1. No dia 29 de Abril de 1990, cerca das 16 horas, o arguido A e C, id. a folha
27, encontravam-se no interior do estabelecimento de café, denominado "Café Rei", sito no lugar da Codiceira, em Alfena, da Comarca do Porto; 2. Por motivos que não foi possível apurar, ambos iniciaram uma discussão; 3. No decurso dessa discussão o C apercebeu-se de que o arguido tinha consigo, num dos bolsos das calças que vestia, uma pistola; 4. E denunciou esse facto, instando o arguido a que mostrasse a pistola; 5. Chegando mesmo, o C, a tentar meter a mão no bolso onde o arguido trazia a pistola; 6. O que fez com que o arguido se antecipasse e tirasse a pistola para fora do bolso, empunhando-a; 7. A pistola que o arguido empunhou é uma pistola semi-automática, de calibre 6,35 milímetros Browning, de fabrico italiano, marca "Molgora", com o número de série N25133; é uma arma transformada, inicialmente de calibre 8 milímetros e destinada unicamente a deflagrar munições de gás lacrimogéneo ou alarme; 8. Esta arma tem segurança por fecho e encontra-se em perfeito estado de funcionamento, nomeadamente no que se refere ao sistema de segurança; 9. Por se aperceber da situação, o proprietário do café, B, dirigiu-se ao arguido e ao C, para os expulsar do interior do café; 10. E, em primeiro lugar, conduziu o C até à parte de fora da porta do "Café"; 11. Após o que se voltou para o arguido, com o mesmo fim; 12. O arguido mantinha empunhada a sua pistola; 13. Ao dirigir-se para o arguido, o B ficou colocado entre este e o C; 14. Este reentrou no café, por detrás do B e arremeteu na direcção do arguido, atirando um pontapé, que foi atingir este na mão que empunhava a arma; 15. Ao mesmo tempo que o arguido, vendo o avanço do C, lhe apontou a arma e disparou um tiro; 16. Ao disparar a arma, o arguido quis atingir o C, para o ofender na sua integridade física; 17. Porém, o impacto do pontapé na mão que empunha a arma alterou a pontaria feita; 18. Pelo que a bala disparada foi atingir o B na cara (região malar direita) e alojar-se-lhe no cérebro (no espaço subdural na transecção do lobo parietal direito para o occipital do mesmo lado); 19. Causando-lhe lesões traumáticas crânio-meningo- -encefálicas, que foram causa directa e necessária da sua morte; 20. Imediatamente a seguir ao tiro, o C atirou-se ao arguido, tentando arrebatar- lhe a arma; 21. E envolveram-se os dois numa luta corpo a corpo;
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Poderia o arguido ser sancionado criminalmente? Se sim em que termos?
No dia 24 de Julho de 1994, o arguido formulou o propósito de se vingar e
matar o F, seu vizinho, com quem já tinha largo historial de desentendimentos. Na tarde desse dia, o arguido esteve nas imediações da sua vacaria, sita do lado esquerdo da estrada que dá acesso ao lugar de ..., atento o sentido Ruivães - Campos. A cerca de 300 metros dessa vacaria, o F deixou o seu automóvel estacionado, junto à casa do seu irmão G e, com sua mulher e filhos, no fim da tarde desse dia, deslocou-se a uma festa em Fafião, no automóvel, também de cor branca, do seu amigo B, conduzido por este.
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1749-024 Lisboa – Portugal Telefone 217 515 526 faculdade.direito@ulusofona.pt Das imediações da vacaria, o arguido podia avistar os carros, a sair ou a entrar junto da casa do G, irmão do F. Por volta das 23 horas, o F regressou de Fafião com as demais pessoas que o acompanhavam e dirigiram-se todos para o local onde tinha deixado estacionado o seu automóvel, a fim de seguir nele para a sua residência no lugar de Campos, sita mais adiante, a cerca de 1000 metros. Chegado a casa do seu irmão G, por volta das 23 horas e 30 minutos, o F saiu sozinho do automóvel do B e entrou no seu automóvel e, momentos depois, o B reiniciou a marcha, prestando-se a levar a C e seus filhos à residência destes, os quais seguiam no banco de trás - a C atrás do banco do condutor e os filhos à sua direita, deitados a dormir. Nessa altura, o arguido já se encontrava, a pé, na berma esquerda da estrada (sentido Ruivães - Campos), a cerca de 100 metros da boca do carreiro que dá acesso à casa do G, irmão do F, à esquerda deste, para o matar, estando para o efeito munido com uma arma de fogo, tipo caçadeira, carregada com cartuchos de bala próprios para caça grossa. l) O B saíu com o seu automóvel do carreiro e depois de ter percorrido não mais de 90 metros em direcção a Campos, a mesma direcção do local onde se encontrava o arguido A, este avistou o veículo e, empunhando com as duas mãos a dita arma, disparou o primeiro tiro na direcção do habitáculo do veículo, que, sempre em movimento, foi sendo atingido com mais disparos feitos pelo arguido, no lado esquerdo da frente e na parte lateral esquerda, indo imobilizar-se adiante, ao embater com a parte lateral esquerda num muro que ladeia o lado esquerdo da estrada, atento o sentido de marcha do veículo. Um dos projécteis provenientes dos disparos efectuados pelo arguido atingiu o corpo de B, alojando-se no cérebro, o que lhe causou, directa e necessariamente, morte imediata. O arguido agiu voluntária e conscientemente, sabendo que a sua conduta era proibida e punida por lei O arguido agiu motivado por uma forte inimizade e por vingança para com o F. Ao disparar a arma, não chegou a representar a possibilidade de, além do condutor, seguir mais alguém no automóvel.
Poderia o arguido ser sancionado criminalmente? Se sim em que termos?
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