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Introdução:

Nesta apresentação vamos dar a conhecer um pouco sobre as obras “Novos contos da Montanha”
e “Contos exemplares”, de Miguel Torga e Sophia de Mello Breyner respetivamente e a sua relação
com a atualidade.

Novos Contos da Montanha:


Publicada em 1944, Novos Contos da Montanha é uma coletânea de 22 contos, da autoria do
consagrado escritor Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha. Nas suas obras,
Torga, traduz sua rebeldia contra as injustiças e seu inconformismo diante dos abusos de poder,
refletindo, assim, nas suas obras, a sua origem aldeã.
Em Novos Contos da Montanha (1944), como o nome indicia, Torga retomou uma ligação (1941),
uma coletânea censurada pelo regime. Na verdade umbilical à atmosfera e aos contos publicados
anteriormente em Contos da Montanha, ambas as obras retratam diferentes dimensões da religião
e da religiosidade, cruzando o sagrado e o profano, e também na autocracia feminina e o arquétipo
da mãe e da mulher.
Para uma análise mais detalhada escolhi o conto “Mariana”, o qual tem como personagem principal
Mariana, que vagueia entre aldeias vivendo da caridade de quem lhe abra a porta. De facto,
Mariana é a mulher que não conhece pecado, pois apenas reflete o apelo e o instinto procriador da
natureza. Deste modo, durante essas viagens Mariana acaba por sucumbir a esse instinto, e como
consequência engravida de diferentes homens. Por fim, esta é confrontada por outra mulher sobre
o envolvimento dos pais na vida dos filhos ao qual ela responde que estes são apenas dela. Assim,
podemos perceber que Mariana é uma mulher simples que segue seus desejos e relaciona-se com
diversos homens, sem se importar com a opinião dos outros.

Contos exemplares:
Contos Exemplares é uma coletânea de contos escrita por uma das autoras portuguesas mais
conhecidas no mundo, Sophia de Mello Breyner Andresen e foi publicada em 1962.
Profundamente mediterrânica na sua tonalidade, a linguagem poética de Sophia Breyner denota uma
sólida cultura clássica, onde se inscreve a sua paixão pela cultura grega.

Para esta apresentação, escolhi o conto “Retrato de Mónica” para aprofundar. Este conto, conta a
história de uma mulher chamada Mónica que é médica e pelo que a autora diz é também “uma ótima
mãe”. O primeiro e maior parágrafo deste conto é uma enumeração de “qualidades”, porém quando se
lê o parágrafo percebe-se que a autora usa um tom irónico, mostrando que, na verdade, a autora critica
as atitudes da mulher. Vamos agora perceber porquê... O nome Mónica vem da palavra grega “monos”
que significa “só”, “solitária” e “viúva”. Neste sentido, no conto da obra, Mónica representa a maldade,
a futilidade, o egoísmo, o interesse e o aproveitamento do ingênuo , visto que esta mulher abdicou
dos 3 valores principais da vida segundo Breyner, sendo eles: Literatura, Santidade e Amor o que
fez dela uma pessoa vazia e sem interesse, que apesar de poderosa e bem sucedida, não conhece
o outro enquanto ser autónomo e digno de respeito sendo assim os outros apenas meios para
atingir os seus fins. Ao falar em “outros”, falo do marido dela, que era dependente da mesma e em
troca disso, ele ajudava-a nos seus nogócios. Breyner trata este homem não como marido
sentimental da mulher mas sim como um “parceiro de negócios”. Podemos concluir que, desta
forma, o que Sophia quis com este conto foi fazer uma critica á sociedade em que vivemos, na
medida em que os interesses egoístas e pessoais de cada um se sobrepõem aos afetos e á
amizade pelos outros.
Relação entre os contos:
De facto, percebemos que em existe uma relação de semelhança entre os dois contos, na medida
em que, ambos descrevem a personagem principal como pessoa aproveitadora das pessoas ao
seu redor para seu próprio benefício. Neste sentido Mariana faz uso dos desejos carnais dos
homens para poder alimentar e abrigar os filhos e ela mesma, enquanto que Mónica aproveita-se
das necessidades mundanas do marido, para que o mesmo a ajude e guie no seu caminho
financeiro.

Relação com a atualidade:


Na verdade, podemos comparar este comportamento das personagens como sociedade atual, uma
vez que nos dias de hoje os valores principais foram desvalorizados substituídos por valores
matérias e gananciosos, tornando o mundo num lugar cruel e rude. Para além disso, podemos
evidenciar que a sociedade se submete às tentações mundanas e aos desejos carnais.

Conclusão:
Em suma, no nosso ponto de vista, a sociedade desde o século XX não evoluiu o suficiente para se
tornar sábia e com mais compaixão ao próximo. Desta forma, com esta apresentação conhecemos
mais sobre a literatura portuguesa do século passado, onde refletimos sobre os valores que
devemos realmente priorizar e esperamos que também o tenham feito.

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