dessa forma de manipulação da notícia é possível compreender


também a teoria dos definidores primários; que se baseia em como o jornalista
se fia em um órgão institucional cegamente, o usando como respaldo para suas
apurações, possuindo esses órgãos como poder determinante. A notícia é um
instrumento manipulável das fontes privilegiadas como governadores, prefeitos,
diplomatas que norteiam a elaboração da notícia, que acabam perpetuando os
próprios valores. A espiral do silencio é uma teoria em que consta a o efeito em
que a perpetuação de valores de uma suposta maioria dominante, se
sobressaem e silenciam uma minoria de divergente perspectiva.
“ A Teoria dos definidores primários aproxima-se da concepção
instrumentalista sobre a atividade jornalística, mas reconhece que ela também
está sob decisiva influência das rotinas produtivas. Sua perspectiva de analise
não está centrada na possibilidade de manipulação das notícias por parte dos
jornalistas, mas sim no poder que fontes privilegiadas tem na construção dessas
mesmas notícias” (PENA, 2005, p.153)
Resumindo, basicamente as fontes ditam a credibilidade da notícia, onde um
fato narrado por uma fonte de maior “importância” seria mais crível do que o
mesmo fato narrado por uma pessoa comum, nesse cenário, como o jornalista
deve proceder? Esta questão ética que deve ser abordada ao se estudar a teoria,
o estudante poderia refletir sobre suas prioridades, sobre qual fonte entrevistar
e colocar na sua notícia, como afirma Pena: “Em outras palavras, não há como
ser tão determinista encarando a teoria dos definidores primários de forma
estruturalista, com preceitos imutáveis e atemporais. Muito menos limitá-la ao
paradigma instrumentalista de servir aos interesses de uma classe. (...) O ponto-
chave da teoria é que a mídia reproduz a ideologia dominante e perpetua o
status-quo.” (PENA, 2005 p.155).
Neste caso, tendo o conhecimento prévio destas situações, o jovem jornalista
poderá avaliar as melhores maneiras de se portar nestes casos, quebrando o
ciclo da Espiral do Silêncio e sabendo ouvir todas as versões de um mesmo fato.
Podendo extrair o máximo de uma notícia e trazendo a melhor informação.

REFERÊNCIAS
ALSINA, Miquel Rodrigo. A construção da notícia. Petrópolis: Vozes,
2009.
PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. São Paulo: Contexto, 2005.
TRAQUINA, Nelson. Teoria do Jornalismo: porque as notícias são
como são. Volume I. 2ª Ed. Florianópolis: Insular, 2005.

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