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SENTENÇA

A sentença será lida nos termos do art.º 411 do código Processo Penal em que o tribunal
considerou provado os seguintes factos:

 Que no dia 11 de Janeiro do ano de dois mil e vinte e três, a denunciante


encontrava – se em casa como consta nos autos e que neste dia esteve de folga e
que simplesmente saiu para acompanhar o seu marido ao serviço e receber um
valor de xitique que a mesma alega que fazia por volta das 15h, e que voltou á
casa por volta as 19h, isso na Província de Sofala, cidade da beira,
especificamente na zona munhava, e a arguida fazendo-se transportar numa
viatura de marca Mark X, alega que foi assaltar a casa da sua vizinha pois
necessitava do dinheiro e também alega que tinha o conhecimento que a ofendida
receberia o valor neste dia referido pois era muito amigas.
 A arguida agiu com premeditação e foi pactuado por duas pessoas como
confessou que ela havia planeado tudo e que foi ela com ajuda do seu namorado
e que foram assaltar a casa da sua vizinha (Bruna) e que a ideia era de entrar em
casa da vizinha e simplesmente roubar o dinheiro de xitique que ela havia
recebido que era o valor de 200.000.00MT, por isso acharam melhor agir na
calada da noite para que houvesse sucesso. O que foi aceite pela arguida, fls. 3p
e 4p, dos autos e acta de julgamento.
 Cerca das 01:40 horas de madrugada, a arguida e o seu namorado partiram os
dois a casa da vizinha (Bruna), enquanto a denunciante encontrava-se em casa
descansando, ao abrigo fls. 17p, 38p dos autos e acta de julgamento.
 Chegados a casa da vizinha (Bruna), na zona da munhava, cerca das 01:50 de
madrugada no dia 11 de Janeiro do ano em curso, a arguida desceu do carro e
dirigiu – se ao teto da casa da sua vizinha alegando que conhecia uma entrada
que daria entrada logo a cozinha, e por volta da 02:00 horas de madrugada ela
conseguir escalar o teto da casa da ofendida.
 Tendo conseguido escalar introduziu – se na cozinha, enquanto seu namorado
esperava no carro isto fora da casa, e alega a testemunha Geórgia Marbelis que
encontrava – se na sua casa e no dia referido que tinha um encontro com o seu
namorado e por volta das 21:00 h chegou em casa entretanto, pelas 02:00h de
madrugada esteve lendo o se livro na sua varanda e deparou – se com uma
viatura fora da casa da sua vizinha (Bruna), e que havia alguém dentro da
viatura que por a caso na saiu e também deparou – se com alguém no teto da
casa da sua vizinha e alegou por haver vários problemas de energia na zona que
fosse um eletricista. Surpreendentemente, a ofendida ouvindo o barulho vindo
da cozinha da sua casa se dirigiu para ver o que era, ora fora ameaçada com
recuso a uma catana e uma arma de fogo pistola por parte da arguida exigiu que
ela desse todo dinheiro que tinha e alguns bens valiosos e por medo da morte
ela entregou os bens para se ver livre da situação mas o marido da ofendida
acaba por chegar na hora do crime e foi alvejado mortalmente com dois tiros na
cabeça com recurso a arma de fogo do tipo pistola, de marca MAKAROV, sob
o número 7367, fls. e 18p,19p,43 a 47,48 e 50 dos autos e acta de julgamento.
 De imediato, a testemunha Geórgia Marbelis ouvindo os gritos tentou chamar a
ofendida para ver o se passava mas sem resposta se dirigiu – se a casa do seu
vizinho Borges Cristo Almeida para explanar a situação e quando ia bater a
porta dele ouviu dois tiros vindo da casa da sua vizinha e saindo o seu vizinho
também preocupado com o que ouviu decidiram contactar as autoridades mais
próximas. Enquanto a arguida desferiu um golpe a ofendida para que ela ficasse
inconsciente e acabasse por desmaiar e que a mesma se pusesse em fuga, fls. 28,
39, 40v e 41v dos autos e actas de julgamento.
 Feitas as diligências pela polícia, foi possível a chegarem ao local referido pelas
testemunhas Geórgia Marbelis e Borges Cristo Almeida que deu – se á
neutralização da arguida e infelizmente não foi possível a neutralização do seu
namorado que se pós em fuga logo a chegada da policia e que não foi possível a
sua apreensão, a policia encontrou a arguida em flagrante delito na residência da
ofendida, isto na zona de munhava, cidade da beira, em que foi apreendida uma
arma de fogo que acima se fez referência, a recuperação dos bens que com a
arguida eram transportados, assim sendo os seguintes pertences da ofendida um
celular com referencia (Iphone 13 pro Max) uma carteira contendo 200.000.MT
e uma TV tipo plasma da marca (Samsung), os quais foram entregues ao
legítimo proprietário que é a ofendida, respetivamente, fls.6p,7p dos autos.

Nos presentes autos por dever de ofício pelo Ministério Público da instância a qual,
mostra-se assente e claramente provado, que o ora a arguida Mari Cruz Gonçalves,
tencionando apropriar-se de diversos bens, melhor descritos nos autos, usando da arma
de fogo do tipo pistola da marca MAKAROV, melhor identificada a fls.52 dos autos, em
comparticipação criminosa, atingiram mortalmente a vítima Fausto Alfredo Leão,
segundo o Laudo de Exame pericial a fls das 45p a 49p dos autos, ficou comprovado que
a vitima acima referida foi alvejada a dois tiros na Cabeça que consubstanciou a sua morte
imediata.

A arguida tendo confessado a prática do crime embora ela atribua a prática de certos
factos ao comparsa, o que, tratando-se de actos cometidos em comparticipação, e no
caso, havendo o seu companheiro, ao que parece, o mesmo ter escapulido – se da
polícia, assume a presente arguida a responsabilidade por todo o resultado da sua
atuação conjunta.

E que esta foi indicada como circunstâncias agravantes previstas no artigo 40º, do Código
Penal, circunstâncias 1ª (Premeditação), a 7ª (pactuado por duas pessoas),a 18ª (cometido
a noite) e a 28ª (manifesta superioridade em razão de arma) e tendo como circunstâncias
atenuantes dos artigos 45º, a 9ª (espontânea confissão do crime), a 1ª (bom
comportamento). A sua pena é atenuada pelas circunstâncias retro – mencionadas.
E julgada na 3ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da Província de Sofala, a arguida
Mari Cruz Gonçalves é condenada nas seguintes penas parcelares: pelo crime de roubo
concorrendo com homicídio, à pena de 10 (dez) anos de prisão maior; pelo crime de
homicídio voluntario simples, à pena 8 (oito) anos de prisão maior; pelo crime de porte e
uso de armas proibidas, à pena de 8 (oito) anos de prisão maior; pelo crime de violação
de domicílio, a pena de 1 (um) ano de prisão maior e multa correspondente e pelo crime
de ofensas corporais simples, á pena de 2 (dois) meses. Fazendo o cúmulo jurídico, nos
termos do artigo 124º, nº 3, do Código Penal, é a arguida, Mari Cruz Gonçalves,
condenada à pena única de 26 (vinte e seis) anos e 2 (dois) meses de prisão maior e multa
correspondente, o máximo de justiça de imposto oficioso de 3000Mt (três mil meticais),
de emolumentos a favor de seu defensor oficioso e de indemnizar a ofendida pelos danos
causados no valor 10.000.00MT (Dez mil meticais)

Beira, 29 de Maio de 2023

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